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Técnicas de Negociação Professora conteudista: Anabel Cruz Dionísio Revisor: Luiz Alberto Borcsik Sumário Técnicas de Negociação Unidade I 1 CONCEITOS BÁSICOS DA NEGOCIAÇÃO ....................................................................................................1 2 AS ETAPAS DE UMA NEGOCIAÇÃO E SUAS CARACTERÍSTICAS .......................................................6 3 ESTRATÉGIAS DE NEGOCIAÇÃO ................................................................................................................. 13 4 A NEGOCIAÇÃO NO MUNDO EMPRESARIAL ........................................................................................ 18 Unidade II 5 A IMPORTÂNCIA DA ÉTICA NA NEGOCIAÇÃO ..................................................................................... 24 6 O CONFLITO NA NEGOCIAÇÃO ................................................................................................................... 28 7 ANÁLISE DOS CONFLITOS NO PROCESSO DA NEGOCIAÇÃO ......................................................... 33 8 COMO ADMINISTRAR OS CONFLITOS NA NEGOCIAÇÃO ................................................................. 38 Unidade III 9 TIPOS E INTENSIDADE DOS CONFLITOS .................................................................................................. 44 10 PERCEPÇÕES E ENFOQUES NA RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS .................................................... 48 11 AS FORÇAS IMPULSIVAS DA NEGOCIAÇÃO ........................................................................................ 53 12 ESTILOS DE NEGOCIAÇÃO ......................................................................................................................... 56 Unidade IV 13 TÁTICAS DE NEGOCIAÇÃO ......................................................................................................................... 60 14 SOLUÇÃO DE CONFLITOS ........................................................................................................................... 64 15 COMO EVITAR ERROS AO FAZER UMA NEGOCIAÇÃO ................................................................... 69 16 RESUMO ........................................................................................................................................................... 75 1 TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 Unidade I 5 10 15 20 1 CONCEITOS BÁSICOS DA NEGOCIAÇÃO Vamos estudar alguns conceitos da palavra negociação, abordando vários aspectos e enfoques, focando sua importância e os passos para se ter uma boa negociação, objetivando a satisfação de todos os envolvidos. O assunto negociação vem sendo discutido nos últimos anos, passando por um efetivo desenvolvimento. É tratado como uma prática importante na vida das pessoas, e em especial no mundo empresarial. Vejamos algumas definições sobre negociação. De acordo com Nierenberg (1981, p.3), “Negociação é um negócio que pode afetar profundamente qualquer tipo de relacionamento humano e produzir benefícios duradouros para todos os participantes”. Essa é uma das primeiras definições de negociação, em que o autor fundou uma nova etapa, visto que a palavra aderiu ao conceito de relações e não ao de adversidade, como antes era conhecida. Afirma Cohen (1980, p.13), “Negociação é o uso da informação e do poder, com o fim de influenciar o comportamento dentro de uma rede de tensão”. Nesse conceito, já podemos enxergar a comunicação como aspecto fundamental dentro da negociação, assumindo uma participação preponderante 2 Unidade I / N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 // 2 ª R ev isã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 no sucesso desse processo. Outro ponto a ser abordado é o poder, que é dividido em: – pessoal: ligado às pessoas; – circunstancial: ligado a algum cargo ou função. Conforme Miranda (2003, p.8), “Negociação é um processo social básico, utilizado para resolver conflitos; toda vez que não existam regras, tradições, fórmulas ou poder de uma autoridade superior”. Podemos entender que, quando os indivíduos optam pela negociação, dois fatores devem ser evitados no processo. São eles: – ruptura dos relacionamentos; – guerra. Afirmam Fischer e Ury (1985, p.30), “Negociação como sendo um processo de comunicação bilateral, com o objetivo de se chegar a uma decisão conjunta”. Um fator relevante nesse processo é a bilateralidade, ou seja, a satisfação dos lados envolvidos no processo, mostrando a preocupação em atingir as necessidades e os desejos para se chegar a uma tomada de decisão conjunta. De acordo com Matos (1989, p.240), “Negociação importa em acordo e, assim, pressupõe a existência de afinidades, uma