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Manual de Pediatria e Puericultura

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Coordenação:
Denise de Oliveira Schoeps
Drauzio Viegas
Coordenação
Denise de Oliveira Schoeps
Drauzio Viegas
“ESTE EVENTO RECEBEU PATROCÍNIO DE EMPRESAS PRIVADAS, EM CONFORMIDADE COM
A LEI Nº 11.265, DE 3 DE JANEIRO DE 2006". “COMPETE DE FORMA PRIORITÁRIA AOS PROFISSIONAIS E AO
PESSOAL DE SAÚDE EM GERAL ESTIMULAR A PRÁTICA DO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO ATÉ OS
SEIS MESES E CONTINUANDO ATÉ OS DOIS ANOS DE IDADE OU MAIS”. PORTARIA Nº 2.051 DE 08/11/2001 -
MS E RESOLUÇÃO Nº 222 DE 05/08/2002 -ANVISA.
PREFÁCIO
	 Este	manual	foi	idealizado	com	muito	carinho	pelos	Profissionais	da	Pediatria	
Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da Fundação ABC, destinado a você, 
jovem estudante, para sensibilizá-lo quanto à importância da Pediatria e o “poder” 
que a Puericultura tem e também aos que militam no exercício da Pediatria, como 
forma de encorajá-los e assessorá-los nessa árdua tarefa.Queremos convidá-los 
a ser “Agentes Transformadores”.Acredito que a Puericultura poderá transformar 
o mundo, criando uma cultura de Paz, Respeito às diferenças, Solidariedade, Fra-
ternidade,	enfim,	Amor!
		 A	Puericultura	é	definida	como	um	conjunto	de	ensinamentos	e	práticas	visan-
do o adequado desenvolvimento físico, psíquico e social da criança. É a Medicina 
Preventiva da criança e do adolescente. Caminha de mãos dadas com a Pediatria.
 A Puericultura acompanha o indivíduo do nascimento até a vida adulta pro-
piciando que ele cresça e se desenvolva na plenitude de seu potencial, evitando 
doenças, protegendo-o de fatores ambientais e sociais dentro de uma sociedade 
injusta, agressiva, violenta, com muitas possibilidades de acidentes e intercorrên-
cias.Se algo contraria essa expectativa, entra em ação a Pediatria, recuperando o 
indivíduo e reduzindo danos.
 Aqui vocês receberão informações importantes quanto à avaliação do estado 
nutricional, alimentação adequada a cada faixa etária, calendário vacinal, etc.
Mas,	 isto	não	basta!	Cada	qual	terá	que	colocar	sua	“arte”,	seu	toque	pessoal,	
visando um bom relacionamento com a mãe de seu paciente, conquistando sua 
confiança,	sendo	perspicaz	para	dar	a	orientação	que	garantirá	mudanças	no	meio	
social, propiciando melhor desenvolvimento, segurança e afeto ao seu paciente.
Preceitos morais são fundamentais.
 Posso lhes garantir que exercer a Puericultura e a Pediatria com amor, compro-
misso,	no	rigor	do	respeito	à	criança	e	ao	adolescente	é	extremamente	gratifican-
te,	dignificante	e	nos	faz	sentir	mais	humanos!
 
Desejo	sucesso	a	todos:	autores	e	leitores!
Com especial carinho pediátrico,
 
Alice Lang Simões Santos
Presidente da Sociedade de Pediatria de São Paulo
Regional do Grande ABC.
(2007 / 2010)
4
1. O Exercício da Puericultura – histórico 7 
2. A Humanização na Consulta Pediátrica 11
3. Semiologia do Adolescente 16
4. Alimentação na Infância 22
5. O papel da Nutrição na Prevenção de Doenças 33
6. Crescimento 42
7. Avaliação do Crescimento 49
8. Desenvolvimento Infantil 71
9. Avaliação do Desenvolvimento Neuro-psicomotor 87
10. Imunização 96
11. Distúrbios de Audição e linguagem 104
12. Prevenção dos Distúrbios do Sono 114
13. Atividade Física na Infância e Adolescência 119
14. Transporte de Crianças e adolescentes em Veículos Automotores 123
15. Maus Tratos na Infância e Adolescência – Sinais de Alerta 130 
16. Crianças Adotivas: Informações que os Pediatras precisam conhecer 140
ÍndICEAPREsEntAçãO
 Este Manual nasceu da necessidade de padronização de conduta dos vários 
serviços de Puericultura da Faculdade de Medicina do ABC e não tem outra preten-
são	a	não	ser	um	instrumento	rápido	de	consulta	para	pediatras	e	outros	profis-
sionais que atuam em consultórios ou ambulatórios de pediatria. As informações 
aqui contidas foram resumidas de documentos da Organização Mundial de saúde, 
Ministério da Saúde e Sociedade de Pediatria.
	 Além	disso,	contou	com	a	participação	de	profissionais	não	médicos	abordando	
temas importantes para o desenvolvimento e crescimento saudáveis de crianças 
e adolescentes, como distúrbios auditivos, de sono, adoção, etc.
	 O	volume	ora	publicado	trata	especificamente	da	prevenção	e	do	diagnostico	
precoce em Pediatria e foi elaborado por professores, preceptores e colaboradores 
da Faculdade de Medicina do ABC.
	 Esperamos	que	seja	útil	e	que	atinja	sua	finalidade	maior	que	é	auxilia-los	no	
cuidado à saúde de crianças e adolescentes.
Denise de Oliveira Schoeps
Chefe do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina do ABC
Coordenadora de Ensino de Pediatria Preventiva e Social
5
1. O Exercício da Puericultura – histórico 7 
2. A Humanização na Consulta Pediátrica 11
3. Semiologia do Adolescente 16
4. Alimentação na Infância 22
5. O papel da Nutrição na Prevenção de Doenças 33
6. Crescimento 42
7. Avaliação do Crescimento 49
8. Desenvolvimento Infantil 71
9. Avaliação do Desenvolvimento Neuro-psicomotor 87
10. Imunização 96
11. Distúrbios de Audição e linguagem 104
12. Prevenção dos Distúrbios do Sono 114
13. Atividade Física na Infância e Adolescência 119
14. Transporte de Crianças e adolescentes em Veículos Automotores 123
15. Maus Tratos na Infância e Adolescência – Sinais de Alerta 130 
16. Crianças Adotivas: Informações que os Pediatras precisam conhecer 140
ÍndICEAPREsEntAçãO
 Este Manual nasceu da necessidade de padronização de conduta dos vários 
serviços de Puericultura da Faculdade de Medicina do ABC e não tem outra preten-
são	a	não	ser	um	instrumento	rápido	de	consulta	para	pediatras	e	outros	profis-
sionais que atuam em consultórios ou ambulatórios de pediatria. As informações 
aqui contidas foram resumidas de documentos da Organização Mundial de saúde, 
Ministério da Saúde e Sociedade de Pediatria.
	 Além	disso,	contou	com	a	participação	de	profissionais	não	médicos	abordando	
temas importantes para o desenvolvimento e crescimento saudáveis de crianças 
e adolescentes, como distúrbios auditivos, de sono, adoção, etc.
	 O	volume	ora	publicado	trata	especificamente	da	prevenção	e	do	diagnostico	
precoce em Pediatria e foi elaborado por professores, preceptores e colaboradores 
da Faculdade de Medicina do ABC.
	 Esperamos	que	seja	útil	e	que	atinja	sua	finalidade	maior	que	é	auxilia-los	no	
cuidado à saúde de crianças e adolescentes.
Denise de Oliveira Schoeps
Chefe do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina do ABC
Coordenadora de Ensino de Pediatria Preventiva e Social
6
1. O EXERCÍCIO dA PUERICULtURA
Alice Lang Simões Santos
Presidente da Sociedade de Pediatria de SP – regional do grande ABC; Coordenadora do 
Programa de Saude da Criança e do Adolescente de Santo André.
 Falar da História da Puericultura no mundo e no Brasil seria algo extenso, assunto para 
um	livro	específico,	que	já	existe	por	iniciativa	da	Sociedade	Brasileira	de	Pediatria.Sabe-se		
que no Código de Hamurabi (2500 a.C ) haviam leis de proteção à criança; Hipócrates (460 
a.C.) defendia o aleitamento materno, sendo o primeiro a reconhecer sua importância na 
diminuição da mortalidade infantil.
 No século XII, surge em Roma o Asilo do Espírito Santo com a “roda” para recolher 
crianças	abandonadas	de	forma	sigilosa	e,	sob	influência	do	Cristianismo,	na	Idade	Média	
um clima de amor e caridade em relação à criança domina a Europa.
 No Brasil, em 1738, Romão de Mattos Duarte funda a “Roda dos Expostos na Misericórdia 
do Rio de Janeiro”, similar às da Europa.Há referências ao “Patrono da Independência”, José 
Bonifácio de Andrada e Silva, por seus esforços em proteger as escravas durante a gravidez 
e amamentação.
 Todas as ações e instrumentos que levem à proteção da criança e do adolescente e pro-
piciem seu pleno desenvolvimento nos aspectos biopsicosociais são considerados ações da 
Puericultura. Assim, a Declaração dos Direitos da Criança, em 20 de novembro de 1959,pela 
Organização das Nações Unidas, o Estatuto da Criança e do Adolescente, de 13 de julho de 
1990, são instrumentos da Puericultura.
							A	Pediatria,	em	bases	científicas,	surgecom	Carlos	Arthur	Moncorvo	de	Figueiredo,	no	
final	do	século	XIX,	sendo	o	responsável	pela	formação	dos	primeiros	pediatras	do	Brasil,	
na Policlínica do Rio de Janeiro, onde criou o primeiro curso regular de pediatria.Moncorvo 
também criou o “Regulamento para Amas de Leite”, em 1880, buscando bases éticas, uma 
vez que tal atividade, em sua maioria, era praticada por escravas ou negras alforriadas.
 O Pediatra deve ser, acima de tudo, um amante da criança e do adolescente e seu defen-
sor. Ambos devem ser vistos como sujeitos de direitos. É preciso ensinar aos pais a amá-los, 
respeitá-los e criá-los num ambiente familiar 
seguro, livre de qualquer forma de constrangimento.O amor materno não é algo instintivo 
como já se pensou.
							Não	dá	para	pensar	numa	sociedade	melhor,	pacífica,	justa,	sem	pensar	num	ser	hu-
mano com pleno desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, com um organismo saudável, 
garantido por uma alimentação adequada desde seu nascimento, pela imunização, por hábi-
tos de vida saudáveis como a prática de atividades esportivas e a eliminação do tabagismo, 
álcool e drogas.
 O que se quer é uma vida com qualidade, que leve o indivíduo ao exercício da cidadania 
e ao mercado de trabalho, o que garantirá a sua autonomia. Hoje sabemos que a origem 
das doenças crônicas da vida adulta está na infância.Portanto, cabe a nós, Pediatras, ba-
talhar por condições de saúde adequadas, por uma melhor educação de nossas crianças, o 
que garantirá um melhor desenvolvimento intelectual que propiciará ao indivíduo, quando 
adulto, desenvolver o autocuidado,tão fundamental,e a consciência de sua responsabilidade 
pela própria saúde.Também precisamos batalhar por um sistema de saúde pública melhor, 
com maior investimento do Estado. Se não houver um adequado investimento na criança, no 
futuro não haverá recursos para tratar as doenças crônicas não transmissíveis dos adultos. 
