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APOSTILA COMPLETA PDF DIREITO PENAL

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6º Semestre NA 
 
DIREITO PENAL V 
Prof. Edfre Rudyard da Silva 
 
 
III - Crimes contra a fé pública. 
 
1. Moeda falsa 
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso 
legal no país ou no estrangeiro: 
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. 
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, 
adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. 
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui 
à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois 
anos, e multa. 
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou 
diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação 
ou emissão: 
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; 
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. 
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação 
não estava ainda autorizada. 
 
1.1. Bem jurídico 
 
Fé pública – é a confiança que a sociedade deposita na autenticidade e 
veracidade dos documentos. 
 
* Princípio da insignificância: não é aplicável em razão da grande 
potencialidade lesiva (facilidade de circulação e em geral da grande 
quantidade de notas/moedas falsificadas). 
 
Ainda que seja apenas uma nota e de pequeno valor, não se aplica o 
princípio por tratar-se de delito contra a fé pública, havendo interesse 
estatal na sua repressão. 
 
JURISPRUDÊNCIA: O bem violado é a fé pública, bem intangível e que 
corresponde à confiança que a população deposita em sua moeda, não 
se tratando, assim, da simples análise do valor material por ela 
representado. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 558.790/SP, Rel. Min. 
Sebastião Reis Júnior, julgado em 15/10/2015. 
 
1.2. Sujeitos do Crime 
 
a) Ativo 
 
- Art. 289, caput; § 1º, 2º e 4º: Qualquer pessoa (crime comum) 
- Art. 289, § 3º: Funcionário Público (crime próprio) 
b) Passivo 
 
O Estado que tem interesse na proteção da autenticidade da moeda. 
Não há vítima secundária, pois é a fé pública o bem jurídico tutelado. 
 
OBS: Moeda falsa e aplicação das agravantes do art. 61, II, “e” e “h” 
do CP - nos casos de prática do crime de introdução de moeda falsa 
em circulação (art. 289, § 1º, do CP), se a nota falsificada é repassada 
para “ascendente, descendente, irmão ou cônjuge” ou para “criança, 
maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida”, incidirão as 
agravantes previstas nas alíneas "e" e "h" do inciso II do art. 61 do 
CP. Assim, entendeu a jurisprudência que o sujeito passivo desse 
delito não é apenas o Estado, mas também a pessoa lesada com a 
introdução da moeda falsa. 
STJ. 6ª Turma. HC 211.052-RO, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. 
para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 5/6/2014 (Info 
546). 
 
1.3. Tipo Objetivo (conduta) 
 
• Falsificar (fabricação ou alteração): imitação enganosa da verdade. 
OBS: qualquer que seja a falsificação é necessário que tenha idoneidade 
para enganar. A falsificação grosseira não tipifica crime contra a fé 
pública. 
 
OBS2: a falsificação grosseira não caracteriza crime contra a fé pública, 
no entanto, pode caracterizar crime de estelionato (ex.: a entrega de uma 
nota de R$ 100,00 falsa a pessoa que nunca a tenha visto). 
 
- Fabricação: é produção integral de uma cédula ou moeda metálica que 
tenha aparência de verdadeira. Também conhecida como contrafação. 
- Alteração: é a transformação de papel moeda ou moeda metálica 
preexistente. 
 
1.4. Objeto material 
 
Moeda metálica ou papel moeda de curso legal no país ou no estrangeiro. 
 
OBS1: em se tratando de moeda correspondente a padrão monetário já 
extinto não há crime de moeda falsa. 
 
OBS2: é irrelevante o número de moedas ou cédulas falsificadas. Tal 
situação será verificada na dosimetria da pena. 
 
1.5. Circulação de moeda falsa (art. 289, § 1º) 
 
a) Núcleos 
 
Importar, exportar, adquirir, vender, trocar, ceder, emprestar, 
guardar ou introduzir na circulação moeda falsa. 
 
OBS-1: “introduzir na circulação”: quando o agente recebe a nota 
já tem consciência de sua falsidade, introduzindo-a na 
circulação em sequência. 
OBS-2: o uso da moeda falsa pelo fabricante caracteriza o “post 
factum” impunível, caracterizando no caso mero exaurimento do 
crime. 
OBS-3: Não confundir o art. 289, § 1º com a figura privilegiada do 
§2º. 
→ § 1º - Num primeiro momento (recebimento da nota) a 
pessoa já sabe que a nota é falsa, no segundo momento ao colocar 
em circulação, a pessoa já tem consciência da nota falsa. 
→ § 2º - Num primeiro momento (recebimento da nota) a 
pessoa NÃO sabe que a nota é falsa, no segundo momento ao 
colocar em circulação, a pessoa já tem consciência da nota falsa. 
 
Competência (art. 289, § 2º): é crime da competência dos Juizados Especiais 
Federais, pois a pena é inferior a 2 anos. 
 
1.6. Competência criminal 
 
Competência da Justiça Federal, haja vista o interesse da União em 
tutelar a autenticidade da nota, inclusive da nota estrangeira. 
 
Súmula 73 do STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente 
falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da 
Justiça Estadual. 
 
1.7. Moeda falsa e arrependimento posterior 
 
Inaplicabilidade do arrependimento posterior ao crime de moeda falsa. 
 
QUESTÃO: Imagine que o réu tenha utilizado uma nota de R$ 100 
falsificada para pagar uma dívida. Após alguns dias, descobriu-se que a 
cédula era falsa e, antes que houvesse denúncia, o agente ressarciu o 
credor por seus prejuízos. O réu praticou o crime de moeda falsa. É 
possível aplicar a ele o benefício do arrependimento posterior (art. 16 do 
CP)? 
R: NÃO. Não se aplica o instituto do arrependimento posterior ao crime 
de moeda falsa. No crime de moeda falsa — cuja consumação se dá com 
a falsificação da moeda, sendo irrelevante eventual dano patrimonial 
imposto a terceiros —, a vítima é a coletividade como um todo, e o bem 
jurídico tutelado é a fé pública, que não é passível de reparação. Desse 
modo, os crimes contra a fé pública, semelhantes aos demais crimes não 
patrimoniais em geral, são incompatíveis com o instituto do 
arrependimento posterior, dada a impossibilidade material de haver 
reparação do dano causado ou a restituição da coisa subtraída. STJ. 6ª 
Turma. REsp 1.242.294-PR, Rel. originário Min. Sebastião Reis Júnior, 
Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/11/2014 (Info 
554). 
2. Falsidade documental 
 
2.1. Distinção entre falsidade material e falsidade ideológica. 
 
a) Falsidade material 
 
• A falsidade material atinge a configuração extrínseca do documento, ou 
seja, atinge o documento em seu aspecto externo; 
 
• O agente não tem legitimidade para confeccionar o documento (cria um 
documento); 
 
• O falsum depende de prova pericial; 
 
• A falsidade material é praticada por meio de conduta positiva (comissivo). 
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar 
documento público verdadeiro: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
b) Falsidade Ideológica 
 
• O falsum recai sobre o conteúdo intelectual do documento; 
• Em regra, o agente tem legitimidade para confeccionar o documento; 
• Não demanda prova pericial. Normalmente comprovada através de 
provas testemunhais; 
• Pode ser praticada tanto por omissão quanto por comissão. 
 
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia 
constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que 
devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a 
verdade sobre fato juridicamente relevante: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e 
reclusão deum a três anos, e multa, se o documento é particular. 
 
2.2. Conceito de documento 
 
É toda peça escrita que condensa graficamente o pensamento de 
alguém, podendo provar um fato ou a realização de algum ato dotado de 
relevância jurídica. 
 
Requisitos: 
 
• Forma escrita; 
• Autor determinado; 
• Conteúdo; 
• Relevância jurídica. 
 
2.2.1. Documento público 
 
É aquele expedido por funcionário público competente para tanto 
no exercício de suas funções e de acordo com as formalidades 
exigidas pela lei. 
 
Esse documento público pode ser um documento formal e 
materialmente público, pode ser ainda um documento 
formalmente público, mas substancialmente privado. (Ex.: 
testamento em cartório). 
 
a) Formal e materialmente público 
 
É aquele emanado por servidor público no exercício de suas 
funções cujo conteúdo diga respeito a questões de interesse 
público. (Ex.: Portaria de IP). 
 
b) Formalmente público, mas substancialmente privado 
 
Nesse caso o interesse é de natureza privada, apesar do 
documento ser emanado de ente público. (Ex. atos praticados por 
tabeliães). 
 
2.2.2. Documentos públicos por equiparação (art. 297, § 2º) 
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de 
entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações 
de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. 
 
2.2.3. Documento particular (art. 298) 
 
O conceito de documento particular deve ser feito por exclusão. 
Os que não forem públicos, serão particulares. 
 
