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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 1.1 As políticas públicas ............................................................................. 6 1.2 Sobre a natureza do turismo ................................................................ 9 1.3 O turismo no desenvolvimento local e regional .................................. 11 1.4 Turismo no Brasil ............................................................................... 14 2 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO NO BRASIL ................................. 16 3 O SISTEMA NACIONAL DE TURISMO .................................................... 21 3.1 Ministério do Turismo ......................................................................... 25 4 PLANO NACIONAL DE TURISMO ........................................................... 26 4.1 Ações ................................................................................................. 27 4.1.1. Conhecer o turista, o mercado e o território .................................... 27 4.1.1.1. Desenvolver estudos e pesquisas sobre a atividade turística ........ 27 4.1.1.2. Implantar plataforma interinstitucional de dados ............................ 28 4.1.1.3 Implementar sistema de inteligência ............................................... 28 4.1.2. Estruturar os destinos turísticos ...................................................... 29 4.1.2.1. Apoiar o desenvolvimento das regiões turísticas ......................... 29 4.1.2.2 Apoiar a elaboração e a implementação dos planos de desenvolvimento turístico ...................................................................................... 29 4.1.2.3. Melhorar a infraestrutura turística ................................................ 30 4.1.2.4. Mensurar a competitividade nos destinos turísticos ..................... 30 4.1.2.5. Estruturar os segmentos turísticos priorizados ............................ 30 4.1.3. Fomentar, regular e qualificar os serviços turísticos ....................... 31 4.1.3.1. Cadastrar os prestadores de serviços turísticos .......................... 31 4.1.3.2. Fiscalizar os serviços turísticos .................................................... 31 4.1.3.3. Classificar e certificar os serviços e equipamentos turísticos ...... 31 4.1.3.4. Capacitar e qualificar profissionais e gestores do setor de turismo . ..................................................................................................... 32 4.1.3.5. Incrementar as linhas de financiamento à iniciativa privada ........ 33 4.1.3.6. Implementar o apoio ao fomento público à pesquisa, à inovação e ao conhecimento ................................................................................................... 33 4.1.3.7. Atração de investimentos e questões tributárias .......................... 33 4.1.4. Promover os produtos turísticos ..................................................... 34 4.1.4.1. Realizar campanhas de promoção do turismo interno ................. 34 4.1.4.2. Apoiar eventos de comercialização ............................................. 35 4.1.4.3. Realizar ações de apoio à comercialização do produto turístico brasileiro no mercado interno ................................................................................ 35 4.1.4.4. Realizar mostra dos produtos e roteiros turísticos ....................... 35 4.1.4.5. Fortalecer a estratégia de promoção internacional do turismo brasileiro ..................................................................................................... 36 4.1.4.6. Apoiar a realização de eventos de fortalecimento ao desenvolvimento turístico ...................................................................................... 36 4.1.4.7. Articular com as demais esferas de governo a necessidade de uma reavaliação dos encargos tributários ..................................................................... 37 4.1.5. Estimular o desenvolvimento sustentável da atividade turística ..... 37 4.1.5.1. Combater a exploração de crianças e adolescentes na cadeia produtiva do turismo .............................................................................................. 37 4.1.5.2. Integrar a produção associada na cadeia produtiva do turismo ... 38 4.1.5.3. Fomentar o turismo de base comunitária ..................................... 38 4.1.6. Fortalecer a gestão descentralizada, as parcerias e a participação social ........................................................................................................ 39 4.1.6.1. Fortalecer a gestão do turismo no Brasil...................................... 39 4.1.6.2. Definir modelos referenciais de infraestruturas de gestão para as Organizações Públicas de Turismo (OPT)............................................................. 39 4.1.6.3. Ampliar a cooperação internacional em turismo .......................... 40 4.1.6.4. Promover a melhoria de ambiente jurídico favorável ................... 40 5 PROGRAMA DE REGIONALIZAÇÃO DO TURISMO .............................. 41 5.1 Categorização dos municípios ........................................................... 42 5.2 Como foi construída a metodologia .................................................... 46 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 49 1 INTRODUÇÃO Políticas públicas são definidas, na visão da Secretaria do Meio Ambiente – SEMA (2013, p. 1) como: “conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvidas pelo Estado diretamente ou indiretamente, com a participação de entes públicos ou privados, que visam assegurar determinado direito de cidadania de forma difusa ou para determinado seguimento social, cultural, étnico ou econômico”. Fonte: www.hosteleriamadrid.com Nesse sentido, são instrumentos empregados pelo Estado para garantir à sociedade direitos constitucionais. Envolve muito mais que uma decisão, mas também inúmeras ações estrategicamente elegidas. O conceito mais difundido é o do cientista político Laswell que diz: “decisões e análises sobre política pública implicam responder às seguintes questões: quem ganha o quê, por que e que diferença faz?” (Laswell, 1958 apud Souza, 2006, p. 5). De modo geral, observa-se que o alvo das políticas públicas resume-se em atender a demandada sociedade através da efetivação dos direitos de cidadania, gerando desenvolvimento com a promoção de empregos, saúde, educação, melhoria na infraestrutura, redistribuição de renda, entre outros. Quanto às classificações, as políticas públicas dividem-se pela natureza, abrangência e seus impactos sociais. Quanto à natureza se qualificam em estruturais – interferindo em relações de renda, emprego e propriedade; e em conjuntural – visa resolver situações imediatas, sendo também conhecida como emergencial. Quanto a sua abrangência pode ser classificada como universais – as quais atendem a todos os cidadãos; segmentais - direcionadas apenas para um segmento da população (idade, sexo, condição física, etc.); e fragmentadas – é mais restrita que as segmentais, pois comporta apenas um grupo social dentro da segmentação. Já quanto aos impactos que podem causar na sociedade são subdivididas em: distributivas – políticas voltadas à distribuição individual de benefícios; redistributivas – buscando certa equidade através da distribuição de benefícios a grupos sociais, e regulatórias – as quais visam distribuição de benefícios imediatos para qualquer grupo social, regulando por meio de regras e procedimentos, comportamentos de atores (que possuem poder) para atender interesses gerais. Importa ressaltar que as políticas públicas variam conforme a orientação política de determinado Estado, e, portanto, a relação entre as características acabam sendo influenciadaspelas ideologias de cada modelo político. A análise da política pública, ou ainda, a sua formulação pode ser realizada através de uma metodologia conhecida como ciclo de políticas públicas, o qual apresenta cinco fases: na primeira há a definição de prioridades, na segunda – apresentação das soluções ou alternativas, na terceira – escolha da melhor solução possível, na quarta – execução das ações e, por fim, a quinta fase onde há a avaliação e acompanhamento o que não significa o encerramento do ciclo, pois os acompanhamentos contínuos em todas as etapas e dos efeitos que as políticas causam em longo prazo, caracterizam-se como etapas essenciais ao melhoramento da política (Souza, 2006). Assim, pode-se resumir política pública como o campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o governo em ação” e/ou analisar essa ação (variável independente) e, quando necessário, propor mudanças na direção ou curso dessas ações (variável dependente). A formulação de políticas públicas constitui-se no estágio em que os governos democráticos traduzem seus propósitos e plataformas eleitorais em programas e ações que produzirão resultados ou mudanças no mundo real (Souza, 2006, p. 7). Em síntese, para alcançar o desenvolvimento do país e dinamizar as economias locais, promovendo variações qualitativas nos aspectos sociais da população, muitos governantes elaboram e executam políticas públicas em vários setores. E, neste cenário, o setor de serviço turístico tornou-se, nos últimos anos, um importante instrumento propulsor do desenvolvimento, pois consegue gerar uma série de benefícios diretos e indiretos. 