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ARTIGO METODOLOGIA (1) (3)

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A APLICAÇÃO DO MÉTODO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA NA EMPRESA NATURA
RESUMO
O artigo que será apresentado tem como objetivo mostrar o que é a governança corporativa, falando da sua origem, do seu objetivo e campo de atuação, explicando os benefícios que essa forma de administração trás para as empresas que implementam, sendo uma forma de gestão que transparece a relação entre a administração e os sócios da empresa, a análise feita foi focada na empresa Natura que é a atual líder no Brasil que aplica a governança corporativa. Para conceituar e definir foi citado Souza e Borba (2007), Leal & Saito (2003), Santos et al (2019), Soares e Marcon (2019), Lunardi et al (2019). Para a análise de resultados foi usado o índice desenvolvido por Assunção, De Luca e Vasconcelos (2017), mostrando os desempenhos da empresa em diferentes índices e seus resultados estáveis.
Palavras-chave: Governança corporativa, Novo Mercado, Natura, Gestão, Boas Práticas, Stakeholdings.
1	INTRODUÇÃO
A empresa Natura foi fundada 1969 com a missão de promover o bem estar, trazendo boas relações do indivíduo consigo mesmo, com os outros e com a natureza é um dos principais exemplos de aplicação do método de governança corporativa. Objetivo geral deste trabalho é mostrar a aplicação do método da governança corporativa na empresa natura. E tem como objetivos específicos transparecer a importância de uma boa relação entre a administração e os sócios da empresa, e como a governança corporativa ajuda a garantir que exista essa boa relação.
O mercado tem se mostrado cada vez maior, e consequentemente cada vez mais competitivo, e fica necessário que exista uma maior complexidade na maneira em que uma determinada organização será administrada. Devido ao grande crescimento das empresas a concorrência aumenta, e torna-se fundamental a aplicação de métodos que possam equilibrar e satisfazer todas as partes interessadas no negócio.
A governança corporativa surge para garantir que esses métodos sejam executados, e tem como principal conceito o conjunto de processos, costumes, políticas, leis e instituições que são utilizados para administração de uma empresa. São práticas que relacionam os acionistas, o conselho de administração, a diretoria, o conselho fiscal e a auditoria independente, com o objetivo de otimizar o desempenho da empresa e facilitar o acesso a recursos.
Esse tema passou a ser abordado desde a década de 1980 nos Estados Unidos, quando investidores institucionais buscavam diminuir o abuso de poder dos altos executivos, que na época também controlavam o conselho de administração das empresas, e desde então a governança corporativa vem ganhando espaço.
A governança corporativa é importante em uma empresa pois ela significa uma oportunidade de evolução em um mercado competitivo e globalizado, é a chave-mestra para o reconhecimento e longevidade de qualquer negócio, pois indica o uso de boas práticas de gestão, que contribui para bons resultados, incluindo valores diferenciais como transparência e confiança. Adotar a governança corporativa não significa administrar seguindo uma moda, não é porque uma empresa aplica um tipo de gestão com sucesso que as demais chegarão aos mesmos resultados. Deve-se considerar os benefícios que esse sistema pode trazer à sua organização, as ações de governança corporativa têm potencial transformar os princípios em atitudes que facilitam o acesso ao capital e contribuem para a longevidade das empresas.
A governança corporativa da Natura passou por uma significativa evolução, nos últimos anos, especialmente a partir da abertura de capital, em 2004, e da adesão ao Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa). E neste trabalho será evidenciado como a empresa Natura trata sobre a Governança corporativa, e a maneira como consegue garantir uma boa relação tornando-se exemplo para as outras empresas.
2	FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Governança Corporativa
As práticas de Governança Corporativa, começaram a se disseminar no Brasil em meados dos anos 90, com o objetivo de evitar fraudes e abuso de poder por parte dos administradores, e ela consiste em princípios que norteiam a atuação na tomadas de decisões, e que dessa forma traz uma maior transparência para aquelas pessoas cuja a informação é relevante, quais sejam, acionistas, fornecedores, funcionários, dentre outros, nesse sentido nos fala Souza e Borba (2007, p.36):
O conceito de governança corporativa ganhou força na perspectiva internacional nos últimos 20 anos em resposta a abusos de poder nas empresas, erros e fraudes, os quais envolviam grandes proporções monetárias. Os abusos de poder mais frequentes são os de acionista controlador sobre minoritários, diretoria sobre acionista e administradores sobre terceiros. As fraudes são o uso de informação privilegiada em benefício próprio, o furto ou o desvio de fundos.
