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Prévia do material em texto

1 
 
 
 
LIVRO 
TEXTO 
LEITURA, 
INTERPRETAÇÃO E 
PRODUÇÃO TEXTUAL 
 
 
https://bit.ly/2CLKGEc 
https://bit.ly/2CLKGEc
2 
 
Sumário 
 
1. LINGUAGEM E SEUS DOMÍNIOS ............................................................................................. 4 
1.1 LINGUAGEM VERBAL ................................................................................................... 5 
1.2 LINGUAGEM NÃO VERBAL .......................................................................................... 6 
1.3 LINGUAGEM MISTA ..................................................................................................... 6 
2. CONCEITOS E IMPORTÂNCIA DA LEITURA .............................................................................. 7 
3. TIPOS E TÉCNICAS DE LEITURA ............................................................................................. 17 
3.1 ANÁLISE E ESTRUTURA DE UM LIVRO/TEXTO ........................................................... 20 
3.2 INTERPRETAÇÃO DO CONTEÚDO DE UM LIVRO ....................................................... 21 
3.3 CRÍTICA DE UM LIVRO COMO TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTOS ....................... 22 
3.4 ANOTAÇÃO ................................................................................................................ 25 
4. INTERPRETAÇÃO: DA PALAVRA À COMUNICAÇÃO ............................................................. 29 
5. TIPOLOGIA TEXTUAL ............................................................................................................. 44 
5.1 NARRAÇÃO ................................................................................................................ 45 
5.2 DESCRIÇÃO ................................................................................................................ 49 
5.3 INJUNÇÃO .................................................................................................................. 51 
5.4 DIALOGAL .................................................................................................................. 54 
5.5 DISSERTAÇÃO ............................................................................................................ 58 
6. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO .................................................................................................... 63 
6.1 ANÁLISE ..................................................................................................................... 65 
7. SEMIÓTICA E TEXTO NÃO-VERBAL: PRINCIPAIS CONCEITOS ............................................... 68 
7.1 LINGUAGEM VERBAL ................................................................................................. 68 
7.2 LINGUAGEM NÃO VERBAL ........................................................................................ 68 
7.3 LINGUAGEM MISTA ................................................................................................... 69 
8. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO NÃO VERBAL ............................................................................ 75 
9. COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL ........................................................................................... 85 
9.1 COERÊNCIA ................................................................................................................ 94 
10. TIPOS DE PARÁGRAFOS DISSERTATIVOS .............................................................................. 98 
10.1 TEXTO DISSERTATIVO: RECONHECER E PRODUZIR ................................................. 110 
10.2 TEXTO DISSERTATIVO: ARTIGO DE OPINIÃO ........................................................... 117 
11. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 122 
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 123 
 
file:///G:/Meu%20Drive/2019/2019%201/LEITURA,%20INTERPRETAÇÃO%20E%20PRODUÇÃO%20TEXTUAL/EDICAO/LIVRO-TEXTO/livrotexto.docx%23_Toc44078204
3 
 
 
 
 
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E 
PRODUÇÃO TEXTUAL 
 
TEMA 01 
 
 
PARTE 01 – LEITURA: CONCEITOS, IMPORTÂNCIA, TIPOS E 
TÉCNICAS 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. LINGUAGEM E SEUS DOMÍNIOS1 
É através da linguagem que o ser humano se constitui social e individualmente. A 
linguagem se divide em verbal e não verbal e pode ser também mista. Segundo Bechara 
(2004), a linguagem é qualquer sistema de signos simbólicos empregados na 
intercomunicação social para expressar e comunicar ideias e sentimentos, isto é, conteúdo da 
consciência. 
A língua será o grande potencial da linguagem verbal, sendo vital para o 
desenvolvimento da humanidade. Segundo Faraco e Mandryk (2012): “a realidade humana é, 
de fato, inseparável da língua”. 
É através dela que: 
• Constituímos a interação verbal – maior modo de comunicação humana; 
• Nos constituímos como pessoa; 
Assim, a língua é parte fundamental e determinante na vida do homem e da 
manutenção da vida em sociedade. Desde o nascimento já estão inseridos em uma língua, no 
caso dos brasileiros, da língua portuguesa. Esta língua é assimilada de modo muito rápido pelo 
falante, que já mantém uma característica inata para aprender a língua. Quando inserido em 
situação de convívio social, esta língua passa a ser internalizada de modo rápido e eficiente, o 
que possibilita afirmar que todos os nativos de uma língua conhecem plenamente a sua língua. 
Lembre-se de que a gramática é diferente de língua. 
 
1 Fonte: BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. 
FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à Linguística: Objetos Teóricos. São Paulo: Contexto, 2002. 
• Conhecer a linguagem e seus domínios na leitura, escrita e 
produção textual; 
• Identificar as diversas concepções de leitura; 
• Empregar a Leitura do texto e do contexto; 
• Diferenciar pressuposto de subentendido; 
• Realizar diversos tipos de análise para se apropriar do conteúdo 
estudado; 
• Conhecer as técnicas de: grifar, esquematizar e resumir; 
5 
 
A gramática pode ser entendida como: 
• Um livro com as regras e normas descritas da língua. 
• Conjunto de regras pré-estabelecidas da língua 
A língua envolve toda a prática linguística utilizada por indivíduos em uma comunidade 
e pode não estar dentro das regras gramaticais, mas dentro da organização linguística da 
comunidade de falantes. Assim, a língua é um conjunto de práticas sociais mais amplo que a 
gramática. Um falante nativo não erra a sua língua, uma vez que as questões históricas e 
geográficas influenciam na língua falada pela comunidade. 
Considerar que uma comunidade fala melhor que a outra, que um Estado sabe falar 
melhor que é outro é uma forma de inferiorizar grupos sociais. O que devemos considerar é a 
situação e a intenção. Deve-se escolher a língua que se adapta a cada situação e esteja de 
acordo com o objetivo a ser alcançado. 
Dentro do campo da linguagem verbal, temos os três grandes eixos desta disciplina: 
leitura, interpretação e escrita, sem deixar de lado a linguagem não-verbal, presentes hoje no 
campo da interpretação do mundo e da escrita. 
1.1 LINGUAGEM VERBAL 
Existem várias formas de comunicação. Quando o homem se utiliza da palavra, ou seja, 
da linguagem oral ou escrita, dizemos que ele está utilizando uma linguagem verbal, pois o 
código usado é a palavra. Tal código está presente quando falamos com alguém, quando 
lemos, quando escrevemos. 
 
De acordo com Fiorin (2002), a linguagem verbal é, então, a matéria do pensamento e 
o veículo da comunicação social. Assim como não há sociedade sem linguagem, não há 
sociedade sem comunicação. Como realidade material – organização de sons, palavras frases 
- a linguagem é relativamente autônoma: como expressão de emoções, ideias, propósitos, no 
entanto, ela é orientada pela visão de mundo, pelas injunções darealidade social, histórica e 
cultural de seu falante. 
A linguagem verbal é produzida com a utilização da língua e pode se apresentar na 
modalidade oral (falada) ou escrita 
6 
 
A linguagem verbal é a forma de comunicação mais presente em nosso cotidiano. 
Mediante a palavra falada ou escrita, expomos aos outros as nossas ideias e pensamentos, 
estabelecemos comunicação e existimos em mundo feito de palavras. 
Ela está presente em textos, em propagandas, em reportagens (jornais, revistas etc.), 
em obras literárias e científicas, na comunicação entre as pessoas, em discursos (políticos, 
representantes de classe, candidatos a cargos públicos etc.); e em várias outras situações. 
1.2 LINGUAGEM NÃO VERBAL 
Linguagem não verbal é o uso de imagens, figuras, desenhos, símbolos, dança, pintura, 
música, mímica, escultura e gestos como meio de comunicação. 
 
Dentro do contexto temos a simbologia que é uma forma de comunicação não verbal. 
Exemplos: sinalização de trânsito, semáforo, logotipos, bandeiras, uso de cores para chamar 
a atenção ou exprimir uma mensagem. 
É muito interessante observar que para manter uma comunicação utilizamos tanto a 
linguagem verbal quanto a não verbal. 
1.3 LINGUAGEM MISTA 
Linguagem mista ou híbrida é o uso simultâneo da linguagem verbal e da linguagem 
não verbal. Muito comum nas histórias em quadrinhos e nas propagandas. É ima linguagem 
com muito potencial, pois a união da linguagem verbal com a não verbal amplia o poder 
comunicacional. 
 
 
 
 
 
A linguagem não verbal é feita sem a utilização da língua e engloba: sons, cores, gestos, 
símbolos. 
A linguagem mista ou híbrida é feita com a utilização da linguagem verbal e não 
verbal ao mesmo tempo. 
7 
 
2. CONCEITOS E IMPORTÂNCIA DA LEITURA 
Em um mundo altamente tecnológico, muitos acreditam que o celular e o computador 
são os instrumentos mais importantes para ser moderno, porém o que pouco se questiona é 
o que fazer com estes instrumentos, como utilizá-los de modo adequado e a favor do indivíduo 
e do seu bem-estar. Além disso, a LEITURA será o fator determinante para um bom uso das 
ferramentas tecnológicas. 
Recentemente uma amiga que viajou para a Espanha comentou a respeito da sua 
dificuldade durante a visita ao país. Segundo seu relato, não há no aeroporto, nas plataformas 
de trem ou metrô pessoas com função específica de ajudar a executar quaisquer 
procedimentos. Tudo está escrito em placas e folhetos e as pessoas seguem os procedimentos 
sem ficar perguntando, ou seja, elas se acostumam a ler as informações. 
Depois de ouvir sua história, refleti o quanto somos dependentes no Brasil. Não 
sabemos ler e seguir orientações, estamos perguntando a respeito daquilo que está escrito 
nas placas. Isso revela o nosso pouco hábito de ler, seja uma placa que indica o banheiro mais 
próximo, seja a orientação dada durante um procedimento no caixa eletrônico, seja mesmo 
um texto maior, mais elaborado como os que são necessários na formação acadêmica. 
Enquanto o brasileiro não for independente no campo da leitura, enquanto não 
conseguir ler e entender o que leu, não conseguirá desenvolvimento. Um país precisa de 
leitores competentes para alcançar o posto de desenvolvido. Assim, a leitura é primordial para 
o desenvolvimento individual e coletivo. 
A leitura é um passaporte para a independência, em especial, a acadêmica, posto que 
ler e entender o que leu são dois passos fundamentais para ter uma vida acadêmica 
satisfatória. Por isso, nesta unidade, trataremos da leitura e de sua importância na vida do 
universitário. 
Vários conceitos podem ser aplicados ao vocábulo “leitura”, um dos primeiros 
entendimentos, afirmava que ler era decodificar as palavras. Mas, o que é mesmo decodificar? 
Nas etapas de alfabetização, no primeiro processo de leitura, as crianças leem primeiro as 
sílabas e então formam as palavras. Quando conseguem ler as palavras, sem ser necessário 
ler as sílabas, diz-se que ela sabe decodificar, o que antes era considerado como leitura. Este 
8 
 
