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farmacologia aplicadaa nutrição interpretação deexames laboratoriais UNINASSAU

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FARMACOLOGIA APLICADA À
NUTRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE
EXAMES LABORATORIAIS
FUNDAMENTOS BÁSICOS EM FARMACOLOGIA
Alyne Almeida de Lima
UNINASSAU - 2022
https://www.instagram.com/nutrindoesperanca/
1 Fundamentos em farmacologia
A farmacologia é uma ciência antiga que estuda os fármacos, sua aplicação, atividade,
reações adversas, posologias, dose, concentração, forma farmacêutica, toxicidade, via de
administração, absorção, excreção enfim, tudo aquilo que está relacionado aos
medicamentos. E todos estes estudos, ainda evoluindo de forma intensa, iniciaram a partir
dos usos baseados em conhecimento popular.
1.1 Termos e definições
Para conhecer a farmacologia é preciso compreender algumas definições, como a
diferenciação entre remédio, droga, fármaco e medicamento. Remédio pode ser definido
como tudo aquilo que pode ser utilizado com o intuito de trazer a cura ou alívio de uma
enfermidade, ou até mesmo a melhoria da qualidade de vida do paciente, e pode ser um
chá, medicamento, acupuntura, fisioterapia, atividade física, massagem, entre outros.
Já a droga é qualquer substância que quando em contato com organismo possui a
capacidade de causar alteração em alguma função fisiológica. Esta alteração pode ser
benéfica ou não, e ter ou não uma estrutura química definida. Exemplo: cigarro, maconha,
dipirona, álcool etc.
O fármaco, ou também conhecido como princípio ativo (PA), também é uma substância
que tem capacidade de causar alteração da função fisiológica, mas com uma diferença: o
PA possui uma estrutura química definida, uma atividade farmacológica conhecida e com
aplicação terapêutica. Neste caso, podemos citar como exemplo o paracetamol, a
dipirona, o diclofenaco, entre outros.
Chama-se de medicamento somente o produto farmacêutico, quando elaborado e
tecnicamente obtido, que tenha finalidade terapêutica, paliativa, curativa e/ou para fins
diagnósticos. Ou seja, aquele produto vendido nas farmácias de manipulação e drogarias
(também conhecidas por farmácias comerciais ou farmácias comunitárias).
Outra definição importante é referente à substância tóxica e placebo. Define-se como
tóxica toda substância que, quando absorvida pelo organismo, poderá colocar a vida do
ser em risco e até mesmo levar a óbito. E o placebo é um tipo de produto inativo, ou seja,
não provoca nenhuma alteração fisiológica importante, agindo no estado psicológico e
suprindo a necessidade de tomar/consumir um medicamento. Popularmente, o placebo é
conhecido como “pílula de farinha”.
Portanto, costuma-se dizer que todo medicamento é uma droga, mas nem toda droga é
um medicamento. Por exemplo:
Álcool é uma droga, mas não é medicamento.
Paracetamol é uma droga e também um medicamento.
Posologia é outro termo importante a ser entendido. Na prescrição está a orientação de
como e quantas vezes ao dia o medicamento deve ser tomado, a descrição da dose e por
qual período de tempo. Isto se denomina posologia.
Alguns medicamentos, quando tomados por um determinado tempo (variável de uma
pessoa para outra), podem levar o paciente a desenvolver uma tolerância àquela
substância, ou seja, ocorre uma redução na sensibilidade em relação ao fármaco. Quando
a tolerância acontece, o paciente relata que ”o medicamento não está fazendo mais
efeito”.
Portanto, ao prescrever um medicamento, além de observar a posologia e verificar se
existe algum caso de tolerância ou alergia, o prescritor também determina a forma
farmacêutica a ser utilizada. Ou seja, define se será em comprimidos, cápsulas, drágeas,
comprimidos revestidos, comprimidos efervescentes, cápsulas gelatinosas (formas
sólidas), soluções, xaropes, tinturas, suspensões, elixir, emulsões (formas líquidas), géis,
cremes, pomadas, unguentos (formas semissólidas) ou aerossóis (forma gasosa). Essas
diferentes formas farmacêuticas encontradas no mercado têm diversas funções, e entre
elas está a de facilitar a administração do fármaco e fazer com que a dose seja o mais
correta possível.
1.2 Principais classes de medicamentos e suas aplicações
Antidepressivos - Indicados para depressão e transtornos de humor (Exemplo:
amitriptilina, fluoxetina, paroxetina, sertralina e duloxetina); 
Estabilizadores de humor - indicados para o tratamento de transtorno de
bipolaridade de humor. (Exemplo: carbonato de lítio); 
Uma das formas de classificar os medicamentos é através do seu efeito principal. São
inúmeras as classes farmacológicas. Abaixo, conheceremos grande parte delas e suas
principais aplicações terapêuticas.
Medicamentos controlados
Ansiolíticos, hipnóticos e sedativos - indicados para transtornos de ansiedade
como transtornos por estresse pós-traumático, transtorno de ansiedade generalizada
(TAG) além de indicação como indutores do sono. (Exemplo: bromazepam, diazepam,
clonazepam, midazolan, zolpidem e trazodona); 
Anticonvulsivantes – indicados para casos de epilepsias e convulsões. (Exemplo:
carbamazepina e topiramato); 
Antiparkinsonianos – indicados para tratamento do Mal de Parkinson. (Exemplo:
biperideno e carbidopa + levodopa).
Antiarrítmicos – indicados para tratamento de arritmias cardíacas. (Exemplo:
adenosina e sotalol); 
Anti-hipertensivo – indicados para tratamento da hipertensão arterial. (Exemplo:
propranolol, captopril, lLosartana e atenolol); 
Anticoagulantes – prevenir formação de coágulos de sangue. (Exemplo: clopidogrel,
heparina, rivaroxabana, e ácido acetilsalicílico); 
Diuréticos – indicado para tratamentos de hipertensão arterial, retenção hídrica entre
outras doenças que necessitem de um maior volume de eliminação de líquidos.
(Exemplo: furosemida, hidroclorotiazida e espironolactona).
Fármacos que atuam no sistema cardiovascular
Antitussígeno - utilizados para inibir o reflexo da tosse. (Exemplo: dropropizina,
levodropropizina e cloperastina);
Expectorantes e mucolíticos – auxiliam na expectoração e eliminação do muco.
(Exemplo: ambroxol, carbocisteína e acelticisteína); 
Broncodilatadores – alívio de espasmos brônquicos, bronquites, falta de ar.
(Exemplo: Hedera helix, salbutamol, fenoterol e ipratrópio); 
Fármacos que tem resposta no sistema respiratório 
Broncodilatadores – alívio de espasmos brônquicos, bronquites, falta de ar.
(Exemplo: Hedera helix, salbutamol, fenoterol e ipratrópio); 
Antigripais – indicados para alívio dos sintomas do resfriado comum. (Exemplo:
fenilefrina e nafazolina). Podendo ser utilizado também o paracetamol e dipirona para
alívio de sintomas como dor e febre; 
Antiasmáticos – utilizados para tratamento e prevenção de crises asmáticas e/ou
para alívio de broncoespasmos. (Exemplo: salbutamol, salmeterol, fenoterol, ipratrópio,
zafirlucaste e montelucaste).
Antiácidos – aumentam o PH gástrico neutralizando o ácido clorídrico, o famoso
“suco gástrico”. (De ação sistêmica: bicarbonato de sódio. De ação local: hidróxido de
magnésio, hidróxido de alumínio, carbonato de cálcio e trissilicato de magnésio); 
Antiflatulento – indicado para alívios de gases no tubo digestivo, sensações de
estufamento. (Exemplo: dimeticona e simeticona); 
Antiespasmódicos - utilizado para aliviar as dores abdominais causadas pelo
aumento da frequência e força da contração da musculatura lisa de forma involuntária,
chamados de espasmos. (Exemplo: escopolamina); 
Antidiarreicos – indicados para diarreias e disenterias. (Exemplo: loperamida e
bismuto). Também podem ser utilizados os repositores de microbiota intestinal como
os Lactobacillus casei, Lactobacillus acidophilus, Saccharomyces boulardii e
Saccharomyces cerevisiae. Além destes, os fluidos ou soros de reidratação oral; 
Antiulcerosos – tratamento e prevenção de problemas estomacais como úlceras e
refluxo. (Exemplo: omeprazol, pantoprazol e lansoprazol); 
Antieméticos – alívio de sintomas como enjoo, êmese (vômitos) e náuseas. (Exemplo:
dimenidrinato, meclizina, ondasertrona, bromoprida e metoclorpramida); 
Estimulantes de apetite – Exemplo: buclizina e ciproeptadina. 
Laxantes e purgativos – utilizados para facilitar a eliminação das fezes. (Exemplo:
óleo mineral, sorbitol,lactulose e sais de magnésio).
Fármacos que atuam no trato gastrintestinal (TGI)
Antiácidos – aumentam o PH gástrico neutralizando o ácido clorídrico, o famoso
“suco gástrico”. (De ação sistêmica: bicarbonato de sódio. De ação local: hidróxido de
magnésio, hidróxido de alumínio, carbonato de cálcio e trissilicato de magnésio); 
Antiflatulento – indicado para alívios de gases no tubo digestivo, sensações de
estufamento. (Exemplo: dimeticona e simeticona); Antiespasmódicos - utilizado para
aliviar as dores abdominais causadas pelo aumento da frequência e força da contração
da musculatura lisa de forma involuntária, chamados de espasmos. (Exemplo:
escopolamina);
Antidiarreicos – indicados para diarreias e disenterias. (Exemplo: loperamida e
bismuto). Também podem ser utilizados os repositores de microbiota intestinal como
os Lactobacillus casei, Lactobacillus acidophilus, Saccharomyces boulardii e
Saccharomyces cerevisiae. Além destes, os fluidos ou soros de reidratação oral; 
Antiulcerosos – tratamento e prevenção de problemas estomacais como úlceras e
refluxo. (Exemplo: omeprazol, pantoprazol e lansoprazol); Antieméticos – alívio de
sintomas como enjoo, êmese (vômitos) e náuseas. (Exemplo: dimenidrinato, meclizina,
ondasertrona, bromoprida e metoclorpramida); 
Estimulantes de apetite – Exemplo: buclizina e ciproeptadina. 
