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NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 1 PROBLEMA 1 – “SE FOR DIRIGIR NÃO BEBA...” G.R.C., um estudante de medicina de 21 anos de idade, voltava de uma festa onde havia ingerido grande quantidade de bebidas alcoólicas. Em alta velocidade, não percebeu a curva e seu carro capotou várias vezes. Atendido pelo SAMU foi encaminhado para cirurgia, mas o trauma medular era irreparável. Paraplégico, pensava em abandonar a faculdade. Havia perdido todos os movimentos voluntários dos membros inferiores e ainda tinha dificuldades de controlar os esfíncteres. Com o apoio familiar, dos colegas e professores voltou a frequentar as aulas e a participar das visitas aos pacientes. Observando o professor de neurologia examinar um paciente notou a reação da perna quando o médico percutia abaixo do joelho. Não conseguia a mesma reação quando se auto examinava e apresentava contrações involuntárias nos MMII. Definição do problema: “ Lesão no Sistema Nervoso Central” Objetivos: 1. CONHECER A ESTRUTURAS DO SNC E SNP RELACIONADOS AO MOVIMENTO VOLUNTÁRIO E INVOLUNTÁRIO MOVIMENTOS INVOLUNTÁRIOS OU REFLEXOS: - Os movimentos reflexos não requerem aferências do córtex cerebral - Os proprioceptores, como os fusos musculares, os órgãos tendinosos de Golgi e os receptores das cápsulas articulares, fornecem informações à medula espinal, ao tronco encefálico e ao cerebelo - O tronco encefálico é o encarregado dos reflexos posturais e dos movimentos das mãos e dos olhos. Ele também recebe comandos do cerebelo, a parte do encéfalo responsável pelo “ajuste fino” do movimento. O resultado é o movimento reflexo. No entanto, algumas informações sensoriais são enviadas por vias ascendentes para as áreas sensoriais do córtex, onde podem ser utilizadas para planejar os movimentos voluntário - São movimentos em que a medula espinhal responde ao estímulo sem mandar para o córtex cerebral. Esse trajeto economiza tempo, uma vez que os movimentos reflexos são para proteção - Reflexo miotático ou de estiramento, é ativado pelo fuso muscular que está localizado nas fibras musculares. Quando um músculo é alo gado ele responde com uma contração reflexa de mesma intensidade - Reflexo miotático inverso ou tendíneo, ativado pelo órgão tendinoso de golgi (OTG), um reflexo de proteção. Todo músculo exposto por alta tensão responde com um relaxamento reflexo - Reflexo de retirada ou flexão, quando exposto por um estímulo nocivo (risco) é gerado um reflexo de retirada, despolarizando a musculatura alvo em flexão e inibindo a extensão. NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 2 - Reflexo de extensão cruzada, a flexão de um segmento corporal e a extensão reflexa do segmento contralateral. Ex: marcha MOVIMENTOS AUTOMÁTICOS: - São movimentos voluntários que se tornaram automáticos pelo alto número de repetições. Acompanhando a mesma estrutura dos movi mentos voluntários, porém sem uma parte, seguindo em: TÁTICO E EXECUÇÃO. Quando o gesto motor é aperfeiçoado e se torna automático, denomina-se ENGRAMA ou PROGRAMA MOTOR. Uma via neuromuscular que, um a vez estimulada, se repete automaticamente. Um exemplo claro disto é a escrita e a modo de andar. De início, ambos os movimentos eram complicados e levaram tempo para se tornarem automáticos - Uma vez assimilado um engrama, ele se torna dominante, não sendo possível sua modificação ou exclusão - Para que seja feita um aperfeiçoamento no movimento, é preciso prática e a instalação de um novo engrama, até lá os movimentos serão todos planejados e voluntários MOVIMENTOS VOLUNTÁRIOS: - São o tipo mais complexo de movimento - Exigem integração no córtex cerebral e podem ser iniciados pela vontade, sem estímulo externo - Um movimento voluntário aprendido melhora com a prática e, algumas vezes, torna-se automático, como os reflexos - Os movimentos voluntários necessitam da coordenação entre o córtex cerebral, o cerebelo e os núcleos da base NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 3 - O controle do movimento voluntário pode ser dividido em 3 etapas: 1. Tomada de decisão e planejamento 2. Iniciação do movimento 3. Execução do movimento - O córtex cerebral tem um papel-chave nas 2 primeiras etapas - Exemplo: Jogador de beisebol processamento enquanto ele decide se vai lançar uma bola rápida ou uma bola lenta e em curva Posicionado na base, o arremessador está atento ao ambiente ao seu redor. Com o auxílio dos estímulos visuais e somatossensoriais chegando ás áreas sensoriais do córtex, ele está ciente de