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DAS PROVAS PERICIAIS NO PROCESSO PENAL BRASILEIRO
RESUMO
Palavras-chave
INTRODUÇÃO
Almir Santos Reis Júnior
Mariana de Almeida Castro
O presente artigo procura demonstrar de forma clara e objetiva o
conceito e a importância das provas periciais no processo penal
brasileiro, através da análise de nove tipos de provas periciais aceitas em
nosso ordenamento jurídico e como ocorre sua formalização. Também
será demonstrado o regime estabelecido para a recepção das provas
periciais pelo juiz, através do princípio liberatório.
:Provas.Exames periciais.Processopenal.Laudopericial.
Os crimes classificados como não transeuntes são aqueles que
deixam vestígios assim que praticados, e tais crimes deverão ser
submetidos a exames periciais, para que ocorra a elucidação do crime,
haja vista que possibilitam a descoberta dos verdadeiros criminosos e o
modo pelo qual o delito foi praticado, verificando, assim, qualificadoras
para o criminoso.
Posto isso, este artigo tem como objetivos demonstrar a
importância das provas periciais no Processo Penal Brasileiro e
conceituar as provas periciais em espécie.
Para o alcance de tais objetivos estabelecidos, este artigo foi
dividido estruturalmente em dois capítulos, sendo o primeiro
subdividido para melhor entendimento do tema abordado.
*
**
* Mestre em Direitos da Personalidade. Especialista em Docência no Ensino Superior. Docente da
Pontifícia Universidade Católica do Paraná e do Centro Universitário deMaringá. Docente licenciado do
Centro Universitário deMandaguari. Líder do Grupo de Pesquisa emPersonalidade, Cidadania, Justiça
eDesenvolvimento Sustentável noÂmbito Jurídico.Advogado criminalistamilitante emMaringá. E-mail:
almir.reis@pucpr.br
** Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Pós-Graduanda em Direito Civil,
Processual e do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. E-mail:
mariana.ac@takyep.com.br
Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 181-196, 2013
181
O primeiro capítulo tem por fim descrever sobre as perícias de
forma aprofundada, sendo ainda dividido em três tópicos. O primeiro
tópico objetiva escrever sobre as provas periciais no Código de Processo
Penal. O segundo tópico visa descrever algumas das provas permitidas
pelo Código de Processo Penal, sendo dividido em sete subtópicos, cada
um conceituando uma modalidade. O terceiro tópico visa explicar sobre
a formalização de tais provas.
O segundo capítulo tem por finalidade descrever sobre o regime
de recepção das provas pelo juiz, estabelecido no Brasil devido ao
princípio liberatório.
O termo perícia vem do latim que “significa experiência,
saber, habilidade” (COSTA FILHO, 2012), sendo necessária sua
realização em alguns casos por meio de peritos especializados em
determinadas áreas como, por exemplo, medicina, química, biologia,
direito e outros ramos.
Pode ser considerada uma diligência na qual busca encontrar a
veracidade através da análise dos vestígios deixados por uma infração,
como Paulo Enio Garcia da Costa Filho (COSTA FILHO, 2012, p. 31)
conceitua ser uma
As perícias podem ser classificadas segundo a matéria, quanto ao
modo de realização, quanto ao ramo jurídico relacionado, quanto à sua
finalidade e momento de realização, segundo Eduardo Roberto
Alcântara Del- Campo (DEL-CAMPO, 2005).
Segundo a matéria, dividem-se em médicas - psiquiátricas,
traumatológicas e outras - e não médicas - química, física e outras (DEL-
CAMPO, 2005).
DAS PERÍCIAS
peritia
[...] diligência que possui a finalidade de estabelecer
a veracidade ou a falsidade de situações, fatos ou
acontecimentos, de interesse da justiça, por meio de
provas. É a análise de toda matéria colhida como
vestígio de uma infração, ou seja, o exame do corpo
de delito.
Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 181-196, 2013
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Quanto ao modo de realização, podem ser classificadas em
diretas ou indiretas. As diretas são realizadas pessoalmente pelo perito
sobre o objeto a ser analisado, como explica Paulo Enio Garcia da Costa
Filho (2012), ou seja, é o exame realizado sobre o próprio corpo de
delito, como ensina Aranha (2006). Já as perícias indiretas fazem uso de
um raciocínio dedutivo, como cita Aranha (2006), uma vez que, como
ensina Costa Filho (2012) os exames são realizados sobre documentos
ou outros elementos que fazem referência ao objeto a ser examinado.
Quanto ao ramo jurídico relacionado, Del - Campo (2005) cita
três campos em que as perícias são utilizadas, sendo eles cível, criminal e
trabalhista.
Quanto ao seu fim, Del-Campo (2005) explica que as perícias
podem ser de retratação ou percipiendi, interpretativas ou deduciendi ou
então opinativas. De acordo com o autor, a perícia de retratação é a mais
comum e tem o objetivo de narrar de forma detalhada tudo o que foi
observado no local. A perícia interpretativa é aquela em que o perito,
após analisar os elementos encontrados lança sua conclusão técnica
acerca dos fatos por ele analisados. E a perícia opinativa é aquela na qual
os peritos fazem seus pareceres acerca de determinado assunto.
A última classificação feita por Del-Campo (2005) é quanto ao
modo de realização das perícias. Ele as classifica em retrospectivas e
prospectivas, sendo a primeira aquela em que os exames são realizados
no presente mais relacionados com fatos ocorridos no passado, e na
segunda os exames também são realizados no presente, porém, os efeitos
ocorrerão no futuro.
As perícias são muito importantes na esfera criminal, haja vista
que, através delas, busca-se a veracidade dos fatos, objetivando a
elucidação do crime para que assim, o juiz, como destinatário das provas,
possa julgar de forma justa, como muito bem colocado por Aranha
(2006, p. 192) “a perícia é um meio instrumental, técnico-opinativo e
alicerçador da sentença”.
Para se realizar a perícia é necessário que o delito praticado tenha
deixado vestígios, como determina o artigo 158, do Código de Processo
AS PROVAS PERICIAIS NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
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Penal, quando dispõe que o exame é indispensável, não sendo suprido
nem mesmo pela confissão do acusado, haja vista que o mesmo poderá
confessar algo que não fez para beneficiar outro que tenha praticado o ato
criminoso.
O artigo 159, do Código de Processo Penal, divide as perícias em
corpo de delito e outras perícias e nos parágrafos trazem informações
pertinentes quanto às figuras dos peritos.
Esse diploma legal também explana sobre o dever da elaboração
do laudo pericial, o qual deverá descrever os fatos analisados de forma
minuciosa num prazo de dez dias, que poderá ser prorrogado em alguns
casos excepcionais, desde que requerido pelos peritos.
O capítulo II, do Código de Processo Penal, é composto por vinte
e seis artigos, dos quais alguns se subdividem em parágrafos e até em
incisos, com o objetivo de explanar acerca das perícias, demonstrando as
regras que deverão ser seguidas para que não se afronte o direito.
O Código de Processo Penal, ao longo de seu capítulo II,
descreve várias modalidades de provas perícias aceitas no ordenamento
jurídico. Dessa forma, serão analisadas ao longo deste tópico apenas sete
espécies de perícias encontradas nesse diploma legal.
De todas as perícias aceitas no processo penal o exame de corpo
de delito é considerado o mais importante, tanto, que o legislador ao
redigir tal diploma, deu relevância para o mesmo, separando-o das
demais perícias.
Antes de conceituar tal perícia, deve-se primeiro conceituar o que
é vestígio e entender o que é corpo de delito e qual a sua diferença com o
exame chamado de corpo de delito.