base comum de interesses que aproxime e leve as pessoas a conversarem”. Podemos elencar alguns requisitos que devem ser sinalizados no processo de negociação: – diálogo; – relacionamento mútuo; – interesses comuns; 5 10 15 20 25 3 TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 – troca de opiniões e experiências; – confiança, etc. Alguns estudiosos da área afirmam que, em qualquer processo de negociação, deve existir a estratégia na análise dessa ação, sendo abordadas questões como: – objetivos tangíveis/materiais; – objetivos simbólicos e emocionais; – resultados desejados; – impactos esperados nos relacionamentos. Podemos entender que os negociadores estratégicos têm um diferencial em relação aos negociadores convencionais, pois eles dispensam algum tempo para planejar a sua ação, definindo qual estratégia empregar para o sucesso da negociação. De acordo com Martinelli (2006, p.21), “O primeiro ponto básico a ser definido ao deparar com uma questão de negociação é identificar claramente qual é o problema a ser resolvido, ou seja, identificar o objetivo da negociação ou aquilo que se pretende efetivamente solucionar”. Podemos entender que, para uma negociação obter resultados favoráveis, é necessário que existam planejamento e execução através de quatro procedimentos: 1. Separar os indivíduos do problema A concentração da negociação tem que ser no objetivo, e não no problema existente. Em qualquer processo de negociação, 5 10 15 20 25 4 Unidade I / N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 // 2 ª R ev isã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 não se deve colocar questões de âmbito pessoal como objeto do processo, ou seja, quando existem emoções misturadas, é difícil avaliar os verdadeiros focos da situação. 2. Focar os interesses Um ponto primordial na negociação é analisar os interesses de todos os envolvidos, verificando se são conflituosos ou não, independentemente da posição adquirida dos indivíduos. Conforme Martinelli (2006, p.21), “Estabelecer compromissos entre as posições não tende a produzir acordos que atendam efetivamente às necessidades humanas que levaram as pessoas a adotarem aquelas posições”. Rotineiramente, no processo de negociação, os indivíduos iniciam sua comunicação através de uma posição rígida e inflexível, dificultando o processo, pois não se conhece exatamente o que os negociadores pretendem atingir. Ocorre um bloqueio mútuo na negociação, levando as pessoas a interromperem toda a comunicação existente. 3. Buscar formas de ganho mútuo Os indivíduospensam que existe apenas uma maneira de resolver o problema, embora essa solução não seja totalmente voltada para o contentamento de todos os envolvidos. Esse fato, muitas vezes, ocorre por alguns fatores como: – falta de criatividade; – ausência de habilidade na busca por diferentes soluções; – receio na busca pelo “novo”; – acomodação; – medo de procurar diferentes alternativas, etc. 5 10 15 20 25 5 TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 Não podemos esquecer que o ganho mútuo ocorre quando os envolvidos buscam resolver o problema pro- curando o maior número de possibilidades e alternativas para a situação. 4. Buscar critérios objetivos Segundo Martinelli (2006, p.22), “A busca do melhor acordo possível deve passar pela mais vasta gama de soluções possíveis, sempre com a preocupação de procurar interesses comuns que conciliem, de maneira criativa, os interesses divergentes das partes”. A grande questão é a seguinte: como nós devemos encontrar a opção mais adequada dentro de uma enorme lista que se consegue visualizar? O primeiro ponto a ser observado é a padronização, ou seja, é primordial que se estabeleça um padrão razoável que seja interessante e flexível para as partes envolvidas. Na negociação, nenhum dos lados envolvidos cede ao outro, e sim acata a melhor solução a partir de situações discutidas e aceitas. Podemos concluir que todos devem e precisam negociar a todo momento, pois, desde quando choramos, negociamos com nossos pais, irmãos, enfim, com toda a família. Não existe problema, por mais simples ou grave que não possamos solucionar através de uma boa e adequada negociação. Segundo Miranda (2003, p.9), “Todos somos negociadores, queiramos ou não”. Para sermos eficientes negociadores, devemos ser flexíveis, humanos, comunicativos, ouvintes, criativos, dentre outras características comportamentais. 