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QUANDO você pensa sobre inteligência arti-
ficial, quais são as imagens que aparecem na sua mente? 
Provavelmente cérebros, dados e neurônios digitalizados. 
Talvez cores azuis, brancas ou cinzas. Robôs humanóides 
que estão prontos para destruir a humanidade? Chatbots 
amigáveis em websites de e-commerce? Quais são as 
palavras que você associa com o termo? 
Como mudar 
o mundo?
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INOVAÇÕES ARTIFICIAIS
Hey, AI, como mudar o mundo?
Há uma chance altíssima que sua mente produziu 
imagens mentais como as acima. E não é para menos: 
nunca se falou tanto sobre inteligência artificial.
Ao procurar pelo termo no Google, são encontrados 
mais de 383,000,000 resultados em menos de um 
segundo. 
Desde 2009, o dinheiro investido nesse tipo de tecnologia 
cresceu 14 vezes e o número de artigos acadêmicos 
9 vezes. Sundar Pinchai, atual CEO do Google, afirma 
que "IA é mais importante que fogo ou eletricidade" 
para a humanidade. 
Imagem: Pesquisa por 'Inteligência Artificial' no Google em Junho de 2020
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INOVAÇÕES ARTIFICIAIS
Hey, AI, como mudar o mundo?
Tudo isso mostra que estamos vivendo bem no meio do 
chamado "AI Boom" ou, em bom português, "Explosão 
de IA". Temos aplicações utilizando machine learning 
(sempre lembrando que é uma sub-categoria de IA) 
em todas as indústrias e é um desafio achar alguma 
pessoa que está vivendo completamente à parte dessa 
tecnologia. 
Se habitamos em um planeta com praticamente um 
smartphone por habitante, isso significa que quase todas 
as pessoas que estão no planeta hoje vivem seu cotidiano 
ao lado de uma máquina que tem a capacidade de 
acessar diversos serviços que utilizam IA. 
Direta ou indiretamente, algoritmos estão construindo 
o tecido social do mundo contemporâneo. Parece que 
o mundo algorítmico não é apenas uma possibilidade 
futura mas sim uma realidade presente. E a tendência 
é esse cenário se intensificar ainda mais.
TUDO O QUE PODE SER 
DIGITALIZADO, SERÁ 
DIGITALIZADO.
Paul Krugman
Vencedor do Nobel em Economia
“
”
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INOVAÇÕES ARTIFICIAIS
Hey, AI, como mudar o mundo?
Com a "datatificação" da sociedade, 
vemos a transformação em 
códigos até de coisas que eram 
antes intangíveis, como explicaram 
Mayer-Schoenberger e Cukier. 
A frase "dados são o novo petróleo" é 
repetida em diversas conferências 
e festivais de inovação, atraindo 
milhares de investidores para essa 
área. 
Transformamos ações sociais 
como sentimentos ou conversas 
em dados que alimentam análises 
preditivas, que por sua vez no 
formato de recomendações 
de livros para se comprar na 
Amazon ou carros autônomos 
que dirigem livremente pelas 
estradas, certo? E tudo isso sendo 
pintado de branco, azul ou cinza 
e lentamente nos aproximando 
do momento da Singularidade 
no qual o Exterminador do 
Futuro irá finalmente subjugar a 
humanidade.
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INOVAÇÕES ARTIFICIAIS
Hey, AI, como mudar o mundo?
Inteligência Artificial se tornou então um termo 
"guarda-chuva", parecendo abarcar uma multitude de 
tecnologias distintas para o observador. IA não é qual-
quer coisa mas também pode ser muitas mais, com 
as possibilidades de aplicações crescendo todos os 
dias. Já existem inovações incríveis como robôs que 
correm e dão piruetas até aplicações popula-
res como a ferramenta de busca do Google. Mesmo 
na ficção, IA pode ser uma interface de mundo virtual, 
como em Matrix, ao mesmo tempo que é a tecnologia 
que dá vida ao amigável robô BayMax, do filme Big 
Hero 6 da Disney.
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https://www.bostondynamics.com/robots
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INOVAÇÕES ARTIFICIAIS
Hey, AI, como mudar o mundo?
Pode-se então concluir que existe uma ideia já 
hegemônica do que significa inteligência artificial. 
