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Soniely Melo INFECÇÕES: SÍFILIS, HIV E TOXOPLASMOSE NA GESTAÇÃO Sífilis na gestação Doença infecciosa sistêmica, causada pelo Treponema pallidum. Visualizado por microscopia de campo escuro. Transmissão sexual, sanguínea e vertical. Quanto mais recente a infecção materna, maior é o risco de comprometimento fetal. CLASSIFICAÇÃO de acordo com o tempo de infecção: Recente (até 1 ano de infecção) Tardia (>1 ano da infecção) • Primária • Secundária • Latente recente • Latente tardia/ Duração ignorada • Sífilis terciária Sífilis primária: • Cancro duro • Lesão genital ulcerada, única, indolor, de fundo limpo e rica em treponemas, de bordas endurecidas. • Dura cerca de 2 a 6 semanas e desaparece espontaneamente. • Pode ter linfonodomegalia associada. Sífilis secundária (roséola sifilítica): • Infecção sistêmica e disseminada • Surge 4 a 8 semanas após o aparecimento do cancro duro. • Exantema maculopapular róseo, que acomete tronco e membros, regiões palmar e plantar. • Rash cutâneo desaparece espontaneamente entre 2 a 6 semanas. • Sintomas gerais: febre, cefaleia, calafrios, fadiga, faringite, adenopatia, perda de peso, artralgia. • Lesões hipertróficas em genitália e regiões de dobras – condiloma lata ou condiloma plano, alopecia de couro cabeludo e sobrancelhas. Sífilis latente recente: • Ausência de clinica ainda dentro do 1° ano da doença; • Maior transmissibilidade no primeiro ano de evolução. Sífilis latente tardia: • Não há clínica! • Mais de 1 anos de evolução da infecção. Sífilis terciária: • Acomete sistema nervoso e cardiovascular • Gomas sifilíticas Complicações – sífilis na gestação: • Abortamento espontâneo à morte perinatal; • Sífilis congênita -Precoce: • Surge até o 2° ano de vida • 50% assintomáticas; • Hepatomegalia, rinite serosanguinolenta, metafisite, pênfigo palmo-plantar. -Tardia: • Surge após o 2° ano de vida • Tíbia em sabre, palato em ogiva, hidrocefalia, fronte olímpica, retardo mental, nariz em sela, sinal de higoumenakis, dentes de Hutchinson. Triagem sorológica – Sífilis: • Testes treponêmico: Os primeiros a se tornarem reagentes; Permanecem reagentes mesmo após o tratamento. Não são indicados para monitoramento terapêutico. • Testes não treponêmico: Soniely Melo Diagnóstico e monitoramento da resposta ao tratamento; Resposta adequada ao tratamento = queda dos títulos de VDRL em 4x (2 titulações). Diagnóstico – Sífilis: Teste não treponêmico (VDRL) + Teste treponêmico (FTA-ABS) reagentes *o Teste Rápido é um teste treponêmico. VDRL deve ser solicitado na primeira consulta e repetido no terceiro trimestre (entre 28 e 32 semanas). Falso-positivo do VDRL: tuberculose, LES. Cicatrização sorológica: titulação persistentemente baixa até a diluição 1:4, por mais de 2 anos após o tratamento. Tratamento – Sífilis: Toda gestante com apenas um teste reagente, treponêmico ou não, deve iniciar o tratamento para sífilis sem aguardar o resultado do segundo teste. PENICILINA é a única droga comprovadamente capaz de tratar a mãe e o feto. Se gestante, alérgica, está indica a dessensibilização da paciente em ambiente hospitalar. Critérios para considerar o tratamento adequado: Se a paciente preencher critérios de retratamento, recomenda-se investigar neurosífilis por meio da punção lombar e retratamento com 3 doses de penicilina benzatina 2,4 milhões de UI, IM (01x/semana durante 3 semanas). As parcerias sexuais da gestante com exames positivos devem receber tratamento. Após o parto, é recomendada a analise histopatológica