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• Doença hereditária mais frequente no brasil • De caráter autossômico recessivo • Caracteriza a homozigose para Hb S (HbSS) • As associações da Hb S/ Hb D/ Hb C e talassemias fazem parte de um grupo definido como doença falciforme • O acometimento na população brasileira chega a 3% o Na Bahia pode chegar a 15% • Maior prevalência na população de etnia negra • A infecção é a principal causa de morte Hb S: resulta da troca do ácido glutâmico por valina na posição 6 da cadeia beta da hemoglobina, resultando em hemoglobina S As manifestações clínicas da doença estão relacionadas com a polimerização da HbS, que altera a forma da hemácia de discóide para a forma de foice, diminuindo sua flexibilidade, resultando em fenômenos vaso-oclusivos e hemólise Os fenômenos vaso-oclusivos são recorrentes, dolorosos e afetam vários órgãos, diminuindo a qualidade e a expectativa de vida do paciente O estresse: hipóxia, desidratação e infecções podem causar polimerização, provocar a deformidade da célula Paciente tem eventos vasococlusivos, devido a falcização, tornando o sangue mais viscoso Screening Neonatal o Hb FA o Hb o Crianças transfundidas Hemograma o Anemia: normocrômica e normocítica o Hb: 5 a 10 g/dL, VCM diminuído (atenção para alfa-beta talassemia e anemia ferropriva) CHCM é normal o Em paciente com anemia falciforme: transfundir o paciente o mínimo possível (o paciente pode ser sensibilizado várias vezes, e pode chegar a um ponto em que só poderá recebe o sangue fenotipado – histocompatível) Leucocitose o Mesmo com desvio para esquerda pode ser normal Plaquetose o Plaquetopenia em caso de sequestro esplênico (emergência, deve ser tratada imediatamente) Morfologia do sangue periférico o Hemácia em foice o Ausentes em RNS o Outros achados: hemácias alvo, corpúsculos Howell-jolly, eritroblastos circulantes, hemácias fragmentadas, policromasia e esferócitos Testes para identificar a anemia falciforme Teste de solubilidade Eletroforese de hemoglobina (pedido na região) Dosagem de hemoglobina fetal Eletroforese de cadeias globínicas Diagnóstico molecular As manifestações clínicas da doença falciforme não estão presentes ao nascimento, já que a hemoglobina fetal mascara o quadro. A crianças começa a ter sintomas por volta do 3 ou 4 mês de idade, devido a diminuição da HBF e aumento da HBS. O quadro clínico caracteriza-se por anemia e episódios de dor, secundários a fenômenos vaso-oclusivos Crise vaso-oclusiva (crise da dor) o Os episódios agudos de dor são causados pelo fenômeno vaso- oclusivo e podem ser causados por: Hipóxia, infecção, desidratação, exaustão física, exposição ao frio extremo o Avaliação da dor: a intensidade da dor varia de leve a insuportável, necessitando de internação na maior parte dos casos e analgesia endovenosa o Manuseio da dor (não opioides, opioides e adjuvantes) o Escala de analgesia (OMS) ▪ Dor leve: analgesia suave com paracetamol e dipirona ▪ Dor moderada: codeína 0,5-0,70 mg/kg/dose VO até 4/4h ▪ Dor intensa: codeína 0,5 – 1mg/kg/dose EV ou VO de 4/4; ou morfina 0,1 – 0,15 mg/kg EV ou SO de 3/3h ou de 4/4h dose máxima 10mg/kg ▪ Tratamento suporte: manter paciente aquecido, hidratação basal e uso de antitérmico; realizar massagem e calor local, evitar hiper-hidratação Obs: a hemácia normal tem cerca de 120 dias de vida, enquanto a hemácia na doença falciforme tem cerca de 17 dias Obs2: o quadro anêmico piora de forma aguda quando ocorre sequestro esplênico, crise aplásica ou hiper-hemólise, e cronicamente, por deficiência de ácido fólico e ferro Os pulmões são os principais alvos de complicações agudas e crônicas da doença falciforme, acomete 40 a 50% dos pacientes Frequente causa de morte na doença falciforme Infecção, embolia de medula óssea necrótica, vaso-oclusão pulmonar e sequestro pulmonar Manifestações clínicas: dispneia, tosse, taquipneia, cianose, dor torácica aguda, febre e hipoxemia Exames complementares: rx de tórax, gasometria arterial e