Prévia do material em texto
Patologia – Inflamação Capítulo 3 – Robbins e Cotran A inflamação é uma resposta (protetora) dos tecidos vascularizados a infecções e tecidos lesados. Consiste em recrutar células e moléculas de defesa (leucócitos fagócitos, anticorpos e proteínas do complemento) do hospedeiro da circulação para os locais onde são necessárias, com a finalidade de eliminar os agentes agressores (organismos causadores e suas consequências, como céls e tecidos necróticos). Além das céls anti-inflamatórias, também há outros componentes da imunidade inata: cels NK, cels dentríticas e cels epiteliais, além de fatores solúveis (proteínas do complemento). Etapas da reação inflamatória: 1. O agente agressor, presente nos tecidos extravasculares, é reconhecido pelas cels e moléculas hospedeiras; 2. Leucócitos e proteínas do plasma 3. são recrutados da circulação para o local onde o agente agressor está localizado. Para isso, vasos sanguíneos se dilatam para reduzir o fluxo sanguíneo, aumentando sua permeabilidade. (edema). Lá eles serão ativados e trabalharão para destruir e eliminar a substância agressora; 4. A reação é controlada e concluída; 5. O tecido lesado e reparado. Consequências nocivas da inflamação: as reações inflamatórias são acompanhadas de lesão tecidual local (causam dor e perda funcional). Quando essas reações são mal direcionadas ou inadequadamente controladas, causam prejuízos para o organismo (doenças auto imunes). As reações inflamatórias são a base das doenças crônicas comuns, como artrite reumatoide, aterosclerose e fibrose pulmonar. Embora reações inflamatórias locais possam ter manifestações sistêmicas (ex. febre), a reação normalmente é confinada apenas ao local de infecção. Em situações raras a reação inflamatória é sistêmica e causa anormalidades patológicas generalizadas (sepse – síndrome da resposta inflamatória sistêmica). Mediadores inflamatórios: iniciam e amplificam a resposta inflamatória. Inflamação aguda: é rápida e de curta duração (horas ou dias). Principais características: edema (exsudação de fluido e proteínas plasmáticas). Tipo de reação da imunidade inata. Inflamação crônica: surge da persistência da inflamação aguda, quando não é suficiente para remover o estimulo. É uma fase prolongada, está associada a maior destruição tecidual, angiogênese e deposição de tecido conjuntivo (fibrose). É mais proeminente nas respostas da imunidade adaptativa. Término da inflamação e inicio do reparo tecidual: uma vez que a inflamação tenha atingido seu objetivo de eliminar os agentes agressores, também ativa o processo de reparo tecidual. Dessa forma, o tecido lesado é substituído pela regeneração das células sobreviventes e o preenchimento de defeitos residuais por tecido conjuntivo (cicatrização). Causas da inflamação: • Infecções (bacteriana, virótica, fungica, parasitaria); • Necrose de tecidos (causadas por isquemia, trauma e lesões físicas e químicas); • Corpos estranhos: exógenos ou endógenos (quando depositados em excesso nos tecidos. Ex: cristais de urato (gota) e cristais de colesterol (aterosclerose); • Reações imunes (reações de hipersensibilidade): sistema imune, normalmente protetor, causa danos aos próprios tecidos do individuo. Frequentemente associada a inflamação crônica, uma vez que o estimulo não pode ser retirado, o que dificulta a cura. Doença inflamatória imunomediada. Reconhecimento de microrganismos e células danificadas: • Receptores celulares para microrganismos: receptores Toll-like (TLRs). São expressos em cels epiteliais, cels dentriticas, macrófagos e outros leucócitos. • Sensores de dano celular: receptores citosolicos reconhecem conjunto de moléculas liberadas pelo dano celular, ativando o inflamossomo, o qual induz a produção de interleucina 1 que recruta leucócitos e induz a inflamação. • Outros receptores envolvidos na inflamação: reconhecem microrganismos opsonizados (revestidos com anticorpos e complemento) e promovem a sua ingestão e a destruição, além da inflamação. • Proteínas circulatórias: lectina ligante de manose -> reconhece microrganismos e promove sua ingestão e ativação do sistema complemento. Inflamação aguda 3 componentes: 1. Dilatação dos