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Livro - Etica na Educacao Fisica

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ÉTICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA
Carlos Antonio Silva
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Curitiba
2019
Ética 
na Educacao Físicaçã
Carlos Antonio Silva
Ficha Catalográfica elaborada pela Editora Fael.
S586e Silva, Carlos Antonio
Ética na educação física / Carlos Antonio Silva. – Curitiba: Fael, 2019.
301 p.: il.
ISBN 978-85-5337-061-0
1. Professores de educação física – Ética profissional I. Título
CDD 174.9796
Direitos desta edição reservados à Fael.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.
FAEL
Direção Acadêmica Fabio Heinzen Fonseca
Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Revisão Editora Coletânea
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Imagem da Capa Shutterstock.com/lassedesignen
Arte-Final Evelyn Caroline Betim Araujo
Sumário
Carta ao Aluno | 5
1. Conceituação e compreensão da ética como construção 
pessoal e social, histórica, cultural e temporal | 7
2. Estudo dos direitos e deveres do profissional 
de Educação Física | 33
3. A ética e a deontologia da Educação Física | 59
4. Dimensão pessoal e profissional das relações entre 
corpo docente, corpo discente e comunidade | 85
5. A ética da educação física: desafios atuais no Brasil | 111
6. Ética do profissional de Educação Física | 141
7. Ética na escola | 167
8. Ética no esporte | 191
9. Ética nas diversas áreas da Educação Física | 215
10. A crise ética da sociedade brasileira e a intervenção 
do profissional de Educação Física | 241
Gabarito | 269
Referências | 285
Prezado(a) aluno(a),
Independentemente do seu local de atuação ou se você é for-
mado em Educação Fìsica bacharelado ou licenciatura, a ética na 
Educação Física é um campo de atuação. Mais ainda, é extrema-
mente importante para o profissinal que pretende melhorar seus 
trabalhos diários, pois ele descobrirá que esse pensamento não é 
isolado e que seus trabalhos podem ou não estar caminhando na 
direção correta. Atualmente, discutir sobre esse tema dentro de 
um mercado consumista ficou cada vez mais complicado, mas 
continua sendo extremamente necessário, o que pode distinguir 
os bons profissionais dos maus.
Carta ao Aluno
– 6 –
Ética na Educação Física
Compreender como foram construídos e como operam os conselhos 
federal e regionais também auxilia no entendimento da necessidade de 
dissociação do curso de Educação Física em licenciatura e bacharelado, 
e como isso afeta direta e inderetamente o trabalho de cada profissional 
formado para o mercado de trabalho.
Dessa forma, essa obra tem como objetivo apresentar, discutir e ana-
lisar os conceitos sobre ética em um contexto mais amplo, que possibilite 
aos profissionais de Educação Física um pensar diferente. Também obje-
tiva ser norteador do entendimento sobre do caminhar da ética na escola 
e fora dela, apresentando a crise ética e como o profissinal de Educação 
Física se encontra no meio dela.
Vale ressaltar que a escolha dos temas seguiu uma lógica que ajuda a 
entender o objetivo e a trajetória de cada profissional de Educação Física. 
Isso significa que essa obra ainda não é fim, mas meio e direção para o 
direcionamento mais correto da ação.
Espero que essa obra seja capaz de gerar novas inquietações em seus 
leitores, e que estas inquietações sejam motivo de novas pesquisas, para 
que o trabalho voltado à sociedade seja cada vez mais justo e igualitário.
O autor.
1
Conceituação e 
compreensão da ética 
como construção 
pessoal e social, 
histórica, cultural 
e temporal
Nesse capítulo serão abordados os conceitos de ética e suas 
variações ao longo do tempo. Como esse tema não diz respeito 
apenas à Educação Física, o leitor encontrará direções e encami-
nhamentos diversos sobre o termo ética e como esse se modifi-
cou ao longo do tempo.
Questões que possivelmente criaram entendimentos diver-
sos serão abordados, um desses entendimentos foi sobre as dife-
renças entre ética e moral, termos vistos por muitos como sendo 
semelhantes, mas que possuem características únicas.
Ao fim do capítulo, traremos uma reflexão de construção 
pessoal, que passa pelos aspectos sociais, políticos, religiosos, 
profissionais, educacionais, esportivos e familiares influenciado-
res e influenciados pela ética na atualidade.
Ética na Educação Física
– 8 –
1.1 Conceitos e compreensões sobre ética
Indiscutivelmente, conceituar e compreender ética se torna complexo 
e interpretativo; dessa forma, determinados momentos do cotidiano, do 
estado emocional e cultural do ser humano acabam não sendo explicados 
com clareza. Aos nos depararmos com variações de ações relacionadas 
a: violência, cinismo, mentiras ou decisões amorosas – questões direta-
mente relacionadas à moral –, nossos princípios tendem a ser colocados 
em “prova”; assim, a responsabilidade e a liberdade de escolha se fazem 
causadoras diretas do que conhecemos como ética.
A palavra ética se origina da Grécia, com a descrição correta “ethos”, 
que possui como característica mais marcante a referência que faz ao cará-
ter, disposição, costume e hábito. Ao observar dentro do campo da filo-
sofia, podemos dizer que ética é o entendimento do conjunto de valores 
morais de um grupo ou indivíduo. Inicialmente, a filosofia clássica bus-
cou fundamentações teóricas para a melhora no estilo de vida – pública 
ou privada – almejando a melhora do convívio social e aprofundamento 
das questões que posteriormente influenciariam direta ou indiretamente 
o estilo vida, e que abrangeriam áreas acadêmicas hoje conhecidas como 
antropologia, psicologia, sociologia, pedagogia, política, economia, dialé-
tica e também educação física.
Segundo Spinoza (2009) existe a possibilidade de se criar uma visão 
clássica explicativa dos conceitos de ética a partir de vertentes explora-
tórias como a metaética, ética normativa e ética aplicada. Dessa forma, 
tornou-se importante que tais conceitos fossem apresentados e descritos.
1.1.1 Metaética
Segundo Walker (2015) a metaética é um conceito que se destina 
à investigação de questões relacionadas a práticas morais, e que busca 
melhorar a compreensão de palavras como “erradas” ou “permitidas” 
dentro do conceito, quando trata das ações de preferência dentro de um 
conceito moral como sendo benéficas ao aprendizado.
É sabido que todos compreendem questionamentos do tipo: isso é bom? 
Após refletir sobre tal questionamento, podemos nos perguntar ainda: isso 
– 9 –
Conceituação e compreensão da ética como construção pessoal e social, 
histórica, cultural e temporal.
é prazeroso, desejado ou aprovado? Pensando nesses conceitos, o estado da 
mente é modificado pelas questões à medida em que buscamos suas respos-
tas, e estes aspectos muitas das vezes dão a direção de nossas respostas e 
direcionam as estratégias a serem seguidas. Ao tratar dos valores intrínsecos 
e extrínsecos que essas respostas podem refletir, ser bom ou ruim depende 
muitas vezes do humor e das vivências anteriores ofertadas à pessoa. Valo-
res intrínsecos devem ser entendidos como aqueles adquiridos e trazidos 
pela pessoa; por outro lado, os valores extrínsecos são aqueles que ao longo 
do tempo são agregados pela sociedade por mecanismos diversos, como 
relações, conversas e experiências passadas (MOORE, 1993).
1.1.2 Ética normativa
O conceito de ética normativa encontra-se na orientação da conduta 
moral, dos princípios e/ou conjunto de concepções, aspectos para base ou 
critérios que fundamentam a ética normativa, de tal forma que também 
pode ser entendida como: não querer ao próximo algo que repudia ou que 
não tomaria a si próprio.
A ética normativa vai no viés de aplicação da investigação do que é 
correto ou incorreto, do estado de bom ou mau, e que induz a uma classe 
de indivíduos o dever de ter que aceitar uma determinada regra.
Essa prática é muito vista em legislações ou regimes privados, que 
estabelecem ou criam documentos norteadores com segmentos da ética 
profissional ou para o comportamentocivil. É fundamental destacar que 
o termo sobre ética não pode e não deve ser confundido como lei, mesmo 
que frequentemente a lei tenha sustentação nos princípios éticos. Há diver-
gências entre a lei e a ética: a lei se omite na resposta à finalidade quanto 
se trata da ética; enquanto a ética não força a obrigatoriedade da prática 
e nem o castigo pela falta de utilização na prática, seja pelo estado, pela 
sociedade ou pelo indivíduo (WALKER, 2015).
1.1.3 Ética aplicada
Segundo Walker (2015), a ética aplicada é o caminho que se preo-
cupa com a análise de questões relacionadas à moral particular na vida 
Ética na Educação Física
– 10 –
privada e pública. Nos anos 50, um dos mecanismos que discutiu esse tipo 
de ética encontrou-se pautado na inseminação artificial e em transplantes 
de órgãos, pois tais práticas haviam iniciado.
No conceito anterior, pudemos notar um certo destaque que foi dado 
à ética médica, mas, em se tratando da ética aplicada, ainda podemos con-
ceituar, mesmo que de forma breve, a:
1. bioética – designada como ética prática, dando conta dos confli-
tos controversos morais que implicam na prática do âmbito das 
Ciências da Vida e da Saúde;
2. ética do amor – encontra nas relações entre os seres e suas dis-
cussões frente ao que é certo e errado;
3. ética da ciência – o estudo visto como um conceito de organi-
zação e estrutura definidos que possibilitem o melhor entendi-
mento de uma pesquisa ou necessidade;
4. ética no trabalho – conceito que é utilizado para se manter as rela-
ções dentro do ambiente de trabalho; deveres e direitos de cada fun-
cionário ou departamento para que haja harmonia entre as ações;
5. ética ambiental – voltada ao cuidado com o meio ambiente, o 
desmatamento, as florestas, os rios, ou seja, o bem comum;
6. ética do direito – garantia constitucional do direito de ir e vir, 
poder falar e ser aceito por suas expressões;
7. ética política – na sociedade atual, é o campo que está relacionado 
com os conceitos das leis e diretrizes que regem um país, trabalhar a 
serviço de um povo ou nação, sem o olhar para os interesses pessoais;
8. ética da informação ou infoética – vinculação dos conceitos de 
forma idônea e transparente, usar os recursos sem ferir seus cria-
dores ou desenvolvedores;
9. ética dos meios de comunicação social – ser transparente e ver-
dadeiro quanto ao que se é vinculado nos diferentes meios de 
comunicação (impresso, televisivo ou mídias sociais);
– 11 –
Conceituação e compreensão da ética como construção pessoal e social, 
histórica, cultural e temporal.
