Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GIOVANA SANTA MARIA 1 FPM V Ginecologia A prevenção e o controle de ISTs devem estar apoiados em 5 estratégias principais: 1. Educação e aconselhamento sobre as maneiras de evitar as DSTs por meio da mudança dos comportamentos sexuais das pacientes em risco. 2. Identificação das pacientes assintomáticas infectadas 3. Diagnóstico e tratamento efetivo das pacientes infectadas 4. Avaliação, tratamento e aconselhamento dos parceiros sexuais das pacientes infectadas por DTSs 5. Vacinação das pacientes em risco para DSTs preveníveis. MÉTODOS DE PREVENÇÃO: • Abstinencia sexual e redução do numero de parceiros • Vacinação profilática • Preservativo masculino • Preservativo feminino • Espermicida vaginal e diafragma ISTs ULCERATIVAS: SÍFILIS HERPES CANCROIDE LINFOGRANULOMA VENÉREO DONOVANOSE ISTs QUE CAUSAM VERRUGAS: HPV ISTs CORRIMENTO VAGINAL: CANDIDÍASE CLAMÍDIA GONORREIA TRICOMONÍASE VAGINOSE BACTERIANA DIP: ENDOMETRITE, ANEXITE SALPINGITE, MIOMETRITE, OOFORITE, PARAMETRITE, PELVIPERITONITE, ABSCESSO DO TUBO OVATIANO Agente etiológico: Treponema palidum História natural da doença: evolução lenta; infecçao bacteriana sistêmica, crônica, curável e exclusiva do ser humano. Quando não tratada, evolui para estágios de gravidade variada, podendo acometer diversos órgãos e sistemas do corpo TRANSMISSÃO: ➔ Contato sexual ou transmissão vertical ➔ É maior nos estágios iniviais (primaria ou secundária – maior quantidade de treponemas nas lesões, 1ª = cancro duro; 2ª = lesões muco- cutâneas), diminuindo gradualmente com o passar do tempo (latente/ tardia) ➔ Em gestantes, a taxa de transmissão vertical de sífilis para o feto é de até 80% intrautero. SÍFILIS PRIMÁRIA = CANCRO DURO Após a infecção, ocorre um período de incubação entre 10 e 90 dias. 1º sintoma: aparecimento de lesão única no local de entrada da bactéria (rica em treponemas). Cancro duro ou protossifiloma; Duração: 2 a 6 semanas, desaparecendo espontaneamente – mas o treponema permanece no corpo. Ulcera com borda bem definida e regular, base endurecida e fundo limpo, que ocorre no local de GIOVANA SANTA MARIA 2 FPM V Ginecologia entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, anus, boca, ou outros locais do tegumento), rosa- avermelhada. É indolor. ATENÇÃO: pode servir como porta de entrada para outras infecções, como o HIV. OBS: linfadenopatia: linfonodos regionais podem estar acometidos, sendo unilateral e indolor. DIAGNÓSTICO: padrão ouro – microscopia de campo escuro (raspagem da lesão) SÍFILIS SECUNDÁRIA: Ocorre em media entre 6 semanas a 6 meses Ocorre em media entre 6 semanas a 6 meses após a cicatrização do cancro, ainda que manifestação iniciais, recorrentes ou subentrantes do secundarismo passam a ocorrer em um período de até um ano. Inicialmente, apresenta-se uma erupção macular eritematosa pouco visível (roséola), principalmente no tronco e raiz dos membros. As lesões cutâneas progridem para lesões mais evidentes, pápulas eritemoacastanhadas, que podem atingir todo o tegumento (+ genitais) Atingem a região palmar, com um colarinho de escamação característica, em geral não pruriginosa. obs: a confluência das lesões papulosas forma placas secretantes com muitos parasitas → condiloma plano colarinho de descamação TODA ERUPÇÃO CUTÂNEA SEM CAUSA DETERMINADA DEVE SER INVESTIGADA COM TESTES PARA SÍFILIS SÍFILIS LATENTE: Período em que não se observa nenhum sinal ou sintoma. O diagnóstico se faz exclusivamente pela reatividade dos testes treponemicos e não treponemicos; A maioria dos diagnósticos