Laxantes e purgativos – utilizados para facilitar a eliminação das fezes. (Exemplo:
óleo mineral, sorbitol, lactulose e sais de magnésio).
Fármacos que atuam no trato
2 Farmacocinética
A farmacocinética inclui os processos de absorção, distribuição, metabolismo e a excreção
dos fármacos. Os quando bem seguidos podem ampliar a probabilidade de sucesso
terapêutico e reduzir, por exemplo, a ocorrência de efeitos adversos.
A farmacocinética lida com a absorção, distribuição, biotransformação e excreção das
drogas. Esses fatores, associados à dosagem, determinam a concentração da droga em
seus sítios de ação, e, por consequência, a intensidade de seus efeitos em função do
tempo (BRUNTON et al , 2012).
2.1 Absorção e distribuição
A absorção é a transferência do fármaco do seu local de administração para o
compartimento central e a amplitude com isso ocorre. No caso das preparações sólidas, a
absorção depende inicialmente da dissolução do comprimido (ou da cápsula), que então
libera o fármaco (ou liquido biológico).
Primeiro essa absorção se dá pelo trato GI (gastrointestinal), quando administrado por via
oral. Porém, a quantidade de absorção final pode ser limitada pelas características da
preparação do fármaco, por suas propriedades físico-químicas, pelo metabolismo
intestinal (características intrínsecas ao paciente) e/ou pela transferência do fármaco de
volta ao lúmen intestinal por ação dos transportadores.
Essa absorção pode ocorrer por difusão passiva, difusão facilitada, transporte ativo ou
endocitose. E outros diversos fatores podem influenciar na absorção, tais como o pH, fluxo
de sangue no local de absorção, características da área ou superfície disponível para
absorção e o tempo de contato com a superfície de absorção. Portanto, a absorção é o
processo pelo qual os medicamentos administrados, principalmente por via oral,
intramuscular ou retal, chegam ao meio tissular, iniciando o a segunda fase, a distribuição.
A distribuição é a fase em que o fármaco penetra na circulação. Esta fase passa a ser a
primeira quando se trata de administração venosa do medicamento, visto que neste caso
o fármaco já está em sua forma ativa ao ser colocado diretamente na circulação sistêmica.
O volume é o segundo parâmetro fundamental útil, quando se consideram os processos
de distribuição dos fármacos. O volume de distribuição relaciona a quantidade do fármaco
administrada no organismo a sua concentração no sangue ou plasma, dependendo do
líquido dosado. Esse volume não se refere necessariamente a um volume fisiológico
determinável, mas simplesmente ao volume de líquido que seria necessário para conter
todo o fármaco presente no corpo na mesma concentração dosada no sangue ou plasma.
Alguns livros e artigos científicos chamam a farmacocinética de Sistema
Ladme. Essa sigla corresponde a: L- Liberação; A-Absorção; D-
Distribuição e E-Excreção! Memorize essa sigla e vocês rapidamente
conseguirá se lembrar de todas as fases da farmacocinética.
2.2 Metabolismo e excreção
O volume de distribuição é altamente variável, dependendo dos graus relativos de ligações
aos receptores de alta afinidade, dos níveis das proteínas plasmáticas e teciduais, do
coeficiente de distribuição do fármaco no tecido adiposo e de sua acumulação nos tecidos
poucos irrigados. Este volume de distribuição de cada fármaco pode variar de acordo com
idade, o sexo, a composição corporal do paciente e com a existência de doenças.
A distribuição é dependente além do volume de distribuição, de fatores como a taxa de
fluxo sanguíneo, a permeabilidade capilar, a ligação dos fármacos às proteínas plasmáticas
e dos tecidos, e a lipofilicidade.
Diversos fatores alteram o metabolismo: elementos genéticos, idade, diferenças
individuais, fatores ambientais como o fumo, propriedades químicas dos fármacos, sexo,
via de administração, dosagem, entre outros.
A primeira reação denomina-se Reação de Fase I. E essa biotransformação pode
aumentar ou diminuir a atividade farmacológica, ou não ter efeito sobre esta.
A Reação de Fase II consiste na fase de conjugação, como a glicorunidação, deixando o
fármaco altamente polar e assim consegue ser excretado pelos rins ou bile e eliminado
nas fezes.
O fígado é o principal local onde ocorre a biotransformação, mas existem outros tecidos
que contém as enzimas metabolizadoras que contribuem para a biotransformação de
alguns fármacos e, consequentemente, para a sua eliminação. As enzimas responsáveis
por esse processo estão localizadas nos microssomos hepáticos chamados de enzimas
microssomais do sistema CYP- 450.
Estas enzimas podem reduzir oxidar, hidrolisar ou conjugar compostos. Nenhum teste de
função hepática fornece informação totalmente específica sobre a habilidade metabólica
do fígado e, consequentemente, é difícil prever o efeito de problemas de funções
hepáticas no metabolismo de diferentes fármacos.
Os rins são importantes para a excreção dos fármacos e de seus metabolitos. As
estimativas da depuração da creatinina do sangue fornecem informações importantes
sobre o grau de funcionamento renal e sua habilidade de eliminar os medicamentos. Além
destas vias, o fármaco pode ser eliminado pelo leite materno, suor e saliva.
3 Farmacodinâmica
A farmacodinâmica proporciona o conhecimento dos efeitos bioquímicos e fisiológicos dos
fármacos e seus mecanismos de ação para o uso terapêutico racional, além do suporte
para o desenvolvimento de outros agentes terapêuticos mais novos e eficazes. Desse
modo, as e sua farmacocinética contribuem para a segurança e o êxito do tratamento.
3.1 Conceitos em farmacodinâmica
Conforme relatam Brunton et al (2012), a farmacodinâmica compreende 
O estudo das ações das drogas no organismo vivo [...] é uma das mais novas ciências
médicas experimentais, e data somente do final da segunda metade do século XIX... é uma
ciência limítrofe. Ela toma emprestada livremente temas e técnicas da fisiologia, química
fisiológica, patologia e bacteriologia. Porém, é a única [dessas ciências] que tem sua
atenção focada na ação das drogas. Como implica seu nome, seu assunto é de caráter
dinâmico (BRUNTON et al , 2012).
A interação dos fármacos com os componentes macromoleculares altera a função e inicia
as alterações bioquímicas e fisiológicas que caracterizam a resposta do fármaco. O termo
receptor ou alvo farmacológico refere-se à macromolécula (ou ao complexo
macromolecular) com o qual o fármaco interage para produzir uma resposta celular.
Alguns fármacos interagem com aceptores (por exemplo, albumina sérica) existentes no
organismo. Os aceptores são componentes que não causam diretamente qualquer
alteração na resposta bioquímica ou fisiológica. Entretanto,a interação dos fármacos com
os aceptores pode alterar a farmacocinética das suas ações.
As proteínas constituem o grupo mais importante de receptores farmacológicos. Como
exemplo, podemos citar os receptores dos hormônios, dos fatores de crescimento e de
transcrição, os neurotransmissores, as enzimas das vias metabólicas (por exemplo,
diidrofolato redutase, acetilcolinesterase e fosfodiesterases dos nucleotídeos cíclicos), as
proteínas envolvidas nos processos de transporte (por exemplo, Na+, K+-ATPase) e as
glicoproteínas secretadas e as proteínas estruturais (por exemplo, tubulina).
A ligação específica dos fármacos aos outros componentes celulares (como o DNA)
também é explorada com finalidades terapêuticas. Por exemplo, os ácidos nucleicos são
receptores farmacológicos particularmente importantes para determinados agentes
quimioterápicos usados no tratamento do câncer e fármacos antivirais.
3.2 Receptores fisiológicos
Muitos fármacos atuam em receptores fisiológicos e são particularmente seletivos porque
os receptores fisiológicos reconhecem e respondem com alta seletividade às moléculas
sinalizadoras específicas. Os fármacos que se ligam aos receptores fisiológicos e imitam os
efeitos reguladores dos compostos endógenos são conhecidos como agonistas.
Se o fármaco se ligar ao mesmo local de reconhecimento que o agonista endógeno
(substância própria do organismo responsável pela função em questão), diz-se que o
fármaco é um agonista primário. Os fármacos que bloqueiam ou reduzem a ação de um
agonista são conhecidos como antagonistas. Na maioria dos casos, o antagonismo resulta
de uma competição com um agonista pelo mesmo (ou sobreposto) sítio de ligação do
receptor, mas também pode ocorrer por interação com outros sítios do receptor por
combinação com o agonista, chamamos então de antagonismo químico, ou por
antagonismo funcional com inibição indireta dos efeitos celulares ou fisiológicos do
agonista. Os compostos que mostram apenas eficácia parcial como os agonistas,
independentemente da concentração utilizada, são descritos como agonistas parciais.
3.3 Especificidade do fármaco
A afinidade de um fármaco por seu receptor e sua atividade intrínseca são determinadas
pela estrutura química da substância. A estrutura química do fármaco também contribui
para sua especificidade farmacológica. Um fármaco que interage com apenas um tipo de
receptor, presente em apenas algumas células diferenciadas, é altamente específico.
Muitos fármacos importantes na prática clínica apresentam especificidade ampla porque
conseguem interagir com vários receptores em diversos tecidos. Essa especificidade
ampla poderia aumentar a utilidade clínica de um fármaco, mas também contribui para a
ocorrência de vários efeitos adversos, já que acontecem diversas interações entre o
medicamento e diferentes receptores.
As propriedades farmacológicas de muitos fármacos diferem dependendo se o fármaco é
utilizado por períodos curtos ou longos. Em alguns casos, a administração prolongada de
um fármaco produz hiper-regulação ou dessensibilização dos receptores e isto pode exigir
ajustes da dose para manter a eficácia do tratamento. Os medicamentos para tratar
infecções, como os antibióticos, os antivirais e antiparasitários, têm como alvo receptores
ou processos celulares fundamentais à proliferação ou à sobrevivência do agente
infeccioso, mas que não são essenciais ou não existem no organismo do receptor.