Nessa perspectiva as empresas passaram a buscar cada vez mais, o máximo de integração nas informações apresentadas, para tentar neutralizar a assimetria das informações, onde nessa teoria, entende-se que a pessoa que detiver a melhor informação é a que melhor se sairá, em uma transação comercial. 
A governança corporativa é primeiramente uma forma de as empresas observarem sua transparência e credibilidade no trato de questões que envolvem os as negociações comerciais e questões que envolvem a população como um todo. Diante disso, trata dos meios utilizados pelas corporações para estabelecer processos que ajustem os interesses em conflito entre os acionistas das empresas e seus dirigentes de alto nível (BLAIR, 1999). 
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) entende o objeto do estudo, quais sejam as boas práticas de governança corporativa é o conjunto de práticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao proteger todas as partes interessadas, tais como investidores, empregadores e credores, facilitando o acesso ao capital (CVM, 2002).
A governança corporativa nada mais é, em resumo, do que um conjunto de princípios e atitudes que as empresas passam a desempenhar visando uma maior qualidade em sua estrutura organizacional e por consequência um maior retorno financeiro, nesse sentido nos diz Leal & Saito, (2003, p.3):
A governança corporativa é o conjunto de regras, práticas e instituições que determinam como os administradores agem no melhor interesse das partes envolvidas na empresa, particularmente os acionistas. Na maioria dos países, e no Brasil, o controle é muito concentrado e os controladores podem monitorar os administradores facilmente. 
Para a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a governança corporativa é o sistema segundo o qual as corporações de negócio são dirigidas e controladas (OCDE, 1999). Nesse sentido nos diz Santos et al, (2019, p.73):
Diante de tais definições, percebe-se que os órgãos são uníssonos ao afirmarem ser a Governança Corporativa, um instrumento de gestão que melhora o relacionamento entre todos os envolvidos na entidade, à medida que potencializa o desempenho das organizações com suas práticas e princípios. 
Essa tendência começa a aparecer primeiramente nos Estados Unidos e na Inglaterra, originalmente denominado como Corporate Governance, e a motivação de sua existência era reger a forma de trabalho de determinados órgãos já existentes, como a Comissão de Valores Mobiliários, os Conselhos de Administração, dentre outros. Houve então a edição de uma norma em 2002, chamada de Lei Sarbanes – Oxley, essa lei passou a reger a forma como as empresas iriam mostrar suas demonstrações contábeis, de forma a torna-las mais padronizadas.
No Brasil, os mecanismos de governança corporativa são bem variados, e recentes tendo se mostrado cada vez mais eficiente no âmbito das empresas tanto de capital aberto como as de capital fechado. Nesse sentido nos ensina Soares e Marcon, (2019, p.252):
Para que a governança corporativa efetivamente funcione, existem os chamados mecanismos de governança, estes podem ser externos ou internos [...] Os mecanismos de governança corporativasão formas de controlar os conflitos de agência, buscando melhorar as assimetrias que são intrínsecas ao funcionamento da empresa.
A boa prática de governança corporativa, pode resultar em uma maior valorização das ações desta empresa, e por esse motivo a maior parte das empresas brasileiras vem buscando se adequar as essas práticas seja utilizando mecanismos internos ou externos. Os mecanismos internos diz respeito a como a empresa deve agir com as informações que circulam dentro da empresa, e como se dividir para as tomadas de decisões. Alguns aspectos tendem a ter maior relevância como, o conselho de administração, políticas de remuneração, mercado de capitais, dentre outros. Nesse sentido nos ensina Lunardi et al (2019, p.586):
[...] existe uma associação positiva entre o risco específico de uma empresa, a gestão de riscos, as política de desempenho das empresas. Assim, na medida em que transparência e equidade se unem, todos os segmentos do mercado possuem as informações necessárias para tomarem suas decisões, tanto de compra como de venda. Sendo assim, não há privilégios que possam gerar desequilíbrios.
