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interpretacao_de_exames_bioquimicos_e_a_interacao_droga_x_nutriente (1)

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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Interpretação de exames bIoquímIcos e 
a Interação droga x nutrIente
Elaboração
Daniela Martins da Silva 
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 6
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
CONCEITOS ........................................................................................................................................ 11
CAPÍTULO 1
FARMACOLOGIA E INTERAÇÃO ENTRE ALIMENTOS E NUTRIENTES ............................................. 11
CAPÍTULO 2
FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA DAS INTERAÇÕES ................................................ 24
UNIDADE II
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS ................................................................................................... 34
CAPÍTULO 1
FÁRMACOS PARA O SISTEMA DIGESTÓRIO .............................................................................. 34
CAPÍTULO 2
ANTIDIABÉTICOS ..................................................................................................................... 47
CAPÍTULO 3
ANTI-HIPERTENSIVOS E HIPOLIPIDEMIANTES .............................................................................. 52
CAPÍTULO 4
ANTI-INFLAMATÓRIOS E ANTI-INFECCIOSOS ............................................................................ 67
CAPÍTULO 5
ANTINEOPLÁSICOS ................................................................................................................. 81
CAPÍTULO 6
ANSIOLÍTICOS E ANTIDEPRESSIVOS .......................................................................................... 90
UNIDADE III
TRATAMENTO DA OBESIDADE E HORMÔNIOS SEXUAIS .......................................................................... 96
CAPÍTULO 1
OBESIDADE E TRATAMENTO ..................................................................................................... 96
CAPÍTULO 2
REGULAÇÃO HORMONAL E MEDICAMENTOS ....................................................................... 104
UNIDADE IV
MEDICAMENTOS E LEITE MATERNO .................................................................................................... 111
CAPÍTULO 1
LEITE MATERNO E FÁRMACOS .............................................................................................. 111
UNIDADE V
DROGAS DE ABUSO .......................................................................................................................... 118
CAPÍTULO 1
INTERAÇÕES DROGAS DE ABUSO VERSUS ALIMENTOS ........................................................... 118
UNIDADE VI
DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS ..................................................................... 126
CAPÍTULO 1
DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS ........................................................ 126
CAPÍTULO 2
DOSAGEM DE NUTRIENTES E EXAMES EM ORTOMOLECULAR ................................................. 139
PARA (NÃO) FINALIZAR ................................................................................................................... 150
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 151
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
7
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
Introdução
Embora a interação alimento-medicamento desperte o interesse dos profissionais da 
saúde devido a sua importância, é um assunto que ainda precisa ser estudado e 
pesquisado. As informações são frequentemente contraditórias e algumas vezes 
inespecíficas. Embora essas interações raramente ocasionem consequências 
fatais, é relativamente frequente o surgimento de efeitos adversos, mais ou menos 
importantes, imprevisíveis ou que originam respostas farmacológicas diversas em 
intensidades nem sempre esperadas para uma determinada dosagem. 
Os alimentos podem modificar os efeitos dos fármacos, fundamentalmente por 
interferência no seu comportamento farmacocinético, designadamente nos processos 
de absorção, distribuição, metabolismo e excreção ou no seu comportamento 
farmacodinâmico, originando efeito contrário ao esperado. 
Desde a década de 1980, a Joint Commission on Accreditation of Hospital vem 
incentivando profissionais como farmacêuticos e nutricionistas a monitorarem as 
interações fármaco-nutriente que ocorrem com pacientes internados, bem como 
a orientá-los a este respeito quando eles deixam o hospital. Portanto, na equipe 
de saúde, esses profissionais desempenham um papel importante na identificação 
dessas interações e na educação de pacientes em programas de aconselhamento. 
Um maior conhecimento por parte dos profissionais da área da saúde acerca das 
interações conduz a um controle mais efetivo de possíveis deficiências nutricionais 
e permite a intervençãocom estratégias para suplementar essas deficiências. Para 
que o profissional possa prescrever um plano dietético de modo apropriado, são 
necessários o conhecimento e a correta avaliação da função de órgãos e sistemas. 
Sendo assim, a solicitação e a correta interpretação dos exames complementares 
impõem-se ao profissional de saúde que avalia o paciente. Os exames laboratoriais 
serão responsáveis por detectar insuficiências orgânicas e alterações nas concentrações 
de nutrientes e/ou seus metabólitos. Por essa razão, a prescrição de nutrição, seja 
oral, enteral e/ou parenteral, pressupõe a correta solicitação e avaliação de exames 
laboratoriais. 
9
Objetivos
 » Compreender as interações entre medicamentos e nutrientes.
 » Compreender a função dos medicamentos e como podem prejudicar a 
absorção de alimentos.
 » Discutir a prevenção e o tratamento da deficiência de nutrientes causada 
por medicamentos.
 » Fornecer noções sobre os exames laboratoriais necessários para 
identificação de deficiência de nutrientes em pacientes utilizando 
medicamentos.
10
11
UNIDADE ICONCEITOS
CAPÍTULO 1
Farmacologia e interação entre 
alimentos e nutrientes
Conceitos em farmacologia
A farmacologia pode ser definida como o estudo dos efeitos das substâncias químicas 
sobre a função dos sistemas biológicos. Foi reconhecida como ciência na segunda 
metade do século XIX, quando os princípios científicos passaram a ser considerados 
no estabelecimento das práticas terapêuticas. Tendo em vista que, desde as civilizações 
mais antigas, remédios com base em ervas ou outros produtos naturais de origem 
vegetal, animal ou mineral eram amplamente utilizados para combater as diversas 
enfermidades que acometiam o homem e os animais domésticos que com ele conviviam, 
surgiu a necessidade de melhorar a qualidade da intervenção terapêutica dos médicos, 
que, naquela época, eram proficientes na observação clínica e diagnósticos, porém 
amplamente incompetentes quando se tratava de terapia. O avanço de diversas 
ciências, como a fisiologia e a química, contribuiu muito no sentido de esclarecer os 
mecanismos químicos e biológicos pelos quais os medicamentos atuam e a estrutura 
química correspondente a cada substância. Hoje, a medicina moderna baseia-se, em 
grande parte, em fármacos como principal instrumento de terapia, já que o estudo dos 
medicamentos se aperfeiçoou ao longo do tempo. 
Ao falar de interações entre medicamentos e alimentos, é essencial compreender 
alguns conceitos básicos acerca dos fármacos. Embora muito utilizados, os termos 
“remédio”, “medicamento”, “fármaco” e “droga” possuem significados diferentes. 
» Remédio: é uma palavra normalmente usada pelo leigo como sinônimo de 
medicamento ou especialidade farmacêutica. Portanto, remédio pode ser tudo 
aquilo que cura ou evita as enfermidades. Não só as substâncias químicas podem 
12
UNIDADE I │CONCEITOS
ser consideradas remédios, mas também alguns agentes físicos como massagens, 
duchas etc. 
» Medicamento: é utilizado para prevenção, alívio de sintomas, cura e diagnóstico 
de doenças e constituído de princípio ativo ou fármaco adicionado de veículo. 
Pode ser considerado o mesmo que fármaco, especialmente quando se encontra 
na sua forma farmacêutica. 
» Fármaco: sinônimo de princípio ativo, é a substância química de constituição 
definida que pode ter aplicação em farmácia como preventivo, curativo ou agente 
de diagnóstico (Quadro 1).
» Droga: este termo, também empregado em diversas situações, refere-se à 
matéria-prima mineral, vegetal ou animal da qual se podem extrair um ou mais 
princípios ativos; sendo assim, os agentes terapêuticos de origem sintética não 
são drogas.
Figura 1. Remédio.
1 - Ducha ginecológica 2 – Banho de assento 3 – Banho de imersão
Fontes: Imagem 1: Disponível em: https://www.equipofarma.com.br/media/catalog/product/cache/1/image/9df78eab33525
d08d6e5fb8d27136e95/d/u/ducha-gineco.jpg. Acesso em: 16 jan. 2020. Imagem 2: Disponível em: https://th.bing.com/th/id/
OIP.WONHM-V7usnOCLikT_lBUAHaDt?pid=Api&rs=1. Acesso em: 16 jan. 2020. Imagem 3: Disponível em: https://mundoalice.
files.wordpress.com/2011 jan. 1072960erhcfn6zux.jpg?w=535. Acesso em: 16 jan. 2020.
13
CONCEITOS │ UNIDADE I
Figura 2. Medicamento.
Fonte: Foto: The Photographer via Wikimedia Commons CC BY-SA Disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-da-
saude/pesquisa-premiada-lista-cinco-formas-de-diminuir-desperdicio-de-remedios/. Acesso em: 16 jan. 2020.
Figura 3. Fármaco.
Fonte: Disponível em: https://www.lojacasadesaron.com.br/ginkgo-biloba-em-po-a-granel. Acesso em: 16 jan. 2020.
Figura 4. Droga.
1 – Vegetais 2 – Minerais 3 - Animal
 Fonte: Imagem 1: Disponível em: https://blog.tabacariadamata.com.br/plantas-medicinais-indigenas/. Acesso em 
16 jan. 2020. Imagem 2: Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Caulinita. Acesso em 16 jan. 2020. Imagem 3: Disponível 
em: https://www.ativo.com/nutricao/extrato-de-propolis-beneficios/. Acesso: Acesso em 16 jan. 2020.
14
UNIDADE I │CONCEITOS
Quadro 1. Finalidade dos fármacos.
FINALIDADE DOS FÁRMACOS EXEMPLOS
Fornecimento de elementos carentes ao organismo Vitaminas, sais minerais, proteínas, hormônios.
Prevenção de uma doença ou infecção Soros e vacinas.
Combate a uma infecção Quimioterápicos, incluindo antibióticos.
Bloqueio temporário de uma função normal Anestésicos e anticoncepcionais orais.
Correção de uma função orgânica desregulada
Disfunção (insuficiência cardíaca): cardiotônicos;
hipofunção (insuficiência na suprarrenal): hidrocortisona; hiperfunção 
(hipertensão): metildopa.
Destoxificação do organismo Antídotos.
Agentes auxiliares de diagnóstico Radiopacos.
 
