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Morfologia Portuguesa Aula 5: Processos de formação de palavras I Apresentação Nesta aula, você vai aprender que as noções de derivação e de �exão são importantes no que tange aos processos de formação de palavras na nossa língua. Além de veri�car aspectos relativos à �exão verbal e à �exão nominal bem como questões importantes acerca de gênero, número etc. Objetivos Identi�car o conceito de �exão X derivação; Distinguir �exão verbal e �exão nominal; Veri�car questões relevantes acerca das noções de número e gênero; Veri�car o conceito de grau em português. Nas aulas de Morfologia dos ensinos fundamental e médio, aprendemos sempre que há classes de palavras variáveis e outras invariáveis. Além disso, veri�camos que podemos formar novas palavras a partir de elementos conhecidos da língua. Tudo isso diz respeito ao fato de as palavras da língua passarem por dois processos: derivação e �exão. Entretanto, é preciso diferenciar essas duas noções, uma vez que a �exão, em linhas gerais, ocorre independente da vontade do falante, enquanto que a derivação se faz necessária somente a partir de uma decisão de quem fala ou escreve. Fonte: Shutterstock Por LStockStudio 1 Derivatio voluntaria - Cria novas palavras; caráter fortuito e desconexo do processo. Com efeito, as palavras derivadas não obedecem a uma pauta sistemática e obrigatória para uma classe homogênea do léxico. Ex.: cantar-cantarolar, mas para falar ou gritar não existem as formas falarolar ou gritarolar. Os morfemas gramaticais de derivação não constituem assim um quadro regular, coerente e preciso. Acresce a possibilidade de opção, para usar ou deixar de usar o vocábulo derivado. Os su�xos derivacionais criam novos vocábulos. 2 Derivatio naturallis – para indicar modalidades especí�cas de uma dada palavra. A �exão indica que um dado vocábulo se dobra a novos empregos, havendo obrigatoriedade e sistematização coerente. Apresenta-se em português sob o aspecto de segmentos fônicos propostos ao radical como, por exemplo, em caixa/caixas e em gato/gata, em que se acrescentaram os su�xos �exionais ou desistências de número para o primeiro par de palavras e de gênero para o segundo par. Mattoso Camara Jr (1972) distinguia dois processos, retomando o que o gramático latino Varrão (116 aC – 26 aC): Saiba mais Para saber mais sobre Varrão e sua obra, veja uma tese a respeito do seu “Livro VII” e sua vida. Dessa forma, podemos chegar à conclusão da sistematicidade do processo de �exão versus a assistematicidade da derivação. Na �exão, o falante não consegue criar: se o –s é a marca do plural em português, o falante não poderá expressá-lo, trocando o –s por –i, por exemplo, de “carros” dizer “carroi”, etc. Na derivação, devido à sua assistematicidade e imprevisibilidade, a língua pode ser recriada e enriquecida por conta da atuação e das necessidades de comunicação de seus usuários. Em outras palavras, a �exão é obrigatória, pois não há outra opção no sistema da língua. A derivação é voluntária, em razão de sua possibilidade criadora. Fonte: Alex Suprun on Unsplash Flexão e derivação javascript:void(0); javascript:void(0); A distinção entre �exão e derivação é perceptível quando se pode conceituar e analisar o vocábulo pelo seu signi�cado e sua forma. 1 Flexão É obrigatória devido à concordância que antecederá a palavra, o que faz da derivação um processo sem preocupação obrigatória. 2 Derivação Pode alterar a categoria da palavra resultante, mas a �exão não muda a classe da palavra que resulta. Dentre as distinções do processo de �exão e derivação está a produtividade dos processos, ou seja, a ausência de marcas �exionais nos dá palavras incompletas; não há o mesmo tipo de obrigatoriedade para a derivação. Outra marca para distinguir esses dois processos é a regularidade. Um novo nome em português faz prever que o que distingue esses dois processos é a regularidade: esse novo nome em português pode ter plural ou feminino, mas não obrigatoriamente terá derivados em –ista ou –oso, já que a �exão é previsível enquanto a derivação é imprevisível. Flexão nominal e verbal 1 O processo de �exão apresenta duas características essenciais: regularidade e obrigatoriedade. 