Já os mecanismos externos dizem respeito as informações prestadas ao longo aos agentes externos, quais sejam os acionistas, essas informações são relevantes para que tanto os acionistas, quanto os demais agentes a quem essa informações interessar possam entender como foi o desempenho desta empresa durante um determinado período, que geralmente compreende uma ano, essas informações podem ser, relatórios contábeis periódicos, auditorias externas, dentre outros.
Vale ressaltar que existem também aspectos não muito utilizados tanto nos mecanismos internos quanto nos externos, que para alguns administradores são relevantes, quais sejam no âmbito interno, estrutura de propriedade e no âmbito externo sistema legal.
2.2 Desempenho empresarial
Um aspecto importante que deve ser observado é o valor a ser gasto para manter esses níveis de governança corporativa, tendo em vista que para desempenhar todas essas tarefas a empresa deve estar disposta a fazer um investimento relativamente significativo, pois esses valores a longo prazo serão revestidos em lucro aos acionistas que é o principal objetivo dessas práticas, nesse aspecto nos diz Santos et al, (2019, p.72):
O conceito de governança corporativa está em processo de desenvolvimento, progredindo não somente no que se refere à sua aplicação no âmbito organizacional, mas também no meio acadêmico, sendo objeto de pesquisas em diferentes áreas do conhecimento, possibilitando, assim, o seu avanço em outras áreas afins que não a Economia, a Administração e a Contabilidade.
Além disso outro objetivo que se mostra aparente é a busca por dirimir os possíveis conflitos de interesses existentes entre acionistas majoritários e acionistas minoritários, para que um não interprete que uma informação dada a um seja mais relevante que a informação dada a outra. 
Pois para os acionistas as informações do mercado financeiro são determinantes para saber como dinheiro será aplicado. Esse fato explica o surgimento de modelos de avaliação de desempenho baseados no gerenciamento eficiente das informações corporativas que dão suporte a tomada de decisão.
Entende-se desse modo que há a necessidade no mercado atual econômico, a realização por parte de grandes empresas de adotarem práticas de governança corporativa, para que os seus investidores, o dono e os demais stakeholders, possam ter o interesse cada vez maior em investir nestas empresas.
2.3 Aspectos de Governança Corporativa na Empresa Natura Holding
Alguns aspectos da Governança corporativa devem ser observadas para se ter uma análise. Por fazer parte do novo do Novo Mercado não pode haver ações preferenciais, as PNs. Por isso, toda empresa que está no Novo Mercado só pode emitir e negociar ações ordinárias (ONs).
Isso ocorre porque as ações ordinárias são papéis que dão direito a voto para seus acionistas. Portanto, essa medida garante que todos os investidores participem ativamente das escolhas da empresas, através de votações nas assembleias gerais de acionistas. 
 Obrigatória para todas as empresas de capital aberto negociadas na bolsa, a auditoria externa garante que a contabilidade de uma empresa represente, de fato, a sua situação garantindo assim um bom nível de transparência e confiabilidade ao mercado.
A auditoria externa é uma atividade que examina e atesta a integridade, adequação e veracidade da contas de uma companhia. Utilizando um conjunto de procedimentos técnicos, a auditoria externa analisa as demonstrações contábeis da empresa, para apontar, por meio de um parecer, se estas estão de acordo com os princípios fundamentais da contabilidade e com as normas contábeis brasileiras.
 Estatuto Social claro quanto à (i) forma de convocação da Assembleia Geral; (ii) competências do Conselho de Administração e da Diretoria; (iii) sistema de votação, eleição, destituição e mandato dos membros do Conselho de Administração e da Diretoria;
 A nova legislação valoriza a implementação de códigos de conduta nas empresas, a existência de canais para o endereçamento de denúncias de irregularidades, ações de treinamento e de sensibilização de seus colaboradores e mecanismos e procedimentos internos de auditoria e compliance.
 Publicação de documentações pertinentes a assuntos incluídos na ordem do dia das Assembleias desde a data da primeira convocação, com detalhamento das matérias da ordem do dia, sempre objetivando a realização de assembleias em horários e locais que permitam a presença do maior número possível de acionistas.
Outro aspecto que deve ser observado é a necessidade de dissidir, que significa separar-se de uma doutrina, crença ou conduta comum. Trazendo para um grupo, faz referência a qualquer pessoa que resolve apartar-se da comunidade ou partido de que fazia parte. Os votos dissidentes fazem referência àqueles que se opõe ao sistema que está sendo adotado no momento.