Vestígio é “o rastro, a pista ou o indício deixado por algo ou
alguém” (NUCCI, 2012, p. 397). Deve-se entender como rastro as
alterações que ocorrem no local, pessoas, objetos, assim que praticada a
condutadelituosa, alterações estas capazes de elucidar o caso. Paulo
Enio Garcia da Costa Filho (2012, p. 23), ao dizer que “vestígio é toda
MODALIDADE DE PROVAS PERICIAIS
EXAME DE CORPO DE DELITO
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alteração material no ambiente ou na pessoa, que tenha ou possa ter
relação com o fato delituoso ou seu autor, que sirva a elucidação ou
determinação de sua autoria”.
Sendo assim, pode-se afirmar que corpo de delito é o conjunto
dos vestígios, ou seja, o conjunto dos elementos apreensíveis por meio
dos sentidos, os quais são deixados pelo crime (BONFIM, 2010). Corpo
de delito representa a materialidade do crime (CAPEZ, 2010), podendo
ocorrer “sobre a vítima, sobre o local e sobre instrumentos e demais
objetos relacionados ao crime” (BINA, 2009, p. 27).
Aperícia realizada sobre esses elementos, isto é, sobre o corpo de
delito, é chamada de exame de corpo de delito e que, conforme já
analisado anteriormente, pode se dar de forma direta ou indireta
(BONFIM, 2010).
Este exame está previsto em cinco artigos do Código de Processo
Penal, sendo eles o artigo 6º, inciso VII; 158, 161, 167 e também no
artigo 168.
O artigo 6º, inciso VII, embora faça parte do Título que trata do
Inquérito Policial, também cita o exame pericial quando dispõe que a
autoridade policial deverá, assim que tomar conhecimento da prática do
crime, determinar, se for necessário, que se proceda o exame de corpo de
delito e também as demais perícias que se julguem necessárias.
O artigo 158, do Código de Processo Penal, dispõe que será
indispensável a realização do exame de corpo de delito quando a infração
cometida deixar vestígios, e que o mesmo não poderá ser suprido pela
confissão, haja vista a possibilidade de o acusado confessar um crime
que não foi cometido por ele, apenas para ajudar o verdadeiro criminoso.
No artigo 161, Código de Processo Penal, está expresso que tal
exame não tem dia nem hora para ser realizado, ou seja, poderá ser feito a
qualquer tempo.
No artigo 167, Código de Processo Penal, determina que, caso
não seja possível a realização desse exame por terem desaparecidos os
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir tal falta.
O artigo 168, Código de Processo Penal, também traz a figura do
exame de corpo de delito quando dispõe que nos casos de lesões
corporais, caso o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, deverá
ser realizado outro exame de cunho complementar, desde que
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determinado pela autoridade policial ou judiciária, de ofício ou a
requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do próprio acusado
e de seu defensor.
O exame de corpo de delito “tem a finalidade de constatar,
definir, interpretar e registrar circunstâncias, pessoas envolvidas e todas
as particularidades do delito” (COSTAFILHO, 2012, p. 22), devendo ser
realizado de forma minuciosa a elaboração do laudo pelo perito.
O exame de corpo de delito é uma espécie de perícia que abrange
várias outras subespécies, como, por exemplo, o exame necroscópico, a
exumação, exame perinecroscópico, entre vários outros que serão
devidamente analisados nos tópicos abaixo.
O exame necroscópico é uma das espécies do exame de corpo de
delito, haja vista, a realização do mesmo sobre um dos elementos
deixados pelo crime, sendo este a própria vítima. R e c e b e v á r i o s
nomes, por exemplo, exame necroscópico, necropsia ou autópsia, sendo
este último utilizado de maneira errônea, imprópria, devido à
impossibilidade da realização do exame em si próprio, conforme explica
Fernando da Costa Tourinho Filho (2010).
A necropsia, de acordo com Fernando da Costa Tourinho Filho
(2010), é o exame interno realizado no cadáver, com o objetivo de se
constatar a sua causa mortis.