10. ética na engenharia – é relacionada ao corpo técnico de pres-
tação de serviços, seja no campo ambiental, de arquitetura, 
entre outros;
11. ética administrativa –relacionada à administração pública ou 
privada, dos arquivamentos e condutas administrativas que pos-
sibilitem o melhor andamento de produtos e serviços;
12. ética da técnica – conhecer e respeitar os procedimentos apresen-
tados de forma a não manipular situações ou resultados obtidos;
13. ética social – a sociedade como alicerce da comunidade local, 
seu trabalho e sua dedicação à melhoria de um local ou região;
14. ética sexual – o cuidado com o outro; atualmente vemos nessa 
questão os casos de pedofilia, homofobia, e tantos casos relacio-
nados às mulheres;
15. ética com animais –cuidados direcionados aos animais de 
pequeno e grande porte quanto a seu manuseio, alimentação, 
adoção e soltura em habitat natural – quando possível, utilização 
para realizar estudos.
1.2 A ética grega
Ao destacar os conceitos sobre ética grega, se faz necessário antes 
diferenciar os termos e significados do que é ética e do que é moral dentro 
dos caminhos da filosofia grega.
Nesse contexto, ética se origina do termo grego “etho”. Já a moral 
é oriunda do latim “mos”, com significado de “costume”. Dessa forma, 
pode-se dizer que ética e moral possivelmente apresentem a mesma base 
etimológica, ambas relacionadas a hábitos e costumes, de forma distinta 
em sua representação. Contudo, a ética encontra-se diretamente relacio-
nada a princípios; já a moral volta-se para a conduta, ou seja, ética é algo 
permanente e universal (WALKER, 2015).
Ética na Educação Física
– 12 –
Figura 1.1 – Princípios que diferenciam ética e moral
Fonte: elaborada pelo autor.
Os primeiros passos da ética surgem com a conjectura dos filósofos 
sobre os hábitos sociais dos tempos antigos, ou seja, além das práticas 
habituais de conduta. Como ressalvas, temos a concepção democritiana do 
bem moral e a teoria heraclitiana da justiça (WALKER, 2015).
Para Heráclito, a resolução é vista nas noções de erro e reparação, e 
descreve a punição ou a correção a quem fere e perturba a ordem entre os 
elementos do mundo, a partir do olhar ético, político e estético, a ordem 
da physis ou do kosmos. Xenófanes foi o primeiro pensador que buscou 
entender e separar o estudo do mundo divino ao do humano; nessa busca 
de entender as diferenças, atribui ao divino (entendido como os deuses) 
o conhecimento apenas da justiça e da harmonia, e aponta para o mundo 
a hospitalidade, a retribuição, os conflitos e a injustiça, que possivel-
mente contrariam as condutas do homem, não o assemelhando ao kosmos 
(WALKER, 2015).
É provável que esse trajeto os prepara para a formação do raciocínio 
ético que surgiu há mais de um século. Demócrito foi discípulo e posterior-
– 13 –
Conceituação e compreensão da ética como construção pessoal e social, 
histórica, cultural e temporal.
mente sucessor de Leucipo de Mileto, cujo maior feito relatado na história 
é proveniente da teoria atômica ou atomismo. Tal teoria discorre sobre o 
prisma da indivisibilidade, ou seja, seríamos seres indivisíveis como o 
átomo. Não se consegue precisar se tal afirmação partiu de Leucipo ou 
de Demócrito, pela proximidade de ambos, mas é claro que possibilitou 
avanços no conceito de um universo infinito, em que poderia existir outros 
universos semelhantes ao nosso.
Fundamental associação para obtenção da qualidade de vida é levar 
em consideração as questões internas do sujeito, ou seja, seu estado de 
espírito, conhecido como a tranquilidade de espírito e o bom humor, asso-
ciado ao bem-estar e à capacidade de não se incomodar com nada. A jus-
tiça como bem da alma é uma tese socrática que nos submete o olhar ao 
exercício da razão, dos prazeres intelectuais e espirituais.
Uma possível reconstrução da filosofia ética de Sócrates poderia ser 
a partir dos textos de Xenofonte, bem como de seus primeiros diálogos. 
Estilo inovador da pesquisa ética tanto quanto da compreensão da virtude. 
Um elemento em destaque foi o ato de progredir objetivando a virtude. O 
pensamento socrático surpreende com a sua convicção em declarar que a 
racionalidade, ou o saber, é um meio de evoluir até a virtude. Esse pro-
cesso de pesquisa racional, permite edificar uma união de certezas que 
forma o conteúdo da ética. Uma forma da visão ética socrática era que: 
“sem um exato saber não é possível uma ação justa e sempre que há saber, 
a ação justa resulta automaticamente. O saber é a raiz de toda ação ética, 
e a ignorância a fonte de todos os erros” (MIGUEZ et al., 1977, p. 22).
O pensar deve ser capaz de transmitir ideais de como seria melhor 
agir ou ser a respeito das relações de convívio social; assim seria a noção 
da ética grega. Outrora, a filosofia começou observar o homem perante 
fenômenos naturais; a razão para isso está na busca incessante de encon-
trar o viés que explique homem e realidade.
Assim começam as investigações e estudos sobre a physis – conceito 
do princípio da evolução ou do progresso, na natureza – feitos pelos pré-
-socráticos, seguindo nos trabalhos de Platão e Aristóteles. Foi por esse 
motivo que diversos filósofos conseguiram se superar e seus fenômenos 
conseguiram, num primeiro momento, adesão; em seguida, se amedron-
taram para tal fato, e houve interesse em desvendar tal fenômeno; ques-
Ética na Educação Física
– 14 –
tionou-se a causae a essência. Nasce assim a filosófica que procura no 
primeiro momento o desvendar da natureza e da essência do mundo.
1.3 Pensadores e suas visões da 
ética como conduta humana
Segundo Sá (2009), diversos aspectos são discutidos sobre concep-
ção de entendimento da ética, bem como as correlações ao entendimento 
dessa, o modo e o “pensar” de grandes filósofos; foi procurado então o 
expressar de um modo amplo, a fim de esclarecer tal conceito, facilitando 
o entendimento científico de diversos pensadores da área.
Esse conceito foi extremamente importante para o entendimento da 
vontade e/ou das regras cuja importância está no entendimento da con-
duta humana, das ações, do modo ou da maneira do ser, sendo essa uma 
resposta aos estímulos “cerebrais” ou ao “sistema nervoso central”, sendo 
assim comandado pelo cérebro e sujeito a variações situais, pois o com-
portamento é constante e ocorreria sempre da mesma forma, já a conduta 
está sujeita à variabilidade de efeitos.
Os conceitos de ação, atitude, comportamento e conduta apresentam 
suas diferenças na exteriorização das razões pelas quais são inseridos e 
influenciam na tomada de decisão que o sistema nervoso central fará. 
Como exemplo, pode-se citar a resposta que um jogador dá a um estímulo 
de drible – quanto tempo ele demora para perceber, qual sua reação ou o 
que vai ser feito após este estímulo são características do comportamento.
Dessa forma, a ética que estuda a ação comandada pelo sistema ner-
voso central pode ser determinada pela observação e variação de represen-
tações das condutas humanas, e está sendo o mecanismo de compreender 
a vida do homem, que diverge das ações dos demais pensadores da época.
Um adepto do egoísmo e do despotismo foi o filósofo materialista 
inglês Thomas Hobbes, que considerou o básico da conduta, como bem 
maior, a conservação de si mesmo; não conseguiu expressar corretamente 
como se compreenderia a conduta e como esta seria classificada quanto ao 
seu entendimento científico (COHEN, 1993).
– 15 –
Conceituação e compreensão da ética como construção pessoal e social, 
histórica, cultural e temporal.
René Descartes, já no final de sua vida, buscou junções para suas 
explicações sobre as ligações funcionais entre os elementos do corpo, 
espírito e pensamento a todo tempo, com respeito direcionado à pessoa 
da relação. Seus sentimentos e suas vontades estabelecem uma relação 
equivalente ao comportamento emocional como influenciado pela alma. 
Ao defender isso, Descartes apresentou temas que falavam sobre o corpo 
humano e as influências que sofreu por meio das atitudes humanas, dando 
ao ser humano a responsabilidade que lhe cabe. Consolidou o conceito 
que moldaria depois a conduta humana, partindo do entendimento de si.
Já um filosofo holandês de origem portuguesa, Baruch Espinosa, com 
o mesmo pensar linear de Hobbes sobre ética, o qual já foi explanado, 
traçou o caminho científico de grande valor teórico, expressou-se a partir 
do desejo do bem para si mesmo sobre o conhecimento da natureza divina 
sobrepondo a tudo (COHEN, 1993).
John Locke nasceu na Inglaterra, em 1632, e defendeu a reflexão e a 
sensação como experiência que pode favorecer o conhecimento ético; sua 
obra Ensaio sobre o entendimento humano descreveu a conservação do ser, 
completa com a busca constante de se evitar a tristeza, isso por ventura 
poderia auxiliar as reflexões pessoais, favorecendo a alegria de se viver 
(COHEN, 1993). Locke afirma que tudo é adquirido de forma particular, e 
que condiciona a organização cognitiva a um método de aquisição da ver-
dade educacional e cultural obrigatória, sendo por iniciativa própria ou dos 
demais, descartam-se as deduções de conduta, causas naturais, movimenta-
das pelo cérebro e pelo espírito, sendo como um fruto adquirido.