ocorre nesse estágio. SÍFILIS TERCIARIA: Ocorre em infecções não tratadas, após um período variável de latência, podendo surgir entre 1 a 40 anos após o inicio da infecção; Inflamação causada pela sífilis nesse estagio provoca destruição tecidual. É comum o acometimento do sistema nervoso (tabes dorsalis, mielite transversa e demência) e do sistema cardiovascular (aneurisma aórtico, insuficiência aórtica e estenose coronariana) DIAGNÓSTICO: Campo escuro Coloração de lamina Imunofluorescência direta TESTES IMUNOLOGICOS: TESTE NÃO TREPONÊMICO – detectam anticorpos anticardiolipina não anticorpos específicos para os antígenos do T. pallidum. • Positivo de 2 a 3 semanas após o cancro • Sensível, não específico ➔ VDRL ➔ RPR Obs: quantificáveis: 1:8 , 1:6 , 1:4 – o certo é ir diminuindo com o tratamento TESTE TREPONÊMICO – detectam anticorpos específicos produzidos contra os antígenos T. pallidum. (os primeiros a se tornares positivos) – primeiro que deve ser feito por conta da epidemia de sífilis que vivemos • Positiva de 1 a 2 semanas após a infecção • Sensível e específico • Uma vez positivo, sempre positivo ➔ Teste rápido (TR) ➔ Testes de hematoglutinação GIOVANA SANTA MARIA 3 FPM V Ginecologia ➔ Teste de imunofluorescência indireto (FTA- abs) ➔ Ensaios imunoenzimáticos (ELISA) OBS: os exames diretos só podem ser feitos em fases sintomáticas. TRATAMENTO: Penicilina benzatina – 2400.000 UI IM (1.200.000 em cada nádega) – para sífilis recente: primaria, secundaria ou latente recente Outras opções: • Ceftriaxone IM • Doxiciclina VO 100mg 12/12h por 15 dias Sífilis tardia: latente tardia, com mais de 1 ano de evolução, sífilis terciária ou latente com duração ignorada → penicilina benzatina 2,4 milhoes UI, IM, 1x por semana, por 3 semanas. Ou doxiciclina 100mg 12/12h VO por 30 dias. ATENÇÃO: O PARCEIRO SEXUAL DEVE SER TRATADO! OBS: devido ao cenário epidemiológico atual, qualquer pessoa nas situações citadas abaixo deve receber o tratamento após qualquer exame (treponemico ou não) positivo: • Gestantes • Vítimas de violência sexual • Pessoas com risco de perda do acompanhamento • Pessoas com sinais e sintomas de sífilis primaria ou secundaria • Pessoas sem diagnóstico prévio de sífilis MONITORAMENTO PÓS-TRATAMENTO: Teste não treponêmico trimestral (em gestantes, o controle é mensal) Pode se encontrar: • Resposta imunológica adequada (teste não treponemico diminuindo a titulação em 2 diluições em ate 6 meses para sifilis recente e em até 12 meses para sifilis tardia) • Criterios de retratamento: reativação e/ou reinfecção: é necessária uma avaliação da presença de sinais e sintomas clínicos novos, da epidemiologia (reexposição), do histórico de tratamento (duração, adesão e medicação usada) e dos exames laboratoriais previos, para facilitar a elucidação diagnóstica) o Ausencia de redução da titulação em 2 diluições com intervalo de 6 meses (sifilis recente, 1ª ou 2ª) ou a cada 12 meses em sifilis tardia, após tratamento adequado o Aumento da titulação em 2 diluições ou mais (de 1:16 para 1:64) o Persistência ou recorrencia de sinais e sintomas clínicos IST ULCERATIVA MAIS COMUM Agente etiológico: Herpes simplex vírus • Tipo 1 – oral • Tipo 2 – genital TRANSMISSÃO: por contato sexual e fômites (objetos) GIOVANA SANTA MARIA 4 FPM V Ginecologia PRIMEIRA INFECÇÃO: Tempo de incubação de 6 dias – SINTOMAS MAIS SITÊMICOS/ manifestação mais grave: • Febre • Dor no corpo (mialgia) • Mal estar RECORRENTE: Vírus fica latente no corpo (migração para nervos periféricos) → a reativação viral acontece quando há um quadro