2 Consiste na associação regular à base de a�xos que manifestam valores obrigatórios para determinadas classes de palavras da língua. 3 A associação dos a�xos são obrigatórios para determinadas classes de palavras da língua. 4 O vocábulo “�exão” é a tradução do termo alemão “biegung” que signi�ca curvatura, desdobramento. Por isso, podemos a�rmar que um vocábulo pode se “desdobrar” em outras aplicações por meio do fenômeno gramatical da �exão. 5 Entretanto, a �exão, de acordo com Câmara Jr. (1972:71), ocorre por meio de acréscimo de segmento fônico ao radical chamado su�xo �exional ou desinência. O acréscimo de pre�xo e/ou su�xo fará com que tenhamos outro processo: a derivação. http://estacio.webaula.com.br/cursos/morf02/aula5.html 6 Dessa forma, podemos a�rmar que a �exão nominal, nosso ponto de interesse nesta parte da aula, dá-se nas classes de palavras a que denominamos de variáveis, principalmente no que concerne aos substantivos e adjetivos. Muitos autores, como (KOCH; SILVA, 2005), por exemplo, adotam o termo adjetivo englobando todos os outros determinantes do substantivo, como os pronomes, artigos, numerais e o próprio adjetivo, uma vez que podemos perceber a �exão dessas classes em número, pelo menos. O – oS / ele – eleS / primeiro – primeiroS etc. "Funcionalmente, muitos dos nomes podem ser, conforme o contexto, substantivos (termos determinados) ou adjetivos (termos determinantes). Assim, no enunciado um diplomata mexicano, o segundo vocábulo é substantivo e o terceiro adjetivo, já em um mexicano diplomata dá-se o inverso." - KOCH; SILVA. Todavia, podemos a�rmar que há nomes que são essencialmente substantivos e outros essencialmente adjetivos no que tange aos seus usos funcionais? Koch e Silva (2005) a�rmam que sim, mas, “a distinção funcional não é absoluta”. Se nos voltarmos para nosso mestre Machado de Assis, o narrador de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” a�rma não ser um “autor defunto”, mas um “defunto autor”. Isso nos mostra que a categorização de um nome em substantivo ou adjetivo depende não só de sua forma, mas, principalmente, de seu uso na frase. Flexão nominal em termos formais No âmbito formal, substantivo e adjetivo, via de regra, apresentam diferenças muito pequenas. Tanto um quanto outro são marcados por vogais temáticas , desinências de gênero e de número, vejamos: http://estacio.webaula.com.br/cursos/morf02/aula5.html 1 Mestre E = vogal temática (substantivo ou adjetivo). 2 Menina A = desinência de gênero + Morfema zero apontando o singular. 3 Meninas S = desinência de número. Obs.: Para revisar os morfemas e seus tipos, favor rever as aulas 3 e 4. A �exão de gênero Sabe-se que em Língua Portuguesa há dois gêneros: masculino e feminino. Formalmente, costuma-se a�rmar que –o marca masculino, como em GAROTO, e o –a feminino, como em GAROTA. "Tal �exão ( a de gênero) opera através do acréscimo do morfema �exional –a átono �nal à forma masculina. Quando a forma masculina é atemática, há simplesmente o acréscimo mencionado: peru – perua autor – autora; mas, quando tal forma termina em vogal temática como pombo, parente, essa vogal é suprimida, através de uma mudança morfofonêmica, decorrente do acréscimo do morfema –a: pombo –o + a = pomba; parente –e + a = parenta.”" - Koch e Silva (2005:48). Fonte: shutterstock Por Monkey Business Images A partir dessa explicação, podemos a�rmar que o masculino seria a forma não marcada, uma vez que a desinência nominal de gênero seria