Buscar

ANALISE CRITICA E COMPARATIVA SOBRE A MATÉRIA: AGROTÓXICOS LIBERADOS PELO GOVERNO NESTA SEXTA TÊS SUBSTÂNCIAS PROIBIDAS NA EUROPA.

Prévia do material em texto

ALESSANDRA SOUZA MARQUES DO NASCIMENTO 
 
 
 
 
 
ANALISE CRITICA E COMPARATIVA SOBRE A MATÉRIA: “AGROTÓXICOS 
LIBERADOS PELO GOVERNO NESTA SEXTA TÊS SUBSTÂNCIAS PROIBIDAS NA 
EUROPA”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Salvador – Ba 
2020 
ALESSANDRA SOUZA MARQUES DO NASCIMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANALISE CRITICA E COMPARATIVA SOBRE A MATÉRIA: “AGROTÓXICOS 
LIBERADOS PELO GOVERNO NESTA SEXTA TÊS SUBSTÂNCIAS PROIBIDAS NA 
EUROPA”. 
 
 
 
 
Atividade apresentada à Faculdade de 
Farmácia da Universidade Federal da Bahia, 
como método avaliativo da disciplina FARA34 
– Toxicologia ministrada pelo Profº Drº 
Antônio Menezes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Salvador – Ba 
2020 
O Brasil está entre os países que mais utilizam agrotóxicos, movimentando um total 
estimado de US$ 3,3 bilhões (R$ 14,5 bilhões) no ano de 2018. Em uma pesquisa realizada 
pela Unearthed e Public Eye constatou-se que quase metade (41%) dos principais produtos de 
cinco multifuncionais agroquímicas (Basf, Bayer, Corteva, FMC e Syngeta) contém pelo 
menos um Higly Hazardous pesticides (HHP), ou seja, um pesticida que reconhecidamente 
representam riscos agudos ou crônicos à saúde ou ao meio ambiente segundo a Organização 
Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e para a 
Agricultura (FAO). E que mais de dois terços das vendas dessas cinco multinacionais foram 
feitas por países emergentes, sendo o Brasil o principal mercado. 
No dia 27 de Novembro de 2020, a jornalista Mariane Morisawa publicou no site O 
GLOBO uma noticia preocupante onde tinha como título “Agrotóxicos liberados pelo 
governo nesta sexta têm substâncias proibidas na Europa”. Essa notícia foi baseada na 
publicação do Ato N° 83 de 27 de Novembro de 2020 do Diário Oficial da União Dentre, 
onde foi aprovada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento a inclusão de 42 
novos defensivos agrícolas. Dentre as substâncias aprovadas, temos: a malationa e o 
clorotalonil onde possuem estudos relacionando ao câncer; a atrazina que pode causar 
distúrbios hormonais graves; o clorotalonil, o preodenofós e o diquat, que é da mesma família 
do paraquat onde foi proibido a sua utilização desde 2017 por conta do seu elevado grau de 
toxicidade e o tiametoxan e a piraclostrobina que foi proibido na Europa por seu efeito nas 
colmeias. 
Os agrotóxicos mencionados na matéria de Mariane Morisawa pertencem à classe dos 
herbicidas, fungicidas e acaricidas. Além disso, podemos perceber que a maioria dessas 
substâncias possuem grupos químicos bem distintos, sendo que apenas a malationa e 
profenofós e o diquate e paraquate integrantes dos mesmos grupos (organofosforados e 
bipiridílo , respectivamente). Dentre as substância mencionadas anteriormente, escolhemos a 
atrazina como objeto de estudo. 
A atrazina é um herbicida seletivo de ação sistêmica, utilizado no controle da maioria 
das plantas daninhas nas culturas do milho, sogro e cana-de-açúcar. É possível encontrar no 
mercado 66 produtos formulados com essa substância, podendo ser combinado com a 
simazina (triazina), com a nicossulfurom (sulfoniluréia), alacloro (cloroacetanilida) e o S- 
metolacloro (cloroacetanilida) (ANVISA, 2019) . Esses diferentes produtos é a justificativa 
da sua classificação toxicológica variar de III à V, sendo que na classificação toxicológica 
ambiental essa variação vai de I à III . 
A atrazina faz parte do grupo químico triazina. As triazinas tem como mecanismo de 
ação a inibição da fotossíntese no fotossistema II, ou seja, eles inibem a evolução do oxigênio 
a partir da água na presença de cloroplastos e de um aceptor adequado de elétrons. Eles 
também são considerados inibidores do transporte de elétrons, pois removem ou inativam um 
ou mais carregadores intermediários do transporte de elétrons (Balke, 1985 apud Oliveira 
Junior, 2011). Possui como principal rota de eliminação a hidrólise química e a biodegradação 
por microbiota fúngica, por isso ela é facilmente observada no monitoramento de águas 
subterrâneas próximas a lavouras de sua utilização (COUTINHO, C.F.B, 2005 apud 
PARADEDA et al, 2011). 
Países como os Estados Unidos da América e a Austrália, são os maiores utilizadores 
desse herbicida. Em 2004, a União Europeia, por sua vez, baniu a atrazina devido à falta de 
evidências sobre a segurança do produto químico e preocupações com regulamentações sobre 
sua concentração em bacias hidrográficas. Segundo diversos estudos, esse herbicida interfere 
no desenvolvimento sexual de diversos animais. Pesquisas sugerem que esse herbicida pode 
causar distúrbios no sistema endócrino, nas glândulas e nos hormônios que regulam tanto o 
desenvolvimento de órgãos sexuais quanto a função neuronal. 
 Um estudo realizado por Pask et al (2020) e publicado no periódico Reproduction, 
Fertilty and Development, constatou que a atrazina prejudicou o desenvolvimento genital de 
wallabies-de-tammar, Os wallabies- de tammar, são animais da infraclasse Metatheria, onde 
dentro desse grupo temos os cangurus, coalas e gambás. A infraclasse Netatheria faz parte da 
classe Mammalia, portanto faz parte da classe dos mamíferos, por isso Pask acredita que 
assim como ocorreu nos wallabies, é possível que cause danos hormonais também em 
humanos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN/TXT/?uri=uriserv:OJ.L_.2004.078.01.0053.01.ENG
https://doi.org/10.1016/B978-1-4377-7825-0.00004-2
REFERÊNCIA 
AGROFIT, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. ATRAZINA. BRASÍLIA, 
12 set. 2019. Disponível em: 
http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/!ap_ing_ativo_detalhe_cons?p_id_ingrediente_at
ivo=17. Acesso em: 5 dez. 2020. 
BALKE, N.E. Herbicide effects on membrane functions. In: DUKE, S.O. (Ed.) Weed 
Physiology. Boca Raton, EUA: CRC Press, v. II, p. 113-139, 1985. 
 
