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CÓLICA RENAL Causas urológicas: - Cálculo renal ou ureteral; - Infecção do trato urinário (pielonefrites, pionefrose, abscesso renal); - Obstrução ureteropiélica; - Desordens renovasculares (infarto renal, trombose de veia renal); - Necrose papilar; - Sangramento intra ou perirrenal. Causas não urológicas: - Aneurisma aórtico; - Transtornos da vesícula biliar; - Distúrbios gastrintestinais; - Pancreatite; - Desordens ginecológicas; - Doença musculoesquelética. Sintomatologia: dor lombar, que pode surgir bruscamente, de maneira violenta e que pode se irradiar para abdome, flanco, fossa ilíaca e regiões inguinocrural e inguinogenital. Náuseas e vômitos por irritação do plexo solar. Mecanismo: obstrução aguda, parcial ou completa do ureter, aumento da pressão intraluminal e distensão do sistema coletor, com estimulação dos terminais nervosos da lâmina própria, contração e espasmos do músculo liso do ureter, produção de ácido láctico e estimulação das vias aferentes da dor (medula espinal T11-L1). Trombose de veia renal pode causar dor no flanco ou abdominal (cólica), acompanhada de hematúria, proteinúria, insuficiência renal e hipotensão. Estenose da junção ureteropiélica pode ocasionar cólica após grande ingesta de líquido. Necrose renal papilar é comum em doenças sistêmicas, como diabetes ou nefropatia diabética, e pode ocasionar dor lombar e hematúria. Sangramentos renais ou no retroperitônio podem ocasionar dor aguda em pacientes que estão em uso de anticoagulantes ou com tumores. Avaliação laboratorial e por imagem: exames de urina (urinálise mais cultura), hemograma, creatinina e PCR, na dependência dos sintomas. RX de abdome, US, urografia e tomografia helicoidal podem ser feitos. Recomendações de diagnóstico por imagem: - Pacientes afebris, com dor lombar aguda ou rim único. - Tomografia helicoidal sem contraste: maior sensibilidade e especificidade. - US: alternativa. Tratamento: analgesia sistêmica e tratamento de acordo com a doença básica. RETENÇÃO URINÁRIA Interrupção abrupta da eliminação de urina, deixando-a represada na bexiga, sem possibilidade de eliminação, em virtude de fatores anatômicos obstrutivos ou de motivos funcionais. Etiologia: tumores vesicais e uretrais, causando hematúria, processos inflamatórios crônicos (estenose de uretra, esclerose de colo vesical), cálculos vesicais e uretrais, disfunções neurogênicas, uso de medicamentos, processos obstrutivos congênitos (válvula de uretra posterior, fimose com aderência do meato uretral por processo inflamatório), prostatite aguda, hiperplasia benigna de próstata e câncer de próstata. Na mulher, é importante lembrar-se da retenção urinária pós-parto, comum no puerpério imediato (primeiro ao décimo dia pós-parto). Sintomas: dor na região hipogástrica de forte intensidade, com massa palpável ou visualizada (globo vesical), associada ou não a sudorese, palidez, história de poliúria, noctúria, urgência urinária, interrupção do jato urinário, resíduo pós-miccional e jato urinário fraco. Requer tratamento urgente que pode ser cateterismo evacuador até cistostomia suprapúbica por punção ou cirurgia. Tratamento: desobstrução por punção ou cirurgia → esvaziamento vagaroso: evitar hematúria ex vácuo (2-16%) ou hipotensão por resposta vagal. PRIAPISMO Ereção contínua (prolongada) e persistente dos corpos cavernosos (e não glande, que costuma ficar flácida) não acompanhada de desejo sexual, mantida por pelo menos 4 horas. Etiologia: idiopáticas, medicamentos injetáveis intracavernosos penianos, anemia falciforme (principal causa em crianças), diabetes juvenil, neoplasias, disfunções neurológicas, leucemia em adultos, e leucemia em crianças. - Priapismo isquêmico: baixo fluxo ou veno-oclusivo, mais frequente, em 95% dos casos está associado à diminuição do retorno venoso, levando a estase vascular, que determina isquemia tecidual. Tratamento de emergência. Síndrome compartimental peniana. - Priapismo não isquêmico: alto fluxo ou arterial, menos comum, caracteriza-se pelo aumento de fluxo arterial e retorno venoso normal, comumente não doloroso. Relacionado a traumas com formação de fístula arteriovenosa. O tratamento pode ser eletivo. Diagnóstico: exames de laboratório para descobrir a etiologia incluem gasometria arterial, hemograma, glicemia, eletroforese de hemoglobina (hemoglobinas B e C, HbS) e exames de urina. Priapismo isquêmico, a gasometria dos corpos cavernosos demonstra acidose metabólica, com baixa concentração de oxigênio (pO2 < 30 mmHg; pCO2 > 60 mmHg; pH < 7,25). O sangue dos corpos cavernosos, quando aspirado, tem coloração vermelho-escura. Priapismo não isquêmico, a gasometria dos corpos cavernosos é do tipo arterial (pO2 > 90 mmHg; pCO2 < 40 mmHg; pH = 7,4), sem acidose ou hipoxemia. O sangue aspirado tem coloração vermelho-clara. Tratamento: - Isquêmico ou alto fluxo Punção e esvaziamento seguidos ou não de lavagem dos corpos cavernosos com soro fisiológico. Caso não seja resolvido, segue-se com tratamento medicamentoso intracavernoso. Drogas: agonistas alfa-adrenérgicos (epinefrina, norepinefrina, fenilefrina, metaraminol). Tratamento cirúrgico: falha da