da placenta em gestante com exames positivos. HIV Transmissão: Ocorre por via transplacentária a partir da 8ª semana de gestação ou no parto por contato direto do RN com sangue ou secreção vaginal materna. Fatores de risco p/ transmissão: carga viral elevada, a ruptura prolongada das membranas amnióticas e o leite materno. A maioria dos casos a transmissão vertical ocorre durante o trabalho de parto e no parto – 75%. O uso de terapia antirretroviral (TARV) combinada é capaz de reduzir significativamente a carga viral plasmática do HIV para níveis indetectáveis. Rastreio da infecção por HIV: anticorpos anti- HIV-1 e anti-HIV-2 (ELISA) no 1° e 3° trimestre e na admissão na maternidade (teste rápido). Aquelas com rastreamento positivo serão submetidas ao teste confirmatório com os testes específicos que detectam o antígeno viral – WESTERN BLOT/ IMUNOBLOT e/ou testes moleculares que quantifica, a carga viral. Soniely Melo Teste de rastreamento e confirmatório + = amostra positiva para HIV -> faz 2ª coleta de sangue para descartar possível troca de amostras. Se discrepância entre teste de rastreamento e confirmatório = amostra indeterminada para HIV -> colher em 30 dias nova amostra para sorologia + carga viral. Teste de carga viral do HIV está indicada após a confirmação da infecção. Dosagem da carga viral de HIV na gestação: • Na 1ª consulta do pré-natal, p/ estabelecer a magnitude da viremia. • 2-4 semanas após a introdução da TARV, para avaliar a resposta ao tratamento. • A partir da 34ª semana para definir a via de parto. Dosagem dos linfócitos TCD4+ na gestação: • Na 1ª consulta pré-natal, p/ estabelecer a viremia. • A cada 3 meses, para avaliar a resposta ao tratamento. • Na 34ª semana, p/ indicação da via de parto. Teste de genotipagem: indicado para TODAS as gestantes, para direcionar a melhor opção terapêutica. O inicio do tratamento não deve ser retardado pela espera do resultado desse exame. Toda gestante deve ser questionada sobre tosse, febre, emagrecimento e/ou sudorese noturna -> se qualquer um dos sintomas presente, investigar tuberculose. • 03 amostras de escarro para realização do teste rápido da TB. • Prova tuberculínica (PT ou PPD): diagnóstico de infecção latente e marcador de risco para TB ativa; deve ser realizada em todas as pcts assintomáticas e sem diagnóstico prévio. Tratamento – HIV na gestação: A TARV muda morbidade e mortalidade. A TARV está indicada para toda gestante infectada pelo HIV. Gestante já em uso de ARV: Gestante que nunca usou ARV: Soniely Melo Dolutegravir: não é recomendado para início de terapia no primeiro trimestre porque interfere na formação do tubo neural. Interação com anticonvulsivantes (oxicarbamazepina). Vacinas indicadas para gestante vivendo com HIV: Evitar vacinação no ultimo mês de gestação. Parto – gestante HIV: A via de parto é determinada pela carga viral da paciente na 34ª semana de gestação. Ruptura de membranas (estourou a bolsa): Aumenta o risco de transmissão vertical. • Se IG < 34semanas = medida semiconservadora: - corticoterapia para aceleração da maturidade pulmonar fetal. - antibioticoterapia (penicilina g cristalina; ampicilina; clindamicina) para profilaxia contra estreptococo do grupo b. - hiperidratação, se oligoâmnio. • Se IG > 34 sem.: - resolução da gestação + infusão endovenosa de AZT. Colo do útero favorável e gestante em uso de TARV, com carga viral indetectável e apresentação cefálica, a via de parto pode ser vaginal. • Se trabalho de parto prematuro com bolsa íntegra: - associar AZT IV materno à inibição