5 10 15 20 25 6 Unidade I / N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 // 2 ª R ev isã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 2 AS ETAPAS DE UMA NEGOCIAÇÃO E SUAS CARACTERÍSTICAS Vejamos as características de uma situação de negociação, enfocando temas relevantes como diretriz, troca, atrito, importância, incerteza. E a seguir as etapas de uma negociação, desde o momento do pensamento até o acordo firmado na negociação. A seguir, cinco características identificadas no processo de negociação: – troca (dar e receber) entre duas partes; – restrições e pressões, tendo como consequência o atrito/ desconforto entre ambos; – problema ou questão relevante; – incerteza; – conflito real ou percebido entre as partes. Alguns pontos que devem ser analisados na situação de negociação: Diretriz De acordo com Sparks (1992, p.19), “O objetivo do negociador é negociar ao nível da questão, ou seja, em função da importância do questionamento”. Podemos entender que não se deve generalizar o tratamento de todas as questões, pois, para questões mais importantes, é relevante requerer mais esforço e tempo, e para as questões menos importantes, não é necessário grande esforço e tempo despendido. 5 10 15 20 7 TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 Importância Essa característica aborda a discussão sobre como um negociador deveria dividir o tempo para executar as tarefas necessárias para um bom processo e negociação. Aqueles itens que podem ser resolvidos de uma forma mais simplificada, o negociador deve excluir da pauta de negociação. Esse procedimento ocorre da seguinte forma: – relacionar todos os itens negociados; – analisar cada item individualmente em relação aos aspectos considerados relevantes; – fazer uma ordem para cada item, mantendo, transferindo ou relegando para outro procedimento. Troca De acordo com Watkins (2006, p.23), “As negociações implicam caracteristicamente uma troca de dar e receber entre o negociador e o oponente”. Dessa forma, o negociador almeja ansiosamente que o oponente desista de seu posicionamento inicial e transfira- se para o seu e vice-versa. Podemos listar algumas implicações dentro desse processo de negociação. São elas: – reajuste de objetivos; – concessões; – diferença de interesses, dentre outras. Atrito De acordo com a origem de palavra negociação, que significa, em latim, nec para não e otium para descanso, todos nós sabemos que em qualquer processo de negociação só ocorre o descanso quando 5 10 15 20 25 8 Unidade I / N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 // 2 ª R ev isã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 o acordo é firmado, ou seja, na maioria das vezes, as trocas são consideradas desconfortáveis e exaustivas para as partes envolvidas. Existem dois fatores que fazem parte fundamental da negociação e que estão em lados opostos. São eles: �• Restrições: ocorrem com o intuito precípuo de atrasar o avanço em direção à questão solucionada. Alguns questionamentos são feitos nessa situação: – O que irei ganhar ou perder? – O outro lado é confiável? – Qual será a consequência desse acordo de negociação para a concorrência? �• Pressões: ocorrem com o objetivo de impedir o avanço em direção à questão solucionada e, na maioria das vezes, são identificadas através de necessidades como: – vontade de cooperar e ajudar os outros; – desejo de influenciar as outras pessoas; – a esperança de uma conclusão. Conforme Sparks (1992, p.20), “A intensidade do atrito causado por essas duas forças se converte em uma tensão sentida por ambas as partes”. Nesse ponto é que a maturidade emocional e comportamental e a autodisciplina interferem positivamente para o equilíbrio desejado no processo de negociação. Incerteza Essa característica requer um embasamento situacional no processo de negociação, pois não podemos nos basear 5 10 15 20 25 9 TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 em estratégias utilizadas no passado, já que esse processo é considerado extremamente complexo na sua situação. Nesse enfoque, o que a negociação precisa é a flexibilização, ou seja, selecionar uma estratégia que melhor se adapte à situação. Agora, estudaremos as etapas de uma negociação baseada em princípios, desde o momento em que se pensa nela até o momento do acordo firmado. São elas: Análise: – diagnóstico da situação; – coleta de informações; – organização e análise das informações; – separação dos problemas das questões pessoais; – sinalização dos interesses dos envolvidos; – seleção das soluções possíveis; – identificação dos critérios objetivos. Planejamento: – buscar ideias; – decidir o que fazer, sempre focando as fases da análise. Discussão: – comunicação das partes para tentar atingir um acordo que seja vantajoso para ambos. De acordo com Fisher e Ury (1985, p.34), “As diferenças de percepção, os sentimentos de frustração e raiva e as dificuldades 5 10 15 20 10 Unidade I / N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 // 2 ª R ev isã o:A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 de comunicação podem ser reconhecidos e abordados”. Não podemos