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questão social e serviço social

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Prévia do material em texto

Revisão técnica:
Luciana Bernadete de Oliveira
Graduada em Ciências Políticas e Econômicas 
Especialista em Administração Financeira 
Mestre em Desenvolvimento Regional
Marcia Paul Waquil
Assistente Social 
Mestre em Educação 
Doutora em Educação
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB -10/2147
L732q Lima, Andréia Saraiva.
Questão social e serviço social [ recurso eletrônico ] / 
Andréia Saraiva Lima; [revisão técnica: Luciana Bernadete 
de Oliveira, Marcia Paul Waquil]. – Porto Alegre: SAGAH, 
2018.
ISBN 978-85-9502-391-8
1. Serviço social. I. Título.
CDU 36
1_Iniciais.indd 2 11/04/2018 09:28:10
Políticas econômicas 
neoliberais e a 
realidade brasileira
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer a realidade sócio-histórica em que as medidas neoliberais 
foram implantadas no país.
 � Definir a situação econômica do Brasil após a adoção das medidas 
neoliberais.
 � Avaliar, de forma crítica, a realidade social brasileira tendo como pano 
de fundo o neoliberalismo instalado no país.
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar a origem do neoliberalismo, as medidas 
econômicas do neoliberalismo tomadas pela política governista brasi-
leira, verificando os impactos econômicos, sociais e políticos no país. A 
proposta básica é dotar o profissional do serviço social de uma visão 
pontual do neoliberalismo no Brasil para que possa atuar de maneira 
eficaz na realidade social que o espera.
O contexto do processo histórico 
de implantação do neoliberalismo
Primeiramente, precisamos compreender o significado do neoliberalismo e 
sob qual contexto ele foi sendo forjado na história brasileira. Em que pese 
estarmos economicamente atrelados a economias de grandes potências mun-
diais, especialmente, de forma dependente, precisamos entender o que estava 
ocorrendo no mundo e como o neoliberalismo surgiu no contexto brasileiro.
Diante disso, podemos dizer que o neoliberalismo, por se tratar de uma 
corrente política, ideológica e, principalmente, econômica, baseada no libe-
ralismo clássico, preserva muitas de suas características. Foi teorizado nos 
Estados Unidos por autores como Friedrich A. Hayeck e Milton Friedman.
Os autores defendiam, entre outras medidas, a priorização do crescimento 
econômico, os princípios econômicos do capitalismo, o Estado mínimo, a mí-
nima intervenção estatal nos rumos da economia, a privatização de empresas 
estatais, a livre circulação de capitais internacionais e ênfase na globalização, 
a abertura da economia para a entrada de multinacionais, a suficiência da lei 
da oferta e demanda para regular os preços e que a base da economia deve 
ser formada por empresas privadas.
O ideário liberal se desenvolve nos alicerces da acumulação de capitais 
e reprodução das relações capitalistas de produção. Desde o final do século 
XVIII o liberalismo foi fortemente influenciado pelas teorias do Iluminismo 
e pela industrialização, responsável pela expansão econômica. A escola libe-
ral defende a teoria de que a economia possui seus próprios mecanismos de 
autorregulação, os quais operam com eficácia quando o Estado não atrapalha 
seu funcionamento natural.
No Brasil, o tempo que antecede a implantação de políticas neoliberais 
é marcado pelo período da ditadura militar e de governos populistas. Pre-
cisamos lembrar que o Brasil viveu algumas importantes particularidades 
acerca da implantação de políticas sociais e aquisição de direitos trabalhistas. 
No mesmo período em que o welfare state era desenvolvido nos países das 
Europa Ocidental, o Brasil viveu a Era Vargas com a conquista de uma série 
de direitos sociais, em plena ditadura militar ao mesmo tempo em que sofreu 
graves restrições de direitos civis e políticos.
O welfare state é desenvolvido na Europa Ocidental a partir das ideias de John 
Maynard Keynes (1883-1946). O Keynesianismo surge na Europa após a Grande 
Depressão, crise econômica que produziu sérias consequências na economia 
mundial entre os anos de 1929 a 1932. Tratava-se de uma teoria publicada no 
livro Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda em 1936, na qual o autor 
defendia a necessidade de uma maior intervenção estatal na economia de modo 
a reativar a produção e movimentar a economia por meio do consumo.
Surge então o welfare state ou Estado-providência em que houve a im-
plantação de políticas públicas abrangentes e de acesso universal, baseadas 
na cidadania e no compromisso governamental com o aumento e a expansão 
de benefícios sociais, crescimento econômico e pleno emprego (BEHRING; 
BOSCHETTI, 2006).
Políticas econômicas neoliberais e a realidade brasileira2
Keynes apostava no investimento do Estado para garantir o pleno emprego 
e a ampliação da igualdade social por meio da produção de serviços públicos 
além da produção privada e o aumento da renda e promoção de maior igualdade 
social por meio da instituição de serviços públicos. 
