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Execução por quantia certa contra devedor solvente.
 
- Introdução:
Trata-se da forma mais comum de execução. Aqui, a pretensão do credor é receber determinada quantia em dinheiro.
O recebimento do credor (exequente) será realizado em pecúnia, através da sub-rogação como meio de coerção executiva. O Estado, dessa forma, expropriará os bens do executado, a fim de satisfazer o crédito do credor.
Código de Processo Civil:
Art. 824. A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens do executado, ressalvadas as execuções especiais.
E como ocorre essa expropriação de bens? A resposta está nos incisos do Art. 825, CPC.
Código de Processo Civil:
Art. 825. A expropriação consiste em:
I - adjudicação;
II - alienação;
III - apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimentos e de outros bens.
Estudaremos, separadamente, cada uma dessas possibilidades.
No entanto, é fundamental não esquecermos que a qualquer tempo, antes de ser expropriado de seus bens, o executado pode pagar sua dívida.
Código de Processo Civil:
Art. 826. Antes de adjudicados ou alienados os bens, o executado pode, a todo tempo, remir a execução, pagando ou consignando a importância atualizada da dívida, acrescida de juros, custas e honorários advocatícios.
Feitas essas considerações, passemos a estudar as fases da execução.
Marcus Vinícius Rios Gonçalves passa o seguinte modelo esquemático:
· petição inicial;
· exame da inicial pelo juiz, do qual pode resultar o seu indeferimento ou recebimento, com a determinação de que o executado seja citado e intimado do prazo para o oferecimento de embargos. No despacho inicial, o juiz já fixará os honorários advocatícios em 10% para a hipótese de pagamento;
· a citação do devedor, para pagar em três dias sob pena de penhora. Se ele fizer o pagamento dentro do prazo, os honorários fixados no despacho inicial serão reduzidos à metade. Satisfeita a obrigação, será extinta a execução. Se não, após os três dias serão feitas a penhora e a avaliação de bens do devedor; 
· com a juntada aos autos do mandado de citação, passa a correr o prazo de quinze dias para embargos, independentemente de ter ou não havido penhora. Os honorários advocatícios poderão ser elevados até 20%, quando rejeitados os embargos. Mesmo que não haja embargos, os honorários poderão ser elevados ao final do procedimento executivo, levando em conta o trabalho realizado pelo advogado do exequente;
· se os embargos não forem opostos, se forem recebidos sem efeito suspensivo, ou se julgados improcedentes, passar-se-á à fase de expropriação de bens. Cada uma dessas fases será examinada em item apartado[1].
 
- Petição inicial:
Diante da execução por quantia certa, a petição inicial deve preencher, cumulativamente, os requisitos dos Arts. 319 e 320, CPC, bem como do Art. 798, CPC, isto é, deve trazer memória de cálculo a fim de que o executado e o juiz possam verificar se a quantia executada está correta. Ademais, o exequente pode indicar bens do executado à penhora já na petição inicial.
 
Código de Processo Civil:
Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente:
I - instruir a petição inicial com:
a) o título executivo extrajudicial;
b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da ação, quando se tratar de execução por quantia certa;
c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o caso;
d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que lhe corresponde ou que lhe assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado a satisfazer a sua prestação senão mediante a contraprestação do exequente;
II - indicar:
a) a espécie de execução de sua preferência, quando por mais de um modo puder ser realizada;
b) os nomes completos do exequente e do executado e seus números de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica;
c) os bens suscetíveis de penhora, sempre que possível.
Parágrafo único. O demonstrativo do débito deverá conter:
I - o índice de correção monetária adotado;
II - a taxa de juros aplicada;
III - os termos inicial e final de incidência do índice de correção monetária e da taxa de juros utilizados;
IV - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
V - a especificação de desconto obrigatório realizado.
 
- Despacho inicial:
Como primeira providência, o juiz examinará se a petição inicial está em termos. Caso falte alguma informação elementar ou documento essencial, o juiz determinará sua emenda, no prazo de 15 dias, conforme Art. 801, CPC.
Código de Processo Civil:
Art. 801. Verificando que a petição inicial está incompleta ou que não está acompanhada dos documentos indispensáveis à propositura da execução, o juiz determinará que o exequente a corrija, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de indeferimento.
Por outro lado, se a petição inicial estiver correta, observando todos os requisitos legais, o executado será citado para realizar o pagamento no prazo de 3 dias, sob pena de penhora dos bens indicados pelo exequente. 
Os honorários advocatícios serão fixados em 10% do valor da causa, mas se o débito for adimplido no prazo, cairão para a metade.
Ainda, de acordo com o § 2º, do Art. 827, CPC, os honorários poderão ser majorados para até 20% do valor da causa, caso o executado oponha embargos e seja vencido ou, ainda, na ausência de embargos, a depender do empenho do advogado no processo.
Código de Processo Civil:
Art. 827. Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários advocatícios de dez por cento, a serem pagos pelo executado.
§ 1º No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos honorários advocatícios será reduzido pela metade.
§ 2º O valor dos honorários poderá ser elevado até vinte por cento, quando rejeitados os embargos à execução, podendo a majoração, caso não opostos os embargos, ocorrer ao final do procedimento executivo, levando-se em conta o trabalho realizado pelo advogado do exequente.
- Citação:
Após a citação, fluirão dois diferentes prazos para o executado.
 
· Prazo para pagamento do débito:
A dívida deve ser paga no prazo de 3 dias contados da efetiva citação, sob pena de penhora de bens. Essa regra está inscrita tanto na parte geral, quanto na parte especial, do CPC. A contagem de prazo para cumprimento de determinação judicial a partir da data da comunicação, consta no § 3º, do Art. 231, CPC.
Código de Processo Civil:
Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo:
[...]
§ 3º Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela parte ou por quem, de qualquer forma, participe do processo, sem a intermediação de representante judicial, o dia do começo do prazo para cumprimento da determinação judicial corresponderá à data em que se der a comunicação.
[...]
Ademais, o Art. 829, CPC, traz regra específica, apontando o prazo de 3 dias para saudar a dívida e a consequência para o não cumprimento, que estará prevista no próprio mandado de citação.
Código de Processo Civil:
Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias, contado da citação.
§ 1º Do mandado de citação constarão, também, a ordem de penhora e a avaliação a serem cumpridas pelo oficial de justiça tão logo verificado o não pagamento no prazo assinalado, de tudo lavrando-se auto, com intimação do executado.
§ 2º A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo se outros forem indicados pelo executado e aceitos pelo juiz, mediante demonstração de que a constrição proposta lhe será menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente.
 
