Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ CAMPUS CLÓVIS MOURA CURSO: LICENCIATURA EM LETRAS PORTUGUÊS DISCIPLINA: SOCIOLINGUÍSTICA DOCENTE: BRÍGIDA MÔNICA ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO Carlos Alberto Joyce Sales Isabel Cristina TERESINA-PI 2019.1 1. Introdução: Cada região brasileira tem um aspecto linguístico - suas variações. A língua portuguesa é múltipla, por ser, o brasileiro um povo plural. Apesar de cada região do país possuir o seu jeito de comunicar, o brasileiro de qualquer região do país se faz entender e é entendido quando estabelece comunicação verbal com outras pessoas. É evidente quando alguém que mora na região sul visita a região norte ou o nordeste do Brasil consegue se comunicar sem grandes dificuldades. Isso varia de acordo com o nível de letramento do indivíduo. As variações podem ser entendidas por meio de sua história no tempo (variação histórica) e no espaço (variação regional). Nossa língua apresenta diversas variedades linguísticas, as quais representam as variações de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada. O presente trabalho, tem como objetivo fazer a análise do capítulo 17 do livro didático Português Trilhas e Tramas do 1° ano do ensino médio, o LIVRO DIDÁTICO NOVO (PNLD 2018) – Autores: Ivone Ribeiro Silva, Graduada em Letras e Especialista em Leitura e Produção de Textos pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH), Mestre em Linguística pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Professora de Língua Portuguesa e coautora de livros didáticos. Maria das Graças Leão Sette, Graduada em Letras pela Pontifica Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) e Professora de Portuguesa e coautora de livros didáticos e paradidáticos. Maria Antônia Travalha, Graduada em Letras Portuguesa pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Professora de Portuguesa e coautora de livros didáticos. Maria do Rozário Starling de Barros, Graduada em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciencias e Letras de Belo Horizonte (Fafi-BH), Bacharel em Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mestre em Linguística pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Professora de Portuguesa e coautora de livros didáticos e paradidáticos, Assessora e consultora na área de avaliação, Supervisora do portal Devolutivas Pedagógicas das Avaliações de Larga Escala, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio de Abreu (Inep). O volume do livro é dividido em 33 capítulos, está na sua 2ª edição, 2016. Editora Leya que são acompanhados por ícones, os capítulos são compostos de seções e boxes. O Livro Português Trilhas e Tramas contém um capítulo inteiro para tratar somente sobre variedades linguísticas, o capítulo 17 do livro, que vai da página 204 a 211. 2. Referencial Teórico A sociolinguística tem como seu objetivo estudar a língua em seu uso real compreendendo-a como uma entidade heterogênea e variável e em seu meio o nome mais conhecido é Willian Labov pois foi ele quem criou a “teoria da variação” a partir daí surgem as terminologias que trataremos a seguir entre elas a de variedade linguística.Variedades linguísticas são as variações que uma língua apresenta devido as condições culturais e regionais na qual é usada, ou seja, além de variar no tempo a língua varia de acordo com o falante que a utiliza, o falante por sua vez faz as modificações na língua influenciado pelos fatores extralinguísticos, mas primeiro para facilitar o entendimento sobre o assunto vamos as definições de cada uma dessas terminologias. As variações linguísticas segundo Dubois et al (1997, p .609), são “ o fenômeno no qual, na prática corrente, uma língua determinada não é jamais, numa época, num lugar e num grupo social dados, idêntica ao que ela é noutra época, em outro lugar e em outro grupo social”, para ele a língua sofre mudanças constantes ou seja varia de acordo com o tempo, com o falante, e com outros elementos chamados fatores extralinguísticos que para os sociolinguísticos são um conjunto de fatores sociais, são eles: escolaridade, idade, contexto, localização geográfica, sexo, status socioeconômicos todos esses fatores influenciam no uso que o falante faz da língua, por isso ocorrem as variações estas em alguns textos da sociolinguística são classificadas como: variação diatópica, variação diastrática, variação diamésica, variação diafásica e variação diacrônica. As variedades linguísticas também tem suas classificações são elas: dialeto, socioleto, cronoleto, idioleto, porém não são todos os sociolinguistas que fazem uso dessas classificações é possível encontrar em alguns os nomes de variedade regional, variedade social e variedade geracional, todas essas variedades sofrem influencias dos fatores sociais mencionados acima por isso de acordo com Camacho et al ( p . 35), “... não existe comunidade linguística alguma em que todos falem do mesmo modo... a variação é o reflexo de diferenças sociais, como origem geográfica e classe social e de circunstâncias de comunicação”. Mas será que os alunos tem tido acesso a esse tipo de informação? será que variedade linguística é algo ensinado nas escolas? Ou ainda se propaga a ideia de que norma- culta é a única forma de se usar a língua? A escola tem desmistificado o mito da unidade linguística, que consiste na afirmação de que todos falam do mesmo modo, para responder esses questionamentos iremos analisar um livro do 1° ano do ensino médio buscando analisar o que tem sido ensinado aos jovens sobre variedade e variação. 