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INTRODUÇÃO À LINGUISTICA

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1
SUELEN MARTINS
EDUCAÇÃO A 
DISTÂNCIAFACULDADE ÚNICA
INTRODUÇÃO À
 LINGUÍSTICA
1
SUELEN MARTINS
INTRODUÇÃO À 
LINGUÍSTICA 
1
Suelen Martins
Doutora em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (2019), Mestre 
em Estudos de Linguagem pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais 
(2013), Especialista em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de Minas 
Gerais (2008) e graduada em Letras Português/Inglês e suas respectivas literaturas pelo 
Centro Universitário de Belo Horizonte (2007). Dedica-se ao estudo da divulgação cien-
tífica em matérias jornalísticas brasileiras e norte-americanas a partir dos aspectos que 
constituem essa prática textual, principalmente, no que tange à perspectiva das metáforas 
cognitivas utilizadas para esclarecer conhecimentos. Atualmente, é professora de Língua 
Portuguesa do Colégio Arnaldo e professora titular da Faculdade Arnaldo nos cursos de 
Ciências Gerenciais, Ciências Agrárias, Ciências Biológicas e da Saúde e Ciências Humanas.
2
1° edição
Ipatinga, MG
Faculdade Única
2021
INTRODUÇÃO À 
LINGUÍSTICA 
3
© 2021, Faculdade Única.
 
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza-
ção escrita do Editor.
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL
 Diretor Geral:Valdir Henrique Valério
 Diretor Executivo:William José Ferreira
 Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira
 Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa
 
 Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luíza mendes Leite 
 Carla Jordânia G. de Souza
 Guilherme Prado 
 
 Design: Aline De Paiva Alves
 Bárbara Carla Amorim O. Silva 
 Élen Cristina Teixeira Oliveira 
 Taisser Gustavo Soares Duarte
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA 
Rua Salermo, 299
Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG
Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300
www.faculdadeunica.com.br
4
LEGENDA DE
Ícones
Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes nas 
quais você precisa ficar atento.
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do 
conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones 
ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado 
trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a 
seguir:
São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca 
virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro.
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, 
associando-os a suas ações.
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos 
conteúdos abordados no livro.
Apresentação dos significados de um determinado termo ou 
palavras mostradas no decorrer do livro.
 
 
 
FIQUE ATENTO
BUSQUE POR MAIS
VAMOS PENSAR?
FIXANDO O CONTEÚDO
GLOSSÁRIO
5
SUMÁRIO UNIDADE 1
UNIDADE 2
UNIDADE 3
1.1 Linguística : Antecedentes ...................................................................................................................................................8
1.2 O objeto de estudo da linguística ..................................................................................................................................10
1.3 Alguns campos de aplicação linguística ..................................................................................................................12
FIXANDO O CONTEÚDO ..............................................................................................................................................................15
2.1 Conceitos e tipos de linguagem ...................................................................................................................................20
2.2 Língua: O que é? ......................................................................................................................................................................21 
2.3 Norma .............................................................................................................................................................................................23
2.4 Variação linguística .................................................................................................................................................................25
2.5 Tipos de gramática ................................................................................................................................................................26
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................29
3.1 Sobre o que é Cultura ............................................................................................................................................................34
3.2 O enlace entre Língua e Cultura ...................................................................................................................................36
3.3 Breve história da Língua Portuguesa ........................................................................................................................37
FIXANDO O CONTEÚDO ..............................................................................................................................................................41
A LINGUÍSTICA COMO CAMPO CIENTÍFICO 
O MUNDO DA LINGUAGEM 
LÍNGUA, CULTURA E SOCIEDADE
UNIDADE 4
4.1 A distinção entre oralidade e escrita .........................................................................................................................47
4.2 Gêneros Discursivos ..............................................................................................................................................................49
4.3 Gêneros Orais ..............................................................................................................................................................................51
4.4 Gêneros Escritos .......................................................................................................................................................................53
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................55
FALA E ESCRITA 
UNIDADE 5
UNIDADE 6
5.1 O que é Comunicação ........................................................................................................................................................60
5.2 Elementos da Comunicação ............................................................................................................................................62
5.3 Funçoes da Linguagem ......................................................................................................................................................63
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................69
NOÇÕES BÁSICAS DE COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 
6.1 Estruturalismo .............................................................................................................................................................................75
6.2 Funcionalismo ...........................................................................................................................................................................786.3 Gerativismo .................................................................................................................................................................................80
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................................................................................83
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................................................86
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................................................................87
A LINGUÍSTICA MODERNA 
6
UNIDADE 1
A Unidade I traz reflexões sobre a Linguística como a ciência que se ocupa em 
descrever o fenômeno da linguagem e as línguas naturais. Além disso, essa seção 
apresenta um breve percurso histórico sobre os estudos da linguagem e evidencia 
alguns campos de aplicação linguística.
UNIDADE 2
A Unidade II mostra o conceito de linguagem, o de língua e o de norma, assim como 
trata a variação linguística como um fenômeno de mudança natural nas línguas. 
Ademais, essa unidade traz um panorama sobre as diferentes concepções de 
gramática. 
UNIDADE 3
A Unidade III discute o conceito de cultura para, logo em seguida, associá-lo à língua. 
Nesta sessão, será discutida, brevemente, a história externa da Língua Portuguesa 
como maneira de mostrar que a língua é sensível às diversas culturas.
UNIDADE 4
A Unidade IV traz as particularidades da oralidade e da escrita. Essa seção traz a 
discussão breve sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como língua visuomotora 
ou visuogestual. Por fim, são mostradas as características dos gêneros tipicamente 
orais e escritos.
UNIDADE 5
A Unidade V traz a conceituação e quais são as características da comunicação. 
São evidenciados, segundo a teoria de Roman Jakobson, quais são os elementos 
comunicativos e quais as funções de linguagem relacionadas a cada um deles.
UNIDADE 6
A Unidade VI visa estabelecer um panorama sobre as principais correntes teóricas da 
Linguística Moderna cujo precursor é Ferdinand de Saussure. Para tanto, a noção de 
signo linguístico é mostrada. Outras abordagens linguísticas, como o Estruturalismo, 
o Funcionalismo e o Gerativismo, são destacadas nesta seção. 
C
O
N
FI
R
A
 N
O
 L
IV
R
O
7
A LINGUÍSTICA COMO CAMPO 
CIENTÍFICO 
UNIDADE
01
8
1.1 LINGUÍSTICA: ANTECEDENTES
A morfologia (do grego morfo, que significa forma, e logia, que significa estudo) é o estudo 
da constituição das palavras. De acordo com Borba (2007), a morfologia também trata das 
condições de estruturação do significante (parte acústica da palavra) e das regras que deter-
minam as variações desses significantes.
FIQUE ATENTO
 Neste capítulo, serão aprofundados os conhecimentos sobre a Linguística como 
uma ciência (do latim scientia cujo significado é aprender ou conhecer) que descreve os 
fenômenos pertinentes à língua e à linguagem. Será apresentado um breve histórico dos 
estudos da linguagem e quais são os campos de aplicação linguística.
 Os primeiros registros de estudo sobre a linguagem remontam à Grécia Antiga sob 
a figura de dois grandes filósofos: Platão e Aristóteles. Nessa época, os estudos da lingua-
gem estavam atrelados às inquietações filosóficas.
Figura 1: Platão
Fonte: Mendes et al. (2007)
Figura 2: Aristóteles
Fonte: Mendes et al. (2007).
 Platão, autor de Crátilo, propôs o questionamento sobre a natureza dos nomes das 
coisas do mundo. Por outras, ele questionou o porquê de uma cadeira ser denominada 
cadeira e não pedra. A tese inicial dele foi a de que haveria uma relação entre as palavras, 
as formas e a natureza dos objetos. Já Aristóteles sugeriu uma classificação das palavras 
em categorias, como nomes, verbos e conectivos, bem ao gosto do que hoje conhecemos 
como morfologia. Foi também Aristóteles que, a partir da concepção da linguagem como 
expressão do pensamento, portanto, comum a todos os homens, aventou a possibilidade 
de uma gramática universal, conceito posteriormente tratado no Humanismo.
9
 Graças à ideia de gramática universal de Aristóteles surgiu o conceito de gramática 
especulativa em que a língua era tratada como um espelho do raciocínio. Vigoravam nessa 
perspectiva, segundo Azeredo (1990), a noção de diferenças circunstanciais e acidentais 
entre as línguas e o estudo da sintaxe a qual trata da organização das palavras e da relação 
estabelecida por estas no enunciado. 
 Adiante, em um contexto de Idade Média, o latim era a língua que se sobressaia 
como oficial em contextos culturais e científicos e, como denota Guimarães (2014, p. 06), 
“as línguas derivadas do latim – como o italiano, o francês, o espanhol e, é claro, o nosso 
português – eram consideradas ‘impuras’ e ‘inferiores’ assim como o alemão e o inglês [...]”. 
Com a organização em Estados Modernos, a necessidade de uma língua (vernácula) re-
presentativa dessas nações emergiu, o que ocasionou a derrocada do latim como a língua 
predominante até então. Se outrora os pensadores usavam o latim em suas comunicações, 
nesses estados, esses intelectuais se valiam das línguas locais de cada país. 
Para saber mais sobre o percurso histórico dos estudos da linguagem, leia o livro 
Linguística I (2014), organizado por Thelma de Carvalho Guimarães, está disponível 
em: https://bit.ly/3i2r8Ov. 
Acesso em: 20 maio 2021.
BUSQUE POR MAIS
 Nesse contexto, surgiu a Grammaire Gé-
nérale et raisonnée (Gramática geral e racional), 
de 1660, ou Gramática de Port-Royal, de Antoine 
Arnauld e Claude Lancelot, fruto da comparação 
entre línguas como o latim, o grego, o hebraico e 
as línguas modernas europeias.
