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Estomatologia Injúria são os mecanismos de agressão que atingem as células de nosso organismo, ou seja, é um traumatismo/dano causado por um fator (agente ou pressão) externo. Assim, para seu processo de diagnóstico é fundamental a anamnese e o exame físico. Se subdividem em injúrias: Mecânicas - Físicas Térmicas Radiações ionizantes e não ionizantes Medicamentos - Químicas Iatrogenia Metais pesados Nicotina Você sabia? A Anamnese consiste em um grupo de perguntas direcionadas ao paciente, a fim de conhecer o contexto em que está inserido e seu histórico de saúde. Radiações ionizantes e não ionizantes Complicações orais não infecciosas da terapia antineoplásica Mucosite Xerostomia Osteorradionecrose Osteonecrose por medicamentos Estomatologia MUCOSITE É a inflamação das mucosas, principalmente a oral, devido ao efeito adverso dos tratamentos antineoplásicos. Fatores de risco: pouca idade, gênero feminino, higiene oral deficiente, foco de infecção, má nutrição, função salivar prejudicada, uso de tabaco e álcool. Na radioterapia comumente aparece na 2º semana de TTo, e na quimioterapia, após alguns dias de TTo. Ademais, desaparecem 2 a 3 semanas após o término do TTo. Quanto a Localização: Quimioterapia: Superfícies não- ceratinizadas (mucosa jugal, superfície ventrolateral da língua, palato mole, assoalho lingual). Radioterapia: Superfícies relacionadas com o foco da radiação. Características clínicas ➢ Coloração esbranquiça (ausência de descamação da ceratina). ➢ Perda desta camada, mucosa atrófica, eritematosa, friável (sensível). ➢ Membrana superficial fibrinopurulenta, amarela e removível. Pseudomembrana (fibrinas) Estomatologia ➢ Dor e desconforto tanto para alimentação quanto para higienização. (Muitas vezes necessita de internação). Prevenção e TTo ➢ Crioterapia oral – 30 min antes de 5-fluorouracil ➢ Enxaguantes a base de benzidamina- prevenção ➢ Laserterapia de baixa potência ➢ Analgésicos sistêmicos – morfina ➢ Suplementos sistêmicos de zinco XEROSTOMIA “Sensação de boca seca “, ou seja, é a redução do fluxo salivar. Acontece quando há a inclusão das glândulas salivares no campo de radiação. Começam 1 semana após o início do tto (6 semanas até 3 anos). Estomatologia Recuperação Parótidas: irreversível Glândulas mucosas: 50% dos níveis pré-radioativos. Características Clínicas ➢ Degeneração acinosa, fibrose ➢ Decréscimo da ação lubrificante, bactericida e autolimpante da saliva ➢ Aumento do nº de cáries cervicais ➢ Dificuldade para comer, falar e usar prótese. Tratamento ➢ Ingestão de líquidos ➢ Evitar tabaco e álcool ➢ Fluoretação tópica ➢ Substitutos de saliva ➢ Gomas de mascar sem açúcar OSTEORRADIONECROSE Consequência de pacientes submetidos à radioterapia, em que osso irradiado torna-se desvitalizado e exposto através da perda da integridade da pele e da Estomatologia mucosa, persistindo sem cicatrização. Trauma local ou espontânea Recuperação 1 ano Características clínicas Áreas radiotransparentes, mal definidas, evoluindo para zonas radiopacas (destacamento do osso necrótico), dor, perfuração da cortical, fístulas, ulceração superficial e fratura patológica. Prevenção ➢ Tto dos dentes duvidosos, boa higienização oral ( extração até 3 semanas antes da radioterapia). ➢ Exodontia – 6 a 9 meses após – contraindicada durante a radioterapia Osso exposto Margens mal definidas Estomatologia Tratamento Não existe com clareza na literatura. Entretanto, existem alguns protocolos: ➢ Antibioticoterapia – irrigação e remoção de ossos necróticos ➢ Oxigenação hiperbárica ➢ Laserterapia Outros sinais e sintomas ➢ Perda do paladar (por