Fonte: própria autora, s.d.
Os medicamentos costumam possuir nomes muito longos e complicados. Para facilitar 
a compreensão, existem órgãos internacionais que definem um nome mais curto e 
simplificado para os medicamentos, o que conhecemos como nome genérico. No 
Brasil, adotamos os nomes dados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e 
também pela Farmacopeia Brasileira. 
O nome genérico é o nome da substância ativa, aquela que exerce a ação principal 
no medicamento. Contudo, os medicamentos podem também possuir um nome 
comercial ou marca comercial, que é um nome individual selecionado e usado 
pelo fabricante. Os medicamentos com nome comercial podem ser divididos 
entre os similares e os de referência. A diferença entre eles é que o medicamento 
considerado de referência pertence ao fabricante que o introduziu no mercado 
e que tem direito a patente. Após o período de exclusividade da patente, outros 
fabricantes podem comercializar esse mesmo medicamento e, se estes forem 
registrados com nome comercial, passam a ser similares. 
Desde 2003, com a publicação da Resolução RDC no 134/2003 e Resolução 
RDC no 133/2003, os medicamentos similares devem apresentar os testes de 
biodisponibilidade relativa e equivalência farmacêutica para obtenção do registro 
para comprovar que o medicamento similar possui o mesmo comportamento no 
organismo (in vivo), como possui as mesmas características de qualidade (in 
vitro) do medicamento de referência.
Além disso, os medicamentos similares passam por testes de controle de qualidade 
que asseguram a manutenção da qualidade dos lotes industriais produzidos. Todos 
os medicamentos similares passam pelos mesmos testes que o medicamento genérico.
15
CONCEITOS │ UNIDADE I
Essas informações vocês poderão conferir no site da ANVISA:
Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/
Inicio/Medicamentos/Assunto+de+Interesse/Medicamentos+similares.
Definições de acordo com a RDC no 17 de 2 de março de 2007:
Biodisponibilidade relativa: quociente da quantidade e velocidade de 
princípio ativo que chega à circulação sistêmica a partir da administração 
extravascular de um preparado e a quantidade e velocidade de princípio ativo 
que chega à circulação sistêmica a partir da administração extravascularde um 
produto de referência que contenha o mesmo princípio ativo.
Equivalentes farmacêuticos: são medicamentos que contêm o mesmo 
fármaco, isto é, mesmo sal ou éster da mesma molécula terapeuticamente 
ativa, na mesma quantidade e forma farmacêutica, podendo ou não conter 
excipientes idênticos. Devem cumprir com as mesmas especificações atualizadas 
da Farmacopéia Brasileira e, na ausência destas, com as de outros códigos 
autorizados pela legislação vigente ou, ainda, com outros padrões aplicáveis de 
qualidade, relacionados à identidade, dosagem, pureza, potência, uniformidade 
de conteúdo, tempo de desintegração e velocidade de dissolução, quando for o 
caso.
Vejam também a notícia publicada pelo Portal Brasil:
Disponível em: http://www.brasil.gov.br/saude/2014/10/medicamentos-
similares-serao-equivalentes-aos-de-marca.
Tabela 1. Nomes dos medicamentos
NOME REFERÊNCIA NOME GENÉRICO NOME SIMILAR NOME QUÍMICO
Aspirina® ácido acetilsalicílico AAS, Melhoral Ácido orto-hidroxibenzóico
Novalgina® dipirona monoidratada Anador
[(2,3-dihidro-1,5-dimetil-3-oxo-
fenil-1H-pirazol-4-il)metilamino]
Advil®/Alivium®/Motrin® ibuprofeno Buscofem, Ibuflex, Buprovil
Ácido alfa-metil-4(2-metilpropil)-
benzenacético
 
Fonte: Adaptado de portal.anvisa.gov.br/documents/33836/352400/1.1+Genéricos+registrados+-
+por+nome+do+genérico+27-08-2019/9e4ce425-7915-4cc1-b870-05ee305c1a8f. Acesso em: 16 jan. 2010; Korolkovas & 
Burckhalter, 1988.
É interessante que o medicamento genérico ibuprofeno possui três medicamentos de 
referência dependendo da forma farmacêutica, conforme tabela seguinte.
16
UNIDADE I │CONCEITOS
Tabela 2. Ibuprofeno.
REFERÊNCIA FORMA FARMACÊUTICA
Advil® Suspensão gotas, cápsula dura e comprimidos revestidos de 200 e 400 mg
Alivium® Suspensão oral
Motrin® Comprimidos revestidos de 400 mg
 
Fonte: portal.anvisa.gov.br/documents/33836/352400/1.1+Genéricos+registrados+-+por+nome+do+genérico+27-08-
2019/9e4ce425-7915-4cc1-b870-05ee305c1a8f. Acesso em: 16 jan. 2010
Os medicamentos são apresentados para comercialização em diferentes formas 
farmacêuticas. A forma farmacêutica (Quadro 2) é a maneira como se apresenta um 
medicamento pronto para ser administrado. É o estado final em que se apresentam 
as substâncias medicamentosas depois de submetidas a uma ou mais operações 
farmacêuticas, com o fim de facilitar a administração e obter o efeito desejado.
Quadro 2. Tipos de preparações farmacêuticas.
PREPARAÇÕES FORMAS FARMACÊUTICAS
Líquida
Soluções
Suspensões
Emulsões
Xaropes
Elixires
Loções
Linimentos
Sólida
Comprimidos
Drágeas
Cápsulas
Pílulas
Supositórios
Óvulo
Semissólida
Pomadas
Cremes
Pasta
Gel.
 
Fonte: própria autora, s.d.
17
CONCEITOS │ UNIDADE I
Figura 5. Formas farmacêuticas líquidas de uso oral.
1 - Solução oral (gotas) 2 -Suspensão oral 3 – Xarope 4 - Elixir
 
Fonte: Imagem 1: Disponível em: https://www.medicdelivery.com.br/media/catalog/product/cache/1/thumbnail/600x/17f8
2f742ffe127f42dca9de82fb58b1/p/a/paracetamol_gotas_15ml_medley.jpg. Acesso em 25 jan. 2020. Imagem 2: https://
io.convertiez.com.br/m/drogal/shop/products/images/1011820/medium/mylanta-plus-mor-liq-240ml_6493.jpg. Acesso em: 25 
jan. 2020. Imagem 3: https://www.drogariacatarinense.com.br/melagriao-xarope-150ml/99370-01. Acesso em 25 jan. 2020. 
Imagem 4: https://www.drogal.com.br/elixir-paregorico-30ml-cat/p. Acesso em 25 jan. 2020.
Figura 6. Formas farmacêuticas líquidas de uso tópico.
1 – Solução tópica 2 – Suspensão tópica 3 – Loção 4 – Linimento
Fonte: Imagem 1: Disponível em: https://www.farmaciacristorei.com.br/merthiolate-incolor-30ml.html. Acesso em 25 jan. 2020. 
Imagem 2: http://www.farvet.com.br/produto/114095/cetoconazol-suspensao-oral-20-20ml-antifungico-para-caes-e-gatos. 
Acesso em: 25 jan. 2020. Imagem 3: https://www.onofre.com.br/nitrato-de-miconazol-20mg-cimed-genericos-locao-30ml.
html. Acesso em 25 jan. 2020. Imagem 4: https://www.caaspshop.com/gelol-linimento-45ml-7948/p. Acesso em: 25 jan. 2020.
18
UNIDADE I │CONCEITOS
Figura 7. Formas farmacêuticas sólidas para uso oral.
1 – Comprimidos 2 – Drágeas 3 – Cápsulas 4 – Pílulas
Fonte: Imagem 1: https://www.drogal.com.br/lisador-4-cpr/p. Acesso em: 25 jan. 2020. Imagem 2: https://www.bifarma.com.
br/produto/neosaldina-com-4-drageas-1199. Acesso em: 25 jan. 2020. Imagem 3: https://hypescience.com/remedio-para-
emagrecer/. Acesso em: 25 jan. 2020. Imagem 4: https://ichef.bbci.co.uk/news/660/cpsprodpb/E89F/production/_99115595_1.
jpg Acesso em: 25 jan. 2020.
Figura 8. Formas farmacêuticas semissólidas
1 – Pomada 2 – Creme 3 – Pasta 4 – Gel
 
Fonte: Imagem 1: Disponível em: https://www.drogariavenancio.com.br/nebacetin-takeda-15g-pomada/p. Acesso em: 06 fev. 
2020; Imagem 2: https://www.farmadelivery.com.br/azelan-creme-dermatologico-200mg-g-30g. Acesso em: 06 fev. 2020; 
Imagem 3: Disponível em: https://www.panvel.com/panvel/pasta-dagua-lifar-90g/p-307335. Acesso em: 06 fev. 2020; Imagem 
4: Disponível em: https://www.drogaraia.com.br/topcoid-5mg-g-gel-40g.html. Acesso em: 06 fev. 2020.
19
CONCEITOS │ UNIDADE I
Figura 9. Formas farmacêuticas destinadas à inserção nos orifícios corporais
1 – Supositório 2 – Óvulo vaginal
 
Fonte: Imagem 1: Disponível em: https://www.araujo.com.br/novalgina-300mg-supositorios/p. Acesso em: 14 fev. 2020; 
Imagem 2: Disponível em: https://farmacianovadamaia.pt/en/intimate-hygiene/1591-vagisan-acido-lactico-7-ovulos.html. 
Acesso em: 14 fev. 2020.
Os fármacos podem ser administrados por diferentes vias e estão disponíveis 
em diversas formas farmacêuticas, adequadas a essas vias (Quadro 3). As vias de 
administração podem ser divididas em enteral e parenteral. A enteral é relacionada 
ao aparelho digestório (via oral), onde ocorre o efeito de primeira passagem, ou seja, 
biotransformação no fígado. A parenteral é aquela que não está relacionada ao aparelho 
digestivo, pois não ocorre o efeito de primeira passagem, como, por exemplo, os 
fármacos de vias subcutâneas, intramuscular, endovenosa, dérmica, retal, entre outras.
Quadro 3. Vias de administração x formas farmacêuticas.
VIAS FORMAS FARMACÊUTICAS
Oral Comprimidos
Cápsulas
Drágeas
Xaropes
Soluções
Via aérea Aerossóis
Soluções
Via dérmica Pós
Pomadas
Géis
Cremes
Loções
Via transvaginal Óvulos
Pomadas
Cremes
Via retal Supositórios
Pomadas
Cremes
Via oftálmica Colírios
Pomadas estéreis.
Via auricular Soluções de gotejamento.
 
