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ASPECTOS CONCEITUAIS DA TEORIA PSICODRAMÁTICA

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ASPECTOS CONCEITUAIS DA TEORIA PSICODRAMÁTICA
Jacob Levin Moreno, CHEGA À Psicologia Social, em Viena nas primeiras décadas do século XX, através do Teatro da Espontaneidade, que instituiu em o método psicoterápico, cognominado pelo supracitado autor de Psicodrama.
Em 1980 Rojas-Bermúdez, pormenorizou sobre o Psicodrama, especifica a capacidade de olhar sob dois pontos de vista o método: psicoterapêutico e técnico.
Para Rojas - Bermúdez (1980)
do ponto de vista técnico, constitui em princípio, um processo de ação e interação. Seu núcleo é a dramatização. Diferente das psicoterapias puramente verbais, o Psicodrama faz intervir, manifestamente, o corpo em suas variadas expressões e interações com outros corpos. Esta intervenção corporal envolve o compromisso total com o que se realiza, compromisso que é fundamental para terapia e, consequentemente, para o indivíduo e para o desenvolvimento de mais completos meios de comunicação com seus semelhantes. No Psicodrama não se deixa de fato o verbal, mas, pelo contrário, hierarquizam-se as palavras ao incluí-las num contexto mais amplo, como é o dos atos. (ROJAS-BERMÚDEZ, 1980, p. 21)
O autor considera sob o ponto de vista psicoteráptico que, o Psicodrama concebe em um método valioso, colaborando para “destacar as defesas conscientes e inconscientes do paciente, bem como sua conduta e quadros patológicos “(ROJAS-BERMÚDEZ, 1980, p. 21). 
No parecer de Moreno (1978), desde o nascimento o homem é um ser social. A criança em toda sua vida tem um futuro para realizar, pois não nasce com nada concluída; compreendido para o autor que o nascimento é um momento de crescimento “é uma catarse de profundo alcance tanto para mãe como para o bebê” (MORENO, 1978, p. 118).
O autor enuncia neste sentido, que é através da iniciativa espontânea que a criança pequena aprende “até uma certa idade”. Porém os adultos ingerir-se com “temáticas” incentivando em artefatos culturais e aparelhos tecnológicos, o que na concepção do autor, todos esses elementos propicia para reduzir a criatividade do indivíduo.
	Em suas pesquisas, Moreno empenhou-se a atividades com grupos através dos quais impulsionou conceitos novos, reestruturou outros, principalmente os psicanalíticos que naquela época desempenhavam grande influência. Em síntese, construiu uma obra desmesurada, o que iremos discorrer a seguir.
No Teatro da espontaneidade e com base na Socionomia, o autor inseriu os fundamentos científicos que poderiam explicar a cura pela ação. É denominada Sociograma a ciência que estuda as leis sociais, sendo divida em três correntes: a Sociatria, a Sociodinâmica e a Sociometria, que são destinados para entendimento das relações sociais. E tendo como a ciência que trata do funcionamento das relações interpessoais a Sociodinâmica. 
A Sociometria foi conceituada no inicio dos estudos de Moreno (1978) como como “o conjunto de técnicas por ele realizadas para investigar, medir e estudar os processos vinculares que se manifestam nos grupos humanos” (MENEGAZZO et al., 1995, p. 199).
Tendo como marco teórico do pensamento moreniano a Sociometria, sustentam as práticas do Psicodrama, do Sociodrama e de outros métodos dramáticos.
Dos grupos empregados por MORENO a Sociatria é responsável pelo tratamento psicológico, sendo a ciência da cura dos sistemas sociais, através dos métodos do Sociodrama e Psicodrama.
Como procedimento para estudo das condutas humanas o Psicodrama foi criado em 1925 por MORENO, visando “especificamente a investigação das dificuldades ou entraves ao desempenho livre, espontâneo, criativo e responsável” (MENEGAZZO et al., p. 174).
O termo Psicodrama é um procedimento que trabalha o psiquismo em ação, sendo o significado da palavra drama ação e psique, alma ou espirito. Já o Sociograma é um procedimento que trata do funcionamento e estrutura dos grupos, como problemas comunitários e sociais, que provocam preocupação como problemas econômicos, de saúde, religiosos, preconceitos, entre outros, voltado para intervenção das necessidades sociais.