3.0 ANÁLISE 3.1 Terminologia Empregada O livro didático Português Trilhas e Tramas do 1° ano do ensino médio usado para realizar a pesquisa contém um capítulo inteiro para tratar somente sobre variedades linguísticas, o capítulo 17 da página 204 a 211. O capitulo já inicia com alguns questionamentos para incitar os discentes a pensar sobre o assunto que será tratado no decorrer do capítulo, como resposta das perguntas no início do conteúdo os autores colocam um trecho de A língua de Eulália que os autores do livro caracterizam como “uma novela sociolinguística” (p.205), nesse trecho conta a história de uma professora que busca esclarecer a mente de suas alunas em relação ao mito da unidade linguística do brasil que consiste na afirmação de que no Brasil existe apenas o português como língua, no decorrer da história a professora vai desmistificando e explicando o funcionamento da língua, mostrando a elas que existe mais de uma língua no Brasil (p. 205). O assunto apresentado nessa parte do livro aborda os conceitos de variação e variedade de acordo com a sociolinguística, trata das diferenças fonéticas, sintáticas, regionais, etárias que estão presentes na língua e que que podem ocorrer entre alguns falantes ou seja aborda as variedades existentes na língua e explica como ocorrem, o por quê ocorrem, os fatores que influenciam a ocorrência dessas diferenças no uso da língua (p.206). Outro ponto tratado é a mudança que a língua sofre com o tempo, na história a professora afirma que o português falado no início da colonização não é o mesmo de hoje pois com o passar do tempo a língua vai sofrendo mudanças e o nome que se dá a mudança em relação ao tempo é mudança diacrônica (p.207), na história há o esclarecimento do que é a norma-padrão onde a professora explica que é o modelo ideal de língua que deve ser usado mas ela explica que apesar de ser tido como o modelo ideal para ser usado, este não é o mais empregado pelas pessoas deixando claro que a norma- padrão está relacionada com o momento em que a língua está sendo usado ou seja de acordo com a situação, usando a terminologia adequada para definir aquilo que uma parte da sociedade diz ser o modelo ideal no casonorma-padrão(p 207). 3.2 Menção à pluralidade línguas existentes no Brasil. No decorrer da história a professora aborda a questão da pluralidade de línguas existentes no brasil, o esclarecimento ocorre no momento em que a professora busca explicar o mito da unidade linguística, ela afirma que: Primeiro, no Brasil não se fala uma só língua. Existem mais de duzentas línguas ainda faladas em diversos pontos do país pelos sobreviventes das antigas nações indígenas. Além disso, muitas comunidades de imigrantes estrangeiros mantêm viva a língua de seus ancestrais: coreanos, japoneses, alemães, italianos etc. (p.205) Com essa afirmação a professora acaba por mostrar aos alunos que existe mais de uma língua falada no Brasil, apesar de o Português ser de fato a mais usada não é a única. (205) 3.3 Abordagem da variação nos fenômenos gramaticais. Ao abordar a variação nos fenômenos gramaticais o texto nos traz exemplos variados de como essa variação ocorre, não se limitando apenas aos exemplos de prosódia (sotaque) e de léxico, ele nos dá exemplos das variações que ocorrem no modo de pronunciar os sons da língua (variações fonéticas),variações sintáticas ( no modo de organizar as frases), variações lexicais, variações no significado das palavras ou seja diferenças semânticas, o texto procura trazer exemplos variados dessas diferenças que ocorrem no uso da língua. (206) É valido ressaltar que pelo fato de o livro trabalhar com as terminologias adequadas defendendo o modo de enxergar as coisas de acordo com a sociolinguística ele não trata dos fatos gramaticais com os nomes de “certo "ou “errado”, mesmo em suas atividades como na página 208 quando vai tratar sobre norma padrão e busca fazer com que os alunos pensem sobre o assunto e entendam que ela existe por determinados fatores mas não por que seja o único jeito “certo” de usar a língua .(208) 3.4 Relação fala/ escrita. Foi possível observar que no livro analisado há apenas um capitulo para tratar sobre a questão da fala e que nessa mesma parte do livro não há menções sobre fala mais monitorada e nem sobre gêneros mais semelhantes a fala e nem sobre gêneros que se assemelhem mais a escrita fazendo utilização de um maior monitoramento, em nenhum momento essa questão foi abordada. 4.0 CONCLUSÃO O livro didático tem uma abordagem mais atual sobre o assunto, feito com o objetivo principal de abrir as mentes do discentes sobre as variedades linguísticas existentes no brasil, trabalha com as terminologias de variedade e variação de forma correta, assim como a terminologia de norma-padrão que ao invés de ser chamada erroneamente de norma-culta é trabalhada com a terminologia adequada. O livro é um excelente instrumento para auxiliar na dissipação do preconceito linguístico e consequentemente no melhor entendimento sobre as variedades linguísticas. REFERENCIAS: CAMACHO, Roberto Gomes. Norma Culta e Variedades Linguísticas. São Paulo. DUBOIS, J. et al. Dicionário de linguística. Tradução de Barros et al. São Paulo: Cultrix,1997. KAMTHACK, Gessilene Silveira. Sociolinguística: Letras Vernaculas EAD. Ilhéus, BA: UESC, 2010. SILVA, Ivone Ribeiro (Org.). Portugues: Trilhas e Tramas. São Paulo: Leya, 2016
Compartilhar