esquecer que cada um dos envolvidos deve procurar compreender as necessidades e os interesses do outro, procurando criar opções que sejam igualmente vantajosas, conciliando os interesses opostos. De acordo com estudos e pesquisas, esse tipo de negociação, baseada em princípios, traz resultados positivos e mais duradouros do que a negociação baseada em posição. Nessa negociação, também chamada de “barganha posicional”, um dos lados envolvidos toma um posicionamento, defende-se e realiza concessões com o objetivo de solucionar a questão. Segundo Martinelli (2006, p.23), “A barganha de posições cria estímulos que paralisam a resolução, pois ao começar em posições extremadas, fazendo-se apenas pequenas concessões ao longo do processo, está se prolongando o atingimento de um acordo efetivo”. E o mais importante nessa situação: quando se discutem posições, há o risco de ocorrerem problemas inerentes a relacionamentos, pois a negociação se converge a uma disputa de vontades. As quatro funções mentais: sensação, intuição, pensamento e sentimento.1 De acordo com o psicólogo suíço Carl G. Jung (1875-7961), existem dois padrões de preferências que representam as formas consistentes de comportamento, cujo papel é formatar a informação recebida, os desafios a serem enfrentados e a forma de produzir resultados. São eles: 1 HIRATA, Renato H. Estilos de negociação. São Paulo: Saraiva, 2007. 5 10 15 20 25 11 TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 • funções de percepção ou coleta de informação (sensação e intuição): permitem absorver e registrar a informação sem que haja necessidade de categorizá-las, avaliá-las ou analisá-las; • funções de julgamento e tomada de decisão (pensamento e sentimento): permitem compreender, avaliar e priorizar o que se absorve por meio da percepção. Percepção: - foco em coleta de dados e detalhes por meio dos sentidos (tato, olfato, visão, audição, e paladar); – os dados tendem a ser práticos e realistas; – crenças fundamentadas por experimentação; – absorve a informação e dados de forma sequencial, passo a passo; – necessidade de ver e compreender as evidências antes de fazer generalizações; – histórias bem descritivas e reais pela quantidade de detalhes e pelo uso de todos os sentidos. Intuição: – preferência por coletar dados por meio do “sexto sentido” e dificuldades em explicar tal procedimento; – curiosidade e atenção em relação à projeção de cenários futuros, oportunidades e novos padrões; – tende a ver conexões e possibilidades a partir de diferentes perspectivas; 5 10 15 20 25 12 Unidade I / N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 // 2 ª R ev isã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 – sente-se confortável ao fazer generalizações com informação relativamente limitada; – histórias apresentam sua própria interpretação, e a imaginação é repleta de associações incomuns, conexões, imagens vagas e lições de moral; – são chamadas de pessoas criativas. Julgamento: – conclusões obtidas por meio da lógica, do raciocínio, da objetividade; ideias organizadas em grupos para definir, categorizar e nomear as informações; – linha de raciocínio fundamentada em causa, efeito e lógica (“Se isto, então aquilo”); conclusões obtidas com rapidez e guiadas por regras e pela lógica; tendência a enxergar poucas alternativas (“É isto ou aquilo”, “Certo ou errado”); – faz, geralmente, várias perguntas; problemas resolvidos por meio de modelos, estruturas, procedimentos e até mesmo por regras; – facilidade em definir problemas, determinar metas, estratégias e delegar responsabilidades. Sentimento: – escolhe e organiza ideias e percepções racional e conscientemente e, embora, julgue-as de forma similar à do pensamento, a base do processo para a tomada de decisão são as pessoas envolvidas; – considera de grande importância os valores sociais e pessoais; processo de avaliação valoriza as necessidades das pessoas envolvidas; 5 10 15 20 25 13 TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 – necessidade de tempo para conclusões e decisões, uma vez que valores culturais e pessoais são considerados no processo; quase sempre, aguarda o momento certo para divulgar decisões; – socialmente adaptado e com boa articulação verbal, tende a consensos e estabelecimentos de grandes alianças para atingir resultados nas negociações. 