Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CURSO TÉCNICO EM FARMÁCIA Módulo 1 BIOSSEGURANÇA 1ª aula INTRODUÇÃO À BIOSSEGURANÇA APRESENTAÇÃO Este material foi elaborado com o objetivo de nortear as aulas de Biossegurança, disciplina integrante do curso Técnico de Farmácia, propiciando ao aluno um conhecimento generalizado ao perfil do profissional de Técnico em Farmácia, tornando-o competitivo no mercado de trabalho. Introdução à Biossegurança A biossegurança diz respeito ao conjunto de ações voltadas para a prevenção, proteção do trabalhador, minimização de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, visando à saúde do homem, dos animais, a preservação do meio ambiente e a qualidade dos resultados, como preconizam Teixeira & Valle (1996). O técnico em Farmácia é um profissional da saúde e por isso será necessário que tenha conhecimento sobre biossegurança, principalmente porque ele será responsável pela coleta e processamento de vários tipos de amostras biológicas, desde sangue, secreções, urina e fezes. Assim, o conhecimento de biossegurança auxiliará no trabalho do técnico e na prevenção de acidentes. 5 HISTÓRICO Década de 70: reunião sobre os impactos da engenharia genética na sociedade. "práticas preventivas para o trabalho em contenção a nível laboratorial, com agentes patogênicos para o homem". Já na década de 80, a própria OMS incorporou a definição os chamados riscos periféricos presentes em ambientes laboratoriais que trabalhavam com agentes patogênicos para o homem, como os riscos químicos, físicos, radioativos e ergonômicos Nos anos 90, verificamos que a definição de biossegurança sofre mudanças significativas. Este foco de atenção retorna ao ambiente ocupacional e amplia-se para a proteção ambiental e a qualidade. Não é centrado em técnicas de DNA recombinante. HISTÓRICO Tecnologia Risco Sociedade Biodiversidade Risco Economia Agente biológico Risco Homem Tecnologia Risco Homem “Biossegurança é um conjunto de medidas voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades em ambientes ocupacionais do campo da saúde e laboratorial, que podem comprometer a saúde do homem e causar danos ao meio ambiente” CONCEITO BIOSSEGURANÇA Prevenção Eliminação Minimização Em termos epistemológicos, o conceito de biossegurança pode ser definido como: CONCEITO Como módulo, porque a biossegurança não possui identidade própria, não sendo portanto uma ciência, mas sim, uma interdisciplinaridade que se expressa nas matrizes curriculares dos seus cursos e programas. Esses conhecimentos diversos oferecem à biossegurança uma diversidade de opções pedagógicas, que a tornam extremamente atrativa. Como processo, porque a biossegurança é uma ação educativa, e como tal pode ser representada por um sistema ensino-aprendizagem. Nesse sentido, podemos entendê-la como um processo de aquisição de conteúdos e habilidades, com o objetivo de preservação da saúde do Homem, das plantas dos animais e do meio ambiente. Como conduta, quando a analisamos como um somatório de conhecimentos, hábitos, comportamentos e sentimentos, que devem ser incorporados ao homem, para que esse desenvolva, de forma segura, sua atividade. Neste contexto, também devemos incorporar a questão da comunicação e da percepção do risco nos diversos segmentos sociais. Integridade e segurança Preservação do meio ambiente Promoção de saúde Processo progressivo LOCAIS BIOSSEGURANÇA E COVID-19 ATIVIDADE DE FIXAÇÃO Conjunto de diferentes métodos que tem como objetivo descontaminar, desinfetar e/ou esterilizar. MEDIDAS DE HIGIENIZAÇÃO Medidas de Higienização Denomina-se higiene limpeza, asseio, a inter-relação entre o homem e o meio ambiente, no sentido da preservação da saúde, como preconiza Coringa (2012). Há várias formas de higienização, desde a individual (banho, cabelos, unhas e mãos, boca, dentes e vestuário), a coletiva (saneamento básico, água, esgoto, lixo, vetores), até a mental (equilíbrio, costumes morais e sociais), e a do trabalho (riscos físicos, químicos e biológicos), e ambiental (limpeza de moveis, utensílios e estrutura). Antissepsia Diz-se do conjunto de medidas propostas para inibir o crescimento de