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POS TESTE RESISTENCIA MICROBIANA

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UNISC 
Microbiologia Clínica 
Prof. Jane Renner 
NÁTALI MARTINS STANGLER 
 
1- Como que ocorre, entre as bactérias, a troca de genes de resistência? Explique cada 
uma. 
Resistência a determinado antimicrobiano pode constituir uma propriedade 
intrínseca de uma espécie bacteriana ou uma capacidade adquirida. Para adquirir 
resistência, a bactéria deve alterar seu DNA, material genético, que ocorre de duas 
formas: 
1. indução de mutação no DNA nativo; 
2. introdução de um DNA estranho - genes de resistência - que podem ser transferidos 
entre gêneros ou espécies diferentes de bactérias. 
Os genes de resistência quase sempre fazem parte do DNA de plasmídeos 
extracromossômicos, que podem ser transferidos entre microrganismos. Alguns genes de 
resistência fazem parte de unidades de DNA denominadas transposons (sequências de 
DNA móveis que podem se autoreplicar em um determinado genoma) que se movem 
entre cromossomos e plasmídeos transmissíveis. O DNA estranho pode ser adquirido 
mediante transformação, resultando em trocas de DNA cromossômico entre espécies, 
com subsequente recombinação interespécies. 
 
2- Quais são os mecanismos de resistência bacteriana? 
1. Alteração de permeabilidade: A permeabilidade limitada constitui uma propriedade 
da membrana celular externa de lipopolissacarídeo das bactérias Gram-negativas. A 
permeabilidade dessa membrana reside na presença 
de proteínas especiais, as porinas, que estabelecem 
canais específicos pelos quais as substâncias podem 
passar para o espaço periplasmático e, em seguida, 
para o interior da célula. A permeabilidade limitada é 
responsável pela resistência intrínseca dos bacilos 
Gram-negativos à penicilina, eritromicina, clindamicina 
e vancomicina e pela resistência de Pseudomonas 
aeruginosa ao trimetoprim. As bactérias utilizam esta 
estratégia na aquisição de resistência. Assim, uma 
alteração na porina específica da membrana celular externa de P. aeruginosa, pela 
qual o imipenem geralmente se difunde, pode excluir o antimicrobiano de seu alvo, 
tornando P. aeruginosa resistente ao imipenem. 
 
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Prof. Jane Renner 
2. Alteração do sítio de ação do antimicrobiano: A alteração do local-alvo onde atua 
determinado antimicrobiano, de modo a impedir a ocorrência de qualquer efeito 
inibitório ou bactericida, constitui um dos mais 
importantes mecanismos de resistência. As bactérias 
podem adquirir um gene que codifica um novo produto 
resistente ao antibiótico, substituindo o alvo original. 
Staphylococcus aureus resistente à oxacilina e 
estafilococos coagulase-negativos adquiriram o gene 
cromossômico Mec A e produzem uma proteína de ligação 
da penicilina (PBP ou PLP) resistente aos β-lactâmicos, 
denominada 2a ou 2', que é suficiente para manter a 
integridade da parede celular durante o crescimento, 
quando outras PBPs essenciais são inativadas por antibimicrobianos β-lactâmicos. 
Alternativamente, um gene recém-adquirido pode atuar para modificar um alvo, 
tomando-o menos vulnerável a determinado antimicrobiano. Assim, um gene 
transportado por plasmídeo ou por transposon codifica uma enzima que inativa os 
alvos ou altera a ligação dos antimicrobianos como ocorre com eritromicina e 
clindamicina. 
 
3. Bomba de efluxo: O bombeamento ativo de antimicrobianos 
do meio intracelular para o extracelular, isto é, o seu efluxo 
ativo, produz resistência bacteriana a determinados 
antimicrobianos. A resistência às tetraciclinas codificada por 
plasmídeos em Escherichia coli resulta deste efluxo ativo. 
 
4. Mecanismo enzimático: O mecanismo de resistência 
bacteriano mais importante e freqüente é a degradação do antimicrobiano por 
enzimas. As β-lactamases hidrolisam a ligação amida do anel beta-lactâmico, 
destruindo, assim, o local onde os antimicrobianos β-
lactâmicos ligam-se às PBPs bacterianas e através do qual 
exercem seu efeito antibacteriano. Foram descritas 
numerosas β-lactamases diferentes. Essas enzimas são 
codificadas em cromossomos ou sítios extracromossômicos 
através de plasmídeos ou transposons, podendo ser 
produzidas de modo constitutivo ou ser induzido. A 
resistência quase universal de S. aureus à penicilina é 
mediada por uma β-lactamase induzível, codificada por 
plasmídeo. Foram desenvolvidos β-lactâmicos capazes de se 
ligarem irreversivelmente às β-lactamases, inibindo-as. Esses compostos (ácido 
clavulânico, sulbactam, tazobactam) foram combinados com as penicilinas para 
restaurar sua atividade, a despeito da presença de β-lactamases em estafilococos e 
hemófilos. 
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3- Qual a diferença da enzima Beta-lactamase das bactérias Gram positivas e Gram 
negativas? 
Nas bactérias Gram-positivas, as ß-lactamases são secretadas para o meio 
extracelular e são menos ativas do que as beta-lactamases produzidas pelas bactérias 
Gram-negativas. Nestas, as beta-lactamases encontram-se estrategicamente situadas no 
espaço periplasmático, podendo alcançar maiores concentrações e agir de modo mais 
eficaz sobre os antimicrobianos ß-lactâmicos que atravessam o espaço periplasmático 
para alcançar as PBPs. 
Nas bactérias gram-negativas, a parede bacteriana dificulta o acesso do ß-
lactâmico ao seu sítio de ação (que se localiza na membrana celular). As ß-lactamases 
ficam dispersas fora da célula bacteriana nas gram-positivas, enquanto que se concentram 
no espaço periplasmático nas gram-negativas, onde atuam sobre os ß-lactâmicos de 
maneira mais eficaz. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4- Quais são os três mecanismos básicos de resistência aos ß-lactâmicos dos bacilos Gram 
negativos? 
Alteração do sítio de ligação, que no caso seriam as proteínas ligadoras de penicilina 
(PBPs); 
Alteração da permeabilidade da membrana externa bacteriana; 
Degradação da droga através da produção de b-lactamases.

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