 A proibição do uso de informações privilegiadas é necessária para que nenhum dos membros seja favorecido de maneira injusta, e torna-se relevante para que sejam todos tratados de maneira igualitária. A divulgação de informações relevantes também tem um papel importante, onde apenas o que irá interferir na decisão final será considerado como relevante para a tomada de decisão. 
Atualmente com os diferentes pensamentos, torna-se comum as divergências entre acionistas e a Companhia, logo, a arbitragem surge como mediadora dos conflitos entre as partes, onde tem o papel de solucionar os problemas direcionados as duas partes. 
Toda empresa necessita de uma visão estratégica bem ampla, e um conselheiro com habilidades operacionais e financeiras consegue atuar de acordo com os interesses da entidade, visando o crescimento, e, além disso, o controle e organização empresarial.
 O sigilo de informações é altamente importante, para que seja garantido o sucesso da estratégia que será aplicada na entidade. Além disso, a democracia nas escolhas feitas também torna-se um dos fatores essenciais para que todos possam manifestar sua opinião.
 A divulgação das informações de maneira transparente e igualitária para todos os acionistas tem um papel importante dentro da empresa, pois além de trazer um maior interesse, traz mais opções para os investidores, que irão agira de acordo com os seus interesses.
3	METODOLOGIA
A pesquisa, será classificada como descritiva, tendo em vista esse tipo de pesquisa ter por finalidade possíveis relações entre variáveis. Nesse sentido este artigo visa analisar a relação dos elementos da estrutura de Governança Corporativa, com as práticas efetivamente realizadas pela Natura Holding em um período de cinco anos. Entender se a empresa realmente segue os critérios de governança corporativa a qual se comprometeu realizar.
Quanto a abordagem do problema, trata-se de estudo quantitativo, tendo em vista a utilização de testes estatísticos relacionando os dados para medirmos a intensidade da interação das diferentes variáveis do estudo.Quanto aos procedimentos de pesquisa bibliográfica e documental, pois foi realizada através de relatórios institucionais da empresa Natura Holding disponíveis no website BM&FBovespa, coletando os dados referentes a estrutura de governança corporativa.
Com a finalidade de atender o objetivo geral do presente trabalho foi adaptado o índice de governança corporativa (IGC) de Assunção, De Luca e Vasconcelos (2017), como mostra o Quadro 1.
Quadro 1 – Dimensões e itens do IGC e fonte de coleta dos dados
Fonte: Adaptado de Assunção, De Luca e Vasconcelos (2017)
4	APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULDADOS
Para possibilitar a identificação do nível de atendimento às boas práticas de governança corporativa pela empresa Natura, no período de 2015 a 2019, adaptou-se o índice desenvolvido por Assunção, De Luca e Vasconcelos (2017).
Apresentamos na Tabela 1 uma análise descritiva geral do IGC realizada após a tabulação dos dados com base nos 16 itens que compõem o Quadro 1.
Tabela 1 – Análise descritiva do IGC
	GOV
	MÉDIA
	MEDIANA
	MÁXIMO
	MÍNIMO
	DESVIO-PADRÃO
	
	2015
	88%
	100%
	100%
	0%
	34%
	
	2016
	81%
	100%
	100%
	0%
	40%
	
	2017
	88%
	100%
	100%
	0%
	34%
	
	2018
	88%
	100%
	100%
	0%
	34%
	
	2019
	81%
	100%
	100%
	0%
	40%
	
 Fonte: Dados da pesquisa.
	Com base nos dados tabulados na Tabela 1, destaca-se que em média a empresa adotou 88% das boas práticas de governança corporativa propostas por Assunção, De Luca e Vasconcelos (2017). Dos 16 itens que compõem o Quadro 1, a empresa Natura atendeu à 14 itens para os anos de 2015, 2017 e 2018 e 13 itens para os anos de 2016 e 2019. 
	A empresa Natura está classificada como Novo Mercado dentre os índices diferenciados de governança corporativa da B3. As empresas listadas no Novo Mercado estão no nível mais elevado de exigência de governança corporativa. Esse fato pode justificar o alto nível de atendimento da empresa Natura aos itens propostos no Quadro 2.