Fonte: própria autora, s.d.
https://www.araujo.com.br/novalgina-300mg-supositorios/p
https://farmacianovadamaia.pt/en/intimate-hygiene/1591-vagisan-acido-lactico-7-ovulos.html
20
UNIDADE I │CONCEITOS
Vale ressaltar que alguns fármacos, na forma de soluções injetáveis, podem ser 
administrados pela via intramuscular, subcutânea, endovenosa, raquidiana ou 
intratecal. 
Entre as formas farmacêuticas existentes, destacam-se aquelas utilizadas por via oral, 
que podem se apresentar na forma líquida ou sólida.
As formas líquidas são de absorção mais rápida em relação às sólidas, pois não dependem 
da dissolução do veículo que contém o fármaco, nem da solubilização deste nos líquidos 
intracelulares, pois o fármaco já está livre e solubilizado. Entre as formas sólidas, as 
cápsulas são as mais prontamente absorvidas, seguidas pelos comprimidos e drágeas. 
Isso ocorre pelo fato de a cápsula ser constituída por uma matriz gelatinosa, facilmente 
dissolvida em contato com a água, enquanto o comprimido necessita ser desintegrado 
para a liberação do fármaco.
A drágea é uma forma especial de comprimido utilizada para impedir que ele entre 
em contato com a mucosa do estômago, provocando lesão. É um comprimido normal, 
recoberto por uma camada de polímero biodegradável, resistente à dissolução no 
estômago, sendo o fármaco liberado apenas próximo ao intestino. A drágea pode ser 
comparada a um confete de chocolate que gradualmente será dissolvido ao longo do 
sistema digestivo, sendoo fármaco liberado lentamente. A Neosaldina® é um exemplo 
desse tipo de medicamento.
Os medicamentos na forma sólida, cuja liberação e absorção são mais lentas, podem ser 
considerados mais seguros, pois, além de existir uma possibilidade maior de reversão 
dos casos de superdosagem, contêm a dose exata a ser administrada, diferentemente 
dos líquidos, cujos limites do frasco dosador nem sempre são respeitados. Embora os 
comprimidos que não possuem sulco não devam ser divididos no meio, para evitar erro 
de dosagem, é comum essa prática entre as pessoas leigas. 
Conceitos em interação entre medicamentos 
e nutrientes
Todas as pessoas têm necessidades nutricionais, ou seja, devem ingerir diariamente 
certa quantidade de nutrientes para que seu organismo funcione adequadamente. Essa 
quantidade varia de indivíduo para indivíduo. Entretanto, a partir de muitos estudos 
em populações saudáveis, foi elaborada, pelo Food and Nutrition Board (FNB), uma 
tabela de recomendações nutricionais, chamada RDA, que estabelece valores capazes 
de cobrir as necessidades da maior parte da população. Esses valores são, então, 
utilizados como base para a adequação de nutrientes na dieta, o que só pode ser 
21
CONCEITOS │ UNIDADE I
obtido a partir de uma alimentação saudável e variada, ou seja, um indivíduo normal 
que se alimenta corretamente, sem restrições alimentares, é capaz de obter todos os 
nutrientes necessários para um bom funcionamento do organismo. Entretanto, existem 
algumas doenças ou alterações no metabolismo que podem alterar a absorção de 
alguns nutrientes, como a anemia e a osteoporose, exigindo assim uma suplementação. 
Outro fator considerável são as exigências da vida atual, que levam os indivíduos a 
longas jornadas de trabalho, com curtos intervalos, gerando má alimentação e estresse 
acentuado. A consequência muitas vezes é a obesidade, que corresponde a um excesso 
de calorias e desnutrição.
Assim, os suplementos nutricionais ganharam popularidade rapidamente, visto que 
são preparações destinadas a complementar a dieta e a fornecer os nutrientes como 
vitaminas, minerais, fibras, ácidos graxos ou aminoácidos que podem estar faltando ou 
não podem ser consumidos em quantidade suficiente na dieta de uma pessoa.
Da mesma forma, o significado das interações entre nutrientes e medicamentos 
também está aumentando. Mulheres pós-menopáusicas tomam cálcio e vitamina D 
para prevenir a osteoporose; muitos homens tomam betacaroteno e vitamina E para 
ajudar a prevenir ataques cardíacos. Um grande número de pessoas conscientes das 
necessidades nutricionais estão tomando vitaminas ou minerais por uma variedade 
de razões: ajudar a garantir uma gravidez saudável, fortalecer o sistema imunológico, 
reduzir o risco de câncer. Embora mais estudos sejam necessários para confirmar se 
esses benefícios para a saúde são significativos, os médicos e os pacientes já aceitam 
que as interações droga-nutriente são consideráveis.
Em alguns casos, um mineral ou vitamina pode tornar um medicamento ineficaz, como, 
por exemplo, a tetraciclina, que se liga fortemente ao cálcio, formando um complexo 
insolúvel; os pacientes que fazem uso desse medicamento são frequentemente alertados 
a “evitar os laticínios”. Essa advertência deve estender-se a suplementos de cálcio e até 
mesmo a antiácidos com carbonato de cálcio, mas isso nem sempre é feito. Mesmo que 
o médico tenha conhecimento que a fenitoína perde 50% da sua eficácia na prevenção 
de convulsões quando tomada com a vitamina B6, ele pode não saber quando um 
paciente está se automedicando com ela para sintomas pré-menstruais ou síndrome 
do túnel do carpo, por exemplo. Assim, a falta de informação sobre os medicamentos e 
suplementos que o paciente está utilizando pode gerar consequências graves. 
Certos medicamentos podem depletar o corpo de um nutriente específico, como drogas 
antilipêmicas (colestiramina) podem interferir com a absorção de um número de 
nutrientes, incluindo vitaminas lipossolúveis como A, D, K e, possivelmente, E. Um 
22
UNIDADE I │CONCEITOS
suplemento multivitamínico pode ser desejável, mas não deve ser tomado associado ao 
medicamento ou logo em seguida. 
Um pobre estado nutricional pode prejudicar o metabolismo de drogas. Pessoas que 
estão em maior risco de interações droga-nutriente são aquelas que:
 » possuem alguma doença hepática, renal ou gastrointestinal;
 » são nutricionalmente comprometidas devido a doenças crônicas;
 » perderam peso recentemente ou estão desidratadas;
 » estão em terapia com múltiplas drogas ou tratamento prolongado; e
 » estão nos extremos de idade, com alterações na massa corporal magra, 
fluidos corporais e concentração de proteínas plasmáticas totais.
Mais informações sobre o efeito dos fármacos na nutrição podem ser encontradas 
no artigo:
ZYL, M. V. The effects of drugs on nutrition. South African Journal of Clinical 
Nutritional, vol. 24, no 3, pp. S38-S41, 2011. Disponível em: http://www.ajol.info/
index.php/sajcn/article/view/69810/57893. Acesso em: 12 mai. 2020.
Os medicamentos podem afetar o estado nutricional de várias formas; alguns causam 
anorexia e perda de peso, outros produzem aumento de peso. Podem diminuir a 
motilidade gastrointestinal ou provocar diarreia, vômito e náuseas (Quadros 4, 5 e 6).
Quadro 4. Drogas que produzem alteração no peso.
ANOREXIA OU PERDA DE PESO GANHO DE PESO
Amantadina Antidepressivos tricíclicos (exceto nortriptilina)
Digoxina Valproato
Fluoxetina Betabloqueadores
Levodopa Contraceptivos orais
Lítio Antipsicóticos
Metformina Esteroides
Topiramato Esteroides anabólico
Nortriptilina
 
Fonte: própria autora, s.d.
23
CONCEITOS │ UNIDADE I
Quadro 5. Drogas que diminuem a motilidade gastrointestinal.
OPIÁCEOS EFEITOS ANTICOLINÉRGICOS
Morfina Antidepressivos tricíclico
Codeína Oxibutinina
Ondansentrona Propantelina
 
Fonte: própria autora, s.d.
Quadro 6. Drogas que provocam diarreia, vômito e náuseas.
NÁUSEA E VÔMITO DIARREIA 
Quimioterápicos eritromicina
Potássio metoclopramina e domperidona
Preparações com ferro misoprostol
Antibióticos Inibidor da bomba de prótons
Anestésicos Antivirais e antirretrovirais
Opiáceos Sais de magnésio
Nicotina Ferro e lítio
Levodopa Acarbose, digoxina e metformina
 
