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Manual de Homeopatia Veterinária

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manual de
Homeopatia
Veterinária
INDICAÇÕES CLÍNICAS E PATOLÓGICAS
Teoria E PRÁTICA
 
 
 4. 
manual de
Homeopatia
Veterinária
INDICAÇÕES CLÍNICAS E PATOLÓGICAS
TEORIA E PRÁTICA
Benez * Boericke
Cairo « Jacobs * Lathoud
Macleod * Tiefenthaler « Wolff
COORDENAÇÃO
SreLLa Maris BENEZ
Médica Veterinária pela Universidade de São Paulo - USP, em 1986.
Mestrado em Patologia Experimental e Comparada, desenvolvendo tese em Patologia de aves, junto ao
Depto. de Patologia e Farmacologia da Fac. de Med. Vet. e Zootec. da USP, 1992.
Professora de Homeopatia Veterinária no Curso de Homeopatia Veterinária - Especialização da Associa-
são Paulista de Homeopatia - APH, desde 1994.
Diretora do PRO-AVE: Clinica, Assistência Técnica e Patologia de Aves.
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 tecmede!
 
 
 
CIP - Brasil Catalogação na Publicação
Câmara Brasileira do Livro, SP.
. Copyright º 2004 - Teemedd Editora.
E proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob
quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação,
fotocópia,distribuição na wcb e Outros), sem permissão expressa da Editora.
PRODUÇÃO EDITORIAL
Direção Editorial Sistematização e Editoração
José Roberto M. Belmude SRA Produções Ltda.
Coordenação/Científica Capa
Stella Maris Benez José Roberto M.Belmude
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
 
Manual de homeopatia veterinária : indicações
Clínicas e patológicas : teoria e prática /
Benez... [et al.] ; coordenação Stella Maris
Benez. -- 2. ed. -- Ribeirão Preto, SP : Tecmeda,
2004.
Outros autores: Boericke, Cairo, Jacobs,
Lathoud, Macleod, Tiefenthaler, Wolff.
Bibliografia.
1. Homeopatia veterinária I. Benez. II.
Boericke. III. Cairo. IV. Jacobs. V. Lathoud.
VI. Macleod. VII. Tiefenthaler. VIII. Wol£f£.
IX. Benez, Stella Maris.
CDD-636.089606
NLM-WB 930 04-3183 
Índices para catálogo sistemático:
1. Homeopatia veterinária : Medicina
veterinária 636.089606 DEDICATÓRIA 
4
º É
= ISBN 85-8665304-7
s
a
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,
Reservado todosos direitos de publicação, em língua portuguesa, à:
ditonaaaadeco+ udio Martins Realeditora(Q)tecmedd.com º Prof. Dr. Clá
À feci É - Tel. 4 3
Primeiro Médigo Veterinário Homeopata do BrasilR É Centro Administrativo 1.16 993 9000
Precursor da Homeopatia Veterinária Populacional
Centro de Distribuição SP - 11 3662.4003 Mestre dá Homeopatia Veterinária Brasileira
 
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AGRADECIMENTOS
Ivan da Gama Teixeira
Farmacêutico Homeopata jaçãpela APH -— Associação Paulista de Ho i
a À meoPresidenta da ABFH — Associação Brasileira de Farmacêuticos pata,Homeopatas, e proprietário da Bella-F i áti
São José dos Comin rio arma Farmácia Homeopática de
Márcia Maria Xavier Resende Gol
Farmacêutica Homeopata formada pela APH — Associação Paulista de* Homeopatia, com Título de Especialização pela ABEH -— AssociaçãoBrasileira de Farmacêuticos Hom j
ira eopatas, e trabalho junto a Bella--Farmácia de Homeopatia de São José dos Campos . SP. ella-farmo
Maria Thereza Cera Galvão do Amaral
Médica Veterinária Homeopata formada e professora da APH -Paulista de Homeopatia. Tesoureira
Veterinária Homeopata Brasileira.
Associação
da AMVHB — Associação Médica
 
 
PREFÁCIO
- À Tecmedd Editora, atuante no segmento veterinário
com obras que foram coroadas de êxito, constatou que
deveríamos avançar em novos seguimentos da Medicina
Veterinária. Através do resultado de uma ampla e rigorosa
pesquisa mercadológica verificamos o interesse dos veterinári-
os com relação ao conhecimento de novas alternativas tera-
pêuticas, que tragam o tratamento através de recursos naturais
(orgânicos) e não químicos, para os animais atendidos no
campo e nos consultórios. Portanto, foi criado o Manual de
Homeopatia Veterinária - MHV uma obra pioneira no mer-
cado, que reúne vivência de vários autores expressando novos
ensinos para a Homeopatia na Medicina Veterinária. Busca-
mos, com nosso trabalho e dedicação, abrir caminhos para
Ciência da Saúde Humana e Veterinária.
Manual de Homeopatia Veterinária - MHV
A Medicina Veterinária é uma carreira em plena ascen-
são, principalmente no que diz respeito a melhoria da qualida-
de de vida e bem estar dos animais, e pôr conseguinte, a vida
do homem. A área veterinária que mais vem tomando força
no mercado nacional e internacional é a Pecuária Orgânica,
inclusa no processo de consolidação da Agropecuária Orgá-
nica, que busca a produção de alimentos de origem animal e
vegetal com caráter mais puro, produzidos em ambiente seleci- 
 
 
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onado, sem interferência química artificial. Uma das condi-
ções do Mercado Orgânico de Produtos de Origem Animal é
que toda e qualquer criação seja tratada e mantida com a
Homeopatia, como técnica terapêutica.
Os Animais de Estimação tem recebido atenção especial
da Homeopatia Veterinária, através de umatécnica terapêutica
de conceitos diferenciados para o tratamento e cura destes
pacientes.
Estas duas áreas da Homeopatia Veterinária conduziram
os esforços da Tecmedd Editora, pioneira no setor Homeopá-
tico, com o objetivo de editar o Manual de Homeopatia Vete-
rinária - MHV.
Este trabalho foi coordenado pela Médica Veterinária
Flomeopata Stella Maris Benez, que visualizou uma forma
prática e objetiva da introdução e aplicação da Homeopatia
nos animais de estimação e de produção,através de um manu-
al de linguagem simples e consulta imediata.
A Tecmedd Editora realizouseu trabalho e espera que o
MHV abra caminhos para a melhoria de vida dos animais e
do homem.
José Roberto Maronato Belmude
Editor - Tecmedd Editora
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ÍNDICE
Apresentação...............is
Estrutura do livro e orientação de 1
A homeopatia em veterinária .........
Seção I - Técnica Homeopática Vete:
Saúde, moléstia, diagnóstico............
O estado de saúde ...............
O estado de moléstia...........
O diagnóstico ...........s.
O tratamento ................sitin
Tratamento geral...
A administração do remédio...
A dose 49...renas
A mudança do remédio
Aplicações externas..................
Aquisição dos remédios homec
Seção II - Atualização Em Fomeo
A homeopatia e sua história ..........
A homeopatia no Brasil..........
A homeopatia tratando animai
Referências bibliográficas .......
Emque se baseia a homeopatia ....
Experimentação no homem sã
Lei de semelhança ............s.....
Medicamento único eeenjere
Medicamento dinamizado e diluí
 
 
 
 
Referências bibliográficas... 65
O medicamento homeopático ..........eita 67
O medicamento homeopático.........rttnnes 67
Modo de ação do medicamento hómeopático ... 69
Farmácia homeopática...iene69
Referências bibliográficas .......irem 72
Como evoluem as enfermidades agudas €
crônicas dos pacientes
Enfermidades agudas...
Tipos de enfermidades agudas
Enfermidades crônicas
 
O tratamento com o medicamento único ou
com vários medicamentos ........iieeee, 77 
 
 
Uso dos bioterápicos
Unicismo........erre
Complexismo
Bases para a escolha do medicamento
Referências bibliográficas
As potências, as doses e o receituário da
medicação homeopática... 83
A potência do medicamento homeopático.............. 83
O rastreamento da potência simillimum ........te, 84
A dose do medicamento... 84
A escolha da potência e dose... 85
Novos enfoques sobre potência e dose
 
Frequência de administração .........tres 86
As vias de administração dos medicamentos ........ 87
Receituário...eira .87
Referências bibliográficas ........iereeneneo 89
O prognóstico da evolução do paciente
A agravação após a medicação
 
 
 
Definindo o paciente ...................reeearereeeeereereeseeesaeteanto 93
Reações dos pacientes após a primeira prescrição ........ 94
As observações prognósticas...
Segunda prescrição ...............istrerererereerereeerereneamaReferências bibliográficas .............eeeeeeneeseseeerereerereesa
 
A cura com a homeopatia: os obstáculos
 
€ OS limites .......ciscscrcrereacerenceeceeeeeeeeeneerernenecereraaeaneaaanes 99
Recuperação física ...........srteeeeeseeereeaserereeseeeareranes 99
Inflamação .............c.ssisieeeeerrereceserseeeenecrereereeenenaesa
Reparo físico...
Regeneração ..............reereerereereeeeneeanacaranererneanaa
A. influência da homeopatia sobre a cura.................... 103
Leis de cura...itceeererecereseeseesecacereneneaeesacareno 104
Os obstáculos à cura...ceeeeresereesererereeeaneaema 106
Os limites da homeopatia ..................ie 107
Referências bibliográficas ...................ein 108
As epidemias e os surtos tratados pela homeopatia .......... 109
Gênio epidêmico e gênio medicamentoso.................. 109
Técnica de obtenção do gênio medicamentoso........... 10
Busca de sintomas ...........ccecereeeeeeeneerrereeeeesenenearena
Características da prescrição
Referências bibliográficas .................sesesesseerireesereeema
 
O que é isopatia e bioterápicos e qual
seu uso pela homeopatia.................errors 115
Medicamento isoterápico ou bioterápico .................. 116
Finalidade da isopatia.........
 