Segundo o alemão Gottfried Wilhelm Leibniz, as normas da moral 
são inatas, mas também existem verdades inatas. De uma forma singela, 
escreveu que não se deve fazer aos outros o que não quer que seja feito 
com você, ou seja, quanto à verdade natural, ela se encontra em nós pelo 
instinto e pela luz e, por isso, somos provocados a atos por instintos (SPI-
NOZA, 2009). Servem de exemplo as ações que realizamos ao sermos 
expulsos de uma corrida de 100 m por termos cometido uma falta na saída, 
nossa atitude para com o árbitro ou para com os demais (adversários, pla-
teia e outros)... tais atitudes foram corretas ou nos deixamos levar por um 
momento único? Será que somos verdadeiramente assim?
Ética na Educação Física
– 16 –
Entendendo por sua vez que há muitos mundos existentes e que Deus 
agiria dentro de uma razão lógica e, assim, justificando tudo o que acon-
tece, e dizendo que, de certa forma, sempre o bem será prevalente ao mal. 
Apontou os males como existentes e necessários pela associação ao bem, 
porque seria difícil identificar o bem sem os males para avaliação do que 
se denominaria bom; tal questionamento seria reflexivo em meio à socie-
dade humana (SPINOZA, 2009).
Pelo posicionamento utilitarista como questionador de causas que 
promovem vícios, virtudes, falsidade e de dignidade, destacou-se no 
campo da ética o historiador David Hume, defensor de uma ciência dire-
tamente relacionada ao respeito à ética, tratando da segurança e da paz da 
sociedade por meio da conduta (SÁ, 2009).
O pensamento de Hume ressaltou situações de condutas muito apa-
rentes nos dias de hoje: a conduta da sociedade que nem sempre estaria de 
acordo com a virtude ou o padrão, expondo atos de corrupção de poder, 
inverdades habituais de homens públicos ou cargos, com veiculação à 
condução da imprensa por interesse econômico, situações que transgre-
dem a verdade já enunciada pelo filosofo há tanto tempo, e essa prática 
ao vício do desrespeito ao patrimônio público, à deslealdade, à falta de 
sinceridade, à traição, tem levado a sociedade humanitária a descrenças 
profundas (SPINOZA, 2009).
Outros pensadores contemporâneos modernistas observaram a ética 
sob prismas repetitivos em relação aos ilustres já comentados, entretanto, 
acrescentando detalhes mais voltados para a forma do que para a essência, 
mesmo em sua rebeldia apresentada (SÁ, 2009). Albert Einstein, com sua 
visão da ética como algo intrigante e difícil de ser explicado com palavras, 
prezou então por ser humilde, afável, cordial e de extrema confiança em 
tudo que destinava a realizar, dedicado à física e à matemática, marcante 
em suas visões éticas. Deixou relevantes opiniões sobre a vida e o mundo, 
desprendido aos bens materiais e desapegado ao luxo. É possível destacar 
pontos em seu conceito e visões sore a ética:
 2 consagração ao conhecimento e ao trabalho;
 2 negação à submissão e ao conformismo;
 2 repúdio à escravidão no ensino e uma visão uniforme;
– 17 –
Conceituação e compreensão da ética como construção pessoal e social, 
histórica, cultural e temporal.
 2 respeito ao próximo; amor à simplicidade e à liberdade;
 2 confiante no ser livre de pensamento, sendo assim, criativo para 
contribuição na melhora das condições de vida;
 2 acreditava em como era difícil ensinar ou aprender sobre aquilo 
que não se ama;
 2 admitia que o conhecimento da realidade vinha da experiência e 
nela terminaria;
 2 compreendia que a realidade e a razão deveriam caminhar jun-
tas, embora ambas estivessem em regime de consciência;
 2 entendia que possuir humildade intelectual seria condição para a 
grandeza da ciência e do ser;
 2 reconhecia que a fama despertaria a inveja e o ressentimento, 
porém, seria necessária a cautela para não se tornar vítima de 
si mesmo.
1.4 Ética atual: reflexão para 
uma construção pessoal
É possível perceber uma complexidade quanto ao entendimento ético 
e moral, pois se apresentam diferentes situações, porém, que muitas vezes 
resultam num mesmo objetivo: a satisfação pessoal. Temos como exemplo 
o esforço tremendo que foi feito no final da década de 40 até o início da 
década de 60 para que a Educação Física se tornasse disciplina no currí-
culoescolar. Nesse período, cria-se a Educação Física pedagogicista, que 
promoveu na sociedade uma reflexão de que a Educação Física não deve 
mais ser vista apenas como melhoradora de corpos, com finalidade para o 
trabalho, ou disciplinadora da juventude com fins militares, mas como prá-
tica educativa, com conceitos e concepções validados (GHIRALDELLI 
JÚNIOR, 1991), que poderia instrumentalizar pessoas a manter uma vida 
mais saudável e ativa, dentro de seus princípios.
Dessa forma, podemos dizer que fora traçado o caminho histórico 
da Educação Física. O panorama apresentado e a falta de conhecimento 
técnico foram aspectos fundamentais que produziram um olhar marginal 
Ética na Educação Física
– 18 –
para a Educação Física, haja vista que, no Período Colonial, habilidades 
manuais e físicas estavam atreladas ao trabalho realizado por escravos, 
pois seus colonizadores (elite branca) dedicavam-se às atividades volta-
das ao intelecto (educação formal). Por meio dessa determinação histó-
rica, os aspectos atuais sofreram e sofrem modificações; pode-se citar os 
horários que são colocados às aulas de Educação Física, muitas vezes por 
ser conveniente para outras disciplinas consideradas como superiores, não 
levando em consideração as necessidades específicas – por exemplo, ativi-
dades serem fornecidas no horário em que o sol é mais vigoroso, ou a falta 
do profissional de Educação Física no planejamento escolar, nas discus-
sões e avaliações do trabalho pedagógico da entidade de ensino (GUIMA-
RÃES et al., 2001). Isso, ao longo do tempo, provocou e ainda provoca 
reflexos, um distanciamento do professor de Educação Física da equipe 
pedagógica escolar, que muitas vezes gera isolamento ou diminuição de 
sua importância na formação dos alunos.
É fundamental salientar que cada profissão possui condutas e reco-
mendações a serem respeitadas, assim como não se deve esquecer que o 
ser ético se dá por meio de princípios, muitas vezes influenciados pelo 
momento introspectivo. Caso uma conduta não seja adequada, o profis-
sional, amparado em seu código de ética profissional, pode e deve deixar 
de atender a um indivíduo ou grupo em razão de manter o bom relaciona-
mento com os demais. Por outro lado, o indivíduo ou grupo pode se dirigir 
ao conselho expondo o profissional, que será notificado e julgado sobre a 
luz deste mesmo código de ética que rege suas funções.
Partindo desse princípio, construir uma vida ética e moral fica cada 
vez mais complicado, se observarmos que, há décadas, foram adotadas 
práticas contra ações legais, morais ou éticas para benefícios de pessoas 
ou grupos, que podem ser confundidas como corretas, mesmo quando vis-
tas por outros como imorais ou ilegais, em diversos aspectos como: social, 
político, religioso, profissional, educacional e esportivo.
Dentro do entendimento da ação correta e incorreta, do bem e do mal, 
questionamentos e hábitos culturais foram gerados ao longo do tempo em 
diversas áreas, que visaram o incremento de novos conhecimentos, sendo 
posteriormente padronizados. A partir disso, indagações podem e devem 
ser estimuladas a fim de causar inquietações ao leitor, criando assim um 
– 19 –
Conceituação e compreensão da ética como construção pessoal e social, 
histórica, cultural e temporal.
novo olhar. Dessa forma, o Conselho Federal de Educação Física (CON-
FEF) nasce e discorre sobre ética para o profissional de Educação Física.
Todas as apresentações textuais não têm interesse em direcionar a 
um entendimento do que seria o correto, incorreto, bom ou mal, certo ou 
errado, muito menos em induzir a um entendimento unilateral, a veraci-
dade da verdade ou da justiça não caberá aqui a ser definida. Esta, tem 
como objetivo promover inquietações e provocar diversidades interpreta-
tivas que façam o renascimento de pensadores.
1.4.1 Aspecto social
Seu princípio está direcionado para questões morais, norteado à 
sociedade, do que pode ser o certo ou o errado. Orienta-se muitas vezes 
por regras. Uma delas é o código de conduta, regime que procura o esta-
belecimento de normas e que atribui a segurança social, a fim de garantir 
convivência saudável, em que indivíduos podem de maneira benéfica agir 
em prol do bem comum social e não apenas do bem próprio.
No aspecto social, pensamos que: uma família que reside afastada 
da cidade, sem a infraestrutura necessária, ou seja, sem coleta de lixo ou 
saneamento básico apropriado, poderia ou teria direito a descartar seus 
resíduos inutilizados em riachos ou na mata. Essa apresentação de um 
bem social, o direito ao saneamento básico, no traz à tona o questiona-
mento que pode apontar ou transferir responsabilidades. Seu direciona-
mento adequado pode gerar movimentos na família e na gestão de políticas 
públicas, interferindo diretamente na sociedade. Caso essas indagações e 
provocações não surtam efeito de melhoria, podem a qualquer fim provo-
car danos ambientais, físicos (como enchentes), econômicos e sociais. Ao 
observar isso, podemos notar uma intima relação existente entre a moral 
e a ética.
Pensando nesse contexto, podemos citar dois fatos históricos que 
mudaram o contexto social e seus pensamentos: o primeiro deles ocorreu 
em 2015, com o rompimento de uma barragem de rejeitos tóxicos em 
Minas Gerais, que na ocasião acabou com comunidades que viviam dire-
tamente da pesca, com os rios e com diversas cidades ao longo do trajeto 
devastador. A segunda ocorrência, no ano de 2018, também no estado de 
Ética na Educação Física
– 20 –
Minas Gerais, mas agora na cidade de Brumadinho, episódio que repetiria 
a tragédia, muitas vezes anunciada, com danos psicológicos imensuráveis 
decorrentes da perda familiar, também interrompendo e comprometendo 
de forma irreversível os sonhos e o progresso pessoais e sociais, não só 
em Brumadinho, mas também nas localidades vizinhas ribeirinhas que 
usufruíam do rio para viver.