cintilografia pulmonar TTO: oxigenoterapia, analgesia, antibioticoterapia empírica (cobrir os germes encapsulados: pneumococo, meningococo, e haemophilos influenzae) Uma das principais complicações da doença falciforme Se suspeitar de AVC: transfusão se Ht>30%, exsanguíneo parcial objetivando não elevar Hb> 10g/dL, se Ht <30% transfundir Concentrado de hemácias a 10ml/kg Ocorrem após processos infecciosos (parvovírus 19) ➔ devido ao tropismo por células eritrocitárias O quadro inclui febre vaiável, palidez e fraqueza, podendo evoluir para falência cardíaca em consequência da acentuação da anemia 2° causa de morte em crianças com anemia falciforme Ocorre hemocaterese: destruição de hemácias anômalas Pico de incidência entre 6 meses e 3 anos Queda súbita de Hb maior que 2g/dL Tratamento: restaurar volemia, exsanguineotrasfusão de Ht >30%, ou concentrado de hemácias se Ht <30% Se não reverter, preparar esplenectomia Aumento súbito do baço e redução intensa da hemoglobina, podendo evoluir para choque hipovolêmico • Úlceras de perna: Presentes em 8 a 10% dos portadores de doença falciforme o Espontânea ou ocasionada o Risco de colonização por estafilococcus aureus, psudomonas sp e streptococus • Priaprismo: indicado a exsanguínea parcial caso não haja melhora no tratamento inicial (má circulação no corpo cavernoso) • Retinopatia: perda da acuidade visual decorrente de vaso-oclusão e proliferação de vasos • Necrose avascular: geralmente acomete cabeça do fêmur, úmero e corpos vertebrais ➔ o infarto da medula óssea pode agravar a anemia e levar à pancitopenia; consequência: embolia gordurosa • Crises hemolíticas: piora da palidez com icterícia ➔ tem relação com mycoplasma pneumoniae • Crises megaloblásticas Infecções: vulnerabilidade por asplenia e ausência de produção de anticorpos IgG contra polissacarídeos e hipóxia tecidual ➔ as infecções são decorrentes da disfunção esplênica causada por infartos Ocorre perda da capacidade de opsonização dos agentes infecciosos encapsulados, aumentando a suscetibilidade a quadros graves causados por Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae tipo B o O paciente deve receber as vacinas contra bactérias encapsuladas (pneumococo e H influenzae) e meningococo (A,B,C,W,Y) o Penicilina profilática nos primeiros meses de vida até 5 anos de idade o Todo paciente febril deve ser considerado risco para sepse, entrar com macrolídeo para cobrir chlamydia/mycoplasma Alterações no fígado, vias biliares e icterícia o Ocorre em 14% das crianças menores de 10 anos em 30% dos adolescentes e 70% dos adultos portadores de anemia falciforme o Isquemia, colestase, sobrecarga de ferro secundária ao regime transfusional e colelitíase são algumas das complicações Complicações oftalmológicas Complicações cardiovasculares: remodelação cardíaca (devido a maior viscosidade sanguínea) o É resultado da destruição tecidual, lesões vasculares, diminuição da complacência do parênquima pulmonar, hipertensão pulmonar, IC baixo débito o Hipertrofia ventricular esquerda e cardiomegalia ocorrem devido à necessidade de aumento do DC, provocada pela anemia. IAM pode ocorrer na ausência de coronariopatia (demanda de oxigênio maior que a oferta) Complicações renais: hematúria, cólica renal poliúria, devido ao diabetes insípido nefrogênico e a insuficiência renal, decorrem de infarto papilar e de glomeruloesclerose focal. Alguns pacientes apresentam insuficiência renal dialítica e são submetidos à hemodiálisee ao transplante renal Complicações no crescimento e desenvolvimento Alterações osteoarticulares Internação com antecedência Hidratação adequada Avaliar funções hepáticas e renal Exsanguineotransfusão, objetivando diminuir o HbS <30% e Hb em torno de 10mg/dL Transfusão simples exanguíneo Anemia sintomática devido a: o Crise aplásica o Sequestro hepático e esplênico o Hemorragia aguda o Crise hemolítica Anemia sintomática ocorrida em: o Síndrome torácica aguda o Sepse e meningite o Preparo para cirurgia de médio e grande porte