é um conceito muito empobrecido do que verdadeiramente é a leitura, assim, vejamos como 
Paulo Freire2 define: 
A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta 
não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se 
prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura 
crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. (FREIRE, 1989, p. 
9). 
 Para o educador, o mundo do leitor é fundamental para a compreensão da leitura. 
Vejamos como isso se dá na prática: 
 Se eu gosto de carros, sei o nome das marcas, sei os modelos, acompanho toda a 
tecnologia de produção dos automóveis, certamente terei domínio do vocabulário 
relacionado ao tema: carros. Por isso, se for necessário ler algum material sobre este tema, 
será mais fácil de compreender o texto; por outro lado, se eu não sei nada sobre enfermagem, 
algumas expressões serão incompreensíveis. Se o assunto não faz parte do nosso mundo, 
temos mais dificuldade de compreensão. 
 A grande questão que se põe é que na universidade não é possível negligenciar 
nenhuma disciplina, ainda que ela não seja do nosso mundo. Uma dica é viver mais, observar 
mais, ouvir as pessoas, todas elas, de todas as idades, de todas as profissões. Essa é uma 
possibilidade de aprender sobre o mundo na sua diversidade. 
 Outra questão para qual Freire aponta é o contexto: A compreensão do texto a ser 
alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. 
Atenção pra a definição de Contexto. Isso vai ser fundamental para a sua compreensão, 
não só de leitura, mas de interpretação e produção textual: 
 
 
 
 
 
 
2 FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados: 
Cortez, 1989. 
Contexto é tudo aquilo que, embora não esteja no texto, é 
importante para sua compreensão. É o ambiente, é o sujeito da ação 
e sua função social, são os fatores sociais, culturais e psicológicos. É 
a situação concreta a que o texto se refere. Há diferentes tipos de 
contextos (social, político, cultural, estético, esportivo, educacional, 
histórico...). 
 
9 
 
 O contexto se dá de dentro do texto para fora dele. É como se determinadas palavras, 
expressões me levassem do sentido do texto para o mundo real. Esse mundo real é o contexto. 
É possível que se parte de contextos para o texto, quando observando o mundo, o 
acontecimento e depois vamos aos textos para compreender o fato através das palavras. 
 O contexto é determinante para o entendimento da leitura, sem ele, haverá a escrita, 
haverá leitor, haverá texto, mas não haverá compreensão. 
Vejamos: 
Exemplo 1 
 
Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2018/04/ 
Exemplo 2: 
 
Fonte: https://www.otempo.com.br/capa/brasil/ 
 
 A palavra guerra aparece nas duas manchetes, porém ela tem significado diferente, na 
primeira, sabe-se que há conflito armado na síria e ocorre verdadeiramente uma guerra; já no 
exemplo dois, trata-se da grande violência proporcionada pelo tráfico, mas não pode ser 
compreendida na mesma acepção do exemplo 1. Como sabemos disso? 
Simplesmente pelo contexto, somos brasileiros e sabemos que não estamos em guerra 
armada, por isso somos levados a compreender sob outra ótica. Vejamos mais um exemplo 
para compreender o que é o contexto: 
 
 
 
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2018/04/
https://www.otempo.com.br/capa/brasil/
10 
 
 
Fonte: http://www.fatoreal.blog.br/seguranca/falta-de-seguranca-e-uma-solucao-criativa/ 
 
Ao lermos a placa acima, sabemos que o lugar de compra é a casa onde está a placa. 
Como sabemos isso? Simples, nosso conhecimento de mundo, ou seja, o contexto, nos indica 
um conhecimento para além do que está escrito. Então, Paulo Freire está correto quando diz 
que não lemos apenas palavras,lemos antes, o mundo. Caso não sejamos bons leitores do 
mundo, teremos dificuldade na leitura das palavras. 
Observem que para compreendermos um conceito, tivemos que refletir sobre ele, 
ampliá-lo, entender o que significa a palavra mundo, o que é contexto, para então 
compreender plenamente o que o autor entende por leitura do mundo. Assim deve ser feito 
em todo ato de leitura, pois ler é um processo, é uma ação que envolve reflexão, busca, 
paciência e principalmente, prática. Quanto mais você lê, mais habilidoso você fica. 
Devemos também considerar a interrelação entre leitor e texto, pois o leitor não é um 
ser passivo, sem conhecimento anterior. Quando o leitor se põe a desvendar um texto, os 
conhecimentos anteriores são acionados e pode haver um diálogo com o texto. Soares3 (2000) 
amplia a concepção de leitura ao apresentar a relação entre leitor e autor mediado pelo 
mundo: 
Leitura não é esse ato solitário; é interação verbal entre indivíduos, e indivíduos 
socialmente determinados: o leitor, seu universo, seu lugar na estrutura social, suas 
relações com o mundo e com os outros; o autor, seu universo, seu lugar na estrutura 
social, suas relações com o mundo e os outros (SOARES, 2000, p. 18). 
 
3 SOARES, M. As condições sociais da leitura: uma reflexão em contraponto. In: ZILBERMAN, R.; SILVA, E. T. (Org.). 
Leitura: perspectivas disciplinares. São Paulo: Ed. Ática, 2000. p. 18-29. 
http://www.fatoreal.blog.br/seguranca/falta-de-seguranca-e-uma-solucao-criativa/
11 
 
O processo de interação entre livro e leitor é discutido por Leffa4 (1999) ao considerar 
a leitura como um processo interativo entre os esquemas do leitor e do autor, vivendo um 
momento sócio histórico. Dessa forma, a concepção de leitura interativa compreende leitura 
não como uma atividade de decodificação de itens linguísticos, como um processo dinâmico 
de construção de sentidos. Nessa concepção de interação, o leitor não é mero receptor de 
mensagens, ele se porta como coautor; 
Ampliando o conceito de leitura, Kleiman5 (2002) entende como um processo cognitivo 
que envolve uma relação entre: “o sujeito leitor e o texto enquanto objeto, entre linguagem 
escrita e compreensão, memória, inferência e pensamento”. Para esta autora, a leitura só 
pode acontecer quando aspectos cognitivos são acionados, dentre eles: compreensão, 
memória, inferência e pensamento. Destes quatro aspectos, dois merecem destaque: 
memória e inferência. 
Em primeiro plano, a memória é fator primordial na leitura porque será acionada para 
relembrar conhecimentos que se unirão ao novo conhecimento da leitura. Todas as vezes que 
se faz uma leitura, vem à mente outras leituras já feitas antes. Certamente que a memória só 
pode ser acionada se houver conhecimentos prévios. Quanto mais leitura se tem, maior é o 
repertório para ser relembrado. 
O segundo termo utilizado, inferência6, também é importante para a realização de 
uma leitura completa: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 LEFFA, V.J. Perspectivas no estudo da leitura: texto, leitor e interação social. In: LEFFA, V. J.; PEREIRA, A. E. 
(Org.). O ensino de leitura e produção textual: alternativas de renovação. Pelotas: Educat, 1999. p. 13-37. 
5 KLEIMAN, Ângela. Oficina de Leitura: Teoria e Prática. Campinas, SP: Pontes. 2002 
6 https://www.significados.com.br/ 
Inferência é uma dedução feita com base em informações ou um 
raciocínio que usa dados disponíveis para se chegar a uma conclusão. 
Inferir é deduzir um resultado, por lógica, com base na interpretação 
de outras informações. Inferir também pode significar chegar a uma 
conclusão a partir de outras percepções ou da análise de um ou mais 
argumentos. 
 
12 
 
A Inferência textual está relacionada à compreensão da leitura. Significa interpretar os 
elementos que estão explícitos e implícitos no texto, de modo que o leitor consigas ampliar a 
análise de tudo que foi escrito e compreender a ideia central do texto. A inferência textual 
pode requerer algum conhecimento prévio sobre o tema da leitura. 
Quando se realiza o ato de ler, nem sempre as informações estão claras e visíveis, nem 
sempre é possível compreender um texto apenas fazendo uma leitura literal. Para ampliar a 
compreensão alguns conceitos devem ser considerados, como os de: IMPLÍCITOS E 
EXPLÍCITOS7 
Informações explícitas - São aquelas gritantemente expostas no texto. Não há 
necessidade de se aguçar a mente, de fazer um grande esforço para compreender a 
informações. Neste caso, a interpretação deve se voltar apenas ao que foi redigido no texto. 
Já os Implícitos são os elementos que o leitor deverá deduzir a partir de informações 
explícitas. O implícito requer a capacidade do leitor de deduzir o que o autor quis dizer no 
texto, mas não disse. Ou seja, é necessário que o leitor enxergue o que não está escrito, o que 
está nas entrelinhas. Vamos ler o implícito dos textos8 abaixo: 
 
Implícito: se a tartaruga não for monitorada, dificilmente se saberá a idade dela. 
 