Nesse momento, a discussão que paira está na relação de ética como 
constructo social e econômico, visto que é de suma importância para o 
desenvolvimento do Brasil a produção e a extração de mineiros, mas, a qual 
preço? Dessa forma, a necessidade do crescimento nos trouxe junto o prin-
cípio da desigualdade e da tragédia. Ao se pensar em ética social, o interesse 
comum, a segurança e os benefícios à sociedade não foram respeitados.
1.4.2 Aspecto político
Diversas especulações têm surgido a partir de debates sobre esta temá-
tica, bem como conflitos entre os princípios norteadores da ética e a reali-
dade política. Dessa forma, uma dialética foi criada a partir dos fins, com 
dever pragmático do curso da história. Na antiguidade, onde críticas eram 
ocasionadas em decorrência dos filósofos em nome de ideais claros de vida 
digna, sobre uma massa política de governantes que buscavam a glória, con-
siderados como superiores e detentores das leis. Face à revolução na Idade 
Média, e com objetivo pragmático, a dialética encontrou-se intimamente 
ligada à estabilidade do reino e à glorificação dos principados, enquanto a 
crítica ética era construída sobre o princípio da moralidade e dos bons cos-
tumes governamentais. Com a modernidade, o pragmatismo é modificado 
para um olhar voltado à economia, e sua crítica ética fundada nas ideologias 
de igualdade econômica e de uma justiça social.
Dessa forma, o tema sobre ética e política sempre se manteve em 
pauta em diálogos e conflitos, variando apenas em temas e termos deste 
ao longo do tempo. Aceita por muitos como agressora moral, a mentira 
política não pode ser esquecida e prevaleceu por muito tempo em rodas 
de debates. 
Uma forma comum desse dispositivo é a negação que se faz quanto 
à manutenção de segredos militares, construção de bombas atômicas, ou 
– 21 –
Conceituação e compreensão da ética como construção pessoal e social, 
histórica, cultural e temporal.
a tentativa de manchar a imagem de uma pessoa ou não frente a outra, 
usando-se dos diversos meios de comunicação. Quando nos referimos à 
Educação Física,muitas vezes estas mentiras estão associadas a um gol 
que não aconteceu, um profissional que, mesmo sem o devido registro, 
atua como se já estivesse formado, e outras tantas ações que conhecemos 
que são encobridas com base na mentira.
Usar de forma ilícita a mentira em ações pode favorecer sua aceitação 
junto à opinião pública, uma vez fragilizada. Nesse contexto, podemos 
entender da seguinte forma: o Estado fragilizado pelo gasto excessivo de 
dinheiro público, em que os juros e a má administração atrapalham sig-
nificativamente o desenvolvimento nacional, realiza como medida o con-
gelamento dos preços e a isenção de algum imposto, com a promessa da 
melhoria do poder aquisitivo. Negar, nesse ato, até o momento em que ele 
é efetivado, é uma mentira política aceitável, desde que gere o resultado 
esperado posteriormente.
O diálogo político que conhecemos como mentira se faz por outros 
caminhos ou áreas: quando se quer dar um jeitinho para conseguir um 
melhor cargo, ou promoção, quando queremos aparentar algo que não 
somos com boas roupas ou ótimos calçados, forjando imagens e limites de 
verdades desgastadas, ou a formação de alianças para fins pessoais. Essa 
versão está ligada ao imediatismo e ao oportunismo, sujeita ao erro e ao 
equívoco naturais.
A história contém métodos e perspectivas construídos ao longo do 
tempo, e a política como está constituída a trata como versões e não com 
fatos científicos. Objetivos obscuros podem ser tratados nessa área de con-
tato, como exemplo a mobilização para adesões populares oposicionárias 
ou não a uma pessoa/governo. 
Compatibilizar esses conflitos entre ética e política, nos direciona a 
entender a trajetória feita pela vida humana – o homem como ser social. A 
este ser social deve ser dado o direito à decisão e não ao aprisionamento 
de suas ações e respostas. Uma margem flexível deve ser respeitada como 
princípio moral e ético, que o dirige as ações coletivas e o observa com-
placente para ações, flexibilizando de tal forma que torne-se parte do ser 
social as ações e decisões tomadas em qualquer esfera.
Ética na Educação Física
– 22 –
A promessa, por outro lado, vai na contramão dessa expectativa. Usa, 
muitas vezes, da boa vontade da população para conseguir algo, com legi-
timação do sistema. As promessas, muitas vezes, demandam de anseios da 
própria população, e por isso são intensamente usadas, decorrem da fra-
gilidade da população de alimentar-se de expectativas positivas e assumi-
rem formas variáveis do mesmo propósito. Vê no agente que a representa 
a possibilidade de compatibilidade de seus ideais éticos, desde aqueles 
que são construídos com bases realistas, como aqueles que são constru-
ídos com bases irreais (falsas promessas), sem que seu cumprimento ou 
descumprimento possua justificativa ou relação com o que passa o Estado 
ou Governo.
Aqui tratou-se da promessa destinada a indivíduos ou grupos cons-
tituídos da clientela do candidato, não da promessa de comprometimento 
programático ou de governo; embora ela também possa resvalar para a men-
tira, pela via demagógica, tornando-se incompatível do ponto de vista ético, 
recorrente em outras áreas também, como a promessa de emagrecimento 
em 10 dias com base em sucos e chás, ou a promessa de realização de uma 
série de exercícios que traga um corpo “sarado” em 15 dias, por exemplo.
O regime democrático pode ser visto como outra questão, no que diz 
respeito à falta de interesse por parte da população, que não se vê repre-
sentada, em que uma parcela corporativista acaba se utilizando do que é 
destinado a todos. Penso que isso pode ser visto também como questão 
destinada à ética: constatar a preocupação do direito privado sobre os dire-
tos de esfera da sociedade civil, sendo esta uma das funções de orientação 
e fiscalização do sistema CONFEF/CREFs.
Ainda com base nessas questões específicas democráticas, há os 
que dizem sobre a relativização da importância nos valores universais do 
mundo pós-modernidade, em que existe uma sustentação pragmática do 
que é importante à democracia liberalista, uma possível democracia que 
levaria em conta, dentre outras coisas, a boa convivência entre os seres.
Mas, avançar nessa consolidação democrática não tem sido fácil, 
pois pensamentos têm construído uma tendência muita mais voltada à 
resolução de conflitos voltados a favor da ética e não mais contrária a ela. 
O marco para isso tem sido o que ficou conhecido como transparência das 
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Conceituação e compreensão da ética como construção pessoal e social, 
histórica, cultural e temporal.
ações públicas, das ações políticas e do governo; dessa forma, o direito 
garantido à verdade poderia ser visto como efetivo para liberdade de opi-
nião em sua plenitude; logo, a responsabilidade que é do Estado destina-se 
para a pessoa, que muitas vezes não sabe ou não consegue conduzi-la.
É possível vislumbrar ou descrever uma tendência que possa ir de 
encontro ao que se espera sobre relações entre ética e política na evolução 
democrática? Isso possivelmente pode ser explicado a longo prazo, após o 
entendimento das ideias e ideologias geradoras da democracia.
Pode-se dizer que, no século XIX, o Brasil teve seus momentos éti-
cos, entre a década de setenta e oitenta, com a abolição da escravatura, que 
resultou no que conhecemos por República. No século XX, foi a Revo-
lução Constitucionalista, no período de 1922, que desencadeou a revo-
lução de trinta e se desdobrou no período desenvolvimentista dos anos 
cinquenta (BRAGA, 2019).
À medida em que crescem os anseios por um novo projeto político e 
econômico, crescem também em todas as partes do país os debates sobre 
as definições para ética e política, buscando, acima de tudo, garantir a 
efetividade do que é destinado à população como direito.
Para ajudar nesses conflitos, é fundamental recorrer à literatura clás-
sica para examinar a realidade nacional à luz de uma filosofia. O que 
podemos achar como básica para tal seria a fundamentação kantiana, que 
buscou o imperativo da universalidade, em que cada ação respeitava uma 
regra máxima absolutamente universalizada a que todos os que dela cola-
boravam se submetiam. Mas, o indivíduo em sociedade não responde à 
moral completamente; como referido, as preocupações e exigências des-
ses momentos éticos se tornam mais amplas à medida em que se afunilam 
as relações da atividade pública. Ética nacional deve ser vista como res-
ponsabilidade coletiva, deve ser regida pelo poder público, em que todos 
estão presentes e devem ser representados. 
Mas deve ficar claro que a ética deve sobretudo partir de um senti-
mento popular com respeito ao destino de uma sociedade, que marcha em 
direção a uma sociedade mais justa e igualitária. O conceito abrange o 
interesse de cada um e de todos pelo destino, então o termo sociedade – do 
latim: associação amistosa com outros – está bem empregado. 
Ética na Educação Física
– 24 –
Faz-se necessária uma observação da própria história e ainda a exten-
são do campo, a fim de abranger e resgatar a ética, para que esta compre-
enda também os sentimentos e interesses inerentes à nação. A medida em 
que não há conflito, não há composição de novas mudanças, e o interesse 
passa a ser invisível.
Podemos dizer que existe interesse por parte do Estado nessas ques-
tões, em gerar resposta à população, o que possibilitaria um plano nacional 
consistente. Pensando no profissional de Educação Física, esse momento é 
o de garantir sua legitimidade perante a sociedade, que o vê muitas vezes 
como um realizador de movimentos e não como o profissional que é; as 
ações para isso devem ser amplas, de resgate e de rompimento dos obstá-
culos diários, em que fique claro o novo e construído momento ético.
1.4.3 Aspecto profissional
No campo profissional já discutido no capítulo anterior, o valor da 
ética consiste em um conjunto composto por valores, normas e condu-
tas, que busca dar direção e conscientizar cada profissional no momento 
de sua atuaçãodentro ou fora de uma organização. Dessa forma, a ética 
profissional gera interesse mútuo entre a empresa e o profissional, que 
buscam juntos o desenvolvimento.
Percebemos muitas vezes que não acontece essa caminhada na mesma 
direção, em que o profissional e a empresa não tentam falar a mesma 
língua; isso acaba refletindo no trabalho junto ao cliente, que espera de 
ambos um ótimo local para desenvolver-se – a empresa – e de bons conhe-
cimentos teórico-práticos para o seu desenvolvimento – o profissional.