3 ESTRATÉGIAS DE NEGOCIAÇÃO Neste módulo, abordaremos o princípio da reciprocidade como ponto fundamental na negociação, focando estratégias que podem ser utilizadas e o papel dos negociadores na condução do processo. Segundo Martinelli (2006, p.26), “(...) enfocam o planejamento da negociação sob o ponto de vista da estratégia a ser seguida, onde o ponto mais importante é a construção do relacionamento”. O relacionamento tem o mecanismo de promover a conciliação das divergências e diferenças que, inevitavelmente, ocorrem em um processo de negociação. Na maioria das vezes, os indivíduos apenas reagem ao que os outros fazem sem possuir uma estratégia planejada e consciente, sem buscar ações que guiem a sua conduta de maneira satisfatória. Não podemos esquecer que um bom relacionamento requer alguns requisitos, tais como: – reciprocidade; – comunicação efetiva; – confiança e segurança; – aceitação, etc. 5 10 15 20 25 14 Unidade I / N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 // 2 ª R ev isã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 Conforme Lewicki (2002, p.29), “O princípio da reciprocidade é familiar em negociações importantes, nas quais um favor ou concessão de um lado é trocado por um favor similar ou uma concessão da outra parte”. Podemos entender que o segredo para se alcançar um bom relacionamento é ter como ponto principal a questão da reciprocidade. Em qualquer processo de negociação, as estratégias devem estar presentes, tanto sob o enfoque da relevância do resultado quanto na importância do relacionamento. Podemos elencar cinco tipos de estratégias, que são: 1. Estratégia de acomodação: negociação perde-ganha. Ação: abre mão dos resultados. Objetivo: preservar o relacionamento. 2. Estratégia de evitar: negociação perde-perde. Ação: não se evita o conflito. Objetivo: nenhum aspecto é relevante para evitar o conflito. 3. Estratégia competitiva: negociação ganha-perde. Ação: negociador ganha a qualquer custo. Objetivo: busca do ganho. 4. Estratégia colaborativa: negociação ganha-ganha. Ação: busca de resultados. Objetivo: prioridade para os relacionamentos e os resultados. 5. Estratégia do compromisso: combinação de situações. 5 10 15 20 15 TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 Ação: partes não atingem boa colaboração. Objetivo: prioridade em atingir alguns resultados e/ou preservar o relacionamento. Dois pontos devem ser identificados e avaliados pelos negociadores na escolha das estratégias. São eles: – a relevância das relações passadas,presentes e futuras com o opositor; – a importância do resultado a ser obtido com a negociação. Já outra linha de estudiosos de área de negociação afirma que as estratégias são classificadas em função dos papéis desempenhados pelos negociadores na condução da negociação. Podemos elencar três papéis: Negociador efetivo Características: – conhece os fatos relacionados à negociação; – formaliza e documentar todas as declarações; – realiza questões reais; – verifica os fatos; – responde questionamentos; – proporciona informações claras e complementares. Conforme Martinelli (2006, p.28), “Os negociadores efetivos podem ser insensíveis às reações emocionais e aos sentimentos da 5 10 15 20 16 Unidade I / N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 // 2 ª R ev isã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 outra parte, perdendo-se nos próprios detalhes da negociação”. Deve-se ter o máximo cuidado de o negociador efetivo não questionar os próprios indivíduos da equipe, contribuindo negativamente para o potencial estratégico da equipe. Negociador analítico Características: – apresenta logicamente seus argumentos; – implementa e adapta corretamente a estratégia; – negocia a agenda de reunião; – estabelece as regras da negociação. Desvantagens: – perder a perspectiva da negociação; – tornar-se frio e sem sentimentos; – envolvimento exagerado em argumentos. Negociador relativo Características: – é facilitador dos relacionamentos; – estabelece relacionamentos efetivos; – mantém as boas relações; – tem sensibilidade em relação às reações dos negociadores; 5 10 15 20 17 TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 – constrói confiabilidade; – investiga as fortalezas e fraquezas (pontos fortes e fracos) do opositor. Conforme Miranda (2003, p.36), “Os negociadores relativos, às vezes, se envolvem tanto com o lado humano da negociação que acabam perdendo a direção dos objetivos e das estratégias da negociação”. Podemos entender que, nesse caso, eles podem se envolver emocionalmente em excesso e, com isso, perder o foco e a perspectiva dos objetivos e da estratégia. Negociador intuitivo Características: – possui habilidades criativas; – enxerga os pontos relevantes da negociação; – examina as consequências futuras de cada proposta. Desvantagens: – perder o realismo através de ideais selvagens; – diminuir o autocontrole; – não enxergar os defeitos das suas ideias. Não existe uma fórmula para que possamos prever as reações e identificar a melhor estratégia. O que podemos fazer é conhecer os vários tipos de negociadores, com suas características, desvantagens e objetivos, com o intuito de sinalizar a maneira mais adequada e viável para se comportar em um processo de negociação. 