punção, estabelecer fístulas entre o corpo esponjoso e o corpo cavernoso, sendo utilizadas as técnicas de shunts distais ou shunts proximais. - Não isquêmico ou alto fluxo A punção dos corpos cavernosos serve para diagnóstico, não sendo indicada para esvaziamento e lavagem. Gelo local pode ser usado. Sedação, analgesia, hidratação, alfa-adrenérgicos intracavernosos, arteriografia com embolização seletiva e ligadura arterial. Resolução com o tratamento proposto ou espontaneamente pode ocorrer em até 62% dos casos. Complicações: vano-oclusão prolongada que pode levar a fibrose dos corpos cavernosos e disfunção erétil. Nos casos não isquêmicos, são devido às sequelas de embolização: necrose glútea ou peniana, cavernosite ou abscesso perineal. ESCROTO AGUDO Quadro doloroso súbito com aumento de volume da bolsa testicular, geralmente unilateral, com edema e rubor, podendo ser acompanhado por manifestações gerais como febre, sudorese, náuseas e vômitos. Epididimite aguda: causa mais comum, etiologia viral, bacteriana e idiopática. Quadro clínico de início insidioso, uni ou bilateral, com sinais flogísticos, aumento de volume do conteúdo da bolsa testicular, sendo o epidídimo doloroso e espesso. Após 24 horas, acometimento do testículo = orquiepididimite. Inflamação aguda do testículo: isolada é pouco frequente, orquite pós-parotidite (caxumba) viral é a mais comum. Autolimitada, podendo levar a atrofia testicular e quando é bilateral, a esterilidade. Orquiepididimite aguda: evolução da epididimite, comumente bacteriana (Chlamydia e Neisseria gonorrhoeae, Gram negativas), via de contaminação mais comum a retrógrada (uretra prostática). Diagnóstico: clínico, exame físico e pelos exames laboratoriais e de imagem (hemograma, urinálise mais cultura e US Doppler) Tratamento: repouso relativo, gelo, suspensão escrotal, analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos adequados (ciprofloxacino por 10-14 dias). Complicações: abscesso escrotal e infarto testicular, consequente infertilidade bilateral ou unilateral. Torção de cordão espermático: extravaginais e intravaginais. Dor de início súbito, de grande intensidade, acompanhada de náuseas e vômitos, sem relações com traumas e exercícios físicos. Torção de 90 ou 180º. - Sinais: Angell (paciente em pé e testículo contralateral horizontalizado) e Prehn (piora ou manutenção da dor com a elevação do testículo na torção testicular e melhora da dor na orquiepididimite, sinal positivo). - Exames de imagem: US escrotal com Doppler colorido. - Tratamento cirúrgico: revascularização do testículo pelo distorcimento do cordão espermático, mesmo que distorça-se manualmente → orquipexia bilateral. Orquiectomia em caso de comprometimento da vitalidade do testículo. Torção dos apêndices testiculares: são estruturas remanescentes do desenvolvimento embriológico. Extremidade cranial do ducto mulleriano persiste como appendixtestis. São 4 os apêndices testiculares: appendix testis (apêndice testicular), appendix epididymis (apêndice epididimário), paradidimys (paradídimo – órgão de Giraldès) e vasa berrans (ducto aberrante – órgão de Haller), sendo o appendix testis o mais comumente encontrado e torcido. É uma estrutura de até 1 cm de diâmetro, comumente ovoide e pedunculada, situada no polo superior do testículo, próxima à cabeça do epidídimo. Diagnóstico: clínica de dor de leve a forte intensidade, também de instalação súbita, comumente no polo superior do testículo, acompanhada ou não de edema e hiperemia da bolsa. A ultrassonografia é o exame indicado, e, feito o diagnóstico, o tratamento pode ser conservador, com analgésicos e anti-inflamatórios. PARAFIMOSE Glande é coberta por um revestimento de pele (prepúcio). Quando o prepúcio, com abertura estenótica, é retraído, expondo a glande e não reduzido, fica preso no sulco balanoprepucial, causando edema, dor e perda de fluxo da extremidade do pênis. Tratamento: redução manual ou incisão dorsal do prepúcio, geralmente sob algum grau de anestesia, caso não haja sinais de necrose do pênis. Se já existem sinais de isquemia ou se a redução manual não é efetiva, o paciente deve ser encaminhado à cirurgia para a postectomia. SÍNDROME DE FOURNIER Fasciite Necrosante, é uma doença polimicrobiana (Gram negativas e positivas, e anaeróbias) da genitália/períneo altamente progressiva e que pode levar à morte. Se espalha pelas fáscias locais, ocorrendo endarterite obliterante de vasos da superfície corpórea, levando à necrose da pele e do subcutâneo. Fatores de risco: diabetes, etilismo, trauma local, HIV, neoplasia maligna ou doenças renais ou hepáticas → imunossupressão. Diagnóstico clínico. Exames laboratoriais sugestivos de quadro infeccioso sistêmico Tratamento: agressivo e instituído com urgência, com reposição volêmica agressiva com ou sem drogas vasoativas, antibioticoterapia de amplo espectro (que cubra todas as 3 classes de bactérias), e também tratamento cirúrgico, com debridamento da área necrosada e drenagem dos tecidos infectados/abscedidos. Oxigenoterapia hiperbárica auxilia no combate à infecção e cicatrização local. São contraindicações ao procedimento: pneumotórax, uso de doxorrubicina ou cisplatina.