7
1. O EXERCÍCIO dA PUERICULtURA
Alice Lang Simões Santos
Presidente da Sociedade de Pediatria de SP – regional do grande ABC; Coordenadora do 
Programa de Saude da Criança e do Adolescente de Santo André.
 Falar da História da Puericultura no mundo e no Brasil seria algo extenso, assunto para 
um	livro	específico,	que	já	existe	por	iniciativa	da	Sociedade	Brasileira	de	Pediatria.Sabe-se		
que no Código de Hamurabi (2500 a.C ) haviam leis de proteção à criança; Hipócrates (460 
a.C.) defendia o aleitamento materno, sendo o primeiro a reconhecer sua importância na 
diminuição da mortalidade infantil.
 No século XII, surge em Roma o Asilo do Espírito Santo com a “roda” para recolher 
crianças	abandonadas	de	forma	sigilosa	e,	sob	influência	do	Cristianismo,	na	Idade	Média	
um clima de amor e caridade em relação à criança domina a Europa.
 No Brasil, em 1738, Romão de Mattos Duarte funda a “Roda dos Expostos na Misericórdia 
do Rio de Janeiro”, similar às da Europa.Há referências ao “Patrono da Independência”, José 
Bonifácio de Andrada e Silva, por seus esforços em proteger as escravas durante a gravidez 
e amamentação.
 Todas as ações e instrumentos que levem à proteção da criança e do adolescente e pro-
piciem seu pleno desenvolvimento nos aspectos biopsicosociais são considerados ações da 
Puericultura. Assim, a Declaração dos Direitos da Criança, em 20 de novembro de 1959,pela 
Organização das Nações Unidas, o Estatuto da Criança e do Adolescente, de 13 de julho de 
1990, são instrumentos da Puericultura.
							A	Pediatria,	em	bases	científicas,	surge	com	Carlos	Arthur	Moncorvo	de	Figueiredo,	no	
final	do	século	XIX,	sendo	o	responsável	pela	formação	dos	primeiros	pediatras	do	Brasil,	
na Policlínica do Rio de Janeiro, onde criou o primeiro curso regular de pediatria.Moncorvo 
também criou o “Regulamento para Amas de Leite”, em 1880, buscando bases éticas, uma 
vez que tal atividade, em sua maioria, era praticada por escravas ou negras alforriadas.
 O Pediatra deve ser, acima de tudo, um amante da criança e do adolescente e seu defen-
sor. Ambos devem ser vistos como sujeitos de direitos. É preciso ensinar aos pais a amá-los, 
respeitá-los e criá-los num ambiente familiar 
seguro, livre de qualquer forma de constrangimento.O amor materno não é algo instintivo 
como já se pensou.
							Não	dá	para	pensar	numa	sociedade	melhor,	pacífica,	justa,	sem	pensar	num	ser	hu-
mano com pleno desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, com um organismo saudável, 
garantido por uma alimentação adequada desde seu nascimento, pela imunização, por hábi-
tos de vida saudáveis como a prática de atividades esportivas e a eliminação do tabagismo, 
álcool e drogas.
 O que se quer é uma vida com qualidade, que leve o indivíduo ao exercício da cidadania 
e ao mercado de trabalho, o que garantirá a sua autonomia. Hoje sabemos que a origem 
das doenças crônicas da vida adulta está na infância.Portanto, cabe a nós, Pediatras, ba-
talhar por condições de saúde adequadas, por uma melhor educação de nossas crianças, o 
que garantirá um melhor desenvolvimento intelectual que propiciará ao indivíduo, quando 
adulto, desenvolver o autocuidado,tão fundamental,e a consciência de sua responsabilidade 
pela própria saúde.Também precisamos batalhar por um sistema de saúde pública melhor, 
com maior investimento do Estado. Se não houver um adequado investimento na criança, no 
futuro não haverá recursos para tratar as doenças crônicas não transmissíveis dos adultos. 
8
BREVE HIstÓRIA dA PEdIAtRIA nO ABC
Luiz Alberto da Silva
Prof. Assistente da Disciplina de Clinica Pediátrica da FMABC. 
 Na década de 1960 foi criada a Fundação de Assistência à Infância de Santo André – 
FAISA, um marco histórico da Pediatria, não só em Santo André como em todo o ABC.
 A FAISA foi pioneira sob vários aspectos, dentro os quais: foi estruturada de forma 
incomum	em	serviços	médico-assistencias;	traçada	uma	filosofia	inicial	de	atenção	médico-
-assistencial, a mesma teve continuidade, fato inusitado em nosso País; imprimiu um ritmo 
de	seriedade,	granjeando	a	confiança	da	comunidade	e		resgatando	o	prestigio	do	serviços	
assistenciais de utilidade publica.
 A Profª. Dra. Maria Aparecida Sampaio Zacchi, com larga experiência na formação de pe-
diatras na Clínica Infantil do Ipiranga e Livre-Docente de Pediatria da Faculdade de Medicina 
da Universidade de São Paulo, assumiu como Superintendente da FAISA, cujas atividades 
tiveram início em 01 de junho de 1967.
 A FAISA cresceu e desenvolveu-se dentro de um pioneirismo sem precedentes, mostran-
do-se à comunidade pediátrica brasileira e internacional como a expressão maior da visão, 
do arrojo e da tenacidade da Dra. Zacchi. As suas bases conceituais e o desenvolvimento das 
suas atividades constituíam-se em pressupostos que, em grande parte, foram compatíveis 
com aqueles do Sistema Único de Saúde – SUS, que seria criado duas décadas após.
 Na FAISA a Dra. Zacchi reuniu uma pleiade de pediatras, dentro os quais destacamos: 
Marie Louise Stein, Emilio Jaldin Calderón, Pedro Luiz Gaiarsa, Neusa Falbo Wandalsen, Luiz 
Alberto da Silva, Neide / Mauricio Tangary, Wilma Tomazini, Alice Lang Simões Santos, Maria 
de Fátima Salgado, Maria de Lourdes Falcão Belo, Maria de Assunção/Robinson Guimarães 
Lins, Plínio Moreira, Sóstenes José da Silveira Teixeira, Wlademyr Moya de Godoy.
 Uma das preocupações da Diretoria da FAISA foi criar um Centro de Estudos (CEFAISA), 
que	congregava	todos	os	profissionais	universitários	da	Instituição,	propiciando	a	oportu-
nidade de atividades de educação permanente, através de reuniões aos sábados, visando 
manter a melhor qualidade possível na assistência prestada aos usuários. Vale lembrar que 
não era um serviço escola.
 Nesta época, na região, atuavam com destaque alguns médicos pediatras: Alfredo Bar-
bosa, Hélio da Matta Souza, Peretz Krakauer, Adanor Quadros, Osvaldo Nacione, Lair Carlos 
Rodrigues, Israel Zecker, Nilton Fernandes de Oliveira, em Santo André: Cesar Magnus Pus-
ch e Enzo Ferrari, em São Bernardo; Elbe Moulin Sardemberg e Nestor Berilo Barbosa,em 
São Caetano.
 No ano de 1973, foi criada a Disciplina de Pediatria da Faculdade de Medicina do ABC, 
que teve como primeira regente a Profª. Dra. Maria Aparecida Sampaio Zacchi. Nesta Dis-
ciplina, cujo ensino prático passou a ser exercido nos Serviços da FAISA, a Profª. Zacchi 
compôs a sua equipe com os pediatras Adanor Quadros, Suetoshi Takashima, Lair Carlos 
Rodrigues, além de elementos do corpo clínico da FAISA (Marie Louise Stein, Emilio Calde-
ron, Pedro Gaiarsa, Luiz Alberto da Silva e Silvia Espiridião), nos primórdios. Depois vieram 
Drauzio Viegas, Pedro Muñoz Fernandez, Ligia de Fátima Nóbrega Reato, Marisa Lazzer Poit, 
Neusa Falbo Wandalsen, Roseli Oselka Saccardo Sarni, Denise de Oliveira Schoeps, Maria 
Aparecida Dix Chehab, Rosa Maria Pinto de Aguiar, Sandra Mitie Ueda de Palma, Simone 
Holzer, Marisa da Silva Laranjeira e outros. 
Referências Bibliográficas:
1. Alcântara, Pedro; Marcondes, Eduardo.
 Pediatria Básica – São Paulo: Sarvier, 1970.
2. Crespin, Jacques
 Puericultura: ciência, arte e amor.
 Jacques Crespin - São Paulo: Ed. Fundação Byk, 1972.
3. Crespin, Jacques
 Puericultura: ciência, arte e amor.
 Jacques Crespin – 3ªed.rev. e ampliada – São Paulo: Roca, 2007
9
BREVE HIstÓRIA dA PEdIAtRIA nO ABC
Luiz Alberto da Silva
Prof. Assistente da Disciplina de Clinica Pediátrica da FMABC. 
 Na década de 1960 foi criada a Fundação de Assistência à Infância de Santo André – 
FAISA, um marco histórico da Pediatria, não só em Santo André como em todo o ABC.
 A FAISA foi pioneira sob vários aspectos, dentro os quais: foi estruturada de forma 
incomum	em	serviços	médico-assistencias;	traçada	uma	filosofia	inicial	de	atenção	médico-
-assistencial, a mesma teve continuidade, fato inusitado em nosso País; imprimiu um ritmo 
de	seriedade,	granjeando	a	confiança	da	comunidade	e		resgatando	o	prestigio	do	serviços	
assistenciais de utilidade publica.
 A Profª. Dra. Maria Aparecida Sampaio Zacchi, com larga experiência na formação de pe-
diatras na Clínica Infantil do Ipiranga e Livre-Docente de Pediatria da Faculdade de Medicina 
da Universidade de São Paulo, assumiu como Superintendente da FAISA, cujas atividades 
tiveram início em 01 de junho de 1967.
 A FAISA cresceu e desenvolveu-se dentro de um pioneirismo sem precedentes, mostran-
do-se à comunidade pediátrica brasileira e internacional como a expressão maior da visão, 
do arrojo e da tenacidade da Dra. Zacchi. As suas bases conceituais e o desenvolvimento das 
suas atividades constituíam-se em pressupostos que, em grande parte, foram compatíveis 
com aqueles do Sistema Único de Saúde – SUS, que seria criado duas décadas após.
 Na FAISA a Dra. Zacchi reuniu uma pleiade de pediatras, dentro os quais destacamos: 
Marie Louise Stein, Emilio Jaldin Calderón, Pedro Luiz Gaiarsa, Neusa Falbo Wandalsen, Luiz 
Alberto da Silva, Neide / Mauricio Tangary, Wilma Tomazini, Alice Lang Simões Santos, Maria 
de Fátima Salgado, Maria de Lourdes Falcão Belo, Maria de Assunção/Robinson Guimarães 
Lins, Plínio Moreira, Sóstenes José da Silveira Teixeira, Wlademyr Moya de Godoy.