Referências bibliográficas
Seção III - Indicações Clínicas Veterinárias
 
Indicações clínica gerais... ceereereaeeerereneeeeereeanta a
Moléstias gerais...eeeerererereaeeerarareereneereneeeanteno
Moléstias infecciosas ............ccceeeeeeesseeesererersarenanaa 123
Moléstias parasitáriasecracereranaanerererreoneaseceareneenanaoa 1
Moléstias não contagiosas...
Moléstias comuns a todos os tecidos ........................ 162
Lesões traumáticas .........cciiciceeeeeeceeeeeerrecereneanets
Moléstias do aparelho digestivo meses
Moléstias do aparelho respiratório
 
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Moléstias do aparelhocirculatório ..........tene 211
Moléstias doaparelho urinário
Moléstias do aparelho genital...
Moléstias do aparelho locomotor
Moléstias do aparelho nervoso
 
Indicações clínicas APRESENTAÇÃO
Esperiências clínicas veterinárias gerais
Nilo Cairo...ieniene 291cosarenerensees À
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ct ; , é i ili
Experiências clínicas veterinárias de cães Medicina Veterinária é uma carreira que habilitaMac leod | profissionais para trabalharem nas diferentes 
áreas da saúde animal, porém sempre com o objetivo do
bem estar humana.
O Médico Veterinário atua em diversas áreas:
Clínica de amimais de estimação;
Criação de animais para obtenção de carne, ovose leite;
Inspeção dos locais de processamento destes alimen-
tos (abatedouros, frigoríficos e indústrias);
e Inspeção dos locais de venda de alimentos;
e Inspeção dos locais de preparo de alimentos (restau-
rantes, bares, cozinhas de hospitais e maternidade);
e Controle de pragas, insetos, animais peçonhentos e
 
 
 
Benez ......nreeeeeeeeeeereereeeeeeae 399
Jacobs...mienten,403 morcegos, o.
e Controle de zoonoses (doenças transmissíveis ao ho-
Seção IV - Ind. Clínicas segundo as Matérias Médicas mem); . .
Matérias Médicas...meet409 * Campanhas de vacinações (exemplo: raiva animal;
, febre aftosa);
Seção V — Indices Gerais e Indústrias de ração para animais de produção e ani-
Nomenclatura científica em ordem alfabética .............. 521 | mais de estimação;
. fadice de Medicamentos Homeopáticos da e Indústrias de vacinas e medicamentos para uso animal;
arm ps : E.Sinônimose prasileiranecemeerartenenansaceeaaeeasanarerara t e Laboratórios de patologia e diagnóstico;
abreviatura c : : :S dos medicamentos e Centros de pesquisa e universidades;
Referências bibliográficas .........rs 591 * Crédito rural em empresas financiadoras;
Vo e Centros de reprodução animal, inseminação, trans-
! plante de embriões e clonagem;
e Clínica de animais de produção;
e Etc.
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 14
Manual de Homeopatia Veterinária
- São inúmeras as atuações do médico veterinário na
sociedade, e podemos dizer que trabalham através dos ani-
mais para manutenção do homem em plena saúde e bem
estar. São profissionais que lidam lado a lado com os médicos
e outros profissionais, para promoção e prevenção da saúde.
Dizemos que em todas as refeições diárias realizadas
pelo homem, existiu um Veterinário que orientou a sua produ-
ção em diferentes etapas.
Desta forma perguntamos:
Como que a Homeopatia Veterinária
se enquadra no processo de manutenção
da saúde do homem e dos animais?
A Homeopatia preconizada por Hahnemann, visa uma
terapéutica que cure e mantenha a saúde do ser humano.
Habnemann também nos diz que esta técnica terapêutica
serve para outros seres vivos (veja na Seção II — Atualiza-
ção). Desta forma o veterinário começou
a
visualizar a possi-
bilidade do estudo de uma nova técnica terapêutica para o
tratamento ce a manutenção da saúde animal.
A Homeopatia Veterinária é uma especialização da Me-
dicina Veterinária, aceita em todo o território nacional, e que
exige do veterinário uma pós-graduação através de Cursos
de Especialização em Homeopatia, com atividades teóricas e
práticas.
Considerada uma técnica terapêutica, a Homeopatia foi
difundida em todo o mundo,tanto para o tratamento humano,
quanto para O tratamento animal, e mantém uma força muito
grande no Brasil. Ela é responsável por novos rumos nos con-
-ceitos da criação e manutenção da saúde e bem estar dos
animais, e que desde seu início, tem assumido papel importan-
te para animais de estimação, por serem tratados de forma
individual, da mesma maneira como o médico homeopata abor-
da o tratamento para o homem. Os animais de criação extensiva
para produção de alimentos começaram a receber o tratamen-
to homeopático, a partir de um aperfeiçoamento da técnica.
 
 
 
MHV — Indicações Clínicas e Patológicas — Teoria e Prática
Os animais que são criados mais próximos ao homem,
sejam eles animais de estimação, bem como animais de par-
ques e zoológicos, são avaliados em sua totalidade através da
Homeopatia. A vida destes animais tratados com a Homeopa-
tia tendem a ganhar mais equilíbrio, e a cura do paciente
ocorre de forma rápida, segura e duradoura.
Não podemos esquecer que a Homeopatia possui en-
tre muitas vantagens, a utilização dos medicamentos homeo-
páticos na criação de animais de produção, de uma forma
racional, tratando e mantendo a saúde destes, sem deixar
posteriores resíduos nos alimentos deles derivados.
A Alopatia, é uma técnica terapêutica conceituada e de
muita estrutura, a qual todos os veterinários aprendem a utili-
zá-la desde a Faculdade. Seu crescimento é continuo, tendo
efeitos benéficos para os animais em muitos momentos do
serviço clínico veterinário. Porém, alguns de seus princípios
ativos apresentam a desvantagem de deixarem resíduos nos
alimentos originados de animais de produção, o que tem leva-
do o mercado consumidor a rejeitar tais produtos.
Mundialmente, o homem está preocupado com a quali-
dade de seus alimentos, tanto de origem vegetal, como de
origem animal. Desta forma os criadores e o mercado de cria-
ção animal estão sendo levados a buscarem formas de manu-
tenção e tratamento dos animais e das plantas com técnicas
que eliminam o resíduo químico dos alimentos, o que passou
a ser um dos critérios básicos da Agropecuária Orgânica.
A Alopatia voltada para a produção deste tipo de ali-
mento, passou a dar maior destaque a produção dos Probióti-
cos, que são produtos elaborados a base de microorganismos
benéficos para a formação da flora intestinal dos animais, e
que promovem o controle da flora intestinal e manutenção de
uma flora microbiana saudável. Com estes produtos observa-
se melhores condições de absorção dos alimentos, um cresci-
mento maior do animal, e uma redução do uso de antibióti-
cos que ainda mantém um efeito residual nos alimentos.
A Homeopatia, por sua vez, trás em sua bagagem con-
ceptual, a vantagem desta Ausência de Resíduos nos alimentos
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Manual de Homeopatia Veterinária
de origem animal.Isto a promoveu à um lugar de destaque,
tornando-se uma exigência terapêutica para a manutenção e o
- tratamento das criações da Pecuária Orgânica.
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16
No passado, a Homeopatia foi desenvolvida apenas
como uma técnica terapêutica, porém hoje, ela é utilizada
como forma de Manutenção da Smide e como Promotora de
Crescimento e Produção dos animais homeopatizados, admi-
nistrando os medicamentos homeopáticos agregados ao sal
mineral ou às rações.
Mediante esta realidade, em quea produção de alimen-
tos de origem animal se propõe, e a busca de uma técnica
terapêutica diferenciada para tratamentos dos animais de esti-
mação e animais silvestres, elaboramos este trabalho de Expe-
riências Clínicas Veterinárias de todo o mundo, para as dife-
rentes espécies animais.
O Manual de Homeopatia Veterinária - MHV, segue
umaestrutura lógica do estudo teórico da Homeopatia € auxi-
lia na prática da terapêutica mais adequada para cada caso,
sempre preservando as Bases do Conhecimento Hlomeopático.
Este trabalho apenas teve forças para ser consolidado,
graças ao apoio desta editora, que tem como perfil trabalhar
nas áreas de saúde, e cujas especialidades o Brasil requisita uma
constante atualização.
Neste momento em que o mundo está procurando uma
Vida Mais Smudrável e nela está incluída a necessidade da
Agropecuária Orgânica, a Robe Editorial mostra-se à frente
de seu tempo, incentivando a literatura Homeopática Veteri-
nária, da mesma forma como sempre promoveu de formatão
representativa, todas as áreas da saúde humana e animal.
Um trabalho editorial com esta qualidade, facilita a pes-
quisa e a leitura sobre a Homeopatia, bem como fortalece a
cultura em nosso país, ultrapassando as nossas fronteiras, e
ganhando novas divisas.
A Homeopatia Veterinária abraça este apoio e segue bus-
cando com este trabalho o enriquecimento de nossosleitores.
Stella Maris Benez
Méd. Veterinária Homeopata
 
ESTRUTURA DO LIVRO
E ORIENTAÇÃO DE LEITURA
Manual de Homeopatia Veterinária — MHV é
um livro elaborado com o objetivo de levar a
teoria e a prática da técnica terapêutica homeopática aos leito-
res, sejam eles veterinários, proprietários, criadores, mantene-
dores e produtores de animais. o
O ideal da Homeopatia é a busca do medicamento úni-
co, ou melhor, o Simillimum do caso. Para conhecermos o
animal, buscamos através de uma profunda anamnese os sinto-
mas mentais, gerais e locais que ele apresenta, a fim de definir-
mos o medicamento mais indicado para o caso. Quandotrata-
mos uma população animal, reunimos todos os sintomas de
todos os animais, e realizamos um estudo chamado de Gênio
Epidêmico, a partir do qual, chegaremos ao medicamento
homeopático comum a todos os animais do plantel, denomi-
nado Gênio Medicamentoso. Este estudo é particularmente
útil em doenças de surto por causas diversas, ou epidemias de
origem infecciosa.
O estudo elaborado através deste Manual de Homeo-
patia Veterinária, auxilia tanto na busca do medicamento
melhor indicado para o tratamento individual, quanto para
tratamento populacional de manutenção, e de surtos.
A elaboração deste trabalho teve como base, obras da
literatura nacional e internacional, com o intuito de trazer-
mos o maior número de dados clínicos ao leitor.
Para que o leitor obtenha o melhor aproveitamento pos-
sível, o Manual de Homeopatia Veterinária foi organizado em
uma estrutura de seções bem definidas, e de suma importância.
 17 
 
