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NEOPLASIAS GÁSTRICAS! lesões gástricas benignas são divididas em epiteliais (pólipos hiperplásicos, de glândulas fúndicas, hamartomas, pólipo fibroide, adenoma e carcinoide) e não epiteliais (GIST, lipomas, leiomiomas schwannomas, hemangiomas, tumores de células granulares, pâncreas ectópico, cisto gástrico e duplicação cística gástrica); — leiomiomas são os tumores gástricos benignos mais comuns — neoplasias malignas, por sua vez, são presentadas principalmente pelo adenocarcinoma, mas também há lesões menos comuns, como os tumores carcinoides e os linfomas; A D E N O C A R C I N O M A G Á S T R I C O denomina-se como câncer gástrico o adenocarcinoma, por representar 94% dos casos de neoplasia maligna de estômago; estimativas demonstram ser o 5º câncer mais diagnosticado; acomete principalmente homens, à proporção de 2:1, e é mais frequente entre 50 e 70 anos, com pico por volta de 70 anos para ambos os sexos; observa-se redução progressiva na incidência mundial, principalmente nos países desenvolvidos; desenvolvimento é multifatorial e envolve aspectos genéticos e ambientais; — tipos de câncer gástrico, intestinal e difuso, pela classificação de Lauren, são 2 entidades biológicas que diferem quanto à epidemiologia, etiologia, patogênese e comportamento — pela classificação de Lauren, os tipos de câncer gástrico são intestinal e difuso; intestinal tipo intestinal é mais comum entre homens e idosos, mais prevalente em áreas de alto risco e provavelmente ligado a fatores do meio ambiente; difuso já o tipo difuso é igualmente frequente em ambos os sexos, mais comum em jovens, e de pior prognóstico do que o intestinal – responsável, atualmente, por 30% dos casos de carcinoma gástrico; Fatores de risco ———————————— Lesões precursoras para o tipo intestinal gastrite crônica superficial de longa data, causada por H. pylori, anemia perniciosa ou dieta rica em sal, leva, eventualmente à gastrite atrófica crônica e metaplasia intestinal; Gastrite atrófica trata-se de uma desordem autoimune caracterizada por atrofia progressiva do epitélio glandular com perda de células parietais e principais; Metaplasia intestinal Metaplasia é uma alteração potencialmente reversível de um tipo celular diferenciado para outro ”“como um processo de adaptação ao estímulo do meio ambiente. No estômago, a metaplasia intestinal é a mais comum e decorre da infecção por H. pylori, do refluxo de bile ou quando induzida experimentalmente por radiação; Displasia Pacientes com displasia de alto grau na mucosa gástrica já têm ou logo desenvolverão câncer. Dentre os gastrectomizados por câncer, 20 a 40% tinham displasia associada. As taxas de progressão da displasia para o câncer são de 21% na leve, 33% na moderada e 57% na severa; Câncer gástrico difuso hereditário Possui herança autossômica dominante, com mutação da E-caderina (gene CDH1) em 25 a 50% dos casos. Os critérios diagnósticos para realizar teste genético são: 1. 2 ou mais parentes de 1º ou 2º grau com, pelo menos, 1 diagnóstico de câncer gástrico difuso histologicamente confirmado antes dos 50 anos; ou 2. 3 parentes de 1º ou 2º grau diagnosticados com câncer gástrico difuso histologicamente confirmado em qualquer idade. Câncer gástrico e Helicobacter pylori infecção por H. pylori mostra associação com o desenvolvimento de gastrite crônica ativa e gastrite atrófica, passos iniciais na gênese do câncer gástrico, detecção em cerca de 95% dos casos; Quadro Clínico ———————————— somente 50% dos diagnosticados com câncer gástrico têm doença confinada ao sítio locorregional, e metade daqueles com doença aparentemente regional pode realizar cirurgia potencialmente curativa; cânceres cirurgicamente curáveis, em geral, são assintomáticos; a) Precocemente, não apresenta sintomas e pode ser confundido com gastrite, levando ao tratamento sintomático durante 6 a 12 meses antes de estudos diagnósticos; b) Perda de peso (62%) e dor abdominal (52%) são os sintomas mais comuns no diagnóstico inicial; c) A dor epigástrica é semelhante à causada pelas úlceras benignas e, da mesma maneira, “pode simular angina, porém é constante e não se irradia nem melhora com a ingestão de alimentos; d) A perda de