Tabela 2 – Análise descritiva da dimensão 1: Acesso e conteúdo das informações (ACI)
	DIMENSÃO 1
	MÉDIA
	MEDIANA
	MÁXIMO
	MÍNIMO
	DESVIO-PADRÃO
	2015
	100%
	100%
	100%
	100%
	0%
	2016
	75%
	100%
	100%
	0%
	50%
	2017
	100%
	100%
	100%
	100%
	0%
	2018
	100%
	100%
	100%
	100%
	0%
	2019
	100%
	100%
	100%
	100%
	0%
Fonte: Dados da pesquisa.
	Na Tabela 2, destaca-se que não houveram variações significantes entre os anos, exceto para o ano de 2016 onde a empresa Natura não apresentou projeções operacionais e/ou econômico/financeira. Ademais, a empresa Natura atendeu os demais itens que compõem essa dimensão para todos os anos da amostra.
Tabela 3 – Análise descritiva da dimensão 2: Estrutura de propriedade e controle (EPC)
	DIMENSÃO 2
	MÉDIA
	MEDIANA
	MÁXIMO
	MÍNIMO
	DESVIO-PADRÃO
	2015
	67%
	100%
	100%
	0%
	58%
	2016
	67%
	100%
	100%
	0%
	58%
	2017
	67%
	100%
	100%
	0%
	58%
	2018
	67%
	100%
	100%
	0%
	58%
	2019
	67%
	100%
	100%
	0%
	58%
Fonte: Dados da pesquisa.
	Na Tabela 3, salienta-se que em média a empresa adotou 67% das recomendações propostas para essa dimensão. Enfatizamos o fato que os acionistas controladores da empresa detém mais de 50% do capital acionário da entidade. Esse fato se prolongou por todos os anos da amostra. Segundo Lancellotti (2009) a modernização da gestão e a devida segregação entre propriedade e a gestão transpassam pela postura ativa dos acionistas, resultando em diminuições eventuais dos conflitos de agência. Esse fato é consumado com a pulverização das ações.
Tabela 4 – Análise descritiva da dimensão 3: Conselho de administração (CA)
	DIMENSÃO 3
	MÉDIA
	MEDIANA
	MÁXIMO
	MÍNIMO
	DESVIO-PADRÃO
	2015
	100%
	100%
	100%
	100%
	0%
	2016
	100%
	100%
	100%
	100%
	0%
	2017
	100%
	100%
	100%
	100%
	0%
	2018
	100%
	100%
	100%
	100%
	0%
	2019
	80%
	100%
	100%
	0%
	45%
Fonte: Dados da pesquisa.
	Com base na média exposta na Tabela 4, depreende-se um alto nível de atendimento as boas práticas de governança corporativa pela empresa Natura. Essa dimensão teve os melhores resultados estatísticos dentre as dimensões que compõem o Quadro 1. 
	Com base nos dados levantados, notamos que o Conselho de Administração da empresa Natura está bem estruturado, já que a empresa atendeu aos 5 itens que compõem essa dimensão para os anos de 2015, 2016, 2017 e 2018. Para o ano de 2019, notamos que houve uma diminuição no nível de atendimento as boas práticas de governança corporativa. Esse fato decorreu pelo aumento do número de membros do Conselho de Administração, passando a ser composto por 12 membros, um a mais do proposto pelo item 3.2 do Quadro 1.
Tabela 5 – Análise descritiva da dimensão 4: Outros órgãos e agentes da governança corporativa (OAGC)
	DIMENSÃO 4
	MÉDIA
	MEDIANA
	MÁXIMO
	MÍNIMO
	DESVIO-PADRÃO
	2015
	75%
	100%
	100%
	0%
	50%
	2016
	75%
	100%
	100%
	0%
	50%
	2017
	75%
	100%
	100%
	0%
	50%
	2018
	75%
	100%
	100%
	0%
	50%
	2019
	75%
	100%
	100%
	0%
	50%
Fonte: Dados da pesquisa.
	Com base na Tabela 5, infere-se que em média três quartos dos itens que compõem essa dimensão são atendidos pela empresa Natura, durante todos os anos da amostra. Destaca-se que a empresa Natura não possui um Conselho Fiscal permanente. Contudo há um regimento interno que regula o funcionamento desse órgão na empresa Natura.