5 10 15 20 25 18 Unidade I / N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 // 2 ª R ev isã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 De acordo com Martinelli (2006, p.29), “Para se tornar um mestre em negociação é importante planejar o processo de negociação, focalizando os objetivos a serem alcançados e ignorando eventuais posições que possam emperrar a conciliação dos interesses envolvidos”. Nessa situação, devemos identificar as prioridades, necessida- des e interesses próprios e da outra parte, sinalizar quais pontos podem ser conciliados ao longo do processo de negociação. Nesse momento, deveremos buscar alguns pontos: melhor alternativa à negociação de um acordo – MAANA: – flexibilidade; – criatividade; – tempo favorável; – ações condicionais e curtas; – inúmeras opções; – melhores chances de acordo. Podemos concluir que as negociações devem ser finalizadas e firmadas em situações conhecidas como negociações ganha-ganha, pois são consideradas como bem-sucedidas, sinalizando resultados favoráveis para todos os envolvidos. 4 A NEGOCIAÇÃO NO MUNDO EMPRESARIAL A negociação pode ser considerada como um meio de vida para os gestores empresariais. Ocupando a maior parte de seu tempo, em muitas situações 5 10 15 20 19 TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 enfrentadas no dia a dia há conflito de interesses. As pessoas discordam entre si e utilizam a negociação para buscar uma forma de ação conjunta que possa atender melhor ambas as partes envolvidas. Apesar de sua importância, o processo de negociação é frequentemente incompreendido ou menosprezado, culminando com resultados inferiores àqueles que poderiam ser obtidos se pensássemos nos passos recomendados para uma negociação, quais sejam, entre outros: separar as pessoas do problema, concentrar-se nos interesses e não nas posições, buscar opções de ganho mútuo e definir critérios objetivos.2 O assunto negociação vem assumindo cada vez mais importância fundamental no mundo empresarial. As recentes alterações econômicas e sociais em todo o mundo fizeram com que as habilidades específicas de negociação se tornassem não só importantes como também mais difíceis de desenvolver. As negociações nas organizações em geral envolvem mais do que dois lados, pelo fato de as organizações serem compostas por diversas áreas, com vários interesses comuns e outros conflitantes. A dinâmica das negociações em grupo é mais complexa do que aquela que é utilizada nas negociações envolvendo apenas dois lados. Em negociações bilaterais, há apenas dois conjuntos de interesses em uma única interação. Com o envolvimento de vários lados, a rede se amplia, envolvendo um conjunto maior de interesses e de interações entre as partes. Para buscarem acordos interativos nessas situações, é necessário considerar os interesses básicos dos diversos grupos e subgrupos dentro da organização, considerando-se também as informações básicas 2 Disponível em: www.cpq.fearp.usp.br 5 10 15 20 25 30 20 Unidade I / N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 // 2 ª R ev isã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 disponíveis, os diferentes poderes envolvidos, ao tempo de que se dispõe para a negociação, assim como as questões éticas que predominam na empresa em questão.3 Quando ocorrem negociações em grupo (muito comum nas empresas), os gestores devem conhecer não só as várias possibilidades de distribuição, mas também as preferências dos membros dos demais grupos. Outro aspecto importante a ser ponderado nas negociações envolvendo várias áreas de uma empresa é a observação sobre o comportamento dos grupos envolvidos na negociação, verificando o quanto estão cooperativos ou competitivos. Essa questão, evidentemente, depende muito da cultura organizacional e dos valores que predominam na empresa. A negociação pode ser dividida em vários estágios: a. orientação em busca dos fatos: trata-se do estágio mais crítico de uma negociação, e nem sempre se dá a ele a devida atenção; b. etapa da resistência: pode ser uma parte penosa da negociação, porém, não se deve deixar abalar com a resistência que se encontra; c. etapa da reformulação de estratégias: nesta fase, a principal característica é a de revisão das estratégias, que deve ser feita continuamente; d. barganha e tomada de decisões: essa fasede barganha é muito questionada por alguns que defendem que a barganha não deve acontecer num processo de negociação, devendo-se buscar atender aos interesses de ambas as partes envolvidas; 3 Disponível em: www.cpq.fearp.usp.br 5 10 15 20 25 21 TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 e. etapa do acordo: trata-se da garantia da compreensão mútua quanto a