pequenos vasos e aumento no fluxo sanguíneo; 2. Aumento da permeabilidade; 3. Emigração de leucócitos da microcirculação para o foco da lesão. Reações dos vasos sanguíneos na inflamação aguda: - Exsudato: fluido extravascular que possui uma alta concentração proteica, contém restos celulares e uma alta gravidade específica. - Transudato: fluido com baixo teor proteico e com pouco ou nenhum material celular e baixa gravidade específica (desbalanço osmótico ou hidrostático ao longo da parede do vaso sem nenhum aumento na permeabilidade vascular. - Edema: pode ser um exsudato ou um transudato. - Pus: exsudato purulento; exsudato inflamatório rico em leucócitos (principalmente neutrófilos), restos de células mortas e micróbios. - Angiogênese é mais característico na etapa de reparo ou na inflamação crônica. Alterações no fluxo e no calibre vascular Vasodilatação induzida por ação da histamina, causando aumento do fluxo sanguíneo e eritema (vermelhidão) no local da inflamação; seguida por aumento da permeabilidade da microvasculatura, com extravasamento do fluido rico em proteína nos tecidos extravasculares; ocorre estase (obstrução de pequenos vasos com hemácias se movimentando lentamente), fazendo com que leucócitos se acumulem ao longo do endotélio vascular. Assim, eles aderem ao endotélio e migram para o dentro do tecido intersticial. Os vasos linfáticos também participam da inflamação aguda. Na inflamação, o fluido linfático ajuda a drenar o fluido do edema que se acumula devido ao aumento da permeabilidade vascular. Recrutamento de leucócitos para os locais de inflamação 1. Na luz: marginação (leucócitos assumem posição periférica ao longo da superfície endotelial), rolamento (leucócitos aderem de forma transitória ao endotélio até que...) e adesão (aderem firmemente) ao endotélio. As citocinas são secretadas pelas células dos tecidos, garantindo que os leucócitos sejam recrutados aos tecidos. As selectinas (expressão regulada pelas citocinas TNF, IL-1 e quimiocinas – são ligações de baixa afinidade que permitem o rolamento) e as integrinas (presentes na superfície leucocitária, são responsáveis por mediar a adesão forte; TNF e IL-1 induzem a expressão endotelial de ligantes para integrinas; as quimiocinas produzidas no local da lesão se ligam aos leucócitos rolantes e os ativam, tornando suas interações com o endotélio mais fortes) são moléculas importantes envolvidas nesse processo. 2. Migração através do endotélio e da parede do vaso (diapedese). As quimicionas agem nos leucócitos que se aderem, estimulando-os a migrar através dos espaços interendoteliais rumo ao local da lesão onde essas quimiocinas estão sendo produzidas. 3. Migração nos tecidos em direção aos estímulos quimiotáticos. Quimiotaxia. Substancias exógenas (ex. produtos bacterianos) e endógenas (ex. citocinas, componentes do sistema complemento, metabólitos) podem agir como quimioatraentes. Infiltrado inflamatório: predominam neutrófilos nas primeiras 6 a 24 horas (por serem encontrados em maior numero no sangue; possuem vida curta), sendo substituídos pelos monócitos em 24 a 48 horas (sobrevivem por mais tempo e podem proliferar nos tecidos, tornando-se a população predominante nas reações inflamatórias crônicas). Sendo substituídos pelos monócitos em 24 a 48 hrs. Ao chegar ao local da infecção/morte celular os leucócitos são ativados para desencadearem as seguintes respostas: reconhecimento dos agentes agressores pelos TLRs e outros receptores e ativação para realizar fagocitose. Terapia para doenças inflamatórias crônicas: uso de agentes que bloqueiam o TNF (impedindo o recrutamento de leucócitos). Fagocitose e liberaçãodo agente agressor Fagocitose Os receptores fagocíticos (ex. manose) reconhecem o microrganismo, sendo a eficiência da fagocitose significantemente maior quando os microrganismos são opsonizados por proteínas especificas (opsoninas), para as quais existem receptores de alta afinidade. Apos a ligação da partícula ao receptor do fagócito, sao emitidos pseudopodes que englobam a partícula, formando o fagossomo, que se fundira ao lisossomo, o qual ira liberar o conteúdo de seu granulo. A morte intracelular de microrganismos é realizada