Manual de Homeopatia Veterinária
As Seções
Este Manual é composto de5 seções distintas, que são:
Seção I Técnica Homeopática Veterinívia - Histórica
Seção IL Atwalização em Homeopatia
Seção HI Indicações Clínicas Veterindrias
Seção IV Indicações Clínicas segundo as Matérias Médicas
Seção V Íudices Gerais
Seção | - Tétnica Homeopática Veterinária -
Histórica
A seção LI, Tetrata a aplicação da Homeopatia Veteri-
em seus primórdios. Os animais de estimação faziam- parte da vida cotidiana do homem, mas não com ta
sença como nos dias de ho
nheiros da família modern
sua vez,
nária
l nta pre-
Je, em que se tornaram compa-
a. Os animais de produção, por
eram mantidos em sítios e fazendas sem a estre-ma tecnologia, como são criados nos dias de hoje. Podemosobservar a nomenclatura utilizada, bem como as técnicas dePrescrição, que se apresentam, aparentemente, com méto-dos simples, e até mesmo rudes. Pôr sua vez não deixaramde ser úteis, porém devem ser somados à tecnolo iaa re-sentada na Seção II — Atualização. SE
| Nesta seção são apresentados os conceitos do estado de, Saúde e do estado de moléstia, conceitos estes que não possu-em tempo, continuam sendo atuais. Cita as formas clínicas dealgumas patologias, com nomenclatura pouco atual, masacompanhadas de diagnóstico e tratamento eficaz
posteriormente, vem sendo atualizados por outras
pesquisa veterinária e através de outros trabalhos
em Homeopatia.
es, e que
áreas de
clínicos
18 
MHV — Indicações Clínicas e Patológicas — Teoria e Prática
Seção Il - Atualização em Homeopatia
Na seção II são abordados pontos fundamentais de
atualização teórica e prática da Homeopatia Veterinária, pon-
tos importantes para o esclarecimento do leitor. Estes esclare-
cimentos reduzem a ansiedade do proprietário, durante o
tratamento de seu animal de estimação ou dos animais de sua
criação. Abrem fronteiras mais seguras, para um diagnóstico
homeopático do doente e do medicamento mais adequado” ao
caso clínico. Desta forma, facilita a análise de todo o processo
clínico, tanto para o proprietário, quanto para o clínico que
assume O caso.
Seção III - Indicações Clínicas Veterinárias
A seção II apresenta uma revisão bibliográfica das ex-
periências clínicas de vários autores, realizadas em diferentes
espécies animais (cães, gatos, aves, bovinos, suínos e egiiínos).
São relatadas as doenças de todos os sistemas orgânicos, e a
indicação dos medicamentos homeopáticos diversos.
O leitor deve verificar os medicamentos indicados
para uma determinada doença, e buscar o medicamento
Simillimum ao caso clínico atendido, através dos sintomas
das indicações clínicas das Matérias Médicas encontradas
na Seção IV. É muito importante salientar que não existe
razão para se medicar um animal de forma aleatória, com
qualquer um dos medicamentos indicados nas doenças, ou
mesmo, com a somatória deles, sem que se busque, através
da Lei de Semelhança de Sintomas, o medicamento melhor
indicado para cada caso.
Estes estudos de doenças anteriores como forma de
arquivo, são muito válidos como estudos de Gênio Epidêmi-
co. Estes devem ser sempre realizados conhecendo-se a do-
ença em tempo anterior ao aparecimento de um caso clínico.
Ao atendermos um caso específico, podemos acelerar o pro-
cesso de prescrição do medicamento que melhor cobre a
totalidade de sintomas do indivíduo ou da população atendida.
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Manual de Homeopatia Veterinária
Seção IV - Indicações Clínicas segundo
as Matérias Médicas
A seção IV apresenta um sumário das indicações clíni-
cas obtidas através das Matérias Médicas Clínicas de vários
autores, obtidas da compilação de sintomas de pacientes que
realizaram a experimentação no homem são. Estas Matérias
Médicas humanas podem ser utilizadas pela Homeopatia
Veterinária até que as Matérias Médicas Veterinárias sejam
obtidas a partir de experimentações em animais sãos. O seu
uso tem sido feito de forma adaptada, porém, com compro-
vações práticas de sua utilidade.
Após o leitor realizar o estudo dos medicamentos indica-
dos para um determinado caso, as indicações clínicas poderão
indicar a medicação que apresenta maior similitude. Desta forma
existe uma orientação mais precisa na escolha do medicamento
homeopático, dentro das bases fundamentais da terapêutica.
A comparação da semelhança dos sintomas do paciente
com Os sintomas descritos nas Matérias Médicas é a única
forma de definir o medicamento homeopático melhor indica-
do para o caso. A confifmação da indicação medicamentosaserá observada a partir da prescrição e observação da evolução
clínica do paciente.
A análise da evolução clínica segue os conceitos atuali-
zados da Homeopatia Veterinária da seção TI.
Seção V - Índices Gerais
Apresenta tabelas de orientação geral sobre a obra:
& Indice dos Medicamentos Homeopáticos indicados no
20
Manual de Homeopatia Veterinária;
e Indice dos Medicamentos Homeopáticos existentes na
Farmacopéia Homeopática Brasileira, com seus sinôni-
mos e abreviaturas;
* Referências Bibliográficas.
+
 
 
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MHV — Indicações Clínicas e Patológicas — Teoria e Prática
Este Manual se diferencia de outros livros de Ho-
meopatia, pois orienta O leitor no estudo das experiências
clínicas .veterinárias dentro das bases conceituais da Ho-
meopatia, indicando medicamentos a partir da semelhan-
ça com o paciente. o
Nas seções do Manual de Homeopatia Veterinária -
MHV,o leitor terá uma vivência da terapêutica homeopática.
Stella Maris Benez
Méd. Veterinária Homeopata
 21 
 
A HOMEOPATIA
EM VETERINARIA
endo as moléstias dos animais, sobretudo orgânicas,
inteiramente semelhantes, e mesmo idênticas, pelos
seus sintomase alterações anatômicas, às moléstias humanas, €
sendo por outro lado, a Homeopatia baseada no princípio dos
semelhantes, isto é que os medicamentos curam as moléstias,
cujo conjunto sintomático se assemelha ao conjunto dos seus
efeitosfisiológicos!” no corpo são, a ninguém, queseja homeo-
pata, pode escapar a previsão de que a Homeopatia, tanto
convém às moléstias dos animais como às moléstias dos ho-
mens. Certamente, pela imperfeição da sua organização, um
animal atacado, por exemplo, de uma nefrite ou de umapneu-
monia, não pode manifestar o mesmo conjunto de sintomas,
especialmente os subjetivos, que aparenta o homem; mas não
é menos certo que, em um e em outro, são as mesmas altera-
ções orgânicas, porque idênticos são os órgãos doentes, quer
quanto à sua organização anatômica, quer quanto às suas fun-
ções fisiológicas, e os mesmos sintomas objetivos e até os
subjetivos quese traduzem porsinais exteriores. Nestas condi-
ções, o mesmo medicamento que convém a um caso, deve
necessariamente convir ao outro, salvo diferenças de susceti-
bilidade às ações fisiológicas? ou terapêutica das doses em-
pregadas. Se, pois, Cantharis convém, ao homem, a uma certa
nefrite, ou phosphorus a uma certa pneumonia, esses mesmos
remédios, deverão convir à nefrite e à pneumonia dos animais,
e a experiência tem demonstrado milhares de vezes esta ilação.
(*) Melhor seria dizer, efeitos farmacodinâmicos, segundo o Prof. Pedro Pinto.
(1) Melhor seria dizer, efeitos farmacodinâmicos, segundo o prof. Dr. Pedro Pinto. 
 
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Manual de Homeopatia Veterinária
Daí, resultou que, desde os tempos de HAHNEMANN,co-
gitou-se da aplicação do novo método de curar as moléstias
dos animais. HAHNEMANNfoi mesmo o primeiro a apli-
cá-lo: não curou ele, com Natrum muriaticum, o seu cavalo
atacado de fluxão ou ofralmia periódica, uma das mais terríveis
moléstias dos olhos desse animal? E o resultado tem sido
sempre o mesmo por toda a parte: a confirmação da eficácia
da Homeopatia no tratamento das moléstias dos animais.
É sabido que, não podendo os animais manifestarem
todos os sintomas subjetivos da sua moléstia, senão aqueles
que eles traduzem porsinais exteriores, nós homeopatas não
podemos nos utilizar de toda a nossa matéria médica, como o
fazemos nas moléstias humanas, visto escaparem à nossa ob-
servação esses sintomas subjetivos, que tão característica tor-
nam a patogênese de certos medicamentos. Mas não é menos
certo que o gênio geral do medicamento permanece o mesmo
por toda a parte, no homem como no animal, o que nos
permite indicações terapêuticas suficientemente precisas.
E assim que ninguém, que conheça a nossa matéria
médica, pode ignorar as propriedades curativas do Aconitum
em todos os males provenientes do resfriamento seco, e as de
Dulcamara, quando
o
resfriamento é devido à umidade. Não é
O Aconitum o primeiro remédio em que se pensa no começo
de todas as moléstias inflamatórias, para combater a congestão
inicial dos tecidos e abortar o mal? Pois, não conhecemos, em
Veterinária, remédio de maior importância no começo de to-
das as afecções inflamatórias agudas, que não sejam epizoóti-
cas. Onde quer que haja febre inflamatória, Aconitum está
indicado. Ninguém também ignora o valor de Antimonium
tartaricum nas bronquites sufocantes e nas erupções pustulosas
da pele; de Apis em todas as espécies de hidropisias ou ede-
mas; de Argentum nitricum nas oftalmias purulentas; e de
Arnica em todos os males provenientes, mesmo remotamente,
de um traumatismo. Quem pode desconhecer, como homeo-
pata, O valor de Arsenicum album? em todas as moléstias
gerais graves com prestação tífica? Pois não sabemos de outro:
(2) Lembramos em idênticos casos, Pirogenium.
*
24
 
