Buscar

A participação das mulheres na vida social e política em Esparta e Atenas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A participação das mulheres na vida social e 
política em Esparta e Atenas
Saiba Mais
patriarcal: a 
sociedade 
se organiza 
com base na 
família em 
torno da 
ideia de 
domínio do 
pai.
O CASAMENTO E OS VALORES 
GENTÍLICOS: FAMÍLIA E EDUCAÇÃO
O Mundo da Grécia era formado por uma
sociedade altamente patriarcal, onde a
palavra do homem exercia o poder
supremo no seio familiar. Perante o
Governo, o marido sempre estava com a
razão no momento dos conflitos entre os
cônjuges e a mulher, mesmo se estivesse
correta em suas atitudes, levaria a pior.
Saiba Mais
genos: 
espécie de 
clã ou grande 
família 
chefiada pelo 
homem mais 
velho 
(patriarca), 
onde o 
poder era 
repassado do 
pai para o 
filho 
primogênito.
• Devido ao forte laço de amizade (em alguns casos de
parentesco) existente entre o rei e os seus guerreiros, todos
eram considerados como uma grande família. Como em toda
família, existiam as trocas de cumprimento, mas também os
litígios.
• Cada família (ou genos) traça sua descendência até um
único fundador, um deus ou herói, a uma delas pertence o rei
que dirige o clã na guerra e na paz. Cada família é subdividida
em grupos de natureza militar e religiosa, depois vem a
população dividida segundo a ocupação, lugar de residência e
posição social.
• O trabalho é feito em casa por todos os membros da
família, não sendo, portanto, considerado um incômodo ou
opressão. Os escravos e servos sem lar, empregados, fazem
parte da família como unidade social e produtiva, embora os
trabalhos mais árduos lhes sejam delegados. Como membros
da família, estão sob a proteção dos deuses do lar; e a religião
e os costumes garantem aos mesmos um tratamento humano.
E as mulheres?
• Não podemos falar de família sem, no entanto, 
abordarmos o papel que a mulher possuía na 
sociedade grega e do seu comportamento diante dos 
poderes legais da época. A mulher era extremamente 
dependente e subordinada ao chefe da família ou, 
quando casada, ao seu marido e senhor. 
Particularmente em Atenas, as mulheres 
assemelhavam-se aos escravos, os quais não possuíam 
nenhum direito político ou jurídico; direitos 
assegurados na sociedade minoana e, segundo parece, 
nos tempos de Homero. Porém, a mulher era 
reconhecida como senhora do escravo, extinguindo-se 
por aí as semelhanças entre ambos.
• As atenienses solteiras não podiam encontrar-se livremente 
com os rapazes, ficando em aposentos separados dos 
masculinos (o gineceu) e as mulheres casadas viviam longe 
das vistas alheias, separadas até dos membros masculinos 
da própria família. Já os homens gozavam de total liberdade 
política e judiciária dentro do Império, cabendo-lhes os 
trabalhos com a caça e a agricultura, como também lhes 
eram dados os direitos, caso quisessem, de não permitir que 
as suas esposas governassem a sua casa com autoridade. 
Singularidades eram visíveis de lugar a lugar. Os espartanos, 
por exemplo, apesar de serem bastante rígidos, ao contrário 
dos atenienses, permitiam que as suas jovens esposas 
usassem vestes curtas para a prática de exercícios físicos.
• Para o cidadão de Atenas, casar-se era, antes de tudo, uma
convenção religiosa e social, pois tornava possível a
continuação de sua família. Isso mesmo, casava-se
PRINCIPALMENTE para poder continuar a família “e
assegurava a seu pai o culto que este último igualmente já
celebrara em honra dos seus antepassados, culto que era
considerado como indispensável à felicidade dos mortos
no outro mundo” (FLACELIÈRE: [s.d.], 68)
• Não sabemos com precisão se o amor existia entre os
casais formados no fim do século VI, mas que, em meados
dos séculos V e IV, os gregos empregavam a palavra Eros
(amor) para descrever o sentimento que unia duas pessoas.
O amor conjugal apenas será reabilitado, totalmente, na
Grécia com a influência dos costumes romanos.
Lembrete:
Espartano, 
se não casar 
vai ser 
punido!
...IS 
SPARTA!!!
THIS...