Além da experiência e da autonomia em sua atuação, o profissional 
que apresenta uma conduta ética muitas vezes consegue conquistar mais 
respeito, credibilidade, confiança e reconhecimento de seus comandantes 
e no ambiente de trabalho. Esse envolvimento com a mudança começa 
de dentro pra fora, com a busca incessante pelo conhecimento e troca de 
experiências, para cada vez mais melhorar seu atendimento diário.
Uma conduta caracterizada como ética tem contribuído para melhora-
mento dos processos internos, aumento da produtividade, cumprimento de 
metas e a melhoria dos relacionamentos interpessoais e organizacionais; 
– 25 –
Conceituação e compreensão da ética como construção pessoal e social, 
histórica, cultural e temporal.
isso mostra seriedade do trabalho desempenhado por ambos os agentes e 
faz com que o cliente permaneça fidelizado no espaço de formação. Dessa 
forma, profissionais e empresas têm prezado por questões que competem 
a valores e princípios que gerem gentileza, temperança, amizade e paciên-
cia, exibem bons resultados relacionais, mais autonomia, satisfação, pro-
atividade e inovação. Na escola, tais ações fazem com que os alunos se 
comprometam com a participação em todos os momentos da aula; o pro-
fessor, nesses casos, é visto como espelho, onde crianças e adolescentes 
sempre buscam se refletir.
Profissional e empresa devem possuir ou construir juntos o código 
de conduta; isso acontece em sala de aula, com a regras construídas e 
seguidas pelo grupo. Esse instrumento deve gerar orientação dos com-
portamentos esperados como satisfatórios entre todos, dentro de normas 
e posturas. Facilita com que funcionários consigam se adaptar, servindo 
também como manual de boas práticas.
1.4.4 Aspecto educacional
O aspecto relacionado à educação não pode ser entendido 
nesse contexto apenas pela obtenção dos valores obtidos pelos 
alunos, razão esta pela qual se torna necessário o entendimento 
por estudiosos de diferentes áreas de concentração, nem sem-
pre expresso numa determinada lei é correspondente do signi-
ficado atribuído aos termos por ela enunciados (PABIS, 2015).
Originalmente o que se entende por responsabilidade educacional 
é oriundo dos Estados Unidos, país onde se testou incessantemente esta 
estratégia, uma espécie de teoria da responsabilidade generalista e vertica-
lizada, dando prêmios aos professores e às escolas com maior desempenho 
acadêmico. Mas, como é difícil mensurar educação, critérios de desempe-
nho foram criados a partir dos conteúdos acadêmicos a serem ofertados 
(FREITAS, 2012). Isso expressa a ideia de obrigação de realização de 
uma tarefa, de se prestar um serviço de qualidade. Caso os resultados pla-
nejados e estruturados sistematicamente para melhoria não fossem alcan-
çados, o profissional responderia por sua incapacidade; mas se fosse por 
parte do cliente, este responderia pela não execução correta do solicitado 
(PABIS, 2015). A educação como atribuição foi delegada à escola, e os 
Ética na Educação Física
– 26 –
profissionais que nela atuam utilizam-na para estruturar a forma de ensino. 
Apresenta diversos modelos de observação: o de ser da competência do 
poder público a elaboração e cumprimento de metas legais; os anseios e 
expectativas manifestados pela sociedade; os constituintes de um processo 
de correlação das forças entre os grupos sociais, que garantam acesso e 
permanência no ambiente escolar.
Os gestores e professores passam a ter papéis fundamentais na res-
ponsabilidade da implantação das políticas educacionais propostas, as 
quais devem, sim, resultar em um desempenho cada vez mais satisfató-
rio. Os currículos acadêmicos, instrumentos de veiculação de conteúdo e 
de ideologia são de responsabilidade dos profissionais educacionais, mas 
também de responsabilidade do poder público que os organiza, constrói, 
veicula e os dissipa no ambiente acadêmico (PABIS, 2015).
O ponto de reflexão para o aspecto educacional se encontra no pensar 
em conjunto. Por exemplo, seria ético, moral, ou seguro, ensinar algo em 
que não houve dedicação? Dessa forma, seria importante ensinar as regras 
de determinada modalidade a crianças que não aprenderam ainda como 
funciona o jogo. A apresentação do que é o bem e o que é o mal dentro do 
esporte, direciona para o pensar ético, para a reflexão sobre as ações.
Por sua vez, na tendência cognitivista, por sua similaridade com a 
tendência filosófica, é dada muita importância ao racional e à reflexão 
sobre questões morais, e também à falta de apresentação de valores a 
serem adquiridos pelos alunos. O profissional, de posse de uma turma 
mais avançada, pode direcionar seu aprendizado ao que já foi escrito ao 
longo da história, promovendo não apenas o desenvolvimento físico por 
meio do jogo, mas o entendimento sobre o surgimento daquela modali-
dade discutida. 
Como exemplo prático disso, pode ser discutida a origem do esporte 
– quais foram as modalidades que deram origem ao que conhecemos hoje 
como esporte? Por que o símbolo de um homem lançando disco acabou 
se tornando o símbolo da Educação Física? Que relações isso pode ter 
com a modalidade de atletismo – lançamento e corrida, como exemplo – 
quando esta modalidade se aproximou da caça? No voleibol, quais são os 
ídolos do momento? Como eles chegaram a este patamar? Talvez as res-
– 27 –
Conceituação e compreensão da ética como construção pessoal e social, 
histórica, cultural e temporal.
postas estejam no entendimento da tendência moralista, que se diferencia 
das outras tendências por seu objetivo, que é de normatização, ensino dos 
valores, levando a atitudes vistas como corretas antecipadamente, então o 
aluno buscaria legitimar os valores, mesmo que estes não estejam clara-
mente expostos pelo professor. Posteriormente, deu origem à disciplina de 
educação moral e cívica, atualmente extinta do contexto escolar.
O aspecto de escola democrática é nesse contexto a última tendência 
a ser destacada contrária as anteriores, pois não garante espaço reservado 
aos temas morais. Cuida de democratizar relações entre os pares dentro 
da escola, cada qual com o poder de elaboração de regras, de discussões 
e de tomada das decisões quando nos referimos aos problemas concretos 
da instituição de ensino. Podemos, a partir disso, refletir sobre tendências. 
No campo moralista, a vantagem é de ser explícito, e os alunos sabem 
onde devem chegar, pois os professores deixaram claro qual o objetivo a 
ser alcançado, ou seja, é sabido o que se espera de cada aluno e do grupo. 
Doravante, podemos citar pelo menos dois problemas: um de contexto 
ético, em que o professor é – de certa forma – manipulador dos resultados 
alcançados; e outro da autonomia, pois a doutrina moral acaba por ser um 
conjunto de regras acabado. Ou seja, acaba por ser um método de auto-
ritarismo, fato que poderia explicar as aulas de moral e cívica terem sido 
extinguidas da escola atual. 
Tais críticas podem apontar para mecanismos que promovam sensibi-
lização nos alunos sobre a temática de moralidade. Existe uma tendência 
assertiva e afetivista1 que produz isso, pois procura sensibilizar os alunos 
– a regras desejáveis para legitimá-la, levando ao campo da afetividade 
– porém, esta tendência apresentou alguns problemas: se referiu à priori-
zação do trabalho afetivo, correndo risco do relativismo, em que cada um 
teria seu próprio valor, não sendo comparável a outro da sociedade – mas 
é evidente que questões individuais devem ser levadasem consideração, 
e assim viver em harmonia, pois a grande maioria das regras é feita para o 
bem comum. Atrelado ao que atualmente se conhece como bullying está o 
fato de os alunos se exporem em sala, sem a garantia do entendimento do 
que é sigiloso ou não.
1 Tendência afetivista: propõe a busca do equilíbrio e do crescimento pessoal por meio de 
técnicas psicológicas.
Ética na Educação Física
– 28 –
Assim como a virtude da tendência afetivista é não menosprezar o 
lugar da afetividade na legitimação das regras morais, a virtude das ten-
dências filosofistas e cognitivistas é sublinhar o papel decisivo da raciona-
lidade. Seu erro é justamente limitar-se ao objeto eleito. 
A virtude escolar da democracia está no foco pela qualidade das 
relações entre as pessoas que nela atuam. Com certeza, essas relações 
vividas, experimentadas, são o suprassumo condizente à moral. Pode-se 
afirmar que de nada serviria as falas sobre o bem, se há intrigas internas 
na escola que o ponham em desrespeito. Por que falar sobre condutas de 
paz, se o caminho é de violência? Assim vão se construindo as relações. 
Mais ainda, é preciso trabalhar o cooperativismo e a conversa, pois estes 
direcionam à autonomia democrática nas ações, à capacidade de tomar 
decisões, sem questionamento. Então, pode-se dizer que democracia é um 
modo que as pessoas encontraram para conviver e os alunos encontram ou 
devem encontrar na escola o jeito certo de vivê-la. 
1.4.5 Aspecto esportivo
No que converge para o esporte, há uma busca da felicidade por meio 
da vitória, acima de tudo, o que pode ser considerado como fim ético. 
Compreende ainda a pessoa que segue regras de conduta, de trabalho em 
equipe, que respeita adversários e torcida, ou seja, o comportamento social 
adequado que possibilite vitória dentro dos padrões de ética desportiva, 
pois assim escolheu direcionar seus trabalhos. Possivelmente essas são as 
características éticas esperadas no esporte que possibilitariam potenciali-
zar o desenvolvimento ao longo da formação acadêmica.
Ao olhar dessa forma, ética e esporte estão ligados intimamente. O 
esporte torna-se potente construtor ético ao longo da vida. Conforme des-
crevem os filósofos gregos, o ser humano nasce viciado, com sua base no 
erro; a partir desse erro, há uma intervenção por meio dos pais, professo-
res e sociedade, que identificam e corrigem erros na condução do ser. O 
esporte realiza essa correção de forma prática e potencializadora do novo 
aprendizado. Por meio da prática esportiva, o profissional deve direcio-
nar a conduta do indivíduo viciado; isso torna a atividade extremamente 
significante quanto a formação, principalmente nos anos iniciais de vida. 