 Essa gramática é considerada descritiva (por 
descrever as línguas) e comparativa (por comparar 
as línguas). Subjacente a essa gramática, predomi-
nava a ideia de língua como fruto de razão, já que 
o pensamento é lógico e racional. Desse modo, a 
língua era vista como um espelho do pensamento 
e essa gramática, então, pode ser considerada es-
peculativa.
Figura 3: Gramática de Port-Royal
Disponível em: https://bit.ly/3fpFUNr Acesso em: 10/02/2021.
https://bit.ly/3i2r8Ov.
https://bit.ly/3fpFUNr
10
Quais seriam as condições históricas do aparecimento da Gramática de Port-Royal? Essa gra-
mática influenciou outro modelo teórico dos estudos linguísticos? Em qual medida?
VAMOS PENSAR?
 Com a chegada do século XIX, os estudos sobre a linguagem passaram a ser históri-
cos e comparativos. O representante desde momento é Franz Bopp que escreveu em 1816, 
segundo Guimarães (2014), o livro Sobre o sistema das conjugações da língua sânscrita, 
comparado com o das línguas grega, latina, persa e germânica sobre linguística histórica. 
Nesse novo contexto, a busca por uma base comum entre as línguas surgiu para justificar 
os traços semelhantes entre línguas distintas como aquelas que fazem parte do indo-eu-
ropeu, como o espanhol, o português, o francês, o italiano, a saber. Dessa análise, surgiram 
duas significativas reflexões para a linguística: as línguas mudam com o correr do tempo e 
nascem da oralidade.
De acordo com o Dicionário de linguística e gramática, de Câmara Junior (2002), o indo-eu-
ropeu é uma língua pré-histórica, falada há mais ou menos três mil anos antes de Cristo em 
uma região não definida da Europa Oriental. Essa língua teria se espalhado pela Ásia e pela 
Europa devido ao movimento migratório.
FIQUE ATENTO
 Apesar de todos os esforços dos estudiosos da linguagem como demonstrado an-
teriormente, a linguística ganhou status de ciência com o suíço Ferdinand de Saussure, 
professor da Universidade de Genebra, conhecido como o “pai do Estruturalismo” (capítu-
lo 6), autor da obra seminal Curso de linguística geral, publicada em 1916, postumamente 
pelos discípulos de Saussure a partir das anotações deles das aulas assistidas. Foi graças 
a ele que a linguística foi posta comouma ciência autônoma, dissociada da filosofia e da 
história. A contundência das observações de Saussure serviu como referência para outras 
áreas como a antropologia e a sociologia.
As ideias de Ferdinand de Saussure sobre signo linguístico, arbitrariedade do signo, signifi-
cante e significado serão mais bem retratadas no capítulo 06.
FIQUE ATENTO
1.2 O OBJETO DE ESTUDO DA LINGUÍSTICA 
 A partir do panorama traçado anteriormente, afirma-se que Linguística é uma ci-
ência que se interessa pela observação e pela descrição dos fenômenos relacionados à 
linguagem verbal e à língua natural. A Linguística não pretende, no entanto, prescrever 
regras para os usuários da língua, já que é analítica e descritiva.
 Os estudos linguísticos, por um lado, centravam-se na observação das mudanças da 
11
língua ao longo do tempo, ou seja, adotavam um viés diacrônico ou histórico. Para Câmara 
Junior (2002), diacronia foi um termo adotado por Saussure para se referir à transmissão de 
uma língua em uma perspectiva transgeracional (diz respeito às várias gerações) por meio 
do tempo e marcada pela evolução linguística. 
 Por outro lado, os estudos da língua podem ganhar contornos sincrônicos, quer di-
zer, preocupam-se com a descrição do funcionamento simultâneo da língua. A observação 
sincrônica da língua necessita de demarcação temporal e de quais usos serão analisados 
a partir de um corpus – coleção de textos orais ou escritos para análise, marcando uma di-
mensão mais estática. Ainda que se faça essa distinção didática sobre as possibilidades do 
estudo da língua, diacronia e sincronia se completam e alguns estudiosos não conseguem 
conceber uma perspectiva separada da outra. 
Borba (2007) registra as línguas naturais como aquelas faladas por comunidade humana, 
como o português, o inglês e o japonês. Já as línguas artificiais são criadas por um pequeno 
grupo de pessoas com um determinado objetivo, geralmente, científico, por exemplo, o espe-
ranto.
FIQUE ATENTO
 A Linguística visa compreender as particularidades das línguas e se esforça para 
analisar o funcionamento que está na base delas, de modo a descobrir “aspectos univer-
sais essencialmente humanos” (MARTELOTTA, 2008, p. 16). Pode-se afirmar que o linguista, 
aquele que se dedica aos estudos da língua e da linguagem, parte de traços que se sobres-
saem nas línguas para formulam possíveis generalizações. Ainda que várias línguas sejam 
estudadas, a Linguística não se ocupa de hierarquizá-las em mais ou menos evoluídas pelo 
contrário o trabalho desta ciência é mostrar resultados advindos de análises linguísticas.
 No que diz respeito à análise da linguagem, há de se considerar algumas particula-
ridades da linguagem. A linguagem apresenta algumas características como a simboliza-
ção, a articulação, a regularidade, a intencionalidade e a produtividade. 
 A primeira característica é concernente ao fato de essa capacidade humana operar 
com elementos que representam a realidade, mas sem a constituir em si. Esse fator permi-
te que seja realizado um filtro da realidade. A segunda característica refere-se ao fato de a 
linguagem ser atrelada a um ato comunicativo ser analisável em vários níveis complexos. 
A terceira característica diz respeito ao fato de as manifestações linguísticas serem recor-
rentes devido ao fato de a linguagem ocorrer graças a um sistema linguístico. A quarta 
relaciona-se ao fato de toda comunicação ter um propósito e se relacionar a algo. A quinta 
e última característica diz respeito à linguagem conter mecanismos para produzir uma 
infinidade de mensagens, ou seja, ser produtiva. 
A linguagem seria objeto de estudo só da Linguística? A Linguística é uma área interdiscipli-
nar?
VAMOS PENSAR?
12
 A Linguística, sendo uma ciência, apresenta-se como uma forma de adquirir co-
nhecimento por meio de um método (do grego methodos; met’hodos), segundo Tartuce 
(2006, p. 11), “o caminho em direção a um objetivo”. Há a observação de um objeto, enun-
ciados da língua, a formulação de perguntas sobre esse objeto, bem como a formulação 
de perguntas sobre esses enunciados e as possíveis hipóteses. A análise desses enunciados 
se dá a partir de princípios teóricos e terminologia própria de uma das áreas da linguística. 
Assim, são gerados resultados e tiradas conclusões sobre esse objeto.
1.3 ALGUNS CAMPOS DE APLICAÇÃO LINGUÍSTICA 
 Os estudos linguísticos, atualmente, estão concentrados em duas perspectivas, para 
Martelotta (2008, p. 28), “a microlinguística e a macrolinguística” – a primeira se concentra 
na língua em si, remete a uma ideia mais restrita do escopo dos estudos linguísticos, e a 
segunda atem-se a todas as relações entre a língua e o que está ‘fora dela’ (cultura, socie-
dade, psicologia etc.), constituindo assim uma visão mais ampla dos estudos linguísticos. 
Os trabalhos da microlinguística são considerados mais tradicionais e tratam das partes 
que compõem as línguas; já os trabalhos da macrolinguística são atentos à análise social 
da língua. A seguir, o esquema 1 ( Figura 4) com a relação entre essas perspectivas da área 
de Linguística.
Figura 4: Microlinguística e macrolinguística
Fonte: Weedwood (2002)
O livro História Concisa da Linguística (2002), de Barbara Weedwood, tradução de 
Marcos Bagno, está disponível em: https://bit.ly/3foH7or . 
Acesso em: 21 maio 2021.
BUSQUE POR MAIS
 Como é possível notar a partir do esquema acima, a Linguística é um campo vasto 
e com várias frentes de atuação, sendo a microlinguística o núcleo duro e tradicional dos 
estudos da língua e a macrolinguística a preocupação com a língua e a função social dela. 
 A seguir, o esquema 2 ( Figura 5) apresenta, sucintamente, os campos de aplicação 
 https://bit.ly/3foH7or
13
da microlinguística
Figura 5: Microlinguística 
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)
 Algumas possibilidades de estudo da microlinguística são trazidas a título de ilustra-
ção. As pesquisas em fonética envolvem, por exemplo, a análise de produção de sons pelos 
seres humanos (s/z) e a verificação da qualidade física e percepção de unidades sonoras. Já 
os estudiosos da fonologia podem analisar e justificar certas regularidades na fala de um 
determinado grupo a partir de uma gravação. As pesquisas em morfologia podem abarcar 
observações o uso de sufixos na criação de novas palavras na língua (neologismos). 
 Nas pesquisas sintáticas, o linguista estuda a combinação de formas livres a partir de 
critérios de linearidade, quer dizer, é aceitável a sentença: “Vejo minha avó sentada no sofá”, 
enquanto a sentença: “Minha sentada vejo no sofá avó”, é agramatical – não está de acordo 
com as regras da nossa gramática. Os estudos da semântica podem abarcar a polissemia 
de uma palavra como em: “A manga da minha camisa é longa” e em: “Eu como manga”. 
Bem como se detém a estudar a ambiguidade, um fenômeno marcado pela duplicidade 
não intencional do significado de uma palavra ou de um trecho, considerada maligna à 
compreensão textual.
Você poderia desenhar metodologicamente um exemplo de pesquisa da área de lexicologia?
VAMOS PENSAR?
 A seguir, o esquema 3 (Figura 6) apresenta, sucintamente, os campos de aplicação 
da macrolinguística.