Desse modo, o objetivo terapêutico dos agentes anti-infecciosos depende da liberação
dos fármacos aos microrganismos patogênicos em concentrações suficientes para destruir
ou suprimir a proliferação do patógeno, sem causar efeitos indesejáveis ao paciente. Por
exemplo, os antibióticos como a penicilina inibem uma enzima fundamental necessária à
síntese das paredes celulares das bactérias, e esta enzima não existe nos seres humanos
ou nos animais. Um problema significativo encontrado com muitos agentes anti-
infecciosos é o desenvolvimento rápido de resistência aos fármacos. A resistência aos
antibióticos, aos antivirais e outros fármacos pode ser causada por vários mecanismos,
inclusive mutação do receptor-alvo, ampliação da expressão das enzimas que decompõem
ou aumentam, a expulsão do fármaco pelo agente infeccioso e desenvolvimento de
reações bioquímicas alternativas, que evitam os efeitos dos fármacos no agente infeccioso.
4 Sistema nervoso autônomo
A farmacologia do SNA (Sistema Nervoso Autônomo) referente à divisão simpática é modulada
pelos neurotransmissores endógenos: adrenalina, noradrenalina (NA) e dopamina (DA). Estes
atuam regulando funções importantes realizadas pela musculatura lisa no sistema respiratório
(brônquios), cardiovascular (força e frequência cardíaca), endócrino (liberação de insulina), entre
outros.
4.1 Catecolaminas
As catecolaminas podem ser endógenas ou exógenas. Entre elas estão a epinefrina, também
chamada de adrenalina, norepinefrina (noradrenalina), dopamina, acetilcolina.
A adrenalina é uma substância de ação direta e não seletiva estimulando os receptores α e β.
Tem uma alta atividade vasopressora, estimulante cardíaca e no controle da asma. Esta
catecolamina não tem eficácia quando administrada por via oral sendo rapidamente absorvida
quando administrada via intramuscular, portanto, essa substância deve ser administrada
lentamente para reduzir a possibilidade da ocorrência de vasoespasmos e outros problemas
cardiovasculares.
A NA (noradrenalina ou norepinefrina) tem ação vasoconstritora promovendo o aumento da
pressão arterial. É considerada um potente agonista dos receptores α e tem pouca atividade em
β2. Sua absorção por via oral também não é eficaz e seus efeitos colaterais são semelhantes aos
da adrenalina, mas a elevação da pressão arterial é mais intensa e, por este motivo, seu uso deve
ser monitorado devido ao risco de causar hipertensão grave.
A dopamina (DA) é indicada para tratamentos de insuficiência cardíaca congestiva (ICC) em
pacientes com diminuição da produção de urina (oligúria) e com resistência vascular periférica
(RVP) baixa ou normal. Esta catecolamina produz uma melhora nas funções cardíacas e renais de
forma aguda em pacientes hospitalizados por problemas cardíacos ou insuficiência renal.
4.2 Fármacos adrenérgicos e anti-adrenérgicos
Os receptores adrenérgicos são do tipo metabotrópicos, ou seja, acoplados à proteína G e estão
designados em duas famílias: Alfa (α) e Beta (β). Além disso, receptores α são divididos em α1 e α2,
bem como os β são divididos em β1, β2 e β3. A noradrenalina excita principalmente os receptores
α, com menor intensidade os β e nenhuma em β2, enquanto a adrenalina excita α e β com
intensidade similar.
Entre os fármacos que atuam como agonistas dos receptores β-adrenérgicos podemos citar o
isoproterenol que é um medicamento utilizado em casos de emergência para aumentar a
frequência cardíaca em pacientes com bradicardia ou bloqueio cardíaco. É um potente agonista
não seletivo de β e pode ser administrado pela via endovenosa ou respiratória. Os principais
efeitos adversos são palpitações, cefaleias, taquicardia sinusal e arritmias graves. Já a dobutamina
é um agonista seletivo de β1 que exerce efeitos ionotrópicos, aumentando a força de contração
do coração por aumento dos níveis de cálcio. É indicada para descompensação cardíaca em
pacientes com insuficiência cardíaca congestiva ou infarto agudo do miocárdio.
Os receptores β2-adrenérgicos têm ação no relaxamento da musculatura lisa, como os brônquios
por exemplo. Os fármacos que pertencem a esta classe têm ação curta e longa. Entre os agonistas
seletivos de receptores β2-adrenérgicos: salbutamol (Aerolin ®) é um dos medicamentos mais
conhecidos, junto ao fenoterol (Berotec®). O salbutamol age como broncodilatador e é usado no
controle e prevenção das crises asmáticas, bronquite crônicas, enfisemas pulmonares, entre
outros. Pode ser administrado por via inalatória e em 15 minutos já são observados seus efeitos,
estes são mantidos por 3 até 5 horas. O fenoterol também é administradopor via inalatória na
maioria dos casos e tem efeito perceptível de imediato, durando de 4 a 6 horas.
Dentre os de ação longa, podemos citar dois bem conhecidos: Salmeterol e formoterol. O
salmeterol possui uma seletividade ainda maior que o salbutamol e também está indicado para
asmáticos (mas não de forma aguda) e pacientes do DPOC (Doença pulmonar obstrutiva crônica).
Sua administração é também por via inalatória, mas não pode ser realizada mais de 2 vezes ao
dia. O principal efeito colateral associado a esta substância é taquicardia.
E o formoterol também tem as mesmas indicações acima, mas possui uma específica, para
condições de asma noturna. Seus efeitos ocorrem em minutos após ser administrado.
Entre os fármacos agonistas α1-seletivos, podemos citar a fenilefrina, substância comumente
presente nos medicamentos antigripais como o Naldecon®, Cimegripe®, entre outros. A
fenilefrina tem ação para descongestionamento nasal, mas também possui efeitos cardiotônicos,
midriáticos e, se administrada via endovenosa, causa uma intensa vasoconstrição das artérias.
Como agonistas α2-seletivos temos a clonidina, metildopa, guanfacina e apraclonidina.
4.3 Fármacos colinérgicos e anticolinérgicos
Os fármacos chamados de colinérgicos atuam em receptores do SNA que são
ativados/estimulados pela acetilcolina (Ach). Estes receptores estão divididos em duas famílias:
muscarínicos (M) e nicotínicos (N).
Os muscarínicos são receptores do tipo metabotrópicos, ou seja, acoplados à proteína G. Esse
nome se dá pelo fato de que esses receptores, além de se ligar a Ach, também reconhecem a
muscarina, uma substância que está presente em cogumelos venenosos. São divididos em 5
subclasses: M1, M2, M3, M4 e M5.
Como exemplo de fármacos agonistas muscarínicos podemos citar a pilocarpina utilizada no
tratamento de glaucoma e de xerostomia (boca seca), betanecol (para estímulo de bexiga atônica)
e carbacol. Outros agonistas de M1 são estudados para tratamento de Alzheimer e antagonistas
de M3 para DPOC (doença Pulmonar Obstrutiva Crônica).
O edrofônio é um agonista colinérgico com ação indireta, também chamado de
anticolinesterásico, utilizado para diagnóstico de miastenia gravis. Ele age bloqueando a atividade
da enzima acetilcolinesterase, impedindo sua ação na degradação da Ach e aumento da
concentração da mesma na fenda sináptica. Nesta mesma classe está a rivastigmina e donepezila,
fármacos utilizados no tratamento do Alzheimer.
Todos estes anticolinesterásicos acima citados são de ação reversível, mas existem os de ação
irreversível, entre eles os chamados organofosforados que são compostos usados como
inseticidas agrotóxicos sendo altamente tóxicos, podendo causar paralisia e até óbito.
Na classe dos antagonistas colinérgicos, ou antimuscarínicos, estão substâncias bastante
conhecidas, a escopolamina e o ipratrópio. A escopolamina é o princípio ativo do medicamento
Buscopam® e o ipratrópio o princípio ativo do Atrovent®.
Os receptores nicotínicos, além de se ligar a Ach, reconhecem a nicotina e por isto a sua
denominação. São receptores do tipo ionotrópico, ou seja, funcionam como um canal iônico
operado por ligantes e são de dois tipos: Nn e Nm. A nicotina quando em baixa concentração
estimula o receptor e em alta concentração o bloqueia. Estes receptores estão no SNC, nos
gânglios autonômicos, nas suprarrenais e na junção neuromuscular (JNM) nos músculos
esqueléticos.
A nicotina é um componente do cigarro e tem efeitos maléficos no organismo podendo levar a
aumento da frequência cardíaca (taquicardia) e da pressão arterial (Hipertensão).
5 Vias de administração
Oral
 
Sublingual ou bucal
 
Parenteral
Tópica
Transdérmica
Intraocular
Intrarrespiratória
Retal
Intravaginal
Intrauterina
Uretral e peniana
Novos sistemas de administração de drogas
A farmacologia do SNA (Sistema Nervoso Autônomo) referente à divisão simpática é
modulada pelos neurotransmissores endógenos: adrenalina, noradrenalina (NA) e
dopamina (DA). Estes atuam regulando funções importantes realizadas pela musculatura
lisa no sistema respiratório (brônquios), cardiovascular (força e frequência cardíaca),
endócrino (liberação de insulina), entre outros.
Em geral, existem algumas opções de vias (locais) pelas quais uma substância pode ser
administrada e, por esta razão, o conhecimento das vantagens e desvantagens das
diferentes vias de administração é fundamental.
Para que a via de administração de um fármaco seja definida, consideram-se fatores como
as propriedades químicas (hidrossolubilidade, lipossolubilidade, ionização), o objetivo da
terapia, a necessidade de um início rápido de ação, uma manutenção de concentração por
maior período de tempo, restrição de fármaco a um local específico, entre outros.
Silva (2010) destaca as seguintes vias:
5.1 Vias de administração oral, sublingual e retal
A ingestão oral é o método mais utilizado para administrar os medicamentos por sua
segurança, conveniência e por ser o mais econômico. Entre suas desvantagens estão: a
absorção limitada de alguns fármacos, em função das suas características como
hidrossolubilidade reduzida ou uma baixa permeabilidade nas membranas; vômitos
causados pela a irritação da mucosa gastrintestinal; destruição de alguns fármacos pelas
enzimas digestivas ou pelo pH baixo do estomago; irregularidades na absorção ou
propulsão na presença de alimentos ou outros fármacos, além da necessidade de contar
com a colaboração do paciente.