radiação) Hipogeusia- perda do sabor em alguns alimentos específicos. Disgeusia- alteração no sentido do paladar. Ex: dificuldade de distinguir alimentos doces e ácidos. Tto: suplementos diários de sulfato de zinco ➢ Trismo Espasmos musculares crônicos. Dificuldade na abertura da boca. Tto: exercícios de abertura para ajudar a reduzir ou prevenir o problema. Estomatologia OSTEONECROSE POR MEDICAMENTOS Associada aos bisfosfonatos Classe de medicamentos que inibem os osteoclastos e interferem na angiogênese, ingeridos via oral ou intravenosa. Ademais, retardam o crescimento de malignidades (mieloma múltiplo, câncer de mama e de próstata) e é um tipo de tratamento da doença de Paget. Outrossim , também é usado em casos de osteoporose. Você sabia? O acúmulo de BFs é capaz de diminuir o metabolismo ósseo e a reparação tecidual. Após um trauma ocorre a exposição de uma área de osso necrótico ao meio bucal. Características clínicas ➢ Necrose na mandíbula após procedimento odontológico invasivo ➢ presença de áreas de osso necrótico exposto ➢ assintomático (1/3 dos casos) ➢ fístula cutânea. Características radiográficas ➢ Radiopacidade nas cristas alveolares ➢ Radiotransparência mal definida Estomatologia ➢ Aspecto roído de traça, com sequestro (parte solta do osso) ósseo radiopaco ➢ Traços de fratura Perguntas para identificar pacientes que possam estar usando bisfosfonatos ➢ Você sofre de osteoporose? ➢ Você tem alguma outra doença nos ossos? ➢ Você já teve câncer de mama? ➢ Você já teve câncer de próstata? ➢ Você tem observado mudanças nos ossos que fazem parte da sua boca? ➢ Você tem observado algum aumento de volume na sua boca? ➢ Você tem sentido dor nos ossos da sua boca? Procedimentos odontológicos ➢ Restaurações em excesso devem ser eliminadas. ➢ As cáries removidas e restaurações defeituosas substituídas. ➢ Aplicações tópicas de flúor em gel a 1% em moldeiras próprias, além de bochechos diários com flúor. ➢ Bochechos diários com digluconato de clorexidina a 0,2% ou 0,1% em solução aquosa. ➢ Restaurações e próteses devem ser polidas para evitar superfícies Estomatologia rugosas na boca, as quais poderiam traumatizar a mucosa inflamada. Lesões mecânicas LINHA ALBA Frequente linha branca , causada por pressão, irritação por fricção ou trauma de sucção das superfícies vestibulares dos dentes. Características clínicas ➢ Linha branca, bilateral, na altura da linha de oclusão ➢ Restrita à área dentada, pronunciada em região de posteriores. ➢ Não há necessidade de tratamento. MORSICATIO Do latim morsus - morder Morsicatio Bucarum: Mastigação crônica da bochecha Características clínicas ➢ Lesões em mucosa jugal ➢ Bilaterais ou unilaterais ➢ Combinadas ou restritas a um sítio somente ➢ Mucosa esbranquiçada, espessada, fragmentada, irregular ➢ Áreas de erosão e de ulceração Estomatologia Diagnóstico Presuntivo, biópsia raramente realizada. Não há necessidade de tratamento odontológico, apenas proteção acrílica e psicoterapia. Outros tipos Morsicatio labiorum – mucosa labial Morsicatio linguarum – margem lateral da língua. Você sabia? A principal forma de apresentação das lesões traumáticas são as úlceras. ULCERAÇÕES TRAUMÁTICAS Dano mecânico causado por alimento cortante, mordida acidental durante a mastigação, escovação excessivas, queimaduras térmicas , elétricas ou químicas. Ulceração traumática crônica - ulceração eosinofílica Características clínicas ➢ Língua, lábios, mucosa jugal, palato Estomatologia➢ Áreas de eritema que circundam uma membrana central, destacável, fibrinopurulenta, amarelada ➢ Margem endurecida branca e hiperceratose Trauma por aparelho ortodôntico Tratamento ➢ Remoção do fator de irritação ➢ Biópsia indicada – quando a causa não é óbvia, lesões que não respondem ao tratamento ➢ Terapia de corticosteroides- controverso ➢ Anestésicos tópicos ➢ Gel de clorexidina 0,2% Variação da ulceração eosinofílica Doença de Riga-Fede Aparece entre 1 semana a 1 ano de idade. Associado a um dente neonatal ou natal. Lesões por queimaduras elétricas e térmicas QUEIMADURAS ELÉTRICAS ➢ Destruição tecidual significativa ➢ Comumente em crianças com menos de 4 anos de idade ➢ Lábios e comissura labial ➢ início (1º dia) – área indolor, carbonizada e amarelada, edema Estomatologia ➢ 4º dia – necrose, membranas soltam-se, sangramento ➢ Dentes adjacentes desvitalizados ➢ Necrose do osso alveolar ➢ Paralisia do nervo facial – resolução em semanas ou meses, Tratamento ➢ Antitetânica ➢ Antibioticoterapia (penicilina) ➢ Uso de aparelhos intraorais mucosuportados ou dentosuportados (microstomia) por 6 a 8 meses ➢ Reconstrução cirúrgica ➢ Apoio psicológico QUEIMADURAS TÉRMICAS ➢ Ingestão de alimentos ou bebidas quentes ➢ Forno de micro-ondas Características clínicas ➢ Palato ou mucosa jugal com áreas de eritema, ulceração Tratamento Melhoria sem necessidade de tto. Em caso de afetar as vias aéreas superiores – antibióticos e corticosteroides, intubação ou traqueotomia (dispneia). Estomatologia Lesões por agentes químicos LESÕES QUÍMICAS ➢ Substâncias químicas e drogas ➢ Tipos: aspirina, peróxido de hidrogênio, gasolina, álcool, bisfosfonatos, fenol, peróxido de carbamida, nitrato de prata, formocresol, vernizes cavitários, paraformaldeído ➢ Substâncias causticas Você sabia? Cáustico – que ataca ou corrói tecidos orgânicos; o que irrita a pele; agente cauterizante. QUEIMADURAS POR SALICILATOS Esse ácido acetil salicílico tem efeito cáustico quando aplicado localmente. Ex: aspirina PERIÓXIDO DE HIDROGÊNIO Água oxigenada. H2O2 – prevenção da periodontite 3% ou - reações adversas NITRATO DE PRATA ➢ Tratamento popular para ulcerações aftosas. Estomatologia ➢ Cauterizador químico, proporciona alívio imediato da dor, destruindo as terminações de nervosas. FENOL ➢ Agente esterilizador de cavidades e substancia cauterizadora ➢ Extensas áreas de necrose – medicamentos com 0,5% de fenol TIRAS DE CLAREAMENTO DENTAL Queimaduras causadas por tiras de clareamento dental HIPOCLORITO DE SÓDIO Água sanitária - Substância endodôntica Caso de queimaduras por tratamento de canal sem isolamento Tratamento para lesões químicas ➢ Prevenção à exposição da mucosa oral ➢ Pedir ao paciente para deglutir o remédio e não deixar na boca Estomatologia ➢ Crianças – bochecho após o uso do medicamento ➢ Resolução de 10 a 14 dias após a interrupção do agente agressor ➢ Cloridrato de diclonina, gel de hidroxipropilcelulose ➢ Debridamento cirúrgico e cobertura antibiótica Injúrias físicas NECROSE POR ANESTÉSICOS ➢ Ulcerações e necrose na área de injeção ➢ Injeção de grande quantidade subperióstica ➢ Isquemias, mordidas ➢ Afeta o palato duro, lábios e língua ➢ Não é necessário tratamento QUELITE ESFOLIATIVA Fissuração e descamação persistente do vermelhão do lábio. Ou seja, é a produção excessiva e subsequente descamação da queratina superficial. Também pode ocorrer por meio de traumas crônicos secundários (hábitos de morder, sugar, lamber os lábios). Queilite facticial – quando o paciente nega a autoirritação crônica da área. Estomatologia Características clínicas ➢ Gênero feminino ➢ Vermelhão do lábio, descamação, fissuras, crosta hipercerótica amarelada, hemorrágica ➢ Envolvimento da pele perioral ➢ Exposição excessiva ao sol, vento, frio ➢ Síndrome de down ➢ Problemas na tireoide ➢ Infecções bacterianas ou fúngicas. Tratamento ➢ Causa óbvia: eliminação