Figura 6: Macrolinguística
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)
14
 Algumas possibilidades de estudo da macrolinguística são trazidas a título de exem-
plificação. O estudo sobre a construção de um texto e os elementos de textualidade envol-
vidos nessa produção constitui um exemplo de pesquisa em Linguística Textual. A análise 
do funcionamento do contrato de comunicação em textos de divulgação científica carac-
teriza uma pesquisa em análise do discurso. Ao estudar as especificidades do dialeto rural 
de uma dada região brasileira, o linguista está fazendo uma pesquisa em sociolinguística. 
Na área de Psicolinguística, pode haver um estudo sobre a dislexia e suas consequências 
para a aprendizagem de língua.
A partir do esquema 3, como seriam as pesquisas da macrolinguística nas áreas não mostra-
das noparágrafo acima?
VAMOS PENSAR?
15
1. A ciência que estuda as línguas é a Linguística. A partir desse conhecimento, marque V 
para as proposições verdadeiras e F para as proposições falsas.
( ) A Linguística está voltada às explicações dos fatos que acontecem com a língua e dos 
fatos linguísticos.
( ) A Linguística é a área que se preocupa com a natureza da linguagem e da comunicação.
( )A Linguística apresenta relação com outras áreas voltadas para o estudo das línguas 
áreas como a: educação, antropologia, sociologia, psicologia cognitiva, por exemplo.
( ) A Linguística se ocupa de estudar questões relativas à língua e não à linguagem humana.
Assinale a alternativa correta:
a) F – V –F – F.
b) F – V – V – V.
c) V – V – V – F.
d) F – F – V – V.
e) V – V – V – V.
2. A microlinguística concentra-se no estudo da língua em si. Associe as duas colunas, 
relacionando o campo de estudo à sua definição.
1ª coluna 2ª coluna
1. Fonologia ( )Estuda a formação e a estruturação dos morfemas. 
2. Semântica ( )Estuda as relações de significação das palavras.
3. Morfologia ( )Estuda como são produzidos e combinados os fonemas.
4. Sintaxe ( )Estuda como as palavras se organizam para formar enunciados. 
Assinale a alternativa correta. 
a) (1), (2), (3), (4).
b) (2), (4), (3), (1).
c) (2), (3), (4), (1).
d) (3), (2), (1), (4).
e) (4), (3), (2), (1).
3. (ENADE) Entre os conteúdos que fazem parte da trajetória acadêmica do graduando 
em Letras, destacam-se os níveis de análise da língua, os quais permeiam os estudos 
de aquisição da língua materna e tornam-se, portanto, referência básica nos estudos da 
linguagem.
SCARPA, E. M. Aquisição da Linguagem. In: MUSSALIN, F.; BENTES, A. C. (Orgs.).
 Introdução à linguística. São Paulo: Cortez, 2001 (adaptado). 
Nesse contexto, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
FIXANDO O CONTEÚDO
16
I. Nos estudos sobre aquisição da língua materna, a aquisição do sistema entonacional, 
da acentuação e da estrutura silábica pertence ao nível fonológico, entretanto, tais 
processos contribuem para o desenvolvimento dos níveis morfológico, sintático, 
semântico e pragmático, embora sejam estudados separadamente.
PORQUE
II. Os níveis de análise da língua estabelecem redes de relações entre si e, portanto, o 
estudo do funcionamento de cada nível, de forma estanque, deve ser considerado 
um critério meramente metodológico. 
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.
a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
b) As asserções I e II são proposições verdades, mas a II não é uma justificativa correta da I.
c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e) As asserções I e II são proposições falsas.
4. (UNIMONTES) Em relação à Linguística do Texto, podemos afirmar que
I. Desprezou a importância da pragmática nas pesquisas sobre o texto.
II. Deu pouca importância à competência textual.
III. Possui 3 (três) momentos: o da análise transfrástica, o das gramáticas textuais e o da 
linguística do texto.
IV. Passou a ter como centro de preocupação não apenas o texto em si, mas também o 
contexto.
As afirmativas corretas são
a) III e IV, apenas.
b) I e II, apenas.
c) II, III e IV, apenas.
d) I, II, III e IV.
e) I e IV, apenas.
5. (CONTEMAX – adaptada) “É sempre necessário que as circunstâncias em que as palavras 
forem proferidas sejam de algum modo, apropriadas”.
 (AUSTIN, 1990)
A linguagem é entendida, na perspectiva da Pragmática, como uma atividade intersubjetiva e 
intencional. Desse modo, as práticas discursivas são as linguagens em ação em que os indivíduos 
produzem sentidos e se posicionam em suas relações sociais do dia a dia. A linguagem que se 
processa entre falantes e interlocutores é sempre uma linguagem social, que produz ações e 
consequências. Estas ideias acerca da linguagem e das práticas discursivas têm como base a teoria 
dos atos de fala desenvolvida por Austin (1976), em que é possível fazer através do dizer.
 
17
É incorreto afirmar sobre a polidez na comunicação:
a) A perspectiva da Pragmática concebe a polidez como uma atividade social que objetiva 
contribuir para que as interações transcorram de modo equilibrado e harmônico.
b) Como regra de convivência, a polidez posiciona identitariamente os indivíduos em 
diferentes contextos e ocasiões.
c) Em uma situação comunicativa, os indivíduos manifestam apenas sua própria face, e 
não do grupo a que pertencem.
d) A polidez está relacionada à face ou à autoimagem pública, que é monitorada tanto pelo 
falante, quanto por seu interlocutor durante a interação. Os conceitos de face e polidez 
encontram-se intrinsecamente relacionados.
e) A linguagem politicamente correta serve como propósito de conscientizar os falantes de 
certo fenômeno linguístico que apenas reflete e consagra uma prática social de preconceito.
6. Leia o fragmento a seguir.
“A linguística é uma ciência __________, referente ao homem e à sua __________, como a 
sociologia, a antropologia cultural e a __________ coletiva; mas também assenta em dados 
das ciências biofísicas, ou da Natureza, como a biologia [...]”. (CÂMARA JUNIOR, 1986)
Assinale a opção cujos itens completam as lacunas do fragmento acima.
a) Antropologia, cultura, neurológica. 
b) Antropológica, cultura, psicologia.
c) Biológica, vida, noção. 
d) Social, cultura, psicologia.
e) Sociológica, psicologia, ciência.
7. Leia o trecho a seguir para responder à questão.
“Já no século XVII, foi criada entre as chamadas gramáticas gerais, muitos comuns na 
época, a _________ (1660), sobre a qual se assentaram estudos lógico-linguísticos que 
caracterizavam as buscas reflexivas sobre linguagem do período”. 
(CECATO, 2017, p. 23)
Assinale a opção cujo item completa a lacuna do fragmento acima.
a) À gramática geral.
b) À gramática gerativa.
c) À gramática normativa.
d) À gramática de port-royal.
e) À gramática tradicional.
8. Assinale a alternativa correta sobre a Linguística.
a) A gramática especulativa partia do princípio de que a língua não reflete a realidade 
subjacente aos fenômenos do mundo físico. 
18
b) As primeiras discussões dos filósofos gregos sobre a linguagem centravam-se na relação 
entre o pensamento e a palavra.
c) A Linguística é autônoma em relação às outras ciências por causa de seu objeto de 
análise: a linguagem humana. 
d) A gramática especulativa da Idade Média aproxima-se da tradição filológica na medida 
em que preconiza o método dedutivo. 
e) A Linguística é autônoma em relação às outras ciências por causa de seu objeto de 
análise: a linguagem química.
19
O MUNDO DA LINGUAGEM UNIDADE
02
20
2.1 CONCEITO E TIPOS DE LINGUAGEM 
 Neste capítulo, serão apresentados os principais conceitos a serem instrumentaliza-
dos nos estudos linguísticos. Serão propostas reflexões sobre o conceito de linguagem, de 
língua, de norma, de variação linguística e de tipos de gramática. Essas noções são impres-
cindíveis para o entendimento da Linguística enquanto ciência.
 A linguagem é a faculdade particular do ser humano de se comunicar com inte-
grantes de uma dada comunidade por meio da língua (seção 2.2), é o que nos distingue 
dos animais. Em outras palavras, para Fiorin (2013, p. 13-14), “a linguagem responde a uma 
necessidade natural da espécie humana, a de comunicar-se. No entanto, ao contrário da 
necessidade de comer, dormir, respirar, manter relações sexuais etc., ela não se manifesta 
de maneira natural”. Estes se comunicam, mas não possuem uma linguagem no sentido 
humano, a qual pressupõe um diálogo. É por meio da linguagem que o homem percebe o 
mundo e organiza sua experiência no mundo. 
 Alguns linguistas defendem concepções de linguagem de acordo com as correntes 
teóricas nas quais estão inseridos.A depender dessa corrente, predominam algumas ca-
racterísticas como apresentadas no esquema a seguir.
Figura 7: Concepções de linguagem 
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)
 A linguagem pode manifestar-se por meio não-verbal, verbal ou misto como mos-
tram as figuras a seguir. Essas diferentes manifestações da linguagem são capazes de pro-
duzir sentido.
Figura 8: Linguagem não-verbal
Disponível em: https://bit.ly/2R1Ai2O. Acesso em: 20 maio 2021.
https://bit.ly/2R1Ai2O
21
Figura 9: Linguagem mista
Disponível em: https://bit.ly/3vsXwOe. Acesso em: 20 maio 2021.
Figura 10: Linguagem mista
Disponível em: https://bit.ly/2SwBw6r. Acesso em: 20 maio 2021.
 Pelos exemplos, nota-se que a linguagem não verbal não apresenta palavras em sua 
organização como ocorre na dança, na mímica, na pintura, na fotografia, na escultura, en-
tre outros. Já a linguagem verbal é aquela que se vale da palavra (oral ou escrita) para a 
comunicação como acontece em contos, em crônicas, em haicais, em artigos de opinião, 
em e-mails, entre outros. Por fim, a linguagem mista organiza-se por meio da palavra e dos 
elementos não verbais como acontece nas tirinhas, nas charges, nas histórias em quadri-
nho, em cartazes, em publicidades, entre outros.