 
7 Marcelo Rosenthal; Lilian Furtado; Tiago Omena; Pedro Henrique. Interpretação de Textos e 
Semântica para concursos: teoria, esquemas, exercícios e questões de concursos comentadas. Campus 
concurso. Acessado em <www.elsevier.com.br> 
8 http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000014237.pdf 
Quantos anos vive uma tartaruga? 
A tartaruga vive entre 80 e 100 anos. [...] As tartarugas estão entre os animais de vida mais 
longa e é o único animal hoje que vive mais que o homem. [...] Um dos critérios usados 
para saber a idade da tartaruga é contar os anéis que formam seu casco. Mas, com o passar 
do tempo, esse critério deixa de ser útil porque o número de anéis aumenta muito e não é 
mais possível distingui-los. Muitas vezes, o tamanho da tartaruga pode ser um indicativo 
da sua idade. SUPERINTERESSANTE, fev.1995. 
13 
 
 
 
Implícitos – 1) o inchaço é passageiro, não é duradouro; 2) se for um número grande 
pode trazer consequências mais graves 
 No campo dos implícitos estão os PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS que também são 
responsáveis por fazer uma boa leitura. Vamos agora verificar qual a distinção entre eles: 
PRESSUPOSTOS - o autor do texto emprega palavras ou expressões com a intenção de 
que o leitor realize a inferência. O autor não passasse uma informação completa, mas o uso 
de determinada palavra ou expressão dá a entender a ideia pretendida. 
Os pressupostos podem ser marcados por: 
• Verbos – os alunos deixaram o curso de língua inglesa, porque essa matéria não foi 
incluída no edital do concurso. 
o Com o emprego de DEIXARAM, o autor dá a entender que os alunos vinham 
cursando o Inglês, até a publicação do edital; não está escrito no texto que 
estavam cursando, mas pressupõe-se por conta do verbo. 
• Advérbios – “João também não fez o que foi solicitado.” 
o Com o emprego do advérbio TAMBÉM, o autor da frase afirma que além de 
João, outras pessoas não fizeram o solicitado. 
• Adjetivos – Os candidatos estudiosos têm grandes possibilidades de aprovação. 
o Com o emprego do adjetivo ESTUDIOSOS, o autor pretende dizer há candidatos 
estudiosos e candidatos não estudiosos. E mais: que o candidato não estudioso 
tem menos possibilidades de aprovação. 
• Orações adjetivas – Os funcionários que fizeram greve foram demitidos. 
o Com a oração adjetiva QUE FIZERAM GREVE com caráter restritivo, o autor leva 
o leitor a pressupor que aqueles que não fizeram greve continuaram 
empregados. 
 
Muita dor e inchaço é o que sente uma pessoa quando é picada por abelhas ou 
marimbondos. Este incômodo passa após algumas horas e não se sofre maiores 
consequências, desde que o ataque não tenha sido feito por um grande número de insetos. 
14 
 
• Palavras denotativas – Mesmo João fez todos os exercícios. 
o Com o emprego da palavra denotativa de inclusão MESMO, pressupõe-se que 
todos fizeram os exercícios, inclusive João. Também se depreende que João era 
a pessoa com a menorexpectativa de que fizesse os exercícios. 
SUBENTENDIDOS - A partir de uma informação, pelo menos aparentemente 
independente – já que o autor não usa palavra ou expressão evidenciando a intenção–, o leitor 
realiza uma leitura das entrelinhas, de elementos que não estão expostos, explícitos, mas que 
são lógicos em relação ao contexto. Às vezes, para se observar o subentendido, é necessário 
conhecer o contexto (momento político, social e até mesmo pessoal do autor). 
Vejamos nos exemplos9 abaixo como se dá o subentendido: 
 
Subentendido – quando sai da adolescência pode se tornar hipócrita. Os adultos são 
mais hipócritas que os adolescentes. 
 
Subentendido – na letra da canção o autor relata 
que colocou uma carta em uma garrafa e embora não 
esteja escrito neste trecho que a garrafa será jogada na 
água, nosso conhecimento de mundo, nossa 
interpretação do contexto nos leva a esta compreensão, 
a este subentendido. 
 
 
 
9 http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000014237.pdf 
O adolescente é um bicho ético, que detesta a hipocrisia: está procurando, em cada 
experiência nova, um fundamento da arte de viver. Para isso, a verdade é essencial. Cada 
experiência é decisiva porque ele sabe que em cada escolha está se construindo como 
pessoa. Tudo tem que ser falado, dissecado em miúdos. 
Coloquei uma carta 
Numa velha garrafa 
Mais uma carta 
De solidão 
Coloquei uma carta 
Um pedido da alma 
Salvem meu coração 
LS JACK. Uma carta. In: 
ÁLBUM:V.I.B.E.[s.l.] 
gravadora Indie Records. 
15 
 
LEITURA
Mundo
Contexto
Inferência 
InteraçãoSubentendido
Pressuposto
Memória
Subentendido: a garçonete subentende que o açúcar era para adoçar o café e não um 
pacote. Não foi dito pelo Zezinho a quantidade de açúcar, mas no contexto da lanchonete, 
entende-se que é uma quantidade suficiente apenas para adoçar o café. 
Esquematizando as informações destacadas acima a respeito da inferência, temos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ao fim desta unidade, você deve ter compreendido que a leitura é fundamental para 
o desenvolvimento do ser humano e, na universidade, será imprescindível para dar conta das 
exigências, pois nenhuma formação acadêmica se faz sem leitura e escrita. Observe no 
esquema abaixo os principais conceitos relacionados à leitura estudados até aqui: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Inferência: dedução 
feita com base nas 
informações
Explícitos:
interpretação do que 
foi realmente escrito no 
texto
Implícitos: enxergar nas 
entrelinhas do texto
Pressuposto: palavras 
do texto que remetem 
ao entendimento
Subentendido: não há 
palavras que remetam 
ao entendimento. 
Apenas o contexto.
Na Lanchonete, Zezinho pede uma média com leite e pão com manteiga. Depois de pagar, ele bebe o 
café, sente que não tem açúcar e pergunta: 
Zezinho: Tem açúcar? 
Garçonete: Tem sim. 
Zezinho: Tenho que pagar de novo? 
Garçonete: Não 
Zezinho: Então me dá 2kg... 
16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E 
PRODUÇÃO TEXTUAL 
 
TEMA 01 
 
 
PARTE 02 – TIPOS E TÉCNICAS DE LEITURA 
 
 
17 
 
3. TIPOS E TÉCNICAS DE LEITURA 
 Vamos agora estudar a respeito dos tipos de leituras que podemos fazer e das técnicas 
que podem tornar as leituras mais eficazes. Não se trata de receita para ler melhor, mas de 
processos de estudo bem definidos e detalhados que, se seguidos, podem proporcionar 
melhor desempenho na habilidade da leitura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para Adler10 (1974) O processo de compreender um livro pode ser assim dividido: 
• Deve se aproximar dele, primeiro, considerando-o um todo, com uma unidade 
e uma estrutura de partes; 
• e, segundo, considerando seus elementos, suas unidades de linguagem e 
pensamento. 
 Significa que o livro ou texto trata de um assunto em geral, o todo; mas esse todo é 
dividido em partes, capítulos e subtópicos. Além disso, deve-se considerar a linguagem do 
texto, a organização e o pensamento veiculado por ele. A leitura que você faz deve considerar 
estas questões: 
 
 
 
 
 
 
 
10 ADLER, Mortimer J. A arte de ler: Como adquirir uma educação liberal. Tradução de: Inês Fortes de 
Oliveira. Rio de Janeiro: AGIR editora, 1974. Copyright de ARTES GRÁFICAS INDÚSTRIAS REUNIDAS S. A. (AGIR). 
Para auxiliar neste campo, a obra “A Arte de Ler”, de 
Mortimer J. Adler (1974) será de grande subsídio. 
Assim como a obra de Molina, “Ler Para Aprender”. 
Qual o todo deste texto – o assunto geral? 
Como está dividido? 
Como se organiza? 
A linguagem é simples ou precisa de mais atenção? 
Qual o pensamento veiculado pelo autor? 
Qual ideia realmente o autor quer passar? 
18 
 
A primeira leitura pode ser chamada estrutural
ou analítica. O leitor procede do todo para as
partes.
A segunda leitura pode ser chamada
interpretativa ou sintética. O leitor procede das
partes para o todo.
A terceira leitura pode ser chamada crítica ou
avaliadora. O leitor julga o autor e vê se
concorda ou não com ele.
Adler (1974) lista três leituras distintas para que se obtenha um bom resultado. 
 
 
 
 
 
 
 
Para realizar a primeira leitura, ESTRUTURAL OU ANALÍTICA, é preciso saber: 
1) que tipo de livro se lê, isto e, qual o assunto dele; 
2) o que o livro, como um todo, procura dizer; 
3) em quantas partes esse todo se divide e 
4) dos problemas principais, quais são os que o autor está procurando resolver. 
Para a segunda leitura, INTERPRETATIVA OU SINTÉTICA, os passos são: 
1) descobrir e interpretar as palavras importantes do livro; 
2) fazer o mesmo para as sentenças importantes e 
3) para os parágrafos que exprimem argumentos. 
4) saber quais de seus problemas o autor resolveu, e quais deixou sem solução. 
Quanto à leitura CRÍTICA OU AVALIADORA, várias observações podem ser feitas – 
quatro ao todo. 
Antes de criticar ou julgar um autor, tem-se sempre que compreendê-lo. Conheci 
muitos “leitores” que fazem, primeiro, a terceira leitura. Pior do que isso, nunca 
chegam a fazer as duas primeiras. Pegam o livro e logo começam a mostrar os 
defeitos dele. Estilo cheios de opiniões, e o livro é apenas um pretexto para exprimi-
las. Não deviam ser chamados “leitores”. São como muitas pessoas que vocês 
conhecem, que acham que conversar é falar e, nunca, ouvir. Essas pessoas não 
merecem o esforço que se faz falando com elas, e, muitas vezes, nem merecem ser 
ouvidas. (ADLER 1974, p. 106) 
19 
 
 Verdadeiramente, esta é a leitura mais difícil de ser realizada porque, como leitor, 
preciso analisar a obra lida e discutir o assunto a partir de outros conhecimentos já existentes, 
bem como fazer algumas críticas. 
 A respeito do conceito de crítica, precisa-se compreender numa visão mais ampla, 
pois, muitos alunos acreditam que criticar é falar mal, é discordar, é procurar defeito. No 
campo da ciência, criticar é estabelecer juízos a partir de outros conhecimentos. Você pode 
se questionar: 
• A respeito deste assunto, em que o autor amplia a discussão? 
• Quais elementos novos o autor estabelece para esta teoria, para este tema? 
• Quais aspectos o autor não trata? 
• Em que se parece com as ideias de outros autores? 
• Em que difere de outros autores? 
• Comparando com a realidade, como o se aproxima ou se distancia dela? 
Muito cuidado para não fazer críticas com base no senso comum, manifestando 
meramente sua opinião, sem nenhuma base teórica. Não se emite opinião pura 
e simples quando se trata de teoria, de conceito, de informação científica. Por 
isso, você dizer que concorda ou discorda porque você “acha”, não é o 
suficiente para fazer uma crítica da leitura. 
Para melhor compreensão do processo de leitura estabelecido por Adler (1974, p. 209-
210), far-se-á uma análise de texto para servir de exemplo para você construir suas próprias 
análises. 
 Vamos tomar como base uma notícia veiculada pela Isto É (https://istoe.com.br/) em 
31/01/19 - 11h02 que trata sobre o estudo de pessoas com necessidadesespeciais. 
 