 
MHV — indicações Clínicas e Patblógicas — Teoria e Prática
medicamento, em Veterinária, que lhe iguale, como esteio-
mestre do tratamento de todas as moléstias epizoóticas ou
infecciosas graves dos animais, que são Oterror dos criado-
res. Vemo-lo assim figurar no tifo dos animais tanto quanto
na febre tifóide humana, e depois no tratamento da cólera gas
aves, da batedeira dos porcos, da Plenro-pneumonia dos cavalos,
dagurma, do lamparão, dafebre aftosa, do corbúnculo, da peste
de cadeiras, etc. Em suma, em todas as moléstias gerais, em
que se manifesta essa tendência à putrefaçãoe à decomposi-
ção, que constitui a malignidade, Arsenicum é o bordão mes-
tre do Veterinário. O mesmo acontece com Belladona nas
inflamações locais violentas, que apresentem uma rápida
evolução e a região esteja vermelha, dolorosa e latejante.
Em tais casos, alguns preferem alternar Belladona com Mer-
curio solubilis; outros Aconitum comBryonia.É a Bryonia? Seu
poder antifilogístico em todas as inflamações das membra-
nas serosas e das vísceras que elas contêm, das articulações e
sinoviais e mesmo de todos os tecidos em geral, fazem dela
um dos mais importantes medicamentos da Veterinária Ho
meopática; é um grande remédio dos brônquios e dos pul-
mões. Quem desconhece seu poder para abortar a mastite
humana? Pois é ela ainda um dos principais remédios da
mamite dos animais. Seu valor na febre vitular, de combina-
ção com Veratrum viride, não se discute mais, tal qual na
uerperal da mulher.
febre E depois: Cantharis na nefrite; Comslofylhum nos partos
difíceis; Causticum nas paralisias; Chelidoniwmnas moléstias
do fígado; China nas debilidades e nas hidropisias; Cionia nas
convulsões; Cina nas verminoses; Coculus nas vertigens; Col-
chicum na timpanite; Colocinthis nas cólicas abdominais, Co-
nium nas endurações; Eufrasia nas oftalmias; Ferrum
metallicum nas afecções dolorosas do ombro; Ferrum. fosfort-
cum no começo das moléstias inflamatórias, sobretudo do
aparelho respiratório; Gelsemium nas paralisias secuncitias e
nas afecções oculares; Graphites e Petroleum nas moléstias
úmidas da pele; Heleborus nas hidropisias; Hepar nas supu-
rações e nas erupções pustulosas da pele e bem assim nas
laringites; Hydrastis no catarro crônico das mucosas; Jpeca
25 
 
Manual de Homeopatia Veterinária
nas moléstias do aparelho digestivo, do aparelho respiratório
e nas hemorragias ativas; Kali bichromicum nos catarros te-
nazes agudos ou crônicos das primeiras vias respiratórias;
Lycopodium na flatulência e nas congestões crônicas do figa-
do e da bexiga; Opiwm nos estados atônicos e suporosos;
que mais ainda? São outras tantas indicações nas moléstias
do homem, que encontram perfeita aplicação nas moléstias
dos animais.
E ainda o caso dos grandes medicamentos, como Cyo-
talus, nas gangrenas úmidas locais; Lachesis nas septicemias;
Mercurius em todas as moléstias inflamatórias; Nux vomica
em todas as moléstias do tubo digestivo, acompanhadas de
prisão de ventre; Phosphorus em todas as graves epizootias
complicadas de inflamação pulmonar; RJus toxicodendyonnas
afecções da pele e das articulações; Silicea nas supurações;
Sulplrus nas moléstias da pele; Tarantula cubensis nas inflama.
ções locais malignas; Thuya nas carnosidades esponjosas da
pele e das mucosas; Veratrum album nas enterites e nas para-
plegias. São indicações em Veterinária que encontram seu
Similar na terapêutica humana.
De todos esses medicamentos primam seis em Veteriná-
ria, que escolheríamos, se fossemos obrigadosa noslimitar na
prática apenas a esse número de remédios e aqui vão eles por
sua ordem de importância: Aconitum, Arsenicum, Sulphur,
Bryonia, Mercuriws sol. e Lachesis.
Isto, pelo que diz respeito à indicação Homeopática dos
medicamentos. Mas não é só.
Se os mesmos medicamentos que convêm às moléstias
do homem, convêmainda às moléstias dos animais, porque a
estes também não hão de convir as mesmas doses que convêm
aquele? A vida é uma só em todos os seres vivos e a moléstia
“hão é senão uma perturbação desse, o que quer que seja que
mantéma sinergia dos órgãos e das funções, de que resulta a
vida. A natureza da moléstia é pois, essencialmente a mesma
em todos os animais, inclusive o homem, e os mesmos agen-
tes que dissipam a perturbação funcional e orgânica, em que
ela se resume, deve convir a todos igualmente. Se, pois, uma
dinamização Homeopática pode restabelecer o equilíbrio vital
26
 
 
MHV - Indicações Clínicas e Patológicas — Teoria e Prática
sensatamente poderá haver razões para que essa mesma di-
namização não desempenhe igual papel no corpo de um ani-
mal. De resto, a dinamização é um modo de preparação do
medicamento, que liberta do âmago da matéria as suas pro-
priedades terapêuticas ou curativas, que se opõe às perturba-
ções vitais. Sem ela, frequentemente não há ação rerapíntica,
e, quando há, é que a dinamização foi efetuada pelos líqui Os
orgânicos. E como se explica que doses de tintura-mãe, que
não foram dinamizadas, tenham, entretanto, um efeito tera-
pêutico evidente. Mas esses casos são raros e, em regra ge-
ral, o medicamento precisa ser dinamizado para poder agir:
é que ele não age fisicamente ou quimicamente, massim
vitalmente. Sua ação é uma ação vital e não uma ação físico-
química.Sendo assim, como supor que aos animais não
convenham as dinamizações que convêm ao homem? Como
e por que supor que âqueles só convenham fortes doses de
medicamentos e que a estes convenham às dinamizações:
Afirmá-lo seria desconhecer não somente a natureza geral
da moléstia, mas também a natureza da ação terapêutica.
Deve-se apenas observar que, quandoa indicação de um
medicamento não tem a precisão característica que só a molés-
tia humana comporta, as dinamizações baixas devem ser adap-
tadas. É assim que, mesmo na espécie humana, em regra, todo
medicamento de patogênese pouco conhecido em suas carac-
terísticas especiais, em relação a uma moléstia dada, é usado
em baixa dinamização; quando,porém,a indicação se precisa,
dinamizações mais altas podem ser usadas. Não é só. No ge-
ral, o processo libertador de energia que é a dinamização é
mais rápido nas substâncias medicamentosas de origem vege-
tal e animal do que nas de origem mineral e naquelas que,
sendo quase inertes fisiologicamente falando, em natureza,
custam a desprender sua energia terapêutica (tal é a Lycopo-
dium., tal é a Silicea). al
Por isso, os medicamentos de origem vegetal e anima
são usados em dinamizações mais baixas do que os outros.
(3) A físico-química moderna está a caminho de uma possível explicação vo
efeito das medicações dinamizadas, quando empregadas em organismos vivos.
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Manual de Homeopatia Veterinária
ainda mais: as baixas dinamizações convêm mais às molésti-
as agudas e as altas moléstias crônicas, por este motivo que
são as substâncias vegetais e animais que desenvolvem, no
corpo são, sintomas similares aos dessas moléstias, e são as
substâncias de outra origem que produzem sintomas simila-
res aos das moléstias crônicas.
Sendo assim, vê-se a conveniência teórica de usar, nos
animais, baixas dinamizações da maior parte dos medica-
mentos vegetais e animais, achando-se assim combinados
os dos pontos de vista: o da imperfeição do quadro noso-
gráfico ou da similaridade com o da rapidez de libertação,
pela dinamização, das propriedades de certos medicamen-
tos. Eis aí o que fizemos na lista de medicamentos homeo-
páticos, que damos, na Segunda parte deste livro, a serem
usados nas moléstias dos animais.
Isto não significa, entretanto, que outras dinamizações
não possam dar o mesmo resultado terapêutico. É uma ques- .
tão de experiência prática e nós não poderíamos negar os
incontestáveis resultados obtidos por outros com as dinamiza-
. ções médias (as 5.as por exemplo) e mesmoasaltas (as 30.as),
como afirma MARTELET. ..........“Pequenas doses
— diz mesmo SCHAEFER - agem mais seguramente e com-
pletamente do que as grandes; e quem quer que deseje obter
sucessos na prática veterinária, deve ter sempre isto presente
no espírito.” Neste ponto, pois, afora considerações gerais, só
a experiência prática deve decidir.
Vê-se, pois, pelas razões que aí acima ficam expostas,
que a Homeopatia em Veterinária não pode deixar de ter,
como os fatos o têm demonstrado, a mesma eficácia que na
medicina humana, seja quanto à indicação do remédio, seja
quanto às doses empregadas.
tr “As bênçãos da Homeopatia - como diz HEMPEL -—
não são por mais tempo a exclusiva propriedade do homem;
Os animais passaram a partilhar também com ele essa dádiva
de Deus às suas criaturas>
28 
 
 
 
 
Seção |
Técnica Homeopática
Veteriná
 
ria — Histórica
Nilo Cairo.
 
 
O estado de saúde
S endo o tratamento homeopático baseado na compa-
paração dos efeitos fisiológicos dos medicamen-
tos com o conjunto dos sintomas do doente (similia simulibus
curantur), claro está que do modo de apanhar e recolher
os sintomas depende a boa escolha dos medicamentos.
Nestas condições, é preciso que o criador que trata de seu
gado, conheça bem os sinais do estado de saúde dos seus
animais, para poder discernir os das moléstias que pos-
sam atacá-los.
O estado de saúde é o da plena regularidade de todas as
funções e plena integridade de todos os órgãos do corpo. Ele
se manifesta nos animais por uma aparência de vigor e de
vivacidade, fáceis de reconhecer.
Externamente, todo animal em estado de saúde deve
apresentar O seu corpo nas proporções normais e simétricas,
que caracterizam a anatomia exterior. Membros bem apruma-
dos, ancas igualmente elevadas, pescoço e cabeçaaltos (salvo o
Ve porco), ventre normalmente roliço, pele lisa sem calombos
| anormais, orelhas móveis e prestes, cauda viva, carnes duras e
cheias, os ossos cobertos. Em regra, o olhar do animal é vivo,
sua atenção é despertada pela menor provocação, seus movi-
mentos são sempre prontos.
O andar dos animais é sempre firme, no estado nor-
mal; nem vacilam nem manquejam: toda claudicação do
. passo merece atenção e um exame cuidadoso, porque se
 