todos os detalhes que foram negociados e deverão ser cumpridos; f. acompanhamento: constitui-se no estabelecimento do estágio para a próxima negociação a ser executada. Essa divisão em etapas se diferencia de acordo com os negociadores, além de diferenças referentes à importância que cada um dá àquela negociação especificamente. Assim, para serem bem-sucedidos na carreira profissional, bem como terem boas condições de adaptação frente às mudanças constantes sofridas no ambiente empresarial, torna- se fundamental que os profissionais possuam boas habilidades de negociação e que as utilizem como uma ferramenta poderosa, extremamente útil. Segundo Bazerman e Neale (1998), “Negociar significa tomar as melhores decisões para maximizar seus interesses”. Os autores afirmam que negociar racionalmente significa também chegar ao melhor acordo e não ficar satisfeito com um acordo qualquer. Dizem, ainda, que, em muitos casos, não fazer qualquer tipo de acordo é melhor do que simplesmente “receber um sim”. É importante, porém, saber quando é bom chegar a um acordo e quando não é. Normalmente, o desejo de vencer a qualquer custo destrói a possibilidade de ser desenvolvida uma estratégia racional de negociação. Rapoport (1986) afirma que o desejo obstinado de vencer leva a atitudes desastrosas, sendo esse um dos motivos pelos quais muitos compradores tendem a perder dinheiro nos processos de fusão e aquisição. Enquanto muitos argumentam que fusões e aquisições criam sinergia, na verdade, os beneficiários dessa sinergia, geralmente, são os vendedores, não os compradores. Bazerman e Neale (1998) apresentam também os conceitos de negociação distributiva, aquela em que uma pessoa ganha 5 10 15 20 25 30 22 Unidade I / N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 // 2 ª R ev isã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 à custa de outras. O exemplo é a divisão de uma torta. Quando uma pessoa fica com um pedaço maior, as outras ficarão com pedaços menores. Assim, os resultados disponíveis não formam mais uma torta fixa a ser dividida entre todos os envolvidos. Podem ser encontrados uma solução e um acordo melhores do que uma simples ação distributiva. É o conceito da negociação integrativa. Recomenda-se que a negociação comece pelas questões mais simples, pois, após terem sido discutidas várias questões, o envolvimento e o compromisso são maiores, em função do tempo já dedicado àquela negociação, tornando-se, com isso, mais fácil resolver as questões subsequentes. Outros acreditam que uma negociação com vários itens deva ser iniciada pelo mais complicado e importante de todos, pois, resolvido esse primeiro ponto, torna-se mais fácil seguir em frente com os outros, por serem de importância menor e pelo grande passo já ter sido dado. Um gestor eficaz deve avaliar objetivamente as alternativas de cada um dos lados, seus interesses e prioridades. Em conjunto, esses três grupos de informações determinam a estrutura da negociação. Deve-se compreender os componentes integrativos e distributivos de uma negociação, para ser capaz de ampliar o conjunto de recursos disponíveis para atuação. Dentro do que Fischer e Ury (1985) colocam sobre as consequências de não se chegar a um acordo e, com isso, o uso da Melhor Alternativa Para um Acordo Negociado (MAPAN), indicando o mais baixo valor aceitável para se fazer um acordo negociado, Bazerman e Neale (1998) apresentam algumas propostas básicas para se chegar a negociações racionais: 1. avaliar o que se fará, se não for fechado um acordo com quem se está negociando; 5 10 15 20 25 30 23 TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO N ov a Re vi sã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 08 /0 5/ 09 / Re vi sã o: A na / Co rr eç ão M ár ci o - 13 /0 5/ 09 / / 2ª R ev isã o: A na / Co rr eç ão : M ár ci o - 13 /0 5/ 09 2. avaliar o que o outro fará, se não for fechado um acordo; 3. avaliar as verdadeiras questões da negociação; 4. avaliar quão importante realmente é cada questão; 5. avaliar a importância de cada questão para com quem se está negociando; 6. avaliar a área da barganha; 7. avaliar onde há possibilidades de trocas; 8. avaliar o grau em que se pode ser afetado pela tendência de aumentar irracionalmente seu compromisso com uma estratégia selecionada anteriormente; 9. avaliar o grau em que o outro pode ser afetado pela tendência de aumentar irracionalmente seu compromisso com uma estratégia selecionada anteriormente. Encontrar soluções criativas que fiquem fora dos limites do conflito é uma forma muito útil de aumentar os recursos conjuntos compartilháveis pelos dois lados envolvidos no processo, aumentando as chances de se chegar a uma negociação efetiva. 5 10 15
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