 Uma das preocupações da Diretoria da FAISA foi criar um Centro de Estudos (CEFAISA), 
que	congregava	todos	os	profissionais	universitários	da	Instituição,	propiciando	a	oportu-
nidade de atividades de educação permanente, através de reuniões aos sábados, visando 
manter a melhor qualidade possível na assistência prestada aos usuários. Vale lembrar que 
não era um serviço escola.
 Nesta época, na região, atuavam com destaque alguns médicos pediatras: Alfredo Bar-
bosa, Hélio da Matta Souza, Peretz Krakauer, Adanor Quadros, Osvaldo Nacione, Lair Carlos 
Rodrigues, Israel Zecker, Nilton Fernandes de Oliveira, em Santo André: Cesar Magnus Pus-
ch e Enzo Ferrari, em São Bernardo; Elbe Moulin Sardemberg e Nestor Berilo Barbosa, em 
São Caetano.
 No ano de 1973, foi criada a Disciplina de Pediatria da Faculdade de Medicina do ABC, 
que teve como primeira regente a Profª. Dra. Maria Aparecida Sampaio Zacchi. Nesta Dis-
ciplina, cujo ensino prático passou a ser exercido nos Serviços da FAISA, a Profª. Zacchi 
compôs a sua equipe com os pediatras Adanor Quadros, Suetoshi Takashima, Lair Carlos 
Rodrigues, além de elementos do corpo clínico da FAISA (Marie Louise Stein, Emilio Calde-
ron, Pedro Gaiarsa, Luiz Alberto da Silva e Silvia Espiridião), nos primórdios. Depois vieram 
Drauzio Viegas, Pedro Muñoz Fernandez, Ligia de Fátima Nóbrega Reato, Marisa Lazzer Poit, 
Neusa Falbo Wandalsen, Roseli Oselka Saccardo Sarni, Denise de Oliveira Schoeps, Maria 
Aparecida Dix Chehab, Rosa Maria Pinto de Aguiar, Sandra Mitie Ueda de Palma, Simone 
Holzer, Marisa da Silva Laranjeira e outros. 
Referências Bibliográficas:
1. Alcântara, Pedro; Marcondes, Eduardo.
 Pediatria Básica – São Paulo: Sarvier, 1970.
2. Crespin, Jacques
 Puericultura: ciência, arte e amor.
 Jacques Crespin - São Paulo: Ed. Fundação Byk, 1972.
3. Crespin, Jacques
 Puericultura: ciência, arte e amor.
 Jacques Crespin – 3ªed.rev. e ampliada – São Paulo: Roca, 2007
10
2. A HUMAnIZAçãO nA COnsULtA PEdIÁtRICA
Drauzio Viegas
Professor titular de Clínica Pediátrica da FMABC; Professor Livre Docente pela Faculdade de 
Ciências Médicas de Santos, Doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
O recado veio pela internet:
Cirurgião para operar o pintinho do Gustavo.
E o texto:
	 Doutor,	não	vou	operar	meu	filho	com	o	médico	que	o	senhor	indicou.	Ele	não	leu	ainda	
o	seu	livro	sobre	humanização.	Um	abraço	e	obrigada.	Raquel.			
	 Ontem	a	mãe	trouxe	o	menino	com	fimose	ao	meu	consultório	e	explicou:
	 -	É	um	médico	muito	antipático.	Quis	marcar	a	operação	da	fimose	do	Gustavo	para	o	dia	
do início da Copa do Mundo. Como a cirurgia não é urgente e nesse dia o trânsito é muito 
complicado,	perguntei	se	ela	não	poderia	ser	feita	durante	as	férias	de	julho	de	meu	filho.	
 Ele não aceitou:
	 -	Não	gosto	de	futebol.	A	que	hora	começa	a	Copa	do	Mundo?
	 -	Às	15h30.
	 -	Então	dou	alta	ao	seu	filho	às	13	horas.
	 Marquei	e	depois	desmarquei	a	operação.	Assim	não	dá.	
	 Indiquei	outro	cirurgião.	Foi	tudo	bem.	O	Gustavinho	está	preparado	para	o	futuro.	
 Essa foi uma relação médico-paciente-família defeituosa. Faltou a compreensão do cirur-
gião em uma situação tão simples. Humanização. 
 Humanização é o uso do conhecimento com sensibilidade. Sensibilidade nessa relação 
é perceber a necessidade do outro, se possível procurar atendê-la, ou, ao menos, com-
preendê-la. Mostrar interesse, a busca de uma solução – nem sempre o médico cura, mas 
procurar melhor qualidade de vida para o doente e sua família é sempre o ideal, o que nem 
sempre conseguimos - a vida é misteriosa, às vezes tem seus segredos que a gente não 
consegue descobrir, nos sentimos frustrados. O conhecimento ou perspicácia não bastam - 
é	preciso	adivinhar,	mas	quando	dá	certo,	quanta	felicidade!
 Em todos os momentos e locais o médico tem que se preocupar com isso, a solução, 
mesmo que parcial – sua missão é prevenir, diminuir ou afastar o sofrimento – e este não é 
apenas a dor, mas também a ansiedade e a angústia, a necessidade de orientação. 
 Ser médico nem sempre é fácil, mas ele é uma pessoa especial. E nós, pediatras, somos 
privilegiados: uma pessoa nasce e você está, de certo modo e mesmo sem perceber, parti-
cipando de toda a sua vida – o seu crescimento e desenvolvimento, prevenindo ou tratando 
doenças que, no futuro, possam deixá-la ou não feliz. Somos educadores, transmitimos 
cultura, sociabilidade, noções de responsabilidade e oportunidades para desabrochar o seu 
potencial. Cultivamos a sensibilidade com ela, e a família, com a comunidade. Tornando-
-as mais humanas. Sem exagero, como médicos somos pessoas especiais sim, e, por isso, 
muito	responsáveis	pela	humanização.		Isto	traz	modificações	em	nossas	vidas,	gratidão,	
formação de vínculos que persistem. E que nos deixam realizados e felizes.
 Na humanização a consulta médica é um momento excepcional. É onde a relação pro-
fissional-paciente-família	 se	 realizade	modo	 completo,	 se	 conseguirmos	 torná-la	 assim.	
Vamos analisar alguns aspectos do ambiente, do paciente ou doente, sua família, o médico 
e a equipe de saúde.
 A integração entre FAISA e Faculdade de Medicina do ABC veio contribuir enormemente 
na	constante	qualificação	dos	profissionais,	resultando	dest’arte	uma	contínua	melhoria	da	
assistência prestada, sobretudo na atenção primária, bem como o surgimento de serviços 
especializados.
 No período de 4 a 7 de julho 1987, realizou-se em Santo André, o I Congresso de Pe-
diatria do ABCD, como parte integrante das comemorações dos 20 anos da FAISA. Vale 
registrar que este congresso nasceu da iniciativa de três pediatras da região: Cesar Magnus 
Pusch (São Bernardo), Elbe Moulin Sardemberg (São Caetano) e Luiz Alberto da Silva (Santo 
André), com periodicidade prevista para realização a cada 2 anos, rodiziando-se o municí-
pio sede, em ordem alfabética (inclusive Diadema). É oportuno referir que já vivemos o IX 
Congresso de Pediatria do ABCD.
 Em 1992 era fundada a Sociedade de Pediatria do Grande ABC, liderada por uma Co-
missão Organizadora composta por: Cesar Magnus Pusch, Francisco Ribeiro Pintão (seu pri-
meiro presidente), Hélio Krakauer, Jair Marcelo Kuhn, Luiz Alberto da Silva, Marcio Armani, 
Wasni Esqueisaro Junior, Nestor Berilo Barbosa e Wayner Leonardi.
 A Sociedade de Pediatria do Grande ABCD (SPGABC), que tem foros de regional da 
Sociedade	de	Pediatria	de	São	Paulo,	promove	atividades	cientificas	e	culturais	voltada	aos	
seus membros.
 Visando a garantia da perpetuidade dos congressos pediátricos e, sobretudo, para feli-
cidade e tranqüilidade dos seus mentores, a SPGABC assumiu inteiramente o compromisso 
de mantê-los. 
 Foi eleita em novembro de 2009, como Chefe do Departamento de Pediatria da Facul-
dade de Medicina do ABC, a Dra. Denise de Oliveira Schoeps que, na Disciplina de Clinica 
Pediátrica, é responsável pela área de Pediatria Preventiva e Social, setor fundamental na 
busca incessante de atividades docente-assistenciais consentâneas com a preocupação ho-
lística em busca da saúde integral de nossa infância.
11
2. A HUMAnIZAçãO nA COnsULtA PEdIÁtRICA
Drauzio Viegas
Professor titular de Clínica Pediátrica da FMABC; Professor Livre Docente pela Faculdade de 
Ciências Médicas de Santos, Doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
O recado veio pela internet:
Cirurgião para operar o pintinho do Gustavo.
E o texto:
	 Doutor,	não	vou	operar	meu	filho	com	o	médico	que	o	senhor	indicou.	Ele	não	leu	ainda	
o	seu	livro	sobre	humanização.	Um	abraço	e	obrigada.	Raquel.			
	 Ontem	a	mãe	trouxe	o	menino	com	fimose	ao	meu	consultório	e	explicou:
	 -	É	um	médico	muito	antipático.	Quis	marcar	a	operação	da	fimose	do	Gustavo	para	o	dia	
do início da Copa do Mundo. Como a cirurgia não é urgente e nesse dia o trânsito é muito 
complicado,	perguntei	se	ela	não	poderia	ser	feita	durante	as	férias	de	julho	de	meu	filho.	
 Ele não aceitou:
	 -	Não	gosto	de	futebol.	A	que	hora	começa	a	Copa	do	Mundo?
	 -	Às	15h30.
	 -	Então	dou	alta	ao	seu	filho	às	13	horas.
	 Marquei	e	depois	desmarquei	a	operação.	Assim	não	dá.	
	 Indiquei	outro	cirurgião.	Foi	tudo	bem.	O	Gustavinho	está	preparado	para	o	futuro.	
 Essa foi uma relação médico-paciente-família defeituosa. Faltou a compreensão do cirur-
gião em uma situação tão simples. Humanização. 
 Humanização é o uso do conhecimento com sensibilidade. Sensibilidade nessa relação 
é perceber a necessidade do outro, se possível procurar atendê-la, ou, ao menos, com-
preendê-la. Mostrar interesse, a busca de uma solução – nem sempre o médico cura, mas 
procurar melhor qualidade de vida para o doente e sua família é sempre o ideal, o que nem 
sempre conseguimos - a vida é misteriosa, às vezes tem seus segredos que a gente não 
consegue descobrir, nos sentimos frustrados. O conhecimento ou perspicácia não bastam - 
é	preciso	adivinhar,	mas	quando	dá	certo,	quanta	felicidade!
 Em todos os momentos e locais o médico tem que se preocupar com isso, a solução, 
mesmo que parcial – sua missão é prevenir, diminuir ou afastar o sofrimento – e este não é 
apenas a dor, mas também a ansiedade e a angústia, a necessidade de orientação. 
