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→ Do reino protozoa, filo sarcomastigophora (possuem flagelos e capaz de emitir pseudópodes). Classe zoomastigophora, ordem trichomonadida, família trichomonadidae, gênero trichomonas, da espécie trichomonas vaginalis. → Então é um flagelado que pode ser encontrado no trato urogenital das mulheres, assim como na uretra e na próstata dos homens, sendo responsável por processos inflamatórios: vaginites e uretrites (de maior ou menor gravidade de acordo com as condições). → No Brasil, 20 a 40% das mulheres examinadas estão infectadas. Os números referentes ao sexo masculinos não são conhecidos porque em geral eles não procuram consulta médica para resolver os problemas, na medida que a maioria são assintomáticos – o que os torna potenciais propagadores da doença, os homens são considerados como reservatório da doença. → Morfologia: flagelado com forma variável (célula polimorfa elipsoide, piriforme ou oval), de acordo com as condições do meio. Mede 10-30 micrômetros de comprimento e 5 e 12 de largura, podem emitir pseudópodes, possui somente a forma trofozoíta, ou seja, não existem formas císticas de resistência, mas consegue tolerar o meio externo, podendo então se propagar através de objetos como assentos de vasos, banheiras, toalhas e roupas íntimas, por várias horas. ✓ Possui 4 flagelos anteriores (1) e uma membrana ondulante, formato piriforme (como uma pera), com o axóstilo (2) , que é o eixo longitudinal de onde partem os flagelos da região apical, tem o núcleo (3) e membrana ondulante (4) que percorre a parte lateral do corpo. ✓ Existem mais 2 espécies que podem habitar o organismo, mas não são patogênicas, o Trichomonas tenax se comporta como comensal, e o Pentatrichomonas hominis pode estar presente no duodeno, também vive como comensal. Possui uma boca – cistoma, para conseguir absorver os nutrientes da mucosa. → Habitat é o trato genito-urinário do homem e da mulher, a reprodução é somente por divisão binária longitudinal. → Fatores que contribuem para a infecção: ✓ Oxigenação: não vai interferir diretamente sobre o comportamento do parasito porque ele é um anaeróbio facultativo, é capaz de vivem em presença de oxigênio, então baixas taxas podem favorecer a multiplicação do protozoário. ✓ pH 5,0 – 7,5: alcalinização favorece a sobrevida e a multiplicação, portanto pioram o agravamento. ✓ Temperatura: tolera grande faixa, entre 20° e 40°, o que permite a sobrevivência no meio externo. ✓ Período pós menstrual (matéria orgânica em maior quantidade), gravidez e uso de anticoncepcionais contribuem para pH alcalino, DIU pode piorar as infecções (lesões nas mucosas = maior capacidade de invasão). Alterações hormonais e presença de flora bacteriana podem piorar o quadro clínico. → Transmissão: relação assintomático, homem é reservatório (podem sobreviver até 1 semana na região prepucial). Uso de preservativos é fundamental, mas o contágio também pode se dar por água de banho, toalhas, roupas, assentos sanitários, instrumentos ginecológicos, fômites etc. → Ciclo biológico: é simples, transferência dos protozoários entre homens e mulheres através da relação sexual, então vai se alojar no trato urogenital e iniciar o seu processo de inflamação que vai culminar com sintomas associados as lesões na mucosa. → Nas mulheres após a puberdade, o pH vaginal normal é entre 3,8 e 4,5 e costuma torná-las refratárias a infecção. Mas as alterações desse pH vaginal vão favorecer as infecções. → Alterações que favorecem a infecção nas mulheres são: a diminuição da quantidade de glicogênio nas células epiteliais e por conta disso a redução da produção de bacilos de Doderlein (produzem ácido lático), que pertencem a flora normal, e o metabolismo do glicogênio pelos bacilos promove a alcalinização do pH vaginal (então a presença dos bacilos é importante para prevenir infecções graves, e a ausência deles poderá levar a piora do quadro clinico por conta da 1 2 3 4 alcalinização do pH vaginal, ou seja, os bacilos aumentam a acidez). ✓ Vai haver descamação da mucosa por conta da presença do tricomonas e a diminuição da acidez vaginal, além de modificações da flora bacteriana a partir daí podem contribuir para a piora do quadro. → Patogenia/sintomatologia: infecção é no trato urogenital, na mulher varia de assintomático a agudo. O período de incubação da infecção, antes dos sintomas, pode variar de 3 a 20 dias. ✓ Infecção no epitélio vaginal e exocérvix: vai levar a vaginite, com corrimento