OBS: clonagem de cartão de crédito ou débito antes da entrada 
em vigor da Lei nº 12.737/2012 - A Lei nº 12.737/2012 
acrescentou o parágrafo único ao art. 298 do CP prevendo o 
seguinte: 
 
Art. 298. Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar 
documento particular verdadeiro: (...) 
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento 
particular o cartão de crédito ou débito. 
 
Ocorre que mesmo antes da edição da Lei nº 12.737/2012 a 
jurisprudência do STJ já considerava que cartão bancário poderia 
se amoldar ao conceito de "documento". 
Assim, a inserção do parágrafo único no art. 298 do Código Penal 
apenas confirmou que cartão de crédito/débito é considerado 
documento, sendo a Lei nº 12.737/2012 considerada como lei 
interpretativa exemplificativa. 
 
Logo, ainda que praticada antes da Lei nº 12.737/2012, a conduta 
de falsificar, no todo ou em parte, cartão de crédito ou débito é 
considerada como crime de falsificação de documento particular 
(art. 298 do CP). 
STJ. 6ª Turma. REsp 1.578.479-SC, Rel. Min. Maria Thereza de 
Assis Moura, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, 
julgado em 2/8/2016 (Info 591). 
 
2.2.4. Observações finais 
 
• Documento escrito a lápis não é tratado como documento; 
• Fotocópias não autenticadas também não podem ser objeto de falsidade 
documental; 
 
 
 
2.3. Falsidade e concurso de crimes 
 
a) Falsum e estelionato (4 correntes): 
 
1ª Corrente – O agente responde apenas pelo crime de falsidade 
que absorve o crime patrimonial; 
 
2ª Corrente – Haverá concurso material de infrações; 
 
3ª Corrente – responde pelos dois crimes em concurso formal 
porquanto se trata de uma única ação. 
 
4ª Corrente - com base no princípio da consunção o agente 
responde apenas pelo crime patrimonial, mas desde que a 
potencialidade lesiva da falsidade tenha se exaurido no crime 
patrimonial (posição majoritária). 
 
Súmula 17 do STJ: “QUANDO O FALSO SE EXAURE NO 
ESTELIONATO, SEM MAIS POTENCIALIDADE LESIVA, É POR ESTE 
ABSORVIDO.” 
 
b) Falsificação de vários documentos 
 
Se a multiplicidade de falsificações ocorrer em um mesmo contexto 
haverá um crime único. (ex.: o vendedor de atestado, CPF, CTPS 
na praça da Sé). 
 
2.4. Termo inicial da prescrição (art. 111, IV do CP) 
 
O início da prescrição somente ocorrerá quando do conhecimento do 
falsum. 
 
2.5. Falsidade de documentos destinados à previdência social (art. 297, 
§§ 3º e 4º) 
Falsificação de documento público 
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar 
documento público verdadeiro: 
(...) 
§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluído pela Lei nº 
9.983, de 2000) 
I - na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado 
a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade 
de segurado obrigatório;(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297%C2%A73
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297%C2%A73
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297%C2%A73
II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em 
documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração 
falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 
2000) 
III - em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com 
as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou 
diversa da que deveria ter constado. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no 
§ 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do 
contrato de trabalho ou de prestação de serviços.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 
2000) 
 
OBS1: apesar de inseridos nos §§ 3º e 4º do artigo 297, esses crimes 
não são exemplos de falsidades materiais, mas sim de falsidades 
ideológicas. 
 
OBS2: em regra essas falsidades são praticadas objetivando o crime fim 
de estelionato (Súmula 17 do STJ). 
 
OBS3: Art. 297, § 3º, II x Súmula 62 do STJ: Se a falsa anotação produzir 
efeito perante a Previdência Social a competência será da Justiça 
Federal. Dependerá do caso concreto. 
 
Súmula 62 - COMPETE A JUSTIÇA ESTADUAL 
PROCESSAR E JULGAR O CRIME DE FALSA 
ANOTAÇÃO NA CARTEIRA DE TRABALHO E 
PREVIDENCIA SOCIAL, ATRIBUIDO A EMPRESA 
PRIVADA) 
 
OBS4: Art. 297, § 4º do CP e necessidade de ser demonstrado o 
dolo de falso 
 
A simples omissão de anotação na Carteira de Trabalho e 
Previdência Social (CTPS) não configura, por si só, o crime de 
falsificação de documento público (art. 297, § 4º, do CP). Isso 
porque é imprescindível que a conduta do agente preencha não 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297%C2%A73
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297%C2%A73
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297%C2%A73
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297%C2%A73
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art297%C2%A73
apenas a tipicidade formal, mas antes e principalmente a 
tipicidade material, ou seja, deve ser demonstrado o dolo de falso 
e a efetiva possibilidade de vulneração da fé pública. STJ. 5ª 
Turma. REsp 1.252.635-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 
julgado em 24/4/2014 (Info 539). 
 
Competência para julgar o crime do art. 297, § 4º, do CP 
De quem é a competência para julgar o crime de omissão de 
anotação de vínculo empregatício na CTPS (art. 297, § 4º, do 
CP)? 
STJ: Justiça FEDERAL. O sujeito passivo primário do crime 
omissivo do art. 297, § 4.º, do Diploma Penal, é o Estado, e, 
eventualmente, de forma secundária, o particular, terceiro 
prejudicado, com a omissão das informações, referentes ao 
vínculo empregatício e a seus consectários da CTPS. Cuida-se, 
portanto de delito que ofende de forma direta os interesses da 
União, atraindo a competência da Justiça Federal, nos termos do 
art. 109, IV, da CF/88. Nesse sentido: STJ. 3ª Seção. CC 
145.567/PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 27/04/2016. 
 1ª Turma do STF: Justiça ESTADUAL. Nesse sentido: 1ª 
Turma. Ag.Reg. na Pet 5084, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 
24/11/2015. 
 
2.6. Falsidade material na legislação especial• Código Eleitoral: art. 348, 349; 
• Lei 7.492/86 (crimes contra o sistema financeiro): art. 2º; 
• Lei 8137/90 (dos crimes contra ordem tributária): art. 1º, III; 
 
2.7. Adulteração de sinal identificador de veículo automotor (art. 311) 
Adulteração de sinal identificador de veículo automotor(Redação dada pela 
Lei nº 9.426, de 1996) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art310
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art310
Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador 
de veículo automotor, de seu componente ou equipamento: (Redação dada pela 
Lei nº 9.426, de 1996)) 
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, 
de 1996) 
§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão 
dela, a pena é aumentada de um terço. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o 
licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo 
indevidamente material ou informação oficial. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 
1996) 
 
- A retirada da placa de identificação do veículo não configura o crime do 
artigo 311, mas sim mera infração de natureza administrativa (STJ HC 
139199). 
- Em se tratando de colocação de fita adesiva ou isolante para alterar 
letra ou número da placa, quando for possível visualizar a falsidade 
grosseira não há o crime do artigo 311, mas sim, mera infração 
administrativa (REsp 503960). 
 
Assim a adulteração dependerá de uma apreciação mais cuidadosa 
tendo em conta o caso concreto para a efetiva comprovação do dolo. 
 
2.8. Falsidade Ideológica (art. 299) 
Falsidade ideológica 
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia 
constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia 
ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade 
sobre fato juridicamente relevante: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e 
reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular. 
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime 
prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento 
de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. 
 
OBS1 - Informações prestadas que estejam sujeitas à verificação: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art311
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art311
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art311
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art311
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art311
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art311
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art311
quando a informação prestada estiver sujeita a posterior verificação não 
haverá crime de falsidade ideológica (ex.: declaração em concurso que 
possui os 03 anos de prática). 
 
JURISPRUDÊNCIA: Falsa declaração de hipossuficiência não configura 
falsidade ideológica (art. 299). 
É atípica a mera declaração falsa de estado de pobreza realizada com o 
intuito de obter os benefícios da justiça gratuita. 
A conduta de firmar ou usar declaração de pobreza falsa em juízo, com 
a finalidade de obter os benefícios da gratuidade de justiça, não é crime, 
pois aludida manifestação não pode ser considerada documento para fins 
penais, já que é passível de comprovação posterior, seja por provocação 
da parte contrária seja por aferição, de ofício, pelo magistrado da causa. 
STJ. 6ª Turma. HC 261.074-MS, Rel. Min. Marilza Maynard 
(Desembargadora convocada do TJ-SE), julgado em 5/8/2014 (Info 546). 
 