infeccioso, menstruação, raios UV, trauma local, stress físico ou emocional, antibioticoterapia e imunodeficiência; Sintomas mais leves No local da lesão a pessoa sente arder antes da lesão aparecer (pródromo) e a ulcera é mais leve do que a vista em uma primeira infecção A LESÃO: Vesículas agrupadas, sobre base eritematosa → ulceras arredondas, com bordas lisas e dolorosas → crostas sero-hemáticas 1°2° OBS: pode-se encontrar também herpes no colo uterino, com um quadro de corrimento e sangramento OBS2: pode ter também linfadenopatia, sendo inguinal, bilateral e doloroso. DIAGNÓSTICO: Clínico! Esfregaço de Tzanck (raspado da lesão) com células epitelias gigantes, multinucleares com inclusões intranucleares. Sorologias para anticorpos (IgM e IgG) Cultura viral (específica na fase de vesícula) TRATAMENTO: 1° episódio: Aciclovir 400mg 8/8h (3x ao dia) por 7 dias VO Ou: 200 mg, 1 cp 5x ao dia por 7-10 dias Recidiva: aciclovir 400 mg 8/8h (3x ao dia) por 5 dias (o ideal é iniciar no pródromo) Mais de 6 episódios por ano: aciclovir 400mh 12/12h por 5 meses Pacientes imunossuprimidos + lesões extensas: aciclovir endonoso Gestação: aciclovir VO em qualquer trimestre (risco de transmissão na passagem pelo canal de parto) – indicação de cesárea se lesões genitais ativas. Agente etiológico: Haemophilus ducreyi Também chamada de CANCRO MOLE, cancro venéreo ou cancro de Ducrey, cavalo e cancroide. Período de incubação: 3-5 dias (pode ser ate 2 semanas) O risco de infecção é de 80% durante o ato sexual com entrada por uma fissura. Acredita-se que a infecção ocorra por múltiplas microabrasões epidérmicas durante o coito. AS LESÕES: Dolorosas, múltiplas e devido a auto-inoculação. Borda irregular. Com contornos eritemato- edematosos e fundo heterogêneo, recoberto por exsudato necrótico, amarelado, com odor fétido que, quando removido, revela tecido de granulação com sangramento fácil. Localizados geralmente na fúrcula e face interna dos pequenos e grandes lábios. A bactéria pode atingir linfonodos inguino-crurais – adenite inguinal unilateral - bubão; No inicio há tumefação solida e dolorosa, evoluindo para liquefação e fistulização, tipicamente por um orifício único. (pápula → pústula → úlcera) DEVE-SE FAZER DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL COM SÍFILIS, DONOVANOSE E LINFAGRANULOMA VENÉREO. GIOVANA SANTA MARIA 5 FPM V Ginecologia DIAGNÓSTICO: Nenhum método de identificação possui sensibilidade adequada. Exame físico: achado de ulcera dolorosa com adenopatia inguinal dolorosa é bastante sugestivo, ainda mais quando evolui para supuração. Microscopia de material corado pela técnica de coloração de gram: bacilos gram-negativos, de tamanho pequeno, agrupados em correntes dos tipos “cardume de peixes”, “vias férreas” ou “impressões digitais” em material coletado das ulceras genitais. Coleta do material biológico: coleta do exsudato seroso da base da lesão, livre de eritrócitos, outros organismos e restos de tecido. O DIAGNÓSTICO PRESUNTIVO DO CANCRO MOLE É DEFINIDO POR: • Presença de 1 ou + lesões ulceradas • Ausência de evidência do T. pallidum em exame de campo escuro ou teste sorológico (realizado 7 dias do aparecimento da lesão) • Aspecto da ulcera e da linfadenopatia regional características do cancroide; • Teste negativo (PCR, cultura) para herpes vírus na lesão ulcerada. TRATAMENTO: Azitromicina: 1g, dose única, VO OU Ceftriaxona: 250mg IM dose única Segunda opção: ciprofoxacina 500mg 1cp VO, 2x dia por 3 dias; eritromicina 500mg VO 6/6h por 7 dias OBS: o tratamento sistêmico deve ser acompanhado de medidas