Apesar desse termo englobar um grupo de tecnologias 
relativamente abrangente e realmente abarcar aplicações 
e utilizações diversas, como nos explica a definição 
do MIRI, não há dúvidas que o termo está sendo 
utilizado de uma forma abrangente demais pela 
mídia, pelas empresas e principalmente pelos usuários, 
ao mesmo tempo que parece representar 
algumas coisas bem específicas. E essas "ideias" 
já concretizadas do que é, para o que serve e para onde 
vai a inteligência artificial pode ser um dos maiores 
perigos para a inovação do campo.
Ora, vemos então duas narrativas aparente-
mente paradoxais: se por um lado inteligência 
artificial emerge como um termo "tamanho 
único", do outro lado temos aplicações que se 
repetem, principalmente em temática.
https://intelligence.org/research-guide/
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INOVAÇÕES ARTIFICIAIS
Hey, AI, como mudar o mundo?
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COMO PODEMOS 
ENTÃO PENSAR 
E EFETIVAMENTE 
PRODUZIR 
NOVAS "IAS" E 
EVITAR QUE SUA 
NARRATIVA FIQUE 
REPETITIVA?
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INOVAÇÕES ARTIFICIAIS
Hey, AI, como mudar o mundo?
HOJE em dia principalmente na mídia, algumas ideias e aplicações de 
IA são muito mais conhecidas que outras. O algoritmo 
de pesquisa do Google Images, entendendo que 
fotos são gatos. Cortana, Siri, Alexa. O Deep Blue que 
ganhou do Gasparov. As mesmas imagens e exemplos 
aparecem de novo e de novo, moldando o imaginário 
coletivo em torno dessa tecnologia. E então, ao pesquisar 
sobre o tema, jornalistas se deparam mais uma vez 
com um montante de imagens azuis, brancas e robôs 
humanóides e alimentam o leitor com essas imagens, 
reiniciando o ciclo.
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INOVAÇÕES ARTIFICIAIS
Hey, AI, como mudar o mundo?
Esse ciclo se assemelha muito às aplicações de machine 
learning. Ao consumir uma quantidade muito grande 
de dados, o algoritmo procura padrões específicos, o 
que em diversos casos acaba determinando como 
"certo". Quando você procura por "médico" na pesquisa 
do Google imagens, dificilmente o algoritmo mostrará 
uma imagem que não seja de um profissional usando 
um jaleco branco dotado de um estetoscópio. Esse é 
o estereótipo que a máquina foi treinada e entende 
como médico. Apenas depois de uma pesquisa mais 
minuciosa, ou com mais palavras-chave, podemos 
encontrar médicos que não estejam vestidos de branco, 
por exemplo. Da mesma maneira, ao procurarmos em 
nossos cérebros por Inteligência Artificial, os primeiros 
resultados são aqueles mais hegemônicos e conhecidos, 
de novo. 
AO MESMO TEMPO QUE 
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL É 
INTIMAMENTE RELACIONADA 
À INOVAÇÃO POR SER UMA 
TECNOLOGIA QUE É DESENVOLVIDA 
E UTILIZADA HÁ MAIS DE 50 
ANOS, EXISTEM EXPECTATIVAS JÁ 
CONSOLIDADAS DO QUE SE PODE E 
DO QUE SE DEVE FAZER COM ELA. 
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INOVAÇÕES ARTIFICIAIS
Hey, AI, como mudar o mundo?
Quando analisa-se o cenário atual das empresas 
que investem em IA (investimento monetário 
e/ou tecnológico) não é de se assustar ao ver Google, 
Apple, Facebook e Amazon dominando a lista. Essas 
são as mesmas que produzem algumas das IAs mais 
conhecidas e utilizadas na atualidade, então não é de 
se estranhar o investimento. Ao mesmo tempo, parece 
natural que essas mesmas empresas, exatamente 
nessa ordem, dominem o mercado de aquisições de 
startups de IA. Startups essas que parecem oferecer 
sempre as mesmas buzzwords: analytics, chatbots, NLP 
e cybersegurança. 