sua posição corporal à medida que se estabiliza para o arremesso A decisão sobre qual tipo de arremesso e a antecipação das consequências ocupa muitas vias do córtex pré-frontal e nas áreas associativas Essas vias formam alças, passando pelos núcleos da base e pelo tálamo para modulação antes de retornarem ao córtex Quando ele toma a decisão, o córtex motor se encarrega de organizar a execução desse movimento complexo Para iniciar o movimento, a informação descendente é transportada das áreas associativas motoras e do córtex motor para o tronco encefálico, a medula espinal e o cerebelo O cerebelo ajuda a fazer ajustes posturais, integrando a retroalimentação vinda de receptores sensoriais periféricos Os núcleos da base, que auxiliam as áreas do córtex motor no planejamento do arremesso, também fornecem informações ao tronco encefálico sobre postura, equilíbrio e deslocamento A decisão do jogador é traduzida em potenciais de ação, conduzidos por vias descendentes pelo trato corticospinal, um grupo de neurônios de projeção que controlam o movimento voluntário partindo do córtex motor para a medula espinal, onde fazem sinapse diretamente com os neurônios motores somáticos A maioria dessas vias descendentes cruza para o lado oposto do copo em uma região do bulbo, chamada pirâmides. Como consequência essa via é chamada de trato piramidal NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 4 Os neurônios dos núcleos da base também influenciam o movimento corporal. Esses neurônios têm múltiplas sinapses no SNC e compõem o que, às vezes, é chamado de trato extrapiramidal ou sistema extrapiramidal Quando o arremessador dá início ao lançamento, reflexos posturais antecipatórios ajustam a posição do corpo, deslocando levemente o peso em antecipação às mudanças prestes a ocorrer. Através das vias divergentes apropriadas, potenciais de ação dirigem-se aos neurônios motores somáticos que controlam os músculos que realizam o arremesso: alguns são ativados, outros são inibidos. Os circuitos neurais permitem um controle preciso sobre grupos musculares antagonistas enquanto o arremessador flexiona e retrai o seu braço direito Cada um desses movimentos ativa receptores sensoriais que fornecem informação que retorna à medula espinal, ao tronco encefálico e ao cerebelo, desencadeando os reflexos posturais. Esses reflexos ajustam a posição do corpo, de modo que o arremessador não perca o equilíbrio e caia para trás Por fim, ele joga a bola, recuperando o seu equilíbrio em seguida – outro exemplo de reflexo postural mediado por retroalimentação sensorial 2. COMPREENDER DO ARCO REFLEXO - Um reflexo tem as seguintes características: Rápido A escassez ou mesmo a ausência de interneurônios em um arco reflexo permite um retardo sináptico mínimo em comparação com outros processos do sistema nervoso Provocado A presença de informações sensitivas é essencial para iniciar um reflexo. NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 5 Involuntário A conscientização de um reflexo ocorre somente após seu início ou término. A supressão consciente e voluntária de um reflexo é possível, mas geralmente é difícil de ser obtida Previsível Um reflexo ocorre da mesma maneira em respostaa estímulos semelhantes - Um arco reflexo é o trajeto no qual ocorre um reflexo somático - O arco reflexo é composto de: Receptores receptores somáticos localizados em músculos, tendões ou pele Fibras aferentes fibras sensitivas que retransmitem informações coletadas nos receptores para o corno posterior da medula espinal Interneurônios os interneurônios localizam-se na substância cinzenta da medula espinal e processam as informações que chegam. Estão ausentes em alguns arcos reflexos Fibras eferentes fibras motoras que transportam informações motoras para os músculos responsáveis Órgãos efetores no caso de reflexos somáticos, os músculos esqueléticos realizam a resposta motora final do reflexo FUSOS MUSCULARES: - Antes de discutir a fisiologia do reflexo de estiramento (arco reflexo), é importante conhecer um de seus componentes-chave: o fuso muscular - Os músculos de controle fino, como os músculos intrínsecos da mão, são mais ricos em fusos musculares do que os grandes músculos responsáveis pelos movimentos grosseiros - Fibras intrafusais fibras musculares modificadas localizadas dentro da cápsula dos fusos musculares Fibras de cadeia nuclear possuem uma cadeia reta única de núcleos organizados no meio da fibra, que é a parte não contrátil (somente as terminações da fibra são capazes de se contrair) Fibras do saco nuclear