 Ser médico nem sempre é fácil, mas ele é uma pessoa especial. E nós, pediatras, somos 
privilegiados: uma pessoa nasce e você está, de certo modo e mesmo sem perceber, parti-
cipando de toda a sua vida – o seu crescimento e desenvolvimento, prevenindo ou tratando 
doenças que, no futuro, possam deixá-la ou não feliz. Somos educadores, transmitimos 
cultura, sociabilidade, noções de responsabilidade e oportunidades para desabrochar o seu 
potencial. Cultivamos a sensibilidade com ela, e a família, com a comunidade. Tornando-
-as mais humanas. Sem exagero, como médicos somos pessoas especiais sim, e, por isso, 
muito	responsáveis	pela	humanização.		Isto	traz	modificações	em	nossas	vidas,	gratidão,	
formação de vínculos que persistem. E que nos deixam realizados e felizes.
 Na humanização a consulta médica é um momento excepcional. É onde a relação pro-
fissional-paciente-família	 se	 realiza	 de	modo	 completo,	 se	 conseguirmos	 torná-la	 assim.	
Vamos analisar alguns aspectos do ambiente, do paciente ou doente, sua família, o médico 
e a equipe de saúde.
 A integração entre FAISA e Faculdade de Medicina do ABC veio contribuir enormemente 
na	constante	qualificação	dos	profissionais,	resultando	dest’arte	uma	contínua	melhoria	da	
assistência prestada, sobretudo na atenção primária, bem como o surgimento de serviços 
especializados.
 No período de 4 a 7 de julho 1987, realizou-se em Santo André, o I Congresso de Pe-
diatria do ABCD, como parte integrante das comemorações dos 20 anos da FAISA. Vale 
registrar que este congresso nasceu da iniciativa de três pediatras da região: Cesar Magnus 
Pusch (São Bernardo), Elbe Moulin Sardemberg (São Caetano) e Luiz Alberto da Silva (Santo 
André), com periodicidade prevista para realização a cada 2 anos, rodiziando-se o municí-
pio sede, em ordem alfabética (inclusive Diadema). É oportuno referir que já vivemos o IX 
Congresso de Pediatria do ABCD.
 Em 1992 era fundada a Sociedade de Pediatria do Grande ABC, liderada por uma Co-
missão Organizadora composta por: Cesar Magnus Pusch, Francisco Ribeiro Pintão (seu pri-
meiro presidente), Hélio Krakauer, Jair Marcelo Kuhn, Luiz Alberto da Silva, Marcio Armani, 
Wasni Esqueisaro Junior, Nestor Berilo Barbosa e Wayner Leonardi.
 A Sociedade de Pediatria do Grande ABCD (SPGABC), que tem foros de regional da 
Sociedade	de	Pediatria	de	São	Paulo,	promove	atividades	cientificas	e	culturais	voltada	aos	
seus membros.
 Visando a garantia da perpetuidade dos congressos pediátricos e, sobretudo, para feli-
cidade e tranqüilidade dos seus mentores, a SPGABC assumiu inteiramente o compromisso 
de mantê-los. 
 Foi eleita em novembro de 2009, como Chefe do Departamento de Pediatria da Facul-
dade de Medicina do ABC, a Dra. Denise de Oliveira Schoeps que, na Disciplina de Clinica 
Pediátrica, é responsável pela área de Pediatria Preventiva e Social, setor fundamental na 
busca incessante de atividades docente-assistenciais consentâneas com a preocupação ho-
lística em busca da saúde integral de nossa infância.
12
profissionais	das	UTIs.
5. Procure descansar, cultivar o lazer, o apoio familiar e de sua equipe. 
6. Leia sobre humanização, participe de reuniões, jornadas e congressos sobre este tema.
7. Preste atenção em certos médicos humanizados e procure segui-los como modelos.
 Tenha muito cuidado, evite você ser a causa de reclamações dos pacientes e suas fa-
mílias,	sua	imagem	fica	muito	ruim.		Mas	lute	pelos	seus	direitos	e	pela	melhoria	das	
condições de atendimento. O sistema de trabalho, as autoridades, os gestores, inclusive 
você, todos são responsáveis pelos seus pacientes.
Paciente
 No consultório a expressão mais utilizada é cliente, o que na prática se equivale a pa-
ciente. Paciente está mais ligada à pessoa em outros locais, sobretudo pronto socorro ou 
hospital,sem	estar	ligado	unicamente	apenas	a	um	profissional.
 Em Pediatria os problemas são diferentes conforme o objetivo do atendimento, o mo-
mento que a criança, o adolescente e suas famílias estão vivendo, idade e sexo do cliente 
ou paciente, se está saudável ou doente, seu temperamento, suas expectativas e grau de 
confiança.	Ele	também	precisa	ser	humanizado,	sensível,	o	que	nem	sempre	acontece,	prin-
cipalmente	quando	é	de	convênio	e	considera	o	médico	simplesmente	um	profissional	à	sua	
disposição.
 Um detalhe: sejam o paciente e seus familiares pessoas educadas e sensíveis, ou, ao 
contrário, exigentes e grosseiras, lembre-se sempre de que elas estão precisando de ajuda. 
Se forem insensíveis, não se iguale a elas, talvez depois percebam como estão sendo aten-
didas e mudem o comportamento. Caso contrário, você continue na sua, humanizado, seja 
orientando e cuidando de crianças e adolescentes saudáveis ou doentes e de suas famílias. 
 Em minha experiência as crianças até mais ou menos 5 anos de idade são as que mais 
procuram o consultório do pediatra, por Puericultura ou doenças. 
 Na Puericultura se cuida da criança saudável de modo amplo, não apenas prevenindo 
possíveis doenças, mas também de sua inserção na sociedade, pelo estudo (se necessário 
é importante o contato com a escola), noções de responsabilidade, modo de sentir a vida e 
seus semelhantes – não é exagero, nossa missão é esta mesmo. Estamos ajudando a criar 
uma pessoa. Com interesse, conhecendo os seus problemas, promovendo em todos os 
sentidos bem estar físico, psíquico e social - é a saúde da criança e do adolescente, através 
de medidas preventivas: higiene, alimentação, imunização, afastando os fatores de risco 
(doenças agudas ou crônicas, com diferentes gravidades) ou curativas, através de todos os 
meios diagnósticos e terapêuticos disponíveis.
 Aqui entra um aspecto importante: compreender os limites familiares e sociais, e, se 
necessário, procurar superá-los. Com a família, através da compreensão e convencimento 
- somos responsáveis por nossos doentes, nos transformamos, de certo modo, em pais, 
mães, educadores.
 Como as crianças reagem? Os pequeninos inicialmente choram ao se deparar com o mé-
dico, estranham este personagem, sobretudo se estiver com avental branco (lembranças da 
dor sentida na aplicação de vacinas ou atitudes anteriores indelicadas?) e também durante 
o exame físico, mas logo se acomodam, sorriem, brincam, desenham durante a consulta, 
contam de seus amigos na escola, nos dão abraços e beijos, dizem tchau ao sair da sala. 
No	retorno,	trazem	lembranças,	geralmente	desenhos	coloridos,	com	a	figura	do	doutor	ou	
doutora – durante a consulta você não fez nada de mais, simplesmente os conquistou com 
um sorriso, atenção, delicadeza. Isso traduz amor. Com crianças maiores e adolescentes as 
reações	são	semelhantes,	sobretudo	se	surgiu	entre	vocês	um	clima	de	confiança.		Para	que	
tudo isto aconteça é necessário ética nas consultas: a relação nunca deve ser erotizada, 
Ambiente
 Pode ser em uma cidade grande, com bons recursos sócio-econômicos-sociais e cultu-
rais,	ou	pequena,	com	muitas	dificuldades.	O	local	um	consultório	particular,	de	convênio	ou	
SUS, ambulatório, creche, pronto atendimento, pronto socorro, hospital, em escolas médi-
cas. Existem diferenças. Mas em todos a humanização tem que existir. 
 No consultório, simples ou mais estruturado, no ambulatório e na creche, a relação com 
o paciente e sua família tem mais oportunidades, há mais tempo para esse contato, maior 
privacidade, geralmente recursos como telefone ou computador. Um cuidado importante: 
mesmo quando o número de pacientes for grande, procure você ser sempre igual.
	 Nos	ambulatórios	os	doentes	e	as	famílias	chegam	muito	cedo,	de	madrugada,	para	ficar	
em	uma	fila	enorme	e	se	sujeitam	a	toda	a	burocracia	–	aguardar	a	senha	para	atendimento,	
continuar esperar ser chamados e quando a consulta acontece... simplesmente não acon-
tece: o médico não os cumprimenta, mal sabe o nome do doente e frequentemente nem 
o	examina	-	existem	regulamentos	que	dificultam	o	seu	trabalho,	o	tempo	de	cada	atendi-
mento é muito curto, ele está já cansado e muitas vezes mal-humorado. Mas é importante 
pensar: o doente está no seu direito de ser atendido, os problemas e as doenças são sempre 
os mesmos – na verdade o que os diferencia são esses regulamentos e o pagamento do 
profissional,	quase	sempre	indigno.	
 Alguns aspectos são vantajosos nos ambulatórios ou clínicas, onde o número de médicos 
é maior e existem mais recursos. Você conta com a possibilidade de compartilhar suas dúvi-
das com a equipe multidisciplinar de saúde e possivelmente contar com exames subsidiários 
que possam facilitar o diagnóstico e mesmo o tratamento, às vezes até nesse mesmo local. 
Nunca deixe de examinar com cuidado o seu paciente, é impossível, antiético e até crimino-
so solicitar exames e fazer prescrições sem examiná-lo antes – como você vai saber como 
ele está e o que tem?
 No pronto atendimento os problemas são menos graves (urgência), o que já não aconte-
ce no pronto socorro (emergência), mas estes são locais onde a verdadeira humanização se 
realiza: maior atenção, delicadeza, saber ouvir e falar, um gesto de apoio e de conforto. O 
sofrimento é pela doença, possibilidade de morte, você tem que utilizar rapidamente o seu 
conhecimento e experiência, mas é onde a sensibilidade é essencial. Como frequentemente 
são	profissionais	mais	jovens	que	atendem	nesses	locais,	não	é	raro	o	doente	ou	a	família	se	
referir a eles como “aquele moço ou aquela moça que atendeu” e demonstrarem inseguran-
ça	em	suas	condutas	–	cabe	a	nós,	profissionais,	adquirirmos	bons	conhecimentos	e	saber	
utilizá-los. 
 Isso também é necessário nas internações hospitalares e unidades de terapia intensiva 
– ao contrário, o doente e sua família, quando essa relação é bem realizada, se apegam pro-
fundamente	ao	profissional,	este	passa	a	ser	o	“seu”	médico,	o	vínculo	afetivo	de	gratidão	
nasce e persiste talvez pela vida toda.
sugestões importantes:
1. Durante o seu curso na escola médica, principalmente se você está no internato ou 
residência, preste atenção e procure ter como modelos professores e preceptores que 
possam ser seus modelos de humanização.
2. Evite discussões clínicas perto do leito do enfermo. De um modo ou outro, ele entende o 
que está acontecendo e o resultado muitas vezes é negativo.
3. Não critique a conduta do colega que você está substituindo no plantão – o doente e sua 
família	perdem	a	confiança	na	equipe.	
4. Se você tem temperamento difícil, não se sentindo ajustado ao ambiente e, em sã 
consciência, não se sente humanizado, procure ajuda em terapia, como fazem muitos 
13
profissionais	das	UTIs.