Quais são os indícios de que a linguagem é de fato uma faculdade exclusivamente?
VAMOS PENSAR?
 A ideia de língua muitas vezes é confundida com a de linguagem, é multifacetada e 
pode ser estabelecida a partir de uma gama teórica. Ainda que especulada sob diferentes 
vieses, há, subjacente a essas visões, a noção de linguagem manifestada por intermédio 
da língua. Para Cecato (2017, p.28), a língua “pode ser definida como sistema pelo qual um 
conjunto de falantes se comunica”, o que denota uma concepção de língua como uma 
estrutura, um sistema constante, tendo o social como pano de fundo. 
 Por outro lado, sob uma visão bakhtiniana, a língua não é um objeto abstrato, pau-
tada na rigidez e em sua natureza individual. Para Bakhtin (2010b, p. 15), “todo signo é ide-
ológico; a ideologia é um reflexo das estruturas sociais; assim, toda modificação da ideo-
logia encadeia uma modificação da língua”. Sendo assim, fica expresso que, para Bakhtin 
(2010b), a língua é associada à sua natureza social e às suas condições de comunicação; a 
língua é viva, maleável, variável e dirigida por leis sociais.
2.2 LÍNGUA : O QUE É?
https://bit.ly/3vsXwOe
 https://bit.ly/2SwBw6r
22
A língua está em constante mudança, e a palavra é instrumento que sinaliza essa instabili-
dade ainda que socialmente não se perceba isso. Nesse sentido, ainda que Bakhtin e o círcu-
lo tenham veiculado essa ideia, no início do século XX, ela continua perceptível e atual. 
FIQUE ATENTO
 Conciliando as duas formas de entender a língua – como sistema e como fato social 
– surge a figura de Benveniste (1991), responsável por refletir sobre o papel da subjetividade 
(capacidade de o falante se colocar como sujeito) nos estudos linguísticos. Isso pode ser 
respaldado por Noble, Simões e Medeiros (2017, p. 19) ao afirmarem que “a língua é uma 
estrutura e também um fato social, porque a sociedade não é possível sem a língua, e a lín-
gua não deixa de ser um sistema organizado de signos”. Em suma, para Benveniste (1991), o 
sujeito se apropria da língua e faz o uso dela em um contexto, “entendido como o entorno 
mais imediato no interior do texto e tudo aquilo que está para além do verbal, mas com 
ele contribui para que o sentido se produza” (NOBLE, SIMÕES e MEDEIROS, 2017, p. 78), ou 
melhor, a situação de comunicação. 
 Em termos didáticos, no quadro 1, algumas das principais concepções de língua e 
suas características são apresentadas sinteticamente. Há de se alertar que essas concep-
ções, para alguns estudiosos, como Martelotta (2008) são atribuídas à linguagem. Acredi-
ta-se que isso se deva ao fato de que língua e linguagem estão intrincadas em uma relação 
de pertencimento.
CONCEPÇÃO DE LÍNGUA CARACTERÍSTICAS
REPRESENTAÇÃO DO 
PENSAMENTO
A língua é o espelho do pensamento e as circunstân-
cias não afetam o funcionamento daquela. Nessa con-
cepção, prevalece a ideia de que, se alguém se expres-
sa mal, é porque não pensa.
FORMA OU ESTRUTURA 
A língua é um sistema de regras ou um sistema de 
signos (significante – parte acústica da palavra e signi-
ficado – parte conceitual da palavra).
INSTRUMENTO DE 
COMUNICAÇÃO
A língua é um código e é capaz de transmitir uma 
mensagem de um emissor a um receptor. Nessa con-
cepção, a língua é tida como um instrumento de fácil 
manuseio, a transmissão de informações seria natural 
e a compreensão seria objetiva.
ATIVIDADE 
SOCIOINTERATIVA 
A língua é uma atividade tem fundamentação cogniti-
va, sócio-histórica e sociointerativa. Nessa concepção, 
a língua não é autônoma, nem abstrata.
Quadro 1: Concepções de língua 
Fonte: Adaptado de Marcuschi (2009)
23
 Cada linguista pode optar por uma concepção de língua em seus estudos. Além 
disso, cada uma dessas abordagens de língua pode influenciar, a saber, a forma como a 
língua é ensina na escola. O mais importante nesse processo é ter posicionamento em re-
lação à escolha que faz. 
Relacione os conceitos de língua e de linguagem, mostrando seus pontos de contato.
VAMOS PENSAR?
2.3 NORMA 
 De maneira geral, a palavra “norma” significa diretriz, princípio ou regra. Do ponto de 
vista linguístico, esse termo pode ser explicado como no esquema 5 ( Figura 11) a seguir.
Figura 11: Norma
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)
 A contar com o esquema 4, o primeiro conceito refere-se ao que é normal ou habitu-
al em uma comunidade de fala – um grupo social que partilha do uso de determinadas ca-
racterísticas linguísticas –, por isso, encerra uma realidade linguística, ou seja, o que de fato 
ocorre no uso. Já o segundo conceito alude à tentativa de regularizar, controlar, normatizar 
o uso linguístico por parte dos falantes. Sendo assim, uma língua é considerada “boa e 
adequada” para o uso. Fica exposta, então, uma visão prescritiva em prol da boa utilização 
da língua em oposição ao que de fato é socialmente usado, fruto de uma diversidade ou 
variação linguística (seção 2.4). 
 Surge dessa maneira a ideia de norma padrão que é uma forma “correta” de escrever 
ou de falar. Essa normatização é uma idealização, pois nem as pessoas consideradas cultas 
e pertencentes a uma elite cultural, como professores, intelectuais, acadêmicos, escritores 
e jornalistas, falam ou escrevem exatamente de acordo com essa norma. Mesmo assim, ve-
rifica-se que esse parâmetro ainda determina qual é a concepção de língua predominante 
na sociedade e qual gramática deve ser ensinada na escola. Para ilustrar como funciona 
esse fato, cita-se o caso do uso de pronome oblíquo átono. Segundo a norma padrão da 
língua portuguesa, deve-se privilegiar o uso de ênclise, pronome átono depois do verbo no 
início de frase, por exemplo, “Inicia-se agora a cerimônia”. No uso corrente, no entanto, no-
ta-se a prevalência da próclise, inserção do pronome átono antes do verbo, “Se inicia agora 
a cerimônia”, o que comprova a ineficiência de um padrão. Oswald de Andrade (1972), no 
poema “Pronominais”, mostra a dificuldade de se fazer cumprir sempre a norma padrão 
como mostra a figura 12 a seguir.
24
Figura 12: Pronominais
Fonte: Andrade (1972)
 A necessidade de uma padronização do uso linguístico, conforme Guimarães (2014), 
foi imposta pelos portugueses, no século XV, e apresentou algumas justificativas como ex-
posto no esquema 6 ( Figura 13) a seguir.
Figura 13: Padronização da norma
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)
 A primeira causa da padronização, a uniformização da língua, tem relação com a ins-
tituição de uma referência de uso da língua para escrever textos. A segunda, construção de 
identidade, diz respeito à tentativa de diferenciar o português do espanhol. A terceira e úl-
tima, valorização da língua, corresponde à normatização em prol do prestígio de escritores 
e intelectuais. Embora, a norma padrão do português de Portugalde outrora seja diferente 
do português de hoje, essa iniciativa influencia o movimento de norma padrão no Brasil. 
 Por fim, vale a reflexão que quase sempre a norma padrão é confundida com a nor-
ma culta talvez porque aquela seja baseada “nos hábitos linguísticos de seus falantes mais 
cultos” (GUIMARÃES, 2012, p. 42). Faz-se, no entanto, em termos didáticos, a distinção entre 
elas. A primeira trata-se de um modelo idealizado ou de um conjunto de parâmetros ho-
mogeneizadores do uso linguístico enquanto a segunda revela usos típicos de um grupo 
de falantes tidos como cultos, pessoas da zona urbana com elevado grau de escolaridade 
e adeptos à cultura escrita. 
25
Como vimos, a norma padrão é um parâmetro de uso da língua a ser seguido por ser consi-
derado correto. A partir do momento em que essa norma é contrariada, surge um fenômeno 
chamado preconceito linguístico. Segundo Bagno (2007), linguista que ventilou esse concei-
to, trata-se de uma forma de julgamento negativo, uma discriminação arraigada em nossa 
sociedade a qual é praticada contra as pessoas que usam variedades linguísticas diferentes 
daquela de prestígio.
FIQUE ATENTO
 As línguas naturais não são estáticas e mudam, uma vez que são organismos vivos. 
Essas mudanças são denominadas variação linguística e refletem uma transformação so-
cial, de acordo com Guimarães (2012), no nível diacrônico – variação na estrutura da língua 
ao longo do tempo – e no nível sincrônico – variação em um dado momento da língua.
2.4 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA 
Para entender mais sobre variação linguística sincrônica e diacrônica, leia o capí-
tulo 2 do livro Comunicação e Linguagem (2012), de Thelma de Carvalho Guima-
rães, disponível em https://bit.ly/3hYgkkv
Acesso em: 20 maio 2021.
BUSQUE POR MAIS
 As variedades linguísticas sincrônicas são:
Figura 14: Variedades linguísticas
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)
 A variação diatópica é relacionada às diferenças observadas no uso da língua segun-
do a região em que o falante se encontra. Essa variação ao nível da pronúncia, da morfo-
logia, da sintaxe ou do vocabulário e pode ocorrer entre estados, cidades e regiões de um 
mesmo lugar. Por exemplo, o vocábulo mandioca pode ganhar inúmeras denominações 
de acordo com a região do Brasil como: mandioca (Minas Gerais), macaxeira (Nordeste), 
aipim (Rio de Janeiro e algumas regiões de São Paulo) e maniva (Pará).