- Falsidade ideológica de assento no registro civil (art. 299, § único) e o 
crime do artigo 241 e 242 (adoção à brasileira): o assento do registro civil 
é elemento normativo que deve ser complementado pelo artigo 29 da Lei 
6.015/73 (Lei dos Registros Públicos), sendo que, o artigo 299 deve ceder 
diante dos crimes especiais dos artigos 241 e 242, com base no 
princípio da especialidade. 
Registro de nascimento inexistente 
Art. 241 - Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos. 
Parto suposto. Supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil 
de recém-nascido 
Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; 
ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao 
estado civil: (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981) 
Pena - reclusão, de dois a seis anos. (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L6898.htm#art242
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L6898.htm#art242
Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza: 
(Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981) 
Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena. 
(Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981) 
 
2.8.1. Falsidade Ideológica na legislação especial 
 
• Art. 66 da Lei 9.605/98 (Crimes Ambientais); 
• Art. 1º e 2º da Lei 8.137/90 (Crimes contra a ordem tributária); 
• Art. 9º da Lei 7.492/86 (Crimes contra o sistema financeiro); 
• Código Eleitoral, art. 350. 
 
2.9. Uso de documento falso/falsa identidade e direito ao silêncio 
Falsa identidade 
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, 
em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui 
elemento de crime mais grave. 
 
QUESTÃO: Pode o foragido utilizar-se do direito ao silêncio, atribuindo 
identidade falsa? 
R: DUAS CORRENTES 
1ªC - Para o STF o direito ao silêncio não dá ao acusado o direito de 
falsear sua identidade. Responderá pelo crime do artigo 307. 
2ªC - A sexta turma do STJ entende que o agente pode mentir quando a 
sua identidade para proteger um passado criminoso (HC 97857), pois não 
é obrigado a fazer prova contra si mesmo. 
 
MUDANÇA DE POSIÇÃO: Falsa identidade (art. 307) é crime mesmo 
em situação de autodefesa 
Súmula 522-STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante 
autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada 
autodefesa. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L6898.htm#art242
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L6898.htm#art242
2.10. Competência para julgar uso de documento falso 
 
Súmula 546-STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso 
de documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi 
apresentado o documento público, não importando a qualificação do 
órgão expedidor. 
 
 
IV - Crimes contra a administração pública. 
 
1. Considerações gerais 
 
1.1. Crimes funcionais próprios e impróprios 
 
CONCEITO: Crime funcional é aquele delito cuja qualidade de funcionário 
público é elementar do delito. 
 
*elementares: Dados essenciais da figura típica. 
 
a) Crime funcional próprio 
 
É aquele em que a ausência da elementar “funcionário público” torna a 
conduta atípica. Ex.: art. 319 (Prevaricação). 
Prevaricação 
Art. 319 – (FUNCIONÁRIO PÚBLICO QUE) Retardar ou deixar de 
praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição 
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
b) Crime funcional impróprio 
 
São aqueles em que ausente a qualidade de funcionário público haverá 
uma desclassificação para crime de outra natureza. 
 
Ex.: art. 312 (Peculato), convertida em apropriação indébita, furto, etc. 
 
Peculato 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou 
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse 
em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: 
Pena -reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
Apropriação indébita 
Art. 168 - Apropriar-se (qualquer pessoa) de coisa alheia móvel, de 
que tem a posse ou a detenção: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
1.2. Concurso de pessoas nos crimes funcionais 
 
Possibilidade: Dois ou mais funcionários públicos praticam a conduta típica. 
Há concurso de pessoas quando o crime funcional é praticado por particular? 
 
R: Depende! Caso a elementar “funcionário público” seja de conhecimento do 
particular coautor ou partícipe, a ele se comunica, nos termos no artigo 30 do 
CP. 
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter 
pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
DOIS CONCEITOS: 
 
INTRANEUS: Funcionário Público que comete crime funcional; 
EXTRANEUS: Particular que pratica a conduta e tem conhecimento da 
elementar. 
 
1.3. Princípio da insignificância nos crimes contra a administração pública 
 
A doutrina já vinha adotando o posicionamento de que é INAPLICÁVEL o 
princípio da insignificância, tendo em vista que o bem jurídico tutelado 
(moralidade administrativa) sempre será atingido. 
 
Segundo o STJ, os crimes contra a Administração Pública têm como objetivo 
resguardar não apenas o aspecto patrimonial, mas, principalmente, a moral 
administrativa. Logo, mesmo que o valor do prejuízo seja insignificante, deverá 
haver a sanção penal considerando que houve uma afronta à moralidade 
administrativa, que é insuscetível de valoração econômica. 
 
Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a 
Administração Pública.STJ.Corte Especial. Aprovada em 20/11/2017. 
 
EXCEÇÃO: DESCAMINHO (ART. 334 do CP) – Topograficamente é crime contra 
a administração pública (Título XI do Código Penal – Crimes contra a Administração 
Pública). 
Descaminho 
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou 
imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de 
mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 
13.008, de 26.6.2014) 
 
De acordo com o STJ, “a insignificância nos crimes de descaminho tem colorido 
próprio, diante das disposições trazidas na Lei n. 10.522/2002”, o que não ocorre com 
outros delitos, como o peculato etc. (AgRg no REsp 1346879/SC, Rel. Min. Marco 
Aurélio Bellizze, julgado em 26/11/2013). 
 
POSIÇÃO DO STF: DISCORDA DA SÚMULA 599 DO STJ 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art30
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art30
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13008.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13008.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13008.htm#art1
NÃO. No STF, há julgados admitindo a aplicação do princípio mesmo em outras 
hipóteses além do descaminho, como foi o caso do HC 107370, Rel. Min. Gilmar 
Mendes, julgado em 26/04/2011 e do HC 112388, Rel. p/ Acórdão Min. Cezar Peluso, 
julgado em 21/08/2012. Segundo o entendimento que prevalece no STF, a prática de 
crime contra a Administração Pública, por si só, não inviabiliza a aplicação do princípio 
da insignificância, devendo haver uma análise do caso concreto para se examinar se 
incide ou não o referido postulado. 
 
1.4. Progressão de regimes nos crimes praticados contra a Administração 
Pública 
 
REGRA GERAL (LEP – Lei nº 7.210/1984, Art. 112): cumprimento mínimo de 
16%, 20%, 25%, 30%, 40% e 50% da pena a depender do crime cometido. 
 
 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO: Lei 10.763/03 – acrescenta o § 4º ao art. 
33 do CP - Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo. 
§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a 
progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à 
reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito 
praticado, com os acréscimos legais. (Incluído pela Lei nº 10.763, de 
12.11.2003) 
 
1.5. Crime funcional e ato de improbidade administrativa (lei 8.429/92) 
 
5.1. Conceito de improbidade: Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, não basta a 
legalidade formal, restrita, da atuação administrativa, com a observância da lei; 
é preciso também a observância de princípios éticos, de lealdade, de boa –fé, de 
regras que assegurem a boa administração e a disciplina interna na 
Administração Pública. 
 
Para José Carvalho dos Santos Filho: as expressões (moralidade e probidade) se 
equivalem, tendo a Constituição, em seu texto, mencionado a moralidade como 
princípio (art. 37, caput) e a improbidade como lesão ao mesmo princípio (art. 
37, § 4º). 
PROBIDADE = MORALIDADE = HONESTIDADE 
 
QUESTÃO: Todos os atos de improbidade administrativa são crimes funcionais? 
R: Nem todo ato de improbidade configura crime funcional, somente aqueles 
que adequam à figura prevista no tipo penal. 
Ex.: uso do motorista para realização de coisas particulares, pagar contas, etc. 
 
Todavia, TODOS OS CRIMES FUNCIONAIS configuram inevitavelmente ato de 
improbidade administrativa, pois haverá, no mínimo, violação aos princípios da 
administração pública. 
 
1.6. Foro por prerrogativa de função nas ações de improbidade administrativa 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.763.htm#art33%C2%A74
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.763.htm#art33%C2%A74
NÃO EXISTE FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO EM AÇÃO DE 
IMPROBIDADE. 
 
Natureza jurídica da ação de improbidade administrativa: CÍVEL. 
Em outras palavras, é uma ação civil e não uma ação penal. 
 
REGRA GERAL: somente existe foro por prerrogativa de função no caso de ações 
penais (e não em demandas cíveis). 
 
Ex1: se for proposta uma ação penal contra um Deputado Federal por crime que 
ele tenha cometido durante o seu mandato e que esteja relacionado com as suas 
funções, esta deverá ser ajuizada no STF. 
 
Ex2: se for ajuizada uma ação de cobrança de dívida contra esse mesmo 
Deputado, a demanda será julgada por um juízo de 1ª instância. 
 