Fonte: própria autora, s.d.
24
CAPÍTULO 2
Farmacocinética e farmacodinâmica 
das interações
Farmacocinética
O fenômeno de interação fármaco-nutriente pode surgir antes ou durante a absorção 
gastrintestinal, durante a distribuição e o armazenamento nos tecidos, no processo de 
biotransformação ou mesmo durante a excreção. Assim, é importante compreender os 
fármacos cuja velocidade de absorção e/ou quantidade absorvida podem ser afetadas 
pela presença de alimentos, bem como aqueles que não são afetados. Por outro lado, 
muitos deles, incluindo antibióticos, antiácidos e laxativos, podem causar má absorção 
de nutrientes.
A maioria dos fármacos administrados oralmente é absorvida por difusão passiva, 
enquanto os nutrientes são absorvidos, preferencialmente, por mecanismo de 
transporte ativo. A primeira resulta da difusão do fármaco pela membrana plasmática 
para dentro da célula epitelial e dali para o sangue, enquanto o segundo envolve 
proteínas especializadas, inseridas na membrana plasmática das células que, 
gastando energia, transportam o fármaco de fora para dentro da célula e dali para 
o sangue. Quando se administra um fármaco por via oral, sua absorção pelo tubo 
gastrintestinal e, consequentemente, sua concentração sanguínea são dependentes 
de vários fatores, como pode ser visto no quadro 7.
O alimento é indispensável à manutenção e à ordem da saúde e sua importância está 
associada à sua capacidade de fornecer, ao corpo humano, nutrientes necessários 
ao seu sustento. Para isso, é fundamental a sua ingestão em quantidade e qualidade 
adequadas, de modo que funções específicas como a plástica, a reguladora e a 
energética sejam satisfeitas, mantendo assim a integridade estrutural e funcional 
doorganismo. No entanto, essa integridade pode ser alterada em casos de falta 
de um ou mais nutrientes, com consequente deficiência no estado nutricional e 
necessidade de suplementação. 
Entretanto, os nutrientes também são capazes de interagir com fármacos, sendo 
um problema de grande relevância na prática clínica, devido às alterações na relação 
risco/benefício do uso do medicamento. Essas interações são facilitadas, pois os 
medicamentos, na sua maioria, são administrados por via oral. Os nutrientes podem 
modificar os efeitos dos fármacos por interferirem em processos farmacocinéticos, como 
25
CONCEITOS │ UNIDADE I
absorção, distribuição, biotransformação e excreção, acarretando prejuízo terapêutico. 
A absorção dos nutrientes e de alguns fármacos ocorre por mecanismos semelhantes e 
frequentemente competitivos e, portanto, apresentam como principal sítio de interação 
o trato gastrintestinal (TGI).
Quadro 7. Fatores que exercem influência sobre a biodisponibilidade.
ASPECTOS RELACIONADOS AOS FÁRMACOS VARIAÇÕES INDIVIDUAIS
Solubilidade Idade
Tamanho da partícula Ingestão de alimentos
Forma farmacêutica Tempo de trânsito intestinal
Efeitos do fluido gastrintestinal Microflora intestinal
Metabolismo pré-sistêmico Metabolismo intestinal e hepático
pKa do fármaco Patologia gastrintestinal
Natureza química (sal ou éster) PH gastrintestinal
Liberação imediata ou lenta
Circulação entero-hepática
 
Fonte: própria autora, s.d.
Como os alimentos, em algumas circunstâncias, podem tanto afetar a farmacocinética 
como a farmacodinâmica dos medicamentos, o clínico deve estar atento a incluir no 
seu projeto terapêutico os cuidados mínimos necessários em relação à dieta do seu 
paciente. 
De um modo geral, mas nem sempre, os alimentos retardam o esvaziamento gástrico 
e diminuem o melhor contato dos medicamentos com a mucosa absortiva, com a 
consequente diminuição da absorção dos medicamentos. Os alimentos gordurosos 
e bebidas ácidas tendem a diminuir de maneira mais intensa o esvaziamento com 
pKa mais ácido, diminuindo a absorção dos que apresentam um pKa mais básico 
e que são absorvidos no intestino delgado de forma predominante. Os alimentos 
grelhados na brasa produzem hidrocarbonetos policíclicos que são indutores das 
isoenzimas do citocromo P450, podendo, na dependência das quantidades ingeridas 
e da frequência, aumentar o metabolismo hepático dos medicamentos. 
O chá e o café formam precipitados insolúveis com alguns medicamentos, entre 
os quais se destacam os antipsicóticos clorpromazina e haloperidol, havendo 
significativa diminuição da absorção desses medicamentos. Além disso, poderão 
antagonizar, por uma ação estimuladora direta no Sistema Nervoso Central (SNC), o 
efeito terapêutico dos ansiolíticos e, por uma ação diurética, poderão facilitar a excreção 
renal do lítio e causar alguma diminuição do seu nível terapêutico. Obviamente, essa 
ocorrência dependerá das quantidades e da frequência de ingestão dessas bebidas. 
Deve-se destacar que a cafeína, especificamente, é capaz de bloquear os receptores de 
26
UNIDADE I │CONCEITOS
adenosina, os canais de cálcio e a decomposição intracelular do monofosfato cíclico 
de adenosina (AMPc). Tais características poderão conduzir a uma significativa 
estimulação do SNC, seguida, posteriormente e muito provavelmente, em razão de seu 
uso prolongado e em grandes quantidades, de um déficit de memória. 
Muitas pessoas possuem a crença errada de que tomar medicamento com leite é 
benéfico pois protege o estômago, porém há dois erros nisso: o primeiro é o fato de o 
leite, apesar de alcalino, promover ação acidificante no estômago, pois estimula maior 
liberação de ácido clorídrico; o outro problema é a interação do cálcio do leite com 
alguns medicamentos.
A alta concentração de íons de cálcio presentes no leite poderá formar complexos 
menos solúveis e diminuir a absorção dos medicamentos com pKa mais ácido quando 
ingeridos conjuntamente. 
Figura 10. Interações de leite ou café com medicamentos.
Fonte: Disponível em: https://www.vix.com/pt/saude/553794/nenhum-tipo-de-remedio-pode-ser-tomado-com-leite-cafe-
refrigerante-ou-suco. Acesso em: 14 fev. 2020.
Outras interações relevantes são as que ocorrem quando há um grande aporte de 
ingestão de ferro, principalmente nas apresentações multivitamínicas e nos sucos de 
uva. Poderá ligar-se aos grupos catecol da levodopa, formando complexos insolúveis, 
com diminuição da absorção da levodopa. Porém, a mais grave interação dos alimentos 
com medicamentos ocorre entre os inibidores da monoamino oxidase (IMAO) e os 
alimentos contendo tiramina, principalmente os fermentados, vinhos e queijos. Essa 
interação poderá aparecer precocemente, em torno de três horas após a ingestão. 
Poderão ocorrer crises hipertensivas graves a ponto de conduzir ao óbito. Caso ocorra 
essa interação com surgimento de hipertensão arterial, nos casos leves, deve-se utilizar 
a nifedipina 20 mg por via oral, e, nos casos mais graves, o medicamento de escolha é a 
fentolamina, na dose aproximada de 5 mg por via intravenosa lentamente. Pelo motivo 
27
CONCEITOS │ UNIDADE I
citado, os inibidores da MAO ficaram obsoletos e, com o surgimento de medicamentos 
mais modernos, foram sendo substituídos. 
Figura 11. Alimentos contendo tiramina que interagem com inibidores da MAO.
Fonte: Disponível em: http://interacoesdosmedicamentos.blogspot.com/2015/11/antidepressivos-inibidores-da-mao-x.html. 
Acesso em: 14 fev. 2020.
O clínico poderá utilizar, na dieta do paciente depressivo, alimentos ricos em serotonina, 
como a alface, a banana, a ameixa e o peito de frango, a fim de potencializar o efeito 
terapêutico dos antidepressivos. Poderá fazer uma dieta rica em fenilalanina, que é 
precursora da noradrenalina e dopamina, encontrada de forma abundante na carne 
vermelha, para também potencializar os antidepressivos. Poderá, ainda, retirar 
essa carne vermelha rica em precursores noradrenérgicos/dopaminérgicos dos 
pacientes com transtorno de ansiedade em uso de ansiolíticos. Por fim, vale lembrar 
que o paciente em estado de carência alimentar, por qualquer razão, apresenta 
menor taxa de albumina no plasma, o que pode aumentar significativamente a 
fração livre circulante dos medicamentos, com possibilidade maior de ocorrerem 
efeitos indesejáveis e tóxicos não previstos.
O processo de absorção dos fármacos pode ser condicionado pelos alimentos 
ou por alguns dos seus componentes, quer quanto à velocidade, quer quanto 
à quantidade de fármaco absorvida. Essa influência poderá ser de natureza 
fisiológica, originando uma modificação do esvaziamento gástrico ou um aumento 
da motilidade intestinal, ou de natureza físico-química, em que se destacam os 
fenômenos de quelação e de adsorção.
A modificação da velocidade de esvaziamento gástrico é o fator com maior implicação 
em relação à absorção, e o efeito poderá ser de atraso, redução, aumento ou antecipação 
da absorção.
28
UNIDADE I │CONCEITOS
Analgésicos e anti-inflamatórios, por exemplo, são, com frequência, 
administrados com alimentos. O objetivo é diminuir as irritações da mucosa 
gástrica provocadas, principalmente, pela administração desses medicamentos 
por tempo prolongado. De acordo com a maioria das pesquisas realizadas, os 
nutrientes diminuem a velocidade de absorção dos fármacos, provavelmente 
por retardarem o esvaziamento gástrico. 
Entre os fármacos nos quais se verifica uma redução pronunciada no processo 
de absorção, por interação com constituintes da dieta, podem-se destacar as 
tetraciclinas que formam quelatos não absorvíveis com íons di ou trivalentes, 
particularmente abundantes em alimentos ou bebidas contendo cálcio e em 
alimentos fortificados com ferro. Outro exemplo clássico é o da administração 
concomitante de fenoximetilpenicilina potássica, por via oral, com alimentos, 
o que ocasiona uma notável diminuição na biodisponibilidade do fármaco. 
Fazendo com que a absorção da penicilina ocorra, principalmente, no duodenoe no íleo, devido ao processo de decomposição no estômago decorrente do 
pH ácido e da presença de enzimas digestivas, os alimentos que favorecem 
a secreção ácida e o retardamento do esvaziamento gástrico constituem 
importante fator de diminuição da biodisponibilidade do medicamento.
Existem, porém, alguns medicamentos cuja absorção ou biodisponibilidade 
é aumentada pela presença de alimentos. Na maioria das situações, esse 
acréscimo na absorção está relacionado com alterações no pH gástrico, na 
solubilidade do fármaco ou no esvaziamento gástrico. 
As interações que se repercutem no processo de distribuição são pouco relevantes 
clinicamente, sendo que as que conduzem a alterações do metabolismo dos fármacos 
resultam, principalmente, da interferência das enzimas de fase I, que integram o 
sistema enzimático citocromo P450, que, ao sofrer influência dos constituintes da 
alimentação, podem resultar em uma inibição ou indução enzimática. Nesse âmbito, 
têm sido identificadas numerosas interações, com significado clínico, entre o sumo 
de toranja e diversos medicamentos. Essas interações traduzem-se em um efeito 
inibitório provocado provavelmente por alguns flavonoides, como a naringenina 
encontrada em frutas cítricas, como toranja, laranja, limão, mexerica e outras, 
sobre o metabolismo dos fármacos metabolizados pelo CYP 3A4, o que ocasiona 
um aumento das suas concentrações plasmáticas, com eventual risco para o doente. 
Nessas circunstâncias, as interações conhecidas permitem contraindicar a ingestão 
das frutas citadas durante a terapêutica com, por exemplo, terfenadina, diazepam, 
carbamazepina, lovastatina, atorvastatina e sinvastatina.
29
CONCEITOS │ UNIDADE I
Figura 12. Frutas com naringenina que interagem com medicamentos metabolizados pelo sistema CYP3A4.
Fonte: http://www.farmaciaaguiadeouro.com.br/blog/frutas-citricas-os-verdadeiros-beneficios.
No que diz respeito à eliminação dos fármacos, esse processo pode ser condicionado 
ao pH urinário, que influencia o processo de reabsorção tubular dos ácidos e das 
bases fracas por alteração do grau de ionização das moléculas. Entre os alimentos que 
acidificam a urina estão a carne de aves, o peixe, as uvas, o pão e o queijo, sendo que os 
frutos (com exceção das uvas), os legumes (com exceção do milho e da lentilha), o leite, 
as natas e a manteiga são alimentos suscetíveis de alcalinizar a urina. 
Quando administramos um medicamento via endovenosa, não ocorre absorção, pois 
o fármaco está totalmente disponível no sangue ao final da injeção, não necessitando 
atravessar nenhuma membrana. Ao contrário, na via oral, o fármaco precisa atravessar 
várias membranas e nunca é 100% absorvido, sendo parte retida na mucosa e excretada 
com as fezes. 
A absorção do fármaco pelo trato gastrintestinal pode ser influenciada por:
 » presença de alimentos no sistema digestório; 
 » alteração da motilidade intestinal;
 » aumento da absorção de fármacos lipossolúveis;
 » variação do pH;
 » formação de complexos inativos ou não absorvíveis;
 » lesão de mucosa;
 » alteração da microflora intestinal; e
 » alteração do fluxo sanguíneo.
30
UNIDADE I │CONCEITOS
A absorção dos fármacos ocorre, na sua maioria, já no estômago. Como o sistema 
digestivo está envolvido nos processos de digestão e absorção de nutrientes, a presença 
de alimentos altera a biodisponibilidade dos fármacos, reduzindo sua concentração 
plasmática por interferir na sua absorção pela mucosa intestinal. Esse parâmetro 
farmacocinético sofre a maior interferência de alimentos e representa o mais comum e 
clinicamente importante tipo de interação entre alimentos e medicamentos.
Tabela 3. Fases da farmacocinética.
Fases Descrição resumida da fase
1. Absorção Passagem da substância do local de administração até a corrente sanguínea.
2. Distribuição Transporte da substância através das proteínas plasmáticas.
3. Biotransformação Reações químicas e enzimáticas que transformam a substância em uma forma ativa para que possa 
promover efeitos benéficos ao organismo ou para se transformar em uma forma mais hidrossolúvel 
para que seja excretada do organismo.
4. Excreção Eliminação da substância do organismo.
 