 A variação diastrática diz respeito às diferenças reparadas na língua a partir de al-
guns critérios tais como: a) nível de escolaridade (pessoas com níveis de escolaridade dis-
tintos usam a língua de formas diferenciadas em se tratando de norma padrão) b) faixa 
etária (pessoas de diferentes gerações usam a língua de maneira dessemelhante, c) sexo 
(homens e mulheres usam a língua diferente com privilégio do uso da norma padrão pe-
las mulheres), d) profissão (pessoas de diferentes profissões usam vocabulário próprio – 
https://bit.ly/3hYgkkv . 
26
jargão), e) grupos sociais (pessoas de grupos sociais diferentes usam a língua de forma 
diferente – surfistas e funkeiros). Por exemplo, o avô pode usar a palavra supimpa para se 
referir a algo magnífico enquanto o neto pode usar a expressão da hora.
 A variação diamésica tem relação com a dicotomia oralidade e escrita (capítulo 3). 
Oralidade e escrita são diferentes a começar pelo contexto de produção e recepção de 
texto. Para Guimarães (2012, p. 47), “[...] na comunicação oral, eles são simultâneos – à medi-
da que você fala, seu interlocutor ouve; já na comunicação escrita, existe uma defasagem 
entre o momento de produção e o de recepção”. Por exemplo, se fala algo com o meu in-
terlocutor e ele não entende, prontamente, posso desfazer o mal-entendido, já na escrita, 
o interlocutor não conta com a possibilidade de explicar o que queria comunicar, sendo 
assim, o texto precisa estar claro de antemão. 
 A variação diafásica diz respeito à diferença de registro, ou seja, nível de linguagem 
ou grau de formalidade. Segundo diversas situações de comunicação, escrita ou falada, o 
sujeito será condicionado a usar a língua de modo mais ou menos formal. Por exemplo, 
uma pessoa, ao conversar com chefe, por videoconferência sobre os últimos relatórios en-
viados por e-mail, tenderá a usar a língua de uma maneira mais formal, enquanto essa 
mesma pessoa, ao estar entre colegas de trabalho, sexta-feira à noite, em um happy hour, 
tenderá a usar a língua mais informalmente.
• A música “Tiro ao Álvaro”, de Adoniran Barbosa, interpretada por Elis Regina, 
traz exemplos de variação linguística. 
 Link: https://youtu.be/eUJ8YNkMOBI. Acesso em: 20 maio 2021.
• O livro “A língua de Eulália: novela sociolinguística” (2010), de Marcos Bagno, 
está disponível em: https://bit.ly/3yL4XCz . 
 Acesso em: 20 maio 2021.
BUSQUE POR MAIS
2.5 TIPOS DE GRAMÁTICA
 A gramática refere-se aos estudos relativos à estrutura e ao funcionamento da lín-
gua. Além da ideia de gramática tradicional, há outros pontos de vista existentes e cada 
um deles revela subjacentemente uma concepção de língua e de linguagem. No quadro 2, 
ficam expressas essas visões e suas características.
https://youtu.be/eUJ8YNkMOBI
 https://bit.ly/3yL4XCz
27
PONTOS DE VISTA DE 
GRAMÁTICA 
CARACTERÍSTICAS
Tradicional ou Normativa 
Conjunto de normas a serem seguidas, tem caráter 
prescritivo. Nessa gramática, vigora a concepção de 
língua como forma de expressão observada e produzi-
da por pessoas cultas. O erro é considerado tudo que 
foge à norma padrão da língua, o que demonstra uma 
reflexão incompleta da língua.
Histórico-comparativa
Diz respeito às mudanças internas de uma língua sob 
a perspectiva temporal e espacial. Essa gramática 
tinha como intuito a comparação entre línguas para 
aferir parentesco entre elas.
Descritiva
Descreve como ocorre a língua sem prescrever regras. 
Nessa gramática, segundo Possenti (1996), nenhum 
dado é desqualificado como não pertencendo à lín-
gua, e as regras são variáveis, pois a língua é variável. 
O erro é tudo que não faz parte das construções da 
língua; é o agramatical.
Internizada
Conjunto de regras que o falante domina, pois já nasce 
dotado de uma gramática. Na época da ponderação 
sobre a gramática internalizada, surge a ideia de gra-
mática universal. A gramática internalizada é objeto 
da gramática descritiva.
Cognitivo-funcional 
Diz respeito à estrutura da língua e às situações de 
comunicação como a intenção e o perfil do falante, o 
contexto de comunicação. Por outras palavras, fatores 
comunicativos e cognitivos são considerados nessa 
gramática.
Quadro 2: Pontos de vista de gramática
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)
Muitas são as concepções de gramática, no entanto, no ambiente acadêmico um tipo é mais 
privilegiado. Qual seria essa gramática valorizada? Você saberia justificar a razão desta pre-
ferência?
VAMOS PENSAR?
 A gramática tradicional tem origem em uma base filosófica. Ganhou relevo entre os 
gregos, Aristóteles que relacionou linguagem e lógica além de compreender a linguagem 
como espelho do pensamento. Essa gramática tinha caráter normativo, aquela que “assu-
mia a incumbência de ditar padrões que refletissem o uso ideal da língua grega” (MARTE-
LOTTA, 2008, p. 46). 
 A gramática histórico-comparativa tem pretensões no estudo das línguas sob o viés 
diacrônico, portanto, visa ao estudo das variações da língua no tempo à comparação entre 
línguas, a fim de checar similaridades entre elas. 
 A gramática descritiva descreve estruturas da língua como sistema autônomo, sua 
28
forma e sua função. Essa gramática mostra quais elementos constituem o sistema daquela 
língua e como se organizam nesse sistema. 
 A gramática internalizada é uma estrutura inata, como se fosse “um chip” que o ser 
humano possui, “constituída de um conjunto de princípios gerais que impõem limites na 
variação entre as línguas” (MARTELOTTA, 2008, p. 59). O indivíduo já nasce com essa gra-
mática, não sendo possível ensiná-la à pessoa. 
 A gramática cognitivo-funcionalcontempla os elementos linguísticos e o discurso, 
ou seja, essa gramática associa aspectos da língua, da cognição, da interação e do uso. 
No século IV a.C., os gramáticos hindus, com destaque para Panini, dedicaram-se a descre-
ver a sua língua a partir de modelos de análise que influenciaram estudiosos modernos da 
língua como Chomsky. 
FIQUE ATENTO
29
1. (ENADE - adaptada) Minha Nossa Senhora do Bom Parto! O caminhão do lixo já deve ter 
passado! Eu juro, seu poliça, foi nessa lixeira aqui! Nessa mesminha! Eu vim catar verdura, 
sempre acho uns tomate, umas cenoura, uns pimentão por aqui. Tudo bonzinho, é só lavar 
e cortar os pedaço podre, que dá pra comer... Aí quando eu puxei umas folha de alface, 
levei o maior susto. 
Quase desmaiei até.
Eu, uma mulher assim fornida que nem o seu poliça tá vendo, imagine: fiquei de pernas 
bamba. Me deu até tontura. Acho que também por causa do fedor... Uma carniça que só 
o senhor cheirando, pra saber. Mas eu juro por tudo que é mais sagrado! Tinha sim um 
anjinho morto nessa lixeira! Nessa aqui! Coitadinho... Deve ter se esgoelado de tanto chorar. 
A gente via pela sua carinha de sofrimento. Ele tava com a boquinha aberta, cheinha de 
tapuri. Eu nem reparei se era menino ou menina, porque eu fiquei morrendo de pena... E 
de medo, também... Os olho... É do que mais me alembro... Esbugalhados, mas com a bola 
preta virada pra dentro, sabe? Ai! Soltei um berro e saí correndo. 
FONTE: SERAFIM, L. Restos. In: SOUTO, A. Variação linguística e
 texto literário: perspectivas para o ensino. Caderno do CNLF, v. XIV, n. 4. T. 4, 2010, p. 3310. 
Avalie as afirmações a seguir.
I. A redução do verbo “estar”, como em “tá” e “tava”, é uma característica evidenciada na 
fala de sujeitos escolarizados e não escolarizados.
II. A eliminação da marca de plural, como em “os pedaço” e “pernas bamba”, é um traço 
das variedades linguísticas populares faladas e escritas.
III. A prótese do fonema /a/ em “alembro” é uma característica associada à história da língua 
portuguesa.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
2. (ENADE – adaptada) O seguinte diálogo entre uma mãe (A) e sua filha de 2 anos(N) foi 
transcrito como foi falado.
A: “E o que você fez, depois, meu bem?”
N: “Eu fazi o favô de i lá pa ela.”
A: “Ah, é? E daí?”
N: “Eu tússi o pacotchi pa ela.”
A: “Que lindinha! Você gosta da vovó?”
N: “Eu amu ela.” 
FIXANDO O CONTEÚDO
30
Essa fala é um bom exemplo para ser usado por um professor em sala de aula porque 
revela que:
a) N, como interlocutora, está aprendendo sua língua na interação, pautada pelo foco na 
comunicação.
b) N, como ainda é nova, está errando muito no seu modo de falar, porque não interiorizou 
a gramática padrão.
c) N, como falante nativa, está-se apropriando da língua padrão, sendo o seu falar uma 
peculiaridade indevida.
d) A, como mãe e interlocutora adulta, não corrige a filha, mas deveria corrigi-la para ela 
aprender a metalinguagem.
e) A, como mãe e interlocutora adulta, não corrige a filha, porque desconhece a gramática 
normativa e, assim, aceita tudo o que é dito pela filha pequena.
3. (ENEM – adaptada) Leia a tirinha.