 
 
 
 
 
 
https://istoe.com.br/
20 
 
 
3.1 ANÁLISE E ESTRUTURA DE UM LIVRO/TEXTO 
 
Veja abaixo um exemplo de análise da estrutura: 
Tipo e assunto: o texto é uma notícia de jornal. Seu assunto é a inclusão de pessoas 
com necessidades especiais na escola 
Constituição: dividido em 6 parágrafos com informações e muitos dados estatísticos. 
Enumeração das partes: 
• Apresenta o aumento de pessoas com necessidades nas escolas; 
• Retrospectiva – de 2014 a 2018 
Classificá-lo de acordo com seu tipo e seu assunto. 
Expor, com a máxima brevidade, sua constituição. 
Enumerar as partes principais em sua ordem e relação, e analisá-las como se analisou o
todo.
Definir o problema ou problema; que o autor está procurando resolver
Cresce o número de estudantes com necessidades especiais 
Nos últimos cinco anos, de 2014 a 2018, o número de matrículas de estudantes com necessidades 
especiais cresceu 33,2% em todo o país, segundo dados do Censo Escolar divulgados hoje (31) pelo 
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). No mesmo período, 
também aumentou de 87,1% para 92,1% o percentual daqueles que estão incluídos em classes comuns. 
Em 2014, eram 886.815 os alunos com deficiência, altas habilidades e transtornos globais do 
desenvolvimento matriculados nas escolas brasileiras. Esse número tem aumentado ano a ano. Em 
2018, chegou a cerca de 1,2 milhão. Entre 2017 e 2018, houve aumento de aproximadamente 10,8% nas 
matrículas. 
De acordo com dados do CENSO, na rede pública está o maior índice dos estudantes em classes 
comuns. Nas escolas, 97,3% dos alunos com necessidades educacionais especiais estavam nessas classes 
em 2018. Na rede particular, o percentual foi 51,8%. 
Por lei, pelo Plano Nacional de Educação (PNE), o Brasil deve incluir todos os estudantes de 4 a 17 
anos na escola. Os estudantes com necessidades especiais devem ser matriculados preferencialmente 
em classes comuns. Para isso, o Brasil deve garantir todo o sistema educacional inclusivo, salas de 
recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados. 
Segundo os dados do Censo, 38,6% das escolas públicas de ensino fundamental e 55,6% das privadas 
têm banheiros para pessoas com necessidades especiais. Além disso, também no ensino fundamental, 
28% das escolas públicas e 44,7% das particulares têm dependências adequadas para pessoas com 
necessidades especiais. 
No ensino médio, 60% das escolas públicas e 68,7% das escolas particulares dispõem de banheiro 
especial e 44,3% das públicas e 52,7% das privadas têm dependências adequadas. 
21 
 
• Censo 
• Lei - Plano Nacional de Educação (PNE) 
• Censo 
• Diferença escola pública e escola particular 
Problema: a inserção de pessoas com necessidades especiais nas escolas brasileiras 
 
 
 
 
 
 
3.2 INTERPRETAÇÃO DO CONTEÚDO DE UM LIVRO 
 
Proposições principais: 
• De 2014 a 2018, o número de matrículas de estudantes com necessidades especiais 
cresceu 33,2% em todo o país; 
• Entre 2017 e 2018, houve aumento de aproximadamente 10,8% nas matrículas; 
• Plano Nacional de Educação (PNE): o Brasil deve incluir todos os estudantes de 4 a 
17 anos na escola, preferencialmente em classes comuns. 
• Todo o sistema educacional inclusivo: salas de recursos multifuncionais, classes, 
escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados. 
• Segundo os dados do Censo, metade das escolas públicas e particulares têm 
estrutura para receber alunos com necessidades especiais 
Argumentos do autor: 
• O argumento principal do autor está nos dados estatísticos do Censo e de outras 
pesquisas 
Compreender as proposições principais do autor, estudando suas sentenças mais
importantes.
Conhecer os argumentos do autor, descobrindo-os na série de sentenças ou construindo-
os fora delas.
Indicar que problemas o autor resolveu e que problemas não resolveu; e, quanto aos
últimos, ver se o autor reconheceu seu fracasso.
Vejamos agora como proceder para fazer a 
interpretação do conteúdo do livro ou do texto 
estudado: 
 
22 
 
Problemas que o autor resolveu e não resolveu 
• O autor claramente aponta o crescimento das matrículas dos alunos com 
necessidades especiais. Destaca de forma satisfatória o crescente número de alunos 
nesta condição nas escolas brasileiras. De forma superficial trata a respeito das 
condições das escolas para receber estes alunos, mas não enfatiza o descaso com 
muitos prédios escolares que sequer têm rampa para cadeirantes. Além disso, o 
autor não trata da formação dos professores para atender à necessidade deste 
público. 
3.3 CRÍTICA DE UM LIVRO COMO TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTOS 
Antes de iniciar esta etapa de leitura, atente para as Máximas Gerais propostas pelo 
autor: 
1. Não começar a crítica antes de completar a análise e a interpretação. (Não digam que 
concordam, discordam ou deixam de julgar, antes de poderem dizer “Compreendo”.) 
2. Não discordar, como se se estivesse brigando ou disputando. 
3. Respeitar a diferença entre o conhecimento e a opinião, apresentando os motivos de 
qualquer julgamento crítico que se fizer 
Critérios Específicos de Observação Crítica 
 
Autor não está informado: 
• Qual a estrutura necessária para receber alunos com necessidades especiais; 
• Formação adequada de professores para esta necessidade dos alunos; 
• Recursos pedagógicos; 
 
 
Mostrar em que o autor não está informado. 
Mostrar em que o autor está mal informado. 
Mostrar em que o autor é ilógico. 
Mostrar em que a análise ou concepção do autor é incompleta. 
23 
 
LEITURA 
TÉCNICA
LEITURA SELETIVA
Identificar dentro de cada parágrafo a palavra-
chave da ideia central e as palavras-chave das
ideias secundárias.
Selecionar na sequência esse conjunto de
palavras que formarão o resumo do texto
LEITURA CRÍTICA
Leitura abrangente do assunto
Reconhecer a hierarquia das ideias
Verificar como o texto está organizado, dividido
LEITURA 
INFORMATIVA
Autor mal informado: 
• Acredita que apenas banheiros adequados é o suficiente para inserir um aluno com 
necessidade especial na escola 
Autor ilógico: 
• Nos dados estatísticos percebe que apenas metade das escolas atendem às 
necessidades dos alunos com necessidades especiais em relação ao banheiro, mas 
não faz nenhuma referência para mostrar a ineficiência das escolas neste campo. 
Análise incompleta: 
• Não demonstra a realidade das escolas brasileiras, pois em grande parte não têm 
condições estruturais para receber surdos, cegos, autistas e demais necessidades 
especiais. Mostrando apenas os dados de matrícula aparenta dizer que estas 
crianças estão verdadeiramente tendo acesso à educação, mas resta saber se 
completam o ano escolar e o que aprendem durante o ano. 
FAULSTICH11 (2002) também estabelece tipos de leitura pra os textos técnicos. Ele 
divide em 2 tipos de leitura, a INFORMATIVA e a INTERPRETATIVA, como demonstrado 
abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 FAULSTICH, Enilde L. de J. Como ler, entender e redigir um texto. Petrópolis: Editora Vozes, 2002. 
24 
 
 
 É importante destacar que FAULSTICH (2002) segue as capacidades cognitivas 
estabelecidas por Benjamin Bloom12 et alii adaptadas para o processo de leitura 
interpretativa. Como pode ser observado, a leitura não é uma tarefa simples como muitos 
acreditam ser. Ela requer tempo e cuidado para que não seja superficial e sem significado. 
 Compreender a leitura como um processo é fundamental para o seu sucesso. Se você 
pensar em leitura como pegar o texto, ler de qualquer jeito e finalizar, possivelmente serão 
perdidas muitas informações. Por isso, essa ideia de processo: primeira leitura para conhecer 
o texto e fazer um rápido mapeamento; segunda leitura para apreender a essência do texto, 
a ideia defendida pelo autor e só então pode-se fazer críticas ao texto, relacionar o texto com 
outros textos. 
 Também é bom lembrar que um livro,um texto, um artigo podem ser relacionados a 
outros tipos de informação: documentários, filmes, séries, novelas, desenhos animados, 
músicas, quadros. Lembre-se de que todo o conhecimento de mundo deve ser acionado 
quando se faz uma leitura porque só assim é possível estabelecer relações, comparar, criticar. 
 Neste capítulo, foram apresentados dois modelos de técnicas de leitura, de processo 
de leitura: a primeira, de Adler (1974), com 3 etapas bem detalhadas e que podem servir para 
leituras mais exigentes; a segunda, de Faulstich (2002) apresenta 2 etapas que servirão para 
leituras mais rápidas. 
 