Fonte: própria autora, s.d.
Distribuição e metabolismo
Depois de administrada e absorvida, a droga é distribuída, isto é, transportada pelo 
sangue e outros fluidos a todos os tecidos do corpo. Apesar de ser um todo funcional, o 
organismo divide-se em diferentes compartimentos bem delimitados pelas membranas 
biológicas. 
Inicia-se a análise da distribuição a partir do momento em que a droga chega ao 
sangue, e então são estudados a concentração plasmática da droga, a permeabilidade 
do endotélio capilar, a ligação da droga às proteínas plasmáticas e à biodisponibilidade 
e o volume de distribuição da droga.
Figura 13. Distribuição dos fármacos na corrente sanguínea.
 
 
FÁRMACOS NO 
SANGUE
PORÇÃO LIVRE FORMA ATIVA ATRAVESSA AS MEMBRANAS
PORÇÃO LIGADA 
ÀS PROTEÍNAS 
PLASMÁTICAS
FORMA INATIVA NÃO ATRAVESSA AS MEMBRANAS
Fonte: própria autora, s.d.
No sangue, quase todas as drogas subdividem-se em duas partes: uma livre, 
dissolvida no plasma, e outra que se liga às proteínas plasmáticas, especialmente 
à fração albumínica. A droga e a proteína formam um complexo reversível, 
31
CONCEITOS │ UNIDADE I
passível de dissociação. Do ponto de vista farmacológico, somente a parte livre 
é que pode ser distribuída, além de atravessar o endotélio vascular e atingir o 
compartimento extravascular. A parte ligada às proteínas plasmáticas constitui 
fração de reserva das drogas e só se torna farmacologicamente disponível no 
momento em que se converte em porção livre. Forma-se, no sangue, um equilíbrio 
entre a parte ligada e a parte livre da droga. À medida que a parte livre é utilizada 
pelo organismo, a parte ligada vai se desligando para substituir aquela livre que 
é distribuída, acumulada, metabolizada e excretada.
Tipos de proteínas plasmáticas:
 » Albumina:
 › É a proteína plasmática mais importante.
 › Liga-se a muitas substâncias ácidas.
 · Exemplos: varfarina, AINEs, sulfonamidas.
 › Liga-se a um número menor de substâncias básicas.
 · Exemplos: antidepressivos tricíclicos, clorpromazina.
 » Betaglobulinas:
 › Ligam-se principalmente a hormônios esteroides.
 » Glicoproteínas ácidas:
 › Ligam-se principalmente a substâncias básicas.
Muitos constituintes dos alimentos também se ligam à albumina e podem competir 
com fármacos pelo seu sítio de ligação. Um exemplo disso é a competição que ocorre 
entre ácidos graxos livres, cujos níveis são aumentados após refeições ricas em 
gorduras, e alguns fármacos que, por se ligarem aos mesmos sítios na albumina, 
são deslocados por competição, aumentando os seus efeitos adversos.
As modificações químicas que ocorrem nos fármacos resultam de transformações 
enzimáticas que quase sempre ocorrem em sequência e são denominadas reações de 
fase I e de fase II. 
As reações de fase I consistem em reações de oxidação, redução ou hidrólise, que 
normalmente introduzem um grupo funcional mais reativo na molécula, o qual serve 
32
UNIDADE I │CONCEITOS
de suporte para uma posterior conjugação, sendo os produtos frequentemente mais 
reativos e mais tóxicos que as moléculas originais. 
As reações de fase II consistem em reações de conjugação com ácido glicurônico, com 
sulfato ou com acetato produzindo metabólitos menos reativos e consequentemente 
menos tóxicos. 
As reações de fase I e de fase II normalmente ocorrem no fígado, com exceção 
de algumas drogas que são metabolizadas no plasma, como alguns bloqueadores 
neuromusculares nos pulmões, como as prostaglandinas, ou no intestino, como o 
salbutamol. Essas reações ocorrem pela ação de enzimas como, por exemplo, do 
complexo enzimático do citocromo P450. Muitas dessas enzimas metabolizam 
também nutrientes e têm como cofatores vitaminas e minerais. Isso significa que, 
de algum modo, dependendo do fármaco ou do nutriente envolvido, pode haver 
competiçãopelas mesmas enzimas. 
Excreção
A eliminação de substâncias, que consiste na sua perda irreversível do corpo, 
ocorre por meio de dois processos: metabolismo e excreção. O metabolismo, como 
já citado, envolve a conversão enzimática de um componente químico em outro, 
enquanto a excreção consiste na eliminação do corpo da substância quimicamente 
inalterada ou de seus metabólitos. As principais vias pelas quais as substâncias e 
seus metabólitos são removidos do corpo são: os rins, o sistema hepatobiliar e os 
pulmões (esse último, importante para anestésicos voláteis/gasosos).
As substâncias são, em sua maioria, removidas do corpo pelos rins, em sua forma 
inalterada ou como metabólitos polares. Algumas substâncias são secretadas na 
bile pelo fígado; a maioria, porém, é então reabsorvida pelo intestino.
Embora não existam estudos sobre a real interferência dos nutrientes sobre a 
excreção de fármacos, o pH da urina pode ser influenciado por alimentos. Entre 
os alimentos que alcalinizam a urina estão vegetais, amêndoas, castanhas, coco, 
frutas cítricas e produtos derivados do leite. Outros alimentos tendem a acidificar 
a urina, como, por exemplo, pão, bacon, milho, lentilha, carnes, peixes, aves e 
ovos. Assim, a taxa de excreção de alguns fármacos pode ser modificada. 
Em contrapartida, fármacos como os diuréticos, por sua ação sobre transportadores 
renais, podem influenciar a secreção de nutrientes de modo significativo. Esses 
medicamentos são utilizados não só para tratamento de edema, mas também como 
33
CONCEITOS │ UNIDADE I
anti-hipertensivos, sendo utilizados por longo tempo. Diuréticos como os tiazídicos 
(hidroclorotiazida), os de alça (furosemida) e o ácido etacrínico produzem depleção de 
potássio e aumentam a excreção de magnésio e zinco.
Farmacodinâmica 
As interações de natureza farmacodinâmica, que são menos frequentes, ocorrem 
quando o efeito do fármaco no seu local de ação é modificado pela presença do alimento 
ou concretamente de alguns dos seus constituintes. Nesse tipo de interação, poderá 
ser constatado um efeito aditivo resultante da administração concomitante de 
fármacos que atuam no SNC (como hipnóticos, anti-histamínicos) com álcool, 
que apresenta, igualmente, uma atividade depressora.
Em outras situações, a interação origina um efeito do tipo antagônico. Por 
exemplo, como os anticoagulantes prolongam o tempo de protrombina, seu 
efeito é antagonizado pela vitamina K, muito abundante em certos alimentos 
como aveia, trigo, fígado ou espinafre.
Outro tipo de interação, de natureza farmacodinâmica, com consequências 
clinicamente relevantes, está relacionado a alterações na atividade de várias 
enzimas. Na literatura, há muitas referências à presença de tiramina em elevada 
quantidade em alguns alimentos e bebidas, quais sejam, bebidas alcoólicas 
fermentadas (cerveja), queijos curados e fermentados, carnes defumadas e outros 
que interferem no tratamento crônico com IMAOs, como já citado. Isso ocorre 
devido ao fato de a tiramina ser geralmente metabolizada pelas monoaminoxidases 
intestinais e hepáticas que, ao serem inibidas, dão origem a um aumento de 
tiramina na corrente sanguínea. Ao atuar como simpaticomimético indireto, 
a tiramina pode originar graves crises hipertensivas que, em situações limite, 
poderão culminar em hemorragia cerebral e coma. Em 1964, foram registrados 
38 casos de hemorragia cerebral, dos quais 21 revelaram-se fatais, em doentes 
utilizando IMAOs, que se constatou serem consumidores regulares de queijos e 
outros alimentos e bebidas ricos em aminas pressoras, como a histamina, que 
são passíveis de determinar a mesma síndrome. Entre esse tipo de alimento estão o 
queijo gruyère, alguns peixes e molhos exóticos e o marisco.
34
UNIDADE IIMEDICAMENTOS 
VERSUS ALIMENTOS
CAPÍTULO 1
Fármacos para o sistema digestório
Antiulcerosos e antiácidos
O trato gastrointestinal tem como função armazenar, digerir e absorver nutrientes, 
eliminando os resíduos que não são aproveitados pelo organismo. Tal função é regulada 
pelo sistema nervoso central, pelo sistema nervoso entérico e por hormônios localizados 
no próprio TGI. Náusea, vômito e refluxo podem inibir diretamente a ingestão de 
alimentos, enquanto há a recusa de alimento nos casos de gastrite ou úlcera, pela 
dor associada ao aumento da secreção de ácido durante o processo de digestão. 
A diarreia, por sua vez, está associada a perdas nutricionais tão importantes que 
podem levar à morte.
Úlcera é o termo médico para uma ferida aberta. A úlcera péptica desenvolve-se 
dentro do revestimento do estômago ou do intestino delgado. De 5% a 10% dos 
norte-americanos apresentam uma úlcera péptica em alguma fase da vida. Há dois 
tipos de úlcera péptica. A que ocorre no estômago é chamada de úlcera gástrica. 
Se a úlcera se desenvolve no intestino delgado, ela é denominada de acordo com o 
local onde se apresenta. A mais comum é a úlcera duodenal, que se desenvolve no 
duodeno, primeira porção do intestino delgado. 
O estômago possui o muco secretado por células especializadas, que, além de secretar 
o bicarbonato, formam uma camada inerte semelhante a um gel que protege a mucosa 
contra o suco gástrico. O desequilíbrio entre a produção de muco e a secreção ácida 
pode resultar em lesão da mucosa, que se manifesta como uma inflamação (gastrite), 
podendo progredir para a erosão (úlceras). 
A bactéria Helicobacter pylori (H.pylori) é muito relacionada ao aparecimento 
da úlcera, embora se deva verificar a possibilidade de algum distúrbio associado à 
hipersecreção de algumas glândulas. Além disso, alimentos condimentados, cigarro, 
35
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II
álcool, alguns medicamentos como o ácido acetilsalicílico e fatores emocionais como 
estresse podem alterar a produção de muco e assim expor a parede gástrica à ação do 
ácido clorídrico. 
O refluxo também pode produzir dor e queimação semelhantes à gastrite e à úlcera, 
mas, neste caso, a dor está localizada no esôfago. Isso pode ocorrer quando o 
indivíduo come excessivamente no jantar ou deita imediatamente após a refeição 
noturna. Quando o paciente apresenta azia e refluxo frequentemente, pode ser o caso 
de doença do refluxo gastroesofagiano, cujo tratamento é semelhante ao indicado 
para os pacientes com gastrite e úlcera. 
As substâncias do trato gastrintestinal que regulam a secreção ácida gástrica podem 
ser liberadas na corrente sanguínea como a gastrina, um hormônio local como a 
histamina ou um neurotransmissor como acetilcolina liberada por neurônios. 
O mecanismo de ação dos três secretagogos sobre a célula parietal não está bem 
esclarecido, mas os farmacologistas apresentam a hipótese da célula única. De acordo 
com essa hipótese, a célula parietal possui receptores H2 para a histamina, receptores 
M2 muscarínicos para a acetilcolina e receptores de gastrina. A estimulação desses 
receptores instiga uma bomba de prótons que secreta hidrogênio para o lúmen. O 
cloro utilizado para a formação de ácido clorídrico é ativamente transportado para o 
interior de canalículos existentes na célula, que se comunicam com a luz das glândulas 
gástricas e, portanto, com a luz do estômago. 
O tratamento da úlcera (Quadro 8), quando causada pela bactéria H. pylori, é uma 
associação de antibióticos e antiácidos ou antiulcerosos, e, quando não é causada pela 
bactéria, utilizam-se apenas antiácidos ou antiulcerosos. 
36
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS
Quadro 8. Medicamentos utilizados no tratamento de úlceras.
CLASSE FARMACÊUTICA AÇÃO NOME COMERCIAL NOME GENÉRICO
Antibióticos Amoxil® Amoxicilina
Antiácidos/antiulcerosos Antagonistas de receptor 
H2
Antak®
Famox®
Tagamet®
Ranitidina
Famotidina
Cimetidina
Inibidores da bomba de 
prótons
Losec®, Vitrix®
Noprol®, Zurcal®, Pantozol ®
Diprox®, Lanzol®, Prazol®
Omeprazol
Pantoprazol
Lanzoprazol
Nexium® esomeprazol
Antiácidos Neutralização do ácido Gastrol®, Gelmax®, Maalox plus®, 
Simeco plus®
Associações: bicarbonatode sódio, hidróxido 
de alumínio, hidróxido de magnésio, 
simeticona
 
