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Sistemas de Gestão Ambiental e Certificação Professor Esp. Adauto de Lima 2 Estrutura de Aprendizado O que é Meio Ambiente O que é Gestão Ambiental O que é Empresa Relação com Princípios da ISO 14000 Implantação e Operação do SGA Rotulagem AmbientalAuditoria SGA Certificação do SGA Avaliação de Desempenho Forma base para: 3 Parte I Muitos são os conceitos envolvidos na definição do sistema de gestão ambiental, necessários para a formação dos profissionais envolvidos com a sua implementação e gestão. Estudaremos seus principais aspectos, da sua definição, estrutura, passando pelo planejamento, implantação, auditoria, sistemas de certificação e avaliação de desempenho. Nesta primeira parte exploraremos os conceitos: • Meio ambiente e desenvolvimento; • Desenvolvimento sustentável; • Evolução do Sistema de Gestão Ambiental (SGA); • Da importância SGA para as organizações. 4 1. Meio ambiente e desenvolvimento. Meio ambiente é tudo o que envolve ou cerca os seres vivos. A palavra ambiente vem do latim e o prefixo ambi dá a ideia de “ao redor de algo” ou de “ambos os lados”, portanto cabe notar que as palavras meio e ambiente trazem em si o significado de entorno, envoltório, de modo que a expressão meio ambiente encerra uma redundância. Em outras palavras, por meio ambiente se entende o ambiente natural e o artificial, isto é, o físico e o biológico originais e o que foi alterado, destruído e construídos pelos humanos, tais como áreas urbanas, industriais etc. Esses elementos condicionam a existência dos seres vivos, podendo-se dizer que o meio ambiente não é apenas o espaço onde os seres vivos existem ou podem existir, mas a própria condição para a existência da vida na Terra. 5 Existem 3 tipos de ambientes na Terra: • o fabricado ou desenvolvido pelos humanos – cidades, parques industriais, etc; • o domesticado – áreas agrícolas, florestas plantadas, etc; • o natural – matas virgens e outras regiões autossustentadas, acionadas pela luz solar e outras forças da natureza, não dependendo de qualquer fluxo de energia controlado diretamente pelos humanos. A vida na Terra ocorre somente na biosfera, uma estreita faixa do planeta constituída pela interação de três ambientes físicos: o terrestre ou litosfera, o aquático ou hidrosfera e o atmosférico que envolve os outros dois ambientes. Nestes ambientes estão presentes as comunidades biológicas que são as populações de várias espécies vivendo em uma mesma área 6 que por sua vez somadas aos elementos físicos e químicos do meio em que vivem, formam o ecossistema ou sistema ecológico. Em outras palavras, ecossistema é um conjunto de partes ou subsistemas em interações, que são os organismos ou seres vivos de diversas espécies, inclusive os seres humanos, e os elementos do ambiente físico, tais como ar, água, solo, luz ,etc. Devemos considerar que, os organismos e o ambiente físico são interdependentes e, portanto, se influenciam mutuamente funcionando como uma totalidade ou seja, o que ocorre com uma de suas partes influencia as demais! Um ecossistema pode ser parte de outro; no limite, todos fazem parte da biosfera e o ser humano é um de seus componentes. 7 Os ambientes domesticados pelos seres humanos formam ecossistemas específicos, como as regiões agrícolas e agroindustriais e até mesmo as cidades e os distritos industriais (tecnoecossistemas urbano-industriais). Note: os tecnoecossistemas urbano-industriais se caracterizam por serem parasitas dos ambientes naturais e domesticados, pois não produzem os alimentos de que sua população necessita, não limpam o ar e reciclam pouco as águas que utilizam, não possuindo capacidade de regeneração, uma característica importante dos ambientes naturais e até mesmo dos domesticados. É neste ponto que os nossos problemas começam, visto que utilizamos o meio ambiente para obter recursos necessários para produzir os bens e serviços que precisamos e para despejar os materiais e energia não aproveitados. Isto nem sempre gerou degradação ambiental, em razão da escala reduzida de produção e 8 consumo e da maneira pela qual os seres humanos entendiam sua relação com a natureza e interagiam com ela. Sendo assim, podemos concluir que os problemas começaram a surgir com o aumento da escala de produção, que por sua vez estimulou o aumento da exploração dos recursos naturais, elevando a quantidade de resíduos. A crença que a natureza existe para nos servir, iniciada com o advento da “Revolução Industrial”, contribuiu significa- tivamente para o estado de degradação ambiental que encontramos atualmente. Entenda, a poluição gerada pelas atividades humanas estava confinada a áreas específicas e era absorvida com mais facilidade, visto que era basicamente orgânica, entretanto, a partir da Revolução Industrial, surge uma diversidade de substâncias e materiais que não existiam na natureza, mais de 9 dez milhões de substâncias foram sintetizadas e esse número não para de crescer. A maneira como a produção e o consumo estão sendo realizados desde então exige recursos e gera resíduos, ambos em quantidades vultosas, que já ameaçaram a capacidade de suporte do próprio planeta, ou seja, a quantidade de seres vivos que ela pode suportar sem se degradar. As consequências disto, é o comprometimento do próprio planeta e de todos os seres vivos e não apenas os humanos. Alunos: qual é a sua opinião a respeito? 