5.3. Prerrogativa de função (CPP, art. 84) 
 
Além das regras de competência previstas na Constituição, o foro por 
prerrogativa de função também é previsto no CPP: 
 
Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo 
Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais 
Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito 
Federal, relativamente às pessoas que devam responder perante eles 
por crimes comuns e de responsabilidade. (Redação dada pela Lei nº 
10.628, de 24.12.2002) 
§ 1o (Vide ADIN nº 2797) 
§ 2o (Vide ADIN nº 2797) 
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem 
querelantes as pessoas que a Constituição sujeita à jurisdição do 
Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, àquele ou a 
estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida a exceção da 
verdade. 
Art. 86. Ao Supremo Tribunal Federal competirá, privativamente, 
processar e julgar: 
I - os seus ministros, nos crimes comuns; 
II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os do 
Presidente da República; 
III - o procurador-geral da República, os desembargadores dos 
Tribunais de Apelação, os ministros do Tribunal de Contas e os 
embaixadores e ministros diplomáticos, nos crimes comuns e de 
=responsabilidade. 
Art. 87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de Apelação o 
julgamento dos governadores ou interventores nos Estados ou 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10628.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10628.htm#art1
http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=ADIN&s1=2797&u=http://www.stf.gov.br/Jurisprudencia/Jurisp.asp&Sect1=IMAGE&Sect2=THESOFF&Sect3=PLURON&Sect6=ADINN&p=1&r=1&f=G&l=20
http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=ADIN&s1=2797&u=http://www.stf.gov.br/Jurisprudencia/Jurisp.asp&Sect1=IMAGE&Sect2=THESOFF&Sect3=PLURON&Sect6=ADINN&p=1&r=1&f=G&l=20
Territórios, e prefeito do DistritoFederal, seus respectivos secretários 
e chefes de Polícia, juízes de instância inferior e órgãos do Ministério 
Público. 
OBS – ADIN 2797: Lei nº 10.628/2002 previu foro por prerrogativa de função para 
a ação de improbidade. Diante dessa alteração legislativa, foi proposta a ADI 
2797 contra a Lei nº 10.628/2002 e o STF julgou inconstitucional o referido § 2º 
do art. 84 do CPP, decisão proferida em 15/09/2005. 
 
Fundamento: “no plano federal, as hipóteses de competência cível ou criminal 
dos tribunais da União são as previstas na Constituição da República ou dela 
implicitamente decorrentes. (...) Quanto aos Tribunais locais, a Constituição 
Federal — salvo as hipóteses dos seus arts. 29, X e 96, III —, reservou 
explicitamente às Constituições dos Estados-membros a definição da 
competência dos seus tribunais, o que afasta a possibilidade de ser ela alterada 
por lei federal ordinária.” 
 
EM 2018 A QUESTÃO FOI NOVAMENTE LEVANTADA: 
Não existe foro por prerrogativa de função em ação de improbidade 
administrativa proposta contra agente político. O foro por prerrogativa de 
função é previsto pela Constituição Federal apenas para as infrações penais 
comuns, não podendo ser estendida para ações de improbidade administrativa, 
que têm natureza civil. STF. Plenário. Pet 3240/DF, Rel. para acórdão Min. 
Roberto Barroso, julgado em 10/05/2018. 
 
1.7. Absolvição na esfera criminal e repercussão nas demais instâncias (art. 65, 66, 
67 do CPP). 
 
Regra geral: depende do fundamento da absolvição 
 
a) Faz coisa julgada na esfera cível (CPP, art. 65 e 66): 
Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que 
reconhecer ter sido o ato praticado em estado de 
necessidade*, em legítima defesa, em estrito cumprimento 
de dever legal ou no exercício regular de direito. 
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, 
a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, 
categoricamente, reconhecida a inexistência material do 
fato. 
→ Decisão absolutória reconhecendo categoricamente a inexistência material do 
fato ou a negativa de autoria ou participação. 
→ Decisão absolutória reconhecendo categoricamente a presença de excludentes 
da ilicitude reais. 
 
EXCEÇÃO: ESTADO DE NECESSIDADE AGRESSIVO (o agente visando a salvar-se 
ou a terceiro, atinge um bem jurídico de pessoa que perigo nenhum provocou, 
ou, que nada teve a ver com a situação de perigo causada): A decisão absolutória 
não faz coisa julgada no cível. 
 
b) Não faz coisa julgada no cível (CPP, 67): 
Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil: 
I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de 
informação; 
II - a decisão que julgar extinta a punibilidade; 
III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não 
constitui crime. 
→ Decisão absolutória que reconhecer a atipicidade da conduta 
→ Decisão declaratória extintiva da punibilidade 
→ Decisões absolutórias fundadas no princípio do “in dúbio pro reo” 
 
Súmula 18-STF: PELA FALTA RESIDUAL, NÃO COMPREENDIDA NA ABSOLVIÇÃO PELO JUÍZO 
CRIMINAL, É ADMISSÍVEL A PUNIÇÃO ADMINISTRATIVA DO SERVIDOR PÚBLICO. 
 
1.8. Extraterritorialidade da lei brasileira 
 
QUESTÃO: A extraterritorialidade penal é aplicável aos crimes contra a 
administração praticados no exterior? 
R: SIM. CP, art. 7º, I, “b” 
 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no 
estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 
I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito 
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa 
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação 
instituída pelo Poder Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 
1984). 
 
Possibilidade da aplicação da lei brasileira dos crimes funcionais no exterior. 
 
 
1.9. Conceito de funcionário público para fins penais (art. 327 do CP) 
 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos 
penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, 
exerce cargo, emprego ou função pública. 
 
Interpretação autêntica: quando o legislador traz um conceito com a finalidade 
de segurança jurídica. 
 
*OBS: Embora transitoriamente ou sem remuneração. 
 
→ Cargo público: é o conjunto de atribuições e responsabilidade previstas na estrutura 
organizacional que devem ser cometidas a um servidor, criado por lei, com denominação 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art7
própria (L. 8.112/1990. art. 3º). É o servidor estatutário. Ex.: Promotor, juiz, etc. 
(estatutários). 
 
→ Emprego público: é aquele relacionado a serviço temporário ou através de regime da 
CLT (funcionário do BB, Caixa Econômica, Correios, etc.). 
 
→ Função pública (conceito residual): atividade relacionada a cargo ou emprego, mas 
pode ser exercida sem os dois, como a de jurado ou de mesário de eleições, jurados e 
estagiários de órgão público. 
 
OBSERVAÇÕES: 
 
OBS1: Advogado “Ad hoc” - É o advogado para o ato. Não exerce função pública. 
 
OBS2: Advogado Dativo: é o advogado chamado pelo Poder Público para exercer o 
patrocínio de causa do cidadão (ex.: Inscritos na Assistência Judiciária). De acordo com 
a doutrina, não é considerado funcionário público, pois exerce um múnus (encargo) 
público (Rogerio Sanches Cunha, Válter Kenji Ishida). 
 
Posição do STJ: advogado dativo é considerado funcionário público para fins 
penais. 
 
O advogado que, por força de convênio celebrado com o Poder Público, atua de forma 
remunerada em defesa dos hipossuficientes agraciados com o benefício da assistência 
judiciária gratuita, enquadra-se no conceito de funcionário público para fins penais. 
Sendo equiparado a funcionário público, é possível que responda por corrupção passiva 
(art. 312 do CP).STJ. 5ª Turma. HC 264.459-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 
julgado em 10/3/2016 (Info 579) 
 
1.9.1. Funcionário público por equiparação (Art. 327, § 1º alterado pela Lei 
9.983/00) 
 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em 
entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada 
ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. (Incluído 
pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 
OBSERVAÇÕES: 
 
→ Princípio da legalidade: este conceito de funcionário público por equiparação 
somente se aplica aos crimes cometidos após a entrada em vigor da Lei 9.983/00; 
 
→ Essa equiparação só é válida para o funcionário que exerça atividade típica da 
Administração Pública; 
 
→ Sujeito passivo: prevalece na doutrina e jurisprudência dos tribunais superiores o 
entendimento de que a equiparação do § 1º somente se aplica às hipóteses em que 
o indivíduo seja sujeito ativo do crime funcional. Portanto, quando vítima do delito, 
esse indivíduo não é considerado funcionário público por equiparação (STF HC 
83.830 e RE 348.714). 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art327%C2%A71
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art327%C2%A71
Ex: médico xingado quando do exercício da função pública (crime de injúria, não 
desacato). 
 
- Cargo, emprego ou função em: 
 
→ Em entidade paraestatal – Sociedade de Economia Mista (BB), Empresa 
Pública (Correios, CEF), Autarquia (Sabesp), Fundações (), no entanto há 
doutrinadores que também incluem os Serviços Sociais Autônomos (SESI, 
SESC, SENAI, etc.). 
 
→ Empresa contratada ou conveniada para a execução de atividade típica 
da administração pública. Ex.: Hospital Particular credenciado – SUS. 
* Médico trabalhando em hospital particular credenciado ao SUS que 
cobra vantagem indevida para exercício de sua função é funcionário 
público. 
* Buffet contratado para um evento da Administração pública, por não 
exerceratividade típica da Administração Pública, assim, se um 
funcionário desse Buffet se apropria de algum dos objetos, não será ele 
equiparado a funcionário público. 
 