Fonte: própria autora, s.d.
Podemos dividir os medicamentos utilizados para regulação da secreção ácida gástrica 
pelo seu mecanismo de ação, em quatro grupos:
 » inibidores da bomba de prótons;
 » antagonistas dos receptores H2;
 » agentes que aumentam as defesas da mucosa; e
 » antiácidos.
Inibidores da bomba de prótons
Pertencem a esse grupo, os medicamentos: 
 » omeprazol;
 » lansoprazol;
 » rabeprazol;
 » pantoprazol; e
 » esomeprazol.
São benzimidazólicos substituídos que se assemelham aos antagonistas dos receptores 
de histamina (H2) na sua estrutura, porém possuem mecanismo de ação bem diferente. 
37
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II
Os inibidores da bomba de prótons (iBP) são pró-fármacos ativados em ambiente ácido, 
o que explica a necessidade de ser administrado em jejum, cerca de trinta minutos 
antes das refeições. 
Após sua absorção na circulação sistêmica, na forma de pró-fármaco, difunde-
se nas células parietais do estômago e acumula-se nos canalículos secretores 
ácidos, onde é ativado pela formação de uma sulfenamida tetracíclica catalisada 
por prótons, retendo o fármaco. Assim, a forma ativada pode ligar-se por 
ligação covalente a grupos sulfidrila de cisteínas na H+, K+-Atpase, inativando 
de forma irreversível a molécula da bomba. 
Dessa forma, somente após a síntese de novas moléculas da bomba, a secreção 
de ácido poderá voltar ao normal; com isso, ocorre uma supressão prolongada 
da secreção ácida, em torno de 24 a 48h. 
Mesmo com meia vida plasmática muito curta, entre 0,5 e 2h do composto 
original, como bloqueia a etapa final na produção de ácido, essa classe de 
medicamentos é eficaz na supressão ácida. 
A inibição da secreção gástrica por medicamentos como os inibidores de 
receptor H2 e inibidores da bomba de prótons interfere na secreção do fator 
intrínseco, liberado com o HCl pelas células parietais. O fator intrínseco é 
essencial para a absorção de vitamina B12 pelo nosso organismo. Portanto, o 
tratamento crônico com esses medicamentos pode resultar em sintomas como 
fadiga, anemia, formigamento das extremidades ou outros, relacionados à deficiência 
da vitamina B12, sendo necessário monitorar seus níveis.
A vitamina B12 é absorvida no trato intestinal por mecanismos ativos ou 
de difusão passiva, dependendo do fator intrínseco, que é uma enzima 
mucoproteica, presente na secreção gástrica (OLIVEIRA; MARCHINI, 1998).
A dosagem de B12 no sangue é o método padrão para diagnosticar a sua deficiência, 
definida quando o valor está abaixo de 150 pg/ml. No entanto, já foi observada 
deficiência em pessoas com níveis normais de B12 no exame, o que representa valores 
de 200 a 300 pg/ml. 
O paciente deve ser orientado a realizar uma dieta rica em vitamina B12, sendo sugerida 
a ingestão de ovos, leite e derivados, frutos do mar, fígado e peixe.
Em relação a uma possível suplementação ou tratamento farmacológico, em alguns 
casos, deve-se considerar a necessidade de suplementação, como em pacientes idosos 
38
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS
tratados cronicamente. O tratamento farmacológico pode ser feito por injetáveis ou por 
dose oral.
Além da interferência na absorção de vitamina B12, também é importante 
analisar que a redução da acidez gástrica produzida pelos medicamentos 
antiácidos e antiulcerosos altera a digestão de proteínas e prejudica a perfeita 
digestão dos alimentos. Assim, a indicação desses fármacos deveria ser restrita a 
situações específicas de desconforto ou necessidade. 
Como os antiácidos reduzem o conteúdo gástrico, disponibilizando menor 
quantidade de solução para desintegração de comprimidos e dissolução do 
fármaco, a velocidade de sua absorção é retardada.
Os antiulcerosos também alteram o pH urinário, modificando a taxa de excreção 
de outros fármacos administrados concomitantemente. Além disso, a presença 
de alimentos pode reduzir a absorção dos derivados da cimetidina, sendo 
recomendada sua administração uma hora antes das refeições.
Os inibidores da bomba de prótons são considerados medicamentos seguros e 
raramente provocam reações adversas. Os efeitos mais comuns são náuseas, dores 
abdominais, diarreia ou constipação e cefaleia.
Antagonistas dos receptores de histamina (H2)
Pertencem a esse grupo, os medicamentos: 
 » cimetidina; 
 » ranitidina;
 » famotidina;
 » nizatina.
São rapidamente absorvidos pelo intestino. 
Inibem a produção de ácido, competindo de modo reversível com a histamina pela 
ligação aos receptores H2 na membrana basolateral das células parietais. 
São menos potentes que os inibidores da bomba de prótons, entretanto suprimem a 
secreção de ácido gástrico em 70% durante 24 horas. 
39
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II
Geralmente os antagonistas dos receptores de H2 são indicados para uso noturno, já 
que o determinante mais importante da cicatrização de úlceras duodenais consiste no 
nível de acidez noturna.
São absorvidos após administração oral, com concentrações séricas máximas de 1 a 3h. 
A absorção pode ser aumentada pela presença de alimento ou diminuída por antiácidos. 
Os níveis terapêuticos são alcançados rapidamente após uma dose intravenosa 
e se mantêm por 4 a 5 horas (cimetidina), 6 a 8 horas (ranitidina) ou 10 a 12 horas 
(famotidina). 
A meia vida dos quatro agentes varia de 1,1 a 4h e a duração de ação depende da dose 
administrada.
Os efeitos adversos são mínimos e incluem diarreia ou constipação, cefaleia, fadiga e 
dor muscular. Com a administração via intravenosa, podem ocorrer efeitos no SNC 
como delírios e alucinações. O uso de cimetidina em altas doses e por longo tempo 
promove efeitos androgênicos como galactorréia e ginecomastia, redução da contagem 
de espermatozoides e impotência nos homens.
Os antagonistas do receptor de H2 podem promover o desenvolvimento de discrasias 
sanguíneas como trombocitopenia. Atravessam a placenta e são excretados no leite 
materno. Não foram relatados casos de teratogenia, porém seu uso na gravidez deve ser 
bem avaliado.
Agentes que aumentam a defesa da mucosa
Alguns agentes são chamados de citoprotetores pois potencializam os mecanismos 
de proteção da mucosa e/ou proporcionam uma barreira física sobre a superfície. 
Fazem parte de grupo os medicamentos: misoprostol, sucralfato, quelato de bismuto e 
carbenoxolona.
 » Misoprostol: 
 › Conhecido com o nome comercial Citotec®, é um análogo metílico da 
PGE.
 › Após administração oral, sofre rápida absorção e metabolismo em um 
ácido livre metabolicamente ativo. 
 › A meia-vida sérica é de menos de 30 minutos; assim, o misoprostol 
deve ser administrado de três a quatro vezes ao dia. 
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UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS
 › É excretado na urina. 
 › Os efeitos indesejáveis consistem em diarreia e cólica abdominais; além 
disso, podem ocorrer contrações uterinas e provocar aborto. Devido 
a esse motivo, o misoprostol foi proibido, sendo utilizado apenas em 
ambiente hospitalar. 
 » Sucralfato: 
 › É um sal de sacarose complexado com hidróxido de alumínio sulfatado. 
 › Em água e em soluções ácidas, forma uma pasta viscosa e de consistência 
firme que se liga seletivamente a úlceras ou erosões por um período de 
até 6h. 
 › Alguns estudos in vitro apontam que o sucralfato pode inibir a ação da 
pepsina, além de estimular os mecanismos protetores da mucosa, como 
a secreção de muco e de bicarbonato, e produção de prostaglandinas. 
 › É importante lembrar que o sucralfato pode reduzir a absorção de 
alguns medicamentos, como: fluoroquinolona, teofilina, tetraciclina, 
digoxina e amitriptilina. 
 › Já o efeito indesejável mais comum é a ocorrência de constipação. 
 › Os efeitos colaterais menos comuns são ressecamento da boca, náusea, 
vômito, cefaleia e exantema. 
 » Quelato de bismuto: 
 › É utilizado em esquemas de combinação no tratamento da infecção 
por H. pylori na úlcera péptica, por possuir efeitos tóxicossobre o 
bacilo e também por impedir sua aderência à mucosa ou inibir suas 
enzimas proteolíticas. Assim como o sucralfato, o quelato de bismuto 
forma uma camada protetora contra o ácido e a pepsina. 
 › Pequena parte do quelato de bismuto é absorvida e, assim, excretada 
pela urina. 
 › O bismuto promove um escurecimento das fezes, o que pode ser 
confundido com um sangramento. Assim, deve-se alertar o paciente 
que esse efeito é normal. 
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MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II
 › Esse medicamento não deve ser usado por tempo prolongado devido a 
provocar toxicidade. 
 » Carbenoxolona: 
 › É derivado da raiz do alcaçuz. 
 › Promove a produção de muco, que reveste e protege o estômago.
Antiácidos
É muito comum a automedicação com antiácidos de venda livre devido a propagandas 
em diversos veículos de comunicação, em que são recomendados para azia, má digestão 
e excessos cometidos após as refeições. Entre os mais populares estão os sais de 
magnésio e alumínio e o bicarbonato de sódio (Quadro 9).
Quadro 9. Antiácidos mais conhecidos.
NOME DO ANTIÁCIDO NOMES COMERCIAIS
hidróxido de magnésio Leite de magnésia®, Natusgel®, Alca-Luftal®, Gastrol®, Maalox Plus®, Gelmax®, 
Mylanta Plus®.
hidróxido de alumínio Pepsamar®, Alca-Luftal®, Engov®, Maalox Plus®, Gastran®, Gastrogel®, Gelmax®, 
Mylanta Plus®.
bicarbonato de sódio Alka-Seltzer®, Estomazil®, sal de Andrews®, Sonrisal®.
 
