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Fisiologia Renal: FILTRAÇÃO Profa Daiane da Rocha Janner Lab Neurogênese- sala G2-004/019 Departamento de Fisiologia Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho Universidade Federal do Rio de Janeiro drjanner@biof.ufrj.br OBJETIVO Descrever a filtração glomerular e seus mecanismos de regulação. ROTEIRO: -Diferenciar Filtração, Secreção e Excreção -Onde ocorre a Filtração -Como se dá a Filtração -Fatores que determinam a regulação da filtração -Fluxo sanguíneo renal e suas funções -Fluxo sanguíneo renal e regulação -Modificações das taxas de filtração -Avaliação da função renal -Efeitos do Exercício sobre a filtração renal PROCESSOS ENVOLVIDOS NA FORMAÇÃO DA URINA FILTRAÇÃO: movimento passivo do ultrafiltrado plasmático dos capilares para o espaço de Bowman. Reabsorção: transporte de substâncias do filtrado do lúmen do túbulo de volta para o sangue Via capilares peritubulares Secreção: remoção seletiva de moléculas do sangue adicionando ao filtrado no lúmen do túbulo, processo mais seletivo, pois utiliza proteínas de membrana . PROCESSOS ENVOLVIDOS NA FORMAÇÃO DA URINA -Fração de filtração: porcentagem do volume total do plasma que é filtrada; -A quantidade e a composição das substâncias reabsorvidas e secretadas variam nos Diferentes segmentos do néfron; -O filtrado remanescente após modificações é o que participará da formação da urina O Corpúsculo Renal: Glomérulo e cápsula glomerular ou cápsula de Bowman Silverthorn, 2010. Onde ocorre o processo de filtração renal? A Filtração Glomerular • Filtração depende do tamanho , peso e da carga da molécula • Para qualquer tamanho , moléculas carregadas negativamente são menos filtradas • Substâncias filtradas podem: -não ser reabsorvidas (resíduos do metabolismo) - parcialmente reabsorvidas (eletrólitos) -completamente reabsorvidas (glicose,aminoácidos). Ultrafiltrado glomerular – 125 ml/min ou 180 L/dia •Determinantes: Permeabilidade dos capilares glomerulares Área de superfície para filtração Pressão Arterial: trabalho cardíaco Tônus das arteríolas renais Composição do Ultrafiltrado: Líquido filtrado do sangue, semelhante ao líquido intersticial. Contém água e todos os pequenos solutos do sangue. – Praticamente não contém proteínas, nem células sanguíneas. • Ultrafiltrado: 0,03% de proteínas • Sangue: 7% de proteínas (+ 200x) Permeabilidade dos capilares glomerulares : O que determina a composição do ultrafiltrado? BARREIRA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR Que estruturas formam a barreira de filtração glomerular Capilar fenestrado Membrana basal Epitélio da Cápsula de Bowman: Pedicelos dos Podócitos Que estruturas formam a barreira de filtração glomerular Células mesangiais: ao redor dos papilares; propriedades contráteis ( podem alterar o fluxo de sangue no local ) suporte estrutural secreção da matriz extracelular Prostaglandinas e citocinas Que estruturas formam a barreira de filtração glomerular Micrografia eletrônica, vista da superfície interna do capilar glomerular (lado do sangue) Que estruturas formam a barreira de filtração glomerular Micrografia eletrônica de varredura de podócitos (laranja) cobrindo o capilar subjacente. Do corpo celulas (CB), surgem processos principais (MP), dos quais surgem processos secundários (SP), que culminam nos processo de pé (FP). (Vista do espaço de Bowman). Que estruturas formam a barreira de filtração glomerular Actin-associated Proteins in the Pathogenesis of Podocyte Injury Article · Nov 2013 · Current Genomics Estrutura Molecular da Barreira de Filtração Figura extraída, enquanto disponível, de: http://trc.ucdavis.edu/mjguinan/apc100/modules/Urinary/mammal/vasc1/vasc3.html Membrana basal endotelial Fenestras endoteliais Fendas de filtração Pedicélios dos podócitos (Cápsula de Bowman) Características da membrana de filtração Peneira molecular: • tamanho • peso molecular • carga elétrica Permeabilidade seletiva para proteínas Pedicélios MB Fenestras Fendas entre: 1,8 nm (7.000 d) e 4,4 nm (70.000 d) depende da carga: ânions são pobremente filtrados Permeabilidade seletiva para proteínas Do total de proteínas plasmáticas, < que 0,1% é filtrado. Barreira de Filtração Glomerular • Endotélio: Camada