1.10. Causa de aumento de pena nos crimes funcionais (art. 327, § 2º) 
 
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos 
neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou 
assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, 
empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, 
de 1980) 
 
* OBSERVAÇÕES: 
 
- Não consta de “autarquia” no referido parágrafo, assim aqueles que ocupam cargos 
em comissão, função de direção ou assessoramento dos órgãos da Administração 
Pública do § 2º do artigo 327, a eles não é aplicável essa causa de aumento de pena, 
pois, vedada a analogia em “malam partem”. 
 
2. Dos crimes funcionais em espécie 
 
2.1. Peculato 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor 
ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem 
a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou 
alheio: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
2.1.1. Peculato próprio 
a) Peculato apropriação e Peculato desvio - conceitos 
Apropriar-se significa fazer sua a coisa de outra pessoa. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L6799.htm#ART327%C2%A72
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L6799.htm#ART327%C2%A72
Desviar significa dar destinação diversa, em proveito próprio ou alheio. Ex.: Dinheiro. 
OBS. 1: Se o desvio for feito em favor da própria administração, o crime será o do art. 315 do 
CP. 
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas 
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da 
estabelecida em lei: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
OBS 2: A aprovação das contas do Administrador Público pelo Tribunal de Contas não impede o 
oferecimento de denúncia contra o mesmo. Cabe ressaltar que os Tribunais de Contas são 
órgãos administrativos do Poder Legislativo (sistema de freios e contrapesos) que fiscalizam as 
contas dos Poderes Públicos. 
b) Objeto Material 
Dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, seja ele público ou particular de que 
tenha a posse, o funcionário público, em razão do cargo. 
De acordo com a doutrina, a expressão “posse” também abrange a detenção 
(durante uma averiguação). 
c) Peculato de uso é crime? 
Para os tribunais só haverá crime quando o uso referir-se a bem que seja 
consumível pelo uso (bens fungíveis – dinheiro). No caso de veículo, por não ser 
consumível, no que tange ao combustível, caso esse seja reposto, não haverá o 
crime, bem como, os tribunais também têm aplicado o princípio da insignificância 
em tais casos. 
* Prefeitos: O peculato de uso para o Prefeito é conduta típica (Dec-Lei 201/67). 
Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao julgamento 
do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara dos 
Vereadores: 
Il - utilizar-se, indevidamente, em proveito próprio ou alheio, de bens, rendas ou serviços 
públicos; 
2.1.2. Peculato impróprio ou peculato-furto (art. 312, § 1º) 
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do 
dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito 
próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de 
funcionário. 
O funcionário público não tem a posse do bem móvel, porém se aproveita de sua qualidade de 
funcionário público para subtrair ou concorrer para a subtração do objeto. 
Ex.: Extravio de arma no Distrito Policial. No quartel (crime militar – art. 303, § 2 do CPM). 
 
2.1.3. Peculato Culposo 
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
OBSERVAÇÕES: 
→ Infração de menor potencial ofensivo 
Pena de detenção, de três meses a um ano. 
→ Crime de outrem: por conta da posição topográfica do artigo 312, § 2º do CP, prevalece 
que o “crime de outrem” deve ser um peculato próprio ou impróprio. Há posição minoritária 
entendendo que pode ser qualquer delito, inclusive patrimonial. 
→ Concurso de Pessoas: No caso do art. 312, § 2º, não se pode falar em concurso de pessoas, 
já que não se admite participação culposa em crime doloso, ou participação dolosa em crime 
culposo. Há, portanto, a necessidade de unidade de desígnios. 
→ Extinção da punibilidade no peculato culposo (art. 312, § 3º do CP e art. 303, § 4º do CPM) 
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença 
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. 
Reparação do dano no CP: 
- Regra Geral (art. 16 do CP): Arrependimento posterior. Até o recebimento da 
denúncia ou da queixa, sendo causa de diminuição da pena de 1/3 a 2/3. Depois 
do recebimento da denúncia será mera circunstância atenuante (art. 65, III, “b”). 
- Exceções: Peculato Culposo (art. 312, § 3º) – se feita até o trânsito em julgado 
de sentença condenatória, ocorrerá a extinção da punibilidade. Se feita depois, 
haverá redução de metade a pena imposta. 
Prevalece ainda que a reparação do dano integral, ainda que feita por apenas 
um dos agentes, seus benefícios são estendidos a todos os agentes. 
- Peculato próprio e impróprio: aplica-se a regra geral (art. 16), visto que não há 
qualquer previsão legal a respeito. 
2.2. Concussão (316 do CP) 
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou 
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
2.2.1. Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/2019) 
Alterou a pena para do crime de concussão, equiparando-a ao crime de corrupção passiva (de 2 
a 12 anos e multa). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
2.2.2. Sujeito ativo 
 a) Funcionário público no exercício da função. 
 Policial que exige vantagem indevida em razão da função pública. 
 b) Funcionário público fora da função, mas em razão dela. 
 Ex.: Promotor que procura um investigado que exige um “agrado” para não oferecer 
denúncia. 
a) Particular na iminência de assumir o exercício de função pública atuando em razão 
dela. 
Ex.: Funcionário que prestes a assumir uma função pública exige vantagem. 
A exigência feita pelo funcionário deve estar relacionada ao exercício das 
funções do agente, sob pena de caracterizar outro delito. Ex.: promotor que diz 
que se receber a vantagem vai absolver o acusado não será concussão. 
OBSERVAÇÕES: 
* Policial Militar (art. 305 do CPM); 
* Fiscal de rendas (art. 3º, II - lei 8.137/90 – Crimes contra a Ordem Tributária, 
relações de consumo); 
2.2.3. Tipo Objetivo (conduta) 
“Exigir” (concussão): Significa impor como obrigação, reclamar de forma imperiosa, sob pena de 
represália. (“me dá isso, senão...”). metus publicae potestatis: temor da atividade funcional. 
“Solicitar” (corrupção passiva): surge por exclusão do temor de represália. 
OBS - Concussão x Extorsão (violência ou grave ameaça): no crime de concussão, o que ocorre é 
uma espécie de constrangimento ilegal, valendo-se o funcionário público do medo que sua 
função exerce. No crime de extorsão também há constrangimento ilegal, porém, mediante o 
emprego de violência ou grave ameaça. 
→ Vantagem indevida: não há a necessidade que a mesma tenha natureza patrimonial (ex.: 
elogio). 
→ “para si ou para outrem”: Se a exigência for feita em favor da administração, prevalece o 
entendimento de que também haveria crime de concussão. Se a exigência for de Tributo, 
responderá pelo excesso de exação (316, §§ 1º e 2º) 
2.2.4. Consumação e Tentativa 
Crimede natureza formal, portanto, consuma-se independentemente do recebimento da 
vantagem indevida. Basta a simples exigência, pois o recebimento da vantagem é mero 
exaurimento. 
- Prisão em flagrante: É perfeitamente possível a prisão em flagrante em relação ao crime de 
concussão desde que essa ocorra no momento da exigência indevida, e não por ocasião de seu 
recebimento (Paulo Rangel). Porém, vale lembrar que, um dos verbos, do crime de corrupção 
passiva é o verbo receber, portanto, em relação ao crime de corrupção passiva, é perfeitamente 
a prisão em flagrante no momento do recebimento da vantagem indevida. 
Tentativa: É possível através da carta concussionária. 
2.2.5. Objetividade Jurídica: 
* Moralidade Administrativa; 
* Patrimônio do particular constrangido pelo ato do agente público criminoso. 
2.3. Corrupção passiva (art. 317) 
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda 
que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou 
aceitar promessa de tal vantagem: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, 
de 12.11.2003) 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, 
o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo 
dever funcional. 
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração 
de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
2.3.1. Exceção à teoria monística 
* Teoria monística: responderão por crime único de acordo com sua culpabilidade (art. 29) 
- art. 124/126 (aborto) 
- art. 318 (facilitação de contrabando e descaminho) e art. 334 (contrabando e descaminho) 
- art. 342, § 1º (falso testemunho) e art. 343 (corrupção da testemunha) 
- art. 317 (corrupção passiva) e 333 (corrupção ativa). 
- art. 235 (bigamia) e 235, § 1º (auxílio à bigamia) 
2.3.2. Bilateralidade da corrupção 
Condutas: 
CORRUPÇÃO PASSIVA CORRUPÇÃO ATIVA 
Solicitar Oferecer 
Receber * “dar” não existe 
Aceitar promessa Prometer vantagem 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.763.htm#art2art317
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.763.htm#art2art317
A corrupção não é necessariamente crime bilateral, de forma que a tipificação da corrupção 
passiva nem sempre dependerá do delito de corrupção ativa, e vice-versa. 
OBS.: Diante de uma exigência indevida (concussão), não há falar em crime de corrupção ativa 
por parte do particular responsável pela entrega da vantagem indevida. 
2.3.3. Corrupção passiva própria e imprópria 
a) Corrupção passiva própria: o ato a ser praticado pelo agente é um ato ilícito ou injusto. 
Ex: destruição de autos. 
b) Corrupção passiva imprópria: o ato a ser praticado pelo agente é um ato legítimo. 
Ex: Oficial de justiça que solicita dinheiro para cumprir o mandado que está no fim da pilha de mandados. 
2.3.4. Corrupção passiva antecedente e subsequente (art. 317, §§ 1º e 2º) 
a) Corrupção passiva antecedente 
O agente primeiro solicita, recebe ou aceita promessa para no futuro realizar o ato 
“comercializado”. Trata-se de conduta típica. 
b) Corrupção passiva subsequente 
O agente primeiro realiza o ato para depois solicitar, receber ou aceitar promessa de vantagem 
indevida. Trata-se de conduta típica. 
NÃO CONFUNDIR ESSES CRIMES COM: 
- Corrupção ativa antecedente: o agente primeiro oferece ou promete para no futuro 
determinar a prática de ato de ofício pelo funcionário público. Trata-se de conduta típica. 
- Corrupção ativa subsequente: O funcionário primeiro pratica, omite ou retarda o ato de ofício 
para em seguida, o particular, lhe oferecer ou prometer vantagem indevida. Trata-se de conduta 
atípica (cesta de natal aos juízes e funcionários dados por escritório em razão do tratamento 
cordial). 
2.3.5. Distinção entre o artigo 317, § 2º (corrupção passiva privilegiada) e o art. 319 
(Prevaricação) 
Corrupção passiva privilegiada (chamado pela doutrina) 
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração 
de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
→ Art. 317, § 2º: o agente cede a pedido ou influência de outrem, ou seja, o agente não 
busca satisfazer interesse ou sentimento pessoal. 
→ Art. 319 (prevaricação): não há pedido ou influência de outrem, sendo que a conduta do 
agente visa satisfazer interesse ou sentimento pessoal. 
IV - Crimes contra a administração da justiça. 
 