peso, usualmente, resulta mais de ingestão calórica insuficiente do que de metabolismo aumentado; e) A doença avançada pode apresentar anorexia, fadiga e vômitos; f) Os sintomas geralmente estão associados à localização do tumor no estômago: tumores próximos à junção esofagogástrica (JEG) frequentemente causam disfagia (presente em 26% dos casos); já em regiões mais distais, pode exibir sintomas de obstrução digestiva alta, com vômitos alimentares; g) O envolvimento difuso, como ocorre na linite plástica, leva à diminuição na distensibilidade do estômago, causando a saciedade precoce (18% dos casos); h) Sangramento oculto com ou sem anemia ferropriva não é incomum, mas sangramento ativo é raro (menos de 20%); tumores muito grandes podem erodir para dentro do cólon transverso com quadro de obstrução colônica; i) Sinais clínicos que se desenvolvem tardiamente com a evolução da doença, associados a avanço ou doença metastática, são massa abdominal palpável, linfonodos supraclaviculares (de Virchow) ou periumbilicais (de Irmã Maria José), linfonodo axilar esquerdo (de Irish), metástases peritoneais palpáveis pelo toque retal (“prateleira de Blumer”) ou massa ovariana (tumor de Krukenberg); j) Conforme a doença progride, pode haver hepatomegalia secundária a metástase, icterícia, ascite e caquexia; k) Os sítios mais comuns de metástases são fígado, peritônio, linfonodos não regionais ou distantes. Sítios menos comuns são ovário, sistema nervoso central, osso, pulmão ou partes moles; l) Fenômenos paraneoplásicos raros que incluem dermatite seborreica difusa (sinal de Leser-Trélat), acantose nigricans (placas pigmentadas escuras e aveludadas nas pregas cutâneas), anemia hemolítica microangiopática, nefropatia membranosa, estados hipercoaguláveis (síndrome de Trousseau) e poliarterite nodosa (no câncer gástrico precoce); Classificações ————————————— Macroscópica Histológico Intestinal: normalmente, o câncer gástrico tipo intestinal acomete indivíduos idosos, é bem ou moderadamente diferenciado, tem melhor prognóstico do que o tipo difuso e localiza-se mais comumente no antro e na pequena curvatura; Difuso: câncer gástrico tipo difuso acomete indivíduos mais jovens, é indiferenciado e tem pior prognóstico do que o tipo intestinal; Câncer precoce (PARIS) define-se como câncer gástrico precoce aquele que não ultrapassa a submucosa, não importa o acometimento linfonodal; — os fatores associados a metástase linfonodal incluem tamanho do tumor, ulceração, tipo histológico difuso (indiferenciado) ou misto (intestinal/ indiferenciado), profundidade da invasão e invasão submucosa ou linfovascular — Diagnóstico —————————————— endoscopia digestiva alta é o método diagnóstico de escolha do câncer gástrico; além de fazer a análise anátomo-patológica, possibilita o início do estadiamento, indicando se o tumor é precoce ou avançado, bem como o seu tamanho e sua localização; única biópsia da lesão possui sensibilidade diagnóstica de 70%, enquanto 7 biópsias da margem e base da lesão aumentam a sensibilidade para mais de 98%; diagnóstico de câncer gástrico difuso, chamado linite plástica pode ser endoscopicamente difícil, porque esse tumor tende a infiltrar a submucosa e a muscular própria, com biópsias superficiais falsas negativas; Estadiamento ————————————— estadiamento dos pacientes com câncer gástrico tem início com a história clínica em busca de sinais e sintomas sugestivos de doença avançada ou metastática, como perda de peso, aumento do volume abdominal, icterícia, dor abdominal, vômitos, disfagia, hemorragia digestiva etc. Realizados anamnese e exame físico cuidadoso, devem-se solicitar examescomplementares, de acordo com a disponibilidade de cada instituição, a fim de prosseguir com o estadiamento, que só estará completo depois das fases intraoperatória e anatomopatológica; — ultrassonografia (USG) de abdome pode ser um bom método para detectar metástases hepáticas, mas é ruim para avaliar invasão locorregional do tumor gástrico — —> os critérios de irressecabilidade aceitos mundialmente para o câncer gástrico são metástases a distância e invasão de estruturas vasculares maiores, como aorta, artéria hepática ou artéria do eixo celíaco/ esplênica proximal; —> mesmo com exames de imagem