por EROs, espécies reativas de nitrogênio (ex. NO) e enzimas lisossômicas que destroem os resíduos fagocitados. Armadilhas extracelulares de neutrófilos: são redes fibrilares que fornecem alta concentraçãoo de substancias antimicrobianas em locais de infecção evitando que os microrganismos se espalhem ao prende-los em fibrilas. São produzidas por neutrófilos em resposta a patógenos infecciosos e mediadores inflamatórios (quimiocinas, citocinas, EROs, prot do complemento). Dano tecidual mediado por leucócitos: ocorre devido ao fato de que os mecanismos pelos quais os leucócitos danificam os tecidos normais são os mesmo envolvidos na defesa antimicrobiana, porque, uma vez que os leucócitos estejam ativados, seus mecanismos efetores não distinguem entre agressor e hospedeiro. As EROs, espécies reativas de nitrogênio (ex. NO) e enzimas lisossômicas que destroem os resíduos fagocitados também são liberadas no espaço extracelular, sendo capazes de lesar as cels normais do endotélio vascular. Algumas substancias fagocitadas, como os cristais de urato, podem danificar a membrana do fagolisossomo e também levar à liberação do conteúdo granular lisossômico. Os macrófagos, dentre outras cels, produzem citocinas que podem amplificar ou limitar as reações inflamatórias, fatores de crescimento que estimulam a proliferação das células endoteliais e fibroblastos e a síntese de colágeno. Sendo assim, são células criticas da inflamação crônica e do reparo tecidual. Os mediadores anti-inflamatórios (TGF-beta e IL-10) finalizam a reação inflamatória aguda quando não é mais necessária, além da inibição a síntese de TNF em macrófagos. Mediadores da inflamação • São substancias que inicie regulam as reações inflamatórias; • Os mais importantes são as aminas vasoativas (histamina), os produtos lipídicos (prostaglandinas e lipoxinas), as citocinas (incluindo as quimiocinas) e os produtos da ativação do complemento; • A maioria dos mediadores tem vida curta; • Um mediador pode estimular a liberação de outros mediadores. Os mediadores secundários podem ter as mesmas ações dos mediadores iniciais, mas também podem ter atividades diferentes e até mesmo opostas. Tais cascaras fornecem mecanismos para amplificar – ou, em certos casos, neutralizar – a ação inicial do mediador. Aminas vasoativas: histamina -> um dos primeiros mediadores a serem liberados durante a inflamação. É armazenada os grânulos dos mastócitos e liberada pela desgranulação em resposta a uma variedade de estímulos (lsão, trauma, frio, calor). Neuropeptideos (ex. substancia P) e citocinas (IL-1, IL-8) também podem causar a liberação de histamina. A histamina causa a dilatação das arteríolas e aumenta a permeabilidade das vênulas, produzindo espaços interendoteliais nas velunas. Metabolitos do Acido Araquidônico (AA): prostaglandinas e leucotrienos são produzidos a partir desse acido, estão presentes nos fosfolipideos da membrana, estimulando as reações vasculares e celulares na inflamação aguda. Estímulos mecânicos, químicos e físicos liberam AA dos fosfolipideos da membrana através da ação da fosfolipase A2, provocando aumento do Ca2+ e ativação de várias cinases. Prostaglandinas: produzidas por mastócitos, macrófagos e células endoteliais, estão envolvidas em reações vasculares e sistêmicas da inflamação. É produzida em resposta a estímulos anti-inflamatorios, e também é particularmente expressa na maioria dos tecidos, onde pode executar uma função homeostática (ex. equilíbrio de fluidos e de eletrólitos nos rins, citoproteção no trato gastrointestinal). Alem de efeitos locais, as prostaglandinas estão envolvidas na patogênese da dor e da febre na inflamação. Leucotrienos: estão envolvidos nas reações vasculares e recrutamento de leucócitos. Lipoxinas: também são geradas a partir do AA, mas diferentemente ds prostaglandinas e leucotrienos, elas suprimem a inflamação ao inibir o recrutamento de leucócitos. Elas inibem a quimiotaxia e a adesão dos neutrófilos ao endotélio. OBS: Aspirina e outros fármacos anti-inflamatorios (AINEs; ex. ibuprofeno) inibem a síntese de prostaglandina (por isso sua eficácia ao tratar a febre). Citocinas e quimiocinas: são proteínas produzidas por