– 29 –
Conceituação e compreensão da ética como construção pessoal e social, 
histórica, cultural e temporal.
Um exemplo claro disso é o que conhecemos por fair play, ou jogo limpo, 
em que regras e condutas estabelecidas são seguidas para que o espetáculo 
destinado ao público aconteça. Caso visível disso, apesar de sabermos que 
em toda modalidade de perder e ganhar há exceções, são as lutas de MMA 
(Mixed Martial Arts), artes marciais mistas, nas quais, após a luta, muitas 
vezes sangrenta, os lutadores da atualidade se abraçam e se cumprimentam.
Indivíduo viciado se encontra mais sujeito à infelicidade em sua vida, 
bem como a burlar as regras preestabelecidas, utilizando-as de forma 
equivocada e errônea, e isso pode provocar infelicidade. O vício é o erro, 
a má conduta; pode ser traduzido como “malandragem”, ou o “jeitinho”, 
que podem ser descritas como posturas sem mérito ou egoístas. Pode-
mos citar aqui o caso de doping do atleta jamaicano na final do 4x100 m 
nos jogos de Pequim, em 2008, tirando a medalha da equipe jamaicana 
e “colocando” no pódio a equipe brasileira, formada por Vicente Lima, 
Sandro Viana, Bruno de Barros e José Carlos Moreira, o Codó, herdando 
assim o terceiro lugar.
Para os gregos, inclusive, o vício já foi demonstrado em seus mitos, 
o que repercutiu significativamente durante a história. Dessa forma, a fun-
ção ética do esporte está na organização de regras e na utilização destas 
de forma correta, sem que haja distinção entre os seres ou grupos, pro-
vocando equidade entre eles. Como exemplo temos o caso do corredor 
de atletismo paraolímpico Oscar Pistorius, que foi derrotado na final dos 
200 m para pessoas com amputação de membros inferiores pelo atleta bra-
sileiro Alan Fonteles, nos Jogos Paraolímpicos de Londres 2012, entrando 
com recurso dizendo que o atleta usou próteses inadequadas para aquela 
corrida, ato indeferido pela comissão organizadora.
1.4.6 Aspecto familiar
Em toda formação familiar há uma expectativa criada ao companheiro 
ou ao familiar próximo, muitas vezes provocando o hábito de reprodução 
de conduta, ou até mesmo de reprovação. Também é comum o reconhe-
cimento de idoneidade de um membro familiar em relação a alguns atos; 
para outros, esse conceito é modificado, gerando cobrança, punição e até 
mesmo a reprovação do membro familiar frente à sociedade. 
Ética na Educação Física
– 30 –
O pai que ofende ou promove injúrias ao próximo, reprova seu filho 
quando o ato é reproduzido por ele. Essa conduta, vista como errada pelo 
pai, é habitual em muitas construções familiares, principalmente aque-
las mais antigas e tradicionais, nas quais o patrono familiar é detentor do 
saber e a ele deve-se o respeito máximo.
Nesse âmbito, questionamentos a este membro familiar não existem, 
sendo extremamente difícil lidar com a diferença e a construção de um 
ambiente familiar saudável, que possa atingir um padrão de moralidade 
ética coerente com a sociedade moderna.
Conclusão
Para esse capítulo, o leitor teve acesso à história da ética nos diversos 
campos, antropológicos, sociais e culturais. Objetivou-se apresentar as ver-
tentes que pudessem auxiliar no conhecimento e no entendimento dos con-
ceitos sobre ética e moral. Nesse contexto, teve como viés maior a atuação 
conjunta destes fatores, que muitas vezes são confundidos ao longo da his-
tória. Como vimos, essas características são diferentes, mas se completam.
Um aspecto importante a ser destacado está na relação dos pensa-
mentos ao longo da história, que possivelmente podem explicar a conduta 
ética humana, no entendimento grego sobre a temática.
Destacam-se para esse tema ainda os aspectos éticos em diversos cam-
pos, como profissional, familiar, educacional, esportivo e político, visto que 
estes aspectos permeiam o ser humano e a construção do ser social.
O processo refletivo de uma construção pessoal foi apresentado de 
forma global, em diferentes aspectos sociais e diversificados momentos, 
áreas, necessidades ou idealidades preestabelecidos, de modo que se possa 
atribuir a melhor compreensão e concepção de uma ética que poderia ser 
de difícil compreensão. Contudo, preservou-se o entendimento individual 
de cada pessoa na oferta de situações e questionamentos que possibilitem 
vislumbrar novos horizontes.
Esse mecanismo não busca findar a busca pela ética, e sim possibili-
tar uma reflexão ampla sobre a temática.
– 31 –
Conceituação e compreensão da ética como construção pessoal e social, 
histórica, cultural e temporal.
Atividades
1. A ética e a moral apresentam a mesma etimologia porem cada 
uma representando conjunturas diferentes, desta forma discorra 
ambas de forma simples apresentando situações onde cada uma 
se apresenta distinta.
2. Como surgiram os primeiros passos da ética? Discorra.
3. Correlacione o pensamento do filosofo inglês John Locke com 
as lições deixadas pelo rebelde e brilhante físico e matemático 
Albert Einstein.
4. Diante das provocações reflexivas a cargo da fomentação de um 
novo pensar, qual seu entendimento sobre o aspecto esportivo?
2
Estudo dos direitos e 
deveres do profissional 
de Educação Física
Nesse capítulo, será estudada a constituição da Educação 
Física no Brasil, à luz da criação do CONFEF, bem como sua 
trajetória; a regulamentação da profissãoe o caminho até esse 
momento configuram um marco na área.
Um fato que não poderia faltar nesse capítulo inicial é a 
necessidade eminente da criação do Conselho Federal de Edu-
cação Física (CONFEF) e seus respectivos Conselhos Regionais 
de Educação Física (CREFs), com demandas diretas e indiretas 
na área de atuação.
Será apresentado um panorama norteador que pode embasar 
o leitor no tocante às diretrizes para a melhoria da estrutura de 
prática, visto que o profissional de Educação Física fora margi-
nalizado ao longo da história e suas instruções e conhecimen-
tos direcionados ao momento, ora voltados à escola, ora visando 
apenas o mercado. A partir do tópico 2.3, será explicado sobre a 
criação, o estatuto, o comitê de ética e as diretrizes norteadoras 
da profissão em Educação Física.
Ética na Educação Física
– 34 –
2.1 O Conselho Federal de 
Educação Física (CONFEF)
Com a finalidade de nortear o trabalho do profissional de Educação 
Física em consonância com o preconizado nas leis e diretrizes da educa-
ção e, mais ainda, dar direção e identidade a essa profissão, foi criado o 
CONFEF. Sua história se confunde com a própria história de mudança ao 
longo do tempo, sendo que, dessa vez, o objetivo encontra-se pautado no 
processo ideológico da organização, que buscou ao longo do tempo gerar 
significância pós-marginalização.
2.1.1 Medidas legais e criação do conselho
Um processo que teve início na década de 1940, partindo da iniciativa 
das Associações dos Professores de Educação Física (APEF’S), localiza-
das no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul ou São Paulo, tendo em vista a 
necessidade de um grupo de profissionais pensantes que, nesse momento, 
encontravam-se sem legitimidade. Fundou-se primeiramente a Federação 
Brasileira das Associações de Professores de Educação Física, no ano de 
1946 (CONFEF, 2019).
Essa legitimidade e regulamentação da profissão no Brasil pode 
ser dividida em três momentos: o primeiro está relacionado aos pro-
fissionais que manifestavam e escreviam a respeito, sem ao menos 
desenvolver ações nesse sentido, conhecidos como pesquisadores, 
muitas vezes marginalizados por buscar escrever sobre, sem ao menos 
terem testadas suas teorias na prática; o segundo momento relaciona-
-se à tramitação do projeto de lei relativo à regulamentação, sendo 
votado pelo Presidente da República na década de 1980; o terceiro 
e, talvez, o mais importante deles, foi o momento da regulamentação 
pelo Congresso e promulgação pelo Presidente da República, em 1º de 
setembro de 1998, e posteriormente instituído, do Dia do Profissional 
de Educação Física, sendo publicado no Diário Oficial em 2 de setem-
bro do mesmo ano.
A ideia de criar uma ordem ou conselho que pudesse dar voz e nor-
tear os trabalhos desses profissionais é mais antiga. Os professores Inezil 
– 35 –
Estudo dos direitos e deveres do profissional de Educação Física
Penna Marinho, Jacinto Targa e Manoel Monteiro apresentaram tal ideia 
na década de 50; buscaram difundir a importância da regulamentação, 
comparando-a com outras entidades de classe já organizadas, como a 
Ordem dos Advogados e o Conselho dos Médicos.
Para a história, esse momento não foi bem aceito, pois a Educação 
Física, nessa época, era direcionada à formação de profissionais que deve-
riam atuar no ensino formal. Tanto que a área era responsável pelo forne-
cimento de profissionais a um mercado específico: o escolar. O fato de a 
profissão de professor não ser regulamentada tornava inviável e – por que 
não dizer? – incoerente seu desmembramento das demais.
Com base nessa preocupação já eminente, a Associação dos Pro-
fessores de Educação Física da Guanabara organizou o III Encontro de 
Professores de Educação Física, na cidade do Rio de Janeiro, em 1972. 
Apresentou-se, em uma de suas recomendações, a proposta da criação dos 
Conselhos Regionais e Conselho Federal de Educação física, ao deliberar 
o 4º tema, voltado a essa criação, conforme citado na história do CONFEF 
(2019), disponível em seu site:
 2 é de interesse dos titulados em Educação Física e Desportos a cria-
ção dos Conselhos Regionais e Federal, reguladores da profissão;
 2 o Código de Ética profissional se torna fundamental para as 
relações de trabalho em Educação Física e Desportos em todas 
as áreas;
 2 os participantes do III Encontro dos Professores de Educação 
Física, ratificam o trabalho que foi executado no encontro ante-
rior, sobre o problema da criação dos Conselhos Regionais e 
Federal dos titulados em Educação Física e Desportos, e soli-
citam providências junto às autoridades do executivo e legis-
lativo federal.