Os fármacos que possam atingir as secreções gástricas e, portanto, serem alterados pelo
pH ácido, ou que o seu princípio ativo tenha característica de irritar o estômago, podem
ser fabricados em preparações com revestimento entérico. Este revestimento impede a
dissolução do fármaco no conteúdo ácido do estômago. Os revestimentos entéricos são
úteis para os fármacos como o ácido acetilsalicílico, que pode causar irritação gástrica
significativa em muitos pacientes.
As preparações de liberação controlada têm liberação prolongadas, controladas,
ampliadas e continuadas. O que pode auxiliar em manutenção de dose, ou diminuição de
tomadas de medicamentos durante o dia, facilitando a posologia e consequentemente o
uso racional de medicamentos.
A administração via sublingual ocorre pela mucosa oral e tem importância especial para
alguns fármacos. Apesar da superfície disponível para a absorção ser pequena, a
vascularização local é intensa. A drenagem venosa da boca segue à veia cava superior e
isto provoca um desvio da circulação e, deste modo, protege o fármaco do metabolismo
de primeira passagem, ou também chamado de metabolismo de fase 1.
Na administração por via retal cerca de 50% do fármaco que é absorvido pelo reto
passará pelo fígado, o metabolismo hepático de primeira passagem quando comparado à
preparação oral. Além disso, uma enzima metabólica importante desse fármaco (CYP3A4)
está presente nos segmentos proximais do intestino, mas não nos segmentos distais.
Entretanto, a absorção retal pode ser irregular e incompleta e alguns fármacos podem
causar irritação da mucosa retal.
5.2 Vias de administração parenteral, transmucosa e
tópica
 
A injeção parenteral dos fármacos tem algumas vantagens em comparação à
administração oral. Em alguns casos, a administração parenteral é essencial para que o
fármaco seja liberado em sua forma ativa, como ocorre com os anticorpos monoclonais. A
biodisponibilidade é mais rápida, ampla e previsível quando o fármaco é administrado por
via injetável. Por essa razão, a dose eficaz pode ser administrada com maior precisão. No
tratamento de emergência e/ou quando o paciente estiver inconsciente, impossibilitado
de colaborar ou incapaz de reter ou deglutir algo por via oral, o tratamento parenteral
pode ser necessário. Essa via de administração apresenta algumas desvantagens como a
necessidade de manutenção da assepsia (muito importante, principalmente quando os
fármacos são administrados repetidamente), as injeções podem ser dolorosas e os
pacientes em sua maioria têm dificuldade de realizar a autoaplicação(no caso da insulina,
por exemplo).
As principais vias de administração parenteral são a intravenosa, a subcutânea,
intradérmica e a intramuscular, mas ainda pertencem a este grupo a via intra-arterial,
intratecal, intraperitoneal, intrapleural, intravesical, intraarticular, intraraquídea, intraóssea
e intracardíaca.
Na via intravenosa, por exemplo, os problemas relacionados à fase farmacocinética de
absorção não existem porque a biodisponibilidade é completa e rápida. Nesta via a
liberação do fármaco pode ser controlada com precisão e agilidade. Quando se necessita
induzir anestesia em um paciente, a dose de anestésico administrada não é 100%
predeterminada e sim ajustada no decorrer do processo anestésico, de acordo com a
resposta do paciente. Algumas substâncias irritantes podem ser administradas apenas por
via intravenosa de forma lenta. Assim, ela se distribui de modo amplo na corrente
sanguínea.
Mesmo com todas essas vantagens, a via intravenosa também possui
desvantagens e só deve ser utilizada por profissionais habilitados.
Aplicação de maneira errada pode gerar hematomas, feridas e atém
amputação de membro ou óbito.
Quanto a injeção subcutânea, ela só pode ser realizada com as substâncias que não
causam irritação dos tecidos pois caso contrário, pode desencadear dor intensa, necrose
no tecido e descamação.
E a via transdérmica? Nem todos os fármacos penetram facilmente pela pele intacta. A
absorção daqueles que o fazem depende da superfície sobre a qual são aplicados e de
sua lipossolubilidade, pois a epiderme comporta-se como uma barreira lipídica.
A absorção sistêmica dos fármacos ocorre mais facilmente pela pele que sofreu abrasão,
queimadura ou desnudamento, inflamação e outros distúrbios que venham a produzir um
aumento do fluxo sanguíneo cutâneo ampliando a absorção. A absorção através da pele
também pode ser ampliada pela produção do fármaco com base em substâncias oleosas
e pela fricção desta preparação na pele. Como a pele hidratada é mais permeável do que a
seca, a formulação pode ser modificada ou pode-se aplicar um curativo oclusivo para
facilitar a absorção.
Outro local de administração são as mucosas da conjuntiva, nasofaringe, orofaringe,
vagina, colo, uretra e bexiga, principalmente em decorrência de seus efeitos locais. Em
alguns casos, como na aplicação do hormônio antidiurético sintético na mucosa nasal, o
objetivo é a absorção sistêmica. Vale ressaltar que a absorção pelas mucosas ocorre
rapidamente.
BRUNTON, L. L.; LAZO, J. S.; PARKER, K. L. Goodman & Gilman As bases farmacológicas da terapêutica. Porto
Alegre: ArtMed, 2012.
KATZUNG, B. G. Farmacologia básica e clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
KOROLKOVAS, A.; FRANÇA, F. F. Dicionário terapêutico Guanabara. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
RANG, H. P; DALE, M. M; RITTER, J. M. Farmacologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
SILVA, P. Farmacologia. 8. ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
Referências Bibliográficas
1 Interações drogas e nutrientes
Os nutrientes presentes no alimento podem interagir com os fármacos e isso é um fator
que deve ser avaliado com bastante cautela na prática clínica. Essas alterações podem
trazer tanto benefícios quanto prejuízos para o paciente em questão.
Antes de prosseguir com nosso estudo, vamos relembrar alguns conceitos importantes:
Considera-se uma droga, qualquer substância que quando consumida altera a
fisiologia do organismo. Seja ela o álcool, cigarro, dipirona, maconha, entre
outros.
Também chamado de princípio ativo, é a substância “principal” do
medicamento, ou seja, aquela responsável pelo efeito terapêutico do
medicamento.
É um produto farmacêutico que contem um princípio ativo (fármaco) e se
apresenta em formas variadas como comprimidos, cápsulas, xaropes,
soluções, pomadas, géis etc.
Corresponde ao que o organismo faz com a droga – compreende a absorção,
distribuição, biotransformação e excreção.
Corresponde ao que a droga faz com o organismo – compreende as
interações moleculares, o efeito, a ligação no receptor etc.
As interações entre drogas e nutrientes acontecem facilmente, pois grande parte dos
medicamentos é administrada por via oral. São vários os fatores farmacocinéticos que
podem ser influenciados pelos alimentos, dentre eles temos a absorção, a distribuição, a
biotransformação e a excreção.
"A interação medicamento-nutriente é definida como uma alteração da cinética ou
dinâmica de um medicamento ou nutriente, ou ainda, o comprometimento do estado
nutricional como resultado de administração de um medicamento, compreendendo-se a
cinética como a descrição quantitativa de um medicamento ou sua disposição, o que inclui
a absorção, distribuição, metabolismo e excreção (Tabela 1); a dinâmica caracteriza-se pelo
efeito clínico ou fisiológico do medicamento. Em outras palavras, as interações
medicamentosas entre alimentos e medicamentos são tipos especiais de respostas
farmacológicas, em que os efeitos de um ou mais medicamentos são alterados pela
administração simultânea ou anterior de outros, ou através da administração concorrente
com alimentos (SCHWEIGERT et al, 2008)."
1.1 Interações entre drogas e nutrientes
2 Características gerais da interação
fármaco x nutriente
Alguns nutrientes são absorvidos pelo mesmo mecanismo que os fármacos, competindo
pelo local de absorção no trato gastrintestinal.
A seguir, conheceremos as características das diferentes interações, de acordo com as
fases distintas.
2.1 Interação na fase biofarmacêutica e absorção
A grande maioria dos fármacos, quando tomados por via oral, é absorvida por passiva e os
nutrientes preferenciam o . O primeiro momento após a administração do medicamento
chama-se fase biofarmacêutica.
Compreende todos os processos que ocorrem com o medicamento a partir da sua
administração, incluindo as etapas de liberação e dissolução do princípio ativo. Esta fase
deixa o fármaco disponível para a absorção. Entretanto, sua natureza química, estado
físico, tamanho e superfície da partícula, quantidade e tipo dos excipientes utilizados,
processo farmacêutico empregado e formulação são fatores os quais podem influir na
biodisponibilidade do princípio ativo, fazendo variar o tempo de absorção e a quantidade
absorvida (MOURA; REYES, 2002).
Durante o processo de absorção vários são os fatores que podem influenciar: alteração
do pH do conteúdo do trato gastrintestinal, velocidade do esvaziamento do estômago,
aumento do peristaltismo intestinal, competição pelos sítios de absorção, fluxo sanguíneo
e alguns complexos formados pelo nutriente e o fármaco (uma ligação direta entre eles).
Quando alimento e/ou líquido é ingerido, o pH do estômago altera, mudando de 1,5 para
cerca de 3. Essa alteração do potencial hidrogeniônico pode afetar diretamente a
desintegração dos medicamentos sólidos (comprimidos, drágeas, cápsulas) e então, pode
influenciar também a absorção ou a estrutura química do princípio ativo, substância
responsável pela terapêutica.
Essa alteração pode ser benéfica ou maléfica. Por exemplo, o comprimido de fenitoína
tende a desintegrar mais facilmente com o pH mais alto, portanto será absorvido mais
rápido. Já no caso do antibiótico eritromicina essa ação é lentificada, então o efeito será
mais demorado.
Também influenciado pela presença do alimento, o estômago tende a esvaziar mais
lentamente fazendo com que a absorção também seja mais demorada. Enquanto no
intestino delgado, o peristaltismo favorece a dissolução e consequentemente a absorção,
mas também pode prejudicar a biodisponibilidade. Vamos exemplificar:
O medicamento utilizado para tratamento de osteoporose tem sua absorção
diminuída em 60% quando tomado com café ou suco. Devendo então ser
tomado 2 horas antes de se alimentar.