somente –a, o que nos dá um morfema zero na forma masculina. Além disso, trata-se de um fator de economia linguística e há outras maneiras de se apresentar o masculino, como em PROFESSOR. O masculino só é veri�cado pela ausência da desinência nominal de gênero –a, presente em PROFESSORA. Fonte: shutterstock Por MonkeyBusiness Images Há, ainda, as palavras cujo gênero só pode ser marcado pelo uso de um determinante, uma vez que a vogal �nal marca somente a classe gramatical da palavra, como criança, mestre, bico etc. Não há oposição entre masculino e feminino, como em MENINO e MENINA. Dessa forma, rati�camos que a vogal –o de MENINO e de BICO, o –a de CRIANÇA e o –e de MESTRE são vogais temáticas, e não desinências de gênero. A respeito das vogais temáticas e da desinência de gênero, advoga Henriques (2007:68): “É certo que o papel gramatical dessas vogais não tem uma delimitação especí�ca como nos verbos. Interessa, porém, descrever de que forma ocorrem, para então se chegar à constatação de que essas vogais se caracterizam nos nomes por sua posição postônica �nal, o que as aproxima das desinências de gênero, igualmente postônicas �nais (A e O), tornando necessário distinguir com clareza umas e outras.” Tal a�rmação de Henrique nos de�agra um problema metateórico da consideração da vogal –o de MENINO, por exemplo, como vogal temática ou como desinência de gênero. Se considerarmos Câmara Jr. (1972), Koch e Silva (2005), entre outros autores, veremos que o masculino é a forma não marcada e, o feminino a forma marcada. Já Henriques (2007), como vimos anteriormente, entre outros, consideram a vogal –o desinência de gênero. Entretanto, o próprio Henriques (2007:68-69) apresenta citações de diversos autores que são quase unânimes em considerar somente –a desinência de gênero e para o masculino, temos o morfema zero, a forma não marcada, o que nos parece o posicionamento mais coerente, uma vez que nem todos os nomes masculinos são marcados pelo –o, como já veri�camos acima. O mesmo autor propõe uma classi�cação alternativa, a partir do seguinte quadro: Terminação Gênero da palavra Análise -a (átono) Feminino DG -a (átono) Masculino VT -e (átono) (irrelevante) VT -o (átono) Masculino DG -o (átono) Feminino VT Segundo o autor, com essa proposta de classificação, apenas um número mínimo de palavras não teria desinência de gênero, que seriam aquelas em que a vogal átona final não coincide com o gênero da palavra. Ele fornece-nos alguns exemplos, como: O diademA; O genomA; O gramA, entre outros. Gênero X Sexo Outro ponto delicado no que tange à �exão nominal é a confusão entre gênero e sexo, uma vez que masculino e feminino são adjetivos desses dois termos. Além disso, não podemos dizer que MESA e RETRATO, por exemplo, são do SEXO feminino e masculino, respectivamente, só porque são do GÊNERO feminino e masculino. Koch e Silva (2005:49) fornecem-nos dois argumentos contrários à interpretação de gênero relativo ao sexo seres, vejamos: 1 O gênero abrange todos os nomes substantivos portugueses, quer se re�ram a seres animados, providos de sexo, quer designem apenas “coisas”, como: mesa, ponte, tribo, que são femininos (precedidos do artigo a) ou sofá, pente, prego, que são masculinos (precedidos pelo o); 2 O conceito de sexo não está necessariamente ligado ao de gênero: mesmo em substantivos referentes a animais e pessoas há algumas vezes discrepância entre gênero e sexo. Assim, a testemunha, a cobra são sempre femininos e o cônjuge, o tigre, sempre masculinos, quer se re�ram a seres do sexo masculino ou feminino. Dessa forma, podemos contestar algumas gramáticas, principalmente as escolares, no que tange à classi�cação dos substantivos em epicenos, sobrecomuns ou comuns de dois gêneros. De acordo com Cegalla (2005:138): Epicenos Designam certos animais e têm um só gênero, quer se re�ram ao macho ou à