A importância da discriminação entre Sociodrama e Psicodrama foi evidenciada por Aguiar (1990), pois para ele essa distinção “constitui um importante via de acesso à compreensão da prática socionômica e, consequentemente, ao desenvolvimento de sua fundamentação teórica” (AGUIAR, 1990, p. 175).
Com a inovação teórica exposta colaborou consideravelmente para elucidar supostos básicos das terapias de ação, a ruminar as atuações na esfera da Psicologia Social e da Psicoterapia.
O núcleo social que se formam em torno de cada indivíduo foi definido por Moreno (1978), como Átomo Social de menor estrutura social. Intitulou de papéis sociais, aqueles que retratamos, habitualmente, no ambiente social e criou o sociométrico como mecanismo para investigação das redes conectado de um deliberado grupo.
Para explicar “a capacidade do indivíduo perceber outra pessoa sem distorções” Moreno introduziu o conceito de Tele (SOEIRO, 1975, p. 05). 
O fenômeno tele manifesta-se na vincularidade grupal como energia 
de atração, rejeição e indiferença, e evidencia uma permanente atividade de comunicação co-inconsciente e consciente. Ele possibilita aos seres humanos - vinculados em constelações afetivas mediante a operação constante das funções pensar-perceber e intuir-sentir de cada um - o “conhecimento” da situação real de cada indivíduo e dos outros na matriz relacional de um grupo. (MENEGAZZO, et al., 1995, p. 207)
O fator Tele para Moreno (1978) o que torna possível o encontro, sendo o que conduz as relações positivas ou negativas entre as pessoas e elucida a emergência das desavenças interpessoais.
Para abordar sua teoria, foi definido pelo autor o termo Filosofia do Momento.
Na filosofia do momento, MORENO pretende captar a realidade, sobretudo a realidade humana, tal como é em si, em suas circunstâncias reais e existenciais; o que implica os conceitos de aqui
e agora: cada ser ou cada ato têm uma existência que se realiza em
tempo concreto (Locus) e em ambiente também concreto (Matriz). 
(MARTÍN, 1984, p. 78)
O termo empregado pela teoria moreniana, aqui e Agora para designar, “o lugar e o momento que estão ocorrendo uma ação - quer se trate de uma simples expressão postural, de ato gestual ou de enunciado verbal” (MENEGAZZO et al., 1995, p. 24).
Na ideia moreniana, a criança antes de nascer pertence à Matriz Materna, ultrapassando para o universo social, o que ele designou de “placenta social”. Através da interação com seus egos auxiliares, pai, mãe e outros, a criança vai constituindo vínculos formado dessas interações denominado assim de placenta social. Para o autor são divididas em duas fases a constituição da placenta social, a Matriz de Identidade Total Indiferenciada e Matriz Total Diferenciada.
Na compreensão do autor na primeira fase da Matriz Indiferenciada, a criança não consegue diferenciar-se de si mesma, de objetos, discernir o que é dentro ou fora, perto ou longe, sendo totalmente inserida no sincretismo completo. Isso acontece segundo Moura, porque a criança está imersa na intransparência corporal, e em uma continua Fome de Atos, uma ansiedade idiossincrasia desta primeira fase de ser infantil. 
A criança entrará na segunda fase de Matriz de Identidade Total Diferenciada, quando o seu desenvolvimento neurológico permitir, quando nesta fase começará a criar certo discernimento: objetos, pessoas, e delinear acuidade de tempo e espaço.
Para Moreno (1978), o aquecimento preparatório da criança para o novo ambiente é a primeira manifestação básica da espontaneidade, o que denominou de dispositivo de auto arranque (físico e mental) esse processo, assim procede a disposição espontânea as exigências do meio em que vive, o que diferencia de um organismo para o outro.
Na primazia da espontaneidade a abordagem psicodramática se estrutura, perpetrando dessa o eixo de sua teoria e terapia. Com a finalidade de desenvolver a espontaneidade, as técnicas terapêuticas nesta abordagem são baseadas em exercícios.