10 1.1 - Desenvolvimento – cenário atual. O consumo desequilibrado dos recursos naturais, sem a preocupação com as futuras gerações faz com que cada país lute pela sua sobrevivência e pela prosperidade quase sem levar em consideração o impacto que causa sobre os demais. Alguns consomem os recursos da Terra a um tal ritmo que provavelmente pouco sobrará para as gerações futuras. Outros em número muito maior, consomem pouco demais e vivem na perspectiva da fome, da miséria, da doença e da morte prematura. É possível chegar a uma nova era de crescimento econômico, fundamentada em políticas que mantenham e ampliem a base de recursos da Terra; o progresso que alguns desfrutaram no século passado pode ser vivido por todos nos próximos anos. Mas, para que isso aconteça, temos que com - 11 preender os sintomas de desgaste que estão diante de nós, identificar suas causas e conceber novos métodos de administrar os recursos ambientais e manter o desenvolvimento humano. Para nossa surpresa, a própria pobreza polui o meio ambiente também, criando outro tipo de desgaste ambiental. Para sobreviver, os pobres e os famintos muitas vezes destroem seu próprio meio ambiente: derrubam florestas, permitem o pastoreio excessivo, exaurem as terras marginais e migram em número cada vez maior para as cidades já congestionadas. O efeito cumulativo dessas mudanças chega a ponto de fazer da própria pobreza um dos maiores flagelos do mundo. Dentro de alguns países em desenvolvimento, a pobreza foi exacerbada pela distribuição desigual da terra e de outros bens. O rápido crescimento populacional prejudicou a capacidade de 12 melhorar o padrão de vida. Esses fatores, aliados a uma necessidade cada vez maior de explorar comercialmente terras boas, levaram muitos agricultores de subsistência a se transferirem para terras ruins, tirando-lhes assim qualquer esperança de participarem da vida econômica de seus países. O cultivo extensivo em encostas íngremes está aumentando a erosão do solo em muitas regiões montanhosas de países desenvolvidos e em desenvolvimento. Em muitos vales fluviais, cultivam-se agora áreas onde as inundações sempre foram comuns. A maioria da vítimas dessas catástrofes é constituídas pelos pobres das nações pobres, onde os agricultores de subsistência tornam suas terras mais sujeitas a secas e inundações porque matam as áreas marginais, e onde os pobres se tornam mais vulneráveis a todas as catástrofes porque vivem em encostas íngremes ou em regiões ribeirinhas sem proteção, as únicas 13 áreas que lhes restam para construir suas casas. Não dispondo de alimentosnem de divisas, os governos economicamente vulneráveis desses países têm poucas condições de enfrentar tais catástrofes. Os vínculos entre desgaste ambiental e catástrofes que impedem o desenvolvimento evidenciam-se melhor na África. A produção de alimentos per capita, que vem declinando desde os anos 60, entrou em colapso durante a seca dos anos 80 e, no momento em que os alimentos eram mais necessários, cerca de 35 milhões de pessoas ficaram em risco. Nenhuma região sofre de modo mais trágico com o círculo vicioso da pobreza que leva à deterioração do meio ambiente, que por sua vez à deterioração do meio ambiente, que por sua vez leva a uma pobreza maior. 14 Uma vez que aumenta o padrão de vida, aumenta também o desenvolvimento econômico, que por sua vez aumenta o impacto ambiental. O homem atua na natureza como se não fosse existir uma geração vindoura. Tudo o que interessa é o capitalismo, o crescimento econômico. Porém, há uma ameaça iminente, pois se destrói a natureza destrói também a vida. Meio ambiente e desenvolvimento não constituem desafios separados; estão inevitavelmente interligados. O desen- volvimento não se mantém se a base de recursos ambientais se deteriora; o meio ambiente não pode ser protegido se o crescimento não leva em conta as consequências da destruição ambiental. Esses problemas não podem ser tratados separadamente por instituições e políticas fragmentadas. Eles fazem parte de um sistema complexo de causa e efeito. Os problemas ambientais e econômicos ligam-se e vários fatores sociais e políticos. 