· Prazo para oposição de embargos:
Caso o executado queira opor embargos, deve fazê-lo no prazo de 15 dias a contar da juntada do mandado de citação aos autos, conforme Art. 231, CPC.
Código de Processo Civil:
Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo:
I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a intimação for pelo correio;
II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação oua intimação for por oficial de justiça;
III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por ato do escrivão ou do chefe de secretaria;
IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a intimação for por edital;
V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término do prazo para que a consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica;
VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo esse, a data de juntada da carta aos autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a intimação se realizar em cumprimento de carta;
VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça impresso ou eletrônico;
VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos autos, em carga, do cartório ou da secretaria.
§ 1º Quando houver mais de um réu, o dia do começo do prazo para contestar corresponderá à última das datas a que se referem os incisos I a VI do caput .
§ 2º Havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é contado individualmente.
[...]
· Modo de realizar a citação e penalidades para não indicação de bens à penhora:
A citação poderá ser realizada via correios, no entanto, a penhora necessariamente terá de ser efetuada com intermédio de oficial de justiça, assim como todos os atos de constrição patrimonial.
Na prática, sempre serão emitidos dois mandados, um para a citação, outro para autorizar o cumprimento da determinação de penhora.
Caso o exequente não tenha apontado os bens do devedor na petição inicial, o próprio executado deverá fazê-lo, sob pena de cometer ato atentatório à dignidade da justiça, previsto no Art. 774, V, CPC. Nessa hipótese, o juiz fixará multa de até 20% sobre o valor do débito atualizado e a quantia será revertida para o exequente.
Código de Processo Civil:
Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva ou omissiva do executado que:
I - frauda a execução;
II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos;
III - dificulta ou embaraça a realização da penhora;
IV - resiste injustificadamente às ordens judiciais;
V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus.
Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará multa em montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito em execução, a qual será revertida em proveito do exequente, exigível nos próprios autos do processo, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material.
- Arresto:
É possível que o oficial de justiça não encontre pessoalmente o devedor, mas sim seus bens. O fato pode ocorrer, por exemplo, caso o oficial seja recebido na casa do executado, por um parente seu, que lhe abre as portas, permitindo o exame daquilo que o devedor possui.
O arresto executivo constitui ato preparatório para a penhora, antes mesmo da citação do executado. Ambos devem observar as mesmas formalidades.
Cabe ao oficial de justiça lavrar termo de arresto, nomeando um depositário para os bens do devedor, o qual, por sua vez, será incumbido de zelar por sua conservação.
O arresto executivo está previsto no Art. 830, CPC.
Depois desse procedimento, no prazo de 10 dias, o oficial voltará ao endereço para citar o executado, ato que converterá o arresto em penhora. Caso suspeite de ocultação, para citação por hora certa.
Se o oficial de justiça não encontrar o executado e, ao mesmo tempo, não suspeitar de ocultação para realizar a citação por hora certa, o exequente deverá requerer a citação por edital. Nesse caso, igualmente, transcorridos os 3 dias do prazo do edital sem o pagamento do débito, o arresto será convertido em penhora.
Código de Processo Civil:
Art. 830. Se o oficial de justiça não encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a execução.
§ 1º Nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de justiça procurará o executado 2 (duas) vezes em dias distintos e, havendo suspeita de ocultação, realizará a citação com hora certa, certificando pormenorizadamente o ocorrido.
§ 2º Incumbe ao exequente requerer a citação por edital, uma vez frustradas a pessoal e a com hora certa.
§ 3º Aperfeiçoada a citação e transcorrido o prazo de pagamento, o arresto converter-se-á em penhora, independentemente de termo.
- Curador especial:
Caso não seja possível realizar a citação direta do devedor, será nomeado curador especial a fim de opor embargos, conforme Súmula 196, STJ e Art. 72, II, CPC.
STJ. SÚMULA N. 196 
Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos. 
 