Para Edilson Mougenot Bonfim (2010), a necropsia consiste em
primeiramente realizar o exame exterior do cadáver, para em seguida, ser
realizado o seu exame interno, para se estabelecer a causa da morte.
Não é só a causa mortis que se busca através da realização deste
exame, procura-se descobrir também, aspectos como a trajetória do
projétil, número de ferimentos existentes no cadavér, orifícios de entrada
e saída do instrumento utilizado na conduta delituosa, entre outras, como
explicam Guilherme de Souza Nucci (2012) e André Nicolitt (2010).
O exame de necropsia também é utilizado para a identificação do
tempo do crime, ou seja, o momento em que o mesmo aconteceu, por
meio da observação dos chamado fenômenos cadavéricos, tais como
livores hipostáticos, rigidez cadavérica, resfriamento corporal, até
EXAME NECROSCÓPICO OU “AUTÓPSIA” OU NECROPSIA
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mesmo o grau de putrefação, maceração, entre vários outros.
O exame necroscópico está previsto no artigo 162, Código de
Processo Penal, o qual estabelece o prazo de pelo menos 06 (seis) horas
para sua realização após o óbito, salvo se forem evidentes os sinais de
morte, podendo assim, os peritos dispensarem tal período de tempo,
tendo este prazo o objetivo de “evitar equívoco sobre a constatação da
morte, como em casos de síncopes, catalepsia e outros casos de morte
aparente” (NICOLITT, 2010, p. 420).
A necropsia deverá ser realizada toda vez que ocorrer “crimes
de homicídio consumado e mortes violentas sobre as quais recaiam
suspeitas de crime” (BINA, 2009, p. 29), devendo o cadavér ser
fotografado na posição em que for encontrada e juntada as fotos no
laudo de acordo com as normas estabelecidas nos artigos 164 e 165, do
Código de Processo Penal.
É também considerado um exame de corpo de delito, pois é
realizada sobre a vítima. De acordo com Ricardo Bina (2009, p. 29), a
exumação cadavérica “é uma nova perícia necroscópica, porém, deverá
precedê-la a autorização para exumar o corpo inumado”.
Conforme entendimento deAndré Nicolitt (2010, p. 420)
Tal exame deverá ser realizado “desde que o exame de corpo de
delito, na época apropriada, não tenha sido realizado de forma
completa, ou desde que o motivo relevante, superveniente, o justifique”
(MORAIS, 1994, p. 66), sendo assim, pode-se perceber que este exame
tem natureza complementar, sendo requisitado geralmente quando
exista divergências sobre a causa da morte violenta ou sobre suas
circunstâncias (BINA, 2009).
Para que seja realizado, deve-se sempre tomar o devido cuidado
EXUMAÇÃO PARA EXAME CADAVÉRICO
exumação importa o desenterramento do cadáver,
que é retirado da sepultura para a realização de
exames, seja em razão de dúvida superveniente,
seja pela deficiência do exame anterior, seja por
inconformismo das partes.
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em seguir as disposições legais, obedecendo a todas as formalidades para
que não se caracterize o crime de violação de sepulturas e demais crimes
referentes ao respeito aos mortos, previstos no Capítulo II, do Código
Penal Brasileiro.
Prevista no artigo 163, do Código de Processo Penal, a exumação
deverá sempre ter dia e hora previamente marcados pela autoridade
responsável, sendo lavrado auto circunstanciado, devendo o responsável
pelo cemitério público ou particular indicar o local da sepultura sob pena
de desobediência. Caso não exista administrador no cemitério, ou
existindo, este se recuse a indicar o local da inumação, ou até mesmo
caso o cadáver não esteja no local próprio, a autoridade deverá realizar as
devidas pesquisas para encontrá-lo, devendo tudo ser descrito nos autos.
Depois de realizada a exumação e dirimida qualquer dúvida
acerca da identidade do cadáver, os peritos realizarão de certa forma, um
novo exame de corpo de delito para sanar as dúvidas existentes
motivadoras da exumação (MORAIS; LOPES, 1994).