12 BLOOM. S. B. et. alii. Taxionomia dos objetos educacionais. Porto Alegre, Globo, 1973. 
LEITURA 
TÉCNICA
COMPREENSÃO
Entender a mensagem literal defendida pelo
autor. entender o ponto de vista, a tese
ANÁLISE
Desdobrar o texto em partes percebendo a
relação das partes com o todo
SÍNTESE
Retirar de cada parágrafo as ideias centrais e
ordenar as ideias principais
AVALIAÇÃO
Julgar, criticar as relações lógicas evidenciadas no
texto e sua aplicação científica
APLICAÇÃO
Associar assuntos paralelos. Utilizar o assunto
aprendido no texto em outros textos. projeção de
novas ideias a partir do conhecimento adquirido
LEITURA 
INTERPRETATIVA
25 
 
 Ao final desta unidade, o que você precisa ter compreendido é que a leitura é parte do 
processo de formação universitária. Não há formação, não há conhecimento sem leitura, por 
isso, se você quer investir em uma formação acadêmica séria, consistente, de sucesso, leia 
todos os textos, todos os livros indicados e solicitados pelo professor. Leia com cuidado, com 
calma, com paciência. Mesmo que no começo, pareça uma tarefa chata e enfadonha, não 
desista. Cada vez que você lê um texto completo, mais fácil fica a leitura do próximo e assim, 
você constrói o gosto pela leitura. 
 
 
 Apesar de ser um assunto tratado pela disciplina de Metodologia do Estudo, tratar-se-
á de algumas técnicas utilizadas na universidade durante o processo de leitura ou mesmo após 
a leitura. As informações são de MEDEIROS13, 2011 e são úteis para cumprir as principais 
atividades de leitura na universidade. 
 Durante o estudo, em especial um estudo independente em que está apenas você e o 
texto, você precisa: 
a) Anotar; 
b) Esquematizar o texto; 
c) Transformar o texto em roteiro; 
d) Realizar resumos. 
3.4 ANOTAÇÃO 
 Este é um ponto de partida para qualquer estudante, seja diante de uma aula 
expositiva, uma palestra ou um livro. Realizar anotações ajuda a compreender melhor o que 
está sendo lido e depois serve como ponto de partida para outras atividades. Medeiros, (2011, 
p. 8) considera a anotação como “[...] processo de seleção de informações para posterior 
aproveitamento” 
 
13 MEDEIROS, João Bosco. Como tornar o estudo e a aprendizagem mais eficazes. In: Redação científica: 
a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2011. cap. 1, p. 5-27 
FORMAÇÃO EXCELENTE 
26 
 
 Antes de iniciar as anotações é preciso definir onde elas serão feitas e isso depende de 
você, enquanto estudante e do propósito da leitura. Você pode anotar no próprio livro/texto, 
em um caderno, em um bloco de anotações ou mesmo no computador ou tablet. Caso você 
esteja lendo vários livros, é bom registrar a fonte de onde as anotações foram extraídas. 
Ex.: MEDEIROS, João Bosco. Como tornar o estudo e a aprendizagem mais eficazes. In: 
______. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 11. ed. São Paulo: 
Atlas, 2011. cap. 1, p. 5-18. 
 Medeiros, 2011 classifica as anotações em: 
a) Anotações corridas: 
• Realizar a leitura total do texto, sem interrupção; 
• Reler o texto, levando em consideração as palavras desconhecidas; localizando-
as no dicionário – anotar o mais próximo possível; 
• Buscar em enciclopédias e almanaques, informações relevantes para a 
compreensão do texto, sejam elas: históricas, geográficas entre outras; 
• Só destacar os trechos e as palavras-chave após ter compreendido o texto; 
• Realizar a redação da anotação corrida e submetê-la a uma avaliação própria; 
havendo a necessidade de correções, refazer a redação. 
b) Anotações esquemáticas: “Ordenam hierarquicamente as partes principais do conteúdo 
de uma comunicação” (MEDEIROS, 2011, p. 8). 
• Deve ser realizada após o estudo do texto e as anotações corridas. 
• Pode ser apresentado como: 1) esquema vertical das ideias do autor; ou 2) por 
chaves ou diagramas. 
• Há diversos tipos de esquemas, dentre eles o mapa-conceitual, os 
organogramas; 
c) Anotações resumidas: “[...] proporciona melhores resultados para a leitura, bem como para 
a própria redação. [...] só consegue fazer um bom resumo quem realmente assimilou as 
ideias principais do texto” (MEDEIROS, 2011, p. 13). 
• Apresenta a síntese de informações extraídas de livros, artigos e exposições 
orais. 
27 
 
• O resumo consiste na condensação de um texto, apresentando as ideias 
principais, respeitando a estrutura e a inter-relação das ideias. 
• Deve ser feito em parágrafos mantendo as ideias do texto, mas com a escrita 
do aluno; resumo não é cópia de partes do texto, é uma síntese das principais 
ideias, reescrita pelo aluno. 
MEDEIROS (2011) chama atenção para dois fatores importantes: 
A técnica de SUBLINHAR, tão comum no ato de ler, porém mal utilizada pelos alunos, 
pois tendem a sublinhar indistintamente, sem considerar o que de fato importa. O autor indica 
que não deve ser feito na primeira leitura e deve-se sublinhar apenas as ideias principais, as 
palavras-chave. 
Também solicita atenção especial para o VOCABULÁRIO, pois “[...] quem pouco lê tem 
vocabulário reduzido” (MEDEIROS, 2011, p. 16). A leitura se torna incompreensível, portanto, 
ineficaz, se não há domínio do vocabulário. Recomenda-se buscar no dicionário toda palavra 
desconhecida que aparece no texto ou tentar descobrir o sentido da palavra no contexto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E 
PRODUÇÃO TEXTUAL 
 
TEMA 02 
PARTE 01 – INTERPRETAÇÃO: DA PALAVRA À COMUNICAÇÃO 
 
29 
 
4. INTERPRETAÇÃO: DA PALAVRA À COMUNICAÇÃO 
Parece simples afirmar que a interpretação de um texto está diretamente ligada às 
palavras do texto e só elas são importantes. Já vimos na unidade que trata da leitura a sua 
ampla concepção, envolvendo o conhecimento de mundo. Todo o aprendizado sobre a leitura 
é importante para esta etapa em que trataremos da interpretação textual. É preciso ter em 
mente que interpretar um texto é um processo complexo, envolve diversos campos do 
conhecimento, desde o sentido das palavras, passando pelo gênero e pelo processo de 
comunicação. 
Primeiramente, vamos tratar do sentido que as palavras apresentam dentro do texto, 
pois assim teremos condição de focar nossa atenção e direcionar a interpretação do texto 
para o sentido que as palavras ganham naquele texto. 
Relativo à palavra, temos dois sentidos, que são: denotação e conotação. Estes 
mecanismos devem servir para que o leitor atente melhor para o que foi escrito/dito e, assim, 
interpretar mais facilmente o que foi comunicado. O sentido do texto nem sempre está no 
sentido real da palavra, ou seja, no sentido literal, por isso, o produto do texto vela significados 
para desvelá-los (...). Para que o leitor entenda os textos, é preciso perceber a relação entre o 
que se diz e o que se quer dizer (PLATÃO E FIORIN14, 2006, p. 328). 
Dependendo de qual sentido as palavras expressam na oração, seu sentido pode ser 
alterado e ter significado fora do usual. Por isso, é importante conhecermos estes dois 
sentidos. Vejamos: 
 
Ex: Eu acredito em anjo, por isso peço proteção a eles. 
Neste exemplo, a palavra anjo significa: no cristianismo, no judaísmo e no islamismo, 
ser puramente espiritual, servidor de Deus e mensageiro entre Ele e os homens. 
Podemos observar que o sentido desta palavraé o usual, o literal, logo, podemos 
afirmar que ela está no sentido denotativo. 
 
14 SAVIOLI, F. Platão & FIORIN, J. Luiz. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2006, p. 328. 
SENTIDO DENOTATIVO 
É o literal, comum; aquele que exprime a significação usual da palavra 
30 
 
Se utilizarmos anjo em outro contexto: 
Ex: Aquele menino sempre foi um anjo 
Vamos observar que o sentido da palavra é figurativo, é uma forma de dizer que o 
menino é bom, não está empregada de modo literal. Assim, temos: 
 
 
 
De modo sintético, podemos dizer que: 
 
 
 
 
Vamos compreender o conceito aplicado a alguns exemplos: 
 
 Veja a relação feita pela autora do texto. Ele associa a palavra “palavra” a “armas”, 
afiadas, flecha. Temos aqui o sentido conotativo, pois as palavras não são armas de verdade, 
a autora está utilizando o sentido figurado. Neste caso, o trabalho do leitor para interpretar o 
texto é maior, pois ele precisa compreender o sentido que estas palavras querem dar ao texto. 
No caso do texto em questão, quando afirma que as palavras são armas, ela quer dizer que 
podem machucar, ofender, causar danos; quando se refere a flechas, quer enfatizar o quanto 
uma palavra pode adentrar a mente da pessoa e ficar por muito tempo. Portanto, a associação 
de palavras a armas simboliza o perigo. Como afirma Affonso Romano De Sant'anna: 
 
SENTIDO CONOTATIVO 
Figurado: depende de um contexto particular. 
Palavra
Denotação Sentido real
Conotação Sentido figurado
É preciso ter cuidado com as palavras. Elas são verdadeiras armas. Algumas vezes mortais. Certas pessoas 
têm o dom de dizer as mais afiadas, que entram feito uma flecha envenenada. Porém, em muitos casos, o 
atingido é aquele que usou a arma, ou seja, o falador. Esse, por exemplo, pode sofrer horríveis 
arrependimentos por ter dito o que não deveria ter dito. Mas como não dizer aquilo que pensamos? Há 
maneiras de dizer sem dizer, e de dizer, desdizendo. (Ana Miranda. O oráculo insondável. In: Correio 
Braziliense, Caderno C, p. 10, 2/4/2006 (com adaptações). 
31 
 
Há vários modos de matar um homem: 
com o tiro, a fome, a espada 
ou com a palavra -envenenada. Não é preciso força. 
Basta que a boca solte 
a frase engatilhada 
e o outro morre - na sintaxe da emboscada. 
 