amarelo-esverdeado, bolhoso, de odor fétido. ✓ Prurido, irritação vulvo-vaginal, dor ao urinar (disúria) e nas relações sexuais (dispareunia) e aumento na frequência miccional - polaciúria (pode simular quadro de uretrite produzida por bactérias). Além de ulcerações na parede vaginal, vai afetar ductos de Bartolin e glândulas de Skene. ✓ Durante o parto: transmissão ao concepto da tricomoníase neonatal, podendo trazer ao individuo recém-nascido quadros importantes. → Quando há infecção concomitante por Neisseria gonorrohea e Chamydia trachomatis (bactérias oportunistas), ou virais (herpes), poderá haver corrimento vaginal abundante, branco e sem sangue, constituído por exsudato inflamatório rico em células descamadas, piócitos (purulência) e muco (leucorreia). Ai se encontram os flagelados e as bactérias que potencializam – muco branco. → A flora bacteriana associada pode modificar o aspecto do corrimento quanto ao cheiro, cor, caráter espumoso ou viscosidade. → A irritação da pele do períneo pode torná-lo inflamado e edemaciado. Além da leucorreia como manifestação mais frequente, os pacientes queixam-se de prurido intenso, ardor e dispareunia. → Observa-se no exame de colo de útero, na maioria das vezes, manchas vermelhas mais escuras que estão associadas a presença de grande quantidade de protozoários – conhecido como colo de útero em framboesa, sendo indicativo dessa infecção. → Nos homens que são geralmente assintomáticos, os parasitos vivem como microrganismos anaeróbios sobre a mucosa das vias geniturinárias do homem (uretra, próstata e vesículas seminais), mesmo quando isso não se acompanhada de manifestações clínicas. ✓ Quando há clínica, haverá uretrite com prurido, hiperemia, pouca secreção e ardência miccional (principalmente na 1° urina da manhã). ✓ Complicações: prostatite, balanopostite (que é uma inflamação do prepúcio e da glande), cistite e epididimite. Não haverá alteração na fertilidade. ✓ Quando a uretrite ou a prostatovesiculite se torna sintomática, há disúria e polaciúria, com secreção matutina mucoide ou purulenta, prurido e escoriações balanoprepuciais. A evolução pode ser crônica como o da mulher. → Diagnóstico clínico é mais difícil, a secreção verde e bolhosa com odor pode indicar a tricomoníase, mas deve-se fazer exame parasitológico para confirmação. ✓ Coleta da amostra: nos homens vai colher um swab ou alça de platina no canal uretral. A mulheres não devem realizar higienização vaginal entre 18 a 24 horas antes do exame, coleta com swab de algodão não absorvente, com auxilio de espéculo. É fundamental manter o material coletado em solução salina isotônica glicosada, para manter os trofozoítos vivos e com formato passível de identificação, caso haja desidratação a forma deles se modifica muito, tornando o diagnostico difícil. ✓ Monta-se a lâmina para o exame microscópico, observa-se o formato característico. Também pode haver culturas nesse meio glicosado para multiplicação dos trofozoítos. ✓ Exames imunológico: reações de aglutinação, imunofluorescência e ELISA. → Complicações em mulheres: ✓ Problemas com a gravidez: parto prematuro, baixo peso de recém-nascidos, endometrite pós parto e morte neonatal. Nas meninas podem já contraira tricomoníase. ✓ Problemas com infertilidade: quase duas vezes maior em mulheres que já tiveram tricomoníase. Provoca danos às células ciliadas tubárias. ✓ Transmissão de HIV: Resposta inflamatória à presença de Trichomonas induz infiltração de leucócitos (Linfócitos TCD4) e macrófagos aos quais se liga o vírus o que facilita seu acesso; lesões hemorrágicas na mucosa vaginal e mucosa uretral masculina. → Epidemiologia: Mais frequente patógeno nas DSTs; 180 milhões de mulheres/ano no mundo; ampla distribuição geográfica; a prevalência é maior em pessoas de baixo nível socioeconômico; em clínicas ginecológicas, pré‐natal e serviços de DST; mulheres entre 20 e 30 anos. → Profilaxia: diagnóstico e tratamento dos doentes; uso de preservativos; redução de promiscuidade; cuidados com roupas intimas, toalhas etc. → Tratamento: feito por via oral, homens e mulheres devem se tratar simultaneamente. Mulheres devem aplicar também localmente as geleias com a mesma droga (após higiene com substâncias acidificantes que tornam o ambiente inóspito para os parasitos). ✓ Metronidazol: 2 g em dose única ou 2 ou 3 doses de 250 mg durante 10 dias; ✓ Ornidazol, Tinidazol e nimorazol em dose única durante 6 dias. Referências: REY (cap 7) e NEVES (cap 13).
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