Fonte: própria autora, s.d.
Hidróxido de magnésio
O hidróxido de magnésio é um sal presente em antiácidos em associação com o hidróxido 
de alumínio, pois, se utilizado sozinho, produz diarreia. 
Os sais de magnésio não-absorvidos podem causar diarreia osmótica e os sais de 
alumínio podem provocar prisão de ventre; sendo assim, esses medicamentos podem 
ser indicados para tratamento de constipação ou diarreia. Porém, como esses sais são 
excretados pelos rins, não devem ser utilizados por pacientes com insuficiência renal 
por muito tempo. 
Hidróxido de alumínio
O hidróxido de alumínio combina-se com o cálcio, o fosfato e o ferro presentes nos 
alimentos, formando sais insolúveis e aumentando a excreção desses nutrientes nas fezes. 
Sendo assim, pacientes com dieta deficiente em cálcio, fósforo ou ferro têm aumentado 
o risco de osteoporose, anemia, mialgia, parestesia e fadiga pelo uso prolongado desse 
42
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS
antiácido. Além disso, o alumínio, se absorvido, pode ser tóxico para o sistema nervoso 
central, sendo os idosos e crianças mais suscetíveis a essa intoxicação.
Bicarbonato de sódio
O bicarbonato de sódio produz gazes após a dissociação com o ácido clorídrico, 
relacionados aos efeitos adversos de distensão estomacal e flatulência. O uso frequente 
e em altas doses produz alcalose, uma vez que o cálcio presente pode ser absorvido. 
Quando ingerido com leite, pode gerar a síndrome do leite álcali, caracterizada por 
náuseas, vômitos, dor de cabeça, confusão mental, perda de apetite, hipercalcemia 
e cálculo renal. Pela presença de sódio, pacientes com insuficiência cardíaca ou 
hipertensos, submetidos a dietas com restrição de sódio, devem evitar o uso desses 
antiácidos. 
Simeticona (surfactante usado em associação com 
antiácidos)
A simeticona, por ser um surfactante que diminui a formação de espuma, pode promover 
um efeito benéfico no refluxo esofágico; dessa forma, é incluída em preparações de 
antiácidos. 
Interação importante de antiácidos com cálcio, fósforo e ferro.
Não administrar antiácidos com leite e derivados.
Laxantes
Um dos principais trabalhos que o cólon realiza é absorver água dos resíduos alimentares. 
À medida que o resíduo alimentar permanece no cólon, ele perde progressivamente seu 
conteúdo de água. Com o tempo, o resíduo fica muito seco e difícil de passar. 
O tempo entre as evacuações pode variar de um indivíduo para outro. Algumas pessoas 
evacuam duas ou três vezes por dia. Outras, somente três ou quatro vezes por semana. 
Entretanto, se for apenas uma ou duas vezes por semana, já pode ser sinal de constipação. 
Com a dieta ocidental, ficou estabelecido que a frequência normal de evacuações é de 
pelo menos três vezes por semana. 
A constipação pode ocorrer por muitas razões e tende a tornar-se mais comum com a 
idade. À medida que a idade avança, os músculos do trato digestivo tornam-se menos 
ativos. O estilo de vida também pode mudar. Os fatores que aumentam o risco de 
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MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II
constipação incluem a ingestão insuficiente de líquidos e de fibras, além de ser efetuado 
pouco exercício. 
Além disso, certos medicamentos podem tornar a digestão mais lenta, produzindo 
constipação. Entre eles estão os narcóticos e os antiácidos que contêm alumínio. 
Algumas pessoas com síndrome do intestino irritável experimentam episódios 
alternados de diarreia e constipação. 
Geralmente, a constipação é uma condição temporária que pode ser facilmente corrigida. 
Entretanto, há ocasiões em que pode indicar um problema mais sério. 
Estão bem estabelecidos os critérios clínicos para o tratamento da constipação 
intestinal infantil, no adulto ou no idoso. Contudo, o uso popular de laxativos 
e purgativos sustentado por propagandas de cunho meramente comercial 
veiculadas pela mídia e, às vezes, indevidamente sustentado por orientação 
médica, persiste como forma de “tratamento” medicamentoso de escolha 
daquele “sintoma”, com significante prejuízo para os pacientes. 
Os laxantes e purgantes não se prestam para o tratamento de doença alguma 
e, em casos excepcionais, mediante orientação médica criteriosa, podem ser 
prescritos para a evacuação intestinal abrupta, em geral, necessária como 
preparo pré-operatório, para procedimentos radiológicos e endoscópicos 
intestinais, entre outros motivos. 
Excepcionalmente, sob adequada orientação médica, os laxantes e congêneres 
serão aconselháveis, como adjuvante inicial, no tratamento da constipação 
intestinal crônica (SANTOS JUNIOR, 2003). 
Os termos “laxantes”, “catárticos”, “purgantes”, “laxativos” e “evacuantes” 
frequentemente são utilizados como sinônimos. Porém, existe uma diferença:
 » Laxação quer dizer: evacuação do material fecal formado no reto.
 » Catarse quer dizer: evacuação do material fecal não formado, geralmente 
na forma líquida, de todo o intestino grosso.
Os fármacos usados mais comumente produzem laxação, mas alguns são realmente 
catárticos, que funcionam como laxantes em doses baixas.
Os laxantes podem atuar pelos seguintes mecanismos:
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UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS
 » aumento da retenção dos líquidos intraluminais por mecanismos 
hidrofílicos ou osmóticos;
 » redução da absorção global de líquidos por ações no transporte de líquidos 
e eletrólitos nos intestinos delgado e grosso; e
 » alteração da motilidade por inibição das contrações segmentares (não 
propulsoras) ou estimulação das contrações propulsoras.
Tabela 4. Classificação dos laxantes.
CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICA/FUNÇÃO FÁRMACOS
1. Fármacos ativos no lúmen intestinal
a) Coloides hidrofílicos Formadores de bolo
Farelo de aveia
Psílio
Metilcelulose
b) Fármacos osmóticos Sais inorgânicos ou açúcares não absorvíveis
Leite de magnésia
Citrato de magnésio
Sulfato de magnésio
Fosfatos de sódio
2, Fármacos umectantes Surfactantes e emolientes fecais
Docusato
Óleo mineral
Lactulose
3. Estimulantes ou irritantes inespecíficos Com efeito na secreção de líquidos e na motilidade
Difenilmetanos (Bisacodil)
Antraquinonas (Sene e Cáscara sagrada)
Óleo de rícino
4. Fármacos procinéticos Atuam principalmente na motilidade
Agonistas do receptor 5-HT4 (Prucaloprida)
Antagonistas dos receptores da dopamina 
(metoclopramida e domperidona)
Motilídeos (eritromicina)
 