O sonho de diversas empresas menores é ser adquirida 
pelas gigantes, que então melhoram ainda mais seus 
analytics, chatbots, NLP e cibersegurança. Além disso, 
ao se analisar tais startups, percebe-se que muitas 
vezes seus bancos de dados provém das mesmas 
fontes. Esse ecossistema acaba alimentando 
um ciclo vicioso, no qual recursos humanos e 
tecnológicos são investidos para melhorar e 
agregar ferramentas e serviços já existentes.
https://www.itbusiness.ca/news/these-nine-companies-have-acquired-the-most-ai-startups/102761
https://poseidon01.ssrn.com/delivery.php?ID=896065081123021022080000123105119026058072085007048023105100086072107120090112018102107053023122008037061119075001003068099002048008022044047065087017012082124005093046094112116017108065091108008100123114073079122067084012091121095117011109120076099&EXT=pdfhttps://poseidon01.ssrn.com/delivery.php?ID=896065081123021022080000123105119026058072085007048023105100086072107120090112018102107053023122008037061119075001003068099002048008022044047065087017012082124005093046094112116017108065091108008100123114073079122067084012091121095117011109120076099&EXT=pdf
https://poseidon01.ssrn.com/delivery.php?ID=896065081123021022080000123105119026058072085007048023105100086072107120090112018102107053023122008037061119075001003068099002048008022044047065087017012082124005093046094112116017108065091108008100123114073079122067084012091121095117011109120076099&EXT=pdf
https://poseidon01.ssrn.com/delivery.php?ID=896065081123021022080000123105119026058072085007048023105100086072107120090112018102107053023122008037061119075001003068099002048008022044047065087017012082124005093046094112116017108065091108008100123114073079122067084012091121095117011109120076099&EXT=pdf
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SERÁ QUE ESTAMOS 
REALMENTE 
VIVENDO UM AI BOOM 
OU SERÁ QUE TEMOS 
DIVERSAS EMPRESAS 
OFERECENDO 
UMA EMBALAGEM 
DIFERENTE PARA 
OS SERVIÇOS DOS 
GRANDES QUE 
ESTÃO NO MERCADO 
HÁ MAIS DE UMA 
DÉCADA? 
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INOVAÇÕES ARTIFICIAIS
Hey, AI, como mudar o mundo?
Talvez uma das soluções dessa questão esteja em 
algumas discussões das ciências humanas. Na sociologia 
da inovação, de uma maneira simplificada, as maiores 
inovações ocorrem quando existe diversidade de ideias 
dentro de um universo restritivo. Pode-se resumir a 
emergência de inovações, de forma metafórica, através 
da seguinte fórmula:
A inovação então dentro de Inteligência Artificial pode 
emergir (como já acontece) ao capitalizar do melhor de 
cada uma das partes do paradoxo narrativo do campo.
DIVERSIDADE 
+ 
RESTRIÇÃO 
= 
INOVAÇÃO
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INOVAÇÕES ARTIFICIAIS
Hey, AI, como mudar o mundo?
MUITO se fala sobre o problema de diversidade dentro 
da computação e tecnologia. Ora, para se quebrar 
a ideia hegemônica que temos sobre inteligência 
artificial, precisamos de novas ideias. E como já foi 
extensamente analisado, novas ideias se dão 
principalmente na intersecção de ideias. E se ideias vem 
de pessoas, estamos falando no encontro de pessoas 
diferentes. E para que novas pessoas consigam se 
encontrar no campo, alguns incentivos serão necessários. 
I.
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VER
SI
DA
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https://www.forbes.com/sites/tendayiviki/2016/12/06/why-diverse-teams-are-more-creative/#cddc9da72628
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INOVAÇÕES ARTIFICIAIS
Hey, AI, como mudar o mundo?
"A DEMOCRATIZAÇÃO 
DA INFORMAÇÃO É 
IMPORTANTE PARA 
QUE TODAS AS 
PESSOAS TENHAM 
UMA OPORTUNIDADE 
DE MOLDAR O FUTURO", 
AFIRMOU HANNA 
HAGSTRÖM, DIRETORA 
NA REAKTOR, UMA 
DAS INSTITUIÇÕES 
ENVOLVIDAS NO PROJETO.
 
Um exemplo interessante nesse sentido está sendo 
realizado pelo governo finlandês. Para preparar melhor 
sua população para um futuro automatizado, a Finlândia 
propôs um desafio dentro do seu próprio país e espera 
que o mundo siga o seu exemplo. 
O projeto começa com uma meta modesta: ensinar 
para 1% da população finlandesa (o que representa 
aproximadamente 54 000 pessoas ) através de um curso 
gratuito online os fundamentos da inteligência artificial. 
Chamado de "Elementos de IA", o conteúdo convida seus 
estudantes a compreenderem as oportunidades oferecidas 
pela tecnologia.