• A família espartana exercia um importante papel perante o Estado,
pois era ela quem educava, desde a infância, as crianças saudáveis
para servirem ao exército, enquanto que as crianças não
consideradas saudáveis pela Comissão Especial de anciãos eram
rejeitadas pelo Governo, podendo morrer ou ser recolhidas por
algum hilota.
• Se para as mulheres havia regras rígidas para os homens
também, sendo os espartanos obrigados a realizar matrimônio sob
pena de serem punidos por lei. Em Atenas, por outro lado, tal
obrigatoriedade não existia embora os solteiros fossem vistos com
desprezo e censura, sendo liberados de tal obrigação caso
possuíssem um irmão mais velho e este já estivesse casado.
• Era preferível o casamento entre pessoas do mesmo grupo
social, isto é, a endogamia, exceto entre ascendentes e
descendentes e entre irmãos e irmãs da mesma mãe, para
conservar e reforçar os laços da família. No caso do único filho ser
do sexo feminino, apenas lhe seria permitido casar-se com um
parente mais chegado do pai, ficando evidente a preocupação em
perpetuar a raça e assegurar o culto familiar.
Saiba Mais
Metecos –
pequeno 
comerciante
sem direito 
de cidadão.
• O relacionamento do casal tinha como principal intuito a
procriação dos filhos, portanto, todos os esforços realizados
eram para que a mulher tivesse uma vida saudável para
assegurar a continuidade da raça. Com esse fim, havia uma
legislação familiar em Esparta que permitia ao homem idoso
entregar a sua esposa para ter com varões mais novos e
vigorosos filhos saudáveis. Ainda, a mulher que fosse estéril ou
cometesse adultério deveria ser repudiada, obrigatoriamente,
pelo marido.
• O sustento da família, nas classes sociais mais pobres,
muitas vezes ficava a cargo da mulher, que trabalhava como
vendedora no mercado, “mas as atenienses só em casos
extremos lançavam mão de qualquer ofício, enquanto as
mulheres dos metecos eram frequentemente tecedeiras de lã,
sapateiras, costureiras, etc”. (FLACELIÈRE: [s.d.], 80)
Lembrando que nas camadas sociais mais elevadas, as mulheres
apenas sairiam de casa acompanhada por uma de suas
escravas. Apenas nas festas familiares é que elas juntavam-se
aos homens.
Saiba Mais
Era comum nos 
primeiros meses 
de vida as 
crianças 
atenienses 
ficarem 
completamente 
enfaixadas sem 
mobilidade dos 
braços e pernas.
E como era a Educação na Grécia?
• Para compreender a educação na Grécia Antiga é
imprescindível comparar os métodos educacionais
existentes em Esparta e Atenas, duas das polis mais
importantes daquela civilização. Vejamos:
• A primeira diferença existente entre Atenas e
Esparta, no que se refere à educação, diz respeito ao
tratamento dado aos recém-nascidos. As crianças de
Esparta não eram enfaixadas como em Atenas, pelo
contrário, tinham seus membros inteiramente livres.
As amas da Lacônica, segundo Plutarco, “habituavam-
nos a não serem esquisitos nem difíceis quanto à
alimentação, a não terem medo da escuridão, a não
recearem a solidão, a absterem-se de caprichos
vulgares, de lágrimas e de gritos”. Esse era o motivo
pelo qual as famílias aristocráticas de Atenas
procuravam amas para seus filhos em Esparta.
• Em Atenas, as moças viviam em regime de reclusão, isoladas dos
rapazes. Em Esparta, verifica-se o contrário: as donzelas praticavam
numerosos desportos em público. Praticavam diversas lutas, o
lançamento do disco e do dardo, aprendiam a manusear armas de
guerra. Era um método de preparar mães de família fortes, robustas,
dotadas de qualidades viris, com o intuito de formarem uniões
harmoniosas que dariam crianças, do sexo masculino, fortes e
robustas.
• A educação dos filhos ficava aos cuidados das mães, em casa,
secundada pelas suas criadas. O primeiro ensino que os pequenos
recebiam, logo que atingiam a idade da compreensão, eram as
histórias tradicionais contadas por suas mães. Estas histórias, fábulas,
comportavam uma moral, a da experiência, logo, um ensinamento.
Mães e amas já iniciavam as crianças na mitologia e nas lendas
nacionais, transmitindo-lhes o que elas próprias aprenderam na tenra
infância, nas festas religiosas, constituindo-sejá numa forma de
prepará-las para a leitura dos poemas de Homero e de Hesíodo, em
casa do gramatista.