Fonte: Brunton, Chabner e Knollmann, 2012.
As interações com alimentos ocorrem principalmente com laxantes emolientes e 
estimulantes. 
Emolientes
Os emolientes lubrificam e amolecem as fezes, impedindo a sua dessecação, e diminuem 
a tensão superficialdas fezes. 
Essa classe é representada pelo óleo mineral (Nujol®), glicerina e óleo de rícino. 
O ducosato de sódio também pode ser classificado como emoliente, embora não seja 
lubrificante, pois possui propriedade detergente, reduzindo a consistência das fezes.
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MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II
Esses laxantes estão associados à deficiência de vitaminas lipossolúveis como caroteno 
e vitaminas A, D e K, pois não são absorvidos e, como solubilizam essas vitaminas, elas 
são eliminadas nas fezes. 
O uso crônico desses laxantes pode ocasionar o aparecimento de letargia, vômito, 
queda de cabelo, hiperqueratose, queratomalácia, osteomalacia e até mesmo cegueira 
noturna. 
Laxantes estimulantes
Os laxantes estimulantes aumentam diretamente a motilidade do intestino, decorrente 
da irritação da mucosa intestinal. 
São glicosídeos extraídos de várias espécies de plantas (sene, aloe, ruibarbo, cáscara 
sagrada). 
O efeito laxativo depende da liberação dos compostos antraquinônicos, a partir de 
enzimas bacterianas.
Óleo de rícino, que é obtido das sementes de Ricinus comunis, além de ser 
emoliente também tem efeito estimulante, pois contém uma substância 
chamada ácido ricininoleico que irrita a mucosa gástrica. 
Outros laxantes que pertencem a essa classe são a fenolftaleína (Agarol®), o bisacodil 
(Lacto-purga® e Dulcolax®) e o picossulfato de sódio (Guttalax®), muito usados na 
preparação para exames ou cirurgia intestinal. 
O uso crônico de laxantes estimulantes acarreta redução da absorção de glicose e das 
vitaminas D e K, bem como de proteínas, cálcio e outros eletrólitos. 
A agressão à mucosa gástrica produzida pelos laxantes estimulantes pode alterar a flora 
intestinal, produzir inflamações da mucosa e prurido anal, além de cólicas, náuseas e 
vômitos. 
Seu uso crônico está associado ao aparecimento de nefrite e de uma pigmentação 
melanótica benigna da mucosa colônica, além do risco de diarreia crônica, esteatorreia, 
cólon catártico, hipoalbuminemia e gastroenteropatia, com perda de capacidade da 
musculatura intestinal para evacuação. 
O efeito inicial dos laxantes é a redução do peso por perda de líquido pelas fezes, e, como 
muitas vezes os laxantes são utilizados com diuréticos em fórmulas para emagrecimento, 
ocorre maior perda de água e eletrólitos como potássio e cálcio. 
46
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS
A hipopotassemia consequente do uso abusivo de laxantes estimulantes pode resultar 
em parestesia progressiva e dolorosa, com fasciculação e perda do reflexo do tendão. 
A dor e a fraqueza muscular são revertidas pela reposição de potássio, encontrado na 
banana, no tomate, em vegetais de folha verde e em cereais. O desequilíbrio eletrolítico 
pode ocasionar também distúrbios cardiovasculares como arritmia cardíaca, além de 
fraqueza, cansaço e atonia da bexiga. Esses sintomas são agravados pela perda de cálcio 
nas fezes que, associada à perda de vitamina D, está relacionada com o aparecimento de 
osteoporose e osteomalacia em humanos. 
Como os laxantes aceleram o tempo de esvaziamento gástrico, podem reduzir a absorção 
de nutrientes e de alguns fármacos, influenciando assim a digestão e a absorção dos 
alimentos, podendo reduzir a biodisponibilidade dos nutrientes. 
Interações importantes com laxantes:
 » emolientes – deficiência de vitaminas A, D e K;
 » laxantes estimulantes – redução da absorção de glicose, das vitaminas 
D e K, de proteínas, cálcio e eletrólitos.
47
CAPÍTULO 2
Antidiabéticos
O diabetes é um distúrbio metabólico caracterizado pela incapacidade do organismo 
de utilizar adequadamente a glicose.
O organismo converte o açúcar dos alimentos em glicose, que, com a ajuda de outros 
fatores, como a insulina (hormônio produzido no pâncreas), entra nas células, sendo 
utilizada como energia. No organismo diabético, essa glicose não consegue penetrar 
nas células, acumulando-se na corrente sanguínea. 
Veja algumas referências sobre diabetes, insulina, hipoglicemia e outros assuntos 
nos seguintes sites:
Gross et al. Diabetes melito: Diagnóstico, Classificação e Avaliação do Controle 
glicêmico. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, vol. 46, 
no 4, pp. 16-26, 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abem/v46n1/
a04v46n1.pdf. Acesso em: 23 fev. 2020.
RHVida. Entendo o Diabetes. Disponível em: http://www.slideshare.net/1950/
diabetes-431580. Acesso em: 23 fev. 2020
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Insulina. Disponível em: https://www.
diabetes.org.br/publico/diabetes/insulina. Acesso em: 23 fev. 2020.
Insulinas
Há vários tipos de insulina, classificadas de acordo com o tipo de ação. As mais 
comuns são:
 » Insulina de curta duração: leva de 30 a 60 minutos para cair na corrente 
sanguínea e tem ação de duas a seis horas.
 » Insulina de ação intermediária: depois de aplicada, tem ação de duas a 
doze horas. 
 » Insulina de ação prolongada: demora cerca de duas horas para cair na 
corrente sanguínea. Tem ação de até 24 horas.
 » Insulina de ação rápida: como o próprio nome diz, é rápida. Depois de 
injetada, leva de 5 a 10 minutos para fazer efeito. 
48
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS
Medicamentos
Os hipoglicemiantes orais apresentam mecanismos de ações semelhantes, 
compartilhando a propriedade de estimular a secreção de insulina pelas células 
β-pancreáticas e/ou sensibilizar receptores periféricos de insulina. Eles pertencem 
basicamente a três diferentes classes farmacológicas: sulfonilureias, biguanidas e 
tiazolidinedionas. 
 » Sulfonilureias:
 › Estimulam o pâncreas a liberar a insulina armazenada e a aumentar a 
quantidade de insulina na corrente sanguínea, além de aumentarem a 
sensibilidade dos receptores periféricos de insulina. 
 › Em excesso, podem ocasionar hipoglicemia no usuário. 
 › Esse medicamento pode aumentar o apetite do paciente, podendo 
causar aumento de peso. 
 » Meglitinidas:
 › São secretagogos da insulina efetivos por via oral.
 › São moduladores dos canais de KATP não sulfonilureias.
 › Estimulam a liberação de insulina através do fechamento dos canais 
de KATP nas células beta do pâncreas.
 » Biguanidas:
 › Têm ação sobre os receptores da insulina, diminuindo a resistência a 
ela.
 › Aumentam a atividade da proteinoquinase dependente de AMP.
 › Podem causar efeitos colaterais como diarreia e ânsia de vômito, 
causando efeitos complexos no fígado. 
 › A ingestão desses fármacos com as refeições ou a redução da dosagem 
pode diminuir tais efeitos adversos, sendo estes transitórios e 
diminuindo em algumas semanas de tratamento. 
 › O uso crônico pode produzir depleção de vitamina B12. Pacientes com 
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MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II
problemas hepáticos e renais não devem tomar esse medicamento. 
Normalmente são receitados para obesos.
 » Agonistas do GLP-1:
 › Produzem uma melhora tanto no controle glicêmico quanto na perda 
de peso.
 › Estão indicadas para terapia adjuvante em pacientes que não 
conseguiram um controle da glicemia com metformina, sulfonilureia 
ou a combinação de metformina/sulfonilureia ou metformina/
tiazolidinediona.
 » Tiazolidinedionas:
 › São agonistas potentes e seletivos para os receptores “gama” ativados 
pelo proliferador de peroxissomo (PPARγ). 
 › Em seres humanos, os receptores PPARγ são encontrados em tecidos-
alvo, importantes para a ação da insulina, como tecido adiposo, 
musculoesquelético e fígado, levando à redução das concentrações de 
glicose no sangue. 
 › É contraindicado para indivíduos com insuficiência cardíaca. 
 › Pode ocorrer aumento de peso devido ao uso dessa medicação. 
 › Entre os principais efeitos adversos observados estão náuseas, vômito, 
urina escura, bem como hipoglicemia, anemia e ganho de peso.
 » Inibidores da DPP-4:
 › Em pacientes que possuem diabetes tipo 2, reduzem os níveis de HbA1c 
em cerca de 80%.
 › São efetivos para controle crônico da glicose quando associados a 
hipoglicemiantes orais ou insulina.
 » Inibidor da alfaglicosidase:

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