Transfusão (indicações controversas) Prevenção de AVC recorrente em crianças com: o História aguda de AVC o Estudo anormal de doppler transcraniano o Infarto silencioso em RNM acompanhado por testes neurocognitivos anormais o Priapismo recorrente não responsivo ao tratamento de rotina o IC crônica o IR crônica associada a anemia sintomática e hemodiálise o Hipóxia cônica de hipertensão pulmonar o Crise de sequestro recorrente em jovens e adultos Transfusão ocasional Em caso de: o AVC agudo o Síndrome torácica aguda o Priapismo agudo não responsivo ao tratamento de rotina o Prevenção da recorrência do AVC o Cirurgia em SNC o Cirurgia na câmara posterior do olho Transfusão crônica Gravidez o Gestação de alto risco o História previa da mortalidade perinatal o Toxemia o Septicemia o Anemia grave o Síndrome torácica aguda, ulceras de perna, episódios dolorosos intratáveis Resumindo: A anemia falciforme (uma hemoglobinopatia) é uma anemia hemolítica crônica que ocorre quase exclusivamente em negros. É causada pela herança homozigótica dos genes da hemoglobina (Hb) S. Os eritrócitos em forma de foice causam oclusão dos vasos e são propensos à hemólise, levando a graves crises de dor de forte intensidade, isquemia nos órgãos e outras complicações sistêmicas. Dor aguda (crise) pode se desenvolver com frequência. Também pode se desenvolver, de forma aguda, infecção, aplasia da medula óssea ou envolvimento do pulmão (síndrome torácica aguda) e ser fatal. Existe anemia, e geralmente pode-se ver células falciformes no exame direto do sangue periférico. O diagnóstico requer eletroforese de hemoglobina. Tratar as crises dolorosas com analgesia e outras medidas de suporte. Transfusões são ocasionalmente necessárias. Vacinas contra infecções bacterianas, antibióticos profiláticos e tratamento agressivo das infecções prolongam a sobrevida. A hidroxiureia pode diminuir a frequência das crises e a síndrome de dor torácica aguda. Anemia falciforme ➔ ligação com o parvovírus B19 e eritema infeccioso • A dactilite é frequentemente a primeira manifestação de dor e geralmente apresenta como edema simétrico das mãos e pés • A anemia da DF é normocrômica e normocítica • A polimerização da HBS, junto com adesão das hemácias, dos leucócitos e das plaquetas e a redução da biodisponibilidade do óxido nítrico contribuem para formação de microtrombos na circulação periférica, que são os responsáveis pelo quadro clínico de vaso-oclusão no paciente com doença falciforme • Sintomas álgicos mais frequentes em ossos longos e abdome ➔ locais de isquemia • A asplenia funcional é um complicação grave e comum • A infecção pelo parvovírus humano limita a produção de reticulócitos e pode desencadear eventos graves como síndrome torácica aguda, glomerulonefrite e AVE • A principal hipótese diagnóstica de um paciente portador de anemia falciforme e que apresenta uma piora súbita do quadro hematológico acompanhada de dor abdominal e aumento do baço é a crise de sequestro esplênico o Neste tipo de crise, ocorre vaso- oclusão nos sinusoides esplênicos e sequestro de eritrócitos no interior do órgão, levando à queda súbita da concentração de e hemoglobina e ao aumento do baço o Os pacientes suscetíveis sap aqueles que ainda não sofrerem fibrose esplênica, quadro conhecido como auto- esplenectomia o As crises de sequestro podem ocorrer em fases muito precoces da doença e podem ser a primeira manifestação clínica da anemia falciforme em até 20% dos casos o O tratamento consiste em suporte hemodinâmico e concentrado de hemácias • A administração profilática de penicilina G ou V tem se mostrado altamente efetiva na prevenção de infecções pneumocócicas graves e deve ser administrada para todas as crianças pequenas com doença falciforme • Toda criança com doença falciforme, além das vacinas especiais, deve receber continuamente antibioticoterapia profilática nos cinco primeiros anos de vida com penicilina G benzatina ou Penicilina V oral
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