da causa ➢ Psicoterapia (resolução do estresse, ansiolíticos) ➢ Antibióticos e antimicótidos ➢ Protetores solares e hidratantes. Lesões pigmentadas decorrentes de agentes físicos e químicos TATUAGEM POR AMÁLGAMA E OUTRAS ➢ Implantação do amálgama dental no interior da mucosa oral ➢ Profissionais são responsáveis: áreas de abrasão prévia, sítios de extração, fio dental, retro- obturação endodôntica ➢ Outras pigmentações: grafite de lápis, dentifrícios de carvão vegetal (passado) ➢ Tatuagem intencional – 25% da população. Características clínicas da tatuagem por amálgama ➢ Manchas pretas, azuis ou cinzas Estomatologia ➢ Bordas bem definidas, irregulares ou difusas ➢ Sítios: gengiva, mucosa alveolar e mucosa jugal Radiograficamente ➢ Fragmentos radiopacos ➢ Vários milímetros a um ponto Diagnóstico e tratamento ➢ Clínico e radiográfico – fragmentos metálicos ➢ Diascopia ➢ Biópsia para diagnóstico diferencial de neoplasias melanocíticas e não é necessário tratamento, salvo estética. Intoxicação por metais pesados METÁLICA SISTÊMICA Anormalidades orais provocadas por ingestão ou exposição a metais pesados. Ex: chumbo, mercúrio, prata, bismuto, arsênico e ouro Chumbo Linha de Burton (sulfeto de hidrogênio + chumbo) Estomatologia Mercúrio Acrodinia (exposição crônica ao mercúrio) ➢ Doença rósea ➢ Exposição crônica ao mercúrio em bebês e crianças ➢ Sudorese, lacrimejamento, salivação excessiva, bruxismo, perda precoce dos dentes, gengivite ulcerativa. Prata Argiria ➢ Depósitos subepitelias – pigmentação difusa negro – acidentada em áreas expostas ao sol. ➢ Linha azul-prateada ao longo das margens gengivais Pigmentação negro-azulada na mucosa oral em áreas expostas ao sol. Tratamento da intoxicação metálica sistêmica ➢ Cessar a exposição ao agente ➢ Descontaminação ➢ Uso de agentes terapêuticos específicos para cada caso ➢ Não existe tto para intoxicação pela prata, apenas medidas de suporte Estomatologia MELANOSE DO TABAGISTA Características clínicas Pigmentações na gengiva vestibular anterior (cigarro), comissura e mucosa jugal (cachimbo), palato duro (fumo invertido) Diagnóstico ➢ Exame clínico ➢ Histórico de tabagismo ➢ História médica Diagnóstico diferente ➢ Neurofibromatose ➢ Pigmentação racial Tratamento ➢ Abandono do tabagismo (desaparece em 3 anos) ➢ Biópsia indicada – palato duro (aumento na densidade, elevação da superfície) Pigmentação relacionada a drogas Melanose difusa na pele e nas membranas mucosas Ex: antibióticos, tranquilizantes e drogas antimaláricas Minociclina (derivado da tetraciclina – tto da acne e da artrite reumatoide) Estomatologia ➢ Pigmentação azul acidentada na mucosa oral e dos dentes em desenvolvimento Tratamento Interrupção do tto com esse medicamento resulta no desaparecimento gradual das áreas de hiperpigmentação da pele. Entretanto, nos dentes a pigmentação permanece. Lesões traumáticas por práticas sexuais Felação Ato de excitar o pênis com a boca Hemorragia secundária à felação ➢ Eritema, petéquias, equimoses ou hematomas no palato mole ➢ Assintomáticas ➢ Regridem de 7 a 10 dias ➢ Extravasamento de hemácias – elevação da musculatura – tensão – pressão negativa ➢ Lesões semelhantes: tosse, vômitos ou sucção vigorosa em canudos ou coposEquimose e úlcera no palato devido a felação Estomatologia Cunilíngua ➢ Ulcerações horizontais do freio da língua ➢ Quando a língua é empurrada para diante o freio lingual raspa nas bordas dos ICI ➢ Lesões melhoram entre 5 a 10 dias Tto da felação e cunilíngua ➢ Não há necessidade ➢ Alisamento das bordas incisais ➢ Uso de menor pressão Equimose no freio lingual em virtude de cunilíngua
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