• Os pais, em Atenas, não eram obrigados por lei a mandarem seus
filhos para a escola, mas a obrigação escolar era certamente
imposta pelos costumes. O ensino das letras, da música ou da
ginástica era ministrado na casa do mestre e não em um edifício
público construído pelo Estado. Em Atenas, verifica-se uma
educação quase que inteiramente livre e deixada à iniciativa dos
particulares. Exceção à educação dada aos pupilos da nação,
quando o Estado pagava a mestres particulares para educarem os
filhos dos cidadãos mortos pela pátria.
• As despesas com a educação eram, então, custeadas pelos
pais. Logo, quanto mais abastada era a família, mais oportunidades
tinham os jovens, que a elas pertenciam, de continuar seus estudos
até a efebia. Quanto aos pobres, sua instrução acabaria antes,
geralmente logo que conhecessem mais ou menos os elementos.
Porém, a instrução parece ter sido cultivada em Atenas durante o
século V.
2. ENSAIOS DE REAÇÃO FEMININA NA VIDA E NA ARTE: 
ANTÍGONA, SAFO, LISÍSTRATA, NEIARA, ASPÁSIA
• Toda mulher deveria se encher de
vergonha ao saber que não passa de uma
mulher.
(Clemente de Alexandria)
• Melhor morrer de pé do que viver de 
joelhos!
(Dolores Ibarruri)
• Para entendermos os limites das mulheres na
sociedade grega, avançaremos na leitura e
conhecimento de cinco mulheres que suas histórias
chegaram até nós. Das cinco, duas são personagens
de teatro grego, uma tragédia e outra comédia que,
apesar de escritas por homens, permite que
identifiquemos inclusive em quais momentos é
pensado a possibilidade de ações para as mulheres
numa sociedade patriarcal. As três outras, Aspásia,
Neara e Safo são mulheres de diferentes camadas
sociais que, a seu modo, reivindicaram novos espaços
ou encontraram brechas nas regras sociais onde se
estabeleceram.
2.1 Antígona
• É no amor que se firma essa tragédia escrita por
Sófocles, mas logo mostra seu grande diferencial: não
é um homem que afronta a ordem estabelecida, e sim
uma mulher, Antígona, filha-irmã de Édipo, nobre de
origem inabalada no senso ético. É ela que ousa
afrontar o Tirano com o fim de prestar as devidas
homenagens fúnebres ao irmão. Uma semente que
apontava para rudimentares noções de um Direito
Universal. A história de uma heroína que também
poderia ser descrita como a de um costume cultural se
opondo ao direito instituído, questionando até que
ponto as determinações de uma única classe
poderiam coagir o senso social.
Im
ag
em
: T
he
m
is
 / 
C
hv
hL
R
10
 / 
G
N
U
 F
re
e 
D
oc
um
en
ta
tio
n 
Li
ce
ns
e
• Em Antígona se desvanece a figura predominante da mulher
grega totalmente submissa ao homem. Na literatura
dramática, a mulher inflamada pela dor e pela perda,
despedaçada pela injustiça se fortalece em seus princípios e
põe em questionamento as leis de uma cidade frente às leis
universais. Deste sentimento ela recebe toda a força que
necessita para manter sua postura imperativa, forte e
apaixonadamente fervorosa pela realização de seus atos,
custe o que custar, mesmo que a sua vida seja o preço. Ela
mesma determina que não adianta viver uma morte em vida.
• Antígona, mulher que rompe com o papel tradicional
consagrado pela sociedade ao se rebelar contra o homem e
contra a autoridade que representa, tendo como única
defesa e sustentáculo seus próprios princípios. Impávida se
rebela contra o Tirano. Sozinha executa, sem vacilar, por
duas vezes suas próprias determinações e por causa delas
recebe o julgamento terreno que a leva ao sepulcro ainda
em vida.
Retrato atribuído a poetisa Safo presente em 
um afresco de Pompéia.
2.2 Safo, a poetisa 
• Erótico. Relativo ao amor sensual, à lubricidade. É a partir
desta expressão que se pode começar a compreender o
amor de Safo, o “erótico espiritual”. Sua obra e trajetória
capaz de vivenciar faces não só do que denominamos amor,
mas de transmitir fragmentos de sentimentos, apresentar
imagens do amor ao espírito, expressar o desejo, concebê-lo
em tudo que ele pode arrebatar, tanto a força da paixão que
leva ao pensamento e ao desejo, quanto à tristeza da perda e
do desprezo, espada cortante que dilacera a alma, Safo
assume em suas palavras a erótica do amor.