Código de Processo Civil:
Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao:
[...]
II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto não for constituído advogado.
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos termos da lei.
Caso não haja informações consistentes para oposição da peça, Marcus Vinícius Rios Gonçalves defende que o curador especial não deverá apresenta-la, porque os embargos não têm mera natureza de defesa, mas sim natureza de ação, de modo que não se poderá argumentar pela negativa geral.
- Pagamento:
A execução somente é extinta quando o devedor paga o valor do débito atualizado com juros, correção monetária, eventuais multas, custas processuais e honorários advocatícios.
- Penhora e depósito:
· Conceito:
A penhora consiste na individualização e afetação do patrimônio do devedor, com o fim de realizar o pagamento do débito. Nesse sentido vai a previsão dos Arts. 831 e 832, CPC.
Código de Processo Civil:
Art. 831. A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios.
Art. 832. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis.
· Preferência legal:
O Art. 835, CPC, traz uma ordem de preferência legal para a penhora que, no entanto, pode ser superada, caso seja a melhor alternativa para garantir o pagamento do débito.
Assim, se não houver dinheiro em conta bancária do executado, mas se tiver ciência de seus veículos, estes poderão ser penhorados, sem a verificação prévia dos títulos da dívida pública, bem como dos títulos e valores mobiliários.
A seu turno, o Art. 834, CPC, aponta que se não houverem outros bens, pode-se realizar a penhora dos frutos e dos rendimentos dos bens inalienáveis.
Código de Processo Civil:
Art. 834. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis.
Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:
I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;
II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado;
III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;
IV - veículos de via terrestre;
V - bens imóveis;
VI - bens móveis em geral;
VII - semoventes;
VIII - navios e aeronaves;
IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
X - percentual do faturamento de empresa devedora;
XI - pedras e metais preciosos;
XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária em garantia;
XIII - outros direitos.
§ 1º É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais hipóteses, alterar a ordem prevista no caput de acordo com as circunstâncias do caso concreto.
§ 2º Para fins de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento.
§ 3º Na execução de crédito com garantia real, a penhora recairá sobre a coisa dada em garantia, e, se a coisa pertencer a terceiro garantidor, estetambém será intimado da penhora.
· Papel do oficial de justiça:
Se o credor não conhecer bens do devedor a fim de indica-los à penhora, o oficial de justiça fará a verificação de quais bens podem ser penhorados a fim de satisfazer o crédito, excluindo aqueles mencionados no Art. 833, CPC, bem como o bem de família. No mesmo sentido, o Art. 832 exclui da execução os bens que a lei atribui inalienabilidade ou impenhorabilidade.
Código de Processo Civil:
Art. 832. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis.
Art. 833. São impenhoráveis:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º ;
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.
§ 1º A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição.
§ 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8º , e no art. 529, § 3º .
§ 3º Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária.
· Dever do executado:
Na hipótese de o credor não conhecer bens penhoráveis do devedor e o oficial de justiça não os encontrar, o exequente poderá requerer que o executado indique os bens à penhora, sob pena de cometer ato atentatório à dignidade da justiça, como vimos anteriormente.
· Formalização da penhora:
A realização da penhora depende da prática de dois atos: a lavratura do termo ou auto e o depósito dos bens.
O termo obedecerá ao disposto no Art. 838, CPC.
Código de Processo Civil:
Art. 838. A penhora será realizada mediante auto ou termo, que conterá:
I - a indicação do dia, do mês, do ano e do lugar em que foi feita;
II - os nomes do exequente e do executado;
III - a descrição dos bens penhorados, com as suas características;
IV - a nomeação do depositário dos bens.
Também é necessário que o oficial de justiça proceda à busca e apreensão dos bens e nomeie um depositário, que ficará por eles responsável.
Código de Processo Civil:
Art. 839. Considerar-se-á feita a penhora mediante a apreensão e o depósito dos bens, lavrando-se um só auto se as diligências forem concluídas no mesmo dia.
Parágrafo único. Havendo mais de uma penhora, serão lavrados autos individuais.
· Penhora de imóveis e veículos automotores:
Tanto a penhora de imóveis como a de veículos automotores estão no Art. 845, § 1º, CPC.
Código de Processo Civil:
Art. 845. Efetuar-se-á a penhora onde se encontrem os bens, ainda que sob a posse, a detenção ou a guarda de terceiros.
§ 1º A penhora de imóveis, independentemente de onde se localizem, quando apresentada certidão da respectiva matrícula, e a penhora de veículos automotores, quando apresentada certidão que ateste a sua existência, serão realizadas por termo nos autos.
[...]
Chama-se penhora por termo aquela realizada intra muros do fórum, sem a participação do oficial de justiça. É o caso do § 1º acima transcrito, quando se tem a certidão do bem, com suas especificações. Ainda que o imóvel ou o veículo automotor estejam em outra comarca, com a respectiva certidão, é possível realizar a penhora com os mencionados documentos.
Por outro lado, a penhora é por auto, quando realizada através de oficial de justiça, que vai ao local, descreve o bem e nomeia seu depositário. É realizada quando a parte assim o requer.
· Penhora de créditos e penhora no rosto dos autos:
A penhora de crédito é realizada em bem incorpóreo, quando o executado tem cheques, nota promissória ou algum título de crédito para receber de terceiro, conforme Arts. 855 e 856, CPC.
Nesse caso, duas condutas podem ser realizadas: se apreende o título de crédito, quer esteja com o devedor, quer esteja com outra pessoa; ou, então, caso o terceiro confesse a dívida com o executado, ele será nomeado depositário da quantia, hipótese em que a penhora será feita com sua intimação para que não pague ao executado o valor da dívida ou a intimação ao executado para que não disponha do crédito.
Imaginemos a possibilidade do terceiro negar que tem o débito a solver com o executado: nessa hipótese, a futura quitação dada pelo executado é considerada fraude à execução.
Nesse sentido, o juiz pode designar audiência com o fim especial de ouvir o executado e o terceiro acerca de sua relação jurídico e da existência do crédito.
Código de Processo Civil:
Art. 856. A penhora de crédito representado por letra de câmbio, nota promissória, duplicata, cheque ou outros títulos far-se-á pela apreensão do documento, esteja ou não este em poder do executado.
§ 1º Se o título não for apreendido, mas o terceiro confessar a dívida, será este tido como depositário da importância.
§ 2º O terceiro só se exonerará da obrigação depositando em juízo a importância da dívida.
§ 3º Se o terceiro negar o débito em conluio com o executado, a quitação que este lhe der caracterizará fraude à execução.
§ 4º A requerimento do exequente, o juiz determinará o comparecimento, em audiência especialmente designada, do executado e do terceiro, a fim de lhes tomar os depoimentos.
Havendo a confissão,  terceiro que é devedor do executado somente estará exonerado de sua obrigação caso faça o depósito em juízo, daquilo que pagaria diretamente ao seu credor[1].
Código de Processo Civil:
Art. 855. Quando recair em crédito do executado, enquanto não ocorrer a hipótese prevista no art. 856 , considerar-se-á feita a penhora pela intimação:
I - ao terceiro devedor para que não pague ao executado, seu credor;
II - ao executado, credor do terceiro, para que não pratique ato de disposição do crédito.
A penhora no rosto dos autos, por sua vez, é aquela realizada sobre eventual direito que o executado tenha a receber em ação judicial.
Se o processo em que o executado tenha a receber for também uma execução de execução de título extrajudicial, o exequente fica sub-rogado nos direitos do executado até receber o crédito, conforme Art. 857, CPC. Nessa hipótese, nada impede que o exequente continue buscando patrimônio a expropriar e satisfazer seu crédito.
Código de Processo Civil:
Art. 857. Feita a penhora em direito e ação do executado,e não tendo ele oferecido embargos ou sendo estes rejeitados, o exequente ficará sub-rogado nos direitos do executado até a concorrência de seu crédito.
§ 1º O exequente pode preferir, em vez da sub-rogação, a alienação judicial do direito penhorado, caso em que declarará sua vontade no prazo de 10 (dez) dias contado da realização da penhora.
§ 2º A sub-rogação não impede o sub-rogado, se não receber o crédito do executado, de prosseguir na execução, nos mesmos autos, penhorando outros bens.
Uma vez que até a prolação da sentença existe apenas expectativa de direitos por parte do autor, é possível penhorar essa possibilidade de sair vencedor da demanda. Caso o executado seja sucumbente, a penhora fica sem efeito.
Nesse caso, o oficial de justiça intima o escrivão do processo em que o executado é autor, para anotar no rosto dos autos que eventual vitória, o crédito ficará para o exequente, conforme Art. 860, CPC.
Código de Processo Civil:
Art. 860. Quando o direito estiver sendo pleiteado em juízo, a penhora que recair sobre ele será averbada, com destaque, nos autos pertinentes ao direito e na ação correspondente à penhora, a fim de que esta seja efetivada nos bens que forem adjudicados ou que vierem a caber ao executado.
Marcus Vinícius Rios Gonçalves aponta três possíveis atitudes para o exequente, na penhora no rosto dos autos:
· aguardar o desfecho do processo em que o executado litiga com terceiro;
· tentar alienar o direito litigioso, o que não será fácil diante das dificuldades de encontrar arrematantes;
· sub-rogar-se nos direitos do executado, tornando-se titular do direito litigioso.[2]
 
