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Resumo crítico - inibição, sintoma e angústia (1923)

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Resumo crítico: Freud, S. Inibição, Sintoma e Angústia. (1926).
Em “Inibição, Sintoma e Angústia” (“Inhibitions, Symptoms and Anxiety” em
inglês), de 1926, Freud ensaia uma distinção entre sintoma e inibição. O texto é dividido em
dez capítulos ─ sem títulos ─ e três adendos, intitulados "Modificação de visões anteriores",
"Observações suplementares sobre ansiedade" e "Ansiedade, dor e luto".
O primeiro capítulo discute as conexões entre inibições e sintomas. Para Freud, a
inibição se relaciona de maneira especial com a função, podendo, por isso, também ser
chamada de “restrição normal de uma função” (Freud, 1926, p.10). As inibições nem sempre
são indicativos de algo patológico, diferentemente dos sintomas, que são definidos como
substitutos de uma satisfação pulsional não consolidada, isto é, são um resultado do processo
de recalcamento. Entre as inibições das funções do Ego, Freud destaca: a sexual, de nutrição,
de locomoção e de trabalho.
O segundo capítulo apresenta o Ego como sede da angústia e avalia o papel da
repressão de uma perspectiva diferente da anterior, que via a ansiedade como consequência
imediata da repressão. Freud aponta que há bons motivos para manter firmemente a idéia de
que o Ego é realmente o lugar da ansiedade, e “rejeitar a concepção prévia de que a energia
de investimento do impulso reprimido é transformada automaticamente em angústia” (Freud,
1926, p.16). Freud também afirma que as primeiras repressões aconteceriam antes do
estabelecimento do Superego, e suas origens estariam relacionadas à quantidade de energia.
No capítulo III, Freud retoma as relações entre o Ego e o Superego e destaca a
existência de ganhos secundários provenientes das doenças, que ocorrem razão de o Ego
incorporar o sintoma, ou seja, torná-lo parte de si próprio, de maneira que o sintoma faz-se
parte indispensável ao Ego (satisfação narcísica). Na medida em que o sintoma se torna um
substituto da função reprimida, o Ego então assume seu papel, exigindo satisfação constante
(fixação). Freud diz que:
“Ele [o Eu] é pacífico e gostaria de incorporar o sintoma, de acolhê-lo dentro de seu conjunto.
O transtorno parte do sintoma, que, como verdadeiro substituto e derivado do impulso
reprimido, continua a desempenhar o papel deste, renova constantemente sua exigência de
satisfação, assim obrigando o Eu a novamente emitir o sinal de desprazer e se dispor para a
defesa”. (Freud, 1926, p.23).
O capítulo IV relata o caso do "pequeno Hans" e sua zoofobia para mostrar que a
força motriz da repressão é o medo da castração. Inibição e sintoma relacionam-se, então,
com a angústia, como Freud salienta nos casos de fobia. A angústia de castração recebe um
outro objeto e uma expressão distorcida ─ o pequeno Hans, ao substituir o temido pai pelo
cavalo, controla sua angústia, pois é justamente essa formação substitutiva da ameaça de
castração que possibilita o controle sobre o perigo. Assim, “o pequeno Hans impõe, portanto,
uma limitação ao seu Eu, ele produz a inibição de sair para não se encontrar com cavalos”
(Freud, 1926, p.26). O mesmo processo ocorre no caso do paciente russo que Freud chama de
“homem dos lobos” e de um outro paciente americano, que fantasiava ser perseguido como
um indivíduo feito de substância comestível ─ gingerbread man ─ por um chefe tribal árabe (seu
pai).
O capítulo V enfoca a neurose obsessiva e o mecanismo de formação dos sintomas
nesse contexto. De acordo com Freud, os sintomas da neurose obsessiva são, em geral, de
dois tipos e de tendências opostas:
“Ou são interdições, medidas de precaução, penitências, de natureza negativa, portanto; ou,
pelo contrário, satisfações substitutivas, frequentemente em camuflagem simbólica. Desses
grupos, o mais velho é o negativo, defensivo, punitivo; com o prolongamento da doença, no
entanto, prevalecem as satisfações que zombam de toda defesa. A formação de sintomas
obtém um triunfo quando consegue mesclar a proibição e a satisfação, de forma que o
mandamento ou proibição originalmente defensivo adquire também o significado de uma
satisfação.” (Freud, 1926, p.35).
