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Este conteúdo foi produzido pelo Núcleo de Educação a Distância da Universidade Brasil e sua reprodução e distribuição são autorizadas apenas para alunos regularmente matriculados em cursos de graduação, pós-graduação e extensão da Universidade Brasil e das Faculdades e dos Centros Universitários que mantêm Convênios de Parceria Educacional ou Acordos de Cooperação Técnica com a Universidade Brasil, devidamente celebrados em contrato. EDUCAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS ANÁLISE DIACRÔNICA DA APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA NA PRÁTICA EDUCATIVA 1. ANTIGUIDADE (? - 476 d.C.) .................................................................................... 3 2. IDADE MÉDIA (476-1453) ....................................................................................... 5 3. IDADE MODERNA (1453-1789) ............................................................................... 5 4. IDADE CONTEMPORÂNEA (1789-?) ....................................................................... 7 5. REVISÃO DA AULA .................................................................................................. 8 6. REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 10 2 2 AULA 2 ANÁLISE DIACRÔNICA DA APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA NA PRÁTICA EDUCATIVA Analisar o uso da tecnologia na Educação, ao longo da História; Apresentar a transformação nos currículos ao longo dos séculos como fator essencial para se entender o uso da tecnologia na Educação; Situar historicamente a discussão a respeito da Educação na atualidade. 3 1. ANTIGUIDADE (? - 476 d.C.) Estudaremos a História da Educação no Ocidente de uma forma geral e panorâmica. Trata-se de um recorte eurocêntrico, mas o que se consagrou academicamente. É importante estudá-lo, mas não é preciso se limitar a ele. Aqui, entretanto, por uma questão de tempo e espaço, será ele o nosso foco principal. A matriz cultural ocidental está assentada sobre dois pilares: o Cristianismo e a cultura da Greco-Romana. Já no século VIII a.C. Homero descreve um modelo de Educação: a Telemaquia, que consiste nos quatro primeiros cantos da Odisseia. Estes cantos descrevem nada mais que a Educação de Telêmaco, então com 20 anos, por Menelau e Nestor. Nela, os reis ensinam o jovem príncipe a ser prudente, corajoso e resiliente. Trata-se da rígida Educação para a excelência (Arethé). Vale lembrar que o pai de Telêmaco (Odisseu) partiu para a guerra contra Troia ao lado de Menelau, Nestor e muitos outros. Por isso, o jovem partiu em busca de notícias do seu progenitor desaparecido. Por mais que não consiga saber novidades a respeito de Odisseu, ele tem sua educação completada por estes homens experientes. Nesta visão a respeito do processo de formação/educação, cabe ao educador aconselhar e instruir, mas é a vida quem verdadeiramente ensina. Assim, não há muita importância no aspecto cognitivo, neste modelo educacional e, por isso, a tecnologia está completamente distante dele. FIQUE ATENTO O uso da tecnologia como recurso didático-educativo é típico dos modelos educativos que privilegiam o desenvolvimento cognitivo e o registro de informações e dados a serem assimilados. A Educação totalmente vivencial da Antiguidade Homérica não utilizava da tecnologia, pois tinha no aconselhamento, na memória dos grandes feitos e no exemplo os seus principais elementos. Após o período da Antiguidade Homérica, temos um fortalecimento cada vez maior de Atenas e Esparta, na Grécia. Os espartanos ensinavam seus jovens a roubar, pois bons soldados deveriam ser astutos. Esta era uma prova pela qual todos passavam uma vez em sua vida. Neste período, bem como no período homérico, a única formação técnica que as 4 crianças, jovens e adolescentes recebiam era aquela voltada para o trabalho (no caso das classes baixas), e para os exercícios guerreiros (compartilhados também pelas classes altas). Assim, não se desenvolve muito o estudo das práticas didático-pedagógicas e tampouco o uso da tecnologia a serviço delas. Platão defenderá o uso de um currículo baseado naquilo que ficou conhecido como “as sete artes liberais”: a Gramática, a Retórica, a Dialética, a Música, a Geometria, a Astronomia e a Aritmética. Este currículo se espalhará por diversos lugares, a partir do surgimento do Helenismo e vigorará em muitas partes da Europa ainda durante toda a Idade Média. No que se refere à tecnologia utilizada para ensinar, a Música deve ser vista como uma novidade. Isso porque a Música não era ensinada com o intuito de formar bons musicistas. A ideia não era produzir artistas amadores ou profissionais. A Música não era vista como um fim em si mesmo, mas um instrumento. Seu ensino não era focado na virtuose, mas na transmissão da ideia de “harmonia”. Assim, neste contexto e a partir deste ponto de vista, a Música pode ser vista como uma tecnologia a serviço da Educação. É em Roma, porém, que surge a mais popular e difundida tecnologia educacional até hoje concebida: a lousa e o giz. Cada aluno tinha uma pequena lousa em que aprendia a escrever (BELLO, 1969). Os gregos se preocupavam tanto com a escrita que seu maior filósofo (Sócrates) morreu sem nunca escrever sobre seu sistema filosófico. A educação grega da época dos grandes filósofos se baseava na reflexão e não na memorização de informações e dados. Os romanos, como um povo que valorizava o Direito, desejavam registrar tudo que fosse importante para si. De um modo geral, pode-se dizer que os romanos queriam passar conhecimentos; erudição. Os gregos queriam desenvolver a inteligência de seus alunos. É por isso que este povo não se preocupava com o registro daquilo que era dito pelos mestres. Ao invés de escrever, o aluno deveria concentrar toda sua atenção em refletir sobre as palavras do seu professor. 