15 2. Desenvolvimento sustentável – um novo paradigma. No último decênio do século XX, consolida-se uma nova visão de desenvolvimento que não somente envolve o meio ambiente natural, mas também inclui os aspectos socioculturais numa posição de destaque, revelando que a qualidade de vida dos seres humanos passa a ser condição para o progresso. As propostas de desenvolvimento sustentável estão baseadas na perspectiva de utilização atual dos recursos naturais desde que sejam preservados para as gerações futuras. Embora de princípios aparentemente simples, a concepção do desenvolvimento sustentável norteia o atual debate sobre a questão ambiental em qualquer setor das atividades humanas. Nesta parte, abordaremos as discussões que se deram para o estabelecimento do conceito e principais eventos que contribuíram para a sua elaboração. 16 O conceito básico de desenvolvimento sustentável surgiu na “Conferência de Estocolmo” em 1972, e foi designado na época como “abordagem do ecodesenvolvimento” e, posteriormente, renomeado com a denominação atual. O desenvolvimento sustentável será alcançando se 3 critérios fundamentais forem obedecidos simultaneamente: • equidade social; • prudência ecológica e; • eficiência econômica. Foi o relatório produzido pela comissão Brundtland que apresentou pela primeira vez uma definição mais elaborada do conceito de desenvolvimento sustentável: “ É um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se har - 17 monizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas”. Este relatório estabelece uma relação harmônica do homem com a natureza, como centro de um processo de desenvolvimento que deve satisfazer às necessidades e às aspirações humanas. Enfatiza que a pobreza é incompatível com o desenvolvimento sustentável e indica a necessidade de que a política ambiental deve ser parte integrante do processo de desenvolvimento e não mais uma responsabilidade setorial fragmentada. Daí surgem os principais objetivos das políticas ambientais e desenvolvimentistas, que em síntese são: • retomar o crescimento; • alterar a qualidade do desenvolvimento; 18 • atender às necessidades essenciais de emprego, alimentação, energia, água e saneamento; • manter um nível populacional sustentável; • conservar e melhorar a base de recursos; • reorientar a tecnologia e administrar o risco; • incluir o meio ambiente e a economia no processo de tomada de decisões. De todos os programas gerados a “Agenda 21” é o mais abrangente, e constitui um programa internacional que estabelece parâmetros para que se obtenha o desenvolvimento sustentável nas suas vertentes econômica, social e ambiental. No que diz respeito às empresas, cap 31, item 1, ele reconhece que: “O comércio e a indústria, inclusive as empresas transacionais, desempenham um papel crucial no desenvolvimento econômi- 19 co e social de um país. Um regime de políticas estáveis possibilita e estimula o comércio e a indústria a funcionar de forma responsável e eficiente e a implementar políticas de longo prazo. A prosperidade constante, objetivo fundamental do processo de desenvolvimento, é principalmente o resultado das atividades formais e informais, proporcionando oportunidades importantes de intercâmbio, emprego e subsistência”. 2.2 Desenvolvimento sustentável e perspectivas. Do processo de reavaliação das teorias de desenvolvimento sustentável e seu processo de amadurecimento, resultou a percepção de que existe a necessidade de uma perspectiva multidimensional, envolvendo economia, ecologia e política simultaneamente. É uma perspectiva que ainda está em construção e representa limitações quase que na mesma proporção em que traz contribuições aos conceitos e práticas 20 presentes na problemática ambiental. Este debate levou a constatações que se traduzem em elementos comuns constantes nas definições de desenvolvimento sustentável, sendo: • Igualdade: todos os povos devem ter acesso à possibilidade de melhorar seu bem-estar econômico, tanto suas gerações presentes quanto futuras; • Administração responsável: os processos produtivos e financeiros devem ser responsáveis com relação àquilo que é objeto de suas ações sendo elaborados de forma a causar o menor prejuízo ambiental; • Limites: o desenvolvimento deve ser encaminhado dentro dos limites tanto dos recursos naturais não renováveis quanto da intervenção não tolerável do ser humano sobre os ecossistemas; 21 • Comunidade global: não há fronteiras nacionais ou geográficas para os prejuízos já causados e assegurar um desenvolvimento seguro no futuro; • Natureza sistêmica: o desenvolvimento deve considerar os relacionamentos entre ecossistemas naturais as atividades humanas. Por outro lado, devemos considerar como será alcançado o desenvolvimento sustentável, ao menos no que diz respeito ao setor industrial, o que ocorrerá através do desenvolvimento de processos e produtos ambientalmente corretos, ou “limpos”, através de pesquisas e desenvolvimento, e da difusão destes esforços. Entorno deste discussão surgiu a adoção das normas da série ISO 14000, as quais se destinam ao gerenciamento ambiental organizacional. 