abdominais, como ultrassonografia, TC e ressonância magnética, o estadiamento abdominal definitivo é feito no intraoperatório; não há marcador tumoral específico com benefício comprovado na utilização clínica para aqueles com câncer gástrico; estadiamento segue a padronização da UICC (Union for International Cancer Control), seguindo os critérios TNM; Tratamento —————————————— cirurgia-padrão com intuito curativo é a gastrectomia com linfadenectomia D2, isto é, linfadenectomia determinada sempre pela localização do tumor; portanto, uma linfadenectomia D2 de um tumor de fundo gástrico não retira os mesmos linfonodos de uma linfadenectomia D2 de um tumor de antro; tipo de gastrectomia, total ou subtotal (retirada de 4 quintos do estômago, restando apenas 1 ou 2 vasos curtos), dependerá da localização do tumor e da margem cirúrgica desejada; tumores proximais, normalmente, necessitam de gastrectomia total, e os distais bem diferenciados possibilitam gastrectomia subtotal, sobretudo se bem diferenciados; Prognóstico ————————————— fatores prognósticos do câncer gástrico são, em ordem de relevância, o estádio TNM, a diferenciação tumoral e o status da margem da ressecção; Acompanhamento pós-tratamento Recomendam-se, como acompanhamento pós- tratamento: a) História e exame físico a cada 3 a 6 meses por 1 a 3 anos; então, a cada 6 meses por 4 a 5 anos; depois, anualmente; b) Hemograma e bioquímica, de acordo com a indicação clínica; c) TC a cada 3 a 6 meses por, pelo menos, 2 anos, e depois de acordo com a indicação clínica; d) Endoscopia nos pacientes com gastrectomia subtotal a cada 6 a 12 meses nos primeiros 2 anos, pois há risco aumentado de segundo câncer primário nesse período; e) Monitorização e tratamento quando está indicada a deficiência de vitamina B12; L I N F O M A G Á S T R I C O envolvimento extranodal dos linfomas predomina no trato gastrintestinal; linfoma primário é raro, enquanto o secundário é relativamente comum, estômago costuma ser o local mais acometido (68 a 75% dos casos), e o linfoma gástrico é responsável por 3% das neoplasias gastrintesti“nais e 10% dos linfomas., seu pico de incidência está entre 50 e 60 anos, com leve predominância do sexo masculino; infecção por H. pylori está altamente associada ao desenvolvimento do linfoma MALT; sintomas mais comuns são epigastralgia (78 a 93%), anorexia (47%), perda de peso (25%), náusea e vômito (18%), sangramento oculto (19%) e saciedade precoce. Sintomas B (febre e sudorese noturna) são descritos em 12% dos pacientes; diagnóstico geralmente é estabelecido pela biópsia endoscópica, em que se podem observar eritema da mucosa, lesão polipoide ou massa com ou sem ulceração, úlcera de aspecto benigno, nodularidade e pregas espessadas, como costuma infiltrar a submucosa, as biópsias devem ser grandes e profundas; mais de 90% dos linfomas gástricos são divididos em 2 tipos histológicos: a) Linfoma extranodal das células B da zona marginal do tecido linfoide associado à mucosa (38 a 48%); b) Linfoma difuso de grandes células B (45 a 59%). estadiamento, está indicada a TC de tórax, abdome e pelve, todos os pacientes devem ser testados para a presença de H. pylori por histologia, teste da urease, teste respiratório, pesquisa do antígeno fecal ou sorologia na vasta maioria dos linfomas MALT (90%). Hibridização ou PCR para translocação t(11:18) também deve ser feita; estadiamento dos linfomas gastrintestinais é realizado pelo sistema de Lugano tratamento do linfoma MALT gástrico baseia-se no estádio da doença e presença do H. pylori: 1. Estádio precoce e H. pylori positivo sem translocação y(11:18): recomenda-se a erradicação do H. pylori; 2. Estádio precoce e H. pylori negativo ou com translocação t(11:18): sugere-se tratamento inicial com radioterapia local em vez de erradicação do H. pylori, imunoterapia, quimioterapia ou gastrectomia; 3. Doença em estádio avançado: sugere-se erradicação do H. pylori se este for positivo, seguida de observação até o desenvolvimento de sintomas, quando deve ser iniciada quimioterapia. os pacientes deverão ser avaliados após o tratamento em que se confia se houver erradicação do H. pylori e resposta do tumor ao tratamento;
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