5 EXEMPLIFICANDO O Direito demanda o conhecer a lei com exatidão, tal como está expressa em sua formulação original. Assim, este ramo do conhecimento sempre demandou a erudição e o registro sistemático daquilo que era aprendizado. Daí o impulso pelo uso da lousa e do giz por cada aluno. 2. IDADE MÉDIA (476-1453) Agostinho de Hipona (354-430), defendia uma Educação que descobrisse o potencial interno de cada um, sem impor verdades de fora. Com as invasões bárbaras, o ensino escolar se retraiu e se abalou. Com o passar do tempo emergiu-se um ensino religioso de matiz cristão. O conhecimento só foi preservado graças aos mosteiros e ordens religiosas. Suas bibliotecas eram repletas de pergaminhos que foram copiados manualmente para se conservar e difundir o saber. O conhecimento ficou nas mãos apenas de uma restrita elite. O lugar da Europa em que havia o maior número de alfabetizados e a maior circulação do saber era a Península Ibérica, que já não estava sob domínio europeu, mas era parte do território controlado pelos árabes muçulmanos. Surgiram as primeiras universidades no seio da Igreja Medieval. Elas logo passaram a agir de modo corporativo, defendendo seus interesses como um corpo único e nisso se distanciaram das instituições arcaicas. Ainda assim, este período não conheceu inovações no que se refere ao uso da tecnologia na Educação. 3. IDADE MODERNA (1453-1789) Perceba que desde os tempos homéricos até o início da Idade Moderna, pouco mudou o uso da tecnologia na Educação. A partir daqui, entretanto, muito progresso se fará neste 6 campo. Deve-se olhar com os olhos de quem busca entender a época estudada a partir do referencial das pessoas deste momento histórico. Se olharmos a partir do ponto de vista do homem médio atual, evidentemente, acharemos a Idade Moderna tão “atrasada” quanto a Antiguidade ou a Idade Média. É preciso, porém, evitar cometer o erro de cair neste anacronismo. Antes deprosseguir, entretanto, é preciso se questionar: por que ocorreu esta mudança e por que a Antiguidade e a Idade Média não desenvolveram significativas novas tecnologias a serem aplicadas na Educação. Uma época que não conhecia muitos tipos de tecnologia não poderia dispor de uma gama de recursos tecnológicos a serem utilizados na Educação. Mas não se trata apenas disso. É preciso ter em mente qual era a perspectiva educacional típica da Antiguidade e da Idade Média e o que mudou com a Idade Moderna. FIQUE ATENTO A Idade Moderna assistiu ao desenvolvimento da Ciência Moderna. Assim uma nova gama de conhecimentos passa a ser ensinado nas escolas e universidades. Conhecimentos que visam descrever e entender a natureza e, portanto, utilizarão de outros instrumentos para isso, além de papel e tinta. Se na Antiguidade e na Idade Média, os conhecimentos tidos como mais importantes são os que hoje enquadramos nas áreas de Letras, Filosofia e Direito; agora a Matemática e os conhecimentos próximos dela é que passarão a reinar. Daí, surge a necessidade de desenvolver novos métodos didáticos e, por consequência, aumenta o interesse pelo uso da tecnologia em sala de aula. Lentes, microscópios, compassos, réguas, reagentes, pipetas e diversos outros instrumentos vão surgindo ao longo dos séculos nos laboratórios, nas salas de aulas das universidades e até nas escolas. Os conhecimentos típicos da Antiguidade e da Idade Média não precisavam de tantos recursos, de tanta tecnologia. Agora, entretanto, ela passará a ser cada vez mais necessária. Assim, a história do uso da tecnologia na Educação é muito próxima da história da formação dos currículos das escolas atuais e dos cursos universitários. Tudo isso, entretanto, foi acontecendo aos poucos, pois a própria Ciência Moderna foi se formando lentamente. 7 René Descartes criticou o conhecimento baseado na memorização e buscou uma Educação lógica, que ensinasse a pensar e não a obedecer. Assim, seria preciso decompor o complexo em suas partes simples, para que se possa entender melhor sua constituição. O exemplo dado por ele é o do prisma. Usando o prisma, o docente deveria decompor a cor branca em suas cores constituintes, para ensinar a Física aos alunos. O prisma é um dos artefatos tecnológicos que agora passaram a estar presentes nas salas de aula de toda a Europa Ocidental. Além disso, a explicação deveria ser racional e não vir de uma autoridade qualquer, segundo Descartes. Em outras palavras, o conhecimento deve ser demonstrado e não transmitido a partir das palavras de um grande sábio do passado. Perceba que isso é perfeitamente possível no âmbito das Ciências Exatas e Biológicas, mas nem sempre nas áreas de conhecimento que antes predominavam no Ocidente. 