locais de higiene Os pacientes devem ser reexaminados 3 a 7 dias após o tratamento (tempo necessário para a cicatrização completa da úlcera) OBS2: o tratamento dos parceiros sexuais é recomendado, mesmo quando assintomáticos. Agente etiológico: Chlamydia trachomatis, sorotipos L1, L2 e L3 (bact. Gram -) Também conhecido como Mula, doença de Nicolas- Favre-Durand, bubão climático, linfogranuloma inguinal; IST crônica e sistêmica MANIFESTAÇÃO CLÍNICA MAIS COMUM: linfadenopatia inguinal e/ou femoral (sorotipos altamente invasivos aos tecidos linfáticos) → dano do sistema linfático de drenagem da infecção. Período de incubação: de 3 a 21 dias. Doença infeciosa sistêmica e crônica cujos principais efeitos resultam em dano ao sistema linfático de drenagem da infecção. FASE DE INOCULAÇÃO: Papula, pústula ou exulceração indolor → desaparece sem deixar sequela Homem: sulco coronal, frênulo e prepúcio Mulher: na parede vaginal posterior, colo uterino, fúrcula e outras partes da genitália externa FASE DE DISSEMINAÇÃO LINFÁTICA REGIONAL (1 a 6 semanas) Homem: linfadenopatia inguinal (70% unilateral) Mulher: localização da adenopatia depende do local da lesão de inoculação. FASE DE SEQUELAS (1 a 20 anos) Supuração e fistulização por orifícios múltiplos: linfonodos fundidos numa grande massa. Lesão anal: proctite e proctocolite hemorrágica Contato orogenital: glossite ulcerativa difusa + linfadenopatia regional Febre, artralgia, mal estar, sudorese noturna. Anorexia e emagrecimento Meningismo Elefantíase genital / fístulas vaginais, vesicais e estenose retal. GIOVANA SANTA MARIA 6 FPM V Ginecologia DIAGNÓSTICO: Cultura ou PCR para Chlamydia Dorologia títulos 1:64 Teste de frei: inoculação intradérmica • Nódulo 5mm com halo eritematoso após 48h Reação de fixação do complemento TRATAMENTO: 1ª opção: Doxiciclina 100 mg VO 1cp 12/12h por 21 dias (no livro do Freitas fala 14 dias) 2ª opção: azitromicina 500mg 2cp VO 1x/ sem por 3 semanas (gestantes) Deve-se tratar o companheiro; Realizar punção com agulha grossa dos linfonodos flutuantes; Substituir o antimicrobiano se o processo supurativo não melhorar em 14 dias; Agente etiológico: Klebsiella granulomatis (bactéria intracelular GRAM -) Período de incubação: de 3 a 90 dias Outros nomes: granuloma inguinal, granuloma venéreo, granuloma tropical, úlcera serpiginosa, granuloma contagioso e granuloma esclerosante. IST crônica e progressiva a transmissão pode não ser somente por via sexual, mas também fecal ou autoinoculação LESÃO INICIAL: Úlcera de borda plana ou hipertrófica, bem delimitada, com fundo granuloso, de aspecto vermelho vivo, sangramento fácil e indolor. EVOLUÇÃO DA LESÃO: lenta e progressiva, vegetante ou úlcero-vegetante, indolor e com lesões múltiplas, configurações em “espelho” (lesão vai se autoinocular) LOCALIZAÇÃO: regiões de dobras e região perianal ATENÇÃO: não ocorre adenite Raramente há pseudobulbões (granulações subcutâneas) quase sempre unilaterais DIAGNÓSTICO: Presença dos corpúsculos de Donovan! Exame direto (esfregaço + coloração) – com coloração de Wright, Giemsa ou leishman Histopatológico Cultura TRATAMENTO: Doxiciclina 100mg VO 1cp 12/12h por pelo menos 21 dias ou desaparecimento das lesões. Alternativas: • Azitromicina 500 mg 2cp VO 1x/semana por pelo menos 3 semanas ou cicatrização das lesões • Ciprofloxacina 750mg VO 2x/dia por pelo menos 3 semanas ou cicatrização das lesões • SMX-TMP 400/80mg 2cp VO 2x dia por pelo menos 3 lesões ou cicatrização das lesões GIOVANA SANTA MARIA 7 FPM V Ginecologia RESUMO ISTs QUE CAUSAM ÚLCERAS:
Compartilhar