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INOVAÇÕES ARTIFICIAIS
Hey, AI, como mudar o mundo?
E até agora, deu certo. O número de pessoas que fizeram 
o curso já passa de 90.000 e diversas empresas se 
comprometeram a oferecer o treinamento para seus 
usuários. 
Outro governo que conseguiu aumentar rapidamente 
o número de patentes e também criar serviços 
automatizados de forma massiva para sua população 
é o governo chinês. Além do ambicioso plano de 
desenvolvimento em IA, que prevê a aceleração em 
escala nacional da aplicação de IA, o governo chinês 
lançou recentemente um Plano de Ação de Inovação em 
IA para Universidades e Faculdades (AI Innovation Action 
Plan for Colleges and Universities), criando estratégias 
para as instituições universitárias para os próximos 12 
anos. Uma das metas mais ambiciosas é estabelecer 
mais de 100 "Inteligência Artificial + X" especializações 
até 2020.
Apesar de parecer impossível pensar rapidamente em 
mais 100 especializações envolvendo AI que já não 
existam, essa meta proposta pelo Ministério da Educação 
Chinês pode se tornar uma das lições mais valiosas 
para criar soluções verdadeiramente inovadoras para 
os cidadãos do mundo. 
Da mesma lógica partilha Kevin Kelly, um dos fun-
dadores da revista Wired, que explica que "é muito 
fácil prever as startups dos próximos anos. Pegue X 
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INOVAÇÕES ARTIFICIAIS
Hey, AI, como mudar o mundo?
e adicione inteligência artificial. (...) É inevitável que 
coloquemos IA em tudo o que fizermos daqui em 
diante". Como Kelly é um dos pensadores que previu 
a criação de conteúdo da web quando nem ¼ dos 
americanos possuía a internet discada, pode ser inte-
ressante ouvir o que ele tem a dizer. É mais fácil pen-
sar em 100 especializações diferentes se furarmos a 
bolha da computação. Colocando novas pessoas para 
pensarem nessas aplicações, novas ideias surgirão.
Mas a diversidade em IA não depende apenas do 
envolvimento de novas pessoas. O potencial para 
maximização de criação é enorme quando 
adicionamos à essa receita a diversidade de dados 
com o qual se trabalhar. Dados estruturados e não 
estruturados. Dados de diversos países. Dados de 
nichos. e sempre os mesmos bancos de dados forem 
utilizados para se criar soluções (como acontece hoje 
com a infraestrutura que é utilizada por - pasmem 
- Google, Apple, Facebook e Amazon), conclusões 
mais homogêneas tenderão a surgir. Ao permitir o 
acesso e a correlação de outros bancos de dados, 
podemos alcançar não apenas soluções mais robustas 
ou assertivas, mas sim completamente novas. Uma 
database de fotos de felinos dificilmente te ensinará 
sobre lagostas. E vice-versa. Mas focar em infraestrutura 
pode levar à um caminho estritamente ferramental, 
enquanto a imaginação social sobre o que fazer com a 
tecnologia é tão importante quanto. 
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INOVAÇÕES ARTIFICIAIS
Hey, AI, como mudar o mundo?
Da interação da medicina com a computação já se tem 
algoritmos que utilizam visão de máquina para ajudar 
profissionais a detectar câncer com mais acurácia. Nos 
Estados Unidos, após uma chuva devastadora no esta-
do americano de Maryland, o departamento de segu-
rança nacional começou a trabalhar com os moradores 
das áreas destruídas para melhorar a resiliência sobre 
desastres. 
Diversos sensores foram implantados na área e os dados 
coletados serão correlacionados com a previsão do 
tempo. Os dados coletados e entendidos por machine 
learning ajudarão a criar um sistema de alerta mais 
preciso para os residentes das regiões afetadas. 
Temos exemplos incríveis sendo utilizados na política 
como o projeto Serenata de Amor, no Brasil. A robô di-
gital Rosie minera dados dos gastos de todos os depu-
tados e senadores reembolsados pela lei de Cota para 
Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP). Ao detectar 
gastos feitas de maneira suspeita (como bebidas alco-
ólicas ou jantares com preços muito acima da média), 
a robô faz uma postagem automatizada no Twitter, 
alertando a população para o gasto suspeito. O proje-
to mostra como uma aplicação de ML aparentemente 
simples pode trazer à tona inovação social, e modificar 
profundamente a vigilância entre políticos e eleitores.