linfócitos, cels dentriticas e macrófagos ativados, mas também cels endoteliais, epiteliais e do tecido conjuntivo que medeiam e regulam as reações imunológicas e inflamatórias. Tabela pag 172 do pdf Fator de necrose tumoral (TNF) e Interleucina 1 (IL-1): possuem papel critico no recrutamento de leucócitos ao promover a sua adesão ao endotélio, além de sua migração através dos vasos. São produzidas principalmente por macrófagos e cels dentríticas ativadas e sua secreção é estimulada por produtos microbianos, imunocomplexos, corpos estranhos, etc. A produção do TNF é induzida por sinais através dos TLRs. Suas ações contribuem para reações locais e sistêmicas da inflamação. Seus papeis são: • Ativação endotelial: aumento na expressão de selectinas e ligantes para integrinas nas cels edoteliais; • Ativação de leucócitos e outras cels: TNF aumenta as respostas dos neutrófilos e incita a atividade microbicida dos macrófagos, ao induzir a produção de NO. • Resposta sistêmica da fase aguda: induzem a febre, regula o equilíbrio de energia ao promover a mobilização de lipídios e proteína, além de suprimir o apetite. Dessa forma, contribui para a caquexia. Quimiocinas – 2 funções principais: • Na inflamação aguda: as quimiocinas inflamatórias são aquelas cuja produção é induzida pelos microrganismos e por outros estímulos. Essas quimiocinas estimulam a ligação dos leucócitos ao endotélio ao aumentar a afinidade das integrinas leucocitárias, estimulando ainda a migração (quimiotaxia) dos leucócitos nos tecidos para o local da infecção/dano tecidual. • Manutenção da arquitetura do tecido -> quimiocinas homeostáticas. Os interferons do tipo I, cuja função normal consiste em inibir a replicação viral, contribuem para algumas das manifestações sistêmicas da inflamação. Padrões morfológicos da inflamação aguda Características gerais: dilatação de pequenos vasos sanguíneos e o acúmulo de leucócitos e fluido no tecido extravascular. (marcada por alterações vasculares, edema e infiltração predominantemente neutrofílica) Padrões morfológicos específicos: • Inflamação Serosa: marcada pela exsudação de fluidos (podem ser derivados do: plasma - devido ao aumento da permeabilidade vascular - ou de secreção de céls mesoteliais – como resultado de irritação local) com poucas células (poucos leucócitos) nos espaços criados pela lesão celular ou em cavidades corporais revestidas por peritônio, pleura e pericárdio. A bolha na pele resultante uma queimadura ou infecção viral representa acumulo de fluido seroso. • Inflamação Fibrinosa: com o aumento da permeabilidade vascular o fibrinogênio passa para fora do vaso, e a fibrina é formada e depositada no espaço extracelular. Grandes extravasamentos ou presença de um estimulo (ex. cels neoplásicas) pode resultar em exsudato fibrinoso que é característico de inflamações nas meninges, pericárdio e pleura. Eles podem ser removidos por fibrinólise ou pela ação de macrófagos. Se nao for removida, a fibrina pode estimular o crescimento de fibroblastos e vasos sanguíneos, levandoa cicatriz. • Inflamação purulenta (ex. apendicite aguda): caracterizada pela produção de pus (exsudato constituído por neutrófilos, resíduos liquefeitos de cels necróticas e fluido de edema). Causa mais frequente é a infecção por bact. piogênicas que causam necrose por liquefação de tecidos (ex. estafilococos). • Abscesso: coleções localizadas de tecido inflamatório purulento. Com o tempo, o abcesso pode tornar-se confinado por capsula e, finalmente, ser substituído por tecido conjuntivo. • Úlceras: descontinuidade do tecido epitelial, produzida por perda ou desprendimento de tecido necrótico inflamado. Mais comumente encontrada (1) na mucosa da boca, estomago, intestinos ou trato genitourinário e (2) na pele e no tecido subcutâneo de pessoas que predispõem a uma extensa necrose isquêmica. Fase aguda: intensa infiltração polimorfonuclear e dilatação vascular nas margens da lesão. Fase crônica: ocorre proliferação fibroblástica nas margens e bases da ulcera, cicatrização e acumulo de linfócitos, macrófagos e plasmócitos. Resultados da inflamação aguda: • Resolução completa: quando há sucesso na neutralização e na eliminação do estimulo