de células endotelias com poros de 70-100nm de diâmetro chamados de fenestras. – Livremente permeável à água e pequenos solutos (sódio, uréia e glicose) e até pequenas proteínas; – Não é permeável a hemácias, leucócitos e plaquetas; – Glicoproteínas (carregadas negativamente) • Membrana Basal: formada por 3 lâminas (lâmina rara interna, lâmina densa e lâmina rara externa ). - Glicoproteínas, proteoglicanps carregadas negativamente; – Importante barreira para a filtração de proteínas plasmáticas • Processos podais (pedicelos dos podócitos): Células especializadas chamadas podócitos que se prendem a membrana basal formando poros de 25-60nm de diâmetro. – Importante barreira para a filtração graças as dimensões pequenas. – Glicoproteínas carregadas negativamente; O que governa a filtração glomerular? • Características da barreira de filtração glomerular • Forças de Starling Forças de Starling PCG - PEB - πCG PUF = PUF = Pressão de ultrafiltração PCG = Pressão hidrostática no capilar glomerular PEB = Pressão hidrostática no espaço de Bowman πCG = Pressão oncótica no capilar glomerular πCG = Pressão oncótica no espaço de Bowman Forças de Frank-Starling • TFG = Kf [(Pcg – Peb) – (cg - eb)] • Onde: TFG: taxa de filtração glomerular Kf = coeficiente de ultra-filtração Pcg = pressão hidrostática no capilar glomerular Pcb = pressão hidrostática no espaço de Bowman cg = pressão oncótica no capilar glomerular eb = pressão oncótica no espaço de Bowman Forças de Starling Permeabilidade seletiva (kf) : constante de permeabilidade (características da membrana de filtração) Pressão efetiva de filtração (PEF) (diferença entre as pressões no glomérulo e no espaço na cápsula de Bowman) TFG= kf x PEF Quais os fatores interferem na taxa de filtração glomerular? - Coeficiente de filtração: área de superfície disponível e a permeabilidade da barreira filtração Valores dos fatores determinantes da Filtração Glomerular: TF. G. = kf x PEF constante de permeabilidade 12,5 ml / min x mmHg Pressão efetiva de filtração 10 mmHg x Taxa de Filtração Glomerular (TFG): 125 ml/min Forças de Starling Antes de tudo é preciso saber... • Como o sangue chega nos capilares glomerulares (anatomicamente); • Como ocorre a regulação do fluxo sanguíneo renal; • Como ocorre a auto-regulação do fluxo sanguíneo renal. Entender os tópicos acima é importante por que o fluxo sanguíneo renal tem direta relação com a filtração glomerular!!! Fluxo sanguíneo renal Rins recebem cerca de 20-25% do débito cardíaco Débito cardíaco de 5 L/min (100%) -> FSR de 1,25 L/min ou 1800 L/dia. É muito ou pouco Sangue? Vasos sanguíneos renais Funções do Fluxo Sanguíneo Renal -Determinar a TFG -Modificar a intensidade da reabsorção de solutos e de água pelo túbulo proximal -participar da concentração e diluição da urina -fornecer suprimento O2, nutrientes e hormônios -Devolver à circulação os solutos e líquido reabsorvidos -Transportar substratos que serão excretados na urina SISTEMA PORTA RENAL: primeiro filtrar o líquido para fora do sangue e para dentro do lúmen do néfron nos capilares glomerulares e depois reabsover liquido e solutos de volta para o sangue nos capilares peritubulares. • FSR é diretamente proporcional ao gradiente de pressão entre as artéria e as veias renais Regulação do fluxo sanguíneorenal • FSR é inversamente proporcional a resistência dos vasos renais (arteríolas) O FLUXO SANGUINEO RENAL (FSR) - FSR= Pressão aórtica- Pressão venosa renal - 25% do Débito Cardíaco: cerca de 1,25 L/min Resistência vascular renal -Vasos de maior resistência do sistema renal: arteríolas aferentes e eferentes -Ajustes na resistência vascular em respostas a mudanças de pressão arterial Manter FSR e TFG constante com mudanças da pressão arterial - FSR X meio interno Regulação do fluxo sanguíneo renal Regulação do fluxo sanguíneo renal e TFG TFG é regulado por alterações na resistência arteriolar e na pressão arteriolar renal, bem como alterações no coeficiente de filtração (área de filtração e permeabilidade da barreira). Pressão de fluido no espaço de Bowmann Pressão arterial renal Resistência na arteríola aferente Resistência na arteríola eferente Pressão hidrostática TFG TFG Pressão oncótica TFG Berne et al, 2004. Regulação do fluxo