fêmea. Quando se quer indicar precisamente o sexo, usam-se as palavras macho ou fêmea. Ex.: a onça macho X a onça fêmea. Sobrecomuns Designam pessoas e têm um só gênero, quer se re�ram a homem ou a mulher. Ex.: a criança – o neném. Comuns de dois gêneros Sob uma só forma, designam os indivíduos dos dois sexos. São masculinos ou femininos, a depender do determinante que os acompanha. Ex. – o colega X a colega; o fã X a fã. Primeiramente, porque tal classi�cação leva, necessariamente, em consideração o sexo dos seres, o que já vimos ser improcedente. Além disso, �exão é uma característica formal, morfológica das palavras, e tal classi�cação leva em conta critérios semânticos, uma vez que devem ser consideradas características externas à palavra. "É comum lermos em nossas gramáticas que mulher é o feminino de homem. A descrição exata é dizer que o substantivo mulher é sempre feminino, ao passo que outro substantivo, a ele semanticamente relacionado, é sempre do gênero masculino. (…) Da mesma sorte, não cabe para os substantivos epicenos (…) falar numa distinção de gênero expressa pelas palavras macho e fêmea. Em primeiro lugar, o acréscimo não é imperativo e podemos falar (como usualmente fazemos) em cobra e tigre sem acrescentar obrigatoriamente aqueles termos. Em segundo lugar, o gênero não mudou a indicação precisa do sexo. Continuamos a ter a cobra macho (…) o tigre fêmea.”" - Câmara Jr. (1972:79). A �exão de número No que concerne à �exão de número, parece-nos algo muito mais simples e coerente, uma vez que se trata da oposição entre 1 e mais de 1 elemento/indivíduo, o que é formalmente marcada pela presença ou ausência da desinência –s e alguns alomorfes, como veremos agora. Henriques (2007:76): “constata-se com facilidade que o reconhecimento do plural será feito através do acréscimo de um morfema. A partir disso, podemos a�rmar que a marca de singular em nossa língua é a ausência (morfema zero) e que só no plural haverá a representação grá�ca propriamente dita.” Continue lendo... Koch e Silva (2005:52): Apontam para duas exceções à oposição 1 mais de 1 indivíduo, a saber: • A situação especial dos coletivos, em que a forma singular envolve uma signi�cação de plural, e Continue lendo... Câmara Jr (1972:84): Chama a nossa atenção para outra forma de alomor�a no que diz respeito ao plural, que não é fonologicamente condicionada, mas se dá por razões puramente morfológicas. Continue lendo... A questão do grau Tradicionalmente, a�rma-se que o substantivo varia em gênero, número e grau. Apergunta é: será que podemos falar em grau como �exão? Se considerarmos que a �exão, como vimos no início de nossa aula, é gramaticalmente motivada, veremos que a resposta é não. Uma vez que usar o aumentativo ou o diminutivo pode ser mera opção do falante. Observe. Considerada um tipo de �exão por alguns gramáticos e um tipo de derivação pelos linguistas, a �exão de grau é discutida entre os estudiosos pelo questionamento em caracterizá-la com um tipo de derivação ou de �exão. É comum incluírem-se nas relações dos su�xos derivacionais os a�xos caracterizadores de grau (aumentativo e diminutivo). Por isso, os linguistas acreditam que não cabe falar em “�exão de grau” pois não deveríamos incluir no processo de �exão su�xos derivacionais que podem indicar a categoria do grau, tendo em vista que a �exão é um fenômeno em que se acrescentam a�xos ao radical ou à própria palavra. Parte-se do pressuposto que a colocação de su�xos ao radical consiste em ser um tipo de derivação. http://estacio.webaula.com.br/cursos/morf02/aula5.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/morf02/aula5.