 A substância, com atividade antibiótica, tem sua absorção aumentada na
presença de alimentos.
Estes antibióticos formam quelatos com cálcio, magnésio, ferro e zinco
reduzindo a absorção destes nutrientes.
O medicamento para problemas estomacais, pode alterar a acidez e comisso
diminuir a absorção de vitamina B12, tiamina e ferro.
Medicamento diurético que aumenta a excreção de sódio, cloro e magnésio..
2.2 Interação na fase de metabolismo e excreção
Na fase de metabolismo, o propranolol tem alteração quando na presença de alimentos e
este medicamento se trata de um dos anti-hipertensivos mais utilizados pela população. O
metabolismo dos fármacos compreende os processos de biotransformação que ocorre no
fígado e chamamos de mecanismo de fase I e fase II.
No mecanismo de fase I temos as reações conhecidas como “Reações de ativação” que
são: oxidação, hidroxilação, alquilação, hidrólise. Já na fase II, as reações de conjugação:
glicuronidação, glucosidação, sulfatação, metilação, acetilação, por exemplo, que irão
formar um conjugado.
Conheça um caso gravíssimo de interação alimento x medicamento que resultou em
sérias reações adversas e internação hospitalar com necessidade de oxigenação
mecânica. Este caso foi publicado no site da UOL em 2013.
A paciente de 42 anos mal reagia quando seu marido a trouxe ao pronto-socorro. Sua
frequência cardíaca tornava-se mais lenta ao mesmo tempo em que a pressão arterial
baixava. Para reanimar a paciente, os médicos tiveram que colocá-la em um respirador e
depois colocar um marca-passo. Eles ficaram perplexos quando o marido afirmou que ela
tinha enxaqueca e tomava um remédio para hipertensão arterial chamado verapamil
como forma de prevenir a doença. Mas os exames de sangue revelaram a presença de
uma quantidade assustadora do medicamento no corpo da paciente, um nível cinco vezes
maior que o considerado seguro. Em circunstâncias normais, o medicamento é
metabolizado no trato gastrointestinal e uma quantidade relativamente pequena é
absorvida, pois uma enzima existente no intestino, chamada CYP3A4, o torna inativo.
Contudo, a toranja possui substâncias químicas naturais, chamadas furanocumarinas, que
inibem a enzima. Sem sua presença, o intestino absorve uma quantidade bem maior do
medicamento e os níveis da droga no sangue aumentam de forma significativa (UOL,
2013).
São muitos os medicamentos que interagem com a toranja, cerca de 85, e entre eles estão
a sinvastatina e o anticoncepcional que contenha etinilestradiol, podendo causar
rabdomiólise e coágulos graves respectivamente.
Sobre a excreção, vários alimentos e nutrientes podem alterar a excreção dos fármacos
através dos rins. Por exemplo, o sódio presente nos alimentos pode competir com o
carbonato de lítio, medicamento utilizado para casos de transtornos de humor bipolar. O
aumento do consumo de sódio aumenta a excreção do lítio e, o contrário, a redução do
consumo de sódio aumenta a retenção renal do lítio aumentando assim seus níveis no
sangue.
3 Terapia nutricional enteral x fármacos
Pacientes em nutrição entérica também possuem recomendações para a administração
de medicamentos por via oral, portanto é imprescindível que os profissionais conheçam as
possíveis complicações e quais as limitações, além da necessidade da aplicação de
técnicas corretas na realização da administração oral por sonda de nutrição.
As interações neste caso passam além da alteração de estabilidade do medicamento, da
liberação e biodisponibilidade ou alterações no trato gastrintestinal, mas também
problemas com a sonda utilizada como a obstrução da passagem.
A atenção voltada à interação fármaco x fármaco merece uma atenção intensa, assim
como a interação alimento x fármaco. Como já estamos percebendo desde o início da
unidade, essas interações podem levar o paciente a graves problemas que, se não
revertidos em tempo hábil, podem levá-lo a óbito.
3.1 Interação terapia enteral x fármaco
A equipe multiprofissional precisa examinar constantemente aspectos
relevantes como as mudanças do estado nutricional e os efeitos não
esperados do medicamento para tomar medidas cabíveis diante de
qualquer alteração maléfica.
Alguns problemas associados à alimentação enteral por sonda nem sempre ocorrem por
essa causa. De acordo com Keef (2009), a diarreia muitas vezes associada à nutrição
entérica é em sua maioria causada por outros fatores como a hiperosmolaridade, sorbitol,
intestino inativo ou até mesmo a terapia antibiótica.
3.2 Potenciais fármacos nesse modelo de interação
Os imunossupressores, hormônios, antibióticos, anti-inflamatórios esteroidais, citostáticos
são fármacos com alto poder irritativo e devem ser manipulados com muito cuidado. A
própria manipulação de substâncias para colocar na sonda, como o citostático, deve
obedecer a critérios de boas práticas para proteção do paciente, mas também do
profissional, principalmente os que precisam ser triturados para administrar, produzido pó
que dispersa pelo ar e pode ser aspirado ou entrar em contato com mucosas e causar
alergias, entre outros.
Lavar a sonda antes e após a realização de cada administração auxilia na prevenção da
obstrução da sonda, assegura que a quantidade de medicamento administrada chegue ao
local desejado sem restar retenção dela no decorrer da sonda garantindo a dose, além de
reduzir a possibilidade de ocorrência de interação entre o fármaco e a nutrição que irá ser
administrada posteriormente.
Portanto, antes de administrar qualquer produto é preciso confirmar a sua viabilidade
para esta via, identificar as melhores formas de manipulação e administração para evitar
demais problemas.
Para administrar medicamento em forma farmacêutica xarope, deve-se diluir o xarope 1:1
em água, ou seja, no mínimo o volume de xarope deve ser diluído em um mesmo volume
de água. Caso seja administrado 10mL de xarope, deve-se diluir em no mínimo 10mL de
água e posteriormente realizar a lavagem da sonda com um volume considerado de água.
No caso do antibiótico ciprofloxacino, deve-se parar a nutrição pelo menos 1 hora antes
de administrar o medicamento ou somente inserir o antibiótico duas horas após a
alimentação. E não se recomenda macerar, pois se trata de comprimido que possui
revestimento, não podendo destruí-lo.
O mesmo da maceração se recomenda, por exemplo, para a hidralazina, pois possui
revestimento, é uma drágea. Monitoramento da pressão deve ser constante e é preferível
deixar a administração da dieta de forma contínua.
Então, atenção para as formas farmacêuticas que não podem ser maceradas:
comprimidos revestidos e comprimidos de liberação lenta, pois pode fazer com que a
liberação da dose do principio ativo seja imediata e neste caso, é necessário que a
liberação ocorra de forma lenta para melhor resposta terapêutica. Cápsulas preenchidas
por micro grânulos não devem ser abertas, pois corre o risco de obstruir a sonda e
também de perder o efeito do medicamento.
4 Interações provocadas por agentes
usados nas alterações
gastroenterológicas
Grande parte dos medicamentos são administrados por via oral, ou seja, o processo
necessita de todo trato gastrintestinal. Com isso, as interações com os alimentos e os
nutrientes tem maior probabilidade de acontecer. O nutricionista precisa ter uma atenção
redobrada ao programar os horários das refeições e suplementações para não prejudicar
o tratamento farmacológico já realizado pelo paciente para alguma doença.
4.2 Interações com vitaminas lipossolúveis
O orlistat, fármaco utilizado para redução de peso e obesidade, atua inibindo a absorção
de gordura e as vitaminas A, D, E e K são lipossolúveis, consequentemente são eliminadas
nas fezes, precisando então suplementar.
Grandes doses de óleo mineral também interferem na absorção destas vitaminas acima
citadas além do betacaroteno, cálcio e fosfatos devido à barreira física e também à
redução do tempo do trânsito intestinal.
4.1 Interações com medicamentos para alterações no TGI
 
Vamos começar pelo omeprazol, um medicamento utilizado para úlceras, gastrites e
refluxos. Este medicamento tem sua absorção reduzida em até 50% quando tomado junto
de alimento, então se indica o consumo em jejum, preferencialmente pela manhã, e o
paciente só deve se alimentar de 40 a 60 minutos depois da ingestão. Quando for
necessária outraadministração durante o dia, segue a recomendação de aguardar pelo
menos 2 horas após alguma refeição e só voltar a ingerir alimentos após 40/60 minutos.
Outra interação importante a ser mencionada é a ingestão de café após uma refeição. A
cafeína reduz em 40% a absorção de ferro não-hêmico, o mesmo acontece quando
tomado simultaneamente à refeição ou após 1 hora da mesma. Pode ser ingerido então, 1
hora antes de alimentar-se, desta forma não é observada redução na absorção do ferro.
5 Interações provocadas por agentes que
atuam na inflamação e nos processos
infecciosos
Neste tópico abordaremos as interações referentes às inflamações, portanto a interação
entre alimentos e anti-inflamatórios esteroidais (também conhecidos como corticoides) e
os anti-inflamatórios não esteroidais, assim como de processos infecciosos onde estão os
antibióticos, antivirais, antiparasitários.
Muitos destes processos também envolvem dor, então aqui abordaremos também os
analgésicos (opioides e não-opioides) e suas possíveis interações com alimentos e
nutrientes.
5.1 Anti-inflamatórios e analgésicos
Um dos analgésicos mais utilizados é o paracetamol e ele interage com carboidratos. O
produto final da degradação do carboidrato é a glicose e lá no enterócito (intestino)
ocorrerá um antiporte glicose x paracetamol. Como o corpo precisará de glicose, ele não
captará o paracetamol. Com isso, o paracetamol vai seguir pela luz do intestino delgado e
grosso até ser eliminado na forma inalterada não chegando a ser absorvido. A dor não
passa, a febre não baixa e leva o paciente a achar que o medicamento não presta ou não
serve, mas na realidade pode ter sido aquela “comidinha” antes de tomar o medicamento.