medicamentosa do parto, que deve ser mantido enquanto a paciente apresentar dinâmica uterina e suspenso caso a inibição do trabalho de parto seja bem-sucedida. - corticoterapia para maturidade pulmonar fetal. - profilaxia contra sepse neonatal pelo estreptococo do grupo B igual as recomendadas para gestantes sem HIV. Puerpério – mãe HIV: Suspensão do aleitamento materno. Inibição da lactação deve ser realizada imediatamente após o parto, utilizando-se cabergolina1mg via oral, em dose única. TOXOPLASMOSE NA GESTAÇÃO Causada pelo Toxoplasma gondii. Contaminação: por via oral, seja por consumo de alimentos, água, terra e lixo contendo oócitos contaminados com fezes de felinos ou através do consumo de carnes cruas ou malpassadas de hospedeiros intermediários que contenham bradizoítos. Transmissão vertical. Diagnóstico – toxoplasmose: Soniely Melo Sorologias IgM e IgG devem ser solicitadas para todas as gestantes na primeira consulta pré- natal. ➢ IGG E IGM NEGATIVOS: GESTANTE SUSCEPTÍVEL Orientar quanto as medidas higiênicas e dietéticas para evitar contaminação. ➢ IGG POSITIVO E IGM NEGATIVO: PCT IMUNE Rastreio concluído, e sorologia não é repetida. ➢ IGM POSITIVO E IGG NEGATIVO: INFECÇÃO AGUDA ou FALSO- POSITIVO Para diferenciar um quadro do outro, sugere-se a coleta de IgA e, caso positivo, confirma-se a infecção aguda há menos de 4 meses. Se for negativo, é provável falso-positivo. Profilaxia de infecção fetal: espiramicina 1g, via oral, 8/8h. Se a dosagem de IGA não estiver disponível, inicia-se a profilaxia de infecção fetal e repete sorologia IGG em 3 semanas. ➢ IGG E IGM POSITIVOS: INFECÇÃO AGUDA OU ANTIGA IGM pode permanecer positivo por mais de um ano. Para diferenciar, realiza-se o TESTE DE AVIDEZ DO IGG, que avalia a força de ligação antígeno-anticorpo. Baixa avidez (<30%) sugere infecção recente, há menos de 4 meses. Alta avidez (>60%) sugere infecção antiga, há mais de 4 meses. Profilaxia de infecção fetal com espiramicina: • Pacientes >16 semanas, pois o teste de avidez não garantirá que a infecção ocorreu antes da gestação. • Pacientes com menos de 16 semanas e teste de avidez baixa. • Valores intermediários de avidez são inconclusivos e por isso considerados infecção recente. • Soroconversão em paciente previamente suscetível. O risco de transmissão no inicio da gestação é MENOR, porém MAIS GRAVE. Diagnóstico de infecção fetal: Padrão-ouro: confirmação do DNA do parasita pela reação em cadeia da polimerase no líquido amniótico, obtido através de amniocentese, de 17 a 32 semanas. Tríade clássica da toxoplasmose congênita: • Coriorretinite • Calcificações intracranianas • Hidrocefalia USG mensal nas gestantes com toxoplasmose aguda em busca de complicações fetais, embora o exame normal não afaste a infecção congênita. Tratamento – toxoplasmose: Ocorrida a Soroconversão materna ou a suspeita de infecção recente pelo parasita, inicia-se imediatamente a espiramicina (1g, via oral, de 8/8h) independentemente da confirmação de infecção fetal. Se pesquisa do DNA do parasita no liquido amniótico for negativa, está indicada a manutenção da espiramicina até o fim da gestação e acompanhamento ultrassonográfico mensal. Se pesquisa do DNA do parasita for positivo, esquema tríplice deve ser iniciado após 15 semanas: • Sulfadiazina 500mg, 2cp VO a cada 8h. • Pirimetamina 25mg. 1cp VO a cada 12h. • Ácido folínico 15mg, 1cp VO ao dia. Controle hematológico com hemograma a cada duas semanas, por risco de mielotoxicidade pela pirimetamina.
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