· Penhora “on line”:
Trata-se da pesquisa realizada por meio eletrônico, em que o juiz determina às instituições financeiras em que o executado tenha conta e dinheiro depositado, que tornem seus ativos financeiros indisponíveis, nos limites do valor indicado na execução, conforme Art. 854, CPC.
Essa determinação é feita sem comunicação prévia ao executado que, depois, será intimado através de seu advogado ou pessoalmente, caso não tenha patrono constituído.
Se a quantia bloqueada estiver no rol daquelas consideradas impenhoráveis, à luz do Art. 835, CPC, o executado deverá comunicar o juízo em 5 dias, juntando as devidas comprovações. A mesma conduta deve ser adotada caso haja bloqueio de quantia maior do que requerida nos autos.
Acolhendo o pedido do executado, o juiz determinará ao banco o levantamento da indisponibilidade sobre o excesso ou, ainda, o desbloqueio de toda a quantia em 24 horas.
Se o crédito for satisfeito de outra forma, como por exemplo, com o depósito judicial da quantia pelo devedor, o juiz, igualmente, determinará o desbloqueio de suas contas no prazo de 24 horas, sob pena de responsabilização da instituição financeira.
Caso o pedido do executado para desbloqueio seja negado ou, ainda, na hipótese de que este permaneça inerte, o bloqueio será convertido em penhora, sem necessidades de maiores formalizações, como lavratura de termo. Assim, o juiz determinará a transferência da quantia bloqueada para a conta do juízo.
Código de Processo Civil:
Art. 854. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exequente, sem dar ciência prévia do ato ao executado, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos financeiros existentes em nome do executado, limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na execução.
§ 1º No prazo de 24 (vinte e quatro) horas a contar da resposta, de ofício, o juiz determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade excessiva, o que deverá ser cumprido pela instituição financeira em igual prazo.
§ 2º Tornados indisponíveis os ativos financeiros do executado, este será intimado na pessoa de seu advogado ou, não o tendo, pessoalmente.
§ 3º Incumbe ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias, comprovar que:
I - as quantias tornadas indisponíveis são impenhoráveis;
II - ainda remanesce indisponibilidade excessiva de ativos financeiros.
§ 4º Acolhida qualquer das arguições dos incisos I e II do § 3º, o juiz determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade irregular ou excessiva, a ser cumprido pela instituição financeira em 24 (vinte e quatro) horas.
§ 5º Rejeitada ou não apresentada a manifestação do executado, converter-se-á a indisponibilidade em penhora, sem necessidade de lavratura de termo, devendo o juiz da execução determinar à instituição financeira depositária que, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, transfira o montante indisponível para conta vinculada ao juízo da execução.
§ 6º Realizado o pagamento da dívida por outro meio, o juiz determinará, imediatamente, por sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, a notificação da instituição financeira para que, em até 24 (vinte e quatro) horas, cancele a indisponibilidade.
§ 7º As transmissões das ordens de indisponibilidade, de seu cancelamento e de determinação de penhora previstas neste artigo far-se-ão por meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional.
§ 8º A instituição financeira será responsável pelos prejuízos causados ao executado em decorrência da indisponibilidade de ativos financeiros em valor superior ao indicado na execução ou pelo juiz, bem como na hipótese de não cancelamento da indisponibilidade no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, quando assim determinar o juiz.
§ 9º Quando se tratar de execução contra partido político, o juiz, a requerimento do exequente, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido por autoridade supervisora do sistema bancário, que tornem indisponíveis ativos financeiros somente em nome do órgão partidário que tenha contraído a dívida executada ou que tenha dado causa à violação de direito ou ao dano, ao qual cabe exclusivamente a responsabilidade pelos atos praticados, na forma da lei.
· Penhora de quotas ou das ações das sociedades personificadas:
O tema é regido pelo Art. 861, CPC. Na hipótese de penhora das quotas ou ações de sócio, tanto em sociedade simples como em sociedade empresária, o juiz estabelecerá prazo de no máximo três meses, para que seja apresentado balanço, para que as quotas sejam oferecidas aos demais sócios ou, caso estes não as queiram, para que elas sejam liquidadas, quando poderá ser nomeado um administrador, para essa finalidade.
Se as quotas forem de sociedade aberta, elas serão adjudicadas ao exequente ou vendidas na bolsa de valores.
O prazo de três meses para tomada de providências poderá ser ampliado na hipótese do procedimento trazer sério risco à saúde financeira da sociedade. Ademais, o juiz poderá determinar o leilão judicial das quotas ou ações, caso os sócios não queiram a parte do executado e a liquidação revelar-se muito danosa para a sociedade simples ou empresária.
Código de Processo Civil:
Art. 861. Penhoradas as quotas ou as ações de sócio em sociedade simples ou empresária, o juiz assinará prazo razoável, não superior a 3 (três) meses, para que a sociedade:
I - apresente balanço especial, na forma da lei;
II - ofereça as quotas ou as ações aos demais sócios, observado o direito de preferência legal ou contratual;
III - não havendo interesse dos sócios na aquisição das ações, proceda à liquidação das quotas ou das ações, depositando em juízo o valor apurado, em dinheiro.
§ 1º Para evitar a liquidação das quotas ou das ações, a sociedade poderá adquiri-las sem redução do capital social e com utilização de reservas, para manutenção em tesouraria.
§ 2º O disposto no caput e no § 1º não se aplica à sociedade anônima de capital aberto, cujas ações serão adjudicadas ao exequente ou alienadas em bolsa de valores, conforme o caso.
§ 3º Para os fins da liquidação de que trata o inciso III do caput , o juiz poderá, a requerimento do exequente ou da sociedade, nomear administrador, que deverá submeter à aprovação judiciala forma de liquidação.
§ 4º O prazo previsto no caput poderá ser ampliado pelo juiz, se o pagamento das quotas ou das ações liquidadas:
I - superar o valor do saldo de lucros ou reservas, exceto a legal, e sem diminuição do capital social, ou por doação; ou
II - colocar em risco a estabilidade financeira da sociedade simples ou empresária.
§ 5º Caso não haja interesse dos demais sócios no exercício de direito de preferência, não ocorra a aquisição das quotas ou das ações pela sociedade e a liquidação do inciso III do caput seja excessivamente onerosa para a sociedade, o juiz poderá determinar o leilão judicial das quotas ou das ações.
· Penhora de empresa, de outros estabelecimentos ou de semoventes:
Embora a lista de preferência nos bens que se pode submeter 
à penhora não seja seguida à ferro e fogo, a penhora de empresa, outros estabelecimentos  e semoventes deve ser feita somente quando esgotadas outras possibilidades, conforme Art. 865, CPC.
Código de Processo Civil:
Art. 865. A penhora de que trata esta Subseção somente será determinada se não houver outro meio eficaz para a efetivação do crédito.
A proteção legal se justifica porque sua operabilidade não é das fáceis, tampouco das menos custosas.