22 3. Evolução da Gestão Ambiental. O surgimento das normas ISO 14000, as quais procuram desenvolver uma abordagem organizacional que leve a uma gestão ambiental efetiva, assim como a crescente busca por parte das empresas de uma imagem ambientalmente mais adequada, vem sendo induzida por uma mudança de hábitos de consumo, patrocinada pelo crescimento da preocupação ambiental, a qual repercute negativamente na compra de produtos provenientes de produtores identificados como ambientalmente inadequados. Frente a esta realidade, é necessário compreender o conceito de gestão ambiental! É intendida como um processo adaptativo e contínuo, através do qual as organizações definem, e redefinem, seus objetivos e metas relacionados à proteção ambiental, à saúde 23 dos seus empregados, bem como clientes e comunidade, além de selecionar estratégias e meios para atingir esses objetivos num tempo determinado através de constante avaliação da sua interação com o meio ambiente externo. A amplitude do conceito de gestão ambiental envolve questões estratégicas das organizações e seu significado é integrado por: • Política ambiental: conjunto de princípios doutrináriosque conformam as aspirações sociais e/ou governamentais no que concerne à regulamentação ou modificação no uso, controle, proteção e conservação do ambiente; • Planejamento ambiental: é o estudo prospectivo que visa a adequação do uso, controle e proteção do ambiente às aspirações sociais e/ou governamentais expressas formal ou informalmente em uma política ambiental, através da coorde- 24 nação, compatibilização, articulação e implantação de projetos de intervenções estruturais e não estruturais; • Gerenciamento ambiental: é o conjunto de ações destinado a regular o uso, controle, proteção e conservação do meio ambiente, e a avaliar a conformidade da situação corrente com os princípios doutrinários estabelecidos pela política ambiental. NOTE: entre os diversos autores há uma confusão entre gerenciamento ambiental e gestão ambiental, devemos compreender que a gestão ambiental é composta por – política ambiental, planejamento ambiental e pelo gerenciamento ambiental. 25 No Brasil, a evolução institucional da gestão ambiental tem- se caracterizado pela desarticulação entre as diferentes instituições envolvidas, além da falta de coordenação e da escassez de recursos financeiros e humanos para efetivar o gerenciamento das questões relativas ao meio ambiente, resultando em diferentes estratégias de desenvolvimento econômico utilizadas desde os tempos em que o país era colônia, enfatizando a exploração de recursos naturais ciclicamente. Já em países desenvolvidos, as exigências legais e normativas, além restrições de mercado e proliferação de “selos vedes”, vêm obrigando as empresas a lançarem mão de programas de gerenciamento ambiental. No panorama brasileiro, apesar de o meio empresarial ainda considerar os problemas ambientais como secundários, o go - 26 verno passou a publicar a partir de 1980 uma série de regulamentações restringindo a poluição industrial, precipitando uma mudança progressiva no ambiente de negócios das organizações, principalmente no que tange a localização e atuação das mesmas, afetando seu processo produtivo. Podemos concluir até aqui que, assim como em outros países, as ações que fomentaram, inicialmente, mecanismos de gestão ambiental nas organizações foram induzidas pela intervenção governamental, a qual é reflexo da evolução histórica do país. Entretanto, entre os governos vem crescendo a ideia de que políticas orientadas pelo mercado são mais eficientes do que mecanismos de imposição ou regulamentações ambientais, dando origem às normas ambientais. 27 A proposição de leis e normas revela um aspecto básico da questão ambiental relacionada ao ambiente produtivo, o estabelecimento de parâmetros do que vem a ser um processo produtivo ambientalmente adequado. No desenvolvimento das normas ISO 14000 se buscou assegurar que estas normas estivessem relacionadas à padronização de processos (visando metas ambientais), e não ao estabelecimento de parâmetros de desempenho ambiental, os quais, por sua vez, são atribuíveis à legislação ambiental. As normas ISO 14000 estabelecem uma base comum para uma gestão ambiental uniforme, eficiente e eficaz no mundo inteiro. 