sanguíneo renal • Sistema nervoso simpático - Inerva tanto a arteríola aferente quanto a eferente (vasoconstrição); - Sendo mais sensível na arteríola aferente. - Glomérulos e túbulos renais • Angiotensina II - Potente vasoconstritor das arteríolas aferentes e eferentes (vasoconstrição); - Sendo mais sensível na arteríola eferente. • Prostaglandinas (E2 e I2) - Produzidas localmente no rim, - Vasodilatadoras das arteríolas aferentes e eferentes . CONTROLE HORMONAL E AUTACÓIDE DA CIRCULAÇÃO RENAL Autacóides – substâncias vasoativas produzidas pelos rins e que agem localmente Guyton & Hall, 2011 Regulação do fluxo sanguíneo renal Vasoconstritores MODIFICAÇÕES DA TFG Causas das modificações: PHG: • Pressão arterial, pressões nas arteríolas (controle fisiológico); PHC: • Obstrução no túbulo ou no sistema urinário; PC: • Concentração de proteínas no plasma. Variações no Kf: Variações na permeabilidade dos capilares e na área superfície de filtração Guyton & Hall, 2011 MODIFICAÇÕES DA TFG Regulação do Fluxo sanguíneo renal e da taxa de filtração glomerular Silverthorn, 2010 Ex. aumento na PA de 100 a 125mmHg e aumento de 25% na TFG (de 180l/dia para 225 l/dia) o fluxo de urina seria mais de 40 litros (normal 1,5 l). DEPLEÇÃO VOLUME PLASMÁTICO TOTAL!!! Porém : Taxa de filtração glomerular e o fluxo sanguíneo renal são mantidos constantes Autoregulação renal da TFG na variação da PA Fluxo urinário ø UR (ml/min) Influência de mecanismos extrínsecos: SP e ANGII Auto-regulação da TFG e FSR Mecanismo Miogênico – sensível à PA ( PA → resistência arteríola aferente) Feedback Tubuloglomerular – sensível à concentração de NaCl no fluido tubular- aparelho justaglomerular Regulam tônus da arteríola aferente Como a taxa de filtração glomerular e o fluxo sanguíneo renal são mantidos dentro de valores constantes? → capacidade intrínseca (local) do rim de manter o FSR constante, apesar de variações na pressão de perfusão renal, através de variações na resistência das arteríolas * Proteger as barreiras de filtração frente à flutuações de pressão arterial Aumentando a PA (ex: no exercício) na artéria renal deveria aumentar a excreção de volume (TFG) pelo aumento da P hidrostática dos capilares mas isso não acontece porque ocorre uma vasoconstrição da arteríola aferente como resposta ao aumento da PA, diminuindo o fluxo para o glomérulo e mantendo a TFG normal Arteríola aferente (constrição) EXERCÍCIO Auto-regulação renal Mecanismo miogênico -Estiramento do músculo liso produz: Abertura de canais iônicos mecanossensíveis Despolarização Influxo de cálcio : contração APARELHO JUSTAGLOMERULAR Auto-regulação renalMecanismo Feedback Tubuloglomerular Aparelho Justaglomerular :influência na pressão e Fluxo sangue (modificações do ritmo de filtração e liberação de renina) Mácula Densa: final segmento espesso ascendente e TCD (sensores): são quimiorreceptores que respondem a modificações na quantidade de NaCl no filtrado. Células Justaglomerulares: fibras musculares lisas secretoras de RENINA Células mesangiais extraglomerulares: localizadas fora dos glomérulos entre as arteríolas Auto-regulação renal :Mecanismo Feedback Tubuloglomerular Resposta da mácula densa ao conteúdo de Na Aumento no aporte de Na para a mácula densa - células incham - iniciam a resposta parácrina. Feedback Tubuloglomerular ↑ PA = aumento no aporte de Na para a mácula densa resposta parácrina que causa vasoconstrição da Arteríola Aferente - manutenção da TFG. Auto-regulação renal :Mecanismo Feedback Tubuloglomerular Silverthorn, 2010 Auto-regulação renal :Mecanismo Feedback Tubuloglomerular ↑ P.A. Auto-regulação renal :Mecanismo Feedback Tubuloglomerular Silverthorn, 2010 Mecanismo Feedback Tubuloglomerular: Participação Na modulação da Pressão Arterial Mecanismo Feedback Tubuloglomerular: Participação Na modulação da Pressão Arterial Por que a pressão osmótica do plasma nas arteríolas eferentes é maior que nas Arteríolas aferentes? Se a pressão sanguínea sistêmica permanece constante, mas a arteríolas aferente de um néfron sofre vasconstrição, o que acontece ao FSR e à TFG? Uma pessoa com cirrose do fígado tem níveis abaixo do normal de proteínas plasmáticas e, consequentemente, uma TFG acima do normal. Por quê? Se ocorre reabsorção