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Modelos explicativos sobre saúde e doença 20 05

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Modelos explicativos sobre saúde e doença 
 
A compreensão sobre a saúde e a doença e seus fatores 
determinantes foram se modificando ao longo do tempo. Na 
antiguidade, os povos acreditavam que as doenças eram causadas 
por elementos naturais e sobrenaturais. O adoecimento era 
decorrente de transgressões individuais e coletivas, sendo 
necessários para recuperar a saúde os cuidados de sacerdotes, 
feiticeiros ou xamãs. A doença sempre esteve presente na história 
da humanidade, e o modo como era entendida determinava a 
necessidade e o modo de intervir. A conceituação da saúde, bem 
como do adoecimento, é de extrema importância, pois a partir 
dessas concepções é que se fundamentam as políticas de saúde e 
suas intervenções. Existem diferentes modelos explicativos sobre 
o processo de saúde, como: modelo biomédico e modelo da história 
natural da doença. 
MODELO BIOMÉDICO 
Este modelo tem por base a biologia e entende a doença como 
sendo decorrente da falha nos mecanismos de adaptação do 
organismo ao meio ou ainda da presença de alterações estruturais 
no organismo, causando disfunções em órgãos ou sistemas. Com o 
avanço da bacteriologia, viu-se que as doenças eram causadas pela 
presença de agentes patogênicos (vírus, bactérias e fungos), 
portanto bastava conhecê-lo para compreender o adoecimento. 
Por esta razão, esse modelo é conhecido como unicausal, pois um 
agente etiopatogênicos desencadeava determinadas reações nos 
órgãos e disfunções no organismo e explicava-se a patogenia das 
doenças infecciosas. Nessa lógica unicausal e linear, compreendia-
se o mecanismo e a sequência do adoecimento, adotando-a de 
forma universal. Para explicar o adoecimento, o corpo era 
fragmentado em partes, estudado e compreendido de forma 
mecânica, como uma máquina; por essa razão, foi caracterizado 
como modelo mecanicista. Nessa explicação, as doenças eram 
desencadeadas por fatores externos, ambientais, dando origem à 
teoria dos miasmas, relacionada com o contágio. 
As críticas a esse modelo estão relacionadas à aplicação do 
conhecimento biomédico, aos valores atribuídos à normalidade e à 
patologia nos fenômenos da vida. Para superar essa visão 
dicotômica entre “normal” e “patológico”, foi criado na época o 
conceito de normatividade da vida. A epidemiologia tradicional 
fundamentada na visão biomédica analisava a saúde da população 
pela presença ou ausência de fatores de risco, sendo explicada 
por meio das correlações entre as observações da clínica médica 
e dos fenômenos epidemiológicos relativos à organização social e 
política da sociedade, decorrendo daí fortes críticas ao método. As 
práticas em saúde eram curativas, baseadas numa visão 
mecanicista, e a intervenção no ambiente tinha como objetivo o 
controle das epidemias. 
MODELO DA HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA 
Com o surgimento no mundo da saúde coletiva, entre os anos 50 
e 70, e com a criação da Organização das Nações Unidas (ONU) e 
da Organização Mundial de Saúde (OMS), após a Segunda Guerra 
Mundial adotou-se o seguinte conceito de saúde: "estado de 
completo bem-estar físico, mental e social e não mera ausência de 
moléstia ou enfermidade” (WHO, 1948). O modelo elaborado por 
Leavell e Clark (1976) é multicausal e entende a saúde como um 
processo. Segundo a lógica da causalidade, o restabelecimento da 
normalidade fundamenta-se numa visão positiva da saúde, que 
valoriza a prevenção de doenças. De forma a adotar intervenções 
que promovam a saúde e previnam as doenças, em uma 
abordagem individual e coletiva, considera as doenças como 
transmissíveis e não transmissíveis. A epidemiologia adotou novo 
método sistemático para prevenir e controlar doenças nas 
populações. Segundo este, no meio externo, ocorre a interação 
entre agente e determinantes, e a doença se desenvolve no meio 
interno do organismo. O adoecimento sofre influência dos fatores 
externos que podem ser classificados segundo a natureza física, 
biológica, sociopolítica e cultural. As modificações químicas, 
fisiológicas e histológicas próprias da moléstia ocorrem no meio 
interno do organismo, ou seja, onde atuam fatores hereditários 
congênitos, o aumento ou a diminuição das defesas e as alterações 
orgânicas. O processo natural da doença compreende os seguintes 
períodos: prépatogênico e patogênico. 
PERÍODO PRÉ-PATOGÊNICO 
Nesse período não há manifestação da doença, os agentes físicos 
e químicos, agentes nutricionais, agentes genéticos, determinantes 
econômicos, culturais e psicossociais interagem com o indivíduo, 
tornando-o vulnerável. É nesse nível que são adotadas as medidas 
de atenção primária, em que se atua com o coletivo por meio de 
ações de promoção da saúde, prevenção e proteção contra a 
doença. 
PERÍODO PATOGÊNICO 
O processo patológico está ativo, nesse período iniciam-se as 
primeiras modificações no estado de normalidade, desencadeadas 
pela ação de agentes patogênicos. Observam-se alterações 
bioquímicas nas células, provocando alterações morfológicas, ou 
seja, na forma e no funcionamento dos órgãos e sistemas, 
podendo evoluir para sequelas e incapacidades, morte ou cura. 
Segundo Puttini (2010), as críticas ao Modelo da História Natural 
das Doenças, multicausal, é que, embora reconheça as múltiplas 
causas no processo saúde-doença, as determinações sociais ainda 
são consideradas de forma secundária e a abordagem dada à 
saúde se restringe à causa das patologias. E acrescenta ainda que 
a História Natural das Doenças não pode ser considerada como 
natural. 
As críticas à epidemiologia adotadas no modelo biomédico e no de 
Leavell e Clark (1976) são que suas cadeias lineares desconsideram 
a interação entre os múltiplos fatores sociais, culturais e biológicos. 
MODELO DE DETERMINAÇÃO SOCIAL DA 
DOENÇA 
Fundamentado nas críticas ao modelo epidemiológico baseado no 
discurso preventivo, no conceito epidemiológico de risco de 
agravos, surge o desafio de integrar a epidemiologia e seus 
métodos na promoção de saúde. Esse modelo de determinação 
social da saúde parte de um entendimento diferenciado e não 
restrito apenas ao aspecto biológico. Nessa concepção entende-se 
a saúde enquanto qualidade de vida, que é resultante de um 
conjunto de fatores, como trabalho, habitação, alimentação, renda 
e acesso a serviços, que se associam. 
Nesse sentido, ao estudar, é importante compreender e abordar 
as condições da vida cotidiana que levam a desigualdades sociais na 
saúde. Os Determinantes Sociais da Saúde (DSS) têm sido descritos 
como “as causas das causas”, que incluem as condições mais gerais 
sociais, econômicas, culturais e ambientais de uma sociedade, e 
relacionam-se com as condições de vida como trabalho, habitação, 
saneamento, ambiente de trabalho, serviços de educação e saúde, 
incluindo também as redes sociais e comunitárias. 
Esses determinantes influenciam os estilos de vida, por exemplo: a 
prática de exercícios, os hábitos alimentares, o hábito de fumar, 
de uso de álcool, entre outros. Eles são também condicionados pelos 
determinantes sociais de saúde. Para se atingir a condição de 
saúde, ou seja, de bem-estar, é preciso que o indivíduo possua 
recursos psicológicos, sociais e físicos para manter-se em 
equilíbrio.

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