micro-organismos ou removê-los de um determinado ambiente, podendo ou não destruí-los, utilizando, para tanto, antissépticos ou desinfetantes. Uma das medidas mais comuns é a higienização das mãos, conforme se observa a seguir. Higienização antisséptica das mãos: Esta medida objetiva promover a remoção de sujidades e de microrganismos, reduzindo a carga microbiana das mãos, com auxílio de um antisséptico, com uma duração total do procedimento de aproximadamente de 40 a 60 segundos. Conforme orienta o Ministério da Saúde (1997), a técnica de higienização antisséptica (Figura 1 (1)) é a mesma utilizada para higienização simples das mãos, substituindo-se o sabão por um antisséptico. Exemplo: antisséptico degermante. ASSEPSIA ANTISSEPSIA ARTIGOS TECIDOS ASSEPSIA ANTISSEPSIA A higienização das mãos é reconhecida, mundialmente, como uma medida primária, mas muito importante no controle de infecções relacionadas à assistência à saúde. Por este motivo, tem sido considerada como um dos pilares da prevenção e controle de infecções dentro dos serviços de saúde, incluindo aquelas decorrentes da transmissão cruzada de microrganismos multirresistentes. HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS : Método de higienização antisséptica das mãos A pele normal do ser humano é colonizada por bactérias e fungos, sendo que diferentes áreas do corpo têm concentração de bactérias variáveis por centímetro quadrado (cm2): • Couro Cabeludo: 106 UFC/ cm2. • Axila: 105 UFC/cm2. • Abdome ou antebraço: 104 UFC/cm2. • Mãos dos profissionais de saúde: 104 a 106 UFC/ cm2. ASPECTOS MICROBIOLÓGICOS DA PELE MICROBIOTA TRANSITÓRIA MICROBIOTA RESIDENTE A microbiota transitória, que coloniza a camada superficial da pele, sobrevive por curto período de tempo e é passível de remoção pela higienização simples das mãos, com água e sabonete, por meio de fricção mecânica. É freqüentemente adquirida por profissionais de saúde durante contato direto com o paciente (colonizados ou infectados), ambiente, superfícies próximas ao paciente, produtos e equipamentos contaminados. Consiste de microrganismos não-patogênicos ou potencialmente patogênicos, tais como bactérias, fungos e vírus, que raramente se multiplicam na pele. No entanto, alguns podem provocar infecções relacionadas à assistência à saúde. A microbiota residente, que está aderida às camadas mais profundas da pele é mais resistente à remoção apenas por água e sabonete. As bactérias que compõem esta microbiota (e.g., estafilococos coagulase negativos e bacilos difteróides) são agentes menos prováveis de infecções veiculadas por contato. Consiste de uma série de passos para tornar inócua a manipulação de um instrumento ou dispositivo médico ao reduzir sua contaminação com microrganismos ou outras substâncias nocivas A destruição de todos os microrganismos, inclusive os esporos bacterianos em um instrumento. É o processo aplicado a um artigo ou superfície que visa a eliminação de microrganismos, exceto esporos, das superfícies fixas de equipamentos e mobílias utilizadas em assistência à saúde. Descontaminação Desinfecção Esterilização Diz respeito ao conjunto de medidas utilizadas para impedir a penetração de micro-organismos no ambiente. Descontaminação Diz-se do processo que visa destruir microrganismospatogênicos, utilizado em artigos contaminados ou em superfície ambiental, tornando-os, consequentemente, seguros ao manuseio. Pode ser realizada pelas formas descritas a seguir (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1997): Processo químico: no qual os artigos são imersos em solução desinfetante antes de se proceder a limpeza; Por processo mecânico, utilizando-se máquina termodesinfectadora ou similar; ou, Por processo físico, indicando-se a imersão do artigo em água fervente durante 30 minutos (método nem sempre indicado pois, há impregnação de matéria orgânica quando aplicado a artigos sujos. Assepsia Desinfecção Esporos Unidades Bacterianas com extrema resistência Fase de incubação que preserva a bactéria em períodos de desenvolvimento não favorável Nem todas as bactérias formam esporos, alguns exemplos são as causadoras de antraz, tétano e