4. IDADE CONTEMPORÂNEA (1789-?) Até agora, tratamos de uma educação extremamente elitista, voltada apenas para poucos. Foi na Idade Contemporânea que surgiu a escola pública de massas. Mais precisamente, no último quartel do século XIX. Foi neste período que a Europa Ocidental e os Estados Unidos assistiram à universalização da educação escolar, atingindo também os filhos das famílias pobres. A partir do momento em que as classes baixas passaram a ater acesso à escola, surgiu uma nova proposta educativa, voltada para a profissionalização destes alunos. Assim, surgiram as escolas técnicas, com seu intuito de formar profissionais manuais qualificados. A tecnologia passou a ser largamente utilizada, nestes ambientes; mas com o intuito pragmático de ensinar um trabalho e não de produzir reflexão crítica. Foi na segunda metade do século XX que a tecnologia informacional começou a se inserir cada vez mais no âmbito das escolas e das universidades. Dos mimeógrafos se passou ao retroprojetor e dele para os projetores multimídia. Também os computadores passaram a estar cada vez mais presentes. Porém, ainda se pensava em ensinar a usar a tecnologia da informação e não em utilizar tal tecnologia para ensinar. 8 Foi apenas no século XXI que a tecnologia da informação passou a de fato revolucionar a Educação, com a difusão e o fortalecimento da internet, as plataformas interativas e o ensino a distância. Foi preciso o barateamento dos tablets, computadores, smartphones e da própria internet, bem como a familiarização da população em geral com estes recursos, para que a Educação viesse de fato a ser profundamente transformada pela tecnologia. Isso porque de nada serviria uma gama de possibilidades de uso de recursos avançados sem pessoas capazes de utilizá-los. O século XXI é que permitiu, com a popularização dos PCs (personal computer), da internet e mais tarde dos celulares, que mesmo as pessoas de baixa renda tivessem acesso às novas tecnologias da informação e passassem a moldar suas vidas a partir de novas práticas e hábitos, introduzidos a partir destes recursos. Assim, abriram-se as portas para uma série de transformações profundas, mas que ainda estão apenas começando. 5. REVISÃO DA AULA Nesta aula, foi possível: Analisar o contexto da Educação da Antiguidade Grega, voltada para o exemplo, a experiência e a reflexão; Destacar o uso da Música como tecnologia de ensino da ideia de “harmonia”; Analisar a Educação no Império Romano, voltada para a erudição e o registro exato de dados e informações, utilizando intensamente de lousa e giz; Analisar a Educação durante a Idade Média, quando se dá surgimento das universidades; Analisar a Educação da Idade Moderna, cada vez mais voltada para a Ciência e com uso cada vez mais comum de tecnologia para ensinar; Compreender a diferença de currículo entre os períodos antecedentes e a Idade Moderna que foi apresentada como um dos principais fatores explicativos da mudança com relação ao uso da tecnologia; Analisar a Educação da Idade Contemporânea, que utilizou a tecnologia nas escolas técnicas, a partir da popularização da educação escolar; 9 Compreender a mudança com relação à tecnologia na sala de aula: já não se ensina como usar a tecnologia, no século XXI, mas se usa a tecnologia para ensinar. Este conteúdo foi produzido pelo Núcleo de Educação a Distância da Universidade Brasil e sua reprodução e distribuição são autorizadas apenas para alunos regularmente matriculados em cursos de graduação, pós-graduação e extensão da Universidade Brasil e das Faculdades e dos Centros Universitários que mantêm Convênios de Parceria Educacional ou Acordos de Cooperação Técnica com a Universidade Brasil, devidamente celebrados em contrato. 10 6. REFERÊNCIAS BELLO, R. A. Pequena História da Educação. São Paulo: Editora do Brasil, 1969. HOBSBAWN, E. A era das revoluções: Europa. 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra: 1979. KENSKI, V. M. Educação e Tecnologias: o novo ritmo da informação. 8. Ed. Campinas: Papirus, 2012. LOUZADA, V.; MARQUES, R. Políticas de Regulação para a Educação no Brasil: Interfaces entre Currículo, Avaliação e Formação Docente. Revista E-Curriculum, v.13, n.04, p. 711 – 732 out./dez.2015 <http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/25244/18778> Acessado em 10/04/2019. MACHADO, A. M. N.; STRAPAZZON, I. “Como Promover Autonomia Em Uma Sociedade Capitalista Regida Pelo Consumismo? Mais Uma 'Missão Impossível' Para Os Educadores?”. In: IX ANPED SUL, 2012. Fonte: http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/1709/9 22%3E.%20Acesso%20em:%20%2026%20jun.%202014 . Acessado em 08/04/2019. MOLL, J.; ANDRADE, A. F. B.; KIPNIS, B.; SIMÕES, C. A.; KOLLER, C. A.; MOURA, D. H.; FILHO, D. L. L. Educação profissional e tecnológica no Brasil contemporâneo: desafios, tensões e possibilidades. Porto Alegre: Artmed, 2010.
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