1. Denunciação caluniosa (art. 339) 
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, 
instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade 
administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: (Redação 
dada pela Lei nº 10.028, de 2000) 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de 
nome suposto. 
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. 
 
1.1. Bem jurídico 
 
Bem jurídico primário: O regular andamento da administração da Justiça, pois nesse 
caso ela é impulsionada inútil e criminosamente. 
 
Bem jurídico secundário: honra da pessoa ofendida. 
 
* Denominado pela doutrina de Calúnia Qualificada. 
 
1.2. Denunciação caluniosa (art. 339) x Calúnia (art. 138) 
 
Art. 138 (calúnia) – Ofensa à honra (fim) 
Art. 339 – Ofensa à honra como meio para o fim de ferir a administração da Justiça. 
Trata-se de crime progressivo, onde o agente para alcançar o fim almejado 
(denunciação caluniosa), necessariamente tem que passar por um crime meio (calúnia). 
 
* Ex. de crime progressivo: estelionato por meio de cheque furtado. 
 
1.3. Sujeitos do Crime 
 
a) Ativo 
 
Qualquer pessoa, inclusive os responsáveis pela instauração dos procedimentos 
referidos no tipo penal. Crime comum. 
→ O promotor de justiça que oferece denúncia nos casos do art. 339, essa denúncia é 
chamada de temerária ou abusiva. 
→ O advogado pode ser autor do crime. 
 
1.3.1. Condutas antes e depois da Lei 10.028/00 
 
ANTES Dar causa à instauração DEPOIS 
Dar causa à instauração Dar causa à instauração: 
- Investigação policial - Investigação policial 
- Processo judicial - Processo judicial 
 - Investigação administrativa 
 - Inquérito civil 
 - Ação de improbidade administrativa 
 
Antes da Lei 10.028/2000 era comum a doutrina alertar que nos crimes de ação privada 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L10028.htm#art339
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L10028.htm#art339
ou pública condicionada à representação somente a vítima ou se representante poderia 
praticar o crime do art. 339 do CP, pois a investigação policial e o processo judicial 
dependia da sua manifestação de vontade. Com a nova lei, mesmo nestes crimes, o 
delito é comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, pois a investigação 
administrativa, o inquérito civil e a ação de improbidade não dependem da iniciativa 
da vítima ou de seu representante. 
 
Ex.: Denunciante que imputa a servido crime de ameaça. 
 
b) Sujeito Passivo 
 
Primariamente: A administração pública, mais precisamente a administração da 
Justiça 
Secundária: a pessoa ofendida na sua honra objetiva (a pessoa caluniada). 
 
* Menor de 18 anos (duas correntes): 
- 1ª Corrente: O menor não pode ser vítima de denunciação caluniosa, 
ao passo que não pode ser vítima de calúnia por ser inimputável podendo ser, 
tão somente, vítima de difamação. 
- 2ª Corrente: O menor pode ser vítima de denunciação caluniosa da 
mesma forma que de calúnia, haja vista que o ato infracional se equipara a 
crime no que tange à honra objetiva do menor (prevalece); 
 
1.4. Conduta (art. 339, “caput”) 
 
“Dar causa à instauração de... imputando a alguém crime que o sabe inocente:” 
 
- Investigação Policial- Processo Judicial 
- Investigação administrativa 
- Inquérito civil 
- Ação de improbidade 
 
Pode ser praticado por qualquer meio (crime de execução livre), por palavras ou gestos. 
 
Observações: 
 
• Dispensa a formalização da investigação num inquérito, bastam simples investigações 
informais; 
• Processo judicial: obviamente ao processo judicial penal, quando do recebimento da 
inicial; 
• No caso das investigações administrativas, inquérito civil e ação de improbidade 
caracterizam o crime do art. 339 somente se aquelas estejam apurando condutas 
correspondentes à crimes. 
• Se a denunciação falsa de ato ímprobo, porém não criminoso, e desse resultar numa 
ação de improbidade administrativa, responderá o autor pelo crime previsto no artigo 
19 da Lei 8.429/92. Crime de menor potencial ofensivo (JECrim). 
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente 
público ou terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente. 
Pena: detenção de seis a dez meses e multa. 
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o 
denunciado pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado. 
• Trata-se de rol taxativo. Assim, caso seja injustamente instaurada CPI, o agente não 
responderá pelo crime do 339 (Cezar Roberto Bitencourt). 
• Extinção da punibilidade do denunciado - a doutrina, antes da lei 10.028/2000 entendia 
não ser possível o crime de denunciação caluniosa nos casos em que estivesse extinta a 
punibilidade do “denunciado”, no entanto, com os acréscimos trazidos pela novel lei, o 
crime do artigo 339 ainda é aplicável ao seu agente mesmo após extinta a punibilidade 
se desta denúncia resultar na instauração de investigação administrativa, inquérito civil 
ou ação de improbidade administrativa. 
• Denunciação caluniosa contra os mortos: Extinta a punibilidade (posição do professor). 
Não é punível, pois trata-se de pessoa viva em razão do verbo estar no presente “o sabe 
inocente” presunção de que esteja vivo (Rogério Sanches). 
 
1.5. Tipo Subjetivo 
 
Dolo. 
 
Discussão da doutrina (dolo direto x dolo eventual): 
Dolo Direto – em razão do termo “que o sabe inocente” (maioria da doutrina). Vontade 
de dar causa à instauração do procedimento oficial imputando à vítima crime de que o 
sabe inocente. 
Dolo Eventual (minoria – Bitencourt e Rogério Sanches) – Assume o risco de dar causa 
à instauração do procedimento oficial imputando à vítima crime de que o sabe 
inocente. 
 
* Não se admite o dolo superveniente. Assim, aquele que de boa-fé, noticia um crime 
que pensa praticada por pessoa indicada não pratica denunciação caluniosa, ainda que 
tempos depois descubra que a revelação foi equivocada. 
 
1.6. Consumação e tentativa 
 
O crime se consuma com a instauração de qualquer um dos procedimentos oficiais, no 
caso das investigações policiais, o crime dispensa a formalização do inquérito policial. 
 
Tentativa: possível, quando praticada na modalidade escrita através da carta 
interceptada. 
 
* Retratação: não extingue a punibilidade, contrariamente à calúnia que pode ocorrer 
até a sentença, visto que os procedimentos do caput já foram iniciados inutilmente. 
Retratação 
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da 
calúnia ou da difamação, fica isento de pena. 
1.7. Momento do oferecimento da denúncia pelo art. 339. 
 
1ª Corrente: o MP para propor ação penal em razão do crime do art. 339 do CP, deve 
aguardar a conclusão do procedimento injustamente instaurado, evitando-se o risco de 
decisões conflitantes (Nelson Hungria - PREVALECE). 
 
