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A ortografia é uma convenção social

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Ortografia Geral
 A ortografia é uma convenção social. Basta lembrar de textos da literatura com palavras grifadas com “ph” como pharmárcia, ou “cc” como diccionário, por exemplo. Foi em 1943 que a Academia Brasileira de Letras instituiu o primeiro Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Portanto, grafias já consideradas corretas hoje são inaceitáveis porque a convenção mudou. Moraes (2007) destaca que a convenção, após vários estudos, foi definida com base em seus aspectos fonológicos e etimológicos, bem como a incorporação de formas escritas por tradição de uso. Dessa forma, o autor destaca que tudo em ortografia precisa ser visto, consequentemente, como fruto de uma convenção arbitrada/negociada ao longo da História. 
 Mesmo a separação das palavras no texto, com espaços em branco, é uma invenção recente, bem como o emprego sistemático de sinais de pontuação. Até o século XVIII, quando predominava a leitura em voz alta, muitos textos eram notados com as palavras “pegadas”. Como também tinham poucos sinais de pontuação, cabia ao leitor, ao “preparar” sua leitura, definir como iria segmentar o texto. 
(Moraes, 2007, p. 15). Todavia, por ser uma convenção, ela não tem apenas regras; há também irregularidades. Isso porque as palavras não têm pronúncia única, há variações de diversos níveis e os sons não unidades estáveis.
 Por exemplo, nas palavras /fila/ e /vila/, a única diferença de pronúncia se dá pela mudança da consoante F por V. Porém, pela fonologia, sabemos que essas são consoantes surdas e os sons são muito próximos, devido à abertura da boca ao pronunciá-las. Dessa forma, é comum, ao escrevermos rápido, trocar essas letras. No que se refere à regularidade, observamos os grafemas que antecedem a ordem fonográfica, a posição da letra em relação ao som e à tonicidade. 
A seguir, temos as principais regularidades contextuais. 
Os empregos de C e QU em palavras como quero, quiabo e coisa. Os empregos de G e GU em palavras como guerra, guitarra e gato. 
Os empregos de Z do início de palavras começadas com o som /z/, como zabumba, zebra, zinco, zorra e zumbido. 
O emprego de S em sílabas de início de palavra em que essa letra segue os sons /a/, /o/ e /u/ ou suas formas nasais (como em sapo, santa, soco, sono, surra e suntuoso). 
O emprego de J em sílabas em qualquer posição da palavra em que essa letra segue os sons /a/, /o/ e /u/ ou suas formas nasais (como em jaca, cajá, carijó, juízo e caju). 
Os empregos de R e RR em palavras como rei, porta, carro, honra, prato e careca. Os empregos de U notando o som /u/ em sílaba tônica em qualquer posição da palavra e de O notando o mesmo som em sílaba átona final (ex: úlcera, lua, bambu e bambo). 
Os empregos de I notando o som /i/ em sílaba tônica em qualquer posição da palavra e de E notando o mesmo som em sílaba átona final (ex: fígado, bico, caqui e caque). 
Os empregos de M e N nasalizando final de sílabas em palavras como canto e canto. 
Os empregos de A, E, I, O e U em sílabas nasalizadas, que antecedem sílabas começadas por M e N (como em cana, remo, rima, como e duna). 
Os empregos de ÃO, Ã e EM em substantivos e adjetivos terminando em /ãu/, /ã/ e /ey/ como feijão, folgazão, lã, sã, jovem e ontem. 
 (Moraes, 2007, p. 22) Muito embora seja uma convenção, a ortografia é necessária para estabelecer critérios de compreensão e suprir limitações da notação do alfabeto. Por isso, precisa ser estudada com sistematização. A gramática deve ser consultada, assim como o dicionário, pois as dúvidas surgem quando nos deparamos com palavras que não ouvimos com frequência e não as usamos; é nesse momento que a pesquisa deve ser feita para que as normas da ortografia sejam cada vez mais incorporadas em nossas práticas textuais com segurança.

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