são mais longas e mais espessas – especialmente no meio – do que as fibras de cadeia nuclear, e seus núcleos são concentrados na região média - Fibras extrafusais constituem a maior parte das fibras musculares estriadas esqueléticas - 3 tipos de fibras nervosas inervam o fuso muscular: (1) Fibras sensitivas primária possuem terminações anuloespirais que envolvem a região média das fibras intrafusais e são ativadas durante o início de um estiramento muscular (2) Fibras sensitivas secundárias possuem terminações em spray de flores distribuídas nas caudas das fibras intrafusais e reagem a estímulos prolongados ao estiramento (3) Axônios dos neurônios motores gama similares aos neurônios motores alga que suprem fibras extafusais, os corpos celulares dos neuônios gama estão localizados no corno anterior da medula espinal e seus axônios inervam as fibras intrafusais Cerca de um terço das fibras em um nervo espinal origina-se de neurônios motores gama. O efeito pretendido é assegurar a resposta das fibras intrafusais, mantendo-as sempre tensas. NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 6 REFLEXO DE ESTIRAMENTO (ARCO REFLEXO): - Inicia-se quando um músculo é estirado, um mecanismo inerentemente protetor contra a ruptura das fibras musculares - Os reflexos de estiramento também são responsáveis por manutenção da postura e equilíbrio - Um reflexo de estiramento simples utiliza a seguinte via: O estiramento de um músculo ativa os fusos musculares por meio de contração das fibras intrafusais As informações sensitivas são conduzidas pelas fibras primárias e secundárias dos fusos musculares para a medula espinal, o tronco encefálico e, finalmente, para o cerebelo Após processa as informações que chegam, o cerebelo as projeta para o córtex cerebral O córtex, além disso, integra as informações cerebelares e retransmite estímulos motores para o músculo responsável, que se contrai, sendo a força da contração proporcional à do estiramento inicial - O reflexo de estiramento pode ser dividido em 2 componentes: Reflexo de estiramento dinâmico - É provocado por sinais dinâmicos potentes, transmitidos a partir das terminações sensoriais primárias dos fusos musculares, causados pelo estiramento ou encurtamento rápidos - Quando o músculo é rapidamente estirado ou encurtado, forte sinal é transmitido para a medula espinal, o que produz contração reflexa forte e instantânea (ou redução da contração) do mesmo músculo no qual o sinal teve origem. Assim, o reflexo se opõe às alterações rápidas do comprimento do músculo - O reflexo de estiramento dinâmico termina em fração de segundo, após o músculo ter sido estendido ou encurtado para o seu novo comprimento Reflexo de estiramento estático - É mais fraco - Continua por período prolongado NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 7 - É provocado pelos sinais contínuos dos receptores estáticos, transmitidos por ambas as terminações, primária e secundária - Sua importância reside no fato de ele manter o grau de contração muscular razoavelmente constante, exceto quando o sistema nervoso da pessoa determina que seja diferente - Com mais frequência, um reflexo de estiramento envolve uma série de músculos flexores e extensores - A contração dos músculos flexores ao redor de uma articulação estende os músculos extensores e inicia um reflexo de estiramento. Da mesma forma, a extensão dispara um reflexo de estiramento nos músculos flexores - Em especial, estímulos fortes e súbitos são processados em uma via mais curta, que não envolve o cérebro, mas somente a medula espinal - Reflexos tendíneos (reflexos patelar, bicipital, tricipital, braquiorradial, do calcâneo) são exemplos típicos de um reflexo de estiramento integrado somente no nível da medula espinal. Esses reflexos formam um arco reflexo monossináptico, conforme descrito a seguir: Batidas leves no tendão tracionam o músculo e estimulam as fibras sensitivas primárias unidas às fibras intrafusais. Fibras sensitivas primárias fazem sinapse e retransmitem impulsos diretamente sobre os corpos celulares de neurônios motores alfa na substância cinzenta da medula espinal. Os neurônios motores alfa conduzem o estímulo para o músculo em questão, provocando contração. - A inibição recíproca, que está estreitamente associada ao arco reflexo, assegura a prevenção de contração dos músculos antagonistas que pode interferir na contração do músculo em questão. Ela ocorre como segue: Fibras sensitivas primárias suprem os mesmos impulsos excitatórios para os interneurônios, que, por sua vez, inibem