Conforme Art. 862, CC, a empresa, indústria, estabelecimento agrícola, ou administrador do semovente, plantação ou edifício em construção, terá um administrador-depositário, nomeado pelo juiz, que terá a incumbência de apresentar em 10 dias o plano de administração.
Com relação aos edifícios em construção, a penhora somente poderá recair sobre unidades ainda não comercializadas pela incorporadora.
Código de Processo Civil:
Art. 862. Quando a penhora recair em estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, bem como em semoventes, plantações ou edifícios em construção, o juiz nomeará administrador-depositário, determinando-lhe que apresente em 10 (dez) dias o plano de administração.
§ 1º Ouvidas as partes, o juiz decidirá.
§ 2º É lícito às partes ajustar a forma de administração e escolher o depositário, hipótese em que o juiz homologará por despacho a indicação.
§ 3º Em relação aos edifícios em construção sob regime de incorporação imobiliária, a penhora somente poderá recair sobre as unidades imobiliárias ainda não comercializadas pelo incorporador.
§ 4º Sendo necessário afastar o incorporador da administração da incorporação, será ela exercida pela comissão de representantes dos adquirentes ou, se se tratar de construção financiada, por empresa ou profissional indicado pela instituição fornecedora dos recursos para a obra, devendo ser ouvida, neste último caso, a comissão de representantes dos adquirentes.
Quando estivermos tratando de empresa que funcione mediante concessão ou autorização do Poder Público, a penhora recairá sobre a renda, alguns bens ou todo o patrimônio da empresa, sempre a depender do valor do crédito. O depositário, preferencialmente, será um de seus diretores, que deverá apresentar um plano de administração e esquema de pagamento. Se a penhora recair sobre todo o patrimônio, antes da adjudicação ou arrematação, o ente público será ouvido, tudo conforme Art. 863, CPC.
Código de Processo Civil:
Art. 863. A penhora de empresa que funcione mediante concessão ou autorização far-se-á, conforme o valor do crédito, sobre a renda, sobre determinados bens ou sobre todo o patrimônio, e o juiz nomeará como depositário, de preferência, um de seus diretores.
§ 1º Quando a penhora recair sobre a renda ou sobre determinados bens, o administrador-depositário apresentará a forma de administração e o esquema de pagamento, observando-se, quanto ao mais, o disposto em relação ao regime de penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel e imóvel.
§ 2º Recaindo a penhora sobre todo o patrimônio, prosseguirá a execução em seus ulteriores termos, ouvindo-se, antes da arrematação ou da adjudicação, o ente público que houver outorgado a concessão.
Quanto se tratar de penhora realizada em navio ou aeronave, estes poderão continuar suas operações, desde que façam seguro contra riscos. Vide caso Avianca!!!
Código de Processo Civil:
Art. 864. A penhora de navio ou de aeronave não obsta que continuem navegando ou operando até a alienação, mas o juiz, ao conceder a autorização para tanto, não permitirá que saiam do porto ou do aeroporto antes que o executado faça o seguro usual contra riscos.
· Penhora de percentual de faturamento de empresa:
A penhora de percentual de faturamento de empresa é regulada pelo Art. 866, CPC e, tal como vimos em relação à penhora da empresa, outros estabelecimentos e semoventes, no tópico acima, deve ser intentada caso não existam outras alternativas ou, existindo, não satisfaçam o crédito ou, ainda, caso esta revele-se o modo menos difícil de se buscar o pagamento do credor.
O juiz fixará um percentual do faturamento da empresa que vá para exequente sem, no entanto, tornar inviável a atividade empresária.
Para tanto, será nomeado administrador-depositário, que prestará contas mensalmente e entregará ao juízo as quantias recebidas, com os balancetes mensais.
Código de Processo Civil:
Art. 866. Se o executado não tiver outros bens penhoráveis ou se, tendo-os, esses forem de difícil alienação ou insuficientes para saldar o crédito executado, o juiz poderá ordenar a penhora de percentual de faturamento de empresa.
§ 1º O juiz fixará percentual que propicie a satisfação do crédito exequendo em tempo razoável, mas que não torne inviável o exercício da atividade empresarial.
§ 2º O juiz nomeará administrador-depositário, o qual submeterá à aprovação judicial a forma de sua atuação e prestará contas mensalmente, entregando em juízo as quantias recebidas, com os respectivos balancetes mensais, a fim de serem imputadas no pagamento da dívida.
§ 3º Na penhora de percentual de faturamento de empresa, observar-se-á, no que couber, o disposto quanto ao regime de penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel e imóvel.
· Penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel e imóvel:
É possível que a penhora recaia sobre os frutos e rendimentos de coisa pertencente ao executado: seja um imóvel alugado, um estabelecimento empresarial arrendado, um aparelho voltado à medicina ou estética que esteja alugado, enfim.
Sua previsão legal consta a partir do Art. 867, CPC.
Código de Processo Civil:
Art. 867. O juiz pode ordenar a penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel ou imóvel quando a considerar mais eficiente para o recebimento do crédito e menos gravosa ao executado.
Com a nomeação de administrador-depositário, o uso da coisa não continuará à disposição do devedor, até que seja pago o valor do principal, juros, custas – incluindo-se, aqui, eventual multa - e honorários advocatícios.
Após a averbação na Serventia Registral, a penhora e suspensão dos direitos relativos à coisa também valerão para terceiro, ex., locador que sub locou o imóvel.
Código de Processo Civil:
Art. 868. Ordenada a penhora de frutos e rendimentos, o juiz nomeará administrador-depositário, que será investido de todos os poderes que concernem à administração do bem e à fruição de seus frutos e utilidades, perdendo o executado o direito de gozo do bem, até que o exequente seja pago do principal, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios.
§ 1º A medida terá eficácia em relação a terceiros a partir da publicação da decisão que a conceda ou de sua averbação no ofício imobiliário, em caso de imóveis.
§ 2º O exequente providenciará a averbação no ofício imobiliário mediante a apresentação de certidão de inteiro teor do ato, independentemente de mandado judicial.
· Documentação da penhora:
Após a realização da penhora, é preciso que o executado seja intimado através de seu advogado ou, caso não tenha mandatário, que o seja pessoalmente, conforme Art. 841, CPC. A exceção à regra ocorre quando o executado estiver presente no momento da penhora.
Código de Processo Civil:
Art. 841. Formalizada a penhora por qualquer dos meios legais, dela será imediatamente intimado o executado.
§ 1º A intimação da penhora será feita ao advogadodo executado ou à sociedade de advogados a que aquele pertença.
§ 2º Se não houver constituído advogado nos autos, o executado será intimado pessoalmente, de preferência por via postal.
§ 3º O disposto no § 1º não se aplica aos casos de penhora realizada na presença do executado, que se reputa intimado.
§ 4º Considera-se realizada a intimação a que se refere o § 2º quando o executado houver mudado de endereço sem prévia comunicação ao juízo, observado o disposto no parágrafo único do art. 274 .
 