 
Nesse contexto, percebe-se, na tirinha, uma crítica:
a) À falta de assistência familiar no que se refere à educação escolar dos filhos.
b) À língua em si, cheia de regras e normas gramaticais desnecessárias.
c) À escrita dos livros em linguagem muito rebuscada, dificultando o entendimento dos 
leitores.
d) À influência dos estrangeirismos na língua, em especial, daqueles provenientes do inglês.
e) Ao ensino da língua que, devido à metodologia utilizada, desestimula os alunos.
4. (ENEM) As dimensões continentais do Brasil são objeto de reflexões expressas em 
diferentes linguagens. Esse tema aparece no seguinte poema: 
“[...] Que importa que uns falem mole descansado 
Que os cariocas arranhem os erres na garganta 
Que os capixabas e paroaras escancarem as vogais? 
Que tem se o quinhentos réis meridional 
Vira cinco tostões do Rio pro Norte? 
Junto formamos este assombro de misérias e grandezas, Brasil, nome de vegetal! [...]” 
Mário de Andrade. Poesias completas. 6. ed. São Paulo: Martins Editora, 1980.
O texto poético ora reproduzido trata das diferenças brasileiras no âmbito:
a)Étnico e religioso.
b) Linguístico e econômico.
31
c) Racial e folclórico.
d) Histórico e geográfico.
e) Literário e popular.
5. (ENADE) 
 
Disponível em: https://descomplica.com.br 
O texto exemplifica a variedade linguística:
a) Diatópica (geográfica).
b) Diacrônica (de tempo).
c) Diafásica (formal/informal).
d) Diamésica (modalidade oral/escrita).
e) Diastrática (camada social/profissional).
6. (ENADE) 
 
Considerando a transposição do cartum acima para uma situação de ensino e aprendizagem 
de língua portuguesa, avalie as afirmações a seguir. 
I. A concepção de linguagem que a professora revela em sua prática desvincula a língua 
de seu funcionamento social e histórico. 
II. O ensino de língua portuguesa concebido como ensino de “português correto” toma 
a língua como um sistema de regras autônomas, privilegiando uma análise interna do 
objeto. 
III. A situação de comunicação apresentada no cartum evidencia a concepção de língua 
32
como atividade sociointerativa situada e fonte geradora de aprendizagem.
IV. A valorização do conhecimento linguístico de que o aluno dispõe ao chegar à escola 
sustenta a noção de língua como sistema de práticas linguísticas não fechadas e em 
permanente constituição.
É correto apenas o que se afirma em 
a) I e II. 
b) II e III. 
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) I, III e IV.
7. (FEPESE) Considerando as diversas concepções de linguagem, assinale a alternativa 
correta.
a) Na Concepção da Linguagem como forma de Interação, a linguagem é lugar de 
convívio. Através dela o sujeito que fala pratica ações que não conseguiria praticar a não 
ser falando. Há um aprendizado mais ativo por parte dos alunos.
b) Na Concepção da Linguagem como Instrumento de Comunicação, fica evidente 
uma ênfase ao ensino da gramática normativa, norteando o aprendizado dos alunos como 
“certo e errado”. Foco na exteriorização do pensamento.
c) Na Concepção da Linguagem como Forma de Interação, a língua é vista como um 
código que transmite uma mensagem e toma forma fora do pensamento.
d) Na Concepção da Linguagem como Forma de Expressão do Pensamento, a língua 
é compreendida como homogênea e estática. O professor deve trabalhar a leitura, 
interpretação e produção de textos variados, enfatizando as variedades da língua.
e) Na Concepção da Linguagem com Instrumento de Comunicação, a língua é vista 
como um código que transmite uma mensagem e toma forma fora de nosso pensamento. 
As formas gramaticais pré-estabelecidas são enfatizadas, configurando o ensino como 
prescritivo.
8. (UNIFACVEST – adaptada) Seja a seguinte situação de comunicação:
A mãe se dirige para a criança de, aproximadamente, 4 anos de idade:
- Meu bebê, você já tomou teu mingau?
E a criança assim lhe responde:
- Eu já tomou, mamãe.
Na resposta da criança, está evidenciada uma concepção de gramática denominada
a) Gramática teórica. 
b) Gramática reflexiva. 
c) Gramática normativa.
d) Gramática descritiva.
e) Gramática internalizada. 
33
LÍNGUA , CULTURA E SOCIEDADE UNIDADE
03
34
3.1 SOBRE O QUE É CULTURA 
 Neste capítulo, serão abordadas as reflexões sobre o que é cultura e sobre como a 
cultura influencia a constituição da língua. Além disso, é mostrado um breve histórico da 
língua portuguesa e como esse idioma mudou sob a influência de outras línguas.
 A cultura é parte da sociedade que envolve comportamentos, valores, crenças, reli-
gião, manifestações artísticas e literárias, dentre outros. Os homens convivem e aprendem 
por via dela. Isso significa que os parâmetros culturais são determinados pelos indivíduos 
que compõem essa sociedade, justificando assim as diversas culturas existentes no mun-
do. Os diferentes rituaisde casamento mostram o caráter multifacetado da cultura como 
evidenciado nas figuras seguintes.
Figura 15: Casamento nigeriano
Fonte: https://bityli.com/7KzIw . Acesso em: 02 fev. 2021
Figura 16: Casamento hindu
Fonte: https://bityli.com/7KzIw Acesso em: 02 fev. 
 Ainda que os conceitos de tradição (prática historicamente preservada de uma na-
ção) e de cultura sejam tratados distintamente, afirma-se que esses casamentos possuem 
algumas tradições importantes para a manutenção da singularidade da cultura em cada 
um dos territórios. Por outras, Corrêa (2012, p. 20) afirma que “[...] a variedade de culturas 
denota também a variedade de símbolos, ou seja, signos que expressam essa variedade”, o 
que é mostrado pelas vestimentas e pelos adereços usados os quais materializam as pes-
soas e as suas nações: Nigéria e Índia.
De acordo com Tylor (1920, p. 01), a cultura é “aquele todo complexo que inclui conhecimento, 
crença, arte, moral, direito, costume e outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem 
como membro de uma sociedade”. Para muitos estudiosos contemporâneos, a cultura é um 
conceito mais polissêmico (vários significados). Por que essa concepção de Tylor pode ser con-
siderada ultrapassada?
VAMOS PENSAR?
https://bityli.com/7KzIw
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 De acordo com Barroso (2018, p. 48), “a cultura é exclusiva das sociedades humanas, 
já que a partir dela, se pode traçar a diferenciação entre o homem e o animal”. Assim, pode-
-se deduzir que, como a linguagem, a cultura também distingue os homens dos animais. 
É a cultura que marcar muito do existir do homem, dá significado à existência dele e o 
modifica constantemente. 
 Laraia (2001) define a cultura a partir de cinco critérios como mostrado na Figura 17. 
Figura 17: Critérios definidores da cultura 
Fonte: Adaptado de Laraia (2001)
 O primeiro critério versa sobre os homens seguirem regras culturais que são estabe-
lecidas socialmente. O indivíduo que não segue essas regras é considerado um elemento 
desviante em relação aos demais e é julgado e discriminado. Dessa maneira, a cultura é 
apreendida, já que não é inata, quer dizer, o sujeito aprende a se adequar às diversas situa-
ções culturais da sociedade. O segundo critério trata de nossas condições biológicas como 
determinadas por fatores culturais como é o caso dos hábitos alimentares. 
 A escolha pelo consumo de determinados alimentos é meramente cultural e é o que 
faz carne da vaca não ser comida na Índia e ser comida no Brasil. O terceiro parâmetro é 
sobre o indivíduo participar de uma parcela da cultura de seu povo e não de todas as ma-
nifestações culturais disponíveis na sociedade da qual ele faz parte. As escolhas culturais 
de um sujeito dependem de fatores socioculturais, etários, religiosos e de gênero. Há de se 
considerar que, ao longo da vida, uma mesma pessoa pode aderir a distintas expressões 
culturais a depender de seus interesses e grau de transformação individual. 
 O quarto parâmetro diz respeito à cultura ser particular de uma sociedade e poder 
não ser relevante ou inteligível para outra cultura. O último critério é sobre a cultura ser 
dinâmica, não ser estática. Alguns aspectos culturais são incorporados de outras culturas, 
outros são modificados e outros são reinventados. A língua é considerada fator cultural e, 
ao inserirmos palavras de outras línguas no nosso vocabulário – estrangeirismo – fica assim 
sinalizado que houve a integração entre culturas. Observa-se a alteração cultural à medi-
da que o tempo passa. Pessoas de gerações passadas tinham o hábito de fazer uma liga-
ção telefônica para se comunicarem, hoje, indivíduos de outra geração resolvem inúmeras 
questões por meio de aplicativo de mensagem.
36
O livro Estudos culturais e antropológicos (2018), de Priscila Farfan Barroso, disponí-
vel na Minha Biblioteca Única, traz um panorama interessante sobre o conceito de 
cultura e sobre as questões relativas à Antropologia. 
Link: https://bit.ly/3frUp3C. Acesso em: 20 mar. 2021.
BUSQUE POR MAIS
3.2 O ENLACE ENTRE LÍNGUA E CULTURA 
 Por ação da língua, os sujeitos de um grupo social se enxergam como pertencentes 
a ele; por meio da língua é possível acessar a cultura do outro. Para Corrêa (2012, p. 45), “a 
língua é o elemento-mor da cultura de qualquer povo”. Sendo assim, a língua é um fator 
de identidade cultural, pois é um meio pelo qual o indivíduo é vinculado à sua nação que, 
por sua vez, é dotada de costumes, crenças e valores. A Figura 18 mostra como a língua e a 
cultura são interdependentes.
Figura 18: Interdependência entre língua e cultura
Fonte: Guimarães (2014)
 O esquema é entendido a partir da noção de que as nossas vivências com a língua 
são permeadas por questões culturais. De acordo com Brown (1994, p. 165), “uma língua é 
parte de uma cultura e uma cultura é parte de uma língua; as duas estão intrinsecamen-
te entrelaçadas de modo que não se podem separar as duas sem perder o significado do 
idioma ou da cultura”. Na imagem acima, língua e cultura formam um organismo vivo. 