28 4. Importância estratégica da gestão ambiental para às empresas. Atualmente não é mais suficiente apenas analisar o processo produtivo, mas também olhar o produto em toda a sua trajetória, desde a matéria-prima até o descarte final. As empresas, notadamente consideradas pela sociedade com as principais responsáveis pela poluição, tornaram-se vulneráveis as ações legais, boicotes e recusas por parte dos consumidores, que hoje consideram a qualidade ambiental como uma de suas necessidades principais a serem atendidas. O papel das pessoas e suas motivações não são novidade para as empresas, mas frente à questão ecológica vêm revelando uma conjunção de fatores os quais se apresentam, por exemplo, na forma de um ganho de importância para a questão ambiental. As pessoas são hoje melhor informadas e 29 motivadas para o assunto, sendo frequente a abordagem de temas ambientais na televisão, nos jornais e nas revistas. Portanto, em virtude das possibilidades de acesso à informação por parte das pessoas, o que leva à construção de uma conscientização a respeito da problemática ambiental, acabam surgindo evidências e ações que afetam diretamente as atividades das empresas, fato este comprovado através de uma pesquisa realizada nos EUA pela Opinon Research em 04/1990, onde 71% das pessoas consultadas afirma ter mudado de marca devido a considerações de cunho ambiental, sendo que 23% boicotaram produtos por causa dos antecedentes ambientais dos fabricantes. Fica claro que o comportamento do público consumi- dor/clientes representa o elemento central na determinação da estratégia a ser utilizada na organização principalmente tendo- 30 se em vista ser o cliente que, em última instância, sustenta pelas suas preferências, a organização em seus recursos financeiros. Note: outra questão que não pode ser descartada é o uso oportunista e manipulatório da questão ambiental como elemento de pressão. Existe a possibilidade de que a questão ambiental seja utilizada por determinados grupos, como um agente para o protecionismo econômico dos países, sendo utilizada principalmente para influenciar a opinião pública. 31 Parte II 1. Normas ISO 14000 como resposta à gestão ambiental. A maioria das organizações que implementam um SGA (ISO 14001) vem e geral sendo motivada quase que exclusivamente para evitar o surgimento futuro de barreiras não tarifárias ao comércio de seus produtos, assegurando assim a sua fatia do mercado tanto nacional como internacional. Vale citar que, nos EUA, os determinantes gerados pela questão ambiental levaram a uma busca de formas de ação por parte das empresas. Em linhas gerais, a filosofia de gestão ambiental das organizações americanas pode ser descrita em 3 estágios: 1. Estágio I – as empresas procuram unicamente se manter fora de problemas, reconhecendo e resolvendo imediata - 32 mente problemas ambientais, evitando custos desnecessários. Possui a característica de ser informal, entregue a especialistas (advogados, engenheiros..) que tendem a se dedicar a problemas específicos; 2. Estágio II – é elaborado um sistema mais formal de gestão que se destina a determinado nível de conformidade, com várias necessidades de gestão; 3. Estágio III – neste estágio há a ideia de que todos os potenciais riscos ambientais da organização devem ser gerenciados, não só os riscos já identificados e administrados pelo organização, mas também aqueles que ainda não são cobertos por exigências de normas, ou seja, é melhor antecipar os problemas do que gerenciar as suas consequências! 33 Nos diferentes estágios mencionados, fica a percepção de que é necessárias uma postura proativa frente a questão ambiental, o que leva à necessidade do estabelecimento de uma sistemática para sua execução, materializada através das normas ISO 14000. Em países emergentes, embora se percebam características que parecem menosprezar a importância da gestão ambiental para suas organizações, se observa que este panorama poderá mudar, com o aumento da conscientização ambiental entre os consumidores e legisladores e o uso das normas ISO 14000 nas transações comerciais entre empresas de diferentes países e ou no mesmo país, acabando por criar um estímulo ao uso de outras alternativas de gestão ambiental por parte das organizações. 34 Embora as normas sejam consideradas instrumentos de gestão ambiental do tipo “autocontrole”, não apresentando o mesmo nível de pressão que os mecanismos de “comando e controle” (leis e normas ambientais), passam a funcionar indiretamente como este mecanismo. Isto ocorre principalmente porque a organização, ao implantar e certificar um SGA, é compelida a cumprir a legislação ambiental pertinente a sua atividade, em virtude de ser este um dos requisitos mandatários do sistema.
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