 Diariamente utilizamos expressões que são conotativas e precisam ser traduzidas para 
obtermos o sentido que verdadeiramente querem dar. Em outros casos, as palavras estão no 
seu sentido literal: 
 
 
 
 
 
Observe algumas expressões idiomáticas conotativas que utilizamos no dia a dia: 
Olha o passarinho! 
Na metade do século 19, os fotógrafos tinham de permanecer parados por até 15 
minutos, a fim de que sua imagem fosse impressa dentro da máquina. Fazer as crianças 
ficarem imóveis por tanto tempo era um verdadeiro desafio. Por isso, gaiolas com pássaros 
ficavam penduradas atrás dos fotógrafos, o que chamava a atenção dos pequenos. Assim, a 
expressão “Olha o passarinho” ficou conhecida como a frase dita pelo fotógrafo na hora da 
pose para a foto. 
Motorista barbeiro 
Antigamente, os barbeiros eram conhecidos não apenas por realizar o corte de cabelo 
e barba, mas também por desempenhar tarefas como: extração de dentes, remoção de calos 
e unhas, entre outros. Geralmente, os serviços extras deixavam consequências desagradáveis 
aos clientes. No século 15, o termo “barbeiro” era atribuído a atividades mal executadas. Com 
o tempo, passou a ser relacionado aos motoristas. Daí a expressão “motorista barbeiro”, ou 
seja, mau motorista. 
 
A menina passou o dia de cara amarrada. 
A sacola foi amarrada para maior segurança 
O temporal varreu as ruas assustadoramente. 
A vizinha varreu a rua 
Ele ficou no fundo do poço por causa das drogas 
O homem desceu até o fundo do poço para colocar o equipamento 
32 
 
Bafo de onça 
A onça é um animal carnívoro que se lambuza bastante na hora de comer a caça. Por 
esta razão, fede muito e sua presença é detectada a distância, na mata. Assim, pessoas que 
possuem o hálito fétido passaram a ser chamadas de “bafo de onça”. A expressão também faz 
referência ao hálito de quem está (ou esteve) alcoolizado. 
Santinha do pau oco 
Expressão que se refere à pessoa que se faz de boazinha, mas não é. Nos séculos 18 e 
19, os contrabandistas de ouro em pó, moedas e pedras preciosas utilizavam estátuas de 
santos ocas por dentro. O santo era “recheado” com preciosidades roubadas e enviado para 
Portugal. 
Disponível em: http://www.soportugues.com.br/secoes/proverbios/index.php. 
 Outro aspecto fundamental na interpretação do texto é saber como a 
comunicação/oral ou escrita está sendo produzida, qual é o centro dela. Para isso, precisamos 
estudar o processo da comunicação, como afinal acontece esse processo tão comum entre os 
seres humanos? 
 Vamos estudar agora a teoria da comunicação a partir da perspectiva de um grande 
estudioso desta questão Roman Jakobson15 (2007). Este estudioso estabeleceu alguns 
elementos importantes quando acontece ou para que aconteça a comunicação. Nas palavras 
do autor: 
Analisemos os fatores fundamentais da comunicação linguística: qualquer ato de fala 
envolve uma mensagem e quatro elementos que lhe são conexos: o emissor, o 
receptor, o tema (topic) da mensagem e o código utilizado. A relação entre esses 
quatro elementos é variável (JAKOBSON, 2007, p. 19). 
 Esses elementos podem aparecer sozinhos ou em conjunto em um texto e constituem 
uma hierarquia entre elas, por isso é importante saber qual é o verdadeiro eixo da 
comunicação, qual a função primária e quais as funções secundárias, qual é a intenção do 
escritor, para qual elemento verdadeiramente a comunicação se volta. 
 
15 JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. Tradução de Izidoro Blikstein e José Paulo Paes. São 
Paulo: Editora Cultrix, 2007. 
33 
 
 
 
Na poesia acima temos a 1ª. Pessoa e a 2ª. Pessoa, mas o predomínio é da 1ª. Pessoa, 
pois é o EU que direciona o texto, é, portanto predominantemente emotivo, embora tenha 
trecho conativo. 
Importante também destacar que “o problema essencial para a análise do discurso é 
o do código comum ao emissor e ao receptor e subjacente à troca de mensagens” (JAKOBSON, 
2007, p. 21). Como veremos mais adiante, o código verbal é a língua portuguesa e deve ser 
comum tanto para o emissor quanto para o receptor, sem isso, não há comunicação entre 
ambos. 
Vejamos como Jakobson (2007, p. 122) estruturou a teoria: 
O REMETENTE envia uma MENSAGEM ao DESTINATÁRIO. Para ser eficaz, a 
mensagem requer um CONTEXTO a que se refere (Ou "referente", em outra 
nomenclatura algo ambígua), apreensível pelo destinatário, e que seja verbal ou 
suscetível de verbalização; um CÓDIGO total ou parcialmente comum ao remetente 
e ao destinatário (ou, em outras palavras, ao codificador e ao decodificador da 
mensagem); e, finalmente, um CONTACTO, um canal físico e uma conexão 
psicológica entre o remetente e o destinatário, que os capacite a ambos a entrarem 
e permanecerem em comunicação. 
Todos estes fatores da comunicação verbal foram esquematizados pelo autor como: 
 
 
 
 
 
 
CONTEXTO 
REMETENTE MENSAGEM DESTINATÁRIO 
------------------------------------------------------- 
CONTACTO - CANAL 
CÓDIGO 
34 
 
 
 Vamos analisar melhor cada um destes elementos propostos por Jakobson (2007): 
 
 
 Vejamos como esse processo de comunicação se dá, analisando algumas situações 
concretas: 
1) Situação de escrita: 
Quando escrevemos, temos a intenção que alguém leia o conteúdo e o entenda. A 
pessoa que escreve é o emissor. A pessoa que lê é o receptor. O meio, o veículo no qual vamos 
fixar as palavras, pode ser papel, computador, celular, muro, camisa é o canal. O assunto, os 
fatos, o raciocínio que o emissor expõe é denominado referente ou contexto. A língua que o 
emissor utiliza é o código. E o entendimento é a mensagem. 
2) Jornalda TV: 
O apresentador do jornal é o emissor. Quem assiste ao jornal é o receptor. Imagine 
que ele está noticiando um campeonato de futebol, este é referente ou contexto, ou seja, é 
o assunto que ele está tratando. Sua voz e todos os aparatos tecnológicos da TV são o canal, 
são o veículo por onde passa a comunicação. Ele usa principalmente a língua portuguesa, que 
é o código. A compreensão do tema é a mensagem. 
EL
EM
EN
TO
S 
D
A
 
C
O
M
U
N
IC
A
Ç
Ã
O
REMETENTE: também considerado EMISSOR – o que manda,
envia, fala, escreve uma mensagem. Está centrada no EU –
primeira pessoa singular.
DESTINATÁRIO: também denominado RECEPTOR – o que
recebe a mensagem. Está centrado no TU/VOCÊ – 2ª. Pessoa;
CONTEXTO: também conhecido como REFERENTE - é a
informação, o conteúdo, o assunto a ser tratado;
CÓDIGO: símbolo utilizado para a realização da comunicação.
Se for verbal é a língua falada; se for não verbal é o gesto, o
som, as cores etc.;
CONTACTO: também denominado de CANAL – é o veículo/meio
por onde passa ou se fixa o código;
MENSAGEM: significado da comunicação, entendimento.
35 
 
3) Um telefonema: 
A pessoa que liga é o emissor, quem atende é o receptor. O assunto tratado é o 
referente ou contexto. A voz e o telefone são o veículo por onde o código passa, é o canal. A 
língua portuguesa é o código. O entendimento do assunto é a mensagem. 
Uma mensagem no muro: 
 
Fonte: tumblr.com 
A pessoa que escreveu a mensagem no muro é o emissor, todos os que lerem a 
informação, serão receptores. O assunto tratado é o referente ou contexto. O canal, ou seja, 
o veículo onde está fixado o código é o muro. A língua portuguesa escrita é o código. O 
entendimento é a mensagem. 
Uma camisa: 
 
Fonte: https://www.mitoucamisetas.com.br/ 
A pessoa que vai usar a camisa é o emissor, todos os que lerem a informação, serão 
receptores. O assunto tratado é o referente ou contexto. O canal, ou seja, o veículo onde 
está fixado o código é a camisa. A língua portuguesa escrita é o código. O entendimento é a 
mensagem. 
 
 
36 
 
SINTETIZANDO: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Assim, para que a comunicação possa acontecer de forma satisfatória, todos estes 
elementos devem ser considerados, sob pena de termos um ruído na comunicação: 
 
 Após compreender este assunto, vamos ampliar nosso estudo para as funções da 
linguagem, tema que está diretamente ligado aos seis elementos da comunicação já 
estudados. 
 É importante que você tenha compreendido todos os seis elementos da comunicação 
para que possa compreender com facilidade o que vamos estudar agora. 
 Cada função da linguagem está relacionada a um elemento de comunicação. Assim: 
Quando a comunicação 
acontece temos: O 
emissor transmite uma 
mensagem ao receptor 
através de um canal 
tratando de um 
contexto ou referente 
utilizando um código 
comum. 
 
Se a informação se volta para o emissor – FUNÇÃO EMOTIVA 
Se a informação se volta para o receptor – FUNÇÃO CONATIVA 
Se a informação se volta para o canal – FUNÇÃO FÁTICA 
Se a informação se volta para o código – FUNÇÃO METALINGUÍSTICA 
Se a informação se volta para o contexto – FUNÇÃO REFERENCIAL 
Se a informação se volta para a mensagem – FUNÇÃO POÉTICA 
Ruído: É tudo o que dificulta a comunicação, interfere a transmissão e perturba a recepção ou compreensão 
da mensagem; tudo o que possibilita a perda de informação durante o transporte da mensagem entre o 
emissor e o receptor. 
37 
 
Cada um desses seis fatores determina uma diferente função da linguagem. Embora 
tenhamos seis funções da linguagem, dificilmente encontraríamos mensagens verbais que 
estivessem voltados apenas para uma única função. 
Jakobson (2007, p. 123-126) determina as funções como forma de compreender em 
que elemento da comunicação a informação está centrada, tendo em vista que se o objetivo 
da comunicação for o emissor, o centro da comunicação é ele, ou seja, o assunto a ser tratado 
é o próprio emissor. Se sabemos desta informação, certamente temos mais facilidade para 
compreender o texto em questão. 
Detalhando cada uma delas, temos: 
➢ Função EMOTIVA ou "expressiva", centrada no REMETENTE/EMISSOR, “visa a uma 
expressão direta da atitude de quem fala em relação àquilo de que está falando. Tende a 
suscitar a impressão de uma certa emoção, verdadeira ou simulada”. Nesta função, o tema é 
tratado em 1ª. Pessoa singular, são as opiniões, os sentimentos do emissor. 
Obs: só poderá ser função emotiva se a comunicação for feita em 1ª. Pessoa. Caso 
contrário, será outra função. 
Ex: Vejamos o exemplo abaixo: 
 