Para Jiang (2000, p. 328), “sem cultura, a linguagem estaria morta; sem língua, cultura não 
teria forma”, o que denota a interdependência da língua e da cultura. 
 A língua, então, é uma forma de manter a cultura de um povo; a língua é moldada e 
manipulada por um grupo que possui uma dada cultura. Como a cultura é variável, o uso 
da língua também pode ser. O fenômeno de variação linguística (capítulo 2) efetiva isso 
e mostrar que haverá tantas manifestações da língua quantas formas culturais existirem. 
Sendo assim, algo pode ser designado de diferentes formas de acordo com diferentes cul-
turas ou em uma mesma cultura. Cortina et al. (2018), por exemplo, mostra como, no inglês, 
a nomeação de ovelha animal é sheep enquanto, na mesma língua, a carne de ovelha é 
mutton. Mesmo a carne fazendo parte do animal ovelha, na língua inglesa, há tratamento 
diferente para ambos. Se em língua portuguesa a expressão “tirar doce da boca de crian-
https://bit.ly/3frUp3C
37
ça” pode sinalizar linguisticamente que algo foi fácil, em língua inglesa, algo fácil pode ser 
representado pela expressão “To be a piece of cake” algo como “ser um pedaço de torta”.
 Afirma-se ainda que possa haver a interferência da língua de um país, no caso os Es-
tados Unidos, sobre a língua de outras nações, em uma manifestação denominada como 
estrangeirismo. Para ilustrar essa situação, basta pensar que, com o advento tecnológico, 
palavras como Google, on-line, off-line, postar (to post) e deletar (to delet) passaram a fazer 
parte do léxico de muitas línguas de diferentes culturas espalhadas pelo mundo. Esse fe-
nômeno também ocorre na língua portuguesa como é mostrado no final da seção 3.1.
3.3 BREVE HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 
 Com o intuito de ilustrar como a prática linguageira é sensível aos aspectos cultu-
rais, nesta seção, será apresentada uma breve história da língua portuguesa. Para que essa 
língua seja compreendida como é hoje, faz-se necessário mostrar a origem do português 
(latim vulgar), a chegada dos romanos à península ibérica, as transformações sofridas pela 
língua a partir das invasões das tribos germânicas bárbaras, a alteração linguística sofrida 
pelo português com a chegada dos mouros (árabes) a Portugal e o processo de reconquis-
ta desse território, a chegada da língua portuguesa ao continente sul-americano por razão 
das conquistas ultramarinas e suas mudanças a partir da mistura com as línguas dos indí-
genas, dos negros e dos imigrantes europeus.
Figura 19: Península ibérica
Disponível: https://bityli.com/jx0Fi . Acesso em: 02 mar. 2021.
 O português derivou do latim que, por sua vez, veio do ramo itálico, uma das subdi-
visões do indo-europeu ocidental. O latim era a língua do Lácio (Latium), pequena região 
situada na parte centro-ocidental da península itálica, hoje região em que se situa a cidade 
de Roma, responsável à época do Império Romano pelo prestígio e pela divulgação da lín-
gua latina por meioda marcha pela ocupação de novos territórios. Os povos dessas regiões 
sofreram um processo de dominação cultural em que o latim era a língua de contato entre 
o dominador e o dominado.
O latim apresentava três variações: o latim literário, o latim eclesiástico e o latim vulgar. As 
duas primeiras variações foram difundidas com o aporte da escrita, já o latim vulgar foi uma 
variante falada e passada de uma pessoa a outra de maneira informal.
FIQUE ATENTO
 https://bityli.com/jx0Fi 
38
 Com o crescimento desordenado do Império Romano e com o enfraquecimento de 
suas fronteiras, houve a invasão das tribos bárbaras, o que abalou uma até então uniformi-
dade linguística e ocasionou um processo de variação, já que cada tribo bárbara impôs a 
sua língua àquela já usada na região invadida. De acordo com Ilari e Basso (2009, p. 17), esse 
processo gerou um “mosaico de falares locais, de maior ou menor prestígio”. Essa diversi-
dade deu origem às línguas neolatinas ou românicas, tais como o português, o espanhol, o 
francês, o italiano, o romeno, o sardo, o catalão, o rético.
 A formação da língua portuguesa tem também relação com a invasão dos mouros à 
península ibérica, no século VIII, e com a reconquista dessa região pelos cristãos. Os mou-
ros fixaram moradia, a princípio, no Sul e foram, paulatinamente, conquistando essa penín-
sula. Dessa maneira, a língua oficial utilizada passou a ser o árabe. Os mouros demonstram 
permitiram o uso do romance regional (línguas neolatinas) na vida cotidiana dos domina-
dos, o que demonstrou tolerância linguística da parte desses invasores. Com a reconquista 
por parte dos cristãos, no ano 1.000, línguas como galego, leonês, asturiano, castelhano e 
aragonês emergiram.
Figura 8: Mouro
Disponível: https://bityli.com/8Hs4v. Acesso em: 15 mar. 2021.
Há influência linguística dos árabes no vocabulário da língua portuguesa. Várias palavras re-
ferentes principalmente à agricultura, à moradia, às cores, ao comércio, às ciências, à admi-
nistração, à cavalaria, entre outros campos lexicais, são encontradas no português. Exemplos: 
fulano, arroz, xaveco, azulejo, sofá, enxaqueca, açúcar, açougue, papagaio e almoxarifado. 
FIQUE ATENTO
 A língua falada em Portugal, em 1100, era o galego-português ou português arcaico, 
variante intermediária entre o latim vulgar e o português atual, língua utilizada nos can-
cioneiros (livro com coletânea de cantigas trovadorescas) do século XIII. Ao mesmo tempo, 
o latim literário era empregado em documentos oficiais. Logo após esse período, deu-se o 
surgimento do português clássico ou moderno – 1536/1550 até o século XVIII – uma varian-
te muito próxima do que é usado atualmente. O português clássico foi utilizado em textos 
literários e, segundo Ilari e Basso (2009, p. 30):
https://bityli.com/8Hs4v
39
[...] escrevendo em português, os intelectuais de 
quinhentos realizaram simultaneamente duas tare-
fas cuja importância histórica é inestimável. A pri-
meira consistiu em fixar a língua portuguesa, esco-
lhendo entre as formas e construções legadas pela 
Idade Média e/ou disponíveis no uso aquelas que, 
de acordo com sua sensibilidade, mas condiziam 
com o ‘gênio da língua’. [...] A outra tarefa dos renas-
centistas consistiu em enriquecer a língua através 
de uma convivência íntima com o latim clássico, re-
descoberto no período do humanismo.
 Essa afirmação reforça o plano de expansão e valorização do português europeu. A 
obra-prima que demarca o apogeu do português clássico é Os lusíadas, de Luiz Vaz de Ca-
mões um poema épico – narra os feitos heroicos do povo lusitano rumo às Índias – datado 
de 1572, escrito durante o exílio do autor nas colônias da África e da Ásia em um período de 
17 anos. A obra é composta por dez cantos, 1102 estrofes e 8816 versos decassílabos – versos 
com dez sílabas poéticas. O clássico Os Lusíadas é dividido em: a) proposição (apresenta-
ção dos heróis portugueses); b) invocação (invocação das ninfas do rio Tejo – as tágides); c) 
dedicatória (oferecimento da obra ao reio D. Sebastião); d) narração (narração sobre como 
foi a viagem); e) epílogo (conclusão da obra).
Faça uma lista com palavras incorporadas ao português brasileiro de origem indígena, afri-
cana e europeia. 
VAMOS PENSAR?
 Com o advento das conquistas ultramarinas e após o português ganhar outros con-
tinentes, houve a amálgama da língua europeia com aquela falada no território conquis-
tado e por aquela usada por imigrantes. No Brasil, é preciso se ater ao influxo das línguas 
indígena, africana, europeia e asiática sob o português brasileiro e reconhecer palavras e 
construções linguísticas desses povos incorporadas ao idioma lusitano como um processo 
de formação da língua brasileira. 
 Na época do descobrimento, a língua portuguesa não era única, haja vista que o 
território abrigava muitas tribos com língua e dialetos próprios e bem distintos entre si. Na 
primeira metade do século XVI, com a chegada de vários africanos ao Brasil, o português 
passou por outras transformações linguísticas e a língua dos sujeitos escravizados passou a 
vigorar juntamente com a língua indígena e a língua portuguesa. Nações como a francesa, 
a holandesa e a espanhola tentaram estabelecer colônia no país, o que ocasionou modifi-
cações no português brasileiro.
 Com a abolição da escravatura e com a consequente necessidade de substituir a 
mão-de-obra escrava, nasceu o projeto de colonização brasileira, a fim de atrair imigrantes 
europeus e asiáticos para o país. Como afirmam Ilari e Basso (2009), essa imigração teve 
seu pico entre 1890 e 1930 e, ao país, chegaram quase 4 milhões de imigrantes dentre ita-
lianos, espanhóis, alemães e japoneses. Esse acontecimento fez com que a língua brasileira 
40
também variasse. Muitas palavras de origem estrangeira foram incorporadas à língua por-
tuguesa, como talharim, esfirra, pizza, tchau, no entanto, no plano da sintaxe, não houve 
tanta interferência, uma vez que a língua já estava estandardizada ou gramatizada (ILARI 
e BASSO, 2009), por outras, estava estabilizada e com padronização de uma norma a ser 
seguida.