5. Procure descansar, cultivar o lazer, o apoio familiar e de sua equipe. 
6. Leia sobre humanização, participe de reuniões, jornadas e congressos sobre este tema.
7. Preste atenção em certos médicos humanizados e procure segui-los como modelos.
 Tenha muito cuidado, evite você ser a causa de reclamações dos pacientes e suas fa-
mílias,	sua	imagem	fica	muito	ruim.		Mas	lute	pelos	seus	direitos	e	pela	melhoria	das	
condições de atendimento. O sistema de trabalho, as autoridades, os gestores, inclusive 
você, todos são responsáveis pelos seus pacientes.
Paciente
 No consultório a expressão mais utilizada é cliente, o que na prática se equivale a pa-
ciente. Paciente está mais ligada à pessoa em outros locais, sobretudo pronto socorro ou 
hospital,	sem	estar	ligado	unicamente	apenas	a	um	profissional.
 Em Pediatria os problemas são diferentes conforme o objetivo do atendimento, o mo-
mento que a criança, o adolescente e suas famílias estão vivendo, idade e sexo do cliente 
ou paciente, se está saudável ou doente, seu temperamento, suas expectativas e grau de 
confiança.	Ele	também	precisa	ser	humanizado,	sensível,	o	que	nem	sempre	acontece,	prin-
cipalmente	quando	é	de	convênio	e	considera	o	médico	simplesmente	um	profissional	à	sua	
disposição.Um detalhe: sejam o paciente e seus familiares pessoas educadas e sensíveis, ou, ao 
contrário, exigentes e grosseiras, lembre-se sempre de que elas estão precisando de ajuda. 
Se forem insensíveis, não se iguale a elas, talvez depois percebam como estão sendo aten-
didas e mudem o comportamento. Caso contrário, você continue na sua, humanizado, seja 
orientando e cuidando de crianças e adolescentes saudáveis ou doentes e de suas famílias. 
 Em minha experiência as crianças até mais ou menos 5 anos de idade são as que mais 
procuram o consultório do pediatra, por Puericultura ou doenças. 
 Na Puericultura se cuida da criança saudável de modo amplo, não apenas prevenindo 
possíveis doenças, mas também de sua inserção na sociedade, pelo estudo (se necessário 
é importante o contato com a escola), noções de responsabilidade, modo de sentir a vida e 
seus semelhantes – não é exagero, nossa missão é esta mesmo. Estamos ajudando a criar 
uma pessoa. Com interesse, conhecendo os seus problemas, promovendo em todos os 
sentidos bem estar físico, psíquico e social - é a saúde da criança e do adolescente, através 
de medidas preventivas: higiene, alimentação, imunização, afastando os fatores de risco 
(doenças agudas ou crônicas, com diferentes gravidades) ou curativas, através de todos os 
meios diagnósticos e terapêuticos disponíveis.
 Aqui entra um aspecto importante: compreender os limites familiares e sociais, e, se 
necessário, procurar superá-los. Com a família, através da compreensão e convencimento 
- somos responsáveis por nossos doentes, nos transformamos, de certo modo, em pais, 
mães, educadores.
 Como as crianças reagem? Os pequeninos inicialmente choram ao se deparar com o mé-
dico, estranham este personagem, sobretudo se estiver com avental branco (lembranças da 
dor sentida na aplicação de vacinas ou atitudes anteriores indelicadas?) e também durante 
o exame físico, mas logo se acomodam, sorriem, brincam, desenham durante a consulta, 
contam de seus amigos na escola, nos dão abraços e beijos, dizem tchau ao sair da sala. 
No	retorno,	trazem	lembranças,	geralmente	desenhos	coloridos,	com	a	figura	do	doutor	ou	
doutora – durante a consulta você não fez nada de mais, simplesmente os conquistou com 
um sorriso, atenção, delicadeza. Isso traduz amor. Com crianças maiores e adolescentes as 
reações	são	semelhantes,	sobretudo	se	surgiu	entre	vocês	um	clima	de	confiança.		Para	que	
tudo isto aconteça é necessário ética nas consultas: a relação nunca deve ser erotizada, 
Ambiente
 Pode ser em uma cidade grande, com bons recursos sócio-econômicos-sociais e cultu-
rais,	ou	pequena,	com	muitas	dificuldades.	O	local	um	consultório	particular,	de	convênio	ou	
SUS, ambulatório, creche, pronto atendimento, pronto socorro, hospital, em escolas médi-
cas. Existem diferenças. Mas em todos a humanização tem que existir. 
 No consultório, simples ou mais estruturado, no ambulatório e na creche, a relação com 
o paciente e sua família tem mais oportunidades, há mais tempo para esse contato, maior 
privacidade, geralmente recursos como telefone ou computador. Um cuidado importante: 
mesmo quando o número de pacientes for grande, procure você ser sempre igual.
	 Nos	ambulatórios	os	doentes	e	as	famílias	chegam	muito	cedo,	de	madrugada,	para	ficar	
em	uma	fila	enorme	e	se	sujeitam	a	toda	a	burocracia	–	aguardar	a	senha	para	atendimento,	
continuar esperar ser chamados e quando a consulta acontece... simplesmente não acon-
tece: o médico não os cumprimenta, mal sabe o nome do doente e frequentemente nem 
o	examina	-	existem	regulamentos	que	dificultam	o	seu	trabalho,	o	tempo	de	cada	atendi-
mento é muito curto, ele está já cansado e muitas vezes mal-humorado. Mas é importante 
pensar: o doente está no seu direito de ser atendido, os problemas e as doenças são sempre 
os mesmos – na verdade o que os diferencia são esses regulamentos e o pagamento do 
profissional,	quase	sempre	indigno.	
 Alguns aspectos são vantajosos nos ambulatórios ou clínicas, onde o número de médicos 
é maior e existem mais recursos. Você conta com a possibilidade de compartilhar suas dúvi-
das com a equipe multidisciplinar de saúde e possivelmente contar com exames subsidiários 
que possam facilitar o diagnóstico e mesmo o tratamento, às vezes até nesse mesmo local. 
Nunca deixe de examinar com cuidado o seu paciente, é impossível, antiético e até crimino-
so solicitar exames e fazer prescrições sem examiná-lo antes – como você vai saber como 
ele está e o que tem?
 No pronto atendimento os problemas são menos graves (urgência), o que já não aconte-
ce no pronto socorro (emergência), mas estes são locais onde a verdadeira humanização se 
realiza: maior atenção, delicadeza, saber ouvir e falar, um gesto de apoio e de conforto. O 
sofrimento é pela doença, possibilidade de morte, você tem que utilizar rapidamente o seu 
conhecimento e experiência, mas é onde a sensibilidade é essencial. Como frequentemente 
são	profissionais	mais	jovens	que	atendem	nesses	locais,	não	é	raro	o	doente	ou	a	família	se	
referir a eles como “aquele moço ou aquela moça que atendeu” e demonstrarem inseguran-
ça	em	suas	condutas	–	cabe	a	nós,	profissionais,	adquirirmos	bons	conhecimentos	e	saber	
utilizá-los. 
 Isso também é necessário nas internações hospitalares e unidades de terapia intensiva 
– ao contrário, o doente e sua família, quando essa relação é bem realizada, se apegam pro-
fundamente	ao	profissional,	este	passa	a	ser	o	“seu”	médico,	o	vínculo	afetivo	de	gratidão	
nasce e persiste talvez pela vida toda.
sugestões importantes:
1. Durante o seu curso na escola médica, principalmente se você está no internato ou 
residência, preste atenção e procure ter como modelos professores e preceptores que 
possam ser seus modelos de humanização.
2. Evite discussões clínicas perto do leito do enfermo. De um modo ou outro, ele entende o 
que está acontecendo e o resultado muitas vezes é negativo.
3. Não critique a conduta do colega que você está substituindo no plantão – o doente e sua 
família	perdem	a	confiança	na	equipe.	
4. Se você tem temperamento difícil, não se sentindo ajustado ao ambiente e, em sã 
consciência, não se sente humanizado, procure ajuda em terapia, como fazem muitos 
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Médico
	 Acho	que	ser	médico	é	uma	vocação.	Compreender	que	o	seu	preparo	profissional	e	a	
sua preocupação é com o sofrimento do outro não é para qualquer um.
 Infelizmente nos dias atuais, com o enorme desenvolvimento da Medicina, surgiram 
inúmeros técnicos e poucos médicos. A humanização (conhecimento com sensibilidade) se 
reduziu, mas já está havendo uma reação, senão nosso trabalho perde o sentido.
 Nas linhas acima já conversamos com você o que é ser pediatra nas diferentes situações. 
Se	você	entendeu	o	que	escrevemos,	acho	que	basta.	Se	não,	é	bom	mudar	de	profissão,	
não é nada demais, é honestidade. Mas se você aceitar, aqui vão algumas sugestões.
 Você precisa ter alma de pediatra, saber olhar diretamente nos olhos do seu paciente 
ou familiar com carinho, ouvir com calma, compreender e apreender a falar com clareza e 
simplicidade coisas que esclareçam, sinceras – nunca minta, se as situações forem graves 
demais, com proximidade da morte, não se desespere, procure confortar e transmitir al-
guma esperança sobre outros aspectos que minimizem o sofrimento. Se você não souber, 
por	falta	de	conhecimento,	seja	verdadeiro,	estude	mais	a	situação,	divida	a	sua	dificuldade	
numa	discussão	com	outra	pessoa	ou	num	grupo,	ou	transfira	o	caso	para	outro	profissional	
que possa cuidar melhor que você, não é humilhante – a ciência é vasta demais, você não 
precisa conhecer tudo, mesmo sendo um especialista. 
 Seja ético, tenha mãos suaves para descobrir patologias, sem erotização e abusos. Te-
nha paciência, tolerância, sem discriminações. Transmita delicadeza. Você será valorizado, 
mesmo que não perceba. Seus clientes se lembrarão com saudade de você. 
 Cultive a sensibilidade, seja humanizado. Muitas vezes isso não vem naturalmente, há 
acertos e erros.Treine bastante.
Equipe de saúde
	 Atualmente	é	muito	difícil	 trabalhar	sozinho.	A	ajuda	de	outros	profissionais	 facilita	o	
maior	entendimento	de	problemas	mais	complexos.	Eles	nos	ajudam	muito,	especificamente	
conhecem melhor do que nós certos aspectos de saúde e doenças. É importante trabalhar-
mos juntos, com muito respeito e colaboração. O paciente e suas famílias podem ser ava-
liados em diferentes ângulos, facilitando melhor a compreensão de seus problemas. Todos 
devem também procurar ser humanizados.
 Em resumo esta é visão que devemos ter como pediatras, do atendimento em consul-
tório das pessoas que nos procuram. Nosso empenho é tratá-los sempre com sensibilidade 
– assim, a Medicina adquire sua razão de ser. 
Referências Bibliográficas
1. Crespin J. Puericultura – ciência, arte e amor. Fundo E. Byk, São Paulo: 1996; P 21-23.
2. Crespin J. Consulta Médica do adolescente e patologias mais frequentes. In Crespin J,
 Reato LFN. Hebiatria – Medicina do Adolescente. Roca. São Paulo: 2007, P 160-169.