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INOVAÇÕES ARTIFICIAIS
Hey, AI, como mudar o mundo?
Na Síria, inteligência artificial foi utilizada por uma das 
indústrias mais conhecidas da História: a da guerra. 
Drones utilizando visão de máquina, apesar de 
ainda não serem completamente autônomos, mata-
ram dezenas de pessoas em áreas de conflito.
 Já a Amazon criou recentemente um algoritmo que 
consegue ranquear o currículo de uma pessoa para 
ajudarprofissionais de RH na escolha de um candidato. 
Se um CV tivesse a palavra "mulher", imediatamente ia 
para o fim da fila. 
Legal, né?
Calma. Esses dois últimos exemplos não são 
tão legais. 
A partir da interação com outras áreas vemos que uma 
inovação não é necessariamente benéfica para toda a 
sociedade, principalmente se os mesmos monopólios 
criativos continuarem a produzir soluções e tecnologias 
para interesses irresponsáveis. 
Inteligência artificial sempre será tão falível quanto 
seus criadores humanos. E por causa disso, talvez seja 
necessária restringí-la. 
https://www.npr.org/2018/11/09/664360606/entire-families-wiped-out-u-s-airstrikes-killed-many-civilians-in-syria
DENTRO de inovação, a restri-ção funciona como 
catalisador da diversidade. Em contextos mais abran-
gentes, restrição também funciona como intermedia-
dor social, prevenindo que algumas pessoas sofram 
as consequências de tecnologias letais, por exemplo. 
E esse sempre foi uma preocupação dos inovadores 
e da ciência: como garantir que o tradeoff da restrição 
da inovação garanta que não ocorram impactos ma-
léficos da tecnologia, ao mesmo tempo que garanta 
a possibilidade da criação de novas ideias?
II. 
RES
TRI
ÇÃO
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INOVAÇÕES ARTIFICIAIS
Hey, AI, como mudar o mundo?
PARECE DIFÍCIL? 
E REALMENTE É. 
"UM TEMA CENTRAL CONSAGRADO NA 
IDEOLOGIA DO TEMPO DE PROGRESSO, 
A CRENÇA DE QUE O DESENVOLVIMENTO 
TECNOLÓGICO E A MELHORIA DAS 
CAPACIDADES HUMANAS AVANÇAM JUNTOS, 
AGORA ESTÁ EFETIVAMENTE PREJUDICADO 
POR INÚMEROS SISTEMAS QUE ASSUMEM 
QUE A MAIORIA DOS TRABALHADORES SÃO 
INCOMPETENTES. UM PADRÃO RECORRENTE 
NA TRANSFORMAÇÃO TECNOLÓGICA 
E CULTURAL MODERNA É QUE, À MEDIDA QUE 
NOVAS TECNOLOGIAS SÃO INVENTADAS, 
OS TIPOS DE PESSOAS QUE VÃO UTILIZÁ-
LAS TAMBÉM SÃO INVENTADOS”
 (BENDER e DRUCKEY, 1994)
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INOVAÇÕES ARTIFICIAIS
Hey, AI, como mudar o mundo?
A inovação necessária em inteligência artificial não 
é restrita a apenas criar um futuro no qual um robô 
humanóide poderá conversar com um ser humano 
ou fazer o seu trabalho por ele. A inovação também 
precisa acontecer dentro de ética computacional. Precisa 
ocorrer dentro do compliance. Precisa acontecer na 
educação sobre esses assuntos. Novas maneiras de se 
utilizar, construir e principalmente pensar em IA.
Inovação não precisa ser apenas um método no qual 
empresas só utilizam para garantir sua sobrevivência em 
um mercado volátil. Da mesma maneira que inteligência 
artificial pode e deve ser repensada de jeitos que fogem 
ao estereótipo. Precisamos fazer com que exista o 
embate entre mundos para que novas soluções que 
divergem do que já foi pensado até hoje apareçam.
Ambos os termos - inovação e inteligência artificial - 
precisam de renovação e expansão. E para isso, precisamos 
que não apenas o número de pessoas em torno desse 
campo seja expandido, mas que novas perguntas e 
interesses se aglomeram em torno dessa tecnologia.