BBC NEWS , Brasil. Brasil é principal mercado de agrotóxicos ‘altamente perigosos‘, diz 
ONG. BBC NEWS BRASIL, [S.I.], 23 fev. 2020. Disponível em: 
https://www.bbc.com/portuguese/geral-51597054. Acesso em: 5 dez. 2020. 
COUTINHO, C.F.B; TANIMOTO, S.T; GALLI,A; et al. Pesticidas: Mecanismo de ação, 
degradação e toxidez. Pesticidas: r.ecotoxicol. e meio ambiente. Vol. 15, (2005), pp. 65-72. 
DE OLIVEIRA JR, Rubem Silvério. Mecanismos de Ação de Herbicidas. Biologia e Manejo 
de Plantas Daninhas, p. 141.BALKE, N.E. Herbicide effects on membrane functions. In: 
DUKE, S.O. (Ed.) Weed Physiology. Boca Raton, EUA: CRC Press, v. II, p. 113-139, 1985. 
 
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (BRASIL). 
Secretaria de Defesa Agropecuária. ATO Nº 83, DE 27 DE NOVEMBRO DE 2019. ATO Nº 
83, DE 27 DE NOVEMBRO DE 2019, BRASÍLIA: DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO, 25 
nov. 2020. Disponível em: https://www.inca.gov.br/exposicao-no-trabalho-e-no-
ambiente/agrotoxicos. Acesso em: 5 dez. 2020. 
MORISAWA, MARIANE. Agrotóxicos liberados pelo governo nesta sexta têm substâncias 
proibidas na Europa. O GLOBO, SÃO PAULO, 27 nov. 2020. Disponível em: 
https://oglobo.globo.com/sociedade/meio-ambiente/agrotoxicos-liberados-pelo-governo-
nesta-sexta-tem-substancias-proibidas-na-europa-24769983. Acesso em: 5 dez. 2020. 
PARADEDA et al. Efeito do herbicida Atrazina sobre o metabolismo intermediário e 
parâmetros reprodutivos de Hyallela sp. XII Salão de Iniciação Científica PUCRS nov 2018 
PASK et al. (2020) Long-term maternal exposure to atrazine in the drinking water reduces 
penis length in the tammar wallaby Macropus eugenii. Reproduction, Fertility and 
Development 32, 1099-1107.

Mais conteúdos dessa disciplina