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/morf02/aula5.html "(...) Anote-se a propósito que o conceito semântico de grau abrange tanto os superlativos como os aumentativos e os diminutivos. Por isso, Otoniel Motta considerou aumentativos e diminutivos uma <> dos substantivos, pelo exemplo dos superlativos, porque não ousou considerar os superlativos uma derivação, como são logicamente considerados aumentativos e diminutivos por toda gente. A expressão de grau não é um processo �exional em português, porque não é um mecanismo obrigatório e coerente, e não estabelece paradigmas exaustivos e de termos exclusivos entre si. A sua inclusão na �exão nominal decorreu da transposição pouco inteligente de um aspecto da gramática latina para a nossa gramática.”" - Mattoso Camara Jr (1972: 83). Assim,tem-se que alguns autores consideram que o morfema gramatical de grau não é um caso de �exão, e sim de derivação. Os adjetivos portugueses tristíssimo para triste, facílimo para fácil e, nigérrimo para negro, que as gramáticas costumam de�nir como processo de �exão de grau, não apresentam um mecanismo obrigatório, coerente e exaustivo e de termos exclusivos entre si. Do mesmo modo os graus aumentativo e diminutivo para os substantivos não podem ser considerados uma categoria gramatical como o são, por exemplo, as categorias de gênero e número. Fonte: ElasticComputeFarm por Pixabay "“Tanto o diminutivo quanto o aumentativo, em sua função central de indicar uma dimensão menor ou maior daquilo que é considerado implicitamente como um padrão normal, apresentam também uma função de expressar uma atitude emocional do falante [...] o tamanho de um ser que pode ser expresso de maneira neutra pela aposição de adjetivos como ‘grande’ ou ‘pequeno’, passa a ser expresso de uma maneira subjetiva [...]”" - Basílio (1991:84). javascript:void(0); Exemplo (a) João comprou um apartamento grande. (b) João comprou um apartamentão. A �exão verbal A �exão verbal indica noções gramaticais e semânticas diversas, como por exemplo, tempo, modo, pessoa, número e aspecto. No que tange ao seu aspecto formal, resumidamente, temos: PALAVRA fal a va m CLASSIFICAÇÃO RAIZ VOGAL TEMÁTICA DESINÊNCIA MODO TEMPORAL DESINÊNCIA NÚMERO PESSOAL FUNÇÃO elemento que é a base do significado elemento que enquadra o radical em uma classe (verbo ou substantivo, por exemplo) elemento que indica o modo e tempo do verbo elemento que indica o número (plural) e a pessoa (3ª) do verbo Vejam que todos os morfemas �exionais do nosso exemplo estão expressos por uma necessidade gramatical, o que comprova o caráter �exional dos verbos. Resumidamente, temos: TEMA (RADICAL + VOGAL TEMÁTICA) + DESINÊNCIAS FLEXIONAIS (DMT + DNP) Entretanto, qualquer elemento dessa fórmula, exceto o radical, pode faltar ou sofrer variações formais, a não ser por casos de alomor�a, como pode ocorrer no caso dos verbos irregulares. Não vamos nos alongar no que diz respeito a esses morfemas formadores dos verbos, pois já os estudamos nas duas aulas anteriores a essa, as aulas 3 e 4. Vamos, por conseguinte, tratar de algumas considerações relevantes a respeito do comportamento �exional dos verbos. Henriques (2007:32-34) mostra-nos uma oposição formal entre a 1ª conjugação, marcada pela vogal temática – A, e a 2ª e 3ª conjugações, com VT – E e – I. Tal noção nos parece coerente, uma vez que temos CANTAVA – VENDIA – PARTIA, por exemplo. As três formas verbais estão no pretérito imperfeito do modo indicativo, na primeira pessoa do singular e a DMT é a mesma em VENDIA e em PARTIA. O mesmo ocorre com todas as outras pessoas destes verbos nesse mesmo tempo, bem como no pretérito perfeito, no futuro do presente etc. A �exão verbal nos oferece um modelo razoavelmente regular, no que tange às estruturas paradigmáticas dos verbos. Isso, segundo Henriques (2007:39), possui �nalidades práticas que são: 1 Formatar todos os verbos da língua portuguesa conforme sua conjugação, substituindo-se apenas o radical de um pelo radical de outro; 2 Identi�car qualquer irregularidade existente na �exão de um verbo, esteja