1.1 As políticas públicas Fonte: www.ingenieros.cl O papel que o Estado desempenha em nossa sociedade sofreu inúmeras transformações com o passar do tempo. No século XVIII e XIX, sua principal finalidade era a segurança pública e a defesa externa em caso de ataque inimigo. Contudo, com o aprofundamento e expansão da democracia, as responsabilidades do Estado se diversificaram. Atualmente, é comum se afirmar que a função do Estado é promover o bem-estar da sociedade. Para tanto, ele precisa desenvolver uma série de ações e atuar diretamente em diferentes áreas, tais como saúde, educação, meio ambiente. Para atingir resultados em diversas áreas e promover o bem-estar da sociedade, os governos se utilizam das Políticas Públicas que podem ser definidas da seguinte forma: “(...) Políticas Públicas são um conjunto de ações e decisões do governo, voltadas para a solução (ou não) de problemas da sociedade (...).” Dito de outra maneira, as Políticas Públicas são a totalidade de ações, metas e planos que os governos (nacionais, estaduais ou municipais) traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público. É certo que as ações que os dirigentes públicos (os governantes ou os tomadores de decisões) selecionam (suas prioridades) são aquelas que eles entendem serem as demandas ou expectativas da sociedade. Ou seja, o bem-estar social é sempre definido pelo governo e não pela sociedade. Isto ocorre porque a sociedade não consegue se expressar de forma integral. Ela faz solicitações (pedidos ou demandas) para os seus representantes (deputados, senadores e vereadores) e estes mobilizam os membros do Poder Executivo, que também foram eleitos (tais como prefeitos, governadores e inclusive o próprio Presidente da República) para que atendam as demandas da população. As demandas da sociedade são apresentadas aos dirigentes públicos por meio de grupos organizados, no que se denomina de Sociedade Civil Organizada (SCO), a qual inclui, conforme apontado acima, sindicatos, entidades de representação empresarial, associação de moradores, associações patronais e ONGs em geral. As sociedades contemporâneas se caracterizam por sua diversidade, tanto em termos de idade, religião, etnia, língua, renda, profissão, como de ideias, valores, interesses e aspirações. No entanto, os recursos para atender a todas as demandas da sociedade e seus diversos grupos (a SCO) são limitados ou escassos. Como consequência, os bens e serviços públicos desejados pelos diversos indivíduos se transformam em motivo de disputa. Assim, para aumentar as possibilidades de êxito na competição, indivíduos que têm os mesmos objetivos tendem a se unir, formando grupos. Não se deve imaginar que os conflitos e as disputas na sociedade sejam algo necessariamente ruim ou negativo. Os conflitos e as disputas servem como estímulos a mudanças e melhorias na sociedade, se ocorrerem dentro dos limites da lei e desde que não coloquem em risco as instituições. Assim, o interesse público – o qual, por sua vez, reflete as demandas e expectativas da sociedade – se forma a partir da atuação dos diversos grupos. Durante a apresentação de suas reivindicações os grupos tentam obter apoio de outros grupos, mas também sofrem oposição daqueles que têm outras reivindicações contrárias. O interesse público se forma, portanto, por meio da disputa de todos os grupos da Sociedade Civil Organizada (SCO). Cabe ao formulador de Políticas Públicas conseguir perceber, compreender e selecionar as diversas demandas. Compreendidas as diversas demandas e expectativas da sociedade, ele fará a seleção de prioridades para, em seguida, oferecer as respostas. As respostas nunca atenderão às expectativas de todos os grupos. Alguns grupos serão contemplados, outros não. Para os grupos contemplados o governo terá de formular e desenvolver ações para buscar atender suas expectativas, integral ou parcialmente. Quando o governo busca atender as principais (na sua percepção) demandas recebidas, diz-se que ele está voltado para o interesse público (ou seja, para o interesse da sociedade). Ao atuar na direção do interesse público, o governo busca maximizar o bem estar social. Em outras palavras, as Políticas Públicas são o resultado da competição entre os diversos grupos ou segmentos da sociedade que buscam defender (ou garantir) seus interesses. Tais interesses podem ser específicos – como a construção de uma estrada ou um sistema de captação das águas da chuva em determinada região – ou gerais – como demandas por segurança pública e melhores condições de saúde. É importante ressalvar, entretanto, que a existência de grupos e setores da sociedade apresentando reivindicações e demandas não significa que estas serão atendidas, pois antes disso é necessário que as reivindicações sejam reconhecidas e ganhem força ao ponto de chamar a atenção das autoridades do Poder Executivo, Legislativo e Judiciário. Fonte: www.cursoderedacao.net Como exemplo do que foi apresentado, podemos citar o Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), gerenciado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), cuja missão é “estabelecer ações conjuntas no sentido de enfrentar os desafios e potencializar as muitas oportunidades existentes para o desenvolvimento do Setor Artesanal, gerando oportunidades de trabalho e renda, bem como estimular o aproveitamento das vocações regionais, levando à preservação das culturas locais e à formação de uma mentalidade empreendedora, por meio da preparação das organizações e de seus artesãos para o mercado competitivo”, conforme apresentado na página do MDIC. Tal programa é gerido pelo governo federal, mas busca a descentralização, pois pretende desenvolver as potencialidades dos estados e municípios. Tal política foi desenvolvida visando a geração de emprego e renda bem como a preservação das culturas locais e a criação de uma mentalidade empreendedora. Para tanto, as ações adotadas são a capacitação de artesãos e multiplicadores, estruturação de núcleos produtivos do segmento artesanal, feiras e eventos para comercialização da produção artesanal e rotas de artesanato e turismo. Certamente tais ações não são consideradassuficientes por todos os grupos envolvidos nesse tema, entretanto, certamente ela surgiu como resultado da interação dos elementos que constituem esse segmento social1. 1.2 Sobre a natureza do turismo Duas características intrínsecas ao turismo o diferenciam, essencialmente, de outras atividades econômicas ou produtivas. Uma delas é o fato de o turismo ser, antes de qualquer coisa, uma prática social. A outra é o fato de ser o espaço seu principal objeto de consumo. Como prática social, a atividade do turismo tem o turista como principal protagonista e isso implica reconhecer que, mesmo diante da hegemonia de agentes de mercado e do estado, o “mundo do turismo” não se restringe às ações hegemônicas de atores hegemônicos. O turismo se dá na escala e na efervescência da vida nos lugares e mesmo nos lugares cuja vida está profundamente imbricada à atividade do turismo, sua 1 Extraído do Manual de Políticas Públicas, SEBRAE/MG. existência sempre vai além das lógicas impostas pela atividade. As relações social e historicamente construídas por um dado grupo dão o tom da maior ou menor resistência dos lugares aos vetores trazidos com o turismo. (Cruz, 2006, p. 338) Fonte: hyser-40.cdn.pjtsu.com Ingressar no competitivo rol dos destinos turísticos nacionais e internacionais não é objetivo fácil de ser alcançado. Tornar-se um destino turístico nacional e internacionalmente conhecido é resultado de um conjunto de ações e relações, fatores internos e externos cujo comando, no mais das vezes, não pertence ao lugar receptor. Ao contrário, a hegemonia dos mais importantes polos emissores do País e do mundo se pode fazer sentir sobre muitos dos destinos turísticos do mundo e do País. A implementação de obras voltadas a aumentar a fluidez do território, bem como outras destinadas à melhoria de condições infraestruturas básicas dos lugares (abastecimento de água, energia elétrica, coleta e tratamento de esgoto e coleta e acondicionamento de resíduos sólidos) correspondem a algumas das ações estratégicas emanadas do estado (sobretudo poderes públicos federal e estaduais) no sentido de desenvolver o turismo no território nacional Tornar o território atrativo para o capital privado é o objetivo precípuo dessas ações.. Esse processo não é, de forma alguma, unívoco, visto que não raras vezes divergências de interesse entre os sujeitos sociais diretamente envolvidos existem e são difíceis de serem superadas. Tais pressupostos remetem a uma reflexão crítica acerca da pertinência da busca “cega” pelo desenvolvimento do turismo, além de remeter à discussão, entre outras coisas, a uma análise acerca das escalas do planejamento territorial do turismo, responsabilidade do estado. 