... Eu enrubesço, empalideço à sua vista;
Uma perturbação se eleva em minha alma perdida,
Meus olhos já não veem, já não posso falar.
Sinto todo o meu corpo a transir e queimar.
Saiba Mais
Assim como 
outras 
palavras que 
utilizamos 
hoje como 
homossexual, 
androgenia, 
afrodisíaco e 
erótico, a 
palavra lésbica 
vem do grego, 
uma 
referência a 
Safo, nascida 
na ilha de 
Lesbos.
• Safo, nascida na ilha de Lesbos, de origem nobre, viúva e rica, mãe de
Cléis, volta-se para sua sociedade para erigir seu nome entre os maiores
poetas da época. Dizem que há nove musas. Que falta de memória!
Esqueceram a décima, Safo, de Lesbos. As palavras de Platão transmitem
o quão a poetisa representou: simplesmente a primeira mulher da Grécia
a registrar por escrito seus sentimentos e poesias.
• Sua origem pode explicar em parte a postura assumida diante da
Grécia. Sua cidade é cosmopolita, com posição geográfica e política um
pouco singular. Lesbos concede à mulher poder de se perceber como
mulher, além de incutir valores sociais altamente femininos. É neste
campo que a poetisa funda uma confraria religiosa dedicada à Afrodite
para, através das artes, ensinar a suas discípulas a serem “mulheres”.
Nesse processo ela não busca quebrar com a estrutura social, ela
pretende, sim, instruir suas alunas a tornarem-se boas esposas, mas isso
envolve toda uma educação artística e erótica.
• Se não rompe a ordem estabelecida ao menos permite que entre
as “irmãs” a mulher experimente uma autonomia, que se descubra e que
deseje.
2.3 Neaira
• Liberdade. Direito de decidir e agir segundo sua própria vontade,
mesmo que imerso num plano cultural cujas regras sociais
estabelecem freios à liberdade individual em favor do coletivo.
• Neaira, escrava, forra, mãe, mulher, cortesã, entre outras
designações, uma constante lutadora, representante daqueles que
almejam libertar-se de sua condição e romper com todas as marcas
que sua antiga “prisão” poderia deixar. Vendida ainda criança, torna-
se escrava aos cinco anos de idade. Com os anos, amadurece nas
artes da sedução, torna-se uma cortesã, lição ensinada por uma
fina pedagoga, Nicareteia, aquela a quem pertencia. Numa
sociedade patriarcal como a grega, onde apenas os homens são
cidadãos, ser mulher já constitui-se um sinal de inferioridade social;
ser escrava é perder-se para tornar-se objeto de outro.
•
• Inicia-se a luta de Neaira, a luta para se livrar do adjetivo “objeto”, guerra
travada a cada dia, utilizando-se de sua principal arma, na qual todos a
queriam vestida, a sedução. Os gregos marginalizam o espaço da mulher
na sociedade, delimitando o âmbito de atuação de cada uma das categorias
de mulher: as esposas vivem para o lar e para cuidar e gerar a prole; a
cortesã para oferecer os momentos de prazer.
• Neaira deseja galgar até as últimas etapas da hierarquia social que
uma mulher pode alcançar, levando consigo seus dois filhos e a filha.
Liberta de Nicareteia, torna-se “escrava” de apenas dois amantes,
Temanórida e Eucrates. Estes a alforriam permitindo que parta com Frínion
para a cidade de Atenas. Corinto não é mas sua cidade, pois em seu
contrato de alforria torna-se “persona non grata”. Como num nascimento,
Neaira rompe as barreiras que a nutriam, protegiam e escravizavam: sem
os cuidados de Corinto é obrigada a perceber o mundo, ver novos
horizontes, começar uma nova vida, num novo ambiente, mas agora uma
estrangeira “meteco” vivendo com um da terra, um homem livre.
• Com Frínion suas funções não se modificam, continua sendo
um objeto de prazer para seu protetor e amigos, mas agora
ela não precisa frequentar as “casas” ou os locais de
prostituição, ela frequenta reuniões particulares e festas das
quais é convidada. Acaba por construiruma rica clientela que
a permite viver no luxo. Além de tudo isso, mesmo que
destituída de direitos jurídicos, não é uma escrava, é uma
estrangeira que possui um protetor, alguém que a representa
perante a cidade e que lhe dá segurança. Ela tem Frínion.
