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RESP-971695-2008-04-01 - inclusao do socio na cda

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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 971.695 - ES (2007/0166817-4)
 
RELATOR : MINISTRO CASTRO MEIRA
RECORRENTE : ESTADO DO ESPÍRITO SANTO 
ADVOGADO : LEONARDO GUSTAVO PASTORE DYNA 
RECORRIDO : HELDER LUIS CALIMAN E OUTROS
ADVOGADO : AVELINO MALACARNE E OUTRO(S)
EMENTA
TRIBUTÁRIO. CDA. INCLUSÃO DO SÓCIO EM CDA. PROCEDIMENTO 
FISCAL. RESPONSABILIDADE DO SÓCIO.
1. Não viola os artigos 204 e 135 do CTN o aresto que, em mandado de segurança, 
considera ilegal inscrição de nome do sócio em CDA, ao fundamento de que não há indícios, 
no procedimento fiscal que a gerou, de que houvesse excesso de mandato.
2. Recurso especial não provido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam 
os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao 
recurso nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman 
Benjamin, Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ª Região) e Eliana Calmon votaram com 
o Sr. Ministro Relator. 
Brasília, 18 de março de 2008 (data do julgamento).
Ministro Castro Meira 
Relator
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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 971.695 - ES (2007/0166817-4)
 
RELATOR : MINISTRO CASTRO MEIRA
RECORRENTE : ESTADO DO ESPÍRITO SANTO 
ADVOGADO : LEONARDO GUSTAVO PASTORE DYNA 
RECORRIDO : HELDER LUIS CALIMAN E OUTROS
ADVOGADO : AVELINO MALACARNE E OUTRO(S)
RELATÓRIO
O EXMO. SR. MINISTRO CASTRO MEIRA (Relator): Cuida-se de recurso 
especial interposto com fulcro na alínea “a” do permissivo constitucional, em face de acórdão assim 
ementado:
“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM 
APELAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA. CERTIDÃO NEGATIVA DE 
DÉBITOS. SÓCIO-GERENTE DE EMPRESA DEVEDORA. RECURSO 
DESPROVIDO.
1. A responsabilidade do sócio não é objetiva. Para que exsurja a sua 
responsabilidade pessoal, disciplinada no art. 135 do CTN, é mister que haja 
comprovação de que agiu, pessoal e voluntariamente, com excesso de mandato, ou 
infringiu a lei, o contrato social ou o estatuto.
2. A inclusão do cotista na certidão de dívida ativa, ensejadora da execução 
fiscal, é autorizada, desde que haja comprovação cabal pela Fazenda Pública da conduta 
ilícita do mesmo. Nesta hipótese, é que se admite o redirecionamento da execução fiscal 
contra o sócio. 
3. Recurso conhecido mas desprovido” (fl. 23).
Opostos embargos de declaração, foram desprovidos nos termos da seguinte ementa:
“EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO. EFEITO 
DEVOLUTIVO RESTRITO. OMISSÃO NÃO CARACTERIZADA. PROPÓSITO 
MERAMENTE PROTELATÓRIO. RECURSO DESPROVIDO.
1. Os embargos declaratórios possuem efeito devolutivo restrito, de forma que 
a devolutividade por eles provocada está limitada à ocorrência dos vícios apontados pelo 
art. 535, do Código de Processo Civil, no julgado atacado. O art. 536, do diploma 
processual civil, é claro ao estatuir que os declaratórios serão opostos com indicação do 
ponto obscuro, contraditório ou omisso.
2. A CDA goza de presunção de certeza e liquidez, admitindo, portanto, a 
promoção de execução fiscal. Ocorre que, em sede de mandado de segurança, tal 
presunção não é suficiente a obstaculizar o direito dos impetrantes/embargados de obter 
a certidão negativa de débito. Opera-se ela tão somente com relação à pessoa jurídica 
indicada, porque, relativamente aos seus sócios, há de restar configurado o fato de 
haverem sido eles os responsáveis pelo ato praticado com excesso de poderes ou 
infração de lei, contrato social ou estatutos, em suma, pelo ato ensejador da expedição 
da CDA. É indubitável que essa prova cabe ao Estado, eis que tem ela por base fato 
impeditivo do direito dos impetrantes (CPC, art. 333, II). Todavia, tal prova não foi 
realizada pelo interessado.
4. Não se prestam os embargos de declaração a renovar o julgamento da 
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questão decidida. Embargos meramente protelatórios. 
5. Recurso conhecido, mas desprovido, com condenação do embargante ao 
pagamento de multa, em decorrência do manifesto propósito protelatório” (fl. 38).
O aresto foi exarado no âmbito de agravo interno na apelação cível em mandado de 
segurança em que a impetrante, ora recorrida, buscava o direito líquido e certo à certidão negativa do 
débito em face da ilegal inscrição do seu nome como co-responsável em execução fiscal.
Primeiramente, alega-se violação dos artigos 535 e 537 do Código de Processo Civil, pois, 
quando do julgamento de aclaratórios, além de não serem sanadas as omissões aventadas, ainda houve 
aplicação indevida da multa prevista no artigo 538 do referido diploma legal.
No mérito, aponta-se violação dos artigos 204 e 135 do Código Tributário Nacional, já que 
a Corte origem decidiu que “o recorrido possuía direito à aludida Certidão Negativa/Positiva com 
Efeitos de Negativa, mesmo ciente de sua posição de devedor do Estado ao constar na Certidão de 
Dívida Ativa".
Sem contra-razões (fl. 66).
Admitido o apelo, subiram os autos.
É o relatório.
 