 
31 
Manual de Homeopatia Veterinária
trata evidentemente de uma afecção qualquer interessando
os órgãos da locomoção.
A atitude-nunca é forçada, quer o animal esteja em pé
ou deitado. O cavalo raramente se deita; passa a maior parte
de seu tempo em pé e um grande número deles dorme
mesmo nesta posição, apoiando a cabeça na manjedoura ou
em objetos vizinhos, e descansando alternativamente os
membros por se apoiarem ora sobre um, ora sobre outro.
Quando se deita, o cavalo o faz indiferentemente sobre qual-
quer dos lados e, algumas vezes, com os membros dobra-
dos; mas esta posição é quase sempre de curta duração, por
lhe ser penosa e dificultar-lhe a respiração. Pelo contrário, os
outros animais deitam-se freqientemente. Assim são os
bois, os carneiros, as cabras, os porcos, e as aves domésticas.
Em geral, depois de comer, o boi, a vaca, e bem assim o
carneiro e a cabra, deitam-se para ruminar e esta ruminação
regular é um dos melhores sintomas de saúde nesses ani-
mais, pois que as moléstias mais frequentesneles anunciam-se,
senão pela cessação completa, pelo menos pela diminuição e
irregularidade dessa função. O porco, quando não anda fus-
sando a terra (o que é nele um sintoma de boa saúde) deita-
se estendido de lado, com os membros estirados, geralmente
ao sol. O cão é de todos os animais o que mais vive deitado,
mas seu levantar é pronto e vivo ao menor alarme. As aves
deitam-se em regra de peito no chão e à sombra, nas horas
mais cálidas do dia, e, nas horas mais frescas, é comum
serem vistas deitadas na terra solta, tomando banhos de
areia, o que fazem com vivacidade e prazer, que denotam o
bom estado de sua saúde. Bois e vacas, quando não estão
doentes, levantam-se devagar, elevando o dorso para depois
esticá-lo; muitas vezes estendem um ou outro membro pos-
“terior por contrações musculares, espreguiçando-se, o que
lhes parece causar muito prazer. Todos os outros animais,
porém, sobretudo os pequenos, levantam-se com extrema
vivacidade e fogem à aproximação de quem deles se acerca.
Todos estes sinais de atitude denotam o bom estado de
saúde do animal.
Não é só isso. Os movimentos aparentes do animal
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MHV — Indicações Clínicas e Patológicas — Teoria e Prática
revelam-se prontos e lépidos. Qualquer susto os faz tremer,
recuar ou saltar com vigor. Sabe-se a vivacidade com que
saltam e. brincam os cabritos, com que correm Os bezerros,
os potros, os cães e os gatos, com que vivem os porcos de
um lado para outro a fussar a terra e a se banhar no tijuco ou
lama dos córregos, nas horas mais quentes do dia. As aves,
em regra, raramente estão par adas; andam sempre daqui
para ali a examinar e a esgravatar O solo, apanhando alimentos.
O criador deve, pois, conhecer bem a vida
normal e os costumes dos seus animais, para poder
- discernir com facilidade e prontidão o seu estado de
moléstia, se assim for, facilmente o reconhecerá, a
uma simples inspeção, o animal ou animais que
estiverem doentes. Nos animais de pêlo, quando sãos, este é liso e reluzen-
te, denotando assim a plena regularidade das funções da pele.
Nasaves, é depois da muda que elas se mostram mais bem
emplumadas; as penas se justapõem com regularidade, luzidias
e não arrepiadas. Só na época da muda é que a plumagem se
mostra falha e miserável, sobretudo na cauda. |
Quando a hora da ração se aproxima, o cavalo manifes-
ta o seu apetite ou a sua fome, rinchando e escavando o solo
com as patas, e alonga o pescoço com vivacidade, para apa-
nhar os alimentos que se coloca diante dele; as vacas € bois
mugem, agitam-se e estiram frequentemente a língua. Se
estão no pasto, andam quase constantemente pastando,rara-
mente se deitando, mas procuram, por vezes, a sombra, nas
horas de sol ardente. Portanto, um animal que, no pasto, vive
só deitado e sem apetite, está doente. Carneiros e cabras,
geralmente só pastam nas horas mais frescas do dia, evitando
o sol ardente; o resto do dia, deitam-se à sombra para rumi-
nar. O cão, como o porco, o gato e as aves, comem sempre
com voracidade e nunca rejeitam comida; o seu bom apetite,
como nos demais animais, é um dos melhores sinais de saú-
de. Isto, porém, não é sempre assim: algumas moléstias há,
sobretudo localizadas ou crônicas, que, no começo, não afetam
33 
 34
Manual de Homeopatia Veterinária
o aparelho digestivo e o animal conserva o seu apetite. Mas
essas não são as que póem em eminente risco a vida do
doente e que o criador deve logo conhecer.
Em geral, os animais urinam com abundância, em jato
contínuo, salvo, às vezes, o cão; no cavalo a urina é habitual-
mente turva, nos outros animais clara e límpida. As fezes
são, em todos eles, normalmente duras ou consistentes, exce-
ção feita da vaca e da galinha, em que elas são papescentes.
No carneiro, na cabra e no coelho, são compostas de peque-
nas bolas escuras, redondas e duras; nos cavalos, em bolos
mais ou menos volumosose 'endurecidos; no porco, no cão e
no gato em cilindros consistentes. Nestas condições, toda
dejeção, excessivamente seca ou um pouco aguada que seja, é
sinal de moléstia. Quando a cabra, por exemplo, em vez de
defecar bolinhas duras, passar fezes emboladas, semelhantes
às do cão, é sinal de que sofre alguma perturbação intestinal
ou está em vésperas de uma enterite, de resto, todos os
animais defecam regularmente várias vezes ao dia.
Em todos os animais, a respiração normal se faz com a
maiorregularidade, quando em repouso, as ilhargas levantan-
do-se,abaixando-se sem sobressalto nem precipitação ou
cansaço, salvo após esforço violento. O bater ofegante das
ilhargas é, em regra, sinal de pneumonia e, no porco, porisso,
a pneumoenterite ou cólera dos porcos recebeu o nome popu-
lar de batedeira. O número normal das respirações, por minu-
to no cavalo, é de 10 a 18, no boi de 12 a 20, nocarneiro e na
cabra de 25, e de 15 a 22 no cão; números esses que aumen-
tam sempre nas moléstias inflamatórias, acompanhadas de fe-
bre ou nos casos de faltas de ar.
Em qualquer animal, as pancadas do coração no peito
são sentidas fracamente, aplicando-se aí, do lado esquerdo,a
mão espalmada. Poroutro lado, as mucosas visíveis devem ser
de um róseo natural; as mucosas injetadas ou vermelhas, ou
pálidas e exangues denotam moléstia, que é preciso descobrir.
Também elas são ordinariamente lisas e úmidas, sem escoria-
ções, feridas ou secreções abundantes e ásperas. O focinho é
normalmente frio e bem assim as patas; e o ar expirado pelas
narinas tem a temperatura do corpo.
 
MHV — Indicações Clínicas e Patológicas - Teoria e Prática
Esta temperatura, a temperatura interna, é tomada por
termômetro introduzido no reto e dá normalmente as seguin-
tes medidas:
 
Cavalo e burro ..........i 38ºC
BOL ieneneste aeee er eeseneeeccanaa 39º€
Carneiro e cabra .........eenSoa
POICO eceeerreererereerar errar cereannerenteea Sa.a8 sec
Cão e gatoO...........tecessa -38, o
Coelho ......teeerreererenec aerea 39-39,5ºC 
 
“O trabalho e as variações atmosféricas provocam, nestas
medidas, oscilações de cerca de um grau. Em todas as espécies,
convém saber, a temperatura é cerca de meio grau mais eleva-
da à tarde do que pela manhã. As galinhas e outras aves
domésticas são as que têm temperatura mais elevada, 42ºC.
O termômetro empregado deve ser um termômetro
especial para animais, que se unta de azeite para melhor se
poder introduzí-lo no reto do animal, onde deve permanecer
minutos.
os os sinais exteriores, que aí deixamos esboçados,
atestam o estado de saúde dos animais; compreende-se assim
facilmente, não cessemos de repetir, toda a importância que há
em bem conhecer a vida normal deles, para O criador que
queira apreciar com prontidão os primeiros sintomas de mo-
éstii e neles aparecem.
oque uma ou outra das condições acima descritas
deixa de existir, o estado mórbido começa; é, pois, por um
conhecimento perfeito e familiar domodo de estar dos animas
sem saúde, que se pode distinguir imediatamente Os sinais ca
doença que eles manifestam. E isto é tanto mais inporn
quanto os animais não têm, como O homem, a facul a e da
palavra para revelar o seu mal, e O criador é obrigado a desco-
brir ou adivinhar neles a moléstia, cujos sofrimentos eles não
podem exprimir. É, pois, comparando-se com o maior cuida”
do o estado presente do animal com o seu estado ha a ,
quando são, que o criador descobrirá o seu estado de moléstua.
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36
Manual de Homeopatia Veterinária
O estado de moléstia
A moléstia é um conjunto de perturbações funcionais e
alterações anatômicas, evoluindo numa direção determinada.
Ela, se revela, pois, por irregularidades de certas funções e
alterações anatômicas de certas partes do corpo, que é neces-
sário conhecer para se poder saber de que mal se trata.
Essas perturbações e alterações revelam-se por duas espécies
de sinais exteriores: sinais gerais ou comunsa todas as mo-
léstias, e sinais especiais a cada moléstia em particular. Os
primeiros são sempre perturbações funcionais; os segundos
podem ser funcionais ou anatômicos.
Os sinaisgerais ou comuns denunciam o estado mórbido
em geral, sem caracterizar a moléstia, de que sofre o animal.
São os mais importantes para o criador, porque lhe permite
conhecer que o seu animal está doente e precisa ser tratado
convenientemente. Isto só muitas vezes é bem meia cura. São
esses sinais, comefeito, os primeiros sintomas que se apresen-
tam em todas as moléstias e em todos os animais: eles se
manifestam no aspecto, na atitude e na fisionomia deles.
Dois sinais gerais anunciam, em regra, nos animais, o
estado mórbido, a tristeza e a inapetência, a que se pode
juntar cedo ou tarde, o pêlo ou penas arrepiadas, nas molés-
tias agudas, que são as mais importantes de conhecer com
prontidão, pois são as que póem em eminente perigo a vida
do animal.
O animal é então triste, sua cabeça baixa, seu andar
moroso, penoso, difícil, hesitante, fica parado por muito
tempo; seu olhar perde o brilho e a vivacidade; seus movi-
mentos são lerdos e indiferentes; deita-se com fregiiência,
mas, às vezes, também é agitado, não encontrando repouso
em posição alguma. A cabra deita-se e fica de cabeça baixa;
o cão enrrodilha-se e fica quieto; o porco deita-se e esconde
o focinho ou a cabeça debaixo das palhas em que se deita. As
aves de terreiro ficam de pé, mas encorujadas, de penas
arrepiadas, asas um pouco caídas, o pescoço encolhido, a
mesma atitude tomando as aves de gaiola no poleiro. E esta: 
 