Observe no exemplo que o texto está em 1ª. Pessoa singular, sabemos disso pelos 
pronomes e pelos verbos, como destacados. O objetivo desta comunicação é tratar do sujeito 
que fala, que escreve para contar sobre si mesmo. Temos aqui a comunicação centrada no 
emissor. 
➢ Função CONATIVA, centrada no receptor. Esta função age diretamente sobre o 
receptor de modo a fazer com que ele execute a solicitação, a ordem, o pedido do emissor. 
São comunicações que partem do emissor com a intenção de que sejam executadas pelo 
receptor. É a função feita em 2ª. Pessoa – TU/VOCÊ; é a função do verbo no imperativo, os 
verbos de ordem; também pode ser feita em forma de pedido ou solicitação. 
A PRIMEIRA NOITE DE LIBERDADE 
Cristovão Tezza 
Fui levado pela velha até o sótão; o excesso de gentileza era a evidência de que me enganavam. 
Docilmente me deixei levar; mãos nas minhas costas, ela me conduzia balbuciando consolos. Não ousei fazer 
perguntas. De qualquer modo, me responderiam com mentiras. 
38 
 
Obs: deverá vir em 2ª. Pessoa, mesmo que oculta ou com verbos no imperativo. 
Ex: 
Use camisinha! (ordem) 
Beba Coca-Cola! (ordem) 
Diga não às drogas! (ordem) 
Se dirigir, não beba! (ordem) 
“Se você procura o melhor imóvel, vá logo ao endereço certo” (uso da 2ª. Pessoa você) 
(Folha de São Paulo) 
Por favor, dê-me o caderno de anotações! (pedido) 
➢ Função FÁTICA, vão aparecer em mensagens que servem basicamente para prolongar 
ou interromper a comunicação, para verificar se o canal funciona ("Alô, está me ouvindo?"), 
para atrair a atenção do interlocutor ou confirmar sua atenção continuada (pois, é; huhum; 
é...; então; isso, isso...; hummm) 
Obs: diz-se que a função fática não favorece uma comunicação. Seu objetivo maior é 
manter uma conversa ou checar se o canal está funcionando e pode ser utilizado, é o caso do 
alô, para checar se o telefone – canal desta comunicação – está funcionando; caso também 
de quando checamos aparelhagem de som: “alô, som, testando, 1,2,3”. 
➢ Função METALINGUÍSTICA, voltada para o código. No caso, se a linguagem for verbal, 
o código dos brasileiros é a língua portuguesa. Assim, toda comunicação feita para tratar do 
código está na função metalinguística. Dizemos que seria o código – língua portuguesa que 
tem como assunto o próprio código – a língua portuguesa. Ex: o dicionário usa a língua verbal 
escrita – língua portuguesa para tratar do significado das palavras da língua portuguesa. 
Observe que temos um material em língua portuguesa que vai tratar da língua portuguesa, é, 
portanto, função metalinguística. 
Obs: uma forma de reconhecer a função metalinguística é fazer duas perguntas: 
Em que língua está escrita? Ou qual a forma de composição 
Qual o assunto? 
39 
 
Se a resposta para as duas for: “a língua portuguesa, teremos função 
metalinguística. 
Vamos a alguns exemplos: 
a) A gramática é metalinguística – 
Em qual língua está escrita? Língua portuguesa 
Qual o assunto? Normas e regras da Língua portuguesa 
 Temos então, o código para tratar do código 
b) Um manual de redação – 
Qual a forma de composição? redação 
Qual o assunto? Normas e regras da produção de redação 
Temos então, o código para tratar do código, ou seja, temos um material escrito em 
língua portuguesa,utilizando redação para tratar do assunto redação. 
Uma poesia cujo assunto é a poesia: 
Qual a forma de composição? poesia 
Qual o assunto? poesia 
Temos então, o código para tratar do código, ou seja, a poesia foi feita para tratar dela 
mesma. 
E se o assunto da poesia fosse o amor, ainda seria metalinguística? 
Não, porque o código não estaria tratado dele mesmo, estaria tratando de outro 
assunto. 
Observe: 
“Gastei uma hora pensando no verso 
Que a pena não quer escrever 
(...) mas a poesia deste momento 
Inunda minha vida inteira” 
(Carlos Drummond de Andrade) 
Temos função poética por conta da estrutura em verso, mas se perguntarmos, qual a 
forma de composição? A resposta é: em verso; qual o assunto? A escrita de um verso. Temos 
40 
 
função metalinguística porque o código se volta para o código. Também podemos afirmar que 
há função emotiva no 1º. e 4º. Versos por conta da 1ª. Pessoa do singular – eu. 
Importante destacar que também temos função metalinguística na linguagem não 
verbal ou mista, como podemos observar abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 Neste caso, a palavra jornalismo carrega os símbolos do jornalismo. Utilizou-se a 
palavra para representar os elementos relacionados à palavra. Podemos dizer que o código 
(palavra) está sendo utilizado para tratar do próprio código (elementos da profissão). 
➢ Função REFERENCIAL, está centrada na informação, o fato, o assunto. O objetivo desta 
função é tratar especificamente do assunto sem interferência do emissor e sem apelo ao 
receptor. Há uma pretensa busca pela imparcialidade. É feita em 3ª. Pessoa singular/plural ou 
mesmo na 1ª. Pessoa do plural. Esta é a função dos textos acadêmicos, de toda comunicação 
científica. 
Obs: Atente para não confundir, a função emotiva está ligada à 1ª. pessoa do singular. 
A função referencial aceita a 1ª. pessoa do plural. Quando a comunicação é feita com vistas a 
tratar do assunto, sem utilizar a 1ª. Pessoa singular ou a 2ª. Pessoa. Assim, se o tema é 
“trabalho infantil”, deve-se tratar especificamente do assunto sem dar opinião pessoalizada – 
eu acho, eu penso, eu acredito ou fazer apelo ao receptor – você deve ter cuidado. O exemplo 
abaixo demonstra como o assunto é tratado de modo isento de opinião e apelos 
 
41 
 
 
➢ Função POÉTICA, quando a mensagem é centro da informação. Embora ela esteja 
voltada para a mensagem, esta função tem características muito particulares, quais sejam: 
estrutura em forma de verso, estrofes, e pode ter linguagem figurada. 
Obs: pode-se dizer que toda comunicação estruturada em forma de versos – em linhas 
– está na função poética, independente de outras características que possa ter. 
Importante considerar as duas formas de composição: prosa e verso 
 
 
Exemplo: 
 
Minha terra tem palmeiras (1ª. Linha – 1º. Verso) 
Onde canta o sabiá (2ª. Linha – 2º. Verso) 
As aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá [...] 
Não permita Deus que eu morra sem que eu volte para lá 
Sem que desfrute os primores que não encontro por cá. [...] 
 
Podemos considerar que a função é poética por conta da estrutura em versos. Também 
podemos considerar que no 1º., 4º. e 5º. versos temos também função emotiva por conta da 
1ª. Pessoa do singular – eu. 
 
Quando os favores acabam, começa a ingratidão 
Por Delmo Menezes - 5 de agosto de 2016 
Ingratidão é uma forma de fraqueza. “A ingratidão é o mais horrendo de todos os pecados”, já dizia 
Alexandre Herculano. Ser ingrato tem a ver com o ser humanista, porque o humanista atribui suas vitórias a 
ele mesmo, e não a um ser supremo. Johann Goethe diz: “Jamais conheci homem de valor que fosse ingrato”. 
O ingrato não reconhece que sem ajuda, não chegaria a lugar nenhum. Esquece com muita facilidade as 
coisas boas que lhe fizeram. Vive no “seu mundo”, busca apenas os seus próprios interesses. É um tipo de 
pessoa que se torna cega para o amor (e doação) de quem está ao lado. O pior erro de um ingrato, é afastar 
as pessoas que mais se importam com ele. As pessoas esquecem que um dia podem precisar de você 
novamente. 
A ingratidão é falta de bom senso, de visão, de sabedoria e de humildade. O ingrato não vê o que os outros 
veem e nem sentem o que os outros sentem, não por que não querem ou não desejam, mas por incapacidade, 
por fraqueza moral e ausência de amor. Há na cabeça do ingrato, um vazio de amor ao próximo, que se 
manifesta não eventualmente, mas permanentemente. [...] 
Prosa – toda comunicação feita em parágrafos; 
Verso – toda comunicação feita em linhas. 
42 
 
FUNÇÕES DA LINGUAGEM
EMOTIVA
Centrada no 
emissor
EU
CONATIVA
Centrada no 
receptor
TU_VOCÊ
FÁTICA
Feita para 
checar o 
canal
REFERENCIAL
Voltada 
para o 
assunto
METALINGUÍSTICA
O código é 
utilizado 
para tratar 
do próprio 
código
POÉTICA
atenta para a 
mensagem. 
Estrura em 
versos
Observe outro exemplo: 
“Só uma coisa me entristece 
O beijo de amor que não roubei 
A jura secreta que não fiz 
A briga de amor que eu não causei” 
(Abel Silva) 
Neste exemplo, temos uma letra de música que é também função poética por causa 
da estrutura em verso, mas também é emotiva por conta da 1ª. Pessoa singular em todos os 
versos. 
Vejamos o esquema dos fatores fundamentais com um esquema correspondente das 
funções: 
 
 
 
 
Fonte: Jakobson (2007) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dificilmente encontramos mensagens em que haja apenas uma dessas funções. 
Normalmente elas se organizam em nossa vida de modo que nós a utilizamos de acordo com 
nossas necessidades. Em um mesmo texto temos, em alguns casos, mais de uma função, por 
isso, nas questões de prova, devemos atentar para o que predomina, o que se apresenta de 
forma mais intensa. 
 REFERENCIAL 
EMOTIVA POÉTICA CONATIVA 
 FÁTICA 
 METALINGUÍSTICA 
43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E 
PRODUÇÃO TEXTUAL 
 