Quanto a importância do Conselho Fiscal ser um órgão permanente na empresa Natura, destacamos a presença desse órgão independentemente da vontade dos acionistas enfatiza a importância do órgão e aumenta, principalmente, a qualidade da informação contábil (CARVALHO; LEAL, 2005).
Figura 1 – Comportamento do IGC na empresa Natura no período de 2015 a 2019
Fonte: Dados da pesquisa
	Ao longo do período da amostra, nota-se que as dimensões tiveram um comportamento estável. Destaca-se a dimensão Conselho de Administração (CA) que obteve o maior nível de atendimento as boas práticas de governança corporativa. Em contraponto, a dimensão Estrutura de propriedade e controle (EPC) obteve os resultados menos representativos na pesquisa. 
	Em linhas gerais, a Natura apresentou bons resultados, adotando, no mínimo, 13 das 16 práticas elencadas no Quadro 2. Esse fato demanda reconhecimento pelas demais entidades pelo alto comprometimento da empresa Natura com relação a confiabilidade e transparência das informações prestadas, diminuindo assim a assimetria informacional entre os usuários internos e externos da entidade.
5	CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como observado, a primeira parte deste trabalho trouxe os princípios da governança corporativa, e a forma como ele impacta as atividades dentro de uma empresa que adota esse método. O benefício trazido por uma governança bem executada vem sendo bastante observado pelas entidades que buscam um melhor rendimento, e acima de tudo uma boa relação entre a administração e os sócios da empresa. 
A empresa Natura de uma forma geral nos últimos anos vem mostrando resultados positivos, porém, alguns critérios ainda precisam ser analisados, para que a entidade possa se considerar um grande exemplo nas boas práticas de governança corporativa. E o objetivo geral desta pesquisa é mostrar a aplicação do método de governança corporativa na empresa Natura, e como ela influencia para uma boa relação. 
Para os dados alcançados, foi realizada uma pesquisa descritiva das informações referentes as práticas realizadas pela empresa, buscando os resultados dos critérios que entidade se comprometeu em executar. A abordagem do problema é considerada quantitativa, haja vista que são utilizados percentuais para medir o nível de adoção das boas práticas.
De acordo com os resultados obtidos, utilizando o índice desenvolvido por Assunção, De Luca e Vasconcelos, a empresa na maioria dos casos obteve um resultado esperado para os princípios da Governança corporativa. 
Em casos específicos a entidade apresentou percentuais baixos, em especial na Estrutura de Propriedade e Controle (Tabela 3), onde mostrou que deixando as ações nas mãos de poucos acionistas acaba gerando maiores conflitos dentro da empresa. Diante disso, a pulverização das ações seria uma boa prática degovernança corporativa, pois assim diminuíram os conflitos entre os acionistas.
Destaca-se que o presente artigo, limitou-se apenas a análise da empresa Natura, o que nos impede de fazer um comparativo com as demais empresas do novo mercado. Desta forma sugere-se a realização de outras pesquisas para ampliar e até mostrar novos aspectos de comparação. 
REFERÊNCIAS
ASSUNÇÃO, R. R.; DE LUCA, M. M. M.; VASCONCELOS, A. C. Complexidade e governança corporativa: uma análise das empresas listadas na BM&FBovespa. Revista Contabilidade & Finanças, v. 28, n. 74, p. 213-228, 2017.
BLAIR, M. M. For whom should corporations be run? An economic rationale for stakeholder management. Long Range Planning, v. 31, 1999.
CARVALHAL-DA-SILVA, A. L., & Leal, R. P. C. (2005). Corporate governance index: firm valuation and performance in Brazil. Revista Brasileira de Finanças, 3(1), 1-18.
CVM – Comissão de Valores Imobiliários. Recomendações da CVM sobre governança corporativa. 2002. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br>. Acesso em: 04 abr. 2020.
LANCELLOTTI, Renata. Prefácio. In: BARBOSA, Marcelo et al. Governança corporativa: estrutura de controles societários.1.ed. São Paulo: Saint Paul Editora, 2009.
LEAL, Ricardo Pereira Câmara; SAITO, Richard. Finanças Corporativas no Brasil. Rae Eletrônica, São Paulo, v. 2, n. 2, p. 2-10, jul. 2003. Disponível em:<http://www.rae.com.br/eletronica/index.cfm?FuseAction=Artigo&ID=1469&Secao=FINANÇAS&Volume=2&Numer o=2&Ano=2003>. Acesso em: 05 abr. 2020.
