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SOCIOLINGUISTICA 29.07.2019

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ 
CAMPUS CLÓVIS MOURA 
CURSO: LICENCIATURA EM LETRAS PORTUGUÊS 
DISCIPLINA: SOCIOLINGUÍSTICA 
DOCENTE: BRÍGIDA MÔNICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO 
 
 
 
 
Carlos Alberto 
Joyce Sales 
Isabel Cristina 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERESINA-PI 
2019.1 
 
1. Introdução: 
Cada região brasileira tem um aspecto linguístico - suas variações. A língua 
portuguesa é múltipla, por ser, o brasileiro um povo plural. Apesar de cada região do país 
possuir o seu jeito de comunicar, o brasileiro de qualquer região do país se faz entender 
e é entendido quando estabelece comunicação verbal com outras pessoas. É evidente 
quando alguém que mora na região sul visita a região norte ou o nordeste do Brasil 
consegue se comunicar sem grandes dificuldades. Isso varia de acordo com o nível de 
letramento do indivíduo. As variações podem ser entendidas por meio de sua história no 
tempo (variação histórica) e no espaço (variação regional). Nossa língua apresenta 
diversas variedades linguísticas, as quais representam as variações de acordo com as 
condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada. O presente trabalho, 
tem como objetivo fazer a análise do capítulo 17 do livro didático Português Trilhas e 
Tramas do 1° ano do ensino médio, o LIVRO DIDÁTICO NOVO (PNLD 2018) – 
Autores: Ivone Ribeiro Silva, Graduada em Letras e Especialista em Leitura e Produção 
de Textos pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH), Mestre em Linguística 
pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Professora de Língua Portuguesa e 
coautora de livros didáticos. Maria das Graças Leão Sette, Graduada em Letras pela 
Pontifica Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) e Professora de Portuguesa 
e coautora de livros didáticos e paradidáticos. Maria Antônia Travalha, Graduada em 
Letras Portuguesa pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Professora de 
Portuguesa e coautora de livros didáticos. Maria do Rozário Starling de Barros, Graduada 
em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciencias e Letras de Belo Horizonte (Fafi-BH), 
Bacharel em Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mestre em 
Linguística pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Professora de 
Portuguesa e coautora de livros didáticos e paradidáticos, Assessora e consultora na área 
de avaliação, Supervisora do portal Devolutivas Pedagógicas das Avaliações de Larga 
Escala, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio de Abreu 
(Inep). O volume do livro é dividido em 33 capítulos, está na sua 2ª edição, 2016. Editora 
Leya que são acompanhados por ícones, os capítulos são compostos de seções e boxes. O 
Livro Português Trilhas e Tramas contém um capítulo inteiro para tratar somente sobre 
variedades linguísticas, o capítulo 17 do livro, que vai da página 204 a 211. 
 
 
2. Referencial Teórico 
 A sociolinguística tem como seu objetivo estudar a língua em seu uso real 
compreendendo-a como uma entidade heterogênea e variável e em seu meio o nome mais 
conhecido é Willian Labov pois foi ele quem criou a “teoria da variação” a partir daí 
surgem as terminologias que trataremos a seguir entre elas a de variedade 
linguística.Variedades linguísticas são as variações que uma língua apresenta devido as 
condições culturais e regionais na qual é usada, ou seja, além de variar no tempo a língua 
varia de acordo com o falante que a utiliza, o falante por sua vez faz as modificações na 
língua influenciado pelos fatores extralinguísticos, mas primeiro para facilitar o 
entendimento sobre o assunto vamos as definições de cada uma dessas terminologias. 
 As variações linguísticas segundo Dubois et al (1997, p .609), são “ o fenômeno 
no qual, na prática corrente, uma língua determinada não é jamais, numa época, num 
lugar e num grupo social dados, idêntica ao que ela é noutra época, em outro lugar e em 
outro grupo social”, para ele a língua sofre mudanças constantes ou seja varia de acordo 
com o tempo, com o falante, e com outros elementos chamados fatores extralinguísticos 
que para os sociolinguísticos são um conjunto de fatores sociais, são eles: escolaridade, 
idade, contexto, localização geográfica, sexo, status socioeconômicos todos esses fatores 
influenciam no uso que o falante faz da língua, por isso ocorrem as variações estas em 
alguns textos da sociolinguística são classificadas como: variação diatópica, variação 
diastrática, variação diamésica, variação diafásica e variação diacrônica. 
 As variedades linguísticas também tem suas classificações são elas: dialeto, 
socioleto, cronoleto, idioleto, porém não são todos os sociolinguistas que fazem uso 
dessas classificações é possível encontrar em alguns os nomes de variedade regional, 
variedade social e variedade geracional, todas essas variedades sofrem influencias dos 
fatores sociais mencionados acima por isso de acordo com Camacho et al ( p . 35), “... 
não existe comunidade linguística alguma em que todos falem do mesmo modo... a 
variação é o reflexo de diferenças sociais, como origem geográfica e classe social e de 
circunstâncias de comunicação”. Mas será que os alunos tem tido acesso a esse tipo de 
informação? será que variedade linguística é algo ensinado nas escolas? Ou ainda se 
propaga a ideia de que norma- culta é a única forma de se usar a língua? 
A escola tem desmistificado o mito da unidade linguística, que consiste na 
afirmação de que todos falam do mesmo modo, para responder esses questionamentos 
iremos analisar um livro do 1° ano do ensino médio buscando analisar o que tem sido 
ensinado aos jovens sobre variedade e variação. 
3.0 ANÁLISE 
3.1 Terminologia Empregada 
 O livro didático Português Trilhas e Tramas do 1° ano do ensino médio usado 
para realizar a pesquisa contém um capítulo inteiro para tratar somente sobre variedades 
linguísticas, o capítulo 17 da página 204 a 211. O capitulo já inicia com alguns 
questionamentos para incitar os discentes a pensar sobre o assunto que será tratado no 
decorrer do capítulo, como resposta das perguntas no início do conteúdo os autores 
colocam um trecho de A língua de Eulália que os autores do livro caracterizam como 
“uma novela sociolinguística” (p.205), nesse trecho conta a história de uma professora 
que busca esclarecer a mente de suas alunas em relação ao mito da unidade linguística do 
brasil que consiste na afirmação de que no Brasil existe apenas o português como língua, 
no decorrer da história a professora vai desmistificando e explicando o funcionamento da 
língua, mostrando a elas que existe mais de uma língua no Brasil (p. 205). 
 O assunto apresentado nessa parte do livro aborda os conceitos de variação e 
variedade de acordo com a sociolinguística, trata das diferenças fonéticas, sintáticas, 
regionais, etárias que estão presentes na língua e que que podem ocorrer entre alguns 
falantes ou seja aborda as variedades existentes na língua e explica como ocorrem, o por 
quê ocorrem, os fatores que influenciam a ocorrência dessas diferenças no uso da língua 
(p.206). Outro ponto tratado é a mudança que a língua sofre com o tempo, na história a 
professora afirma que o português falado no início da colonização não é o mesmo de hoje 
pois com o passar do tempo a língua vai sofrendo mudanças e o nome que se dá a 
mudança em relação ao tempo é mudança diacrônica (p.207), na história há o 
esclarecimento do que é a norma-padrão onde a professora explica que é o modelo ideal 
de língua que deve ser usado mas ela explica que apesar de ser tido como o modelo ideal 
para ser usado, este não é o mais empregado pelas pessoas deixando claro que a norma-
padrão está relacionada com o momento em que a língua está sendo usado ou seja de 
acordo com a situação, usando a terminologia adequada para definir aquilo que uma parte 
da sociedade diz ser o modelo ideal no casonorma-padrão(p 207). 
 