3. Sucupira ACSL, Novaes HMD. A consulta em Pediatria. In Marcondes E, Vaz FAC. Ramos
 JLKA, Okay Y. Pediatria Básica, 9ª ed. Sarvier Ed. São Paulo: 2002; P 52-58.
4. Sucupira ACSL. A relação médico-paciente em Pediatria. In Marcondes E, Vaz FAC,
 Ramos JLKA, Okay Y. Pediatria Básica, 9ª ed. Sarvier Ed. São Paulo: 2002; P 45-52.
5. Viegas D. Em Busca da Humanização. Wak Ed. Rio de Janeiro: 2010; P 165-249.
6. Viegas D, Van Onselen LES. ABC na Pediatria. Aché Lab. Farmacêuticos S/A. São Paulo:
 2003; P 1-10
7. Vitole MR, Gama CM, Campagnolo PD. Frequency of public child care service use and
 associated factors. J. Pediatr. (Rio J) 2010; 86 (1): 80-84.
sendo totalmente evitados a sedução e o abuso sexual, e também qualquer preconceito. Da 
boa conduta do médico nascem e crescem vínculos. 
 Se o paciente estiver doente, existe medo, ansiedade e angústia, é quando há necessi-
dade	de	maior	atenção,	delicadeza,	a	confiança	em	suas	condutas	tem	que	ser	conquistada.	
Havendo	necessidade	de	transferi-lo	para	outro	profissional	(inter-consulta)	ou	indicação	de	
hospitalização, sua experiência e o bom senso irão nortear essa decisão. 
 Nos últimos anos tem sido notada nos médicos atitudes que não condizem com a sua 
profissão:	indiferença	no	trato	com	os	pacientes	e	suas	famílias,	arrogância,	não	se	cumpri-
menta quem os procuram, nem se olha para os seus rostos, não se sabe os seus nomes, a 
consulta se resume em um atendimento super-rápido, com pedido de numerosos exames 
subsidiários sem nem examinar o paciente, como se fosse possível, desta maneira, ser fei-
to um verdadeiro diagnóstico e avaliação do tratamento. Evitam-se receber telefonemas, 
sobretudo de conveniados, como se estes fossem diferentes dos clientes particulares: as 
doenças são as mesmas, os honorários é que são diferentes.
 Qual razão destas atitudes anti-éticas? Tem sido considerado o excesso de trabalho, com 
salários indignos – é verdade, mas os pacientes não são culpados disso, e são mais vítimas 
porque estão doentes. Outro motivo que deve ser lembrado é a sedução pelos enormes 
avanços da ciência e da tecnologia – o médico, talvez mesmo sem perceber, se considera 
importante demais - surgiram numerosos técnicos e não verdadeiros médicos. O despreparo 
nas escolas médicas também é importante, não apenas na ausência de conhecimento mas 
também do cultivo da sensibilidade.
 
Família
 A família chega preocupada, embora nem sempre transpareça, principalmente nas con-
sultas por Puericultura, como se fosse simples rotina para avaliação e orientação do cresci-
mento, desenvolvimento, alimentação, vacinações. No fundo há ansiedade. 
 Na doença da criança ou adolescente a família também adoece – seus hábitos se mo-
dificam,	a	preocupação	cresce	e	se	transforma	em	tristeza	e	angústia,	os	cuidados	com	o	
doente	ficam	até	exagerados.			
 Você, pediatra ou hebiatra, é também o médico dessa família. O seu cliente ou paciente 
não está sozinho, a não ser que seja abandonado, mas esta já é uma outra situação, que 
foge	a	este	texto.	Tudo	o	que	acontece	com	ele	reflete	na	família,	mesmo	naquelas	aparente	
ou realmente negligentes. As suas condutas médicas precisam sempre estar direcionadas ao 
grupo familiar. Atender às suas necessidades, mesmo que pareçam abusivas, como telefo-
nemas durante a noite ou durante a sua refeição – é sempre importante explicar aos pais, 
no consultório, quando há realmente motivos para preocupações (e que eles percebam que 
você, como ser humano, também precisa comer e dormir sossegado...).
 Infelizmente não são todos os cursos de Medicina que se preocupam em preparar o mé-
dico para uma boa relação com as famílias de seus pacientes, como se isso fosse aprendido 
naturalmente	na	prática	profissional,	o	que	nem	sempre	acontece.		Esta	relação	é	essencial	
para a compreensão do que está acontecendo com o seu paciente, com o cumprimento 
de suas orientações, para a colaboração nas situações mais diferentes. Saber como pais e 
irmãos entendem a criança ou o adolescente no lar, na escola, como se realiza a relação 
intra-familiar e na sociedade, o que esperam deles. 
 Saber ouvir, compreender, falar é essencial neste contato com a família. Em todos os 
momentos não se esquecer da humanização. Alguns pediatras e hebiatras têm o cuidado de 
entender a possibilidade de transmissão intra-familiar de processos infecciosos, por exem-
plo, e cuidam também dos adultos infectados, examinando-os, medicando-os, procurando 
entender suas peculiaridades – para isso é necessário possuir uma visão e preparo mais 
completo na Medicina, no fundo ser um clínico bem geral.
15
Médico
	 Acho	que	ser	médico	é	uma	vocação.	Compreender	que	o	seu	preparo	profissional	e	a	
sua preocupação é com o sofrimento do outro não é para qualquer um.
 Infelizmente nos dias atuais, com o enorme desenvolvimento da Medicina, surgiram 
inúmeros técnicos e poucos médicos. A humanização (conhecimento com sensibilidade) se 
reduziu, mas já está havendo uma reação, senão nosso trabalho perde o sentido.
 Nas linhas acima já conversamos com você o que é ser pediatra nas diferentes situações. 
Se	você	entendeu	o	que	escrevemos,	acho	que	basta.	Se	não,	é	bom	mudar	de	profissão,	
não é nada demais, é honestidade. Mas se você aceitar, aqui vão algumas sugestões.
 Você precisa ter alma de pediatra, saber olhar diretamente nos olhos do seu paciente 
ou familiar com carinho, ouvir com calma, compreender e apreender a falar com clareza e 
simplicidade coisas que esclareçam, sinceras – nunca minta, se as situações forem graves 
demais, com proximidade da morte, não se desespere, procure confortar e transmitir al-
guma esperança sobre outros aspectos que minimizem o sofrimento. Se você não souber, 
por	falta	de	conhecimento,	seja	verdadeiro,	estude	mais	a	situação,	divida	a	sua	dificuldade	
numa	discussão	com	outra	pessoa	ou	num	grupo,	ou	transfira	o	caso	para	outro	profissional	
que possa cuidar melhor que você, não é humilhante – a ciência é vasta demais, você não 
precisa conhecer tudo, mesmo sendo um especialista. 
 Seja ético, tenha mãos suaves para descobrir patologias, sem erotização e abusos. Te-
nha paciência, tolerância, sem discriminações. Transmita delicadeza. Você será valorizado, 
mesmo que não perceba. Seus clientes se lembrarão com saudade de você. 
 Cultive a sensibilidade, seja humanizado. Muitas vezes isso não vem naturalmente, há 
acertos e erros. Treine bastante.
Equipe de saúde
	 Atualmente	é	muito	difícil	 trabalhar	sozinho.	A	ajuda	de	outros	profissionais	 facilita	o	
maior	entendimento	de	problemas	mais	complexos.	Eles	nos	ajudam	muito,	especificamente	
conhecem melhor do que nós certos aspectos de saúde e doenças. É importante trabalhar-
mos juntos, com muito respeito e colaboração. O paciente e suas famílias podem ser ava-
liados em diferentes ângulos, facilitando melhor a compreensão de seus problemas. Todos 
devem também procurar ser humanizados.
 Em resumo esta é visão que devemos ter como pediatras, do atendimentoem consul-
tório das pessoas que nos procuram. Nosso empenho é tratá-los sempre com sensibilidade 
– assim, a Medicina adquire sua razão de ser. 
Referências Bibliográficas
1. Crespin J. Puericultura – ciência, arte e amor. Fundo E. Byk, São Paulo: 1996; P 21-23.
2. Crespin J. Consulta Médica do adolescente e patologias mais frequentes. In Crespin J,
 Reato LFN. Hebiatria – Medicina do Adolescente. Roca. São Paulo: 2007, P 160-169.
3. Sucupira ACSL, Novaes HMD. A consulta em Pediatria. In Marcondes E, Vaz FAC. Ramos
 JLKA, Okay Y. Pediatria Básica, 9ª ed. Sarvier Ed. São Paulo: 2002; P 52-58.
4. Sucupira ACSL. A relação médico-paciente em Pediatria. In Marcondes E, Vaz FAC,
 Ramos JLKA, Okay Y. Pediatria Básica, 9ª ed. Sarvier Ed. São Paulo: 2002; P 45-52.
5. Viegas D. Em Busca da Humanização. Wak Ed. Rio de Janeiro: 2010; P 165-249.
6. Viegas D, Van Onselen LES. ABC na Pediatria. Aché Lab. Farmacêuticos S/A. São Paulo:
 2003; P 1-10
7. Vitole MR, Gama CM, Campagnolo PD. Frequency of public child care service use and
 associated factors. J. Pediatr. (Rio J) 2010; 86 (1): 80-84.
sendo totalmente evitados a sedução e o abuso sexual, e também qualquer preconceito. Da 
boa conduta do médico nascem e crescem vínculos. 
 Se o paciente estiver doente, existe medo, ansiedade e angústia, é quando há necessi-
dade	de	maior	atenção,	delicadeza,	a	confiança	em	suas	condutas	tem	que	ser	conquistada.	
Havendo	necessidade	de	transferi-lo	para	outro	profissional	(inter-consulta)	ou	indicação	de	
hospitalização, sua experiência e o bom senso irão nortear essa decisão. 
 Nos últimos anos tem sido notada nos médicos atitudes que não condizem com a sua 
profissão:	indiferença	no	trato	com	os	pacientes	e	suas	famílias,	arrogância,	não	se	cumpri-
menta quem os procuram, nem se olha para os seus rostos, não se sabe os seus nomes, a 
consulta se resume em um atendimento super-rápido, com pedido de numerosos exames 
subsidiários sem nem examinar o paciente, como se fosse possível, desta maneira, ser fei-
to um verdadeiro diagnóstico e avaliação do tratamento. Evitam-se receber telefonemas, 
sobretudo de conveniados, como se estes fossem diferentes dos clientes particulares: as 
doenças são as mesmas, os honorários é que são diferentes.
 Qual razão destas atitudes anti-éticas? Tem sido considerado o excesso de trabalho, com 
salários indignos – é verdade, mas os pacientes não são culpados disso, e são mais vítimas 
porque estão doentes. Outro motivo que deve ser lembrado é a sedução pelos enormes 
avanços da ciência e da tecnologia – o médico, talvez mesmo sem perceber, se considera 
importante demais - surgiram numerosos técnicos e não verdadeiros médicos. O despreparo 
nas escolas médicas também é importante, não apenas na ausência de conhecimento mas 
também do cultivo da sensibilidade.
 
Família
 A família chega preocupada, embora nem sempre transpareça, principalmente nas con-
sultas por Puericultura, como se fosse simples rotina para avaliação e orientação do cresci-
mento, desenvolvimento, alimentação, vacinações. No fundo há ansiedade. 