• Em constante luta por si e pelos seus, percebendo sua
falta de futuro, foge de Atenas em direção a Mégara, onde
inicia nova vida e se une a um novo homem temerosa da
reação de seu amante ateniense. Selando seu
relacionamento com a cortesã, Estéfano introduz os dois
filhos de Neaira em sua fratia como filhos seus. Assim eles
serão verdadeiros cidadãos.
• Já a sua filha o futuro lhe revela outros caminhos: o de almejar a
realeza ateniense, impensado para uma estrangeira que além de
tudo já se envolvera com homens. O voo de Neaira em defesa da
libertação finalmente encontra uma barreira intransponível, a
justiça ateniense “... Não convém que nossas mulheres casadas,
segundo a legislação, sejam rebaixadas publicamente ao nível
dessa mulher, que, várias vezes ao dia, mantém relações
impudicas com numerosos homens segundo a vontade de cada
um.” (MAZEL, 1988, pp. 28-29.)
• Neaira não quer romper a estrutura social escravista, ela
mesma possui servos, o que ela não quer é permanecer nesta
condição subserviente e marginalizada, nem para si nem para os
seus. É justamente esta estrutura social que a vence por ser incapaz
de admitir uma igualdade entre a mulher nascida na terra, educada
para a castidade e a servidão do lar, e a mulher sedutora, libidinosa
e ainda por cima escrava e estrangeira.
Aspásia de Mileto (c. 469
a.C.– c. 406 a.C., amante
de Péricles.
Museus Vaticanos, Roma)
2.4 Aspásia
• Inspiradora do Poder. O que marcaria tanto a
vida de uma mulher ao ponto de se tornar objeto de
atenção de toda uma sociedade? O fato de ser uma
estrangeira a colocaria no rol de “mais uma” meteco,
ter sido uma prostituta acrescentaria uma lista de
“clientes” talvez importantes, tornar-se mulher de um
político, mesmo em alto cargo, a daria o status de
“mulher de...”, mas não lhe acrescentaria uma
maior singularidade na História. Como então
Aspásia, nascida em Mileto, habitando o centro
político que era Atenas, pôde frente ao
patriarcalismo grego deixar sua marca pela
emancipação da mulher?
Busto de Péricles
com a inscrição
"Péricles, filho de
Xantipo,
Ateniense".
Cópia romana em
mármore de um
original grego,
c. 430 a.C.
(Museus Vaticanos,
Roma)
Imagem: Busto de Péricles, Museu do Vaticano / Jastrow / Public Domain
• Atenas descobre com Péricles a plenitude de sua democracia. Eleito
estrátego é reeleito durante 14 anos. Considerado um grande orador
e conhecido pela “elevação de seu caráter” como dito por Tucídides,
o grande homem de Atenas, Péricles, homem casado, divorcia-se por
descobrir o amor na pessoa de uma estrangeira. Disposto a romper
com a sociedade, a toma como mulher tornando-se seu tutor, já que
um ateniense só poderia se casar com uma filha da terra. Assim,
Aspásia ingressa nos anais do tempo ao lado do homem que marcou
todo um período grego, mas não apenas como sua companheira, mas
por tudo que representou, pregou e praticou.
• Aspásia não escrevia poesias mas era uma intelectual que
lutava pela emancipação da mulher. Queria tirá-la do gineceu, torná-
la participante da vida pública em igualdade de direitos com o
homem. Fundou a primeira escola feminina de filosofia e nela
recebia, além de suas alunas, visitas de homens e filósofos.
• A luta pela emancipação da mulher é conquistada nas pequenas
modificações do dia a dia. Os atenienses se escandalizavam ao ver
Péricles considerar a segunda mulher como um ser humano, ao amá-la e
demonstrar sua afeição, ao escutá-la e ao discutir problemas os mais
diversos buscando seus conselhos. Por influência dela, passa a receber em
casa os seus amigos acompanhados de suas mulheres. Pequenos feitos
ou um grande passo para a busca da valorização da mulher? Um exemplo
para as outras, Aspásia, imbuída de sua cultura e carisma, incita debates,
quebra a tradição e põe em conflito a moral que rege a vida social grega ao
ponto de ser considerada a eminência oculta de um século eminente.