3.2 Menção à pluralidade línguas existentes no Brasil. 
 No decorrer da história a professora aborda a questão da pluralidade de línguas 
existentes no brasil, o esclarecimento ocorre no momento em que a professora busca 
explicar o mito da unidade linguística, ela afirma que: 
Primeiro, no Brasil não se fala uma só língua. Existem mais de duzentas 
línguas ainda faladas em diversos pontos do país pelos sobreviventes das 
antigas nações indígenas. Além disso, muitas comunidades de imigrantes 
estrangeiros mantêm viva a língua de seus ancestrais: coreanos, japoneses, 
alemães, italianos etc. (p.205) 
 Com essa afirmação a professora acaba por mostrar aos alunos que existe mais de 
uma língua falada no Brasil, apesar de o Português ser de fato a mais usada não é a única. 
(205) 
3.3 Abordagem da variação nos fenômenos gramaticais. 
 Ao abordar a variação nos fenômenos gramaticais o texto nos traz exemplos 
variados de como essa variação ocorre, não se limitando apenas aos exemplos de prosódia 
(sotaque) e de léxico, ele nos dá exemplos das variações que ocorrem no modo de 
pronunciar os sons da língua (variações fonéticas),variações sintáticas ( no modo de 
organizar as frases), variações lexicais, variações no significado das palavras ou seja 
diferenças semânticas, o texto procura trazer exemplos variados dessas diferenças que 
ocorrem no uso da língua. (206) 
É valido ressaltar que pelo fato de o livro trabalhar com as terminologias 
adequadas defendendo o modo de enxergar as coisas de acordo com a sociolinguística 
ele não trata dos fatos gramaticais com os nomes de “certo "ou “errado”, mesmo em suas 
atividades como na página 208 quando vai tratar sobre norma padrão e busca fazer com 
que os alunos pensem sobre o assunto e entendam que ela existe por determinados fatores 
mas não por que seja o único jeito “certo” de usar a língua .(208) 
3.4 Relação fala/ escrita. 
Foi possível observar que no livro analisado há apenas um capitulo para tratar 
sobre a questão da fala e que nessa mesma parte do livro não há menções sobre fala mais 
monitorada e nem sobre gêneros mais semelhantes a fala e nem sobre gêneros que se 
assemelhem mais a escrita fazendo utilização de um maior monitoramento, em nenhum 
momento essa questão foi abordada. 
4.0 CONCLUSÃO 
 O livro didático tem uma abordagem mais atual sobre o assunto, feito com o 
objetivo principal de abrir as mentes do discentes sobre as variedades linguísticas 
existentes no brasil, trabalha com as terminologias de variedade e variação de forma 
correta, assim como a terminologia de norma-padrão que ao invés de ser chamada 
erroneamente de norma-culta é trabalhada com a terminologia adequada. 
O livro é um excelente instrumento para auxiliar na dissipação do preconceito 
linguístico e consequentemente no melhor entendimento sobre as variedades linguísticas. 
 
 
REFERENCIAS: 
CAMACHO, Roberto Gomes. Norma Culta e Variedades Linguísticas. São Paulo. 
DUBOIS, J. et al. Dicionário de linguística. Tradução de Barros et al. São Paulo: 
Cultrix,1997. 
KAMTHACK, Gessilene Silveira. Sociolinguística: Letras Vernaculas EAD. Ilhéus, BA: 
UESC, 2010. 
SILVA, Ivone Ribeiro (Org.). Portugues: Trilhas e Tramas. São Paulo: Leya, 2016

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