 Na doença da criança ou adolescente a família também adoece – seus hábitos se mo-
dificam,	a	preocupação	cresce	e	se	transforma	em	tristeza	e	angústia,	os	cuidados	com	o	
doente	ficam	até	exagerados.			
 Você, pediatra ou hebiatra, é também o médico dessa família. O seu cliente ou paciente 
não está sozinho, a não ser que seja abandonado, mas esta já é uma outra situação, que 
foge	a	este	texto.	Tudo	o	que	acontece	com	ele	reflete	na	família,	mesmo	naquelas	aparente	
ou realmente negligentes. As suas condutas médicas precisam sempre estar direcionadas ao 
grupo familiar. Atender às suas necessidades, mesmo que pareçam abusivas, como telefo-
nemas durante a noite ou durante a sua refeição – é sempre importante explicar aos pais, 
no consultório, quando há realmente motivos para preocupações (e que eles percebam que 
você, como ser humano, também precisa comer e dormir sossegado...).
 Infelizmente não são todos os cursos de Medicina que se preocupam em preparar o mé-
dico para uma boa relação com as famílias de seus pacientes, como se isso fosse aprendido 
naturalmente	na	prática	profissional,	o	que	nem	sempre	acontece.		Esta	relação	é	essencial	
para a compreensão do que está acontecendo com o seu paciente, com o cumprimento 
de suas orientações, para a colaboração nas situações mais diferentes. Saber como pais e 
irmãos entendem a criança ou o adolescente no lar, na escola, como se realiza a relação 
intra-familiar e na sociedade, o que esperam deles. 
 Saber ouvir, compreender, falar é essencial neste contato com a família. Em todos os 
momentos não se esquecer da humanização. Alguns pediatras e hebiatras têm o cuidado de 
entender a possibilidade de transmissão intra-familiar de processos infecciosos, por exem-
plo, e cuidam também dos adultos infectados, examinando-os, medicando-os, procurando 
entender suas peculiaridades – para isso é necessário possuir uma visão e preparo mais 
completo na Medicina, no fundo ser um clínico bem geral.
16
globa consultas de rotina como avaliação da puberdade, do crescimento e desenvolvimento, 
queixas orgânicas variadas como alterações ginecológicas, alérgicas, dermatológicas, gas-
trointestinais, infecciosas, doenças crônicas e assim por diante e queixas psicológicas como 
ansiedade,	depressão,	agressividade,	somatização	e	dificuldades	de	relacionamento	familiar.
 Neste momento além da compreensão do motivo da consulta, deve-se procurar ter uma 
visão do cotidiano desse adolescente, assim como sua inserção na sociedade que o cer-
ca. Por isso dividimos a seguir inúmeros questionamentos a serem feitos numa consul-
ta de Hebiatria para melhor compreensão do nosso paciente e toda a dinâmica social, 
cultural,econômica e familiar que gira em torno dele.
 O heredograma consiste na visualização da estrutura familiar, assim como uma análi-
se das suas relações com o adolescente. Desta maneira podemos usar como instrumento 
facilitador	uma	escala	de	notas	de	0	a	10,	por	exemplo,	para	o	adolescente	quantificar	a	
qualidade de sua relação com os familiares mais próximos. 
 A avaliação adequada da interação entre a família e o adolescente pode nos ajudar numa 
série de diagnósticos, principalmente no âmbito psicológico, como estados de ansiedade, 
depressão, vulnerabilidades a situações de risco como tabagismo, etilismo, uso de drogas 
ilícitas, facilitando possíveis abordagens e propostas terapêuticas ao nosso paciente.
 Da mesma forma também devemos procurar entender a inserção deste adolescente no 
seu ambiente escolar, como é seu relacionamento com os colegas de turma, com os pro-
fessores,	seu	desempenho	escolar	e	eventuais	dificuldades	em	relação	a	uma	matéria	ou	a	
seguir as recomendações e exigências da escola.
	 Estas	informações	são	úteis	para	podermos	trabalhar	questões	como	dificuldade	esco-
lar	por	alterações	de	comportamento,	falta	de	estímulos,	déficits	de	atenção,	distúrbios	de	
aprendizagem até situações de bullying além de avaliarmos as relações do adolescente com 
a família e escola também devemos nos preocupar com situações de seu cotidiano, impor-
tante para mantermos sua vida mais equilibrada.
 As condições sócio-econômicas também devem ser pesquisadas, como presença de sa-
neamento básico, fator indispensável à qualidade de saúde, renda familiar, atividade ocupa-
cional dos pais e estrutura do domicílio em relação ao numero de moradores, como forma 
de avaliar a privacidade do adolescente.
 Em virtude da alta incidência de distúrbios e transtornos alimentares como obesidade, 
dietas hipercalóricas, substituição de refeições , anorexia e bulimia na adolescência, faz par-
te da consulta um longo e extenso inquérito alimentar devendo-se pesquisar horários e lo-
cais das refeições e qualidade e quantidade de alimentos ingeridos. Sabemos que nesta fai-
xa etária devido ao intenso crescimento e conseqüentes necessidades calórico-energéticas 
uma dieta bem balanceada evita aparecimento de patologias mais propíciasneste momento 
como anemia ferropriva.
 A inserção do adolescente num ambiente saudável atua como fator de proteção ao jovem 
quanto ao uso de drogas ilícitas além de propiciar uma melhor qualidade de vida e desenvol-
vimento cultural. Por isso dados como suas atividades de lazer (prática de esportes, música, 
televisão, leitura, uso do computador) relatando o tempo gasto nestas atividades são infor-
mações úteis para uma melhor abordagem preventiva e até terapêutica.
 A religião é outro dado a ser perguntado, uma vez que na adolescência é comum o ques-
tionamento das religiões, assim como atitudes que podem variar do ateísmo ao fanatismo 
extremo.	Além	disso	a	questão	religiosa	pode	influenciar	no	momento	de	se	propor	mudan-
ças	alimentares	ou	terapias	especificas	de	acordo	com	o	credo	ou	religião	assumidos.
 Com o andamento da consulta e o fortalecimento da relação médico-paciente inicia-se a 
investigação de seus hábitos como uso ou experimentação de tábaco, álcool e drogas.
 Na sexualidade , devem ser abordados temas como namoro, envolvimento físico, prática 
masturbatória, preferências sexuais, números de parceiros, conhecimento ou uso de méto-
dos anticoncepcionais, abrindo um espaço importante para o esclarecimento de dúvidas tão 
freqüentes nesta faixa etária.
3. sEMIOLOGIA dO AdOLEsCEntE
Marcelo Nunes Iampolsky
Preceptor da Disciplina de Hebiatria da FMABC; Professor de Hebiatria da Faculdade de Me-
dicina São Camilo, Mestre em Medicina pela FMABC.
Um olhar para o passado
 A preocupação com a saúde do adolescente, principalmente com seu comportamento vem 
sendo relatado desde a idade antiga com descrições ressaltando a vitalidade, sua condição 
de mutabilidade frente as diversas situações com os sentimentos mais intensos, assim como 
criticas quanto às suas posturas e ações desrespeitosas e desprovidas de conhecimento.
 A Idade Média não trouxe grandes evoluções à adolescência, que não era visto como um 
período de transição, não existindo como conceito e importância , a infância logo era subs-
tituída pela vida adulta do campo, com grande repressão social.
 Apenas após o Renascimento e suas conseqüentes fases culturais do romantismo, natu-
ralismo e realismo, a adolescência passou a ter um papel mais fundamental na estruturação 
da sociedade.
 Porém foram os estudos antropológicos que deram um impulso ao desenvolvimento 
dos primeiros conceitos sobre a psicologia do adolescente, assim como diferenças entre a 
puberdade (desenvolvimento físico) e a adolescência (transformações físicas, psicológicas e 
sócio-culturais).
	 Desta	forma	o	grande	marco	de	ínicio	das	produções	cientificas	ocorre	com	a	publicação	
do	livro	Adolescência	–	sua	psicologia	e	relações	com	a	fisiologia,	antropologia,	sociologia,	
sexo, crime, religião e educação, por Stanley Hall, em 1904.
 A partir deste momento , seguiu-se uma série de publicações, seminários, congressos, 
criação de associações médicas, levando à formação das bases da medicina do adolescente, 
designada de Hebiatria (termo derivado da deusa grega da juventude Hebe e iatros-trata-
mento).
Um olhar para o presente
	 A	adolescência	é	uma	fase	evolutiva	na	qual	ocorrem	profundas	modificações	e	trans-
formações físicas e psicológicas preparando o individuo para a vida adulta. Este período 
de intensa vulnerabilidade compreende, segundo a Organização Mundial da Saúde a faixa 
etária dos 10 aos 19 anos incompletos.
 Neste momento o jovem precisa lidar com a formação de sua personalidade, conceitos, 
escolhas	de	amizades,	futuro	profissional,	descoberta	da	sexualidade,	assim	como	lidar	com	
uso de drogas, álcool, tábaco e violência urbana.
 Desta maneira a abordagem à saúde do adolescente precisa ter um atendimento integral 
e	multiprofissional	visando	uma	abordagem	ampla	e	holística	com	apoio	dos	médicos,	psi-
cólogos, nutricionistas, enfermeiros, assistentes sociais, assim como um espaço adequado 
que preserve sua individualidade durante a consulta médica.
Particularidades da Consulta Médica do Adolescente
Primeiro tempo
 Inicialmente deve-se abordar o motivo da procura ao serviço médico que geralmente en-
17
globa consultas de rotina como avaliação da puberdade, do crescimento e desenvolvimento, 
queixas orgânicas variadas como alterações ginecológicas, alérgicas, dermatológicas, gas-
trointestinais, infecciosas, doenças crônicas e assim por diante e queixas psicológicas como 
ansiedade,	depressão,	agressividade,	somatização	e	dificuldades	de	relacionamento	familiar.
 Neste momento além da compreensão do motivo da consulta, deve-se procurar ter uma 
visão do cotidiano desse adolescente, assim como sua inserção na sociedade que o cer-
ca. Por isso dividimos a seguir inúmeros questionamentos a serem feitos numa consul-
ta de Hebiatria para melhor compreensão do nosso paciente e toda a dinâmica social, 
cultural,econômica e familiar que gira em torno dele.
 O heredograma consiste na visualização da estrutura familiar, assim como uma análi-
se das suas relações com o adolescente. Desta maneira podemos usar como instrumento 
facilitador	uma	escala	de	notas	de	0	a	10,	por	exemplo,	para	o	adolescente	quantificar	a	
qualidade de sua relação com os familiares mais próximos. 
 A avaliação adequada da interação entre a família e o adolescente pode nos ajudar numa 
série de diagnósticos, principalmente no âmbito psicológico, como estados de ansiedade, 
depressão, vulnerabilidades a situações de risco como tabagismo, etilismo, uso de drogas 
ilícitas, facilitando possíveis abordagens e propostas terapêuticas ao nosso paciente.
 Da mesma forma também devemos procurar entender a inserção deste adolescente no 
seu ambiente escolar, como é seu relacionamento com os colegas de turma, com os pro-
fessores,	seu	desempenho	escolar	e	eventuais	dificuldades	em	relação	a	uma	matéria	ou	a	
seguir as recomendações e exigências da escola.