os neurônios motores alfa que inervam os músculos antagonistas. Assim, embora os impulsos excitatórios ativem o músculo em questão, os músculos antagonistas não são capazes de se contrair devido à inibição central (medula espinal) de seus neurônios motores. VISÃO CLÍNICA: Hiporreflexia X hiper-reflexia Hiporreflexia e arreflexia são respostas de estiramento diminuídas e ausentes às batidas leves no tendão, respectivamente. Estas geralmente indicam a presença de uma doença de neurônio motor inferior, isto é, patologia envolvendo neurônios motores alfa, raízes nervosas ou nervos periféricos Hiper-reflexia é uma resposta aumentada às batidas leves no tendão. Indica a presença de uma doença no neurônio motor superior, isto é, lesão cerebral ou medular. Clônus são contrações rítmicas involuntárias e relaxamento dos músculos. Na doença grave de neurônio motor superior, a hiper-reflexia pode estar associada ao clônus. NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 8 APLICAÇÕES CLÍNICAS DO REFLEXO DE ESTIRAMENTO: - Quase todas as vezes que o médico faz exame físico do paciente, ele provoca reflexos de estiramento múltiplos - O objetivo é determinar quanto de excitação basal, ou “tônus”, o encéfalo está enviando para a medula espinal REFLEXO PATELAR E OUTROS ABALOS MUSCULARES PODEM SER USADOS PARA AVALIAR A SENSIBILIDADE DOS REFLEXOS DE ESTIRAMENTO: - Clinicamente, o método usado para determinar a sensibilidade dos reflexos de estiramento é provocar o reflexo patelar e outros abalos musculares - O reflexo patelar pode ser induzido pela percussão do tendão patelar com martelo de reflexo; essa ação instantaneamente estira o músculo quadríceps e ativa o reflexo de estiramento dinâmico, que faz com que a perna “se lance” para frente - Reflexos semelhantes podem ser obtidos de quase todos os músculos do corpo, percutindo-se o tendão ou o ventre do própriomúsculo. Em outras palavras, o estiramento rápido do fuso muscular é tudo que se necessita para induzir o reflexo de estiramento dinâmico - Os abalos musculares são usados pelos neurologistas para avaliar o grau de facilitação dos centros da medula espinal. Quando grande quantidade de impulsos facilitatórios está sendo transmitida de regiões superiores do sistema nervoso central para a medula, os abalos musculares, resultantes dos reflexos pesquisados, são muito exagerados. Ao contrário, se os impulsos facilitatórios estão deprimidos ou abolidos, os abalos musculares estarão consideravelmente enfraquecidos ou ausentes - Esses reflexos são mais utilizados para a determinação da presença ou ausência de espasticidade muscular, causada por lesões das áreas motoras encefálicas ou por doenças que excitam a área facilitatória bulborreticular do tronco cerebral - Habitualmente, grandes lesões nas áreas motoras corticais, mas não nas áreas inferiores de controle motor (especialmente lesões provocadas por derrames ou tumores cerebrais), provocam reflexos de estiramento musculares muito exagerados, nos músculos do lado oposto do corpo CLÔNUS – OSCILAÇÕES DOS ABALOS MUSCULARES: - Em certas condições, os abalos musculares podem oscilar, fenômeno chamado clônus muscular - Se a pessoa está de pé, na ponta dos dedos, e cai rapidamente para a frente, estirando os músculos gastrocnêmicos, são gerados impulsos para o reflexo de estiramento, que são transmitidos dos fusos musculares para a medula espinal. Esses impulsos excitam reflexamente o músculo estirado que levanta o corpo novamente. Após fração de segundos, a contração reflexa do músculo se extingue e o corpo volta a cair, estirando, assim, os fusos pela segunda vez. Novamente, o reflexo de estiramento dinâmico levanta o corpo, mas este também se extingue após fração de segundos, e o corpo cai mais uma vez, iniciando um novo ciclo. Desse modo, o reflexo de estiramento do músculo gastrocnêmio continua a oscilar geralmente por longos períodos, que é um clônus NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 9 - O clônus, em geral, ocorre apenas quando o reflexo de estiramento está muito sensibilizado pelos impulsos facilitatórios provenientes do cérebro. Por exemplo, no animal descerebrado, em quem os reflexos de estiramento estão muito facilitados, o clônus se desenvolve rapidamente. Para determinar o grau de facilitação da medula espinal, os neurologistas testam os pacientes quanto ao estado de clônus, estirando rapidamente um músculo e aplicando força de estiramento constante a ele. Se ocorrer o clônus, o grau de facilitação está alto
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