Outra interação importante a ser citada é com relação ao tramadol, um analgésico opioide
com alta potencia muito utilizado em dores fortes e pós-procedimentos cirúrgicos.
Quando em contato com alimento, o pH do estômago é alterado, desta forma modifica a
absorção do tramadol e consequentemente seu efeito também é afetado.
Diclofenaco de colestiramina, utilizado para dores e inflamações, pode sequestrar ácidos
biliares e com isso interferir na absorção das gorduras prejudicando então as vitaminas
lipossolúveis A, D, E K. Portanto, quando tomado por um longo período de tempo, carece
de suplementação destas vitaminas.
Grande parte dos anti-inflamatórios não-esteroidais (nimesulida, ibuprofeno, cetoprofeno,
diclofenaco, etc.) podem causar irritação gástrica e náuseas, prejudicando diretamente a
ingestão alimentar.
5.2 Antibióticos, antiparasitários e antivirais
O albendazol comumente utilizado para matar vermes e parasitas tem sua absorção
melhorada quando consumido com gorduras. Os ácidos graxos facilitam, gerando um
simporte, a absorção do albendazol pela luz do intestino para a corrente sanguínea,
aumentando de 4 a 5 vezes. Este medicamento tem certa dificuldade de ser absorvido
então é importantíssima a orientação dessa associação. Muitos prescritores indicam tomar
na hora do almoço para garantir a presença de algum ácido graxo durante a absorção do
medicamento, mas o nutricionista pode auxiliar muito neste momento ofertando na dieta
as oleaginosas, abacates, queijos, chocolates e até uma fritura. Qual pessoa não iria gostar
de comer uma coxinha ou pastel neste momento, hein?
Com o antibiótico cloridrato de tetraciclina o alimento evitado deve ser o leite e seus
derivados lácteos, pois quando juntos, formam quelatos e isso diminui a absorção da
tetraciclina e do cálcio. Portanto, consumir leite e derivados até uma hora antes de tomar
o medicamento ou somente duas horas após.
O metronidazol, também da classe dos antibióticos, altera o paladar e deixa a boca seca
por alterar o fluxo salivar além de possíveis estomatites, isso pode interferir diretamente
na adequação do paciente à dieta, à ingestão dos alimentos como um todo.
Outro costume é, durante períodos de gripes, resfriados com infecções de garganta, se
tomar antibiótico e junto, a vitamina C. Ambos interagem quando consumidos juntos
inibindo a ação dos antibióticos.
Outro dado importante é a destruição da microbiota intestinal pelos antibióticos em geral
podendo gerar quadros diarreicos. Suplementar com probióticos é uma boa opção nestes
momentos.
6 Fármacos anti-hipertensivos e suas
interações com os alimentos
A seguir, discutiremos as interações dos fármacos anti-hipertensivos com alimentos
durante as fases farmacocinética e farmacodinâmica.
6.1 Interações com medicamentos anti-hipertensivos
durante a fase farmacocinética
Um dos medicamentos pertencentes a esta classe com alto volume de prescrição é o
propranolol. Este fármaco tem interação em nível de absorção, pois a modificação do pH
do conteúdo gastrointestinal pode afetar diretamente sua absorção e consequentemente
o efeito terapêutico esperado, de reduzir a pressão arterial, poderá não ser alcança
Um dos medicamentos pertencentes a esta classe com alto volume de prescrição é o
propranolol. Este fármaco tem interação em nível de absorção, pois a modificação do pH
do conteúdo gastrointestinal pode afetar diretamente sua absorção e consequentemente
o efeito terapêutico esperado, de reduzir a pressão arterial, poderá não ser alcançado.
Além disto, dietas hiperproteicas reduzem o metabolismo de fase I do propranolol.
A amilorida interage diretamente com cálcio, leite e queijo diminuindo sua
biodisponibilidade, enquanto a nifedipina tem esta mesma redução com alimentos em
geral e a metildopa com sais de ferro. O atenolol e medicamentos pertencentes à classe
dos bloqueadores de canais de cálcio não devem ser consumidos com suco de laranja,
pois essa associação diminui a absorção dos fármacos.
Os diuréticos, utilizados para reduzir a retenção hídrica e, por este fator, altera a excreção
de nutrientes importantes. O furosemida, um diurético potente, aumenta a excreção de
íons de potássio, cálcio, magnésio, sódio além da água e em contrapartida aumenta o
ácido úrico no organismo.
Enquanto a hidroclorotiazida também aumenta no organismo o ácido úrico, assim como a
glicose e triglicerídeos, e intensifica a excreção de íons de potássio, magnésio e sódio. Para
pacientes com câimbras devido ao excesso de eliminação de potássio é recomendado
associar o uso do espironolactona, diurético pertencente à classe dos “diuréticos
poupadores de potássio”.
6.2 Interação com anti-hipertensivos na fase
farmacodinâmica
Vamos começar pelo atenolol, metoprolol, nadolol e prazosina. Estes anti-hipertensivos
interagem com alguns alimentos específicos como gengibre (muito presente em dietas
atualmente), ginseng e pimenta caiena podendo alterar o efeito anti-hipertensivo. O
propranolol interage com aipo, alho, gengibre, ginseng, melão e pode aumentar o efeito
colateral de reduzir a glicemia.
Os medicamentos que estão na classe dos betabloqueadores, bloqueadores de canal de
cálcio, diuréticos e inibidores da enzina conversora de angiotensina também interagem
com gengibre, ginseng e pimenta caiena, mas chamo atenção para a interação com a erva-
de-são-joão, comumente prescrita como aliada aos planos alimentares.
7 Fármacos utilizados no tratamento da
obesidade
Muitos mitos se escondem por traz das terapias da obesidade e grande parte envolve
medicamento. O tratamento da obesidade deve ser realizado em um e individual para
cada paciente, levando sempre em consideração suas características individuais,
comorbidades, dificuldades, entre outros.
7.1 Obesidade e diagnóstico
A obesidade é doença da alteração da constituição corporal, com determinantes genéticos
e ambientais, definida pelo excesso das reservas corporais de gordura, que ocorre
quando, cronicamente, a oferta de calorias é maior que o gasto de energia, o que resulta
com frequência em prejuízos significantes para a saúde. Segundo dados mais recentes da
Organização Mundial de Saúde, 2,3 bilhões de pessoas no mundo estão com sobrepeso
ou obesidade. No Brasil, aproximadamente 20% da população está obesa e mais da
metade em sobrepeso, o que gera cerca de 80 mil mortespor ano decorrentes das
complicações desta doença.
As principais comorbidades associadas à obesidade são: hipertensão, diabetes,
osteoartrite, distúrbios respiratórios, câncer, além de depressão e ansiedade. Por se tratar
de doença multifatorial, está atrelada à genética, fatores ambientais, estilos de vida,
determinantes sociais, doenças (por exemplo, hipotireoidismo, hipogonadismo, Síndrome
de Cushing, transtornos alimentares e psiquiátricos) e medicamentos (por exemplo,
benzodiazepínicos, corticosteroides, antipsicóticos, antidepressivos tricíclicos,
anticoncepcionais, dentre outros).
O diagnóstico de sobrepeso e obesidade no Brasil é realizado através do cálculo do índice
de massa corporal (IMC) e consiste na divisão entre o peso (em quilogramas) e o quadro
da altura (em metros). Valores entre 20 e 25 são considerados normopesos e baixo risco
de complicações. No entanto, quanto maior for, o risco aumenta. Entre 25 e 30, sobrepeso
e acima de 30 obesidade.
7.2 Tratamentos da obesidade
O tratamento da obesidade deve ser realizado por equipe multidisciplinar de modo a
abordar questões como: alimentação adequada, realização de exercício físico,
psicoterapia, e ainda farmacoterapia. A indicação do tratamento medicamentoso é para
aqueles pacientes que exibem um IMC maior que 30, ou quando o indivíduo tem doenças
associadas ao excesso de peso com IMC superior a 25, em situações na quais o
tratamento com dieta, exercício ou aumento da atividade física e modificações
comportamentais provou ser infrutífero.
A farmacoterapia padrão no tratamento da obesidade consiste em medicamentos que
irão agir no sistema nervoso central (SNC), ou perifericamente inibindo a absorção de
gorduras ou mimetizando a ação de mediadores endócrinos endógenos.
Normalmente a terapia medicamentosa da obesidade se inicia com Sibutramina. Trata-se
de um medicamento anorexígeno, controlado, tarja preta, dispensado na farmácia a partir
de receituário B2. A sibutramina age no SNC inibindo a recaptação nos terminais
sinápticos de noradrenalina (NA) e serotonina (5-HT) e, em menor grau, de dopamina (DA),
aumentando consequentemente os níveis dos três principais neurotransmissores.
O aumento de NA, 5-HT e DA representa clinicamente o aumento da queima de gordura, o
aumento da saciedade e redução pela compulsão e anseio por alimentos,
respectivamente. A eficácia da sibutramina é de 7-10% de redução do peso corporal com
redução preferencial da gordura visceral. A perda máxima de peso é alcançada por volta
dos seis meses e mantida enquanto não for interrompida.
A sibutramina é eficaz no tratamento da obesidade, do sobrepeso e dos componentes da
síndrome metabólica (com aconselhamento nutricional e prática de atividade física).
Embora seja altamente eficaz, está associada a importantes efeitos adversos: boca seca,
constipação, cefaleia e insônia (10 a 20% dos casos), irritabilidade, ansiedade, náuseas,
taquicardia e hipertensão arterial. Este último consiste no principal efeito adverso desta
classe e, portanto, quaisquer eventos cardiovasculares contraindicam o uso de
sibutramina, tais como: doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral ou ataque
isquêmico transitório, arritmia cardíaca, insuficiência cardíaca congestiva, doença arterial
periférica ou hipertensão não controlada.
As anfetaminas consistem numa outra classe de fármacos anorexígenos, controlados e
dispensados através de receituários, cujos principais derivados são: anfepramona
(dietilpropiona), femproporex e mazindol. Elas atuam suprimindo o apetite por
estimulação da liberação de NA em sinapses nervosas e periféricas, com efeito inibitório
sobre os neurônios que induzem a fome.