Assim como ocorre na necropsia, na exumação o cadáver
também deverá ser fotografado na posição em que forencontrado,
devendo tais fotografias serem juntadas ao laudo, como manda o artigo
164 e 165, do Código de Processo Penal.
O vocábulo “peri” vem de periferia, logo, tal exame é realizado
sobre a região periférica do cadáver, em outras palavras, o local a volta
desse (BINA, 2009)
Ao contrário da necropsia que é feita sobre o corpo e realizada
pelo médico legista, o exame perinecroscópico é realizado no local do
crime e será feito por peritos criminais, devendo tudo ser formalizado
através dos laudos (BINA, 2009).
Só é realizado em casos de crimes que atentem contra a vida,
ficando a cargo do exame do local do crime a análise do ambiente dos
demais crimes onde não exista cadáver.
Quando o perito estiver realizando este exame pericial ele deverá
observar “a posição do corpo, estado das vestes, presença de armas,
manchas de sangue, ferimentos do corpo e a evolução dos fenômenos
EXAME PERINECROSCÓPICO
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cadavéricos” (SILVEIRA, 2012, p. 1).
O Código de Processo Penal prevê a figura do exame nos seus
artigos 164 e 169, porém, aparece de forma implícita, logo, a norma
deverá ser interpretada ao longo de sua leitura (BINA, 2009).
O artigo 164, do Código de Processo Penal, prevê a figura do
exame perinecroscópico através da necessidade de se fotografar o
cadáver na posição em que for encontrado, assim como todas as lesões
externas e os vestígios que forem deixados no local, para que possa ser
realizada minuciosamente a análise do local em volta do cadáver.
No caput do artigo 169 do mesmo diploma legal, este exame está
previsto através da necessidade do isolamento do local do crime,
objetivando assim que os elementos por ele deixados possam
permanecer intactos até a chegada dos peritos que examinarão o local, e
em seu parágrafo único comenta-se da possibilidade de alteração do
estado das coisas, devendo, nesses casos, ser registrado no laudo pelos
peritos e, posteriormente,, discutidas as consequências em relação aos
fatos ocorridos.
O exame tem como objetivo analisar os crimes de “incêndio,
furto qualificado pelo arrombamento ou pela escalada e crimes que
sempre deixam vestígios, sem que exista cadáver” (SILVEIRA, 2012, p.
1), deixando o exame perinecroscópico se preocupar com o local do
crime que deixam mortos, como analisados no tópico anterior.
Arealização deste exame consiste em:
Esteexameémuito utilizado emcrimes de trânsito, hajavistaquepor
meio da observação das marcas feitas pelos pneus, a posição em que se
EXAME DO LOCAL DO CRIME
observar o aspecto de desordem, a situação dos
móveis e utensílios, fendas e massas em paredes,
assoalhos e teto devem ser atentamente observados.
Pegadas e impressões digitais devem ser colhidas,
descritas e fotografadas. Manchas, tintados e
incrustações devem ser raspadas e enviadas ao
laboratório (SILVEIRA, 2012, p. 1).
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encontram os veículos, os pontos de impactos, pode-se verificar a
imprudência, imperícia ou negligência (NICOLITT, 2010). Encontra-se
previstonosartigos6º, incisoI,169,171e173,doCódigodeProcessoPenal.
O artigo 6º, inciso I, assim como o artigo 169, ambos do Código
de Processo Penal, preveem esta espécie de perícia, ao determinarem que
a autoridade deverá isolar o local para que nada nem ninguém altere o
estado e a conservação das coisas até a chegada dos peritos, para que
possam analisar o local e colher os indícios, podendo os peritos instruir
seus laudos com fotos, desenhos e esquemas ilustrativos.
O artigo 171, do Código de Processo Penal, demonstra os crimes
que este exame irá se preocupar e também a necessidade da descrição dos
vestígios, a indicação do instrumento utilizado, os meios empregados e o
tempo em que os atos foram praticados.