 
MHV - Indicações Clínicas e Patológicas — Teoria e Prática
atitude de tristeza nos animais, só é interrompida, caso se
manifestem vivas dores, como as cólicas, que os obrigam à
inquietação € à agitação.
A inapetência é, como a 1tristeza, um dos sinais mais
certos de moléstia, especialmente aguda; o apetite diminui ou
torna-se nulo. A sede, porém, tratando-se de moléstias agudas
e inflamatórias, é quase sempre
galinha, a sede intensa denuncia
febre ou boubas, a existência de
viva, por causa da febre. Na
1 quase sempre, quando não
vermes intestinais.
Quase sempre, tratando-se de moléstias gerais, a esses
dois sintomas acompanha o arre
nas nas aves, mesmo de gaiola. (
sua lisura e torna-se áspero e €
aspecto desagradável. No gato,
em regra, um sinal de moléstia.
piamento do pêlo ou das pe-
D pêlo perde o seu brilho e a
riçado, dando ao animal um
À falta de limpeza do pêlo, é,
na! -se ] r está OA estes sinais, pode-se juntar outros e entre eles
abatimento ou prostração geral, nas moléstias gerais graves; O
animal custa a se mover e torna-se incapaz de qualquer esforço
muscular; passa então a maior p
sa todo serviço.
Quando não se trata de un
moléstia localizada, exteriormen
arte do tempo deitado e recu-
na moléstia geral, mas de uma
te, é quase sempre nos mem-
bros queela assesta, especialmente no cavalo e no boi,e então
a manqueira é um dos seus primeiros sintomas; O animal puxa
por um ou mais membros, ao
deve, então ser examinado cuid
tendões da perna afetada.
Assim, pois, o criador qu
andar, claudica, manqueja, e
adosamente nas articulações e
Je encontrar algum ou alguns
dos seus animais tristes, parados, arrepiados, sem apetite ou
mancando, trate logo de examir
to eles estarem doentes.
É então que ele deve ex
órgãos do animal doente, para
com uma criança de peito que nã
peculiares à moléstia particular,
As moléstias gerais mais
importantes, bem como as do
logo as funções deste aparelh tá-los com cuidado, que é cer-raminar as diversas funções eapanhar e reunir, como se fazjo fala, os diversos sinais especimsde que está sofrendo o animal.frequentes e também as maisaparelho digestivo, perturbamo. Daí a importância, para o37 
 38
Manual de Homeopatia Veterinária
criador, de dirigir logo a sua atenção para os órgãos do
tubo gastro-intestinal. Aqui, os dois sinais funcionais que '
mais atraem a atenção, são, nos ruminantes, a diminuição
ou parada da ruminação, e, em geral, a mudança de consis-
tência e cor das fezes, que se tornam papescentes ou líqui-
das. A cor verde das evacuações denota, em regra, o caráter
infeccioso das diarréias (é comum nas diarréias coléricas),
mas há enterites simples que produzem também diarréia
verde, a presença nela de sangue denuncia o seu caráter
desintérico. Os cães e porcos, e bem assim os gatos, vomi-
tam logo no começo dessas 'moléstias.
As dores abominais, cólicas ou outras, são ordinaria-
mente anunciadas pelos olhares (acompanhados ou não de
gemidos) que o animal lança para os seus flancos e o esforço
que faz com as patas traseiras para atingir o ventre, como se
daí quisesse arrancar alguma coisa que o faz sofrer; por vezes
cai no chão, rola e torna a levantar-se, quando as dores são
atrozes.
O aumento de volume do abdômen denuncia perturba-
ções da digestão, meteorismo,ascite ou edema devido a várias
moléstias. No pescoço, o edema denota sempre uma afecção
grave, que se denomina então de um modo geral de garroti-
lho, especialmente no porco maseste sintoma é ordinariamen-
te tardio nas moléstias infecciosas e epizoóticas da raça suína.
Por outro lado, a vermelhidão das mucosas visíveis da
boca, do nariz e dos olhos, quando não indica uma afecção
local, e se é acompanhada da elevação da temperatura do cor-
po, é manifestação de febre de uma moléstia geral. Pelo con-
trário, nos últimos dias de moléstia aguda ou grave, essas
mucosas tornam-se pálidas e exangues. Nas afecções do fíga-
do, elas tornam-se amareladas; o mesmo se diz das dejeções.
No aparelho respiratório os sintomas que mais atraem a
atenção são O corrimento nasal e a tosse, que traduzem moléstias
deste aparelho. O primeiro é a expulsão delíquidos patológi-
cos pelas ventas; esses líquidos podem provir das cavidades
nasais, da garganta, dos brônguios ou dos pulmões. O cavalo
escarra pelo nariz. Se há tosse, trata-se de uma moléstia
dos brônquios ou dos pulmões. Em geral, a tosse dura e seca
 
 
 
MHV - Indicações Clínicas e Patológicas — Teoria e Prática
é da laringite; curtae seca da bronquite; úmida, da pneum
o-
ja: do pleuris; etc.
Do apol cãoas feridas o que mais atrai a atenção do
criador, e, pelo corpo, as inchações locais, quase sempre co
lorosas e inflamadas, moles ou duras e indolentes, es
pecial-
embros.
eafimpode-se observar a paralisia ou mais comumen-
te a paraplegia, que indica ordinariamente uma moléstia re
vosa ou de medula, quando ela não faz parte da peste de
cadeiras ou da cólera das galinhas ou peste aviária.
Enfim, no aparelho genital, por Ocasião dos partos,0
fétido do corrimento vaginal denota a febre vitular, e é então
bastante característico para chamar de pronto a atenção do
o que acima fica exposto, compreende-se que ao
dono de um animal, atento e cuidadoso, não será difícil saber
quando ele se acha em estado de saúde e quando aparecem,
no organismo, as primeiras perturbações do estado mórbido.
O diagnóstico
Afora, pois, Os sinais gerais do começo de todas as
moléstias gerais ou inflamatórias, o estado mórbido cre
la, em cada moléstia particular, por um conjunto especi e
sintomas, que se combinam e se sucedem em uma ordem
determinada e que é preciso pesquisar € reconhecer, para se
poder chegar a ligá-los ao nome de uma das moléstias des-
critas mais adiante neste livro. Nisto consiste O diagnóstico,
isto é, na classificação da espécie mórbida de que sofre O
aumpreende-se, porém, quanto esta tarefa é difícil,
mais difícil certamente do quese tratando do homem doen-
te; difícil, porque, o animal não falando,tem o criador que
renunciar ao conhecimento das circunstâncias comemorati-
vas, que em presença e a constatação dos fenômenos soja
vos, e restringir-se, em suas indagações, ao exame Objetivo
do animal e à observação das suas atitudes e movimentos,
para daí inferir os seus sofrimentos, com Os quais há de
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Manual de Homeopatia Veterináriaclassificar a moléstia. Em tais condições, o animal se asseme-
lha, para o diagnóstico, à criança de peito, que não fala, ou ao
homem em estado suporoso, que não pode transmitir ao
médico os sintomas do seu mal.
Nestas circunstâncias obscuras, deve o criador pesqui-
sar minuciosamente o estado de todos os órgãos do animal e
notar todas as perturbações ou alterações anatômicas queeles
sofrem, de modo a obter o maior número de dados possíveis,
para construir o quadro da moléstia, que deve ser comparado
com as descrições nosológicas, que damos adiante.
Mas a dificuldade do diagnóstico não reside apenas na
imperfeição do conjunto de sintomas que se pode constatar
para formar o quadro da moléstia; ela reside também em boa
parte na indocilidade dos animais a este exame especial. Salvo
quando é criado à mão e está habituado com o dono, especi-
almente entre as espécies pequenas, é muito difícil examinar
um animal que não seja pela força. Os grandes animais, uma
vez amarrados, prestam-se melhor a isso. Mas, no geral, os
animais habituados à liberdade são ariscos e não se prestam
- voluntariamente e com mansidão a esse exame. Torna-se preci-
so, então, agarrá-los, imobilizá-los, caso se queira praticar o
exame com algum cuidado e minuciosidade. O exame da
boca, por exemplo, não é sempre muito fácil, especialmente
nos pequenos animais: o porco, o cão, o gato mordem, sendo
necessário atravessar-lhes um pau na boca, para que a conser-
vem aberta e permitam o exame.
E, todavia, esse exame minucioso é bem necessário, caso
se queira fazer um diagnóstico exato.
Uma vez colhidos esses sintomas, pelo exame de to-
dos os aparelhos do corpo animal, não será difícil ao cria-
dor compará-los com as descrições das moléstias, que
“adiante damos e verificar com qual delas coincidem. Com
efeito, quem quer que estude e compare com atenção e
cuidado, o que dizemos, por exemplo, da batedeira, do mal
roxo e da enterite simples dos porcos, jamais poderá errar o
seu diagnóstico, confundindo uma moléstia com outra. É
verdade que a pneumonia contagiosa do porco se pode con-
fundir com a forma pulmonar da batedeira, mas, neste
40 
 
 
MHV - Indicações Clínicas e Patológicas — Teoria e Prática
caso, à idade do animal decidirá, em falta de outro elemen-
to; é que a batedeira é moléstia própria ou mais comum
aos leitões de 2 a 4 meses, ao passo que a septicemia do
porco é mais comum nos animais de 6 meses € adultos.
Mas ainda aqui o erro é mínimo, porque o tratamento €
quase idêntico, e é esta uma das vantagens do tratamento
homeopático. Não basta, pois, para realizar essa compara-
ção, de onde resulta O diagnóstico, anotar apenas Ossinto-
mas; é preciso ainda levar em conta a idade e a espécie do
animal. Há assim uma diarréia dos bezerros como há uma
enterite do boi, uma varíola dos carneiros, e se O lamparão
ou mormo cutâneo é próprio dos eqiuídeos os pulmões que
lhe é muito semelhante, é próprio dos bezerros. [As espécies
mórbidas variam assim com as espécies animais e nestas
com a idade].
A comparação, pois, não oferece dificuldades. no
É verdade que, tratando-se de moléstias gerais, não
localizadas, e sobretudo epizoóticas, os sintomas do começo
delas são sempre muito vagos e, às vezes, comuns. Neste
caso, a existência da moléstia no rebanho ou nas vizinhanças,
em casos de epizootia, simplifica muito o trabalho do diag-
nóstico. Mas ainda mesmo que não seja possível de pronto
classificar a moléstia dada, o erro será ainda aqui mínimo,
por isso que, em regra, no começo,essas moléstias requerem
o mesmo tratamento. Com efeito, rara é a moléstia inflama-
tória dos animais que, no seu começo, não exija Aconitum;
rara a moléstia geral contagiosa que não esteja, emtodo o
seu curso, sob a alçada de Arsentcum;, rara a afecção local
maligna ou gangrenosa, a que não convenha Lachesis.
A Homeopatia não cura o nome da moléstia,
mas o conjunto dos sintomas que o doente apresenta,
e este sendo o mesmo no começo de várias moléstias,
seu tratamento é idêntico.
Não é só. A raridade ou frequência da moléstia, nesta
ou naquela espécie animal, pode ainda auxiliar a comparação €
decidir o diagnóstico; por isso, ao descrevermos as moléstias,
41. 
Manual de Homeopatia Veterinária
tivemos sempre o cuidado de assinalar este fato em relação
as espécies e idades dos animais.
|. Vê-se assim que a facilidade daclassificação das mo-
léstias, de que resulta o diagnóstico, depende da familiarida-
de do espírito do criador com as descrições nosológicas, a
par da minuciosidade com que ele deve pesquisar os sinto-
mas apresentados pelo animal doente. , O TRATAMENTO
 