Mesmo com esse anseio e necessidade, somente em meados dos anos 
80 são efetivadas ações para apresentação de um projeto que regulamen-
taria a profissão junto ao legislativo. Dessa forma, fica clara a questão da 
regulamentação como aspiração antiga da categoria. Essa premissa, desde 
os anos de 1950, já era discutida e debatida pelos formadores das institui-
Ética na Educação Física
– 36 –
ções de ensino superior, mas transformada efetivamente em ação apenas 
na década de 80.
Um marco que pode ter auxiliado as APEFs foi o resgate da Federa-
ção Brasileira das Associações dos Professores de Educação Física (FBA-
PEF), no início dos anos 1980, pois aos estados já citados e se juntam 
Santa Catarina e Minas Gerais, dando início a diversos congressos para se 
discutir os rumos da disciplina e da profissão, tendo como pano de fundo a 
consolidação e a conquista da regulamentação, aprovada por todos.
Em novembro de 1983, em Brasília, iniciam-se discussões sobre a 
criação de um órgão que pudesse orientar, disciplinar e fiscalizar o exer-
cício do profissional de Educação Física. Para tanto, foi apresentada uma 
proposta baseada nos Conselhos Regionais e Federais da Psicologia e da 
Medicina. Dessa forma, foi proposta a criação do Conselho dos Profissio-
nais de Educação Física.
A versão final do aperfeiçoamento do projeto de criação dos Conse-
lhos Federal e Regionais de Educação Física, bem como a regulamentação 
da profissão, aconteceram em 1984, na Universidade de São Paulo, onde 
foi dado o “pontapé” para as ações concretas da profissão.
Alguns esforços geraram conflitos nessa criação; um deles foi a ten-
tativa de modificação do nome designatório da atividade profissional, 
sendo propostos, mas não aceitos, os seguintes nomes: “cineantropólogo”; 
“antropocinesiólogo”; kinesiólogo” ou “antropocineólogo”, pois cultu-
ralmente e tradicionalmente a designação da profissão que exerce poder 
sobre as intervenções na área dos exercícios físicos e desportivos, é pro-
fessor de Educação Física.
O Projeto de Lei n. 4559/84 foi efetivamente o primeiro projeto de 
regulamentação da profissão, trazia em seu contexto a criação do Conselho 
Federal e os Regionais dos Profissionais de Educação Física, Desporto e 
Recreação. Esse projeto de lei foi aprovado pelo Congresso Nacional, em 
dezembro de 1989, sendo vetado pelo Presidente da República. Isso ocorreu 
no início do ano de 1990, baseando-se em parecer exarado pelo Ministério 
do Trabalho; em razão dessa derrota, as APEFs entram em colapso. O pro-
cesso de desativação ocorreu inclusive no congresso da FBAPEF de 1990.
– 37 –
Estudo dos direitos e deveres do profissional de Educação Física
Com a crescente preocupação da atuação indevida de pessoas sem 
formação no mercado, em academias, clubes, condomínios e outros, um 
grupo de alunos se dirigiram à APEF-RJ e reafirmaram sua posição quanto 
à necessidade de um instrumento jurídico regulamentador que os respal-
dassem quanto à responsabilidade pela dinamização das atividades físicas. 
Portanto, era requerido e fundamental regulamentar a profissão.
Com o crescente interesse por parte dos estudantes, a questão volta 
a ser debatida pela diretoria da Associação dos Professores de Educação 
Física do Rio de Janeiro. Trava-se aí um debate a respeito da propriedade 
e legitimidade do exercício, e surge a oportunidade de iniciar uma novaluta, voltada para a regulamentação.
Para tanto, uma rede de comunicação, informação e adesão criou o 
Movimento em Prol da Regulamentação, sem participação de um órgão 
formal constituído. Foi aberto a órgãos, institutos, meios de comunica-
ção, profissionais e estudantes, para que tivesse caráter pluripartidário 
e democrático.
É de suma importância histórica que o Primeiro Conselho de Edu-
cação Física tenha sido constituído frente à necessidade da categoria pela 
regulamentação, no ano de 1995, em Foz do Iguaçu, no congresso da 
FIEP, onde o “Movimento pela regulamentação do Profissional de Educa-
ção Física” é lançado na abertura (CONFEF, 2019).
Tal “movimento” foi difundido nacionalmente na reunião, com a 
participação dos delegados da FIEP, que se comprometeram a divulgar e 
difundir a proposta, esclarecendo-o, se necessário, em seus estados de ori-
gem. Outra ação se deu por meio de correspondência enviada às direções 
da IES de Educação Física, com informações sobre o anseio pela regula-
mentação da profissão, com a seguintes solicitações: que estas promoves-
sem discussões, debates e esclarecimentos sobre identidade profissional. 
Ainda no ano de 1995 foi lançado o “Movimento nacional pela regula-
mentação do Profissional de Educação Física”, dando origem a diversos 
marcos na Educação Física. Para tanto, uma organização era necessária, a 
fim de elucidar os mecanismos de colaboração do Movimento, criou-se a 
teia de colaboradores.
Ética na Educação Física
– 38 –
Figura 2.1 – Teia de colaboradores
Fonte: CONFEF (2019).
Em 1996, o Deputado Federal Paulo Paim é designado como relator 
do projeto que trataria da regulamentação da profissão. É necessário citar 
que o referido deputado, já relator, informou na ocasião ser contrário à 
regulamentação de profissões, e traçou recomendações que deveriam ser 
comprovadas para que o projeto pudesse ser apreciado.
1. Em razão da liberdade para o exercício de ofícios ou profissões 
estabelecidas pela Constituição Federal em seu art. 5º, inciso 
XIII, a elaboração de projetos de lei destinados a regulamentar 
o exercício profissional deverá atender, cumulativamente, os 
seguintes requisitos:
1.1- Imprescindibilidade de que a atividade profissional a ser regu-
lamentada - se exercida por pessoa desprovida da formação e das 
qualificações adequadas - possa oferecer risco à saúde, ao bem-
-estar, à segurança ou aos interesses patrimoniais da população;
1.2- A real necessidade de conhecimentos técnico-científicos para 
o desenvolvimento da atividade profissional, os quais tornem 
indispensáveis à regulamentação;
– 39 –
Estudo dos direitos e deveres do profissional de Educação Física
1.3- Exigência de ser a atividade exercida exclusivamente por pro-
fissionais de nível superior, formados em curso reconhecido pelo 
Ministério da Educação e do Desporto;
2- Indispensável se torna, ainda, com vistas a resguardar o inte-
resse público, que o projeto de regulamentação não proponha a 
criação de reserva de mercado para um segmento de determinada 
profissão em detrimento de outras com formação idêntica ou equi-
valente (CONFEF, 2019).
Nesse instante, foi defendido por Jorge Steinhilber, coordenador do 
movimento nacional, que as proposições regulamentadoras atenderiam 
sim aos requisitos que resultassem na lei eficaz. Então, como parte de uma 
tentativa de dar corpo e força à ação, uma audiência pública para tratar a 
questão é realizada. Cria-se então a ação “Regulamentação Já”.
Figura 2.2 – Ação “Regulamentação Já”
Fonte: CONFEF (2019).
Tais ações pela regulamentação foram disseminadas em todas a IES, 
crescendo e se fortalecendo; há uma convocação para que sejam enviados 
abaixo-assinados ao Deputado Paulo Paim, sobre o favorecimento da ação 
que regulamentaria a profissão.
Ética na Educação Física
– 40 –
É importante ressaltar a reunião realizada pelos diretores e repre-
sentantes das escolas de Educação Física, na Universidade Católica de 
Campinas, convocadas pelo Instituto Nacional do Desenvolvimento do 
Desporto – INDESP, com objetivo fazer conhecida a proposta do insti-
tuto, e para que fosse levantada a questão da necessidade regulatória da 
profissão. Nesse evento, 97% dos presentes foram a favor, assinando o 
abaixo-assinado.
Em 17 de outubro de 1996, no plenário da Comissão de Trabalho, 
Administração e Serviços Públicos, o Deputado Paim fez a abertura dos 
trabalhos; o professor Jorge Steinhilber proferiu explanação histórica 
sobre a regulamentação e sua importância. Em seguida, o representante 
do INDESP confirmou o teor de correspondência favorável à regulamen-
tação, outrora encaminhada à Comissão de Educação, Cultura e Desporto 
(CONFEF, 2019).
Na sessão plenária do dia 30 de junho de 1998, da Câmara dos Depu-
tados, o Projeto de Lei n. 330/95 é debatido, apreciado e aprovado com 
parecer favorável de todos os oradores. Inclusive, foi feita homenagem ao 
Deputado Eduardo Mascarenhas, que havia falecido.
Nas palavras da Deputada Telma de Souza (PT-SP):
Sr. Presidente, prestando homenagem ao nosso companheiro já 
falecido, Eduardo Mascarenhas, ressalto o esforço da votação do 
Substitutivo do Deputado Paulo Rocha e o incansável vigor da 
Deputada Laura Carneiro para que todas as Lideranças desta Casa 
encontrassem um denominador comum que aprovasse essa inicia-
tiva Parlamentar que muito nos honra (CONFEF, 2019).
Dessa forma, após o Projeto de Lei ser analisado por todos os 
órgãos, a Deputada Laura Carneiro e os senadores firmam acordo para 
possibilitar a sua aprovação. Após algumas manifestações de par-
lamentares, e um longo e brilhante discurso do Senador Francelino 
Pereira, o projeto foi aprovado por unanimidade e encaminhado à san-
ção presidencial.
Em 1º de Setembro de 1998, o Presidente da República, Fernando 
Henrique Cardoso, sanciona a Lei n. 9696/98, publicada no Diário Oficial 
da União, em 2 de setembro de 1998.
– 41 –
Estudo dos direitos e deveres do profissional de Educação Física
Figura 2.3 – Diário Oficial da União de 2 de setembro de 1998
Fonte: CONFEF (2019).