botulismo Podem permanecer anos em dormência Ciclo da esporulação Bactéria submetida à condições ambientais desfavoráveis Inicia o processo de esporulação Depois de muitas horas, alguns esporos conseguem ser formados. os esporos passam anos adormecidos condições favoráveis fazem eles sairem do estado de hibernação Processos físicos de desinfecção Pasteurização: é uma desinfecção realizada em lavadoras automáticas, com exposição do artigo em água a temperaturas de aproximadamente 60 a 90 graus centígrados por 10 a 30 minutos, conforme a instrução do fabricante. É indicada para a desinfecção de circuitos de respiradores. Água em ebulição ou fervura: utilizada para desinfecção de alto nível em artigos termorresistentes. Consiste em imergir totalmente o material em água fervente, com tempo de exposição de 30 minutos, após o que o material é retirado com o auxílio de pinça desinfetada e luvas de amianto de cano longo. Em seguida, deve ser seco e guardado em recipiente limpo ou desinfetado – ressalve-se que esse procedimento é indicado apenas nas situações em que não se disponha de outros métodos físicos ou químicos. Desinfecção por processo químico A desinfecção por processo químico é feita por meio de imersão em soluções germicidas. Para garantir a eficácia da ação, faz-se necessário que: o artigo esteja bem limpo, pois a presença de matéria orgânica reduz ou inativa a ação do desinfetante; esteja seco, para não alterar a concentração do desinfetante; que esteja totalmente imerso na solução, sem a presença de bolhas de ar; o tempo de exposição recomendado seja respeitado; e, durante o processo o recipiente seja mantido tampado e o produto esteja dentro do prazo de validade (CIEP, 2015). ESTERILIZAÇÃO Esterilização é a destruição de todos os organismos vivos, mesmo os esporos bacterianos, de um objeto. Para tanto, utilizam-se de agentes físicos e químicos. Os meios de esterilização podem ser físicos e químicos, e também por meio de óxido de etileno e por radiação, conforme descrito a seguir. Físicos: A esterilização por físico compreende: calor seco (estufa, flambagem, fulguração); calor úmido (fervura, autoclave); e radiações (raios alfa, gama e raios-X). Químicos: A esterilização por meio químico compreende o uso desinfetantes. Observa-se também a esterilização por meio do óxido de etileno, autorizado pelo Ministério da Saúde, como agente químico para esterilização, por meio da portaria 930/1992. Este tipo de esterilização precisa de três unidades: aparelho de autoclave combinado, gás e vapor; aparelho de comando que vai misturar o gás, e o freon na concentração pré-estabelecida e o aparelho aerador. ESTERILIZAÇÃO Tipos de esterelização AUTOCLAVAÇÃO RADIAÇÃO AGENTES QUÍMICOS Radioesterilização SIMBOLOGIA ATIVIDADE Fazer uma análise do filme, observando as medidas de biossegurança apresentadas para o controle da doença. 2ª Aula BARREIRAS DE CONTENÇÃO BARREIRAS DE CONTENÇÃO Na área de saúde, constituem-se barreiras de contenção o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC), acerca dos quais explanaremos a seguir. Equipamento de Proteção Individual (EPI) No que diz respeito à área de saúde, utiliza-se o EPI proteger os profissionais do contato com agentes infecciosos, tóxicos ou corrosivos, calor excessivo, fogo e outros perigos. A roupa e o equipamento servem também para evitar a contaminação do material em experimento ou em produção (MASTROENI, 2006). Os EPIs mais utilizados pelos profissionais de saúde e a sua utilidade serão descritos nas subseções seguintes. Equipamento de proteção individual (EPI) Uso das luvas: Recomendações Sobre o uso das luvas, devem ser observadas as seguintes recomendações: Usar luvas de látex sempre que houver chance de contato com sangue, fluídos do corpo, dejetos, trabalho com microrganismos e animais de laboratório; Usar luvas de PVC para manuseio de citostáticos (mais resistentes, porém menos sensibilidade); Lavar instrumentos, roupas, superfícies de trabalho sempre usando luvas; Não usar luvas fora da área de trabalho, não abrir portas, não atender telefone; Luvas (de borracha) usadas para limpeza devem permanecer 12 horas em solução de