resultante para dentro do capilar peritubular, então a pressão hidrostática capilar deve ser maior, menor ou igual a pressão coloidosmótica capilar? Por que a presença de proteínas na urina pode estar relacionado com doenças glomerulares? VAMOS PENSAR....... Por que a presença de proteínas (proteinúria) e de hemácias (hematúria) na urina pode estar relacionado com doenças glomerulares ou nefrites? Glomerulonefrite e Síndrome nefrótica: Alteração da permeabilidade da membrana de filtração Permite a filtração de células sanguíneas e proteínas plasmáticas Normal: superior a 3 anos, é de 6 a 8 g/dL no sangue; albumina (3 a 5 g/dL) frio intenso, calor, febre alta, atividade física intensa ou estresse; CASOS DE PROTEINÚRIA TRANSITÓRIA: Mensuração da TFG como função renal Taxa de filtração glomerular (TFG) Soma da TF (todos os néfrons funcionais) É um índice da função dos rins Como mensurá-la? * Inulina * Creatinina • Precisa ser livremente filtrada • Uma vez filtrada, sua quantidade no túbulo não deve ser alterada por reabsorção ou por secreção • Não deve ser metabolizada nos rins • Não deve interferir na função renal Depuração Renal Volume de plasma que é depurado de certa substância por minuto. se uma substância é totalmente filtrada e não é reabsorvida ou secretada, sua depuração corresponde ao RFG. Mensuração da TFG como função renal • Depuração da creatinina endógena (DCE): produção constante e não é reabsorvida, somente secretada em pequena quantidade; depuração próxima da TFG. • O erro da secreção de Cre na urina é compensado pelo erro na quantificação da Cre no soro •Secretada no túbulo proximal •Erro de 10% introduzindo esse O componente secretor. Mensuração da TFG como função renal • TFG: • depuração da inulina: livremente filtrada, não é secretada nem reabsorvida. Depuração (quantidade de plasma necessário para remover toda inulina por unidade de tempo) é igual a TFG. FILTRAÇÃO RENAL NO EXERCÍCIO FÍSICO O exercício físico aumenta ou diminui o fluxo sanguíneo renal ? • Uma das consequências do aumento da atividade simpática é a síntese e liberação de catecolaminas (epinefrina e norepinefrina). • A norepinefrina quando liberada pelos nervos simpáticos leva a vasocontrição das arteríolas aferentes e eferentesdiminuindo o FSR. Efeitos do Exercício no FSR (RBF) e no Ritmo de Filtração Glomerular (RFG) Suzuki H. 1995. Exercise intensity and renal hemodynamics. Jpn J Nephrol 37: 534-542 This study investigated the effects of exercise intensity on renal hemodynamics. Three healthy male subjects underwent exercise tests on a bicycle ergometer at 7 different work loads for 15 min Efeitos do Exercício no FSR (RBF) e no Ritmo de Filtração Glomerular (RFG) Período de recuperação após o exercício: Aumento da Produção de urina (DIURESE INDUZIDA POR EXERCÍCIO A queda da filtração é menor que a queda do FSR Feedback tubuloglomerular Tenta manter a FG (ADH e ALDOSTERONA) Efeitos do Exercício no FSR (RBF) e no Ritmo de Filtração Glomerular (RFG) AUMENTO DOS NÍVEIS DE RENINA COM A INTENSIDADE DO EXERCÍCIO Efeitos do Exercício no FSR (RBF) e no Ritmo de Filtração Glomerular (RFG) Efeitos do Exercício no FSR (RBF) e no Ritmo de Filtração Glomerular (RFG) Como fica o fluxo sanguíneo renal durante o exercício? Qual o motivo? A taxa de filtração glomerular modifica-se nas mesmas proporções que o FSR durante o exercício? Qual o motivo? Por que a redução do volume urinário não ocorre nas mesma intensidade que o do FSR? Por que não há necessidade de urinar durante o exercício ? Por que há um aumento da RENINA à medida que aumenta a Intensidade do exercício? Efeitos do Exercício no FPR e RFG Normal : 0,05g/L (quantidade normal de proteína na urina) HEMATÚRIDA INDUZIDA PELO EXERCÍCIO Por que não se deve realizar exame de urina Após exercício físico ? Mecanismos renais de manipulação do plasma 180 litros de plasma são filtrados por dia Excreção diária (média): 1,5 litros de urina O quê acontece com os 178,5 litros filtrados por dia? RFG = 120 ml/min -DC : 5L/min ; Rins recebem 1440L/dia e filtram o volume inteiro do plasma 60x /dia: 180L filtrado!!! Se não ocorresse a reabsorção, ficaríamos sem plasma em menos de 1h!!! A Filtração Glomerular
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