Em 8 de novembro do decorrente ano, na cidade do Rio de Janeiro, a 
Federação Brasileira das Associações de Profissionais de Educação Física 
(FBAPEF) elege os primeiros membros do Conselho Federal de Educação 
Física (CONFEF), eleitos pelas APEFs e Instituições de Ensino Superior 
em Educação Física. Na ocasião, o professor Jorge Steinhilber, então pre-
sidente do Movimento Nacional pela Regulamentação do Profissional de 
Educação Física, apresentou a chapa dos Conselheiros, sendo aprovada por 
todos os presentes. Nessa ocasião, foram eleitos os seguintes conselheiros 
Ética na Educação Física
– 42 –
federais de Educação Física: Alberto dos Santos Puga Barbosa, Almir A. 
Gruhn, Antonio Ricardo C. de Oliveira, Carlos Alberto O. Garcia, Edson 
Luiz Santos Cardoso, Flávio Delmanto, Gilberto José Bertevello, João 
Batista A. Gomes Tojal, Jorge Steinhilber, Juarez Muller, Laércio Elias 
Pereira, Manoel José Gomes Tubino, Marcelo F. Miranda Marino Tessari, 
Paulo Robertto Bassoli, Renato M. de Moraes, Sérgio K. Sartori e Walmir 
Vinhas. Marco histórico celebrado na abertura do 14º Congresso Interna-
cional de Educação Física da FIEP, em Foz do Iguaçu-PR.
Dessa forma, tem-se como norteadora da profissão uma regulamenta-
ção que possui como destaque os princípios e diretrizes, responsabilidades 
e deveres, vistos a seguir.
2.2 O Conselho Federal de Educação 
Física e seu Estatuto
Segundo o Estatuto do Conselho Federal de Educação Física (CON-
FEF), publicado no Diário Oficial, sob o número 237, na sessão 1, páginas 
de 137 a 143, datado de 13 de dezembro de 2010, fica estabelecido que tal 
entretida possui Foro na cidade do Rio de Janeiro/RJ, e que sua natureza 
jurídica é de natureza pública e sem fins lucrativos. Abrange como Con-
selho Federal todo o território nacional, e possui subsedes descritas como 
Conselhos Regionais de Educação Física (CREF) em todos os estados da 
federação, com personalidade jurídica, com autonomiasfinanceira, admi-
nistrativa e patrimonial, desde 1º de setembro de 1998, a qual destinou a 
data e o mês como sendo o Dia do Profissional de Educação Física (CON-
FEF, 2019). Traz consigo informações sobre a entidade e sua finalidade, 
os quais serão abordados a seguir.
Quanto à entidade, fato relevante está no desempenho de um serviço 
público independente, que se enquadra como elemento de singularidade 
dentre as pessoas jurídicas, pois trata dos entendimentos relacionados à prá-
tica e execução da atividade física, por profissionais que buscaram no ensino 
superior conhecimentos técnicos/científicos para a sua inserção e execução.
Conforme descrito no parágrafo 2º do artigo 1º do Estatuto do Con-
selho Federal de Educação Física, publicado no Diário Oficial n. 237, na 
– 43 –
Estudo dos direitos e deveres do profissional de Educação Física
seção 1, das páginas 137 a 143, em 13 de dezembro de 2010, o Sistema 
CONFEF/CREFs possui poder delegado pela União para normatizar, 
orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício das entidades próprias dos pro-
fissionais de Educação Física e das pessoas jurídicas, com finalidade de 
prestar serviço nas diversas áreas do esporte e desporto, bem como em 
similares (CONFEF, 2009).
Com o intuito de organizar prestadores de serviço e profissionais, 
também é de sua natureza o registro dos profissionais de Educação Física 
formados e das pessoas jurídicas que busquem prestar serviços nas áreas 
abordadas no parágrafo anterior. Cabendo ao órgão regulação, regulamen-
tação, fiscalização e orientação a todos, pessoas físicas ou jurídicas.
É finalidade do CONFEF e de seus Conselhos Regionais (CREFs) a 
observação disciplinar e normatizadora, a fim de garantir aos profissio-
nais de Educação Física a atuação para o bem social (CONFEF, 2019). 
Esse bem social pode ser visto como a melhoria da qualidade de vida ou 
da performance.
Com a finalidade manter-se, os conselhos regionais, bem como 
o federal, devem buscar e captar recursos próprios, constituindo assim 
independência e autonomia, sem que haja por parte de qualquer órgão da 
Administração Pública vínculo de qualquer natureza. Dessa forma, suas 
ações são pautadas e organizadas. Com diferença apenas no tocante às 
relações de bens de administração, são autônomos em serviços, gestão dos 
recursos, regimes de trabalho e relações empregatícias, sendo instâncias 
máximas da categoria em suas unidades federativas.
O artigo 5º direcionou o foco ao zelo pelo serviço prestado e ofe-
recido, bem como na deliberação do exercício profissional, para que os 
objetivos institucionais sejam alcançados; outros objetivos estão atrelados 
a esse, como: o desenvolvimento interno do Sistema CONFEF/CREFs, o 
incentivo e estímulo ao bom exercício da profissão, o estabelecimento de 
diretrizes para fiscalização do exercício profissional em todo o território 
nacional, a busca constante pela melhoria do serviço e as deliberações e 
prestações de serviços.
O estatuto aborda os CREFs com o olhar voltado à promoção de 
deveres e da defesa dos interesses de profissionais e instituições jurídicas 
Ética na Educação Física
– 44 –
que atuem com atividades esportivas que aqui sejam enquadradas, dentro 
de uma lógica de trabalho, as quais consigam exercer seu papel normativo, 
ou seja, busca defender a sociedade de maus profissionais ou profissionais 
não autorizados (CONFEF, 2019). Para garantir o respeito à categoria e à 
profissão, é necessário que o profissional busque se registrar no CREF de 
sua região. 
Um documento provisório ou provisionado de cor vermelha foi emi-
tido pelo CONFEF/CREFs a pessoas físicas que comprovaram atuação 
ao longo dos anos em uma ou mais ações esportivas e que não fizeram 
o ensino superior. Tal documento com validade nacional é específico à 
modalidade comprovada com documento. Dessa forma, quem cumpriu 
esse requisito até 1º de setembro de 1998, teve direito ao exercício da 
profissão, conforme Resolução do Conselho Federal de Educação Física.
Em síntese, quanto ao campo de atuação do profissional de Educação 
Física, o Estatuto do CONFEF descreve em seu artigo 9º, nos parágrafos 
1º e 2º, sobre o campo de atuação e sobre o entendimento dos termos ati-
vidade física, desporto/esporte e atividade esportiva, como segue.
Quanto ao campo de atuação, podemos destacar que compete a esse 
profissional a coordenação, o planejamento, os programas, a prescrição e 
supervisão, a dinamização, dentre outros, com aspectos técnicos, científi-
cos e pedagógicos que compreendam as atividades físicas, desportivas e 
similares à prática de atividade física. Essa prática é descrita como sendo 
todo movimento corporal voluntário, que resulte num gasto energético 
acima dos níveis de repouso, por atividades cotidianas, bem como por 
meio de exercícios físicos direcionados (CONFEF, 2019).
Obedecendo essa lógica e na busca constante pelo desenvolvimento 
da profissão, cria-se o Código de Ética Profissional, por meio da Resolu-
ção n. 307/2015, que busca evidenciar e deixar clara a atuação e as san-
ções aos profissionais de Educação Física, tema que abordaremos a seguir.
2.2.1 Regulamentação da profissão
A regulamentação ocorreu em resposta às diversas indagações da pro-
fissão, bem como as produzidas pelos profissionais que viram e sentiram a 
– 45 –
Estudo dos direitos e deveres do profissional de Educação Física
sua marginalização ao longo do tempo. Profissão essa que foi inicialmente 
instituída no Brasil com de melhoria do corpo, para que os soldados e 
funcionários da indústria pudessem se beneficiar do corpo atlético que 
teoricamente produziria melhores resultados.
Dentre esses objetivos, o código destinou-se a regulamentar o exercí-
cio da profissão e destacou logo de início as diferenças entre beneficiário 
e destinatário: beneficiário é o indivíduo ou a instituição que utilize dos 
trabalhos prestados por profissional de Educação Física, e destinatário é o 
próprio profissional de Educação Física.
Logo após o conhecimento do objetivo de ação, CONFEF/CREFs 
reconhecem como profissional de Educação física a pessoa devidamente 
identificada em consonância com as características da atividade de desem-
penho nos diversos campos de atuação.
Ao levar em consideração princípios e diretrizes para a o seu processo 
de construção do saber e do próprio saber do beneficiário, o exercício é 
pautado na dignidade, na integridade física e moral, na dignidade para 
consigo e com o outro. Deve existir um olhar que se volte à responsabili-
dade social e à não discriminação ou processo de preconceito de gênero 
ou opção sexual. O trabalho deve ser pautado no respeito à ética em sua 
atividade profissional, na valorização da identidade profissional das ativi-
dades físicas, esportivas e outras. Como princípio ainda e de acordo com 
o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, o olhar 
deve estar voltado à sustentabilidade do meio ambiente, fonte de riqueza e 
ambiente de trabalho deste profissional.
O profissional deve buscar com seus ensinamentos a excelência do 
serviço a um número maior de pessoas, sendo honesto e responsável em 
sua atuação. Desenvolver potencialidades humanas aos quais presta servi-
ços dentro do campo de suas especificidades e conhecimentos.
A preservação da saúde coletiva e individual deve ser patamar de 
seu comprometimento, tanto quanto o desenvolvimento do intelecto, do 
físico, da cultura e do lazer social, por princípio focos diretos e indiretos. 
O profissional deve buscar conhecimento técnico, científico, ético e moral, 
sendo transparente em suas ações e decisões, garantindo, dessa forma, 
informações relacionadas ao exercício e a sua competência. Deve ainda se 
Ética na Educação Física
– 46 –
comprometer com o respeito aos preceitos legais e éticos, bem como aos 
princípios da bioética1, possuindo direito singular no exercício profissio-
nal. Esse profissional deve ter compromisso com a sociedade, e o interesse 
dessa sociedade deve estar acima de interesses

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