2ª Corrente: não é pressuposto da instauração de ação penal pelo crime do art. 339 do 
CP a conclusão do procedimento injustamente instaurado. A prova da inocência da 
pessoa que foi acusada falsamente não depende do encerramento do procedimento. 
Não bastasse, a ação penal do art. 339 do CP é pública incondicionada. (Há decisões do 
STF de acordo com esse entendimento). 
1.8. Denunciação Caluniosa Privilegiada (art. 339, § 2º) 
 
Ao invés de crime, imputa-se uma contravenção penal. 
Infração de médio potencial ofensivo, admitindo-se a suspensão condicional do 
processo. 
 
2. Comunicação falsa de crime ou de contravenção 
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de 
contravenção que sabe não se ter verificado: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
2.1. Bem Jurídico 
 
Regular andamento da administração da justiça. 
 
2.2. Art. 339 (denunciação caluniosa) x art. 340 (comunicação falsa de crime ou 
contravenção) 
 
Art. 339: o agente imputa a infração penal inventada à pessoa certa e determinada. 
(grande potencial ofensivo) 
 
Art. 340: o agente comunica a infração fantasiosa sem imputá-la a alguém. (menor 
potencial ofensivo) 
 
2.3. Sujeitos do crime 
 
a) Ativo: Qualquer pessoa 
 
OBSERVAÇÃO: Na comunicação de crime de Ação Privada ou Pública 
condicionada, somente o titular do direito de queixa ou de representação 
poderá praticar a infração. 
 
b) Passivo: A administração pública, mais precisamente a administração da justiça. 
 
2.4. Conduta 
 
Provocar a ação da autoridade, bastando desencadear rol de atos investigativos, não 
havendo a instauração de inquérito. 
 
* Autoridade: A jurisprudência vem entendendo que a comunicação de crime nos 
termos do art. 340 à PM não caracteriza o crime em questão, visto que não se trata de 
função típica da Polícia Militar a realização de investigações, não abrangendo assim o 
conceito de Autoridade prevista no referido artigo, exceto nos casos referentes aos 
Crimes Militares definidos em Lei, tendo a Polícia Judiciária Militar a atribuição para 
investigá-los. 
 
Crime de execução livre: podendo ser realizado através de palavras, gestos ou escritos. 
 
2.5. Tipo Subjetivo 
 
Dolo. 
 
Exige finalidade especial? 
1ª Corrente: além da vontade de comunicar falsamente a ocorrência da infração, exige-
se finalidade especial de provocar, inutilmente, a ação da autoridade pública (Nelson 
Hungria). 
 
2ª Corrente: pouco importa a finalidade especial que animou o agente, bastando a 
vontade consciente de comunicar a autoridade pública a ocorrência de infração 
fantasiosa (Damásio - Prevalece). 
 
2.6. Concurso de Crimes 
 
1ª Corrente: se a comunicação falsa for meio para fraudar seguro, o crime patrimonial 
absorve o delito contra a administração da justiça (princípio da consunção). Ex.: 340 + 
171, § 2º (estelionato contra seguro) 
2ª Corrente: se a comunicação falsa visar fraude contra seguro haverá concurso 
material de delitos, tendo em vista que os dois crimes protegem bens jurídicos 
distintos, sendo inviável a consunção. (maioria). 
 
2.7. Consumação e Tentativa 
 
Quando houver a prática de qualquer ato da autoridade policial visando esclarecer o 
delito ou a contravenção fantasiosamente comunicada. 
 
Tentativa: possível na forma escrita. 
 
3. Autoacusação falsa 
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por 
outrem: 
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. 
3.1. Bem jurídico 
 
Regular andamento da administração da justiça. 
 
3.2. Conceito 
 
O agente assume a paternidade de crime. Se assume a paternidade de contravenção 
penal o fato é atípico. A doutrina chama de autocalúnia. 
 
3.3. Sujeitos 
 
a) Ativo 
 
Crime comum. Qualquer pessoa. 
 
OBS: Não há crime na conduta do coautor ou partícipe que chama para si a 
responsabilidade total do delito em que participou. 
 
b) Sujeito Passivo 
 
A administração da Justiça. 
 
 
 
3.4. Conduta 
 
O crime consiste em o agente incriminar-se perante a Autoridade. Não significa na 
presença, podendo ser praticado o crime verbalmente ou por escrito. 
 
3.5. Tipo subjetivo 
 
Dolo. 
Haverá o crime, ainda que tenha o agente se levado por motivo altruísta. Ex.: o pai 
assume a autoria de um crime praticado por um filho, não exclui o delito. 
 
3.6. Consumação e tentativa 
 
O crime se consuma no momento emque a autoridade toma conhecimento da 
autoacusação falsa, não importando as ulteriores consequências. 
 
Admite-se a tentativa na modalidade escrita. Ex.: a carta interceptada. 
 
4. Falso testemunho ou falsa perícia 
Art. 342 - Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, como testemunha, 
perito, tradutor ou intérprete em processo judicial, policial ou administrativo, ou 
em juízo arbitral: 
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, 
perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, 
inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 
28.8.2001) 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
§ 1º - Se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito 
em processo penal: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. § 
2º - As penas aumentam-se de um terço, se o crime é praticado mediante 
suborno. § 3º - O fato deixa de ser punível, se, antes da sentença, o agente 
se retrata ou declara a verdade. 
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado 
mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir 
efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da 
administração pública direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 
28.8.2001) 
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu 
o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº 
10.268, de 28.8.2001) 
4.1. Bem jurídico 
Resguardar o prestígio da justiça. 
4.2. Sujeitos do crime 
a) Ativo 
- Crime de mão própria ou de conduta infungível: Testemunha, perito, contador, tradutor ou 
intérprete. 
- Concurso de pessoas: A jurisprudência admite o concurso de pessoas. Para o STF o advogado 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10268.htm#art342
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10268.htm#art342
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10268.htm#art342
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10268.htm#art342
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10268.htm#art342
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10268.htm#art342
que oriente uma testemunha poderá responder como coautor de falso testemunho (teoria do 
domínio do fato). No mesmo sentido, na falsa perícia, desde que o laudo esteja assinado por 2 
peritos compromissados, no caso de perito não oficial. 
Obs.: Necessidade de compromisso da testemunha (*art. 303 do CPP) 
• Primeira corrente: só responde por crime de falso testemunha a testemunha que tiver 
prestado o compromisso de dizer a verdade (Cezar Roberto Bitencourt); Se a lei não 
submete a testemunha informante ao compromisso de dizer a verdade, não cometer o 
ilícito do art. 342 do CP. (Prevalece). 
• Segunda corrente: Há entendimento no STF de que testemunhas não compromissadas 
também respondem pelo crime de falso testemunho (STF HC 69358 e STJ HC 92836), 
assim toda a testemunha compromissada ou não, pode ser autora de crime do artigo 
342 do CP. A lei ao diferencia, logo não cabe ao interprete fazê-lo. Não bastasse, a 
testemunha não compromissada pode servir de argumento de condenação ou 
absolvição. 
4.3. Tipo Objetivo (condutas) 
• Fazer afirmação falsa: Significa dizer uma coisa distinta da verdade (ex.: confirmação de 
um falso álibi), tendo o agente consciência quanto a falsidade de sua afirmativa. 
• Negar a verdade: consiste em uma ação positiva em que o agente nega um fato que 
sabe ou que conhece. 
• Calar a verdade (reticência): trata-se de conduta omissiva em que a testemunha, ao ser 
indagada, deixa de dizer o que sabe. 
OBS: Verdade - é a perfeita correspondência entre a realidade e sua expressão. A falta 
de correspondência entre a expressão e a realidade pode ocorrer de um erro (engano 
inconsciente) ou advir de má-fé (mentira). 
OBS: É possível falso testemunho de fato verdadeiro? 
Sim, é possível. A falsidade não se extrai da comparação do depoimento da testemunha 
e a realidade, mas sim, do contraste do depoimento e a ciência da testemunha. 
Ex.: É caso da testemunha que narra um acidente de trânsito que teve conhecimento 
somente através da narrativa trazida pela vítima, pois a testemunha nunca esteve no 
local. 
4.4. Tipo subjetivo 
Dolo. 
4.5. Consumação e Tentativa 
Trata-se de delito formal, consumando-se no momento em que a testemunha, tradutor 
ou intérprete termina o seu depoimento, lavrando sua assinatura; no caso da falsa 
perícia (ou testemunho, tradução, contagem ou interpretação por escrito), consuma-
se no instante da entrega do laudo à autoridade competente. 
* Obs.: Testemunha que mente sobre o mesmo fato em mais de um processo, responde 
por apenas um crime. 
Tentativa: Possível se através de carta. 
4.6. Falso testemunho na Carta Precatória 
Juízo Deprecante: Julga, onde a prova colhida produz os seus efeitos. 
Juízo Deprecado: colhe a prova. Nesse juízo a testemunha faltou com a verdade. Quem 
é o juiz que julga o falso testemunho? 
Nos termos do Art. 70 do CPP, o juízo competente é o local da consumação do crime. 
4.7. Causa de aumento de Pena (§ 1º) 
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante 
suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em 
processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública 
direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) 
Abrange o falso testemunho ou a falsa perícia no Inquérito Policial, pois tem o IP a 
finalidade de produzir prova no Processo Penal. 
4.8. Retratação (art. 342, § 2º) 
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o 
ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 
28.8.2001) 
É causa extintiva da punibilidade. 
Retratação: significa assinalar a declaração anterior como falsa e manifestar a verdade. 
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o 
ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 
28.8.2001) 
Essa retratação deve ocorrer no processo em que ocorreu o falso testemunho, devendo ser 
realizada antes da sentença desse processo. A retratação estende-se aos partícipes do fato 
delituoso. 
Obs1: Em processo de competência do júri é possível a retratação extintiva da punibilidade 
mesmo após a decisão de pronúncia, desde que anterior à sentença de mérito. 
Obs2: Quando deve ser proposta a ação penal: 
1ªC – A ação penal pelo crime de falso testemunho ou falsa perícia deve aguardar o 
encerramento do processo em que ocorreu o falso, evitando-se o conflito de decisões. 
Aliás, até o encerramento o agente pode se retratar. 
2ª C – A ação penal pelo crime de falso testemunho ou falsa perícia não precisa aguardar o 
encerramento do processo em que ocorreu o falso, pois a ação penal é pública 
incondicionada e a eventual retratação é causa extintiva da punibilidade resolutiva e não 
condição suspensiva. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10268.htm#art342
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10268.htm#art342
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10268.htm#art342
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10268.htm#art342
CRIMES HEDIONDOS 
LEI 8.072/1990 
 