1.3 O turismo no desenvolvimento local e regional Partindo do pressuposto de que vivemos inseridos no contexto de um modo de produção capitalista e que o capitalismo é, por essência, concentrador de riqueza e gerador de exclusão social, o que cabe colocar em discussão são as reais possibilidades de o turismo efetivamente contribuir para reverter o quadro de profundas injustiças sociais, histórica e socialmente construído. Considerando que a matéria-prima do turismo é o espaço, reconhecemos desde já um diferencial entre a atividade econômica do turismo e outras atividades econômicas, ou seja, teoricamente, todos os lugares são potencialmente turísticos já que a atratividade turística dos lugares é uma construção cultural e histórica. Até meados do século XVIII, por exemplo, não se costumava frequentar praias ou montanhas como espaços de lazer porque tanto oceanos como montanhas causavam pavor às populações (Boyer, 2003). De destinos de lazer a destinos turísticos, espaços à beira-mar e montanhas, tais como todos os considerados atrativos turísticos de hoje e de ontem não são mais que construções culturais. Tais ponderações nos são muito úteis no sentido de compreender o papel do turismo na distribuição da riqueza. Se, no que tange à sua dimensão espacial, o turismo pode, teoricamente, acontecer em todos os lugares do planeta, isso lhe confere uma competência, maior que de qualquer outra atividade econômica, de distribuir espacialmente a riqueza. A indústria, por exemplo, é uma atividade produtiva muito mais seletiva e concentrada espacialmente que o turismo. Distribuição espacial da riqueza não é o mesmo, entretanto, que distribuição estrutural da riqueza. Por isso, muitos lugares pobres, capturados pela atividade do turismo, viram suas economias dinamizadas e assistiram a profundas transformações em seus territórios sem que, necessariamente, suas populações se tivessem tornado automaticamente detentoras de melhores condições de vida e de renda. Ingenuidade teórica ou manipulação inescrupulosa de dados e informações, é isso, todavia, que o discurso dominante sobre o turismo quer fazer crer. O aumento espontâneo ou planejado de fluxos turísticos pode dinamizar as economias locais e regionais pelas demandas que os turistas trazem consigo (demandas por hospedagem e alimentação, entre outras), multiplicando infraestruturas, gerando postos de trabalho, fazendo o dinheiro circular. Fonte: www.cdlbh.com.br Todavia, faz-se necessário lembrar, também, que o conceito de desenvolvimento é polissêmico. Desenvolvimento econômico não é sinônimo de desenvolvimento social. Desenvolvimento sustentável também pode ser um conceito vago. Sustentável em que sentido? Sustentável para quem? No meu entendimento, o desenvolvimento que queremos é aquele sustentado nas sólidas bases da justiça social, mas seria possível construir uma sociedade mais justa por meio do turismo? Naturalmente não. Todavia, pode-se fazer do desenvolvimento do turismo um instrumento a favor do alcance deste objetivo, mas para isso seria necessário conduzir o processo de desenvolvimento do turismo segundo a premissa da busca por justiça social. mas essa não tem sido a tônica da ação dos sujeitos hegemônicos da política e da economia. Por isso, não é, também, evidentemente, a tônica do desenvolvimento do turismo. O turismo vem se revelando uma atividade de grande contribuição para o desenvolvimento econômico. Para Lage e Milone (2000) apud Nascimento e Silva (2009) a atividade turística é um serviço da sociedade industrial moderna, que passou a fazer parte de todas as nação contribuindo em todos os setores e destacando-se de maneira indispensável para as atividades econômicas, perdendo apenas para o setor petrolífero. Com esta visão, torna-se compreensível o despertar do interesse para o investimento turístico, visto que a demanda por esse serviço está em crescimento. De acordo com o relatório publicado pelo Fórum Econômico Mundial o turismo é responsável por 9% do PIB mundial. O conceito vigente atualmente de turismo é o elaborado pela OMT (2005), que o compreende como toda atividade que as pessoas realizam durante suas viagens e estadas em lugares diferentes do seu ambiente habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com finalidade de ócio, negócios e outros motivos. O órgão ressalta que o turismo não limita as atividades e nem os produtos, ou seja, qualquer pessoa fora de seu ambiente de costume, que demande a produção de bens e serviços neste local, está praticando o turismo. Concluindo, portanto, que a atividade turística não provém do produto ou da oferta, mas da demanda, envolvendo os atores da experiência turística, os elementos geográficos e o mercado turístico. Os atores da experiência turística são todos os visitantes internos e visitantes internacionais. Para a OMT (1995) apud OMT (2005) o visitante interno é qualquer indivíduo que viaje para algum lugar dentro do país, fora de seu ambiente habitual, e que não exerça atividade remunerada no lugar visitado. Podem-se subdividir os atores enquantoturistas e excursionistas. Os turistas pernoitam, pelo menos uma vez, em algum meio de hospedagem, enquanto que os excursionistas não pernoitam no local visitado. O visitante internacional é aquele que viaja para algum lugar fora do seu país, não exercendo atividade remunerada no país de destino. Também segue a mesma subdivisão apresentada para o viajante interno, turista e excursionista, porém a diferença está no fato de que o excursionista é aquele de programa coletivo, podendo pernoitar (OMT, 1995 apud OMT, 2005). Já os elementos geográficos do turismo, ainda de acordo com OMT (2005), dizem respeito ao espaço onde se dá o fluxo turístico, são eles, a região de origem do turismo, a região de destino turístico e a zona de trânsito. Em resumo, este elemento é o espaço onde as atividades turísticas acontecem, onde a demanda gera receita e consequentemente empregos, ou ainda, é o espaço real onde as atividades do turismo se concretizam. Por último, e não menos importante está o mercado turístico, o qual se configura como ponto de encontro entre a oferta e a demanda, sendo controlado pelos componentes destes elementos. A demanda, parte essencial no setor turístico, divide- se em: efetiva - número efetivo de participantes na atividade turística, sendo uma variável de fácil mediação; e demanda latente - que corresponde às pessoas não participantes da atividade turística, que por sua vez subdivide-se em demanda potencial e diferida. De acordo com a OMT (2005), existem fatores determinantes da demanda turística. Estes fatores podem ser identificados como: fatores sociológicos; características pessoais como a idade, grau de instrução, sexo, estado civil, nacionalidade; determinantes econômicos, que são as condições econômicas, como a atividade econômica desempenhada, ocupação profissional, nível de renda, entre outros. Todavia, coexistem também determinantes relativos à viagem, ou seja, o motivo que levou a viajar, as formas de compra ou organização da viagem, o período de compra, distância viajada, meio de transporte. O que configura o turismo como uma atividade de suma importância para o desenvolvimento econômico e social de um país é o fato de ser uma atividade multifacetada, ou seja, ela agrega uma enorme cadeia em torno de si, sendo capaz de beneficiar economicamente demais atividades, além de gerar emprego, renda e atrair investimentos públicos e privados2. 1.4 Turismo no Brasil O turismo não é um fenômeno novo, porém, no Brasil a sua importância foi percebida recentemente quando o governo constatou a sua capacidade de gerar riquezas, posto de trabalhos, e movimentar diversos setores produtivos. É considerada, hoje, uma atividade ideal, desde que haja um planejamento pré-definido levando em consideração os impactos positivos e negativos que causam tanto na população local, quanto ao meio ambiente. O início das atividades turísticas no Brasil se deu em meados da década de 1920, ganhando força com passar dos anos. O primeiro passo foi dado com a criação do Ministério do Turismo (MTUR), instituído há 11 anos, que teve com papel inicial o 2 Texto extraído do link: http://biblioteca.clacso.edu.ar/ar/libros/edicion/lemos/19cruz.pdf. Autora: Rita de Cássia Ariza da Cruz. planejamento e fomentação do turismo brasileiro. Pouco tempo depois, para aumentar a eficiência do ministério, foi formulado o Plano Nacional do Turismo (PNT), o qual tem como objetivo, alinhado ao Plano Plurianual, desenvolver o turismo no país e erradicar a pobreza (PNT, 2013). O PNT, segundo o Ministério do Turismo, é voltado para a criação de mecanismos que garantam estabilidade e confiança, no que se refere à obtenção de licenças, autorizações, concessões e demais exigências do estado, para a instalação e operação de empreendimentos turísticos (PNT, 2013). Para alavancar o turismo no Brasil, foram criados vários órgãos e entidades, além do MTUR, como a Confederação Nacional do Turismo (CNTUR), a qual representa uma entidade coordenadora e de representação nacional do setor produtivo do turismo brasileiro; há também as Secretarias Estaduais de Turismo, que tem por função promover e estimular o desenvolvimento do turismo nos estados; e o Instituto Brasileiro do Turismo (EMBRATUR), que após a criação do MTUR, passou a cuidar exclusivamente da promoção e o apoio à comercialização, no exterior dos produtos turísticos do Brasil. No Brasil o turismo teve dois marcos principais para alavancar de vez o setor como atividade econômica: à descentralização do turismo e a criação de novas modalidades turística. A descentralização é um plano que consiste na desconcentração do turismo nos grandes centros, remanejando, concedendo incentivos e delegando poder aos municípios para que assim o interior do estado se desenvolva no mesmo ritmo que os grandes centros. O último, por sua vez, é baseado na sugestão de Krippendorf (1975), que sugeriu um turismo brando, o qual vai de encontro ao turismo de massa, já que, com a criação de novas modalidades o turismo seria mais específico e assim equilibraria os recursos naturais evitando desperdício de recursos e sua rápida degradação. Desde 2010, o Brasil figura entre os principais destinos turísticos do planeta, o que gerou uma receita em torno de US$ 27.381 milhões de dólares, no mesmo ano. Em 2012 esses números alavancaram e só a receita gerada pelos turistas estrangeiros foi de US$ 6,6 bilhões de dólares. Nestes mesmos períodos os investimentos financeiros federais giraram em torno de R$ 6,68 bilhões em 2010 e R$ 11,20 bilhões em 2012. Estes números só comprovam a evolução que o Brasil vem apresentando (Departamento de Estudos e Pesquisa do Ministério do Turismo, 2014). As estatísticas são favoráveis para o Brasil, com o auxílio do governo, através de planos, programas, ações, com sua riqueza natural diversificada, a ascensão da classe C, o baixo impacto sofrido pela crise em comparação aos demais países, e os eventos que serão sediados pelo país, a nível mundial (Cunha, 2012)3. 