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RECURSO ESPECIAL Nº 971.695 - ES (2007/0166817-4)
 
EMENTA
TRIBUTÁRIO. CDA. INCLUSÃO DO SÓCIO EM CDA. PROCEDIMENTO 
FISCAL. RESPONSABILIDADE DO SÓCIO.
1. Não viola os artigos 204 e 135 do CTN o aresto que, em mandado de segurança, 
considera ilegal inscrição de nome do sócio em CDA, ao fundamento de que não há indícios, 
no procedimento fiscal que a gerou, de que houvesse excesso de mandato.
2. Recurso especial não provido.
VOTO
O EXMO. SR. MINISTRO CASTRO MEIRA (Relator): Primeiramente, afasto a 
alegação de violação do artigo 535 do Código de Processo Civil, pois todos os temas suscitados foram 
devidamente tratados no aresto de segundo grau.
Passo ao exame do mérito do recurso.
Os recorridos impetraram mandado de segurança contra ato que negou Certidão Negativa 
de Débito ao fundamento de que constavam de CDA.
A ordem foi concedida, e a apelação do Estado não foi provida por decisão monocrática 
atacada por agravo interno em que se exarou o aresto ora guerreado.
O aresto de segundo grau é fundado na impossibilidade de que os sócios respondam 
solidariamente por mero adimplemento de pagamento de impostos, conforme já está pacificado na 
jurisprudência desta Corte.
Ao fato de que o nome do sócio constava da CDA, o aresto deu a seguinte solução:
“Outrossim, o fato do c. STJ admitir a promoção de execução fiscal contra o 
sócio, desde que seu nome conste na certidão de dívida ativa, em nada repercute no 
caso em tela. Ora, a situação tratada na hipótese em apreço é precedente ao fato 
alegado pelo agravante, eis que neste o nome do sócio já que está incluso na certidão e 
dívida ativa, o que é permitido, desde que observadas as considerações feitas na decisão 
monocrática proferida nos autos da ação originária e antes transcritas neste voto. Em 
outras palavras, a inclusão do cotista na certidão de dívida ativa, ensejadora da 
execução fiscal, é autorizada, desde que haja comprovação cabal pela Fazenda Pública 
da conduta ilícita do mesmo. Nesta hipótese, é que se admite o redirecionamento da 
execução fiscal conta o sócio” (fl. 27).
No tocante à presunção de liquidez e certeza da CDA, a Corte de origem, nos embargos 
de declaração, assim argumentou:
“Ora, por certo, a CDA goza de presunção de certeza e liquidez, admitindo, 
portanto, a promoção de execução fiscal. Ocorre que, em sede de mandado de 
segurança, tal presunção não é suficiente a obstaculizar o direito dos 
impetrantes/embargados de obter a certidão negativa de débito. Tal presunção opera-se 
tão somente com relação á pessoa jurídica indicada, porque, relativamente aos seus 
sócios, há de restar configurado o fatode haverem sido eles os responsáveis pelo ato 
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praticado com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, em 
suma, pelo ato ensejador da expedição da CDA. É indubitável que essa prova cabe ao 
Estado, eis que tem ela por base fato impeditivo do direito dos impetrantes (CPC, art. 
333, I). Todavia, tal prova não foi realizada pelo interessado” (fl. 40).
Da leitura do acórdão, observa-se que não cuidam os autos de mero pedido de exclusão de 
parte de execução fiscal em que se alega que não poderia constar da CDA o nome do sócio – hipótese 
em que caberia ao sócio fazer prova que justificasse a exclusão.
Na espécie, houve um mandado de segurança que visava à obtenção de uma certidão 
negativa de débito e à anulação de CDA em que, ao analisar sua higidez, a Corte de origem, 
taxativamente, entendeu que a inscrição se devia a débitos fiscais, sem que houvesse indício de atuação 
abusiva dos recorridos.
Ainda que a fundamentação do acórdão faça referência ao entendimento desta Corte de 
que a higidez da CDA deva ser quebrada por prova em contrário, o acórdão recorrido analisou o 
procedimento administrativo fiscal que levou a CDA, nele aferindo a ilegalidade da inscrição.
Desse modo, há de ser mantido o aresto de segundo grau, ante a inviabilidade de se 
analisar a pertinência da avaliação do quadro fático do processo, ante o óbice da Súmula 7/STJ.
Entretanto, afasto a multa aplicada no julgamento dos aclaratórios, por força da Súmula 
98/STJ.
Ante o exposto, nego provimento ao recurso especial.
É como voto.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA
 
 
Número Registro: 2007/0166817-4 REsp 971695 / ES
Números Origem: 200400640984 30040072487
PAUTA: 18/03/2008 JULGADO: 18/03/2008
Relator
Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. DULCINÉA MOREIRA DE BARROS
Secretária
Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
ADVOGADO : LEONARDO GUSTAVO PASTORE DYNA
RECORRIDO : HELDER LUIS CALIMAN E OUTROS
ADVOGADO : AVELINO MALACARNE E OUTRO(S)
ASSUNTO: Tributário - Certidão Negativa de Débito
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na 
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) 
Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."
Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin, Carlos Fernando Mathias (Juiz 
convocado do TRF 1ª Região) e Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro Relator.
 Brasília, 18 de março de 2008
VALÉRIA ALVIM DUSI
Secretária
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