O artigo 173, do Código de Processo Penal, preocupa-se em
nortear os casos de incêndio, dos quais serão necessários o exame do
local do crime, devendo o perito verificar a causa e o lugar em que o
mesmo começou, também deverá informar o grau de perigo, a extensão
do dano, o seu valor e todos os dados importantes para sua elucidação.
Uma das perícias mais conhecidas e realizadas para a elucidação
de delitos é o exame sobre os instrumentos do crime.
Deve-se, primeiramente, definir instrumentos, os quais são
entendidos por Guilherme de Souza Tucci (2012, p. 417) como sendo
Logo, ao analisar estes objetos o perito realiza o exame sobre os
instrumentos do crime.
O exame pode ser utilizado para dois objetivos, testar a eficiência
do instrumento, ou colher vestígios deixados no mesmo, tais como,
sangue e impressões digitais (BINA, 2009).
O artigo 175, do Código de Processo Penal, além de estabelecer a
EXAME SOBRE OS INSTRUMENTOS DO CRIME
os objetos que servem de agente mecânico para a
realização do crime, citando como exemplo
revólver, faca, pedaço de madeira, estilete, entre
outros.
Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 181-196, 2013
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eficiência, também é necessário verificar sua natureza, em outras palavras,
é necessário “estabelecer a espécie e a qualidade”, dando como exemplo o
reconhecimento do calibredeumaarmade fogo (NUCCI,2012).
Tal exame é muito utilizado no ramo da perícia, chamada de
balística forense, nos
Além do artigo acima citado, essa perícia também está disposta
no artigo 6º, inciso II, do mesmo diploma legal, quando dispõe que a
autoridade policial deverá fazer a apreensão dos objetos que tiverem
relação com o fato, depois de liberados pelos peritos.
Em alguns casos, o instrumento do crime pode se perder após o
delito concluído, por exemplo, o agente praticante pode jogá-la fora,
ocultá-la, não sendo possível, portanto, a realização do exame pericial,
fato este que não acarretará a nulidade das provas, apenas poderá gerar o
enfraquecimento das mesmas (MORAIS; LOPES, 1994).
Como descrito nos tópicos acima, os peritos devem realizar a
coleta dos vestígios deixados pelo crime, logo após devem enviar ao
laboratório alguns dos materiais colhidos para as devidas análises.
São citados como exemplos de materiais enviados para análise
laboratorial, amostras de sangue, sêmen, saliva para a realização do
exame de DNA.Através deste exame pode-se comprovar, por exemplo, a
identidade da vítima e também do criminoso, caso estejam sem
identificação.
Nos casos de amostra de sangue e do conteúdo estomacal que
também é retirado durante a necropsia e enviado para o laboratório, é
muito comum a realização de exames de toxicologia “para a detecção de
substâncias entorpecentes proibidas; exame de dosagem alcoólica;
confrontos balísticos, quando se faz a comparação
microscópica do projétil arrecadado na vítima, com
outro disparado pelos peritos com a suposta arma.
Quando resulta positivo, significa que o disparo
criminoso foi efetuado pela arma apreendida (BINA,
2009, p. 33).
EXAMES LABORATORIAIS E DNA
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exame de substância venenosa” (NUCCI, 2012, p. 411).
Estes exames estão previstos no artigo 170, do Código de
Processo Penal, devendo os peritos, ao realizarem tais exames, tomarem
o cuidado para guardarem material suficiente, pois pode haver
necessidade de uma nova perícia, caso na primeira perícia “se encontrem
falhas insuperáveis, ou para que alguma das partes possa questionar a
conclusão obtida pelos peritos, através de uma segunda verificação”
(NUCCI, 2012, p. 411).
Estes exames devem ser realizados por peritos com
conhecimento técnico nas áreas das ciências e devem ser utilizados
aparelhos, substâncias químicas e métodos para encontrar os fatos
relevantes para a instrução criminal (NICOLITT, 2010).