2 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO NO BRASIL Fonte: viajepelosnossosolhos.com.br A história das políticas públicas de turismo no Brasil pode ser dividida em quatro períodos. O primeiro período, conhecido como a “pré-história” jurídico-institucional das políticas nacionais de turismo, teve início em 1938, através do Decreto Lei nº 406/38, e fim em 1966 (Decreto n° 55/66), e esteve baseado na configuração da superestrutura do turismo no país por meio da criação de organismos oficiais de turismo que ampliaram o universo de atuação do Estado diante da atividade. Neste período havia uma falta de compreensão sobre a competência política governamental em relação à questão turística como um todo, seus assuntos e responsabilidades transitaram durante décadas em diferentes departamentos, mudando a cada troca de governo, resultando na dificuldade de gestão e continuidade das políticas públicas. 3 Texto extraído do link: http://www.uesc.br/eventos/ivsemeconomista/anais/gt7-7.pdf. Autores: Poliana Da Silva Cerqueira, Lessi Inês Farias de Pinheiro e Kaiza Correia da Silva Oliveira. A segunda fase teve início em 1966 (Decreto-Lei nº 55/66), por meio da criação do Sistema Nacional de Turismo, constituído pelo Conselho Nacional de Turismo (CNTur), Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR) e Ministério das Relações Exteriores. Foi um marco na evolução das políticas públicas de turismo no país, conforme Becker (1996, p. 186), desenvolvido nos moldes do pensamento militar da época: controle rígido da atividade turística, centralizado pelas grandes companhias, situadas particularmente no município do Rio de Janeiro. Neste segundo período, embora promulgados diversos diplomas legais regulamentando o desenvolvimento do turismo, a política aindaestaria vinculada a aspectos parciais da atividade turística, ao invés de uma abordagem estrutural e totalizante. No período 1991 a 1999, o Decreto nº 55/66 é revogado pela Lei nº 8.181/91 que reestrutura a EMBRATUR e apresenta os objetivos e as diretrizes para a formulação de uma Política Nacional de Turismo (PNT), publicada de fato em 1996. A principal mudança no cenário político do turismo neste terceiro período “[...] estaria expressa na substituição da ênfase no desenvolvimento, para a valorização e preservação do patrimônio natural e cultural do país e para a valorização do homem”. (Becker, 1995, p. 26) Em janeiro de 2003 foi criado o Ministério do Turismo (MTur), dando início a uma nova etapa (quarto período) na evolução das políticas públicas do turismo no Brasil, por meio da reestruturação das funções da EMBRATUR – órgão agora destinado à promoção e apoio à comercialização turística internacional; e o MTur responsável pela execução da Política por meio dos Planos Nacional de Turismo (PNT). O primeiro Plano Nacional do Turismo (2003-2006) foi lançado em abril de 2003, e o segundo em 2007. Estes documentos, elaborados de forma coletiva, sob consulta de diversos setores representativos do turismo brasileiro, “[...] procuram traduzir uma concepção de desenvolvimento que, além do crescimento, busca a desconcentração de renda por meio da regionalização, interiorização e segmentação da atividade turística”. (Brasil, 2003, p. 7) É no contexto da evolução das políticas públicas de turismo no Brasil, que ocorre a evolução das diretrizes específicas de turismo em Unidades de Conservação. A regionalização e segmentação das atividades turísticas, principais estratégias da nova configuração política de desenvolvimento do turismo no país, abarcam o seguimento do ecoturismo no Brasil. A história das políticas públicas em turismo vincula-se ao Estado de bem-estar social e tem na sua origem “a regulação do trabalho, a limitação do seu tempo, as férias remuneradas, a aposentadoria, a evolução dos transportes, da comunicação, além de outras conquistas da sociedade moderna” (Pereira, 1999, p. 9). E desde quando se pode falar em políticas públicas de turismo no Brasil? Cruz (2000), baseando-se em estudo de Ferraz (1992) e tomando como critério a emissão de diplomas legais, propõe uma periodização da história dessas políticas. O primeiro período, denominado pela autora de “pré-história” jurídico- institucional das políticas nacionais de turismo, iniciou-se com a emissão do Decreto- lei 406, de 4 de maio de 1938, art. 59, que dispõe sobre a venda de passagens aéreas, marítimas e terrestres, indo até 1966, quando ocorreu a promulgação do Decreto-lei 55, de 18 de novembro de 1966, que institui a Política Nacional de Turismo. Apesar de a partir da década de 1930 o Estado valorizar mais a atividade de planejamento setorial e passar a elaborar e implementar os planos nacionais de desenvolvimento, esse período se caracteriza pela emissão de diplomas legais voltados para aspectos parciais da atividade, não se configurando ainda num programa ou política nacional de turismo. Na década de 1930 foi criada a Divisão de Turismo, setor do Departamento de Imprensa e Propaganda, vinculado à Presidência da República, cuja principal atribuição era a fiscalização das atividades relativas às agências de viagens. No decorrer do Plano de Metas (1956/61), criou-se a Comissão Brasileira de Turismo (Combratur – 1958), à qual caberia coordenar, planejar e supervisionar a execução da política nacional de turismo (Ferraz, 1992). A Combratur foi extinta em 1962 e, com ela, foram enterradas as diretrizes que propôs e que jamais foram implementadas. Com essas diretrizes, ainda que jamais implementadas, pelo menos no campo da concepção, “começa a se transferir o eixo prioritário das políticas públicas de turismo da organização do setor – do ponto de vista das agências de viagens e turismo – para a ampliação e modernização do parque hoteleiro do país”. (Cruz, 2000, p. 47) Estava, portanto, consonante com o Plano de Metas em vigor, uma vez que este tinha como linha mestra a industrialização. Foi a primeira tentativa, aliás, bem-sucedida, para implantar um parque industrial diversificado na economia brasileira. Além de se constituir em programas explicitamente voltados para o desenvolvimento industrial, embora não exclusivamente concebido para este fim, o Plano de Metas foi a primeira experiência brasileira de planejamento econômico propriamente dito. (Sudene, 1984) Nesse período, o turismo também não recebia referências na agenda governamental nem como política regional, nem como política urbana, uma vez que, como assinala Steinberger (1998), essas políticas, entre os anos 1962 e 1985, eram, na verdade, “pseudopolíticas” e, por isso mesmo, jamais foram implementadas. O segundo período teve início com o Decreto-lei 55/66, indo até 1991, com a Lei 8.181, de 28 de março de 1991, editada durante o governo Collor, que reestruturou a Embratur. Fonte: www.fecomercio.com.br Considera-se que a história das políticas públicas de turismo no Brasil inicia-se com esse decreto, que estabeleceu a Política Nacional de Turismo, definida como o “conjunto de diretrizes e normas integradas em um planejamento de todos os aspectos ligados ao desenvolvimento do turismo e seu equacionamento como fonte de renda nacional” (Ferraz, 1992). Segundo Cruz (2000, p. 49) o Decreto 55/66 estava em consonância com o Plano de Ação Econômica do Governo (Paeg – 1964-1966) e, citando Ianni, tinha por objetivos, entre outros, “atenuar os desníveis econômicos setoriais e regionais, e as tensões criadas pelos desequilíbrios sociais, mediante a melhoria das condições de vida”. Em nenhum dos demais planos e programas governamentais desse período – Plano Decenal (1967-1976), Programa Estratégico de Desenvolvimento (PED – 1968- 1970), Metas e Bases para a Ação do Governo (1970), I e II Plano Nacional de Desenvolvimento –, o turismo recebeu tratamento explícito como atividade estratégica de desenvolvimento econômico. A Constituição Federal de 1988 contemplou o turismo pela primeira vez na história das constituições brasileiras, no art. 180, cap. I, do título VII, que trata da Ordem Econômica. Nesse artigo, lê-se que “a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão e incentivarão o turismo como fator de desenvolvimento social e econômico” (Ferraz, p. 24). Chama atenção no artigo a corresponsabilidade das três esferas de governo na promoção do turismo e no incentivo a esse setor, apontando para a descentralização das políticas de turismo. Cabe salientar que, de acordo com Cruz, “a política nacional de turismo, nesse período, acabou restringindo-se a uma política de incentivos financeiros e fiscais, especialmente direcionados para o setor hoteleiro” (2000, p. 56). O terceiro período iniciou-se com a Lei 8.181, de 28 de março de 1991, que reestruturou a Embratur, agora denominada Instituto Brasileiro de Turismo, cujos efeitos se estenderam até os mandatos do atual presidente Fernando Henrique Cardoso. O Decreto 448, de 14 de fevereiro de 1992, portanto, no governo de Fernando Collor, estabeleceu como finalidade da Política Nacional de Turismo “o desenvolvimento do turismo e seu equacionamento como fonte de renda nacional”. Suas principais diretrizes são: a) a prática do turismo como forma de valorização e preservação do patrimônio natural e cultural do país; b) a valorização do homem como destinatário final do desenvolvimento turístico. A Política Nacional de Turismo não chegou a ser aplicada em face da grave instabilidade institucional e econômica no período, que viria culminar com o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. Seu sucessor, Itamar Franco, deu início a uma nova diretriz da política de turismo ao implantar o ProgramaNacional de Municipalização do Turismo (PNMT). Mas é no governo de Fernando Henrique Cardoso, a partir de 1996, que a Política Nacional de Turismo passou a ser efetivamente implementada. Para o período de 1996 a 1999, tem como principais objetivos: a) a ordenação das ações do setor público, orientando o esforço do Estado e a utilização dos recursos públicos para o bem-estar social; b) a definição de parâmetros para o planejamento e a execução das ações dos governos estaduais e municipais; c) a orientação referencial para o setor privado. Concebida como política de correção de “desequilíbrios regionais”, a Política Nacional de Turismo poderá não atingir os objetivos propostos, uma vez que, “sem mudanças na política regional que se tem levado a cabo no Brasil há décadas, com um privilégio latente ao das porções do território, não há setor da economia que possa minimizar disparidades socioeconômicas entre uma e outra região” (Cruz, 2000, p. 64)4. 