Art. 274. Não dispondo a lei de outro modo, as intimações serão feitas às partes, aos seus representantes legais, aos advogados e aos demais sujeitos do processo pelo correio ou, se presentes em cartório, diretamente pelo escrivão ou chefe de secretaria.
Parágrafo único. Presumem-se válidas as intimações dirigidas ao endereço constante dos autos, ainda que não recebidas pessoalmente pelo interessado, se a modificação temporária ou definitiva não tiver sido devidamente comunicada ao juízo, fluindo os prazos a partir da juntada aos autos do comprovante de entrega da correspondência no primitivo endereço.
Se a penhora recair sobre bem imóvel ou direito real é preciso que o cônjuge do executado também seja intimado, a menos que o regime de bens do casamento seja o da separação de bens.
Código de Processo Civil:
Art. 842. Recaindo a penhora sobre bem imóvel ou direito real sobre imóvel, será intimado também o cônjuge do executado, salvo se forem casados em regime de separação absoluta de bens.
 
· Lugar de realização da penhora:
A penhora é realizada no local onde se encontrem os bens, ainda que estejam sob a posse, detenção ou guarda de terceiros. No caso dos bens imóveis e dos automóveis, será realizada mediante certidão de propriedade.
Código de Processo Civil:
Art. 845. Efetuar-se-á a penhora onde se encontrem os bens, ainda que sob a posse, a detenção ou a guarda de terceiros.
§ 1º A penhora de imóveis, independentemente de onde se localizem, quando apresentada certidão da respectiva matrícula, e a penhora de veículos automotores, quando apresentada certidão que ateste a sua existência, serão realizadas por termo nos autos.
§ 2º Se o executado não tiver bens no foro do processo, não sendo possível a realização da penhora nos termos do § 1º, a execução será feita por carta, penhorando-se, avaliando-se e alienando-se os bens no foro da situação.
Caso o executado feche as portas da casa criando obstáculo para realização da penhora dos bens, o fato será relatado ao juiz, que dará ordem de arrombamento. Nesse caso, dois oficiais de justiça realizarão a ordem e farão constar no auto circunstanciado toda a ocorrência, que contará com duas testemunhas que estiverem presentes na diligência. O juiz poderá requisitar força policial e os oficiais entregarão uma via do auto ao escrivão e outra via às autoridades policiais para apurar eventual crime de desobediência.
Código de Processo Civil:
Art. 846. Se o executado fechar as portas da casa a fim de obstar a penhora dos bens, o oficial de justiça comunicará o fato ao juiz, solicitando-lhe ordem de arrombamento.
§ 1 o Deferido o pedido, 2 (dois) oficiais de justiça cumprirão o mandado, arrombando cômodos e móveis em que se presuma estarem os bens, e lavrarão de tudo auto circunstanciado, que será assinado por 2 (duas) testemunhas presentes à diligência.
§ 2º Sempre que necessário, o juiz requisitará força policial, a fim de auxiliar os oficiais de justiça na penhora dos bens.
§ 3º Os oficiais de justiça lavrarão em duplicata o auto da ocorrência, entregando uma via ao escrivão ou ao chefe de secretaria, para ser juntada aos autos, e a outra à autoridade policial a quem couber a apuração criminal dos eventuais delitos de desobediência ou de resistência.
§ 4º Do auto da ocorrência constará o rol de testemunhas, com a respectiva qualificação.
· Averbação da penhora:
Para que o arresto ou a penhora tenham efeitos perante terceiros, com eficácia erga omnes,é imperioso que as devidas averbações sejam realizadas nos registros competentes, conforme Art. 844, CPC.
Código de Processo Civil:
Art. 844. Para presunção absoluta de conhecimento por terceiros, cabe ao exequente providenciar a averbação do arresto ou da penhora no registro competente, mediante apresentação de cópia do auto ou do termo, independentemente de mandado judicial.
O terceiro que adquire a coisa após a averbação da penhora, não pode alegar boa-fé. Caso a alienação tenha se realizado antes, será preciso demonstrar a má-fé do terceiro adquirente, conforme Súmula 375, STJ. 
STJ. SÚMULA N. 375 
O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente. 
Conforme explica Marcus Vinícius Rios Gonçalves[1], a averbação da certidão de admissão da execução é uma exceção à regra, porquanto também constará na matrícula e registros competentes que há uma execução pendente, conforme Art. 828, CPC, o que poderá resultar na futura penhora do patrimônio em questão. 
Código de Processo Civil:
Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com identificação das partes e do valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade.
§ 1º No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o exequente deverá comunicar ao juízo as averbações efetivadas.
§ 2º Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, o exequente providenciará, no prazo de 10 (dez) dias, o cancelamento das averbações relativas àqueles não penhorados.
§ 3º O juiz determinará o cancelamento das averbações, de ofício ou a requerimento, caso o exequente não o faça no prazo.
§ 4º Presume-se em fraude à execução a alienação ou a oneração de bens efetuada após a averbação.
§ 5º O exequente que promover averbação manifestamente indevida ou não cancelar as averbações nos termos do § 2º indenizará a parte contrária, processando-se o incidente em autos apartados.
Diferentemente da averbação de admissão da execução, a averbação da penhora prescinde certidão judicial, bastando a apresentação da cópia do termo ou do auto de penhora.
· Substituição do bem penhorado:
A substituição da penhora é tratada do Art. 847 ao 853, CPC.
* Substituição da penhora requerida por qualquer das partes:
O Art. 848, CPC, elenca hipóteses em que tanto exequente quanto executado podem requerer a substituição dos bens penhorados. É o caso de inobservância à ordem legal, estabelecida no Art. 835, CPC; se forem penhorados bens em outra comarca, que não da execução, enquanto houver bens no foro da execução; se forem penhorados bens que tenham outras penhoras ou gravames, em detrimentos de outros, disponíveis; etc.
Código de Processo Civil:
Art. 848. As partes poderão requerer a substituição da penhora se:
I - ela não obedecer à ordem legal;
II - ela não incidir sobre os bens designados em lei, contrato ou ato judicial para o pagamento;
III - havendo bens no foro da execução, outros tiverem sido penhorados;
IV - havendo bens livres, ela tiver recaído sobre bens já penhorados ou objeto de gravame;
V - ela incidir sobre bens de baixa liquidez;
VI - fracassar a tentativa de alienação judicial do bem; ou
VII - o executado não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das indicações previstas em lei.
Parágrafo único. A penhora pode ser substituída por fiança bancária ou por seguro garantia judicial, em valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento.
Qualquer das partes requerendo a substituição da penhora, o juiz ouvirá a outra, no prazo de 3 dias, conforme Art. 853, CPC.
Código de Processo Civil:
Art. 853. Quando uma das partes requerer alguma das medidas previstas nesta Subseção, o juiz ouvirá sempre a outra, no prazo de 3 (três) dias, antes de decidir.
Parágrafo único. O juiz decidirá de plano qualquer questão suscitada.
Ademais, a substituição da penhora, em qualquer dos casos, importará na lavratura de novo termo ou auto, uma vez que será necessárioformalizar a constrição do novo bem ou direito.
Código de Processo Civil:
Art. 849. Sempre que ocorrer a substituição dos bens inicialmente penhorados, será lavrado novo termo.
* Substituição da penhora requerida pelo executado:
Após ser intimado da penhora, o executado poderá requerer sua substituição, no prazo de 10 dias. Deverá, no entanto, comprovar que além de ser menos onerosa, não trará prejuízos ao exequente, conforme Arts. 847, CPC.
Código de Processo Civil:
Art. 847. O executado pode, no prazo de 10 (dez) dias contado da intimação da penhora, requerer a substituição do bem penhorado, desde que comprove que lhe será menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente.
§ 1º O juiz só autorizará a substituição se o executado:
I - comprovar as respectivas matrículas e os registros por certidão do correspondente ofício, quanto aos bens imóveis;
II - descrever os bens móveis, com todas as suas propriedades e características, bem como o estado deles e o lugar onde se encontram;
III - descrever os semoventes, com indicação de espécie, de número, de marca ou sinal e do local onde se encontram;
IV - identificar os créditos, indicando quem seja o devedor, qual a origem da dívida, o título que a representa e a data do vencimento; e
V - atribuir, em qualquer caso, valor aos bens indicados à penhora, além de especificar os ônus e os encargos a que estejam sujeitos.
§ 2º Requerida a substituição do bem penhorado, o executado deve indicar onde se encontram os bens sujeitos à execução, exibir a prova de sua propriedade e a certidão negativa ou positiva de ônus, bem como abster-se de qualquer atitude que dificulte ou embarace a realização da penhora.
§ 3º O executado somente poderá oferecer bem imóvel em substituição caso o requeira com a expressa anuência do cônjuge, salvo se o regime for o de separação absoluta de bens.
§ 4º O juiz intimará o exequente para manifestar-se sobre o requerimento de substituição do bem penhorado.
Além da hipótese legal, o executado, a qualquer momento, poderá substituir a penhora de coisa ou direito por penhora em dinheiro, o que sempre será mais benéfico ao exequente, porque dispensará expropriação. Marcus Vinícius Rios Gonçalves lembra que a substituição da penhora por dinheiro não se confunde com o pagamento da dívida, porque, nesse caso, haverá desistência de eventual recurso e embargos[2].
· Segunda penhora:
A hipótese de segunda penhora está prevista no Art. 851, CPC. Ocorre nos casos em que a primeira penhora é anulada; quando a primeira penhora não for suficiente para satisfação do crédito; ou, ainda, quando o exequente desistir dos bens da primeira penhora.
Código de Processo Civil:
Art. 851. Não se procede à segunda penhora, salvo se:
I - a primeira for anulada;
II - executados os bens, o produto da alienação não bastar para o pagamento do exequente;
III - o exequente desistir da primeira penhora, por serem litigiosos os bens ou por estarem submetidos a constrição judicial.
· Alienação antecipada dos bens penhorados:
Quando houver grande vantagem na venda dos bens penhorados, ou, ainda, quando estiverem sujeitos à grande desapropriação ou desvalorização, o juiz pode deferir sua alienação antecipada, conforme Art. 852, CPC.
Código de Processo Civil:
Art. 852. O juiz determinará a alienação antecipada dos bens penhorados quando:
I - se tratar de veículos automotores, de pedras e metais preciosos e de outros bens móveis sujeitos à depreciação ou à deterioração;
II - houver manifesta vantagem.
· Redução ou ampliação da penhora:
Com a avaliação, tópico que estudaremos mais adiante, será possível constatar se os bens penhorados são suficientes, estão aquém ou além do valor do débito. Nessa hipótese, a requerimento de uma das partes, aberto o contraditório, o juiz poderá reduzir ou ampliar o valor da penhora, conforme Art. 874, CPC:
Código de Processo Civil:
Art. 874. Após a avaliação, o juiz poderá, a requerimento do interessado e ouvida a parte contrária, mandar:
I - reduzir a penhora aos bens suficientes ou transferi-la para outros, se o valor dos bens penhorados for consideravelmente superior ao crédito do exequente e dos acessórios;
II - ampliar a penhora ou transferi-la para outros bens mais valiosos, se o valor dos bens penhorados for inferior ao crédito do exequente.
O Art. 850, CPC, ratifica essa possibilidade, admitindo a redução ou ampliação da penhora, bem como sua transferência para outros bens, a depender de alteração significativa no valor de mercado dos bens penhorados:
Código de Processo Civil:
Art. 850. Será admitida a redução ou a ampliação da penhora, bem como sua transferência para outros bens, se, no curso do processo, o valor de mercado dos bens penhorados sofrer alteração significativa.
· Pluralidade de penhoras sobre o mesmo bem:
É possível que um único bem sofra diferentes penhoras. Nessa hipótese, receberão as ordens de preferencial legal ou, não as havendo, quem houver realizado a primeira penhora.
Código de Processo Civil:
Art. 908. Havendo pluralidade de credores ou exequentes, o dinheiro lhes será distribuído e entregue consoante a ordem das respectivas preferências.
§ 1º No caso de adjudicação ou alienação, os créditos que recaem sobre o bem, inclusive os de natureza propter rem , sub-rogam-se sobre o respectivo preço, observada a ordem de preferência.
§ 2º Não havendo título legal à preferência, o dinheiro será distribuído entre os concorrentes, observando-se a anterioridade de cada penhora.
Vale lembrar que a noção da ordem de preferência decorre da Lei de Falências:
LEI Nº 11.101, DE 9 DE FEVEREIRO DE 2005.
Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem:
I – os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinqüenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho;
II - créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado;
III – créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, excetuadas as multas tributárias;
IV – créditos com privilégio especial, a saber:
a) os previstos no art. 964 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002;
b) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta Lei;
c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a coisa dada em garantia;
d) aqueles em favor dos microempreendedores individuais e das microempresas e empresas de pequeno porte de que trata a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
V – créditos com privilégio geral, a saber:
a) os previstos no art. 965 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002;
b) os previstos no parágrafo único do art. 67 desta Lei;
c) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta Lei;
VI – créditos quirografários, a saber:
a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo;
b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens vinculados ao seu pagamento;
c) os saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho que excederem o limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo;
VII – as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, inclusive as multas tributárias;
VIII – créditos subordinados, a saber:
a) os assim previstos em lei ou em contrato;
b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício.
§ 1º Para os fins do inciso II do caput deste artigo, será considerado como valor do bem objeto de garantia real a importância efetivamente arrecadada com sua venda, ou, no caso de alienação em bloco, o valor de avaliação do bem individualmente considerado.
§ 2º Não são oponíveis à massa os valores decorrentes de direito de sócio ao recebimento de sua parcela do capital social na liquidação da sociedade.
§ 3º As cláusulas penais dos contratos unilaterais não serão atendidas se as obrigações neles estipuladas se vencerem em virtude da falência.
§ 4º Os créditos trabalhistas cedidos a terceiros serão considerados quirografários.· O depositário:
A penhora é realizada pela busca e apreensão do bem, somada à sua penhora.
Código de Processo Civil:
Art. 839. Considerar-se-á feita a penhora mediante a apreensão e o depósito dos bens, lavrando-se um só auto se as diligências forem concluídas no mesmo dia.
Parágrafo único. Havendo mais de uma penhora, serão lavrados autos individuais.
O auto de penhora conterá o nome do depositário, que deverá assina-lo. No entanto, se o depositário não quiser o encargo, poderá recusar a nomeação, conforme aduz a Súmula 319, STJ:
STJ. SÚMULA N. 319 
O encargo de depositário de bens penhorados pode ser expressamente recusado. 
E quem será o depositário de cada bem? A resposta vem do Art. 840, CPC.
Quantia em dinheiro, papeis de crédito, pedras e metais preciosos serão depositados no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal, em outo banco em que o Estado ou Distrito Federal tenha mais da metade do capital ou, em sua falta, em instituição de crédito designada pelo juiz.
Os móveis, imóveis urbanos e seus respectivos direitos aquisitivos, bem como os semoventes, ficarão em poder do depositário judicial. Se não houver depositário judicial, referidos bens ficarão em poder do exequente ou com o executado, se forem de difícil remoção ou caso assim concorde o exequente.
Os imóveis rurais, seus direitos aquisitivos e tudo o que envolve o meio rural ficará em poder do executado que, no entanto, deverá prestar caução idônea.
Código de Processo Civil:
Art. 840. Serão preferencialmente depositados:
I - as quantias em dinheiro, os papéis de crédito e as pedras e os metais preciosos, no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal ou em banco do qual o Estado ou o Distrito Federal possua mais da metade do capital social integralizado, ou, na falta desses estabelecimentos, em qualquer instituição de crédito designada pelo juiz;
II - os móveis, os semoventes, os imóveis urbanos e os direitos aquisitivos sobre imóveis urbanos, em poder do depositário judicial;
III - os imóveis rurais, os direitos aquisitivos sobre imóveis rurais, as máquinas, os utensílios e os instrumentos necessários ou úteis à atividade agrícola, mediante caução idônea, em poder do executado.
§ 1º No caso do inciso II do caput , se não houver depositário judicial, os bens ficarão em poder do exequente.
§ 2º Os bens poderão ser depositados em poder do executado nos casos de difícil remoção ou quando anuir o exequente.
§ 3º As joias, as pedras e os objetos preciosos deverão ser depositados com registro do valor estimado de resgate.
· Responsabilidade do depositário:
O depositário é responsável pela guarda e conservação dos bens penhorados, incumbindo-lhe o dever de entrega-los ao adquirente, na hipótese de adjudicação ou arrematação. O depositário é mero detentor do bem, de modo que não tem a posse para fins jurídicos. Caso o depositário não entregue os bens espontaneamente ao adquirente, no mesmo processo da execução este poderá requerer a busca e apreensão dos mesmos ou a imissão na posse, o que se realizará com mandado judicial.
- Avaliação de bens:
A avaliação é tema dos Arts. 870 a 875, CPC.
Em princípio, quem faz a avaliação é o oficial de justiça e, para cumprir seu desiderato, poderá lançar mão de qualquer meio idôneo de pesquisa, como por exemplo verificar anúncios e classificados, fazer pesquisas em imobiliárias e até mesmo aproveitar informações trazidas pelas partes. 
Todavia, caso verifique que a avaliação do bem em questão deve ser realizada por quem tenha conhecimentos específicos, informará o fato ao juiz, que, por sua vez, nomeará avaliador:
Código de Processo Civil:
Art. 870. A avaliação será feita pelo oficial de justiça.
Parágrafo único. Se forem necessários conhecimentos especializados e o valor da execução o comportar, o juiz nomeará avaliador, fixando-lhe prazo não superior a 10 (dez) dias para entrega do laudo.
Tanto na avaliação realizada por oficial de justiça, quanto na avaliação feita por perito devem constar informações mínimas sobre os bens, como sua descrição, suas características, o estado em que se encontram e o valor de mercado, conforme Art. 872, CPC. 
Se o bem em questão for imóvel, levando em consideração o valor do crédito, se for possível sua divisão, será realizada a avaliação de cada uma das partes e apresentada proposta de desmembramento, sobre o qual as partes deverão se manifestar em 5 dias.
Código de Processo Civil:
Art. 872. A avaliação realizada pelo oficial de justiça constará de vistoria e de laudo anexados ao auto de penhora ou, em caso de perícia realizada por avaliador, de laudo apresentado no prazo fixado pelo juiz, devendo-se, em qualquer hipótese, especificar:
I - os bens, com as suas características, e o estado em que se encontram;
II - o valor dos bens.
§ 1º Quando o imóvel for suscetível de cômoda divisão, a avaliação, tendo em conta o crédito reclamado, será realizada em partes, sugerindo-se, com a apresentação de memorial descritivo, os possíveis desmembramentos para alienação.
§ 2º Realizada a avaliação e, sendo o caso, apresentada a proposta de desmembramento, as partes serão ouvidas no prazo de 5 (cinco) dias.
- Dispensa de avaliação:
É possível, no entanto, que não seja necessário proceder à avaliação. Veremos essa hipótese na prática quando os valores forem incontroversos, seja porque uma parte aceita a estimativa apontada pela outra; seja porque o bem penhorado – o que abrange ações e títulos de crédito negociável na bolsa, tenha cotação na bolsa de valores, seja porque o preço médio de mercado do bem em questão, como os veículos automotores, é tabelado oficialmente ou em anúncios, conforme Art. 871, CPC.
Código de Processo Civil:
Art. 871. Não se procederá à avaliação quando:
I - uma das partes aceitar a estimativa feita pela outra;
II - se tratar de títulos ou de mercadorias que tenham cotação em bolsa, comprovada por certidão ou publicação no órgão oficial;
III - se tratar de títulos da dívida pública, de ações de sociedades e de títulos de crédito negociáveis em bolsa, cujo valor será o da cotação oficial do dia, comprovada por certidão ou publicação no órgão oficial;
IV - se tratar de veículos automotores ou de outros bens cujo preço médio de mercado possa ser conhecido por meio de pesquisas realizadas por órgãos oficiais ou de anúncios de venda divulgados em meios de comunicação, caso em que caberá a quem fizer a nomeação o encargo de comprovar a cotação de mercado.
Parágrafo único. Ocorrendo a hipótese do inciso I deste artigo, a avaliação poderá ser realizada quando houver fundada dúvida do juiz quanto ao real valor do bem.
- Nova avaliação:
É possível que haja nova avaliação, caso se verifique a valorização ou desvalorização do valor da coisa, caso fique demonstrada o erro ou dolo no procedimento do avaliador ou, ainda, se o juiz tiver fundado erro no valor atribuído ao bem, nos termos do Art. 873, CPC.
 