agressor, terminam com a restauração do local; • Reparo pela substituição do tecido conjuntivo (cicatrização ou fibrose); • Progressão para inflamação crônica: ocorre quando a resposta inflamatória aguda não pode ser resolvida, como resultado da persistência do agente lesivo. Inflamação crônica Causas: • Infecções persistentes • Doenças de hipersensibilidade: ocorre por ativação excessiva ou inapropriada do sistema imunológico. As reações se desenvolvem contra os tecidos do próprio indivíduo, levando a doenças autoimunes (ex. artrite reumatoide e esclerose múltipla); • Exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos (endógenos ou exógenos): ex. partícula de sílica -> silicose (deonça inflamatória pulmonar). Ex. aterosclerose -> excessiva produção e deposição tecidual de colesterol endógeno e outros lipídios. Caracterizada por: infiltraçãoo leucocitária, dano tecidual e fibrose • Infiltração com células mononucleares (macrófagos, linfócitos e plasmócitos); • Destruição tecidual; • Tentativas de reparo pela substituição do tecido danificado por tecido conjuntivo, realizadas por angiogênese e fibrose. - Macrófagos: células dominantes nas reações inflamatórias, secretam citocinas e fatores de crescimento que agem em varias células, destruindo invasores estranhos e tecidos, além de ativar linfócitos T. Secretam citocinas (TNF, IL-1 e quimiocinas) que promovem o recrutamento de leucócitos. - Linfócitos T e B: ao serem ativados, amplificam e propagam a inflamação crônica. Migram para o local da inflamação. - Eosinófilos: abundantes em infecções parasitárias. Inflamação Granulomatosa: forma de inflamação crônica caracterizada por coleções de macrófagos ativos, frequentemente com linfócitos T, e algumas vezes, associada à necrose central. A formação de granulomas é uma tentativa celular de conter um agente agressor difícil de eliminar. Alguns macrófagos ativos podem fundir-se, formando cels gigantes multinucleares. Os granulomas também podem desenvolver-se em algumas doenças inflamatórias imunomediadas, com destaque para a doença de Chron e na sarcoidose. Efeitos sistêmicos da inflamação A inflamação, mesmo quando localizada, é associada a reações sistêmicas induzidas por citocinas que, em conjunto, são chamadas de resposta de fase aguda. As citocinas TNF, IL-1 e IL-6 são mediadores importantes da reação de fase aguda; outras citocinas, com destaque para os interferons tipo I, também contribuem para a reação. A resposta de fase aguda consiste em várias alterações clínicas e patológicas: • Febre: induzida por substancias chamadas pirógenos. O aumento da temperatura corporal é causado pelas prostaglandinas (PGE) que são produzidas no hipotálamo, em resposta a presença de produtos bacterianos (ex. LPS), que estimulam a liberação de IL-1 e TNF por leucócitos, induzindo a conversão de AA em prostaglandinas. Por sua vez, as PGEs produzem neurotransmissores que reprogramam o ponto de ajuste da temperatura para um nível mais alto. Obs: fibrinogênio causa o empilhamento de hemácias. • Leucocitose: elevações extremas são chamadas de reações leucomoides; infecções bacterianas – neutrofilia; infecções virais – linfocitose; alergias e infecções parasitárias – eosinofilia; certas infecções são associadas a leucopenia (ex. febre tifoide) • Aumento da pulsação e pressão sanguínea; diminuição do suor (redirecionamento do fluxo de sangue a fim de minimizar a perda de calor pela pele); calafrios, frio intenso, anorexia, sonolência e mal estar; • Na sepse (infec bact. graves) -> coagulação intravascular disseminada, choque hipotensivo e perturbações metabólicas (resistência a insulina e hiperglicemia). -> choque séptico. Reparo Tecidual Restauração da arquitetura e da função dos tecidos após lesão. A resposta inflamatória serve tanto para eliminar riscos quanto para iniciar o processo de reparo. • Regeneração: retorna ao estado normal; ocorre por meio da proliferação de células que conservaram a capacidade de proliferar; • Deposição de tecido conjuntivo (formação de cicatriz): tecidos lesados não conseguem restituir-se por completo; assim, ocorre deposição de tecido conjuntivo fibroso, formando uma cicatriz capaz de fornecer estabilidade estrutural