Os exames são invasivos, uma vez que ninguém é obrigado a
produzir provas contra si mesmo e nem fornecer materiais para o exame
que lhe prejudique a integridade física ou sua intimidade(NICOLITT,
2010).
O perito criminal tem a função de colher os vestígios e realizar os
exames necessários à instrução criminal, devendo tudo ser devidamente
formalizado e juntado ao processo para que o juiz possa analisar e
sentenciar o caso.
A formalização ocorre por meio do chamado laudo pericial. Este
laudo é um documento escrito pelo perito, no qual deverão descrever
minuciosamente tudo o que examinaram e também responderão os quesitos
formulados,conformeregulaoart.160,doCódigodeProcessoPenal.
O laudo
Um laudo pericial é composto por quatro elementos, que são
divididos como sendo o preâmbulo, o corpo, o qual se subdivide em
FORMALIZAÇÃO DAS PROVAS PERICIAIS
[...] é a conclusão a que chegaram os peritos, exposta
na forma escrita, devidamente fundamentada,
constando todas as observações pertinentes ao que
foi verificado e contendo as respostas aos quesitos
formulados pelas partes (NUCCI, 2012, p. 406).
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histórico, descrição, discussão e conclusão, resposta aos quesitos e
autenticação (BINA, 2009). Para Tucci (2012), o laudo também é
composto por quatro elementos, mas ele os nomeia como sendo tópico de
identificação, titulação, nome da pessoa que será analisada e elenco dos
quesitos.
Para melhor entendimento, adotemos a divisão do primeiro de
Ricardo Bina, trabalhando em conjunto com os conceitos dados por
Guilherme de Souza Tucci.
No preâmbulo, deverão conter informações referentes à data,
hora e local de realização dos exames, a autoridade que os requisitou, o
número do inquérito policial, qualificação dos peritos, do objeto que foi
periciado, e os quesitos que deverão ser respondidos (NUCCI, 2012;
BINA, 2009).
O corpo se subdivide em quatro elementos, sendo eles histórico,
descrição, discussão e conclusão (BINA, 2009).
Aparte histórica do corpo tem a finalidade de descrever
Já na descrição, o perito deverá descrever de forma minuciosa os
vestígios analisados, podendo ter sido objeto de perícia tanto pessoas
como coisas, lembrando que em casos de perícias em pessoas, de acordo
com o art. 165, do Código de Processo Penal, os peritos deverão, sempre
que possível, demonstrar as lesões encontradas através de fotos,
desenhos e esquemas (BINA, 2009).
É na subdivisão denominada de discussão que o perito irá explicar,
através de seu conhecimento técnico, tudo o que aconteceu durante as
análises dos vestígios, edurantea realizaçãodos exames necessários.
É nessa parte do laudo em que o perito fará seus “comentários
técnicos e pessoais [...] acerca do que fora observado durante a realização
da perícia” (BINA, 2009, p. 41).
É na conclusão, a última parte do corpo de um laudo pericial que
o perito irá transcrever a conclusão que chegou após as análises, para
então começar a responder os quesitos (BINA, 2009).
a razão pela qual a perícia será realizada, trazendo ao
perito as informações sobre o fato ocorrido, tais
como hora, data e local dos fatos, vestimenta da
vítima etc. (BINA, 2009, p. 40).
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A terceira parte de um laudo pericial ocorre quando o perito deve
responder aos quesitos formulados, os quais
estando esta última afirmação presente no artigo 176, do Código de
Processo Penal.
A última parte do laudo pericial é nominada como sendo
autenticação, haja vista que é a presença da data e da assinatura dos peritos
que realizaramas perícias que faráo laudoser autêntico (BINA,2009).
O artigo 160, do Código de Processo Penal, dispõe que os peritos
têm dez dias para elaborar o laudo pericial, porém, o mesmo parágrafo
prevê a possibilidade deste prazo ser prorrogado, apenas em casos
excepcionais e desde que requerido pelos peritos.