ela na mudança do radical no in�nitivo (soub- emos), no apagamento de uma desinência (coube-Ø), no reaparecimento de uma vogal temática (sa-i-am), na mudança do timbre da vogal temática (�z-e-sse), no deslocamento da sílaba tônica (est-ou). Saiba mais Veja o paradigma para a conjugação dos verbos regulares em Português. Verbos Irregulares São aqueles que não obedecem ao paradigma dos chamados verbos regulares. Dessa forma, teríamos: VERBOS TERMINADOS EM – EAR Clique nos botões para ver as informações. Verbos em –EAR - Os verbos terminados em -ear, como passear, recear, cear, etc. sofrem o acréscimo de um i no radical das formas rizotônicas, isto é, nesses verbos se intercala um i entre o radical e a desinência quando o acento cai no e, o que se dá nas três primeiras pessoas do singular e na 38 pessoa do plural do presente do indicativo e do subjuntivo, e na 28 pessoa do singular do imperativo: PASSEAR: 1° conjugação: javascript:void(0); VERBO CABER: 2° conjugação: VERBO ABOLIR Esse verbo é defectivo nas formas em que ao L do radical seguiria a ou o, o que ocorre apenas no presente do indicativo e seus derivados. Assim também são conjugados os verbos: banir, brandir, carpir, colorir, comedir-se, delir, demolir, extorquir, esculpir, delinquir etc. 3° conjugação: Notas O que é a�xo? Bechara (2000:339), “Pre�xos e a�xos recebem o nome de a�xos; são pre�xos os a�xos que se antepõem ao radical e su�xos os que se lhe pospõem.” Azeredo (2010:449) advoga que “A derivação padrão se faz por meio de a�xos (pre�xos e su�xos), ao passo que a �exão padrão é expressa por meio de desinências.” Já Castilho (2010:664) considera o processo a que chama de a�xação como “Processo das línguas �exivas em que sílabas curtas (=a�xos) se agregam a uma raiz, formando o radical. Os a�xos mais importantes são os pre�xos (…) e os su�xos(…).” vogais temáticas No que diz respeito à vogal temática, podemos ter, para os nomes, -a, -e, ou –o, como em: criançA, mestrE e medO, respectivamente. Entretanto, não podemos a�rmar que só temos nomes terminados por essas vogais, uma vez que podemos ter nomes atemáticos, ou seja, palavras terminadas por consoantes ou por vogais tônicas, como em jiló, urubu, protetor, freguês etc. A presença da vogal temática não é su�ciente para marcar um nome. Azeredo (2009:71) a�rma que “existem vogais temáticas nominais, que enquadram substantivos, adjetivos e pronomes em três classes temáticas”. Entretanto, segundo o autor, “Nomes terminados em vogal tônica e em consoante não apresentam vogal temática, por isso se chamam atemáticos. ” Outra noção importante de Azeredo é a de que a vogal temática é um morfema gramatical que se junta ao radical para enquadrar a palavra numa classe formal. Todavia, uma vez que a vogal temática não é su�ciente para dar a classe de uma palavra, podemos a�rmar que essas vogais podem enquadrar as palavras na classe geral dos nomes. Henriques Outro ponto importante diz respeito a palavras que são atemáticas no singular, por razões fonológicas, mas receber de volta a vogal temática no plural oi ainda tê-la novamente suprimida pelas mesmas razões fonológicas. É o caso de palavras terminadas em l, r, s e z, como em: ANIMAL – ANIMALES – ANIMAIS MAR – MARES FREGUÊS – FREGUESES PAZ – PAZES Koch e Silva • a de certos nomes em que a forma de plural refere-se a um conceito linguisticamente indecomponível, como em óculos, núpcias, algemas etc. Assim como na �exão em gênero, o número possui a forma do singular não marcada (morfema zero) e a forma do plural marcada pela desinência de gênero –s que está assim presente em nomes terminados no singular em: a) Vogais – porta – portas; bolo – bolos etc. b) Ditongos orais: céu – céus etc. c) Ditongos nasais átonos e alguns tônicos: benção – bênçãos; irmão – irmãos. Essa seria a regra geral do plural em Português. Todavia, temos casos de