Apresentam efeitos adversos similares à Sibutramina e muitos cuidados devem ser
tomados ao fazer uso de anfetaminas. Em caso de tolerância (perda de efeito), evitar o
aumento para doses excessivas. O paciente deve ter atenção redobrada ao operar
máquinas, veículos ou armas. Além disso, apresentam potencial dependência psicológica,
risco de depressão, extrema fadiga pós-interrupção abrupta e a overdose pode favorecer
psicose indistinguível de esquizofrenia, ou seja, necessariamente requer
acompanhamento de toda equipe multidisciplinar para monitorar efeitos e progressão da
terapia.
Outra opção medicamentosa que age no SNC só que mais tolerável são os inibidores
seletivos da receptação de serotonina (ISRS), e: Fluoxetina, Citalopram e Sertralina. Como o
próprio nome da classe sugere, eles aumentam os níveis apenas de serotonina
(diferentemente da Sibutramina e das anfetaminas), por isso o risco é menor.
Além de serem utilizados no tratamento da obesidade para complicações de humor e
redução da fome, apresentam indicações clássicas como: antidepressivo, pânico, bulimia e
transtorno compulsivo alimentar.
Como efeitos adversos, são observados: redução da libido e impotência sexual, insônia,
anorgasmia, agitação, xerostomia, náuseas, cefaléias.Além do que, deve-se ter atenção
com ativação de episódios maníacos ou ideação suicida. Claramente, os medicamentos
que atuam no SNC oferecem maiores riscos por alterar níveis de neurotransmissores.
Existe, porém, opções periféricas, como no caso dos inibidores da absorção de gorduras, o
Orlistat (Xenical®). O Orlistat inibe reversivelmente as lipases gástricas e pancreáticas, com
bloqueio da absorção de gordura. Assim, com menos gordura sendo absorvida, o
indivíduo vai reduzindo o peso. É eficaz no tratamento da obesidade, do sobrepeso e da
síndrome metabólica, associado ao aconselhamento nutricional e à prática de atividade
física.
Os principais efeitos adversos do Orlistat são: fezes gordurosas líquidas (esteatorreia),
urgência fecal, incontinência fecal, flatulência e, menos frequentemente, dores abdominais
e retais. É importante ressaltar que pode gerar comprometimento da absorção de
vitaminas lipossolúveis (vitaminas A, D, E e K), necessitando suplementá-las. Além disso,
pode interferir na absorção de fármacos lipofílicos como: amiodarona, warfarina,
ciclosporina, lamotrigina e anticonvulsivantes. O ideal é utilizá-lo até 2 vezes ao dia, antes
ou até uma hora após as principais refeições (almoço e jantar), em doses de 60 a 120 mg.
Uma abordagem recentemente aprovada para o tratamento da obesidade é o emprego
de peptídeos análogos ao glucagon tipo-1 (GLP-1), a Liraglutida (Victosa®) e Exenatida
(Saxenda®). Inicialmente utilizados no tratamento da diabetes mellitus tipo 2, passaram a
ser usados na obesidade pois se observou redução de peso nos indivíduos em
tratamento. Ambos os fármacos, quando administrados via subcutânea, induzem maior
liberação de insulina, consequentemente maior a sensação de saciedade. Logo, menor a
ingestão de alimentos e consequentemente maior a perda de peso.
Cabe ressaltar que se trata de dois medicamentos de alto custo e de baixa notificação de
farmacovigilância, ou seja, os efeitos adversos são pouco conhecidos até então.
8 Farmacologia do sistema endócrino:
hipoglicemiantes I
No próximo tópico abordaremos especificamente o caso da diabetes. Detalhando no que
esta enfermidade consiste, suas causas, diagnóstico e tratamento farmacológico
8.1 Diabetes: o que é, causas e diagnóstico
Diabetes mellitus (DM) é uma doença do metabolismo ocasionada pelo excesso de glicose
no sangue por uma falha na produção, liberação ou ação da insulina. Segundo dados mais
recentes da Organização Mundial da Saúde, a Diabetes Mellitus acomete meio bilhão de
pessoas no mundo e 12,5 milhões no Brasil (o equivalente a 7% da população brasileira).
A insulina é um hormônio chave envolvida na fisiopatologia dessa doença. Ela é produzida
pelo pâncreas e liberada na corrente sanguínea de acordo com a presença de glicose
(principalmente) e gorduras (ácidos graxos) provenientes da alimentação. Quando
liberada, a insulina se liga em receptores presentes na membrana das células de vários
órgãos ou tecidos – principalmente: cérebro (para produção contínua de energia), músculo
esquelético e fígado (para síntese de glicogênio e posteriorprodução de energia). Após
essa interação, estimula uma cascata de reações no interior das células, até alcançar o
núcleo e estimular a produção de transportadores de glicose, denominados de GLUTs.
Esses transportadores vão até a membrana captar a glicose para dentro das células onde
será convertida em energia.
Essa doença é classificada em dois tipos: diabetes tipo 1 (DM1) e tipo 2 (DM2). A tipo 1 é
causada pela destruição de células do pâncreas, causando deficiência absoluta de insulina.
Há maior ocorrência na fase juvenil. Enquanto que no tipo 2 ocorre pela resistência
insulínica e/ou deficiência de insulina sendo mais prevalente em adultos. Os pacientes
diabéticos, independente do tipo, apresentam sintomas muito semelhantes, como: fadiga
muscular, muita fome, sede e diurese, piora da visão, tontura, dificuldade na cicatrização,
complicações renais, dentre outros.
8.2 Tratamento farmacológico
Embora os sintomas sejam parecidos, a terapia medicamentosa é bastante diferente. Na
DM1, o tratamento preconizado é a utilização de insulina. O mesmo serve nos casos de
diabetes gestacional, pois este fármaco não ultrapassa a barreira hematoplacentária, isto é
não causa danos ao feto, sendo, então, contraindicados às gestantes todos os
hipoglicemiantes por via oral.
A insulina é classificada quanto à origem (animal, humana ou sintética), início e duração de
ação, existindo aquelas de ação: ultrarrápida (lispro), rápida (regular), intermediária (NPH
ou lenta), prolongada (ultralenta) e ultra-prolongada (degludeca), com picos de efeito
desde 1 hora e duração variando de 3 a 4 horas para as ultrarrápidas e picos estáveis de 8
a 20 horas com duração de 40 a 42 horas para as ultra-prologadas.
Em termos farmacocinéticos, a insulina é administrada por via endovenosa (somente em
casos de urgência), subcutânea rotineiramente, ou mais recentemente por via inalatória. É
distribuída pela albumina na corrente sanguínea na forma ligada (70-90%), sofre
metabolismo no fígado, rins e músculos, sendo excretada pelos rins.
Os efeitos adversos mais observados com o uso de insulina são: hipoglicemia, tonturas,
alergia, resistência à insulina, aumento (lipohipertrofia) ou diminuição (lipoatrofia) do
tecido adiposo decorrente das aplicações constantes, o que sugere rodízio dos locais de
aplicação (tecido subcutâneo de tríceps, abdômen e coxa).
A abordagem medicamentosa para o DM2 objetiva: aumentar a secreção de insulina
através de fármacos das classes Sulfoniluréias e Meglitinidas; ou aumentar a sensibilização
dos tecidos à ação da insulina, a partir das Biguanidas e Tiazolidinodionas; diminuir a
absorção de glicose no trato gastrointestinal, por meio dos inibidores da alfa-glicosidase; e
mimetizar a ação de análogos endógenos a fim de aumentar a liberação de insulina
(miméticos de incretinas).
Tanto as Sulfoniluréias quanto às Meglitinidas inibem canais de potássio nas células do
pâncreas gerando despolarização e abertura de canais de cálcio dependente de voltagem.
A presença de cálcio no interior das células induz, portanto, a secreção de insulina.
Pertencem à classe das Sulfoniuréias: Tolbutamida (curta duração) e Clorpropamida (longa
duração), ambas de primeira geração (menos potentes); além da Glipizida (curta duração)
e Glibenclamida (longa duração), ambas de segunda geração (mais potentes). Como
efeitos adversos, são observados: hipoglicemia, náuseas, vômitos e anemia hemolítica.
Esses fármacos são contraindicados para gestantes, lactantes, pacientes alérgicos, ou com
insuficiências hepática e renal. 
As Meglitinidas, Repaglinida e Nateglinida, são consideradas as de primeira escolha para
DM2 não controlada com dieta, pois são mais seletivas, apresentam rápida absorção,
curto efeito e baixo risco de hipoglicemia. São contraindicadas ou utilizadas com muita
cautela nos casos de gravidez, lactação e insuficiências hepática e renal.
Dentre os mais prescritos para o tratamento de DM2 estão os sensibilizadores de insulina,
dentre eles a biguanida Metformina cujo mecanismo de ação não está bem definido. No
entanto, sabe-se que este fármaco induz, dentre algumas ações farmacológicas:
diminuição da gliconeogênese e glicogenólise no fígado, da resistência à insulina, dos
níveis de colesterol e triglicerídeos, e aumenta o metabolismo da glicose nos tecidos, com
uma grande vantagem comparada aos antidiabéticos: não induz hipoglicemia. Logo, outros
efeitos adversos observados são: anorexia, sabor metálico ao paladar, náuseas, vômitos e
diarreia, redução da absorção intestinal de vitamina B12 e acidose láctica. É contraindicada
em casos de gravidez, lactação, insuficiência hepática e renal.
Uma curiosidade é o fato de a Metformina ser empregada no tratamento da Síndrome do
Ovário Policístico (SOP), pois as mulheres acometidas com esta doença também
apresentam resistência insulínica. A ação da insulina é fundamental para maturação e
formação do óvulo.
Pioglitazona e Rosiglitazona são outras duas opções de sensibilizadores de insulina
pertencentes à classe das Tiazolidinedionas, com ações farmacológicas semelhantes à
Metformina. São consideradas de primeira escolha para pacientes com DM2,
especialmente obesos com resistência insulínica. Apresenta baixa toxicidade, destacando
como principal efeito adverso a hepatotoxicidade.