Portanto, os sintomas da neurose obsessiva podem ser negativos (proibições, precauções e
expiação) ou satisfações substitutivas (disfarce simbólico). Freud diferencia a neurose obsessiva da
histeria ao constatar que, na neurose obsessiva, o Ego age mais na formação dos sintomas e o próprio
pensamento torna-se erotizado, diferentemente do que ocorre na neurose histérica.
O capítulo VI investiga os mecanismos de defesa do isolamento, cujo efeito é o
mesmo que há na repressão com amnésia:
“A outra das novas técnicas que estamos descrevendo é a do isolamento, peculiar à neurose
obsessiva. Diz respeito igualmente à esfera motora, e consiste no fato de após um
acontecimento desagradável, e também após a pessoa haver feito algo significativo no
contexto da neurose, introduzir-se uma pausa em que nada mais pode suceder, em que
nenhuma percepção é feita e nenhuma ação é realizada. Essa conduta, inicialmente estranha,
logo nos revela seu vínculo com a repressão.” (Freud, 1925, p.43).
No capítulo VII, Freud examina o problema das fobias. Para ele, por via de regra, as
fobias se estabelecem depois que o sujeito sofre, em determinadas circunstâncias, um ataque
de angústia. O mesmo se aplica à neurose obsessiva, como Freud coloca “nesta, o motor de
toda a formação de sintomas posterior é claramente a angústia do Ego perante seu Superego”
(Freud, 1926, p.50). Freud conclui que a angústia é a reação à situação de perigo, e que os
sintomas são criados para evitar a situação de perigo (da castração ou dela derivado) que é
sinalizada pelo desenvolvimento da angústia.
O capítulo VIII fornece um breve interlúdio no qual Freud analisa a experiência do
desprazer e distingue a perda de objetos e o medo da perda de objetos ─ uma distinção que
fornece a estrutura para uma discussão sobre a ansiedade automática e a ansiedade do sinal.
Freud desafia a visão de Otto Rank sobre o trauma do nascimento, que Rank considerava
como o protótipo de todas as ansiedades posteriores. Freud reconhece o ato de nascer como a
primeira experiência de ansiedade do indivíduo, que dá ao afeto da ansiedade certas formas
características de expressão. Contudo, Freud discorda que um surto de ansiedade é algo
semelhante à reprodução traumática do nascimento do sujeito.
Freud parece querer manter a idéia de Otto Rank de que o nascimento fornece uma
espécie de molde ou conteúdo expressivo para a ansiedade, mas reforça que o conteúdo
mental do afeto da ansiedade é determinado por experiências existenciais posteriores e
subsequentes retrabalhos psicológicos dos afetos. Ele também insiste que a ansiedade é
experimentada pelo Ego, mas não produzida por ele. Aqui ele retornou à sua teoria da
ansiedade, tornando a repressão não a causa, mas o resultado da ansiedade. Assim, o que está
envolvido não é "ansiedade automática", mas "ansiedade de sinal", que agora deve ser
explicada. A ansiedade do sinal reflete o significativo progresso adaptativo e maturacional da
criança, na medida em que a ansiedade não é mais uma simples reação à perda de objeto, mas
uma antecipação da ameaça da perda do amor pelo objeto.
O capítulo IX enfoca as relações entre a formação de sintomas e o desenvolvimento
da ansiedade. Aqui cabe ressaltar que, dentro da evolução das situações de perigo, Freud
afirma que cada determinante de ansiedade não invalida completamente o anterior ─ vários
deles podem coexistir. Freud mostra que cada situação de perigo corresponde a um período
específico da vida ou a uma fase específica do desenvolvimento do aparato psíquico. Certos
determinantes da ansiedade são abandonados e certas situações de perigo perdem seu
significado à medida que o indivíduo amadurece. Outros determinantes da ansiedade, como o
medo do superego, acompanham as pessoas ao longo da vida. Os neuróticos permaneceram
infantis em relação à ansiedade e não superaram seus determinantesanteriores.