3 O SISTEMA NACIONAL DE TURISMO O Sistema Nacional de Turismo, conjunto de órgãos criado com o objetivo de planejar e coordenar a execução da Política Nacional de Turismo, foi criado pelo Decreto-lei 55, de 18 de novembro de 1966. Esse decreto definiu o que corresponderia à Política Nacional de Turismo e também criou o Conselho Nacional de Turismo (CNTur) e a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), órgãos ligados ao Ministério de Indústria e Comércio. De acordo com o artigo 1º do referido decreto, a política nacional de turismo é a atividade decorrente de todas as iniciativas ligadas à indústria do turismo, sejam ordinárias do setor privado ou público, isoladas ou coordenadas entre si, desde que reconhecido seu interesse para o desenvolvimento econômico do país. (Ferraz, 1990) O parágrafo 1º do artigo 2º afirma que “O Governo Federal orientará a política nacional de turismo, coordenando as iniciativas que se propuserem a dinamizá-lo, 4 Texto extraído do link: http://www.cchla.ufrn.br/cnpp/pgs/anais/Arquivos%20GTS%20- %20recebidos%20em%20PDF/REFLEX%C3%95ES%20SOBRE%20POL%C3%8DTICAS%20P%C3 %9ABLICAS%20DE%20TURISMO%20EM.pdf. Autores: Márcio Balbino Cavalcante e Edna Maria Furtado. para adaptá-la às reais necessidades de desenvolvimento econômico e cultural”. No parágrafo 2º, o governo federal se propõe, através dos órgãos próprios, coordenar “todos os programas oficiais com os da iniciativa privada, garantindo um desenvolvimento uniforme e orgânico à atividade turística nacional” (Ferraz, 1992). Fonte: www.turismo.pr.gov.br Ao CNTur foi atribuída a tarefa de formular, coordenar e dirigir a política nacional de turismo, sob a presidência do ministro da Indústria e do Comércio, e à Embratur, a função de “incrementar o desenvolvimento da indústria de turismo e executar, no âmbito nacional, as diretrizes que lhe forem traçadas pelo Governo”. Vinculada ao Ministério da Indústria e do Comércio, a Embratur passou a se caracterizar mais como organismo fiscalizador e classificador de atividades. Se as condições organizacionais foram criadas, qual o motivo da não- implantação consistente da política de turismo? Para responder a essa pergunta, podemos buscar respostas tomando duas linhas de argumentação: uma, que se relaciona à complexidade do turismo enquanto política, e a outra, com referência à concepção de planejamento em voga nos anos 60, 70 e 80. Como assinala Beni (1992), uma das grandes dificuldades para a implementação das políticas públicas de turismo é a situação do setor e do órgão competente, na estrutura administrativa do Estado. O fato de se tratar de uma atividade que não pode ser identificada claramente como setor econômico diferenciado contribui para essa situação, já que os bens e serviços vendidos aos visitantes e aos turistas domésticos originam-se de vários ramos da produção. O êxito do planejamento e da execução das políticas de turismo vai depender, e muito, do seu lugar na hierarquia do Estado. Outras dificuldades apontadas pelo autor são: a indefinição da própria política com relação à normatização institucional da gestão dessa política; a falta de integração e coordenação entre os organismos oficiais de turismo em todos os níveis; a inexistência de uma ação intersetorial no desenvolvimento do turismo; a descontinuidade administrativa; a carência de mão-de-obra qualificada e especializada, e a ausência de pesquisas científicas (Beni, 1991, p. 161-9). Já o planejamento típico dos governos militares caracterizou-se pela centralização, verticalização, subordinação, enfim, pela burocratização da concepção e execução da política nacional de turismo. Segundo Nogueira, à época, as determinações eram feitas por uma tecnoburocracia através de memorandos e minutas de projetos de lei que definiam todos os planos e programas, a concessão do financiamento estatal e dos incentivos fiscais, colocando a atividade turística à mercê dos interesses organizacionais e pessoais dos formuladores. (Nogueira, apud Pereira, 1992, p. 105-6) Desse modo, a articulação entre os diversos agentes intervenientes do processo de desenvolvimento da atividade turística era descoordenada ou inexistente, acentuando as dificuldades de conciliação entre o plano institucional e o modelo de gestão com o processo normativo do turismo. Em 1971, o artigo 11 do Decreto-lei 1191 criou o Fundo Geral do Turismo (Fungetur), que tem como objetivo prover recursos para financiamento de empreendimentos, obras e serviços de finalidade ou interesse turísticos. Em 1973, o Decreto 71.791 dispôs sobre zonas prioritárias para o desenvolvimento do turismo. Em 1974, a Resolução CNTur 641 definiu a prestação de serviços turísticos das agências transportadoras e, pelo Decreto-lei 1376, foram criados o Fundo de Investimento do Nordeste (Finor), o Finam (da Amazônia) e o Fiset (setorial). Já no início dos anos 70, foram elaboradas as diretrizes do que viria ser o Plano Nacional de Turismo (Plantur), considerado instrumento básico de execução da política nacional de turismo. Mas devido à sua não-aplicação, a política nacional de turismo, nesse período, acabou restringindo-se a uma política de incentivos financeiros e fiscais, especialmente direcionados para o setor hoteleiro. Não sendo instituído o Plantur, permaneceu válido o Plano de Prioridade de Localização de Hotéis de Turismo, da Resolução CNTur. (CRUZ, 2000, p. 56) A desarticulação institucional e o autoritarismo no planejamento e na gestão deixaram sua marca também no uso dos fundos de financiamento do setor. Afirma Paiva: Num primeiro momento, com a abertura de incentivos, foram atraídos grupos internacionais, que se implantaram no Rio de Janeiro e em São Paulo, muitos dos quais pertenciam a transportadoras e operadoras que controlavam as correntes turísticas europeias, americanas e orientais. Essa estratégia permitiu o engajamento do Brasil no mercado internacional, mas, contrariamente à importação de tecnologia, evasão de divisas e, consequentemente, o propalado efeito multiplicador do turismo, não aconteceu de fato. (1995, p. 55-57) No decorrer dos anos 70 até meados dos anos 80, as ações do Estado foram pautadas quase que unicamente pelo incentivo à indústria hoteleira. Um estudo realizado em 1985 por Barreto constatou que de 1980 até 1983 a hotelaria de uma estrela cresceu 36%, a de duas cresceu 63% [...] quando a ideia era reforçar a hotelaria de baixo custo. Outro dado que chamou a nossa atenção foi a área de destinação dos recursos do Fungetur: Centros de Convenções (63%), Rede hoteleira (10%) e Turismo social (4%). (1995, p. 93) Conclui a autora que, de todas as políticas que a empresa publicou, a única cumprida foi a promoção do produto Brasil no exterior. A razão desse fracasso, na nossa opinião, está no fato de que enquadrou-se o Programa Brasil Turismo- Exportação dentrodo projeto desenvolvimentista, com os mesmos termos de troca do colonialismo econômico comprovadamente inadequados para tirar um país do subdesenvolvimento, ou uma área específica dentro do país. (p. 94) No seu processo de organização e consolidação, o Sistema Nacional de Turismo tem buscado apoio das organizações internacionais do setor. “Da articulação com a Organização dos Estados Americanos – OEA e OMT – foram extraídas muitas metodologias que se refletiram na formação de recursos humanos, divulgação e promoção, além do estabelecimento de sistemas de informações estatísticas” (Paiva, 1995). Apesar de se caracterizar como órgão controlador/protecionista, no qual prevalecia a hegemonia dos Estados Unidos da América, as estratégias da OEA contribuíram para a formação de quadros técnicos, adoção de metodologias, realização de estudos, elaboração de legislação relativa a áreas turísticas prioritárias e adoção de sistemas estatísticos. Paradoxalmente, no Centro Interamericano de Capacitação Turística (Cicatur), sediado no México, originou-se uma vasta produção científica, inclusive uma abordagem mais crítica que revê o posicionamento do turismo para a América Latina, contextualizando a situação de dependência do continente. Há ainda estudos que apontam as consequências desastrosas da exploração massificante do turismo sobre o ambiente ecológico e sociocultural. Coube ao Cicatur o mérito na formação dos primeiros técnicos especializados em turismo no Brasil e na influência sobre a estrutura programática de muitos cursos de graduação e pós-graduação em turismo. Também orientar inúmeras metodologias, adotadas pela Embratur – inventário dos recursos turísticos, estabelecimento de zonas prioritárias e de sistemas estatísticos (Paiva, 1995, p. 57). 