 Atualmente, novas palavras provenientes do inglês vêm sendo incorporadas ao por-
tuguês – processo conhecido como estrangeirismo que é um empréstimo linguístico. Essa 
inserção de palavras norte-americanas, no léxico brasileiro, é resultado das influências po-
líticas, culturais e comerciais que os Estados Unidos exercem sobre o Brasil e o mundo. O 
entendimento e o uso de palavras, em língua estrangeira, denotam inclusão, mas também 
evidencia a dominação de uma cultura sobre a outra em plena era globalizada. Palavras 
como baby doll, coffee break, crush, feedback, light, entre outros são exemplos de vocábu-
los em inglês que fazem parte do dia a dia do brasileiro. 
 O internetês, segundo Rajagopalan (2016, p. 37), “linguagem ou linguajar (como se 
quiser) que os internautas estão espalhando pelo mundo” também impacta o uso linguís-
tico no Brasil. Palavras como notebook, Facebook, e-mail, blogs, Twitter fazem parte do 
léxico brasileiro devido à constante necessidade social e profissional de uso da internet.
O documentário “Língua - Vidas em Português”, dirigido por Victor Lopes, mos-
tra como a língua portuguesa pode se manifestar em diferentes territórios e 
pode sofrer influência de diversas culturas. 
Disponível em: https://youtu.be/JBmLzbjmhhg. 
Acesso em: 15 mar. 2021.
BUSQUE POR MAIS
 https://youtu.be/JBmLzbjmhhg. 
41
1. (ENEM) O acervo do Museu da Língua Portuguesa é o nosso idioma, um “patrimônio 
imaterial” que não pode ser, por isso, guardado e exposto em uma redoma de vidro. Assim, 
o museu, dedicado à valorização e difusão da língua portuguesa, reconhecidamente 
importante para a preservação de nossa identidade cultural, apresenta uma forma 
expositiva diferenciada das demais instituições museológicas do país e do mundo, usando 
tecnologia de ponta e recursos interativos para a apresentação de seus conteúdos.
Disponível em: www.museulinguaportuguesa.org.br.Acesso em: 16 ago. 2012 (adaptado).
De acordo com o texto, embora a língua portuguesa seja um “patrimônio imaterial”, pode 
ser exposta em um museu. A relevância desse tipo de iniciativa está pautada no pressuposto 
de que
a) Língua é um importante instrumento de constituição social de seus usuários. 
b) O modo de falar o português padrão deve ser divulgado ao grande público.
c) A escola precisa de parceiros na tarefa de valorização da língua portuguesa.
d) O contato do público com a norma-padrão solicita o uso de tecnologia de última 
geração. 
e) As atividades lúdicas dos falantes com sua própria língua melhoram com o uso de 
recursos tecnológicos.
2. (ENEM - adaptada) Motivadas ou não historicamente, normas prestigiadas ou 
estigmatizadas pela comunidade sobrepõem-se ao longo do território, seja numa relação 
de oposição, seja de complementaridade, sem, contudo, anular a interseção de usos que 
configuram uma norma nacional distinta da do português europeu. Ao focalizar essa 
questão, que opõe não só as normas do português de Portugal às normas do português 
brasileiro, mas também as chamadas normas cultas locais às populares ou vernáculas, 
deve-se insistir na ideia de que essas normas se consolidaram em diferentes momentos 
da nossa história e que só a partir do século XVIII se pode começar a pensar na bifurcação 
das variantes continentais, ora em consequência de mudanças ocorridas no Brasil, ora em 
Portugal, ora, ainda, em ambos os territórios.
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (Orgs.).
 Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007 (adaptado).
Ao considerar as variedades linguísticas, o texto mostra que as normas podem ser aprovadas 
ou condenadas socialmente, chamando a atenção do leitor para a
a) Desconsideração da existência das normas populares pelos falantes da norma culta.
b) Difusão do português de Portugal em todas as regiões do brasil só a partir do séc. XVIII.
c) Existência de usos da língua que caracterizam uma norma nacional do brasil, distinta da 
de Portugal.
d) Inexistência de normas cultas locais e populares ou vernáculas em um determinado 
país.
e) Necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos frequentes de uma língua devem ser 
FIXANDO O CONTEÚDO
http://www.museulinguaportuguesa.org.br
42
aceitos.
3. (ENEM) Quando eu falo com vocês, procuro usar o código de vocês. A figura do índio no 
Brasil de hoje não pode ser aquela de 500 anos atrás, do passado, que representa aquele 
primeiro contato. Da mesma forma que o Brasil de hoje não é o Brasil de ontem, tem 
160 milhões de pessoas com diferentes sobrenomes. Vieram para cá asiáticos, europeus, 
africanos, e todo mundo quer ser brasileiro. A importante pergunta que nós fazemos é: 
qual é o pedaço de índio que vocês têm? O seu cabelo? São seus olhos? Ou é o nome da 
sua rua? O nome da sua praça? Enfim, vocês devem ter um pedaço de índio dentro de 
vocês. Para nós, o importante é que vocês olhem para a gente como seres humanos, como 
pessoas que nem precisam de paternalismos, nem precisam ser tratadas com privilégios. 
Nós não queremos tomar o Brasil de vocês, nós queremos compartilhar esse Brasil com 
vocês.
TERENA, M. Debate. MORIN, E. Saberes globais e saberes locais. 
Rio de Janeiro: Garamond, 2000 (adaptado). 
Na situação de comunicação da qual o texto foi retirado, a norma padrão da língua 
portuguesa é empregada com a finalidade de
a) Demonstrar a clareza e a complexidade da nossa língua materna.
b) Situar os dois lados da interlocução em posições simétricas.
c) Comprovar a importância da correção gramatical nos diálogos cotidianos.
d) Mostrar como as línguas indígenas foram incorporadas à língua portuguesa.
e) Ressaltar a importância do código linguístico que adotamos como língua nacional.
4. (ENEM) 
A língua tupi no Brasil
Há 300 anos, morar na vila de São Paulo de Piratininga (peixe seco, em tupi) era quase 
sinônimo de falar língua de índio. Em cada cinco habitantes da cidade, só dois conheciam o 
português. Por isso, em 1698, o governador da província, Artur de Sá e Meneses, implorou a 
Portugal que só mandasse padres que soubessem a “língua geral dos índios”, pois “aquela 
gente não se explica em outro idioma”.
Derivado do dialeto de São Vicente, o tupi de São Paulo se desenvolveu e se espalhou 
no século XVII, graças ao isolamento geográfico da cidade e à atividade pouco cristã dos 
mamelucos paulistas: as bandeiras, expedições ao sertão em busca de escravos índios. 
Muitos bandeirantes nem sequer falavam o português ou se expressavam mal. Domingos 
Jorge Velho, o paulista que destruiu o Quilombo dos Palmares em 1694, foi descrito pelo 
bispo de Pernambuco como “um bárbaro que nem falar sabe”. Em suas andanças essa 
gente batizou lugares como Avanhandava (lugar onde o índio corre), Pindamonhangaba 
(lugar de fazer anzol) e Itu (cachoeira). E acabou inventando uma nova língua.
“Os escravos dos bandeirantes vinham de mais de 100 tribos diferentes”, conta o historiador 
e antropólogo John Monteiro, da Universidade Estadual de Campinas. “Isso mudou o tupi 
paulista, que, além da influência do português, ainda recebia palavras de outros idiomas.” 
O resultado da mistura ficou conhecido como língua geral do Sul, uma espécie de tupi 
facilitado.
ÂNGELO, C. Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 8 ago. 2012 (adaptado).
http://super.abril.com.br
43
O texto trata de aspectos sócio-históricos da formação linguística nacional. Quanto ao papel 
do tupi na formação do português brasileiro, depreende-se que essa língua indígena.
a) Contribuiu efetivamente para o léxico, com nomes relativos aos traços característicos 
dos lugares designados.
b) Originou o português falado em São Paulo no século XVII, em cuja base gramatical 
também está a fala de variadas etnias indígenas.
c) Desenvolveu-se sob influência dos trabalhos de catequese dos padres portugueses, 
vindos de Lisboa.
d) Misturou-se aos falares africanos, em razão das interações entre portugueses e negros 
nas investidas contra o quilombo dos palmares.
e) Expandiu-se paralelamente ao português falado pelo colonizador, e juntos originaram a 
língua dos bandeirantes paulistas.
5. (ENEM) 
Mandinga — Era a denominação que, no período das grandes navegações, os portugueses 
davam à costa ocidental da África. A palavra se tornou sinônimo de feitiçaria porque os 
exploradores lusitanos consideravam bruxos os africanos que ali habitavam — é que eles 
davam indicações sobre a existência de ouro na região. Em idioma nativo, mandinga 
designava terra de feiticeiros. A palavra acabou virando sinônimo de feitiço, sortilégio.
COTRIM, M. O pulo do gato 3. São Paulo: Geração Editorial, 2009 (fragmento).
No texto evidencia-se que a construção do significado da palavra mandinga resulta de 
um(a):
a) Contexto sócio-histórico.
b) Diversidade étnica.
c) Descoberta geográfica.
d) Apropriação religiosa.
e) Contraste cultural.
6. (ENEM - adaptada) A forte presença de palavras indígenas e africanas e determos trazidos 
pelos imigrantes a partir do século XIX é um dos traços que distinguem o português do 
Brasil e o português de Portugal. Mas, olhando para a história dos empréstimos que o 
português brasileiro recebeu de línguas europeias a partir do século XX, outra diferença 
também aparece: com a vinda ao Brasil da família real portuguesa (1808) e, particularmente, 
coma Independência, Portugal deixou de ser o intermediário obrigatório da assimilação 
desses empréstimos e, assim, Brasil e Portugal começaram a divergir, não só por terem 
sofrido influências diferentes, mas também pela maneira como reagiram a elas.
ILARI, R.; BASSO, R. O português da gente: a língua que estudamos, 
a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2006.
Os empréstimos linguísticos, recebidos de diversas línguas, são importantes na constituição 
do português do Brasil porque
a) Tornaram a língua do Brasil mais complexa do que as línguas de outros países que 
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também tiveram colonização portuguesa.
b) Transformaram

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