LUNARDI, Micheli Aparecida et al. Influência dos mecanismos de governança corporativa no custo de capital próprio nas empresas listadas na BM&FBONESPA. Desafio Online, Campo Grande, v. 7, n. 3, p. 578-594, set. 2019.
OECD – Organization for Economic Cooperation and Development. OECD principles of corporate governance. Paris: OECD, 1999.
SANTOS, L. M. S.; ARAÚJO, R. A. M.; MEDEIROS, D. N.; LUCENA, W. G. L. Níveis Diferenciados de Governança Corporativa: Impacto no Valor de Mercado e Desempenho Econômico-Financeiro das Empresas. Revista Capital Científico - Eletrônica, v. 17, n. 2, p. 70-85, 2019.
SOUZA, Flávia Cruz de; BORBA, José Alonso. Governança Corporativa e Remuneração de Executivos: uma revisão de artigos publicados no exterior. Contabilidade Vista & Revista, Florianópolis, v. 2, n. 18, p. 35-48, jun. 2007.
Dimensões do IGC
ACI	
2015	2016	2017	2018	2019	1	0.75	1	1	1	EPC	
2015	2016	2017	2018	2019	0.66666666666666663	0.66666666666666663	0.66666666666666663	0.66666666666666663	0.66666666666666663	CA	
2015	2016	2017	2018	2019	1	1	1	1	0.8	OAGC	
2015	2016	2017	2018	2019	0.75	0.75	0.75	0.75	0.75	
1. DIMENSÃOAcesso e conteúdo das informações (ACI)Fonte de coleta
1.1
A empresa disponibiliza o Relatório Anual de anos 
anteriores em seu site
Website da empresa - RI
1.2
A empresa disponibiliza seu código de ética e/ou de 
conduta em seu site
Website da empresa - RI
1.3
A empresa disponibiliza uma área específica sobre 
Governança Corporativa em seus site
Website da empresa - RI
1.4
A empresa evidencia projeções operacionais e/ou 
econômico-financeira
FR 11.1 - Projeções 
divulgadas e premissas
2. DIMENSÃOEstrutura de propriedade e controle (EPC)Fonte de coleta
2.1A empresa possui apenas ações ordinárias
FR 15.1/15.2 - Posição 
acionária
2.2
O controlador (ou grupo de controladores) 
possuem 50% ou menos de ações ordinárias
FR 15.1/15.2 - Posição 
acionária
2.3
A empresa oferece 100% de Tag-along para todos 
os sócios
Website B3 - Níveis 
diferenciados de GC (NM e 
N2)
3. DIMENSÃOConselho de Administração (CA)Fonte de coleta
3.1
Os cargos de presidente do conselho de 
administração e CEO são ocupados por pessoas 
diferentes
FR 12.5/6 - Composição e 
experiência profissional da 
administração e do conselho 
fiscal
3.2
O conselho de administração é composto por 5 a 11 
membros
FR 12.5/6 - Composição e 
experiência profissional da 
administração e do conselho 
fiscal
3.3
O conselho de administração é composto de pelo 
menos 50% de conselheiros independentes
FR 12.5/6 - Composição e 
experiência profissional da 
administração e do conselho 
fiscal
3.4
O mandato do conselho de administração não é 
superior a 2 anos e é unificado
FR 12.5/6 - Composição e 
experiência profissional da 
administração e do conselho 
fiscal
3.5
A empresa possui mecanismos de avaliação de 
desempenho do conselho de administração
FR 12.1 - Descrição da 
estrutura administrativa
4. DIMENSÃO
Outros órgãos e agentes da governança 
corporativa (OAGC)
Fonte de coleta
4.1A empresa possui comitê de auditoria
FR 12.7/8 - Composição dos 
comitês
4.2
A empresa possui outros comitês de 
assessoramento
FR 12.7/8 - Composição dos 
comitês
4.3O conselho fiscal da empresa é permanente
FR 12.1 - Descrição da 
estrutura administrativa
4.4
A empresa apresenta a política de remuneração dos 
executivos
FR 13.1 - Descrição da 
política ou prática de 
remuneração, inclusive da 
diretoria não estatutária

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