para que o tecido lesado possa funcionar. Regeneração das células e tecidos – envolve a proliferação celular que é controlada por fatores de crescimento (produzidos por macrófagos ativados pela lesão tecidual) e pela matriz extracel. Proliferação celular: mecanismos e sinais de controle Tipos celulares que proliferam: • Tecido lesado remanescente (tenta restaurar a estrutura normal) • Cels endoteliais vasculares (criar novos vasos que forneçam nutrientes necessários para o processo de reparo) • Fibroblastos (originam tecido fibroso que forma a cicatriz para preencher defeitos que não podem ser corrigidos por meio da degeneração) Tecidos do corpo são divididos em 3 grupos: • Tec. Lábeis/Instáveis: cels desse tecido sao perdidas continuamente e substituídas por cels tronco e proliferação de cels maduras. Ex: cels hematopoiéticas e cels dos epitélios de superfície (pele, cavidade oral, vagina, etc). As cels lesadas sao rapidamente substituídas. • Tec. Estáveis: suas cels são quiescentes, com atividade proliferativa mínima. Essas cels sao capazes de se dividir em resposta a lesão ou perda de massa tecidual. Ex: parênquima do fígado, rim, pâncreas; cels endoteliais, fibroblastos e cels musculares lisas. Processo geralmente mais limitado, com exceção do fígado. • Tec. Permanentes: cels terminantemente diferenciadas e não proliferativas na vida pós-natal. Ex: neurônios e cels do músculo cardíaco. Qualquer capacidade proliferativa que possa existir nesses tecidos não é suficiente para produzir regeneração. Mecanismos de regeneração do tecido Regeneração hepática: fígado possui capacidade notável de se regenerar. Mecanismos: • proliferação de hepatócitos remanescentes: desencadeada por citocinas (ex. IL-6 produzidas pelas cels de Kupffer) e fatores de crescimento (TGF-alfa); • repovoamento a partir de cels progenitoras: atuam quando a capacidade proliferativa dos hepatócitos é prejudicada -> lesão ou inflamação crônica hepática. Reparo por deposição de tec. Conjuntivo: quando o reparo por regeneração não é suficiente, ocorre a substituiçãoo das cels lesadas por tecido conjuntivo. Pode ocorrer cicatrização quando a lesão for grave ou crônica. A cicatrização não promove a restituição dos componentes teciduais, apenas serve como “remendo”. Etapas na formação da cicatriz: • angiogênese: fornece nutrientes e oxigênio necessário. Esses vasos recém formados podem extravasarpelas junções interendoteliais incompletas, causando edema. As proteínas da MEC participam do processo de brotamento de vasos na angiogênese principalmente por meio das interações com os receptores de integrina nas cels endoteliais, ao proporcionar suporte para o crescimento dos vasos. • Formação de tecido de granulação: formados pela migração e proliferação de fibroblastos, bem como a deposição de tecido conjuntivo frouxo, junto com vasos e leucócitos entremeados. Apresenta aparência macroscópica rósea, macia e granular. Histologicamente observa-se a proliferação de fibroblastos e capilares novos e delicados, de finas paredes, em matriz extracelular frouxa., geralmente com mistura de cels inflamatórias (macrófagos). Esse tecido invade progressivamente o local da lesão. • Remodelamento do tecido conjuntivo: sua maturação e reorganização produzem cicatriz fibrosa estável. Macrófagos – papel crucial no reparo, ao eliminar agentes agressores e o tecido morto, ao fornecer fatores de crescimento para a proliferação de várias células e ao secretar citocinas que estimulam a proliferação de fibroblastos e a síntese e deposição do tecido conjuntivo. O reparo começa no prazo de 24 horas depois da lesão, através da migração de fibroblastos e do estimulo de proliferação fibroblastica e de células endoteliais. Do terceiro ao quinto dia, o tecido de granulação especializado, característico do reparo, já é evidente. O TGF-beta é a citocina mais importante para a síntese e a deposição de proteínas do tecido conjuntivo. Está envolvido no desenvolvimento da fibrose pulmonar, hepática e renal após inflamação crônica. Tamém é uma citocina anti-inflamatoria que serve para limitar e encerrar as respostas inflamatórias, inibindo a proliferação de linfócitos e a atividade de leucócitos.