	 Estas	informações	são	úteis	para	podermos	trabalhar	questões	como	dificuldade	esco-
lar	por	alterações	de	comportamento,	falta	de	estímulos,	déficits	de	atenção,	distúrbios	de	
aprendizagem até situações de bullying além de avaliarmos as relações do adolescente com 
a família e escola também devemos nos preocupar com situações de seu cotidiano, impor-
tante para mantermos sua vida mais equilibrada.
 As condições sócio-econômicas também devem ser pesquisadas, como presença de sa-
neamento básico, fator indispensável à qualidade de saúde, renda familiar, atividade ocupa-
cional dos pais e estrutura do domicílio em relação ao numero de moradores, como forma 
de avaliar a privacidade do adolescente.
 Em virtude da alta incidência de distúrbios e transtornos alimentares como obesidade, 
dietas hipercalóricas, substituição de refeições , anorexia e bulimia na adolescência, faz par-
te da consulta um longo e extenso inquérito alimentar devendo-se pesquisar horários e lo-
cais das refeições e qualidade e quantidade de alimentos ingeridos. Sabemos que nesta fai-
xa etária devido ao intenso crescimento e conseqüentes necessidades calórico-energéticas 
uma dieta bem balanceada evita aparecimento de patologias mais propícias neste momento 
como anemia ferropriva.
 A inserção do adolescente num ambiente saudável atua como fator de proteção ao jovem 
quanto ao uso de drogas ilícitas além de propiciar uma melhor qualidade de vida e desenvol-
vimento cultural. Por isso dados como suas atividades de lazer (prática de esportes, música, 
televisão, leitura, uso do computador) relatando o tempo gasto nestas atividades são infor-
mações úteis para uma melhor abordagem preventiva e até terapêutica.
 A religião é outro dado a ser perguntado, uma vez que na adolescência é comum o ques-
tionamento das religiões, assim como atitudes que podem variar do ateísmo ao fanatismo 
extremo.	Além	disso	a	questão	religiosa	pode	influenciar	no	momento	de	se	propor	mudan-
ças	alimentares	ou	terapias	especificas	de	acordo	com	o	credo	ou	religião	assumidos.
 Com o andamento da consulta e o fortalecimento da relação médico-paciente inicia-se a 
investigação de seus hábitoscomo uso ou experimentação de tábaco, álcool e drogas.
 Na sexualidade , devem ser abordados temas como namoro, envolvimento físico, prática 
masturbatória, preferências sexuais, números de parceiros, conhecimento ou uso de méto-
dos anticoncepcionais, abrindo um espaço importante para o esclarecimento de dúvidas tão 
freqüentes nesta faixa etária.
3. sEMIOLOGIA dO AdOLEsCEntE
Marcelo Nunes Iampolsky
Preceptor da Disciplina de Hebiatria da FMABC; Professor de Hebiatria da Faculdade de Me-
dicina São Camilo, Mestre em Medicina pela FMABC.
Um olhar para o passado
 A preocupação com a saúde do adolescente, principalmente com seu comportamento vem 
sendo relatado desde a idade antiga com descrições ressaltando a vitalidade, sua condição 
de mutabilidade frente as diversas situações com os sentimentos mais intensos, assim como 
criticas quanto às suas posturas e ações desrespeitosas e desprovidas de conhecimento.
 A Idade Média não trouxe grandes evoluções à adolescência, que não era visto como um 
período de transição, não existindo como conceito e importância , a infância logo era subs-
tituída pela vida adulta do campo, com grande repressão social.
 Apenas após o Renascimento e suas conseqüentes fases culturais do romantismo, natu-
ralismo e realismo, a adolescência passou a ter um papel mais fundamental na estruturação 
da sociedade.
 Porém foram os estudos antropológicos que deram um impulso ao desenvolvimento 
dos primeiros conceitos sobre a psicologia do adolescente, assim como diferenças entre a 
puberdade (desenvolvimento físico) e a adolescência (transformações físicas, psicológicas e 
sócio-culturais).
	 Desta	forma	o	grande	marco	de	ínicio	das	produções	cientificas	ocorre	com	a	publicação	
do	livro	Adolescência	–	sua	psicologia	e	relações	com	a	fisiologia,	antropologia,	sociologia,	
sexo, crime, religião e educação, por Stanley Hall, em 1904.
 A partir deste momento , seguiu-se uma série de publicações, seminários, congressos, 
criação de associações médicas, levando à formação das bases da medicina do adolescente, 
designada de Hebiatria (termo derivado da deusa grega da juventude Hebe e iatros-trata-
mento).
Um olhar para o presente
	 A	adolescência	é	uma	fase	evolutiva	na	qual	ocorrem	profundas	modificações	e	trans-
formações físicas e psicológicas preparando o individuo para a vida adulta. Este período 
de intensa vulnerabilidade compreende, segundo a Organização Mundial da Saúde a faixa 
etária dos 10 aos 19 anos incompletos.
 Neste momento o jovem precisa lidar com a formação de sua personalidade, conceitos, 
escolhas	de	amizades,	futuro	profissional,	descoberta	da	sexualidade,	assim	como	lidar	com	
uso de drogas, álcool, tábaco e violência urbana.
 Desta maneira a abordagem à saúde do adolescente precisa ter um atendimento integral 
e	multiprofissional	visando	uma	abordagem	ampla	e	holística	com	apoio	dos	médicos,	psi-
cólogos, nutricionistas, enfermeiros, assistentes sociais, assim como um espaço adequado 
que preserve sua individualidade durante a consulta médica.
Particularidades da Consulta Médica do Adolescente
Primeiro tempo
 Inicialmente deve-se abordar o motivo da procura ao serviço médico que geralmente en-
18
e ausculta.
Membros
Avaliar as articulações e extremidades com aferição do pulso.
Ginecológico
Avaliar	a	inspeção	dos	órgãos	genitais	femininos,	pela	classificação	de	Tanner.
Andrológico
Avaliar	a	inspeção	dos	órgãos	genitais	masculinos,	palpação	dos	testículos,	pela	classificação	
de Tanner e medição dos testículos com orquidômetro de Prader.
A	avaliação	dos	critérios	de	Tanner	é	realizada	de	acordo	com	a	figura	abaixo:
Genitália
G1 G2 G3 G4 G5
Pré-adolescência
(infantil)
Aumento do escroto
e dos testículos, sem
aumento do pênis
Ocorre também o
aumento do pênis,
inicialmente em
toda a sua extensão
Aumento do diâmetro
do pênis e da glande,
crescimento do escroto,
cuja pele escurece
9
1/2 10
1/2
11
1/2
15 13
1/2
16
Tipo adulto
12
1/2
17
Puberdade precoce
Desenvolvimento normal
Pelos Pubianos
P1 P2
Fase pré-adolescência
(não há pelugem)
Presença de pelos
longos, macios,
ligeiramente
pigmentados na
base do pênis
11
15
1/2
P3
11
3/4
P4 P5
Pelos mais escuros
e ásperos sobre
o púbis
Pelugem do tipo adulto,
mas a área coberta é
consideravelmente
menor do que a do
adulto
Tipo adulto
extendendo-se até
a face interior das
coxas
16
12
16
1/2
13
17
sexo Masculino
Critérios de Tanner para avaliação do desenvolvimento puberal masculino.
 Questões como avaliação de sua imagem corporal, satisfação com o corpo, ajudam a 
esclarecer	eventuais	conflitos	do	adolescente,	assim	como	são	dados	 indiretos	para	uma	
avaliação da aceitação quanto às mudanças corporais neste período.
 Perguntas como suas aspirações futuras constituem uma forma de trabalharmos sua 
auto	estima,	verificar	projetos	de	vida	e	incentivar	a	realização	dos	seus	sonhos.
segundo tempo – Entrevista com a Família
 Neste momento tenta-se obter mais dados sobre o motivo principal da consulta, comple-
mentar eventuais informações para melhor elucidação diagnóstica.
 É importante que o adolescente esteja presente durante essa fase da consulta, pois além 
dele ser o paciente em questão, é reforçado o vínculo com o adolescente uma vez que não 
há motivos de sua exclusão na consulta médica.
	 Também	através	da	anamnese	com	os	familiares	verificamos	questões	como	anteceden-
tes pessoais do adolescente: doenças na infância, doenças crônicas, alergias a medicamen-
tos, cirurgias ou internações hospitalares realizadas, uso de medicamentos para completar 
o entendimento do histórico do paciente
 Os antecedentes familiares, como em qualquer consulta médica, são dados de grande 
relevância na prevenção e investigação de enfermidades, como hipertensão arterial, diabe-
tes, hipercolesterolemia, tireoidopatia, doenças coronarianas e neoplasias.
 Dados sobre os antecedentes obstétricos, como peso ao nascer, tipo de parto, idade 
gestacional e intercorrências no período neonatal são importantes para esclarecer dúvidas 
quanto ao seu desenvolvimento.
	 E,	por	fim,	abordar	se	o	adolescente	encontra-se	em	dia	com	sua	situação	vacinal,	atu-
ando	assim,	na	profilaxia	de	doenças	como	Tétano,	Hepatite	B	e	outras	enfermidades.
terceiro tempo - Exame Físico
 O Código de Ética Médica recomenda a presença de um acompanhante durante o exame 
físico. Essa medida atua como uma forma de respeito ao paciente e também de proteção ao 
médico, já que muitos adolescente podem fantasiar a consulta dando a ela um entendimen-
to erótico.
 Contudo nem sempre este parceiro precisa ser um familiar, muitos adolescentes acabam 
se	sentindo	mais	confortáveis	na	presença	de	um	outro	profissional,	assim	podemos	chamar	
outro médico, enfermeira ou até um funcionário treinado para essa situação.
 O importante é que o exame físico ocorra respeitando o adolescente, que deverá ser in-
formado sobre tudo o que se está fazendo durante o exame físico, para aliviar o nervossismo 
da consulta e facilitar o prosseguimento do exame.
 Obtemos dados gerais como peso, estatura, índice de massa corporal, pressão arterial e 
freqüência cardíaca.
 É realizado o exame físico geral com avaliação do estado geral do paciente, pele, muco-
sas, padrão respiratório e aferição da temperatura.
	 O	exame	físico	especifico	compreende	os	seguinte	dados:
Cabeça e Pescoço
Avaliar o couro cabeludo, mucosas, olhos, ouvidos, orofaringe, presença de gânglios sub-
mandibulares, cervicais, palpação da tireóide.
tórax
Avaliar a parte muscular, ósseo, ausculta pulmonar e cardíaca.
Abdome
Avaliar	a	palpação	superficial	e	profunda	do	abdome,	fígado,	baço,	rins,	alénm	da	percussão	
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e ausculta.
Membros
Avaliar as articulações e extremidades com aferição do pulso.
Ginecológico
Avaliar	a	inspeção	dos	órgãos	genitais	femininos,	pela	classificação	de	Tanner.
Andrológico
Avaliar	a	inspeção	dos	órgãos	genitais	masculinos,	palpação	dos	testículos,	pela	classificação	
de Tanner e medição dos testículos com orquidômetro de Prader.

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