3.1 Ministério do Turismo Fonte: www.turismo.gov.br Desenvolver o turismo como uma atividade econômica sustentável, com papel relevante na geração de empregos e divisas, proporcionando a inclusão social. O Ministério do Turismo inova na condução de políticas públicas com um modelo de gestão descentralizado, orientado pelo pensamento estratégico. Em sua estrutura organizacional estão a Secretaria Nacional de Estruturação do Turismo, com foco na infraestrutura turística e no planejamento, ordenamento, estruturação e gestão das regiões turísticas do Mapa do Turismo Brasileiro e a Secretaria Nacional de Qualificação e Promoção do Turismo, voltada para a formalização e qualificação no turismo e para o marketing e apoio à comercialização dos destinos turísticos em âmbito nacional. A Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), criada em 18 de novembro de 1966 como Empresa Brasileira de Turismo, tinha o objetivo de fomentar a atividade turística ao viabilizar condições para a geração de emprego, renda e desenvolvimento em todo o país. Desde janeiro de 2003, com a instituição do Ministério do Turismo, a atuação da Embratur concentra-se na promoção, no marketing e no apoio à comercialização dos produtos, serviços e destinos turísticos brasileiros no exterior. 4 PLANO NACIONAL DE TURISMO A formulação do Plano Nacional de Turismo 2013-2016 consolida a Política Nacional de Turismo e apresenta as orientações estratégicas para o desenvolvimento da atividade no Brasil para os próximos anos. Resulta do esforço integrado do governo federal, envolvendo a iniciativa privada e o terceiro setor, por meio do Conselho Nacional de Turismo, sob a coordenação do Ministério do Turismo. O plano foi construído de acordo com as orientações do governo federal e alinhado ao Plano Plurianual 2012/2015. Ele define as contribuições do setor para o desenvolvimento econômico, social e a erradicação da pobreza. Tem ainda como insumo básico o Documento Referencial - Turismo no Brasil 2011/2014 e destaca, no âmbito da gestão, as diretrizes que devem nortear o desenvolvimento do turismo brasileiro, como a participação e diálogo com a sociedade; a geração de oportunidades de emprego e empreendedorismo; o incentivo à inovação e ao conhecimento; e a regionalização como abordagem territorial e institucional para o planejamento. No ano de 2017, a Câmara Temática do Plano Nacional de Turismo, foi reativada pelo Ministério do Turismo, e realizou sua primeira reunião ordinária dia 28 de setembro, durante a 45ª Abav Expo, em São Paulo. Coordenada pelo presidente do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo(CNC), Alexandre Sampaio, a Câmara Temática é composta por 19 entidades que atuam na área do turismo e tem o objetivo de definir as diretrizes do Plano Nacional de Turismo até 2022. No primeiro encontro, foi apresentado o cronograma de trabalho. Serão mais quatro reuniões, até o final do ano de 2017, para identificar problemas, definir ações prioritárias, consolidar a proposta e, por fim, apresentar o texto revisado ao Conselho Nacional de Turismo, no início de dezembro. “É muito importante a participação da sociedade na definição dessa proposta que será levada ao governo. É a forma de garantir um ambiente de negócios mais saudável no País”, ressaltou Sampaio. 4.1 Ações O Plano Nacional de Turismo apresenta um conjunto de ações estratégicas que deverão ser apoiadas ou implementadas pelo Ministério do Turismo, em conjunto com os diversos atores do setor de turismo, de modo a superar os desafios e atingir as metas estabelecidas. As ações estão agrupadas por objetivo e orientação estratégica, mantendo uma relação direta com os resultados a serem alcançados e os indicadores a eles associados. O detalhamento de cada ação alinha os objetivos estratégicos com a operação de cada unidade responsável no Ministério do Turismo, em permanente interação com os seus diversos parceiros. 4.1.1. Conhecer o turista, o mercado e o território 4.1.1.1. Desenvolver estudos e pesquisas sobre a atividade turística Implementação do Sistema de Informações Turísticas com um conjunto de informações estatísticas e gerenciais relacionadas à atividade turística no Brasil, obtidas por meio da realização de estudos, pesquisas e compilação de dados oficiais secundários. Finalidade: atuar em consonância com os principais órgãos oficiais produtores de estatísticas, visando à consolidação da produção de dados sobre o turismo; avançar na elaboração da Conta-Satélite do Turismo; e subsidiar políticas públicas e privadas relacionadas ao planejamento e desenvolvimento do setor turístico brasileiro. 4.1.1.2. Implantar plataforma interinstitucional de dados Formalização e legitimação da existência de um grupo de cooperação interministerial entre detentores de registros administrativos e produtores de dados vinculados às atividades turísticas no Brasil. Finalidade: garantir a colaboração entre os diferentes órgãos para a utilização conjunta e coerente dos dados estatísticos sobre a atividade turística no Brasil e assegurar o avanço das ações do Ministério do Turismo rumo a um sólido sistema de estatística de turismo no país e a construção da Conta-Satélite de Turismo (CST), conforme expresso nas Recomendações Internacionais de Estatísticas de Turismo (RIET2008), da Organização Mundial de Turismo (OMT) e do Projeto de Harmonização de Estatística de Turismo dos Países do Cone Sul. 4.1.1.3 Implementar sistema de inteligência Integração dos diversos sistemas de informação utilizados pelo MTur, demais ministérios, secretarias estaduais e municipais de Turismo, de forma a permitir a chamada interoperabilidade dos sistemas. Finalidade: criar um repositório de conhecimento intraorganizacional a partir da integração dos diversos sistemas de informação utilizados pelo MTur, demais ministérios, secretarias estaduais e municipais de Turismo, permitindo a obtenção de dados e informações (estruturados ou não), a extração, o armazenamento, a criaçãoe a socialização do conhecimento. 4.1.2. Estruturar os destinos turísticos 4.1.2.1. Apoiar o desenvolvimento das regiões turísticas Promoção do planejamento, organização e gestão territorial e institucional das regiões turísticas por meio do apoio à sensibilização e mobilização das comunidades, do fortalecimento de instâncias de governança, do apoio à elaboração e implementação de planos estratégicos de desenvolvimento do turismo, da formalização de redes de relacionamentos, da realização de estudos e eventos para subsidiar a implementação das ações de regionalização do turismo e, sobretudo, da articulação interna com os demais programas do Ministério do Turismo. Finalidade: apoiar o desenvolvimento das regiões turísticas brasileiras. 4.1.2.2 Apoiar a elaboração e a implementação dos planos de desenvolvimento turístico Fonte: viajantehu.hotelurbano.com.br Organização dos investimentos públicos para o desenvolvimento da atividade turística, através de processos de planejamento das regiões turísticas priorizadas pelos estados e municípios participantes, por meio de intervenções públicas integradas a serem implantadas de forma que o turismo venha a constituir uma verdadeira alternativa econômica geradora de emprego e renda. Finalidade: promover a estruturação de forma sustentável dos municípios, das regiões turísticas e dos estados brasileiros de forma a qualificar a oferta turística nacional, promovendo o desenvolvimento econômico e a geração de emprego e renda. 4.1.2.3. Melhorar a infraestrutura turística Apoio aos investimentos de infraestrutura turística para permitir a expansão da atividade e a melhoria da qualidade do produto para o turista nas diversas regiões do país. Finalidade: desenvolver o turismo nas regiões onde exista oferta e demanda, provendo os destinos de infraestrutura turística adequada para a expansão da atividade e melhoria dos produtos e serviços ofertados. 4.1.2.4. Mensurar a competitividade nos destinos turísticos Implementação de metodologia de avaliação do estágio de desenvolvimento e competitividade dos destinos turísticos brasileiros. O conceito de competitividade será empregado de forma a oferecer aos destinos a capacidade de autoanálise para planejar e desenvolver vantagens competitivas. Finalidade: apoiar a estruturação e a gestão de destinos turísticos brasileiros no desenvolvimento de competências relacionadas à competitividade. 4.1.2.5. Estruturar os segmentos turísticos priorizados Formulação, coordenação, acompanhamento e articulação de políticas públicas para o ordenamento e o desenvolvimento dos segmentos turísticos, assim como promoção e apoio a estudos e pesquisas acerca da oferta e da demanda turística segmentada, especialmente os idosos, os jovens, as pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida e outros públicos segmentados como lésbicas, gays, bissexuais e transexuais (LGBT); fortalecimento dos arranjos institucionais e setoriais relacionados aos segmentos turísticos de oferta e demanda; e apoio à estruturação ou reposicionamento e à estruturação de produtos turísticos com foco nos segmentos de demanda e de oferta, agregando valor a esses produtos. Finalidade: apoiar o ordenamento e a consolidação dos segmentos turísticos nas regiões turísticas brasileiras, de modo a dar identidade a produtos turísticos, minimizar os efeitos da sazonalidade, e aumentar e diversificar a oferta turística no mercado doméstico e internacional. 4.1.3. Fomentar, regular e qualificar os serviços turísticos 4.1.3.1. Cadastrar os prestadores de serviços turísticos Cadastro unificado dos prestadores de serviços turísticos para cumprimento da Lei nº 11.771/2008, realizado em parceria com os órgãos delegados de turismo das 27 Unidades da Federação, além de ações de promoção da importância do cadastramento para legalização e qualificação da atividade turística no país. Finalidade: promover o cadastramento de empresas, equipamentos e profissionais do setor como estratégia de incentivo à formalização dos prestadores de serviços turísticos. 