PARTE 02 – COMPREENSÃO DO TEXTO: TIPOS TEXTUAIS E 
ORGANIZAÇÃO 
 TEMA 02 
 
44 
 
5. TIPOLOGIA TEXTUAL 
 Tratar do tipo textual enquanto elemento de interpretação textual é considerar que, 
se você reconhece a tipologia textual, mais fácil é a sua compreensão dele, isto porque cada 
texto atende a uma estrutura diferente e a uma finalidade própria. Assim, quando você se 
depara com um texto descritivo e o conhece, pode antecipar algumas considerações, antes 
mesmo de conhecer o conteúdo tratado nele. Por exemplo, sabe que se trata de 
caracterização, de especificação, de detalhamento, pois os textos descritivos têm esta função. 
 O que vamos estudar neste tópico são as tipologias textuais: sua especificidade, 
características e função social. Ficando atento a isso, sua interpretação textual será facilitada: 
 Tradicionalmente os tipos textuais são classificados de três formas: narrativo, 
descritivo e dissertativo (informativo ou argumentativo). Atualmente, foram acrescidos mais 
dois tipos para melhor agrupamento: o injuntivo e o dialogal. 
 Embora estas 5 tipologias mantenham características diferentes na composição e 
organização do texto, nem sempre cada tipologia se compõe sozinha. É normal que um tipo 
de texto esteja em outra tipologia, neste caso, teremos uma predominância de um tipo 
textual. 
 Se tomarmos um romance como exemplo, veremos que possui características da 
narrativa, mas em diversos trechos encontraremos a descrição. 
 Observem a síntese do que estudamos nesta etapa: 
 
Para que fique mais fácil compreender, vamos analisar abaixo cada tipo textual, 
iniciando pela NARRAÇÃO: 
 
 
NARRAÇÃO
• Fato
DESCRIÇÃO
•Característica 
INJUNÇÃO
•Ordem 
DIALOGAL
•Diálogo
DISSERTAÇÃO
• Informação 
45 
 
5.1 NARRAÇÃO 
 O centro do texto narrativo é o FATO, a história a ser contada – seja verídicaou 
inventada. Para que o fato seja contado, alguns elementos são necessários: personagens, 
espaço e tempo. 
 Na narração, temos um narrador que relata um fato, ocorrido num determinado 
espaço e tempo. O narrador pode aparecer de forma clara no texto ou de modo implícito. Os 
fatos são apresentados em uma sequência de ações que vão se desenrolando com certa lógica 
até que atinja o ponto máximo do problema da narração e assim tenha o desfecho, ou seja, o 
final da trama. 
Sim, toda narração precisa de um conflito, sem este não há fato para contar. Os 
conflitos são de diversas ordens: inveja, assassinato, brigas por diversos motivos, assalto, 
doença, guerra, traição, mistérios, amor, paixão etc. Pode-se dizer que os conflitos são a base 
dos fatos, portanto, sem conflitos não há narração. 
Vejamos alguns exemplos de textos narrativos: 
Texto 1: Poesia 
 
 O texto conta a história de duas pessoas que se separaram e ficaram com uma história 
mal resolvida. De modo muito sintetizado temos uma narração. 
 
História antiga 
No meu grande otimismo de inocente, 
Eu nunca soube por que foi... um dia, 
Ela me olhou indiferentemente, 
Perguntei-lhe por que era... Não sabia... 
Desde então, transformou-se de repente 
A nossa intimidade correntia 
Em saudações de simples cortesia 
E a vida foi andando para frente... 
Nunca mais nos falamos... vai distante... 
Mas, quando a vejo, há sempre um vago instante 
Em que seu mudo olhar no meu repousa, 
E eu sinto, sem, no entanto, compreendê-la, 
Que ela tenta dizer-me qualquer cousa, 
Mas que é tarde demais para dizê-la... 
Raul de Leoni 
46 
 
Texto 2: música 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Podemos observar que o texto acima é uma letra de música, mas que conta uma 
narrativa, relata um fato a partir da grande problemática da personagem João de Santo Cristo 
de conseguir uma vida melhor. Temos personagens, conflito, tempo, espaço que se 
desenvolvem numa ordem lógica. 
Faroeste caboclo 
Legião Urbana 
Não tinha medo o tal João de Santo Cristo 
Era o que todos diziam quando ele se perdeu 
[...] 
Ainda mais quando com um tiro de soldado o pai 
morreu 
[...] 
E João aceitou sua proposta 
E num ônibus entrou no Planalto Central 
[...] 
E o Santo Cristo até a morte trabalhava 
Mas o dinheiro não dava pra ele se alimentar 
 [...] 
E João de Santo Cristo ficou rico 
E acabou com todos os traficantes dali. 
[...] 
Já no primeiro roubo ele dançou 
E pro inferno ele foi pela primeira vez 
[...] 
Foi quando conheceu uma menina 
E de todos os seus pecados ele se arrependeu 
Maria Lúcia era uma menina linda 
E o coração dele pra ela o Santo Cristo prometeu 
[...] 
Mas acontece que um tal de Jeremias, 
Traficante de renome, apareceu por lá 
Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo 
E decidiu que, com João ele ia acabar 
[...] 
 
E Santo Cristo há muito não ia pra casa 
E a saudade começou a apertar 
"Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lúcia 
Já tá em tempo de a gente se casar" 
Chegando em casa então ele chorou 
E pro inferno ele foi pela segunda vez 
Com Maria Lúcia Jeremias se casou 
E um filho nela ele fez 
[...] 
Sentindo o sangue na garganta, 
João olhou pras bandeirinhas e pro povo a aplaudir 
E olhou pro sorveteiro e pras câmeras e 
[...] 
E nisso o sol cegou seus olhos 
E então Maria Lúcia ele reconheceu 
Ela trazia a Winchester-22 
A arma que seu primo Pablo lhe deu 
[...] 
E Santo Cristo com a Winchester-22 
Deu cinco tiros no bandido traidor 
Maria Lúcia se arrependeu depois 
E morreu junto com João, seu protetor 
E o povo declarava que João de Santo Cristo 
Era santo porque sabia morrer 
[...] 
E João não conseguiu o que queria 
Quando veio pra Brasília, com o diabo ter 
Ele queria era falar pro presidente 
Pra ajudar toda essa gente que só faz... 
47 
 
Texto 3: fábula 
 
Observe o texto e vamos verificar se ele apresenta as características da tipologia 
narrativa: 
• Fato – conflito: montar ou não no burro 
O VELHO, O MENINO E O BURRO 
 
Num lugar que você sabe, este fato aconteceu. A pessoa que eu descrevo, você, talvez, tenha 
conhecido. E se você não se lembra, procure na consciência. Porque se houver semelhança, não é 
mera coincidência. 
O burrico vinha trotando pela estrada. De um lado vinha o velho, puxando o cabresto. Do 
outro vinha o menino, contente, que o dia estava fresquinho e o sol brilhava no céu. Sentados no 
barranco estavam dois homens. No que viram o burro mais o velho e o menino, um cutucou o 
outro: 
– Veja só, compadre! Que despropósito! Em vez do velho montar no burro, vem puxando ele! 
O velho e o menino se olharam. Assim que viraram na primeira curva, o velho parou o burro 
e montou nele. 
O menino segurou o cabresto e lá se foram os três, muito satisfeitos. Até que perto da ponte 
tinha uma casa com uma mulher na janela. 
– Olha só, Sinhá, venha ver o desfrute! O velho no bem-bom, montado no burro, e o pobre 
do menino gramando a pé! 
O velho e o menino se olharam de novo. Assim que saíram da vista da mulher, o velho desceu 
do burro e botou o menino na sela. E foram andando um pouco ressabiados, o velho puxando o 
burro pelo cabresto, pensando no que o povo podia dizer. Logo, logo, passaram numa porteira 
onde estava parada uma velha mais uma menina. 
– Mas que absurdo, minha gente! Um velho que nem se aguenta nas pernas andando a pé, e 
o guri, bem sem-vergonha, escanchado no burro! 
Os dois se olharam e nem esperaram. O velho mais que depressa montou na garupa do burro 
e lá se foram os três. Dali a pouco encontraram um padre que vinha pela estrada mais o sacristão: 
– Olha só, que pecado, onde é que já se viu? O pobre do burro, coitadinho, carregando dois 
preguiçosos! Mas isso é coisa que se faça? 
O velho e o menino, desanimados, desmontaram e nem discutiram: saíram carregando o 
burro. Mas nem assim o povo sossegou! Cada vez que passavam por alguém, era só risada! 
– Olha só os dois burros carregando o terceiro! 
Quando chegaram em casa, o velho sentou cansado, se assoprando: 
– Bem feito! — ele dizia. — Bem feito! 
– Bem feito o quê, vô? 
– Bem feito pra nós. Que a gente já faz muito de pensar pela própria cabeça, e ainda quer 
pensar pela cabeça dos outros. Agora eu sei por que é que meu pai dizia: 
“Quem quer agradar a todos a si próprio não faz bem! Pois só faz papel de burro e não agrada 
a ninguém!” 
48 
 
• Personagem: menino, padre, as pessoas 
• Espaço: lugar que você sabe qual é 
• Tempo: indeterminado 
Podemos afirmar que o texto é uma narrativa, pois seu propósito é relatar um fato, 
contar um conflito através de personagens que agem num tempo e num espaço. 
Texto 4: Piada 
 
Neste texto, também temos uma narração que se desenvolve a partir de um problema 
- os homens estarem bêbados -, apresentando como personagens os bêbados e uma senhora, 
no tempo de três horas da manhã, no espaço, a casa da senhora. 
Texto 5: Conto 
 
- Bonito papel! Quase três da madrugada e os senhores completamente bêbados, não é? 
Foi aí que um dos bêbados pediu: 
- Sem bronca, minha senhora. Veja logo qual de nós é o seu marido que os outros querem ir 
para casa. (Stanislaw Ponte Preta) 
Tragédia brasileira 
Manuel Bandeira 
 
Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade. 
Conheceu Maria Elvira na Lapa – prostituída, com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança 
empenhada e os dentes em petição de miséria. 
Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, 
manicura… Dava tudo quanto ela queria. 
Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado. 
Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez nada disso: 
mudou de casa. 
Viveram três anos assim. 
Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa. 
Os amantes moravam no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bom 
Sucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, 
Todos os santos, Catumbi, Lavradio,

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