Os artigos 180 e 181, ambos do Código de Processo Penal,
também norteiam as regras acerca da elaboração dos laudos. O artigo 180
dispõe a possibilidade de existir divergência entre os peritos; já o art. 181
prevê a resolução para o caso em que as formalidades não foram
observadas, ou então houve omissões, obscuridades ou contradições,
quando o juiz mandará suprir as formalidades, complementar ou então
esclarecer o laudo. Em seu parágrafo único, explica a possibilidade do
juiz mandar que se realize outro exame, por peritos diferentes, se o
mesmo julgar conveniente.
O juiz é o destinatário das provas, necessita delas para tomar a
correta decisão acerca dos fatos a ele apresentados no processo, porém, o
juiz não fica obrigado a aceitar os laudos periciais, pois o Direito
brasileiro adotou o regime estabelecido pelo princípio liberatório,
constatado no artigo 182, do Código de Processo Penal, o qual diz que o
juiz poderá aceitar ou rejeitar o laudo pericial em todo ou em parte
(TOURINHO FILHO, 2010).
O juiz utiliza o laudo pericial para formar suas próprias
são questões formuladas sobre um assunto específico,
que exigem, como respostas, opiniões ou pareceres
[...] podem ser oferecidos pela autoridade e pelas
partes atéo ato dadiligência (NUCCI, 2012, p. 406),
DO PRINCÍPIO LIBERATÓRIO
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conclusões, ou seja, para “decidir a matéria que lhe é apresentada de
acordo com sua convicção, analisando e avaliando a prova sem nenhum
freio ou método previamente imposto pela lei” (NUCCI, 2012, p. 419),
pois o importante para que o juiz sentencie de forma justa é o conjunto
probatório enão umaúnicaespéciedeprovaapresentadade forma isolada
O presente artigo teve como finalidade descrever sobre as provas
periciais dentro do Processo Penal Brasileiro e demonstrar a sua
importância para a elucidação dos crimes.
Inicialmente, houve a conceituação das pericias, como sendo um
instrumento utilizado durante a instrução criminal, capaz de alicerçar
uma sentença judicial. Também analisou as provas pericias no Código de
Processo Penal, isto é, como se dá a normatização das perícias como
meio de provas e as modalidades existentes no processo penal, restando
desenvolvido os tópicos que versaram sobre o exame de corpo de delito,
necroscópico, exumação cadavérica, exame Peri necroscópico, do local
do crime, dos instrumentos do crime e os exames laboratoriais e DNA.
Ao final, buscou-se descrever sobre o regime aceito no Brasil
acerca da recepção das provas pelo juiz, regime este estabelecido pelo
princípio liberatório, o qual demonstra que o juiz não precisa
necessariamente aceitar as provas periciais, ele deve analisar o laudo e
tomar sua decisão, ou seja, as provas periciais servem como base ao juiz
na tomada de sua decisão.
This articleseeks to demonstrate in a clear andobjective way the concept
and importanceof forensic evidencein Brazilian criminal proceedings,
throughthe analysis of ninetypes offorensic evidenceacceptedin our
legal systemandhow its formalization occurs. It will also be shownthe
regime establishedfor the reception ofexpert evidence foresinc
.
CONCLUSÃO
EVIDENCEOFCRIMINALPROCEDUREINBRAZILIAN OF
FORENSIC EVIDENCES IN BRAZILIAN CRIMINAL
PROCEEDINGS
ABSTRACT
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evidenceby the judge, through the discharge principle.
: Evidence. Forensic Examinations. Criminal Proceedings.
Expert valuation.
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TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. .
13. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
Keywords
REFERÊNCIAS
Da prova no Processo
Penal
Medicina legal
Curso de Processo Penal
Curso de Processo Penal
Medicina legal e
criminalística
Medicina legal
Da prova penal
Manual de Processo Penal
Manual de Processo Penal e Execução
Penal
Exame de local
Manual de Processo Penal
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