Como característica do desenvolvimento da espontaneidadeMoreno (1978), considera, a função dramática, criadora e plástica, escreveu também:
a espontaneidade, enquanto função dramática, energiza e une o eu. A espontaneidade e, como função plástica, evoca respostas adequadas a situações novas. A espontaneidade, como função criadora, esforça-se para criar o eu e um meio adequado para ele. (MORENO, 1978, p. 152)
Para Martím (1984), a importância da teoria da espontaneidade:
o conceito de espontaneidade é de tamanha projeção teórica e 
terapêutica na Psicologia moreniana, que nos induzimos a aceitá-la 
como sendo o núcleo de sua Antropologia, muito embora, com essa 
atitude, corramos o risco de nos tornarmos unilaterais, a noção de tele, a teoria de grupo e a técnica psicodramática também reclamem
compartilhar dessa primazia. Apesar do risco, continuamos pensando na espontaneidade como núcleo central da antropologia de Moreno. (MARTÍN, 1984, p. 119)
O homem mergulha na fonte dos desejos no caminho do crescimento (de ter, saber e de ser) e exige uma resposta do outro categoricamente.
Trabalhar em psicoterapia implica encontrar-se permanentemente com os desejos humanos, entre eles o desejo de transformação, de crescimento e de elevação. (MENEGAZZO et al., 1995, p. 84)
É possível obter os resultados das situações desejadas e promover o aquecimento espontâneo através dos procedimentos da teoria de Moreno que envolve uma diversidade de técnicas.
O mundo interno pode ser revelado em função dessa técnica, que para isso: “o psicodrama teve que desenvolver numerosas técnicas para dar expressão aos níveis mais profundos do nosso mundo interpessoal” (MORENO, 1978, p. 245).
As técnicas fomentam “Insight Dramático”, este estagio ultrapassa o mundo interior do individuo para o exterior e corresponde ao máximo do autoconhecimento. Por meio dos significados contidos nas técnicas, as situações que permaneciam obscuras, são esclarecidas por meio dos significados. Anzie(1981) esboça que as técnicas amplifica em vários planos, experimentando seus próprios limites e eventualidades. Promovendo mudanças no sentido de identidade e continuidade, ocorrendo o crescimento de si mesmo.
As técnicas e finalidades é direcionada em toda sessão de psicodrama, a estrutura metodologia do preparativo de uma sessão psicodramática, é baseada em três conceitos: Contexto, três Etapas e cinco Instrumentos.
Em qualquer procedimento dramático são utilizados os três contextos: Social, Dramático e Grupal.
Para executar o método psicodramático os recursos utilizados incluem cinco Instrumentos como: Protagonista, Plateia, Cenário, Ego Auxiliar e Diretor.
Para desenvolver com proficuidade durante sua atuação o Diretor é responsável pela sessão psicodramática e é necessário ter uma sólida formação, possui três especificas funções: produtor, terapeuta e analista social.
E para o desenvolvimento de uma sessão psicodramática, os métodos a serem seguidos são de quatro etapas: Aquecimento, Dramatização e Comercialização ou Análise.
Moreno (1978) no progresso de sua teoria criou um número abundante de técnicas psicodramáticas, sendo selecionadas algumas como: Técnica de Apresentação Pessoal; Técnica do Espelho; Técnica de Aquecimento Preparatório; Técnica de Improvisação Espontânea; Técnica de Inversão de Papéis e Psicodança.
Técnica de Apresentação Pessoal “Self Presentation”: Nessa técnica na presença do diretor e do grupo, o participante revive situações que fazem parte de sua vida, podendo ser apresentações vivenciadas de seu passado, presente e futuro. Essa técnica propicia criar uma identidade do Eu no grupo, essa técnica pode ser aplicada também com jogos psicodramáticos, como jogo de Apresentação, etc.
Técnica do Espelho: com está técnica o indivíduo mostra como opera em várias situações da vida e como é compreendido pelos outros do grupo, possibilitando a identificação do eu e a percepção de si mesmo. A revelação de si mesmo pela imagem reproduzida no outro.