alomor�a, por conta da complexidade nesse tipo de �exão no que tange às mudanças morfofonêmicas que podem ocorrer. Assim ocorre com nomes terminados em –r, z- e –n, precedidos de vogal tônica, que formam o plural com o acréscimo do alomorfe –es, como em país – países; radar – radares; vez – vezes. Entretanto, há outros casos de alomor�a, a saber: • Nomes terminados em –l, precedidos de vogal diferente de –i – plural em –is: coronel – coronéis; caracol – caracóis; azul – azuis. • Nomes terminados em –l precedidos de vogal –i, a mudança morfofonêmica irá depender da tonicidade da vogal. Se tônica, haverá crase, como em ANIL – ANIIS – ANIS. Se átona, há regressão de I para E, como em FÓSSIL – FÓSSIIS – FÓSSEIS. • Nomes terminados em X e S, precedidos de vogal átona – a oposição singular X plural só é veri�cada pelo contexto:O/OS TÓRAX; A/AS CÚTIS. • Nomes cuja vogal média tônica é o O fechado. Além do acréscimo de –S, troca-se o fonema fechado pelo aberto, como em ESFORÇO – ESFORÇOS; CORPO – CORPOS. São os chamados plurais metafônicos. Koch e Silva (2005:53-54) revela-nos ainda que: “A simplicidade estrutural na descrição de número só é até certo ponto perturbada pela possibilidade de variação, sem nenhum condicionamento fonético, dos vocábulos terminados em –ão. Certo número deles forma o plural com o acréscimo do morfema –s (todos os paroxítonos e um número pequeno de oxítonos: sótão-sótãos, cristão-cristãos); a maioria (nesse grupo incluem-se os aumentativos), além do acréscimo o –s, apresenta alternância da vogal e da semivogal (balão – balões; ladrão - ladrões; valentão – valentões); e, �nalmente, um número reduzido apresenta, além do –s, uma alternância da semivogal (alemão – alemães; capelão – capelães).” Câmara Jr É o caso das palavras como SIMPLES e OURIVES, em que o plural só é estabelecido mediante a concordância com algum outro elemento, vejamos: FLOR SIMPLES x FLORES SIMPLES OURIVES PERITO x OURIVES PERITOS Observe -mente, -ense, -íssimo: formam palavras, enriquecem o léxico, possibilitam o indivíduo a escolha de uma forma vocabular. Esses elementos não têm a mesma função na língua portuguesa que elementos como –s. -a ou –va (categorizadores de número e gênero dos nomes e de tempo e aspecto e modo nos verbos. Indicam modalidades especí�cas das palavras, são elementos de caracterização exclusiva (ex: singular/plural). Em relação à �exão de grau, tem-se que o substantivo pode apresentar três graus: normal, diminutivo, e aumentativo. Em relação ao par diminutivo/aumentativo há duas possibilidades de formação – a adjunção de su�xos (processo morfológico) ou o emprego de determinantes que modi�quem o conteúdo semântico com o acréscimo das noções de grandeza ou pequenez (processo sintático) Referências AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. Publifolha Houaiss, SP, 2008. BASILIO, Margarida. Teoria lexical. 7. ed. São Paulo: Ática, 2000.CAMARA Jr. J.M. Estrutura da Língua Portuguesa. Petrópolis, RJ: Vozes, 1982. CARONE, Flávia. de Barros. Morfossintaxe. 9. ed. São Paulo: Ática, 2000.KEHDI, Valter. Formação de palavras em português. 4.ed. São Paulo: Ática, 2007. RIBEIRO, M.P. Gramática Aplicada da Língua Portuguesa: uma comunicação interativa., RJ: Metáfora, 2005.ROSA, Maria Carlota. Introdução à morfologia. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2003. VILELA, Mario; KOCH, Ingedore Villaça. Gramática da língua portuguesa. Coimbra: Almedina, 2001. Próxima aula Você ampliará seus conhecimentos acerca da noção dos processos de formação de palavras tal como nas gramáticas normativas em geral. Veremos a diferença entre os processos de derivação e composição, bem como os outros processos que formam palavras em nossa língua. Explore mais Pesquise na internet, sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem.
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