Tratamento geral
dificuldade no tratamento .das moléstias dos ani-
mais não está somente nem no acerto do diag-
nóstico, nem na escolha dos remédios; está também na
administração destes últimos.
Não nos referimos aqui apenas à indocilidade que,
em geral, os animais se opõem à aplicação do remédio, o
que obriga várias vezes a se empregar mais de duas pesso-
as. Neste mister, cada vez que se lhes quer dar o remédio;
queremos nos referir ainda à dificuldade que oferece a esse
propósito o rebanho extenso, quando se trata de moléstias
contagiosas e epizoóticas.
Este segundo aspecto do problema é, sobretudo, de
grande importância para as criações extensivas de gado bovi-
no ou ovino e mesmo de porcos: o número de cabeças ataca-
das pode ser muito grande, para tornar todo tratamento
ilusório. Que pode realmente fazer um criador de gado, que
vê, nas suas invernadas, ou campos, o seu rebanho de milha-
res de reses atacados, por exemplo, pela febre aftosa, se ele
não pode ter nem pessoal, nem instalações adequadas para
acudir ao mesmo tempo a tantos animais? Entretanto, se O
seu rebanho não for muito numeroso, poderá ele remediar o
inconveniente pelo processo de dar o remédio que lhe vamos
indicar; mas, mesmo nestecaso, o remédio só poderá ser
administrado uma vez por dia, quando deveria sê-lo três ou
quatro e mais vezes. Está sabido que, nesses casos, não se
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44
Manual de Homeopatia Veterinária
poderá jamais proceder como se faz, quando se tem um só
ou potcos animais atacados: seria irrisório aconselhar o
criador a mandar dar, no campo, a 500 reses ou 300 carnei-
ros doentes, um a um, na bocá, apanhando-os a laço, o
remédio homeopático escolhido. Nesses casos, é preciso
proceder de outro modo e eis como:
Constrói-se entre duas mangueiras um corredor estrei-
to (de 80 cm. de largura interna e 1.60m de altura para os
grandes animais), tendo 10 m. oú mais de comprimento com
moções ou palanques bem fortes e bem enterrados no solo,
unidos transversalmente dois a dois, por traves pregadas nos
cabeços, e guarnecidos pela face interna de tábuas grossas que
formem uma cerca sólida de um e outro lado do corredor. Do
lado da entrada, haverá uma mangueira em forma afunilada
(seringa) para impedir os animais dentro do corredor. A últi-
ma seção deste último, do lado da saída, formará um tronco
ou brete, de comprimento em geral de uma rês adulta, e
fechado à frente e atrás por varas movediças, que isolem o
animal, quando ele aí chegar vindo da seringa, e não permi-
tam que ele se vire ou se mova. Isto pronto, duas pessoas se
colocam aos lados e por fora do tronco, debruçadas sobre a
cerca, uma com um laço para prender o boi pelos chifres ao
último palanquee abrir-lhe a boca, a outra (com o remédio já
preparado em uma vasilha) para auxiliar a abrir a boca do
animal e nele deitar o remédio por meio de um pequeno
frasco de boca larga, que irá enchendo ao passo que as reses
forem passando. As reses chegadas da seringa, pelo corredor,
umaatrás da outra, serão uma a uma, isoladas na seção tron-
co pelas varas dianteiras e traseiras manejadas por duas outras
pessoas. Uma vez dado o remédio, abrem-se as varas diantei-
ras e solta-se a rês; depois se fecham estas e abrem-se as
traseiras para receber nova rês, e assim por diante.
E fácil por aí se construirum dispositivo proporcio-
nando para os rebanhos de carneiros ou para as porcadas
criadas à solta.
Tanto menos numeroso é o rebanho,tanto maior número
de doses do remédio se poderá administrar em um dia de
serviço com um só tronco; mas o melhor, tendo em vista a
& 
 
 
MHV - Indicações Clínicas e Patológicas — Teoria e Prática
necessidade da alimentação dos animais, é ter mais de um
tronco, se o rebanho for maior. E sabido que, em casos de
epizootia, nem todos os animais atacados, pela gravidade do
seu estado, poderão acompanhar o rebanho; a esses, caso se
possa, é preciso tratar individualmente.
Mas compreende-se quanto esse processo de tratar os
animais doentes é grosseiro e imperfeito, pois o gado fica no
campo exposto às intempéries, quase sempre ao sole à chuva,
sem abrigo algum. Mas que remédio dar, se é este O sistema
de criação extensiva usado no nosso Continente, tão rico em
pastagens? Afora essa que aí fica, não vemos outra solução
prática ao problema do tratamento, qualquer que ele seja, do
gado doente. (ver introdução — homeopatia no cocho de sal,
ração ou na água para rebanos). |
Tratando-se de aves criadas à solta em, parques extensos,
e de casos de epizootia, o remédio deverá ser dado na água do
bebedouro, ou então serão os doentes isolados em um recinto,
onde seja fácil apanhá-los um a um, para se lhes dar o remé-
dio, caso, pela gravidade do seu estado, não possam ir ao
bebedouro. o
Claro está que, tratando-se de moléstias esporádicas
ou enzoóticas, não contagiosas, que atacam poucas cabeças,
dever-se-á sempre proceder, mesmo nas criações extensivas,
do modo que vamos agora expor.
Quando, nas fazendas pequenas, ou em pequenas cria-
ções próximas ou dentro das cidades, ou ainda em estábulos,
cocheiras e quintais, o número de animais atacados for pouco
avultado, e sobretudo quando se tratar de animais de raça € de
valor, ou ainda em casos de moléstias esporádicas não contagi-
osas, então se deverá proceder com cuidados mais meticulo-
sos, para maior eficácia do tratamento.
Para isso, dever-se-á ter uma enfermaria adequada para
os animais doentes. Para os grandes animais (cavalos e vacas)
boxes de madeira ou estrebaria em barracão abrigado; para
ovinos e caprinos pequenos cercados com cobertura de zinco
ou de palha; para porcos, chiqueiros isolados e cobertos; para
os outros pequenos animais gaiolas, onde eles possam ser ma-
nejados facilmente para se lhes administrar os medicamentos.
 
 
 
Manual de Homeopatia Veterinária
Esses abrigos devem ser conservados sempre rigorosamente
limpos e ventilados, e a pessoa que tratar do animal deverá ser
para ele branda e afetuosa, evitando toda violência que possa
assustá-lo ou irritá-lo
Nas.moléstias agudas, sobretudo do aparelho digestivo,
nenhum alimento será dado ao animal, enquanto não se pro-
nunciar uma melhora qualquer do seu estado. A abstinência é
essencial na cura das moléstias agudas. Também, nesses casos,
a natureza sabe providenciar, proibindo ao doente todaa ali-
mentação, graças à inapetência. Depois, aos animais que qui-
serem comer, serão dados alimentos leves e secos, o líquido e
o fubá ou o milho quebrado. Aos atacados de diarréia, não se
deve dar alimentos verdes, pelo menos crus. Os cochos ou
depósitos de comida devem ser conservados perfeitamente
limpos, não se deixando neles fermentar restos de forragem de
espécie alguma; a água de beber deve ser renovada no bebe-
douro duas ou três vezes ao dia. Em qualquer moléstia, é
necessário deixar o animal sem comer ou beber cerca de uma
hora antes e depois de lhe administrar o medicamento. Aos
. cães não se dará nunca carne durante as moléstias agudas. Aos
s”
46
porcos, todos os alimentos serão dados cozidos. Para as gali-
nhas, alimentos secos.
A administração do remédio
Há vários meios de se administrar o remédio homeo-
pático aos animais; mas, de um modo geral, podem ser re-
duzidos a dois, aos animais que comem e bebem com
facilidade ou que não têm inapetência, especialmente nas
moléstias orgânicas ou crônicas, pode-se dá-lo no alimento
ou na bebida; aos animais que recusam os alimentos, então é
preciso dar-lhes o medicamento na boca.
O primeiro método é sobretudo adaptado ao tratamen-
to dos pequenos animais — cães, gatos, coelhos e aves, que
podem receber o remédio em leite, pão ou pasta de fubá ou
farelo, ou então na água do bebedouro, conservado bem lim-
po. Dado no leite ou na água com que se faz a pasta, pinga-se
o número de gotas necessárias para cada dose, sacoleja-se e
 