Por fim, o último capítulo distingue três fatores que levam a neuroses: um fator
biológico (o longo período de tempo durante o qual os bebês da espécie humana estão em
uma condição de desamparo e dependência), um fator filogenético (o desenvolvimento em
dois estágios da vida sexual, com ênfase na puberdade), e um fator psicológico (os defeitos
do aparelho mental levam Freud a tratar os impulsos libidinais como perigos diante dos quais
o Ego só pode restringir seus próprios mecanismos e tolerar a formação de sintomas em troca
de ter prejudicado o instinto).
Em última análise, o ponto-chave deste ensaio teórico é a apresentação do que se
convencionou chamar de “segunda teoria da ansiedade”. O problema da ansiedade esteve
constantemente presente para Freud durante todo o seu trabalho sobre as neuroses (Campos,
2004). A hipótese mais difundida entre os intérpretes da obra freudiana é a de que ele
formulou duas teorias sobre a angústia (Pisetta, 2008). Na primeira, ela é caracterizada como
transformação da energia sexual que não pôde ser devidamente descarregada, e, na segunda,
apresentada em “Inibição, Sintoma e Angústia” (1926), ganha destaque a concepção de
angústia como reação a um perigo (Pisettta, 2008).
Segundo Campos (2004), desde o início, as fobias levantaram uma complicação, além
do problema da reversão do afeto sob repressão. A análise da fobia do Pequeno Hans foi
decisiva para sua teoria do complexo de castração, que percorreu o caminho para sua segunda
teoria da ansiedade. Depois de introduzir sua segunda conceituação do aparelho psíquico,
Freud reconsiderou a influência do Ego e da repressão. Finalmente, a rejeição de Freud às
visões de Rank de que o nascimento era o protótipo da ansiedade salvou o complexo de
Édipo e a ansiedade de castração de serem destronadas de sua posição fundamental e central
na psicanálise.
Embora a primeira teoria da ansiedade tivesse insistido que a ansiedade era a libido
transformada, Freud havia considerado a relação entre ansiedade decorrente de perigos
internos e externos desde o começo, especialmente em relação às fobias (Campos, 2004). De
acordo com Viana (2010), o abandono da primeira teoria e a introdução da segunda teoria
com a distinção entre ansiedade automática e sinal de ansiedade esclareceram a situação,
deixando de haver qualquer razão para ver uma distinção entre a ansiedade neurótica e
realista.
A segunda teoria de Freud, na qual ele considera o Ego como o único lugar de
ansiedade, resulta da segunda divisão estrutural do aparato psíquico. Freud mostra que a
situação de perigo da castração na fase fálica tem determinantes correspondentes em outros
estágios de desenvolvimento, isto é, desamparo psíquico, perda de um objeto ou perda de seu
amor e medo do Superego.
Em conclusão, “Inibição, Sintoma e Angústia” (1926) fornece a Freud uma
oportunidade para uma investigação mais aprofundada da dor psíquica, que reflete uma perda
de uma parte do Eu em vez de uma perda do objeto, no sentido estrito. Isso levou Freud a
reconhecer a importância da valência mais ou menos narcisista do objeto perdido, que serve
para demarcar o luto e a depressão melancólica.
Lista de Referências
Campos, Érico Bruno Viana. (2004). A primeira concepção freudiana de angústia: uma
revisão crítica. Ágora: Estudos em Teoria Psicanalítica, 7(1), 87-107.
Freud, Sigmund. (1925-1926/1996). Inibição, sintoma e angústia. Obras completas, ESB, v.
XX. Rio de Janeiro: Imago.
Pisetta, Maria Angélica Augusto de Mello. (2008). Considerações sobre as teorias da angústia
em Freud. Psicologia: Ciência e Profissão, 28(2), 404-417.
Viana, Milena de Barros. (2010). Freud e Darwin: ansiedade como sinal, uma resposta
adaptativa ao perigo. Natureza humana , 12(1), 1-33.

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