Uma alternativa à redução da glicemia no sangue é evitar a absorção. Como a glicose é o
produto final do metabolismo de carboidratos, a última etapa consiste na quebra de
dissacarídeos em monossacarídeos através da enzima alfa-glicosidase. A Acarbose é capaz
de inibir essa enzima no intestino. Desse modo, há redução da absorção de glicose. Não
causa hipoglicemia e os efeitos adversos são mais direcionados ao trato gastrointestinal:
flatulência, distensão abdominal e diarreia. É contraindicada para gestantes, lactantes e
pacientes com transtornos crônicos de absorção intestinal.
Por fim, a estratégia mais recente é utilizar fármacos que mimetizem as incretinas que são
substâncias produzidas na parede do intestino que visam aumentar a liberação de
insulina, aumento a captação de glicose e controlar a glicemia. Dentre eles: o polipeptídeo
isulinotrópico dependente de glicose GIP e o peptídeo análogo ao glucagon tipo 1. Ambos
sofrem degradação pela enzima Dipeptidil Peptidase 4 (DPP-4) no intestino. Assim, foram
produzidos os inibidores da DPP-4: Sitagliptina, saxagliptina, alogliptina e linagliptina,
utilizados associados à dieta e exercício para baixar a glicose no sangue de adultos com
diabetes de tipo.
Existe ainda a opção parenteral, administrada via subcutânea, dos análogos do GLP-1:
Liraglutida (Victoza®) e Exenatida (Saxenda®). Ambos aumentam a liberação de insulina e
são indicados no tratamento de DM2 e mais recentemente para obesidade, para o qual se
observou redução de apetite e consequentemente do peso corporal.
BRUNTON, L. L.; LAZO, J. S.; PARKER, K. L. Goodman & Gilman As bases farmacológicas da terapêutica. Porto
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UOL. Conhecida como 'grapefruit', toranja pode ser fatal para quem toma certos medicamentos. UOL, 2013.
Disponível em:
https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2013/01/02/conhecida-como-grapefruit-toranja-
pode-ser-fatal-para-quem-toma-certos-medicamentos.htm
Acesso em 07/05/2020.
Referências Bibliográficas
https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2013/01/02/conhecida-como-grapefruit-toranja-pode-ser-fatal-para-quem-toma-certos-medicamentos.htm
1 Atualidade da farmacologia aplicada à
nutrição
 Vamos pensar no uso da farmacologia na nutrição. Até aqui, você játem bagagem
suficiente sobre o assunto, para entender que quando bem esquematizada e integrada, a
terapia farmacológica e a intervenção nutricional podem ser aliadas na busca da remissão
da doença e prevenção. É óbvio que podemos somar às duas outros tantos aspectos
importantes para esse fim, como a atividade física, por exemplo. Mas, nos atentaremos
apenas a farmácia e nutrição, tratando aqui sobre como as duas ciências se integram
atualmente.
A ciência farmacológica utiliza formulações químicas para que um princípio ativo, com
capacidade de melhorar uma alteração metabólica, seja empregado de maneira eficaz no
tratamento de doenças.
Tais princípios ativos podem ter origem natural ou química, e se de origem alimentar, são
denominados nutracêuticos. Ou seja, não é o alimento em si, apenas uma parte isolada, e
utilizada com o fim terapêutico de tratamento e/ou prevenção de doenças. Esses produtos
farmacêuticos podem ser comercializados na forma de cápsulas, pós, géis, entre outras, e
muitas vezes podem ser consideradas como suplementos dietéticos.
A busca pela saúde e qualidade de vida, pela ótica da nutrição, gira em torno do consumo
de produtos saudáveis e naturais. Naturais por que, principalmente nas últimas décadas,
percebe-se um grande consumo de alimentos processados e ultraprocessados, com
muitos ingredientes químicos (corantes, edulcorantes, estabilizantes, conservantes etc) e
sua associação com doenças crônicas.
A ciência da nutrição preza então, pela ingestão de alimentos saudáveis e tem como
mantra a famosa frase de Hipócrates (460 - 377 a. C.):“Que teu remédio seja teu alimento,
e que teu alimento seja teu remédio”.
Nesse sentido, é crescente a procura por alimentos com outros propósitos ademais da
simples nutrição. Espera-se que alguns alimentos possam ter efeitos fisiológicos, para
além de suas funções básicas. Esses alimentos são denominados alimentos funcionais, e
para receberem essa alegação, necessitam de pesquisas científicas para comprovação dos
efeitos fisiológicos ou funcionais. Nota-se a procura e uso desse tipo de alimento, tanto
por consumidores como pelos profissionais na prescrição das dietas.
1.1 Nutracêuticos
A farmacologia e a nutrição se unem fortemente quando produtos naturais ou dietéticos
são utilizados na farmacoterapia em complemento mútuo com a intervenção nutricional.
Apesar de ainda não haver uma definição legal para nutracêuticos no Brasil, o
conhecimento mundial dos benefícios desses produtos é cada vez mais interessante para
terapia nutricional, para auxiliar na melhoria da qualidade de vida, tanto na promoção de
saúde como na diminuição de doenças.
Diversas podem ser as categorizações dos nutracêuticos, por sua fonte alimentar, por sua
natureza química, ou seu mecanismo de ação. Fibras, vitaminas, minerais e probióticos,
são exemplos. Deve-se observar aqui, que cura e prevenção de doenças não devem ser
termos utilizados para esses produtos. As alegações de promoção à saúde investidas aos
nutracêuticos, podem criar uma relação de preferência aos medicamentos tradicionais por
seus riscos de toxicidade e efeitos adversos. Porém, cabe ressaltar que, principalmente o
uso sem prescrição de nutracêuticos, também pode levar a riscos de toxicidades e de
interações maléficas com fármacos ou nutrientes e comprometer a saúde, ao invés de
ajudar.
Nesse sentido, é extremamente necessário que haja regulamentações, além do incentivo à
pesquisa, para a garantia da produção de produtos de qualidade, com segurança e que
tenham a eficácia comprovada.
1.2 Legislação brasileira
A prescrição de suplementos dietéticos objetiva a melhoria de deficiências nutricionais ou
recurso ergogênico. No Brasil, os nutracêuticos podem ser considerados como sinônimo
de suplementos dietéticos e assim são denominados na legislação vigente no Brasil.
Por isso, apesar de reconhecermos que há diferenças já descritas na literatura científica
mundial entre os dois produtos (nutracêuticos e suplementos alimentares), iremos nos
ater à realidade brasileira, e descrever a legislação acerca dos suplementos dietéticos,
uma vez que não há definição clara.
Um novo marco legal foi publicado em 2018, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), com as novas regras para os suplementos alimentares, através de cinco
resoluções e uma instrução normativa que revogam algumas normas anteriores
referentes ao assunto, veja a seguir.
 A tabela traz três colunas e 7 linhas que descrevem as normas legais publicadas em 2018
sobre suplementos alimentares e as alterações pertinentes.
A Legislação brasileira define suplementos alimentares como produtos para ingestão
oral, apresentados em formas farmacêuticas, destinados a suplementar a alimentação de
indivíduos saudáveis com nutrientes, substâncias bioativas, enzimas ou probióticos,
isolados ou combinados (ANVISA, 2018).
Figura 1 - Normas legais vigentes no país sobre suplementos alimentares e suas respectivas
alteraçõesFonte: ANVISA, 2018 (Adaptado).
2 Introdução aos fitoterápicos
 
A fitoterapia é uma ciência que parte do uso de plantas para tratamento de doença. Ao
nutricionista também é permitido a prescrição de fitoterápicos, como veremos abaixo. No
Brasil, inclusive, o Ministério da Saúde incentiva o uso da fitoterapia no Sistema Único de
Saúde, o SUS, como parte da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
(PNPIC).
O uso de plantas medicinais não é algo novo. Com o advento dos medicamentos, o uso de
plantas medicinais foi por um tempo deixado de lado, mas atualmente, e com os
incentivos dos órgãos de saúde, em todo mundo a fitoterapia tem sido estudada,
recomendada e utilizada cada vez mais.
2.1 Utilização de fitoterápicos
A medicina, a farmácia e a nutrição podem e devem fazer uso da fitoterapia como
alternativa no processo terapêutica de melhoria de saúde de indivíduos.
Além disso, algumas espécies de plantas medicinais são conhecidas culturalmente para
tratamento de algumas doenças e usadas sem prescrição profissional. Isso demonstra que
os fitoterápicos foram aprovados há muito tempo em nível cultural. Por conta disso,
frequentemente, acredita-se que o consumo de fitoterápicos não causa mal para a saúde,
uma vez que são naturais. Porém, como toda substância ingerida em excesso, o risco de
toxicidade e interações é possível para esses compostos.
Diante disso, se faz muito importante que o profissional prescritor tenha embasamento
suficiente para orientar adequadamente o uso, e planejar a terapêutica de maneira que se
evite os efeitos adversos do consumo.
Em 2015 o CFN publicou a Resolução n° 556, alterando a Resolução CFN n°
525/2013, que regulamenta a prática da Fitoterapia pelo nutricionista,
atribuindo-lhe competências para, nas modalidades que especifica,
prescrever plantas e chás medicinais, medicamentos fitoterápicos, produtos
tradicionais fitoterápicos e preparações magistrais de fitoterápicos como
complemento da prescrição dietética.
O art. 3° desta resolução indica que o nutricionista graduado pode
prescrever plantas e chás medicinais. Porém, a prescrição de
medicamentos fitoterápicos, de produtos tradicionais fitoterápicos e de
preparações magistrais de fitoterápicos só pode ser realizada por
profissionais com o título de especialista em Fitoterapia, reconhecido pela
Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN).
2.2 Prescrição nutricional de fitoterápicos
Para o profissional nutricionista, a prescrição geralmente reflete a demanda de
atendimento, como concluído num estudo feito por David e Bello (2017). Esses autores
identificaram em revisão alguns fitoterápicos utilizados na prática clínica do nutricionista,
principalmente para emagrecimento e efeito ansiolítico.
Esse resultado pode indicar o pouco conhecimento dos profissionais acerca do tema, uma
vez que existe uma infinidade de fitoterápicos que podem ser utilizados em diversos usos
terapêuticos.
Para a correta prescrição, o profissional deve se certificar que o produto possui registro
simplificado, ou seja, não esteja na lista de prescrição médica,

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