MHV - indicações Clínicas e Patológicas — Teoria e Prática
dá-se o leite puro ou faz-se com água a pasta de pão ou de
farelo. Dado na água do bebedouro, calcula-se para cada co-
lherada d'água 1 gota do remédio, e deixa-se o bebedouro à
disposição do animal. o
O segundo método é mais próprio para os grandes ani-
mais, em qualquer caso, e para os pequenos que recusam os
alimentos e a bebida, em virtude da gravidade de seu estado.
Para pô-lo em prática há diversos meios. Um deles é pingar o
número de gotas de uma dose em um pouco cPágua e com
esta fazer uma pequena pasta de fubá de milho ou de farelo de
trigo ou mesmo de pão, e, por meio de uma espátula de Osso,
colocá-la dentro da boca do animal; uma vez posto este ali-
mento medicamentado na boca,fecha-se esta por um instante,
a fim de obrigar o animal a engolí-lo O outro meio é tomar a
água pura como veículo: pingar o número de gotas da dose
em uma a quatro colheradas d'água, em um frasco comprido
de boca larga, e, uma vez aberta a boca do animal, despejá-la
sobre a língua, e manter depois a boca fechada por alguns
momentos, a fim de forçar a deglutição.
Para imobilizar o animal, abrir-lhe a boca e pôr nesta o
remédio, são necessárias no mínimo duas pessoas.
Tratando-se dos grandes animais (cavalos, burros e
bois), e achando-se o doente amarrado na sua baia ou fechada
esta por trás de modo que ele não possa recuar ou escapar,
uma das pessoas, coloca-se do lado esquerdo, abraça o pescoço
do animal com o braço direito e com a mão esquerda puxa
para baixo a queixada, ao passo que a outra pessoa, colocada à
direita, levanta o focinho com a mão esquerda e, com a direita,
introduz na boca entreaberta a pasta medicamentada ou nela
despeja a dose em água, sobre língua. Em seguida, a primei-
ra pessoa fecha rapidamente a boca do animal e assim a conser-
va por alguns segundos. Quando se trata de um animal por
demais indócil ou arisco, é preciso levá-lo a um tronco e imo-
biliza-lo para dar-lhe o remédio; ou procurar abrir-lhe a boca,
atravessando-lhe entre os dentes um pau roliço, à guisa de
freio, que se pode amarrar por trás das orelhas ou do chifres.
Este último meio é, de resto, o único meio de se dar O
remédio aos porcos corpulentos, cujas mandíbulas dispõe de
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 48
Manual de Homeopatia Veterinária
grande força muscular e oferecem mesmo um verdadeiro
perigo para as mãos do operador. Neste caso, são em regra
necessárias três pessoas porque o porco adulto é dotado degrande força, que uma só pessoa não consegue dominar,
mesmo em, Espaços estreitos e acanhados. Quando, porém setrata de uma moléstia febril aguda, que abate muito o porco,
então duas pessoas bastam, porque o animal não oferece
grande resistência; mas esses casos só se oferecem, quando a
forma da moléstia é muito violenta, ou então no fim da
moléstia, quando a prostração é grande. Em regra, na pri-
meira metade do curso comum das moléstias agudas, os
porcos resistem. Tratando-se, entretanto, de porcos da terra,
pouco encorpados, e mansos, criados em terreiro é afeitos
aos donos, e bem assim de leitões, duas pessoas apenas bas-
tam. Então, uma das pessoas, colocadas à direita do animal,
encosta este à parede, apóia o joelho esquerdo a esta, por
trás do porco, a fim de lhe impedir o recuo, e, erguendo o
leitão pelos sovacos o põe em pé ou quase em pé, e, com a
mão direita, puxa a queixada para baixo; a boca abre-se e O
remédio é despejado sobre a língua pelo segundo operador.
Nos cães indóceis é preciso usar o pau paraabrir lhes a
boca, se eles recusarem o leite medicamentado. O mesmo
processo se usará com o gato. Num e noutro, entretanto,
estando preso em gaiola, pode-se dar o remédio na água do
bebedouro; mas, neste caso, é preciso vigiar o animal para ver
se ele bebe ou não.
O carneiro e a cabra são os mais dóceis à administração
do remédio; uma pessoa segura a cabeça pelo chifre e abre a
boca e a outra despeja nela o remédio.
Nogato, caso se queira dar o remédio à força na boca,é
necessário primeiro embrulhá-lo todo em um cobertor ou to-
«alha grossa, a fim de lhe evitar as unhas, imobilizá-lo no colo
de uma pessoa, sobre os joelhos, de modo que uma segunda
pessoa possa abrir-lhe a boca e nesta deitar o remédio em água
ouleite. É sabido que, sendo o gato muito manso,esta opera-
ção pode ser muito fácil, desde que se proceda com jeito e
agrados. Com o coelho se procederá com cautela, porque ele
tem muita facilidade de escapar das mãos dos operadores.
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MHv — indicações Clínicas e Patológicas — Teoria e Prática
No caso das aves, o melhor método é dar o remédio
na água do bebedouro, que se trate de moléstia epizoótica
ou esporádica. Não podendo, porém, a ave levantar-se ou
não bebendo, neste caso é preciso dar a dose na boca, e para
tanto basta uma colherinha de águacom 3 gotas do remédio,
para cada dose, podendo a operação ser feita por uma só
pessoa. o
Nos casos de alteração dos medicamentos, com várias
doses diárias, não se pode dar o remédio na água do bebedou-
ro, seja qual for o animal; neste caso, é sempre necessário dá-
lo na boca. Todavia, quando os remédios só forem dados
alternados pela manhã e à tarde, a água do bebedouro (que
deve ser sempre em pequena quantidade) pode ser mudada
cada 12 horas (assim, de manhã até uma hora da tarde, e
desde esta hora até à noite).
Do mesmo modo que com as aves de terreiro se proce-
derá com as aves de gaiola. Nestas, o único meio de dar o
remédio é no vaso do bebedouro.
A dose
À quantidade de medicamento a dar de cadavez, é 0
que se chama dose. Ela varia com as diversas espécies ani-
mais, em virtude de sua maior ou menor sensibilidade a
ação dos medicamentos. E assim que a experiência tem de-
monstrado que os bovinos são menos sensíveis do que os
equídeos; os cães e os gatos, e os carneiros, cabras e porcos
menos ainda do que os bovinos. Nestas condições O número
de gotas para cada dose do remédio escolhido será: para
 
 
 
Cavalos e muares.... 10 gotas
Bois e vacas... 15 gotas
Potros e bezerros............ea 8 gotas
Porcos, carneiros e cabras ...............eremensenmeeaveso 6 gotas
Cães, gatos, cabritos, cordeiros e leitões .......... 4 gotas
Coelhos e aves de terreiro 3 gotas
Aves de gaiola ..................... 1 gota 
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Manual de Homeopatia Veterinária
As gotas de cada dose serão dissolvidas em obra de 2
ou 3 colheradas de água para os animais de pêlo, quando o
remédio for administrado em líquido, ou em água bastante
para se fazer uma pasta medicamentada quanto leve uma
colheradadas de sopa, de farinha ou líquido, caso se dê a
dose sob esta forma. Na água do bebedouro, por-se-á a
dose das 12 horas em quantidade variável de água, confor-
me o tamanho do animal.
Mas certos medicamentos indicados neste livro, só são
encontrados nas farmácias Homeopáticas em forma de pó
branco (é o que se chama trituração) ou pastilhas (tabletes).
Nestas condições, deve-se calcular o que leva de pó a ponta
mais grossa de um palito comum para 2 gotas se fosse líqui-
do, ou um tablete também para 2 gotas; e dissolver depois,
tanto o pó como os tabletes na água da dose a dar ou na que
se faz a pasta medicamentada.
A repetição da dose será marcada adiante para cada
moléstia em particular. Todavia, devemos dizer, de um
modo geral, que, nas moléstias agudas, sobretudo, epizoóti-
cas, é necessário repetir a dose cada 2 horas; nos casos supe-
“ragudos, que ameaçam em breve prazo a vida do animal, a
repetição deve ser feita cada 15 minutos a meia hora; em
moléstias subagudas, de curso demorado, cada 6 a 12 horas;
enfim, em moléstias crónicas, basta uma dose por dia ou 2 à
3 vezes por semana, conforme a gravidade do mal.
A mudança do remédio
É preciso que o criador nunca se apresse em mudar
o remédio ou remédios, que estão sendo administrados ao
animal, e ter a calma e a paciência de esperar o resultado.
«Em geral, nos casos de curso rápido, se um remédio não
produz melhoras ao cabo de umas 6 ou 8 doses, é preciso
escolher outro; em casos agudos ordinários, só depois de 2
ou 3 dias de espera, sem melhoras, se deve mudar de medi-
camento; e, em outros casos, especialmente crônicos, é pre-
ciso dar o mesmo remédio com constância durante vários
dias e mesmo semanas.
bo 
 
MHV -— Indicações Clínicas e Patológicas — Teoria e Prática
Mas em vez de se mudar levianamente de medicamen-
to, é mais útil alterná-lo com outro, para só mais tarde então
abandoná-lo, perdidas todas as esperanças de sua eficácia. E
por isso que, prevendo as inconstâncias do espírito na apre-
ciação do estado do paciente, adiante, no tratamento das
moléstias, indicamos frequentemente remédios em alter-
nância, em vez de fazê-lo um a um.
O essencial, é, pois, observar o animal doente com
sumo cuidado e sem cessar, a fim de verificar as mudanças do
seu estado, para melhor ou pior, e, assim poder apreciar a ação
benéfica ou nula dos medicamentos empregados.
- Assim que as melhoras sobrevierem no estado do ani-
mal, as doses serão espaçadas, dadas a mais longos interva-
los, o que se irá progressivamente aumentando até a sua
cura completa.
Aplicações externas
Há em Homeopatia, diversos medicamentos que po-
ser aplicados externamente.
dem Quatro são os principais: a Avnica, a Calendula, o
dium e o Sulphur. |
res Sulphur ou meio será usado sob a forma de pó, que
se mistura com banha, na proporção de um de enxofre para 10
de banha, e serve para todas as espécies de sarna dos animais.
Os outros três podem ser preparados grosseiramente
pelo próprio criador, visto como a tintura-mãe, comprada
nas farmácias Homeopáticas, sair-lhes-ia muito caro, para as
grandes quantidades de que ele precisa.
Assim, a Arnica pode ser preparada, comprando-se
nas drogarias pacotes de flores de Avnica e pondo-se co
em maceração dentro de 10 vezes seu peso de álcool a
graus e, na falta, aguardente a 22. Isto se poderá fazer em
uma lata de querosene bem limpa e sem cheiro ou dentro
de um barrilzinho novo. Ao cabo de 15 dias de maceração,
filtra-se tudo em um pano bem grosso, espreme-se O bagaço
e a tintura resultante guarda-se. Com esta tintura de Avrnica,
assim preparada, faz-se água de Arnica, misturando-se uma
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Manual de Homeopatia Veterinária
parte daquela com dez partes de água, para os traumatismos
(contusões, torceduras, luxações), em que não houver laceração
da pele, ou 20 para os traumatismos, em quehouver ferida.
Para fazer tintura de Calendula, colhem-se pés de
malmequer de jardim, quando floridos, e pesam-se partes
iguais de folhas e hastes, de um lado, é fores de outro lado,
e põe-se tudo a macerar por 15 dias, em 5 vezes seu peso
de álcool ou aguardente; depois do que, procede-se como
para com a Árnica. Para aplicação externa, faz-se a água de
Calendula, na proporção de um de tintura assim preparada
para 10 de água previamente fervida, mas fria. Este remé-
dio é próprio para curativo de todas as feridas traumáticas,
especialmente as feridas contusas e laceradas, tendo a vir-
tude de prevenir e combater a supuração.
O Cyrtopodium é a planta parasita chamada vulgar-
mente sumaré ou rabo de taty, muito conhecida na roça.
Tomam-se hastes e folhas, pica-se em pedacinhos, com os
quais se procede como para com a Calendula. A água de
Cyrtopodimm, embebida em panos e aplicada sobre inflama-
ções ainda fechadas tem a propriedade de resolvê-las ou, se
já supuradas, apressar a abertura do tumor, aliviando ao
mesmo tempo as dores. E um bom remédio para os cancros
da pele e para as inflamações

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