Talvez a verdadeira questão em torno da inovação em 
IA não seja qual será a próxima grande inovação, os 
novos produtos. Mas sim: o que queremos com essas 
inovações? Será que a infraestrutura necessária para a 
criação de uma inovação mais responsável possui res-
trições o suficiente para um desenvolvimento benéfico? 
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INOVAÇÕES ARTIFICIAIS
Hey, AI, como mudar o mundo?
Será que temos uma variedade o suficiente de empre-
sas e pessoas pensando nesses assuntos? Quem está 
criando a inteligência artificial da próxima geração?
O campo de inteligência artificial já sobreviveu a dois 
"invernos" no qual fundos para pesquisa foram 
drasticamente reduzidos quando a expectativa sobre a 
tecnologia e seu retorno de investimento não alcançaram 
o que tinha sido prometido no hype. Especialista Ray 
Kurzweil argumentou que o problema central é o poder 
de processamento dos computadores. O cientista John 
McCarthy e seu "problema da qualificação" explica 
que um dos maiores problemas do campo é sobre a 
impossibilidade de se coletar todos os dados necessários 
no mundo real. 
A resposta para algumas dessas questões pode estar 
em abordagens na ciências biológicas, nas humanas, 
na física, quem sabe? Se existe uma concentração de 
investimento em IA, talvez tão interessante quanto 
fosse a utilização de partes desse investimento para a 
intersecção.
Se é necessário o encontro entre diferentes para a criação 
de inovações, felizmente dessa matéria prima o mundo 
está cheio. O planeta Terra possui em abundância o 
necessário para catalisar essas descobertas: mentes 
humanas. Diversas. Cada uma com sua história, vivência 
e perspectiva que pode contribuir enormemente com 
https://en.wikipedia.org/wiki/AI_winter
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INOVAÇÕES ARTIFICIAIS
Hey, AI, como mudar o mundo?
o campo. Temos 7 bilhões de mentes (e contando!) que 
podem participar da criação da nova geração de IA. 
Mas é claro que não podemos (e nem devemos!) fazer 
com que todos os humanos foquem seus esforços no 
mesmo grupo de tecnologias. Porém é interessante 
compreender maneiras de aproveitar a diversidade 
cognitiva que a humanidade nos oferece para pensar 
em soluções além dos desenvolvedores ou cientistas 
da computação. 
E principalmente, da mesma maneira que o smartphone 
conseguiu ser utilizado para solucionar questões além 
da comunicação, que era seu foco primordial, para 
modificar indústrias como transporte ou saúde, o olhar 
de outros que percebam a potencialidade de disrupção 
para além do que já é esperado.
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INOVAÇÕES ARTIFICIAIS
Hey, IA, como mudar o mundo?
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FONTES
Inevitável, Kevin Kelly
MIT Quest for Intelligence
h t t p s : / / w w w. d h s . g ov / s c i e n ce - a n d - t e c h n o l o g y /
news/2018/05/21/news-release-dhs-st-partners-local-
communities-improve-flood
https://medium.com/syncedreview/china-puts-education-
focus-on-ai-plans-50-ai-research-centres-by-2020-
5589c35ba701 
https://www.wired.com/story/how-artificial-intelligence-could-
prevent-natural-disasters/ 
https://www.itbusiness.ca/news/these-nine-companies-have-
acquired-the-most-ai-startups/102761 
https://medium.com/@klingkyle04/who-is-leading-the-ai-
race-f0a87fc0e569
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INOVAÇÕES ARTIFICIAIS
Hey, AI, como mudar o mundo?
A Nama combina a inteligência humana e inteligência 
artificial para melhorar a experiência do consumidor em 
grande escala. Com as ferramentas da Nama, grandes 
operações de atendimento a clientes e parceiros podem 
ser desenhadas e automatizadas. A plataforma Nama 
de machine learning assume conversas e canais de aten-
dimento, até que a condução humana dos seus melhores 
atendentes seja necessária. Tudo integrado para proporcio-
nar as experiências de atendimento mais simples e fluidas.
O zero42 é uma organização brasileira dedicada a 
compreender os impactos sociais e criar as estruturas 
necessárias para o desenvolvimento democrático de tec-
nologias. Queremos estabelecer estruturas para criar no-
vas tecnologias, tanto do ponto de vista teórico quanto 
prático, incluindo vozes e visões que normalmente são 
deixadas de lado.
UMA PRODUÇÃO DE
www.nama.ai
www.zero42.org
http://www.nama.ai
http://www.zero42.org