• Grandes passos que abrirão o caminho para a sedimentação de uma
nova estrada que se consolidará no período helenístico, no qual as
mulheres passam a reivindicar o direito a seus sentimentos, não mais como
guardiãs do lar, procriadoras ou prostitutas, mas uma mulher como mulher,
detentora de sentimentos, que ama e quer ser amada. Aspásia marca a
História por seu amor e por ser a “inspiradora do poder”: era o elo de
ligação e até inspiração de nomes como Fídias, Sófocles, Péricles,
Sócrates, entre outros.
Saiba Mais
Lisístrata é 
uma crítica 
severa a 
Guerra do 
Peloponeso.
Pesquise 
mais pela 
internet e 
tente 
descobrir a 
importância 
dessa 
comédia 
para a arte 
grega.
2.5 Lisístrata
• Um apelo pela Paz. Em plena guerra os oponentes se
deparam com a presença da morte, algo inevitável, que
traz consigo a dor da perda. Despedida, distância e
ausência, fenômenos ocasionadores de sentimentos
comuns para aqueles que por algum motivo não
participam do campo de batalha, mas recordam os que
foram. Em meio ao caos apenas o acordo de paz pode
plantar sementes para a volta da harmonia, devolvendo
a possibilidade de retomada do cotidiano da vida.
• Lisístrata é uma comédia grega que trata
justamente da guerra e dos meios possíveis para se
alcançar a paz. Onde o homem se fecha em seu senso
para dar abertura a seus desejos de conquistas, a
mulher irrompe na luta pela paz com a única arma a seu
alcance, o sexo, ou melhor, pela negação do ato sexual,
a fim de persuadi-los a desistir das batalhas .
• A personagem idealizada por Aristófanes, 
cujo significado em grego é “a que 
dissolve exércitos”, reúne as mulheres 
das cidades gregas envolvidas na Guerra 
do Peloponeso - Esparta e Atenas - e as 
incita a uma rebelião, toma a Acrópole em 
conjunto com elas e segue até conquistar 
seus objetivos. Através de Lisístrata se 
percebe a mulher que reivindica, 
estabelece alianças e luta. Cansadas das 
separações e das dores impostas pela 
guerra, exigem a volta de um cotidiano 
mais sereno e satisfatório.
Considerações Finais:
• Seria quase impossível compreender a civilização helênica sem a
investigação de aspectos prosaicos, mas de fundamental importância, tais
como sua estrutura familiar, sentimental e educacional. Graças a essa
análise nos aproximamos da mentalidade de um povo que legou à
civilização Ocidental conquistas até hoje insuperáveis - desde seu
magnífico teatro até os princípios rudimentares de um regime democrático,
passando por sua filosofia. Tal exame propicia, igualmente, farto material.
Ao mesmo tempo que nos oferecem uma cultura que se distancia da
presença da culpa cristã que perpassa a nossa, por outro lado exibem
regras de conduta pautadas pela discriminação de um contingente nada
desprezível de suas populações, especialmente mulheres, escravos e
estrangeiros.
• Acima de tudo, o estudo dos aspectos sociais e culturais da
civilização helênica nos permite conhecer mais da rica trajetória humana,
no que há de contraditória e inovadora. O referencial grego será sempre
importante, tanto naquilo que legou de positivo quanto por aquilo que ficou
como um registro de experiências cuja superação se impõe a nós
contemporâneos, notadamente a nós, contemporâneas, desejosas de
usufruir de uma cidadania e afetividade mais completas e satisfatórias.
	Número do slide 1
	O CASAMENTO E OS VALORES GENTÍLICOS: FAMÍLIA E EDUCAÇÃO�
	Número do slide 3
	E as mulheres?�
	Número do slide 5
	Número do slide 6
	Número do slide 7
	Número do slide 8
	E como era a Educação na Grécia?�
	Número do slide 10
	Número do slide 11
	2. ENSAIOS DE REAÇÃO FEMININA NA VIDA E NA ARTE: ANTÍGONA, SAFO, LISÍSTRATA, NEIARA, ASPÁSIA�
	Número do slide 13
	2.1 Antígona�
	Número do slide 15
	2.2 Safo, a poetisa �
	Número do slide 17
	2.3 Neaira �
	Número do slide 19
	Número do slide 20
	Número do slide 21
	 2.4 Aspásia�
	Número do slide 23
	Númerodo slide 24
	2.5 Lisístrata�
	Número do slide 26
	Considerações Finais:�

Continue navegando