Hipoclorito de Sódio a 0,1% (1g/l de cloro livre = 1000 ppm). Verificar a integridade das luvas após a desinfecção; Nunca reutilizar as luvas nem descartá-las de forma segura. LUVAS JALECO Os jalecos, em seus variados tipos, são usados para fornecer uma barreira de proteção e reduzir a oportunidade de transmissão de microrganismos. Previnem a contaminação das roupas do pessoal, protegendo a pele da exposição a sangue e fluidos corpóreos, salpicos e derramamentos de material infectado (MASTROENI, 2006). São de uso constante nos laboratórios e constituem uma proteção para o profissional. Acerca dos jalecos observam-se as seguintes recomendações: a) Devem sempre ser de mangas longas, confeccionados em algodão ou fibra sintética (não inflamável); b) Os descartáveis devem ser resistentes e impermeáveis; c) Uso de jaleco é permitido somente nas áreas de trabalho. Nunca em refeitórios, escritórios, bibliotecas, ônibus, etc.; d) Jalecos nunca devem ser colocados no armário, onde são guardados objetos pessoais; e) Devem ser descontaminados antes de serem lavados. Observam-se, ainda, outros equipamentos utilizados como barreira de contenção, os quais são listados: Óculos de proteção e protetor facial (protege contra salpicos, borrifos, gotas, impacto). Máscara (tecido, fibra sintética descartável, com filtro HEPA, filtros para gases, pó, etc.). Avental impermeável. Uniforme de algodão, composto de calça e blusa. Luvas de borracha, amianto, couro, algodão e descartáveis. Dispositivos de pipetagem (borracha peras, pipetadores automáticos, etc.). OUTROS EQUIPAMENTOS Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) Enquanto barreira de contenção também são utilizados os EPCs. São equipamentos que possibilitam a proteção do pessoal do laboratório, do meio ambiente e da pesquisa desenvolvida. São exemplos de EPC os equipamentos descritos a seguir (MASTROENI, 2006). Cabines de segurança: As cabines de segurança biológica constituem o principal meio de contensão. Elas são usadas como barreiras primárias para evitar a fuga de aerossóis para o ambiente. Há três tipos de cabines de segurança biológica: Classe I; Classe II – A, B1, B2, B3; Classe III. Fluxo laminar de ar: Massa de ar dentro de uma área confinada movendo-se com velocidade uniforme ao longo de linhas paralelas. EPCs Capela química NB: Cabine construída de forma aerodinâmica cujo fluxo de ar ambiental não causa turbulências e correntes, assim reduzindo o perigo de inalação e contaminação do operador e ambiente. Chuveiro de emergência: Chuveiro de aproximadamente 30 cm de diâmetro, acionado por alavancas de mão, cotovelosou joelhos. Deve estar localizado em local de fácil acesso. Lava olhos: Dispositivo formado por dois pequenos chuveiros de média pressão, acoplados a uma bacia metálica, cujo ângulo permite direcionamento correto do jato de água. Pode fazer parte do chuveiro de emergência ou ser do tipo frasco de lavagem ocular. Manta ou cobertor: Confeccionado em lã ou algodão grosso, não podendo ter fibras sintéticas. Utilizado para abafar ou envolver vítima de incêndio. Vaso de areia: Também chamado de balde de areia, é utilizado sobre derramamento de álcalis para neutralizá-lo. EPCs Extintor de incêndio a base de água: Utiliza o CO2 como propulsor. É usado em papel, tecido e madeira. Não usar em eletricidade, líquidos inflamáveis, metais em ignição. Extintor de incêndio de CO2 em pó: Utiliza o CO2 em pó como base. A força de seu jato é capaz de disseminar os materiais incendiados. É usado em líquidos e gases inflamáveis, fogo de origem elétrica. Não usar em metais alcalinos e papel. Extintor de incêndio de pó seco: Usado em líquidos e gases inflamáveis, metais do grupo dos álcalis, fogo de origem elétrica. EPCs Extintor de incêndio de espuma: Usado para líquidos inflamáveis. Não usar para fogo causado por eletricidade. Extintor de incêndio de BCF: Utiliza o bromoclorodifluorometano. É usado em líquidos inflamáveis, incêndio de origem elétrica. O ambiente precisa ser cuidadosamente ventilado após seu uso. Mangueira de incêndio: Modelo padrão, comprimento e localização são fornecidos pelo Corpo de Bombeiros (MASTROENI, 2006).
Compartilhar