Técnica de Aquecimento Preparatório: Por meio de atitudes corporais e mentais, o indivíduo coloca seu corpo e mente em movimento, conseguindo alcançar os estados espontâneos com maior facilidade, o que possibilitou Moreno a produzir esta técnica foi sua preocupação com estados espontâneos, por meio de dispositivos de auto arranque.
Para moreno (1978), o estado espontâneo:
pode ser estimulado por agentes corporais de arranque (um complexo processo físico em que as contrações musculares desempenham um papel preponderante), por agentes mentais de arranque (sentimento e imagem no sujeito que são freqüentemente sugeridas por uma outra pessoa) e por agentes psicoquímicos de arranque (por exemplo, a estimulação artificial pelo álcool). (MORENO, 1978, p. 280)
Técnica de Improvisação Espontânea: “a improvisação espontânea é uma técnica em que o paciente não representa eventos de sua própria vida, mas atua em papéis fictícios, imaginários” (MORENO, 1978, p. 256).
A atuação do indivíduo dá se pela representação agradáveis ou angustiante de papéis, é possível observar elementos da personalidade, o comportamento interpessoal, desejos e sentimentos por meio dessa representação.
Técnica de Inversão dos Papéis “Role Reversal”: Essa técnica consiste do indivíduo colocar-se no lugar do outro.
Anzie indicou que:
oportunidade para compreender as reações que se passam em seu ambiente; quando sai de si mesmo torna-se capaz de perceber objetivamente sua própria atitude em relação aos outros; disto pode advir o ajustamento de sua relação interpessoal. (ANZIE, 1981, p. 29)
 Psicodança: Através de formas de expressões corporais, gestos, fisionomia e ritmos, essa técnica promove o aquecimento e explora o estado complexo evolutivo do indivíduo, permitindo trabalhar o corpo.
Moreno (1978) diferenciou a terapêutica da dança em duas categorias: “O ator-dançarino que dança para curar-se - autocatarse - e o ator- dançarino que dança para representar um grupo de espectadores, os quais executam com ele o desempenho da dança - catarse coletiva” (MORENO, 1978, p. 273).
Yozo (1996) declara características que o psicodramatista deve basear-se para alcançar resultados eficientes com a aplicação de jogos dramáticos como: compreensão lúdica, segurança, vinculo de confiabilidade, conexão saudável e humano, capacidade de perceber sua atitude de superioridade e classificatória e estabelecimento de uma relação ética
REFERÊNCIAS
AGUIAR, M.- O Teatro Terapêutico: Escritos Psicodramáticos. Campinas. SP, Papirus, 1990.
ANDRADE, S. G. - Teoria e Prática de Dinâmica de Grupo: Jogos e Exercícios. S. Paulo, Casa do Psicólogo, 1999.
MARTÌN, E. G.- J. L. Moreno: Psicologia do Encontro. São Paulo, Livraria Duas Cidades Ltda, 1984.
MENEGAZZO, C. M., ZURETTI, M. M., TOMASINI M. A. & COL.- Dicionário de Psicodrama, São Paulo, Ágora, 1995.
MONTEIRO, R. F. - Jogos Dramáticos. 6.ed. São Paulo, Ágora, 1994.
 
MORENO, J. L. - Psicodrama. Tradução. Álvaro Cabral, 2. ed. S. Paulo, Cultrix, 1978.
MORENO. J. L. - Fundamentos do Psicodrama. Tradução. Maria Silvia Mourão Neto. S.Paulo, Summus Editorial Ltda, 1983. 
MORENO. J. L. - Psicoterapia de Grupo e Psicodrama.3 ed. Tradução. José Carlos Vitor Gomes. Campinas S/P. Editorial Livro Pleno, 1999.
ROJAS-BERMÚDEZ, J. G. - Introdução ao Psicodrama. S. Paulo, Mestre Jou,1980
SOEIRO A. C. - Psicodrama e Psicoterapia. S. Paulo: Editora Natura, 1976
YOZO, R. Y. K. - 100 Jogos para Grupos - Uma Abordagem Psicodramática para Empresas, Escolas e Clínicas, 8 ed. São Paulo, Àgora, 1996.

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