=> A expressão “crime hediondo” é inaugurada pela Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso 
XLIII. Trata-se de cláusula pétrea (Direitos e Garantias Fundamentais). 
 
CF, Art.5º: 
 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de 
graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como 
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os 
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. 
 
Quando a norma define alguns crimes comohediondos e dá a estes tratamento mais severo 
seguindo determinação constitucional, todos os demais crimes que não são hediondos devem 
ter um tratamento mais brando. Nisso consiste o direito fundamental protegido pela via 
transversa/reflexa. 
 
1. Lei 8.072/1990 e origem histórica: 
 
=> No início dos anos 90, desencadeia-se no país uma onda de crimes de extorsão mediante 
sequestro (gênese das facções criminosas). Caso “Washington Olivetto” – empresário foi 
sequestrado durante falsa blitz policial; Caso do “Abílio Diniz” – sequestro do executivo do grupo 
Pão de Açúcar. 
=> Então, decide-se criar a “Lei de Crimes Hediondos” que prevejam penas mais graves para 
determinados crimes. No projeto inicial, o único crime hediondo previsto era o de extorsão 
mediante sequestro. O projeto inicial foi aprovado pela Câmara dos Deputados. No Senado, o 
projeto foi barrado e posteriormente alterado, incluindo-se outros crimes, sobretudo os 
violentos (estupro, atentado violento ao pudor, latrocínio, extorsão qualificada pela morte, etc.). 
 
=> Populismo Penal. Simbolismo do Direito Penal. No médio prazo leva ao descrédito do direito 
penal, uma vez que não possui efeito prático, considerando que não houve diminuição nas 
ocorrências de crimes graves. 
 
 
2. Conceito de crime hediondo 
Critérios para definição dos crimes hediondos: 
=> Crime Hediondo é o que a lei define como tal. Existem três critérios que buscam definir um 
crime hediondo. 
 
a) Legal: 
 
=> A lei irá definir, taxativamente, quais são os crimes hediondos. 
 
b) Judicial: 
 
=> O juiz possui discricionariedade para avaliar no caso concreto se determinado crime é 
hediondo ou não. 
=> Critério não adotado no Brasil em razão da insegurança jurídica. Ex: crimes com a mesma 
situação fática e avaliações diversas, a depender da Vara Criminal. 
 
c) Misto: 
=> A legislação fornece parâmetros mínimos e juiz, no caso concreto, definirá se o crime se 
amolda ou não naqueles critérios fornecidos pelo legislador. 
 
2.1. Critério adotado no Brasil 
 
CRITÉRIO ADOTADO NO BRASIL 
=> O Brasil adota o critério legal, nos termos do art. 5º, XLIII1 e do art. 1º da LCH. 
 
CF, Art.5º: 
 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de 
graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como 
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os 
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. 
 
Lei 8.072/1990, Art. 1º São considerados hediondos os 
seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 
7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou 
tentados: (...) 
 
=> Observa-se que o critério não é a gravidade/barbaridade do crime, mas sim a escolha do 
legislador. Ex: roubo qualificado pela lesão grave, com espancamento, não é crime hediondo por 
si só; Ex: porte ilegal de arma de uso restrito é crime hediondo. 
 
=> O rol dos crimes hediondos é taxativo, não podendo ser ampliado pelo julgador por analogia. 
Não cabe analogia em “malam partem”. 
 
=> A Constituição prevê também os crimes equiparados a hediondos (3Ts – tortura, tráfico de 
drogas e terrorismo). Recebem da CF e das leis o mesmo tratamento dos crimes hediondos. 
 
Art. 5º, XLIII, da Constituição Federal: “a lei considerará crimes 
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da 
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o 
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles 
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo 
evitá-los, se omitirem”. 
 
Crimes hediondos versus tentativa 
=> A tentativa não exclui o caráter hediondo de um crime assim definido em lei. A tentativa é 
uma mera causa de diminuição da pena. 
 
QUESTÃO: Pode existir no Brasil contravenção penal de natureza hedionda? 
R: Não, considerando-se que (i) a CF trata de crimes hediondos e (ii) a existência de 
incompatibilidade lógica entre a brandura de uma contravenção e a hediondez que a CF 
estabelece. 
 
2.2. Crimes hediondos e princípio da insignificância 
 
=> Os crimes hediondos são incompatíveis com o princípio da insignificância 
Requisitos objetivos: “MARI” 
→ Mínima ofensividade da conduta; 
→ Ausência de periculosidade social da ação; 
→ Reduzido grau de reprovabilidade; e 
→ Inexpressividade da lesão jurídica; requisitos subjetivos relacionados ao agente e à vítima). 
 
=> A própria CF imputa tratamento mais severo aos crimes hediondos, demonstrando sua 
relevância para o Estado. 
 
STF e “crimes de máximo potencial ofensivo” 
=> Menor potencial ofensivo: contravenções penas e crimes com pena máxima de 2 anos (cabe 
transação penal; rito sumaríssimo – Lei 9.099/1995). 
=> Médio potencial ofensivo: crimes com pena mínima de até 1 ano e máxima superior a 2 anos 
(cabe suspensão condicional do processo). 
=> Alto potencial ofensivo: crimes com pena mínima superior a 1 ano e máxima superior a 2 
anos (incompatíveis com os benefícios previstos na Lei n. 9.099/1995). 
=> Máximo Potencial Ofensivo – STF: são aqueles em que a própria CF exige um tratamento 
mais severo, previstos no art. 5º, inc. XLII, XLIII e XLIV. Crimes inafiançáveis. 
 
CF, Art. 5º. (...) 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de 
graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como 
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os 
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e 
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; 
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de 
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem 
constitucional e o Estado Democrático; 
 
2.3. O rol taxativo dos crimes hediondos 
 
a) Homicídio 
Inc. I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade 
típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só 
agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, 
V, VI e VII); 
Lei Glória Perez 
=> Momento em que o homicídio se torna crime hediondo – Lei 8.930/1994. 
=> Caso midiático do homicídio da atriz Daniela Perez pelo seu par na novela – 1993. 
=> Lei de Iniciativa Popular. 
 
Homicídio simples: a questão do grupo de extermínio (CP, art. 121, § 6º) 
 
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o 
crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de 
prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
 
=> O homicídio simples, em regra, não é crime hediondo. (EXCEÇÃO) Será crime hediondo 
quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só 
agente. 
 
=> Não se exige que exista um grupo de extermínio, mas tão somente que seja uma atividade 
típica de grupo de extermínio. Ex: extermínio de um grupo de moradores de rua por apenas uma 
pessoa. 
 
Crítica: o dispositivo não é necessário, uma vez que um homicídio praticado em atividade típica 
de grupo de extermínio nunca será simples, sempre terá uma qualificadora. 
 
=> Na existência do grupo e extermínio, será homicídio qualificado e, portanto, hediondo. Pois 
sempre incidirá em qualquer uma de suas qualificadoras. 
 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro 
motivo torpe; 
II - por motivo fútil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou 
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo 
comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro 
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou 
vantagem de outro crime: 
 
 
Homicídio privilegiado (art. 121, § 1º) 
 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o

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