Código de Processo Civil:
Art. 873. É admitida nova avaliação quando:
I - qualquer das partes arguir, fundamentadamente, a ocorrência de erro na avaliação ou dolo do avaliador;
II - se verificar, posteriormente à avaliação, que houve majoração ou diminuição no valor do bem;
III - o juiz tiver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem na primeira avaliação.
Parágrafo único. Aplica-se o art. 480 à nova avaliação prevista no inciso III do caput deste artigo.
 
 
Art. 480. O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia quando a matéria não estiver suficientemente esclarecida.
§ 1º A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre os quais recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu.
§ 2º A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a primeira.
§ 3º A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar o valor de uma e de outra.
 
- Intimação do executado:
Conforme vimos anteriormente, a intimação do executado será feita na pessoa de seu advogado ou sociedade de advogados ou, ainda, caso esteja sem patrono, pessoalmente, tão logoocorra a penhora.
- Outras intimações:
Quando se tratar de bens imóveis, além do cônjuge, como vimos em momento anterior, todo e qualquer interessado deverá ser intimado sobre a penhora, a fim de evitar nulidades processuais. São exemplos o credor com garantia real, bem como qualquer outra pessoa que tenha relação de direito real com a coisa, tais como usufrutuário, titular de direito real de habitação, promitente comprador de compromisso registrado, etc, conforme Art. 799, CPC:
Código de Processo Civil:
Art. 799. Incumbe ainda ao exequente:
I - requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário, anticrético ou fiduciário, quando a penhora recair sobre bens gravados por penhor, hipoteca, anticrese ou alienação fiduciária;
II - requerer a intimação do titular de usufruto, uso ou habitação, quando a penhora recair sobre bem gravado por usufruto, uso ou habitação;
III - requerer a intimação do promitente comprador, quando a penhora recair sobre bem em relação ao qual haja promessa de compra e venda registrada;
IV - requerer a intimação do promitente vendedor, quando a penhora recair sobre direito aquisitivo derivado de promessa de compra e venda registrada;
V - requerer a intimação do superficiário, enfiteuta ou concessionário, em caso de direito de superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair sobre imóvel submetido ao regime do direito de superfície, enfiteuse ou concessão;
VI - requerer a intimação do proprietário de terreno com regime de direito de superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair sobre direitos do superficiário, do enfiteuta ou do concessionário;
VII - requerer a intimação da sociedade, no caso de penhora de quota social ou de ação de sociedade anônima fechada, para o fim previsto no art. 876, § 7º ;
VIII - pleitear, se for o caso, medidas urgentes;
IX - proceder à averbação em registro público do ato de propositura da execução e dos atos de constrição realizados, para conhecimento de terceiros.
X - requerer a intimação do titular da construção-base, bem como, se for o caso, do titular de lajes anteriores, quando a penhora recair sobre o direito real de laje;         (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
XI - requerer a intimação do titular das lajes, quando a penhora recair sobre a construção-base.         (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
A ausência de intimação dos interessados compromete a eficácia da alienação judicial, nos termos do Art. 804, CPC:
Art. 804. A alienação de bem gravado por penhor, hipoteca ou anticrese será ineficaz em relação ao credor pignoratício, hipotecário ou anticrético não intimado.
§ 1º A alienação de bem objeto de promessa de compra e venda ou de cessão registrada será ineficaz em relação ao promitente comprador ou ao cessionário não intimado.
§ 2º A alienação de bem sobre o qual tenha sido instituído direito de superfície, seja do solo, da plantação ou da construção, será ineficaz em relação ao concedente ou ao concessionário não intimado.
§ 3º A alienação de direito aquisitivo de bem objeto de promessa de venda, de promessa de cessão ou de alienação fiduciária será ineficaz em relação ao promitente vendedor, ao promitente cedente ou ao proprietário fiduciário não intimado.
§ 4º A alienação de imóvel sobre o qual tenha sido instituída enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso será ineficaz em relação ao enfiteuta ou ao concessionário não intimado.
§ 5º A alienação de direitos do enfiteuta, do concessionário de direito real de uso ou do concessionário de uso especial para fins de moradia será ineficaz em relação ao proprietário do respectivo imóvel não intimado.
§ 6º A alienação de bem sobre o qual tenha sido instituído usufruto, uso ou habitação será ineficaz em relação ao titular desses direitos reais não intimado.
Por fim, após a penhora e a avaliação tem início a fase de expropriação dos bens.
Código de Processo Civil:
Art. 875. Realizadas a penhora e a avaliação, o juiz dará início aos atos de expropriação do bem.
 
[1]GONÇALVES, Marcus Vinícius. Direito processual civil esquematizado. 11ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 864.
[2]GONÇALVES, Marcus Vinícius. Direito processual civil esquematizado. 11ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 865.
[1]GONÇALVES, Marcus Vinícius. Direito processual civil esquematizado.11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2020, p. 862.
[2]GONÇALVES, Marcus Vinícius. Direito processual civil esquematizado.11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2020, p. 862.
[1]GONÇALVES, Marcus Vinícius. Direito processual civil esquematizado. 11ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 858.

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