4.1.3.2. Fiscalizar os serviços turísticos Monitoramento da qualidade e legalidade da prestação dos serviços turísticos. Objetiva-se fomentar o cumprimento dos marcos regulatórios do setor turístico por meio de edição de normativos que estabelecerão condutas a serem seguidas pelos prestadores, cominando-se, inclusive, penalidades aplicáveis àqueles que descumprirem os preceitos das referidas normas, as quais consistirão desde a aplicação de multa até a interdição do estabelecimento prestador. Finalidade: garantir a formalidade e a legalidade na prestação dos serviços turísticos no Brasil. 4.1.3.3. Classificar e certificar os serviços e equipamentos turísticos Estabelecimento de padrões e normas de qualidade, eficiência e segurança na prestação de serviços turísticos por meio do Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem, além da definição de referenciais de qualidade para as demais atividades de prestação de serviços turísticos, previstos na Lei nº 11.637/2007. Finalidade: melhorar a qualidade e a consequente competitividade dos equipamentos e serviços turísticos, visando ao aperfeiçoamento dos agentes atuantes em toda a cadeia produtiva do setor. 4.1.3.4. Capacitar e qualificar profissionais e gestores do setor de turismo Fonte: www.pixempire.com Qualificação dos profissionais e gestores turísticos, por meio de ações relacionadas ao desenvolvimento de metodologias, conteúdos, ferramentas tecnológicas e pedagógicas para o aprimoramento e atualização das competências profissionais e do fomento à oferta de cursos de aperfeiçoamento em diferentes áreas do conhecimento. A ação prevê ainda o incentivo à formação de mão de obra para o primeiro emprego no setor, por meio da articulação com instituições públicas, em particular o Ministério da Educação e o Ministério do Trabalho e Emprego, de acordo com a demanda do mercado de trabalho do turismo. Finalidade: melhorar a qualidade dos serviços prestados ao turista e aumentar a empregabilidade e a competência dos profissionais por meio da qualificação. 4.1.3.5. Incrementar as linhas de financiamento à iniciativa privada Desenvolvimento de parcerias com instituições financeiras, entidades privadas e órgãos públicos, buscando a ampliação dos recursos e a adequação de linhas de crédito e outros instrumentos financeiros direcionados para o financiamento das atividades dos prestadores de serviços turísticos e do público final. Os recursos, inclusive os oriundos do Fundo Geral de Turismo - Fungetur, são alocados às atividades produtivas por meio de linhas de crédito operadas pelas instituições financeiras federais. Finalidade: disponibilizar financiamento ao setor produtivo do turismo e melhorar as condições de acesso ao crédito. 4.1.3.6. Implementar o apoio ao fomento público à pesquisa, à inovação e ao conhecimento Apesar da importância do turismo para a economia do país, os recursos disponíveis para desenvolvimento de pesquisa, inovação e conhecimento são escassos e limitados em comparação com outros setores da economia como agricultura, saúde e construção civil. Atualmente, os fomentos estão direcionados mais para bolsa de pesquisa individual (CNPq, Capes e FAPs) e projetos individuais de pesquisa (CNPq/FAP/Finep). Finalidade: implementar programa contínuo de fomento público para o desenvolvimento de pesquisa, inovação e conhecimento pelos programas de pós- graduação reconhecidos e recomendados pela Capes, pelos institutos sem fins lucrativos e para empreendimentos privados, bem como apoiar a inserção da inovação na Leis nº s 11.196-2005 e 10.093-2004. 4.1.3.7. Atração de investimentos e questões tributárias Criação de conjunto de informações para orientação sobre onde investir em equipamentos turísticos no Brasil e divulgação parapotenciais investidores nacionais e internacionais. Apoio à preparação de empreendedores nacionais para a captação de investimentos. Avaliação dos impactos tributários nos negócios de turismo e articulação com os entes federativos para adequação dessas questões, buscando maior competitividade do setor, principalmente em relação à disputa com outros destinos internacionais na atração de investimentos e na oferta de produtos que favoreçam a escolha do Brasil como destino turístico. Finalidade: aumentar o volume de investimentos privados no setor de turismo no Brasil. 4.1.4. Promover os produtos turísticos 4.1.4.1. Realizar campanhas de promoção do turismo interno Fonte: turismo.culturamix.com Realização de campanhas publicitárias para promoção do turismo interno, as quais possam incentivar os brasileiros a viajarem mais pelo país, colocando a cultura de viajar na cesta de consumo da população do país e privilegiando períodos de baixa ocupação hoteleira, feriados, finais de semana e férias. A promoção nacional do turismo engloba ações de propaganda e publicidade de forma a consolidar a imagem do Brasil como destino seguro, qualificado, diversificado e sustentável, fomentando o mercado interno e as ações de promoção das regiões brasileiras, de forma a contribuir para a diminuição das desigualdades regionais. Finalidade: incentivar o brasileiro a viajar mais pelo seu país e fomentar o turismo doméstico, objetivando o aumento do fluxo turístico interno. 4.1.4.2. Apoiar eventos de comercialização Participação e apoio do Ministério do Turismo em eventos intrínsecos, temáticos, geradores de fluxo turístico e de apoio à comercialização, com o objetivo de divulgar e agregar valor à imagem do destino turístico brasileiro, possibilitando assim o aumento de empregos, de renda e o incremento do fluxo turístico nacional. Finalidade: aumentar as viagens dos brasileiros pelo país, melhorar a qualidade e elevar a competitividade dos eventos e produtos turísticos brasileiros. 4.1.4.3. Realizar ações de apoio à comercialização do produto turístico brasileiro no mercado interno Desenvolvimento de ações que visam promover o aumento de viagens, por meio da inserção de novos grupos de consumidores, particularmente jovens, trabalhadores e idosos, seja por meio de programas sociais e de projetos que busquem a redução de preços de produtos turísticos, visando driblar a sazonalidade nacional. Esta ação se dá em articulação com os órgãos estaduais e municipais de turismo, operadores de turismo, agentes de viagens e prestadores de serviços turísticos que incentivem o processo de comercialização turística. Também se dá em função de ações promocionais em websites, redes e mídias eletrônicas, eMobile, APP, entre outras ferramentas de tecnologia de informação. Finalidade: incentivar a cadeia de distribuição do turismo, promover a inserção de novos grupos de consumidores, ampliar e diversificar os produtos turísticos ofertados e dinamizar os fluxos turísticos domésticos. 4.1.4.4. Realizar mostra dos produtos e roteiros turísticos Realização de mostra dos produtos e roteiros turísticos brasileiros, aberta ao público, com a participação dos órgãos estaduais de turismo das 27 Unidades da Federação, para apoiar a promoção e a comercialização dos diversos destinos nacionais, congregando operadores e fornecedores dos vários tipos de serviços turísticos. Finalidade: ampliar, fortalecer e renovar canais de distribuição dos produtos turísticos nacionais, proporcionando condições iguais de divulgação, apresentação, promoção e comercialização, principalmente dos novos produtos e roteiros turísticos desenvolvidos segundo as diretrizes do Programa de Regionalização do Turismo, a fim de aumentar a competitividade do turismo brasileiro, diversificar a oferta e gerar maior fluxo de viagens pelo Brasil. 4.1.4.5. Fortalecer a estratégia de promoção internacional do turismo brasileiro Formulação, implementação e execução de ações de promoção comercial dos produtos, serviços e destinos turísticos brasileiros no exterior, apoiadas em uma ferramenta de gestão capaz de determinar a adequada estratégia de marketing tradicional e eletrônica (websites, redes e mídias sociais, eMobile, APP), estudo sobre o comportamento do consumidor (real e potencial para visitar o Brasil), orçamento destinado para cada mercado e análise da atuação dos competidores do Brasil no mercado internacional. Finalidade: posicionar o Brasil como destino competitivo no mercado internacional e como opção factível no imaginário do consumidor, visando ampliar a entrada de divisas, a chegada de turistas estrangeiros, assim como o tempo de permanência e o gasto médio desses visitantes no território nacional. 4.1.4.6. Apoiar a realização de eventos de fortalecimento ao desenvolvimento turístico Fonte: leonidasherndl.com.br Fortalecimento das políticas públicas do desenvolvimento e da promoção do turismo interno, bem como de ações capazes de contribuir para: (i) - gerar novos empregos e ocupações a fim de proporcionar melhoria na distribuição de renda e na qualidade de vida das comunidades; (ii) - valorizar, conservar e promover o patrimônio cultural, natural e social com base no princípio da sustentabilidade; (iii) - estimular processos que resultem na criação e na qualificação de produtos turísticos que caracterizem a regionalidade, genuinidade e identidade cultural do povo brasileiro, e (iv) - estimular a inovação na concepção de novos produtos turísticos bem como no processo de promo-comercialização (estratégias de websites, redes e mídias sociais, eMobile, APP, entre outros). Finalidade: apoiar eventos que fortaleçam o desenvolvimento turístico, de caráter tradicional e de notório conhecimento popular, que comprovadamente contribuam para a promoção, o fomento e a inovação dos processos da atividade turística do destino. 4.1.4.7. Articular com as demais esferas de governo a necessidade de uma reavaliação dos encargos tributários A carga tributária praticada no Brasil é um fator de relevância quando se trata da competitividade da atividade turística, e a sua redução pode contribuir para elevar a colocação do país no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial. Finalidade: articular em conjunto com as demais esferas de governo a necessidade de reavaliação dos encargos tributários sobre a atividade turística, objetivando a sua redução. 4.1.5. Estimular o desenvolvimento sustentável da atividade turística 4.1.5.1. Combater a exploração de crianças e adolescentes na cadeia produtiva do turismo Divulgação de conteúdos vinculados a objetivos sociais de interesse público, com caráter educativo, informativo, de mobilização ou de orientação social, destinado fundamentalmente aos prestadores ou usuários de serviços turísticos. O conteúdo da ação refere-se à prevenção e ao enfrentamento da exploração sexual de crianças e de adolescentes nos equipamentos turísticos. Finalidade: dar publicidade às informações de utilidade pública que visem à prevenção e ao enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes na cadeia produtiva do turismo. 4.1.5.2. Integrar a produção associada na cadeia produtiva do turismo Promoção da integração da produção local à cadeia produtiva do turismo por meio de ações de promoção e comercialização, apoio a projetos para o desenvolvimento de atividades turísticas, criação de metodologias inovadoras e de incentivo à formação de redes que garantam a sustentabilidade das iniciativas locais. Finalidade: contribuir para a diversificação da oferta com o incremento de diferencial competitivo de destinos e roteiros turísticos. 4.1.5.3. Fomentar o turismo de base comunitária Fomento e apoio a projetos ou ações para o desenvolvimento local e sustentável do turismo, por meio da organização e qualificação daprodução, melhoria da qualidade dos serviços, incentivo ao associativismo, cooperativismo, empreendedorismo, formação de redes, estabelecimento de padrões e normas de atendimento diferenciado e estratégias inovadoras, para inserção desses produtos na cadeia produtiva do turismo, particularmente com relação a produtos e serviços turísticos de base comunitária com representatividade da cultura local, valorização do modo de vida ou defesa do meio ambiente. Finalidade: promover a qualificação e a diversificação da oferta turística, com a geração de trabalho e renda, e a valorização da cultura e do modo de vida local. 4.1.6. Fortalecer a gestão descentralizada, as parcerias e a participação social 4.1.6.1. Fortalecer a gestão do turismo no Brasil Sensibilização e mobilização dos atores sobre a importância da descentralização, participação e integração das políticas públicas do setor, apoio e fortalecimento ao Sistema Nacional de Turismo que abrange os órgãos oficiais e as instâncias de governança estaduais, municipais, regionais e macrorregionais, a partir do Conselho Nacional de Turismo. Esse processo deve ocorrer por meio de ações de planejamento e capacitação institucional, com vistas inclusive aos preparativos para realização da 1ª Conferência Nacional de Turismo. Finalidade: fortalecer a gestão descentralizada do turismo no Brasil, a partir da articulação dos entes que integram o Sistema Nacional de Turismo, na representatividade das três esferas de governo, a iniciativa privada e o terceiro setor, entendida como uma estratégia necessária para implementar a política e o Plano Nacional de Turismo. 4.1.6.2. Definir modelos referenciais de infraestruturas de gestão para as Organizações Públicas de Turismo (OPT) Fonte: murall.com.br A realidade das infraestruturas disponíveis e dos modelos de gestão adotados pelas OPTs estaduais e municipais remete para a necessidade de apoiar os gestores públicos no atendimento/adequação de requisitos mínimos que possam assegurar a execução e a implementação das ações definidas pelo MTur. Finalidade: buscar o atendimento de requisitos mínimos para a execução e implementação das ações definidas pelo MTur por meio de modelos referenciais disponibilizados aos gestores estaduais e municipais. 4.1.6.3. Ampliar a cooperação internacional em turismo Coordenação e apoio às atividades do Ministério do Turismo em organismos internacionais, na realização de prospecção e difusão de melhores práticas internacionais para subsidiar a elaboração de políticas nacionais e no assessoramento de missões internacionais bem como gestão de demandas e ofertas de cooperação técnica em turismo, formuladas pelo governo federal ou por outros países. Finalidade: fortalecer a posição da política internacional e institucional brasileira no cenário turístico mundial. 4.1.6.4. Promover a melhoria de ambiente jurídico favorável Desenvolvimento de estudos envolvendo parceiros públicos e privados, voltados a identificar os pontos de estrangulamento, no ambiente jurídico institucional, que travam o desenvolvimento de empreendimentos turísticos no Brasil, bem como elaboração de proposições de melhorias. Finalidade: promover alterações normativas no ordenamento jurídico brasileiro capazes de melhorar o ambiente de negócios e estimular investimentos no setor turístico. Para implementar o Programa de Regionalização do Turismo, foram previstas as seguintes estratégias: 1. MAPEAMENTO, que define o território a ser trabalhado. O Mapa do Turismo Brasileiro é a base territorial de atuação dessa política para o desenvolvimento do turismo. 2. CATEGORIZAÇÃO, que divide os municípios constantes no Mapa do Turismo Brasileiro, de acordo com o desempenho de suas economias do turismo. 3. FORMAÇÃO, que prevê a capacitação de gestores públicos e a publicação de cartilhas de orientação para o desenvolvimento do turismo. 4. FOMENTO À REGIONALIZAÇÃO, que prevê o apoio financeiro do MTur aos estados, regiões e municípios na implantação de seus projetos. 5. COMUNICAÇÃO, que engloba a constituição de uma rede nacional de interlocutores do Programa, facilitando a interação das ações em prol do desenvolvimento do turismo. 6. MONITORAMENTO, etapa que avalia a evolução do Programa e garante eventuais correções de rumo. 5 PROGRAMA DE REGIONALIZAÇÃO DO TURISMO Fonte: ilegis.com.br/images Como parte da política estratégica que norteia o desenvolvimento turístico no país, a Regionalização é resultado de um processo de planejamento descentralizado e compartilhado, iniciado em 2003, com enfoque territorial. O Programa foi lançado em abril de 2004, passou por uma avaliação participativa em âmbito nacional, o que possibilitou sua reformulação. Em 2013, suas novas diretrizes foram instituídas pela Portaria MTur nº 105, de 16 de maio de 2013. O Programa de Regionalização do Turismo é um programa estruturante do Ministério, que trabalha a convergência e a interação de todas as ações desempenhadas pelo MTur com estados e municípios brasileiros. Seu objetivo principal é o de apoiar a estruturação dos destinos, a gestão e a promoção do turismo no País, a partir de 8 eixos estruturantes com vistas à promoção do desenvolvimento regional. A Política Nacional de Turismo, estabelecida pela lei 11.771/2008, tem dentre os seus princípios a regionalização do turismo. Esta trabalha sob a perspectiva de que mesmo um município que não possui uma clara vocação para o turismo - ou seja, que não recebe o turista em seu território - pode dele se beneficiar, se esse município desempenhar um papel de provedor ou fornecedor de mão-de-obra ou de produtos destinados a atender o turista. O trabalho regionalizado permite, assim, ganhos não só para o município que recebe o visitante, mas para toda a região. Embasando-se em recomendações da Organização Mundial de Turismo, o Ministério do Turismo adotou em 2004 essa política focada no desenvolvimento regional, dando maior protagonismo às Unidades da Federação. O Programa de Regionalização do Turismo trabalha a convergência e a interação de todas as ações desempenhadas pelo MTur com estados, regiões e municípios brasileiros. Seu objetivo principal é o de apoiar a estruturação dos destinos, a gestão e a promoção do turismo no País. Esse programa de enfoque territorial foi reformulado em 2013, quando foram definidos seus oito eixos de atuação, que orientam as ações de apoio à gestão, estruturação e promoção do turismo nas regiões e municípios. 5.1 Categorização dos municípios Para implementar políticas públicas de forma eficiente é preciso respeitar as peculiaridades e especificidades de cada região e entender o papel de cada município no processo de desenvolvimento regional do turismo. A Categorização dos Municípios do Mapa do Turismo Brasileiro é um avanço da Política Nacional do Turismo e um importante passo para a implementação das novas diretrizes do Programa de Regionalização do Turismo. É um instrumento técnico, arrojado e inovador, que pode auxiliar a tomada de decisões de gestores, nos âmbitos federal, estadual, regional e municipal, e mudar a forma de pensar e implementar a política pública de turismo no Brasil. Espera-se assim, um grande movimento nacional, capaz de provocar uma reflexão acerca da composição das regiões turísticas do Mapa do Turismo e aperfeiçoar a gestão do turismo no Brasil. A Categorização dos Municípios das Regiões Turísticas do Mapa do Turismo Brasileiro é um instrumento elaborado pelo Ministério do Turismo para identificar o desempenho da economia do setor nos municípios que constam no Mapa do Turismo Brasileiro. Esse instrumento, previsto como uma estratégia de implementação do Programa de Regionalização do Turismo, permite tomar decisões mais acertadas e implementar políticas que respeitem as peculiaridades dos municípios brasileiros.
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