É importante assinalar que a política intervencionista do Estado proposta por 
Keynes gerava muita desconfiança entre correntes liberais. Mesmo assim, foi o 
período de ouro das políticas sociais, na Europa e EUA, caracterizando-se pela 
ampliação de serviços sociais, de seguridade social, do serviço nacional de saúde, 
de educação, de habitação, sem esquecermos das políticas de pleno emprego.
Contudo, a política liberal do welfare state começa a dar sinais de enfraque-
cimento nos anos 1960. A economia externa passou por importante período de 
recessão, especialmente os EUA com o término da Guerra do Vietnã e a sua 
derrota. Para outras correntes liberais o welfare state promovia a dependência 
e gerava “gastos sociais”. Enquanto isso, no Brasil, na contramão do que 
acontecia no mundo, vivia-se o milagre brasileiro (1969-1973) que significou o 
elevado crescimento econômico, a concentração de renda, concomitantemente, 
a ampliação da desigualdade social.
Já o período do milagre econômico ocorreu, no Brasil, juntamente com 
os anos de chumbo, durante o governo de Emílio Garrastazu Médici, de 
1969 a 1974. Foi o período mais repressivo da ditadura militar no Brasil, 
sendo marcado por violência política, pela luta armada e terrorismo, tanto 
de esquerda quanto de direita. Havia clara influência do governo na cultura 
e nos meios de comunicação por meio da censura que pretendia influenciar 
massivamente a sociedade da época, padronizando comportamentos, espe-
cialmente de consumo.
Na época o Ministro da Fazenda, Antônio Delfim Netto, afirmava que 
era preciso “fazer a riqueza crescer para depois dividi-la”. Contudo, a divi-
são nunca ocorreu. Foram realizados empréstimos internacionais que foram 
investidos nas indústrias. Assim, o maior crescimento se deu nas indústrias 
automobilísticas e de eletrodomésticos.
A garantia desse crescimento e da acumulação de capital nacional e interna-
cional se deu à custa da exploração da classe trabalhadora que sofria o arrocho 
salarial, com duras condições de trabalho e a pressão política. Além disso, a 
dívida externa crescia ainda mais do que a taxa de crescimento, chegando a 
US$ 100 bilhões em 1984 (COUTO, 2004).
Observa-se, aqui, que o Brasil adotava uma política econômica baseada 
nos princípios capitalistas de acumulação de capital, intervindo, minimamente 
nas questões sociais produzidas e reproduzidas pelas relações de produção 
3Políticas econômicas neoliberais e a realidade brasileira
instituídas. Portanto, a ideologia liberal estava presente nas ações estatais 
daquele período histórico.
Ocorre, então, a crise do capital ou “crise do petróleo”. Foi um momento de crise 
no mundo com reflexos na economia brasileira, pois se descobriu que o petróleo 
não é um recurso natural renovável e ocorreram muitas oscilações em seu preço 
acarretando desestabilizações econômicas e importantes conflitos internacionais.
A realidade é que o Brasil importava 80% do petróleo consumido. E de-
vido ao arrocho salarial dos trabalhadores, a maioria da populaçãonão podia 
comprar os produtos fabricados no próprio país, pois com a elevação do preço 
do petróleo os demais produtos também encareceram significativamente.
“Em apenas cinco meses, entre outubro de 1973 e março de 1974, o preço do petróleo 
aumentou 400%, causando reflexos poderosos nos Estados Unidos e na Europa e 
desestabilizando a economia por todo o mundo. É justamente este momento que 
coincide com o fim do milagre econômico ocorrido na ditadura militar no Brasil” 
(GASPARETTO JUNIOR, 2017a). 
Diante disso, o Brasil precisa reestruturar seu planejamento econômico, 
sua política interna e externa. Vivia-se um período de recessão intensa e de 
revoltas e manifestações da população que sofria pela crise econômica e pela 
repressão da ditadura militar.
Os dois governos seguintes, foram marcados pela ditadura militar, pela 
repressão dos direitos civis e políticos, além da crise econômica instaurada. 
O governo de Ernesto Geisel (1974-1979) e de João Batista Figueiredo (1979-
1985). Geisel buscava enfrentar a crise em meio à ditadura e a repressão civil 
e política. Lançou o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II-PND), com o 
objetivo de retomar o crescimento econômico e conter a onda inflacionária. 
Para isso, priorizava o desenvolvimento de bens de capital e investindo nas 
empresas estatais. Contudo, não obteve êxito.
Políticas econômicas neoliberais e a realidade brasileira4
“Projetando uma ampliação da representação política dos setores de oposição, o 
Governo Geisel lançou, em 1977, o chamado pacote de abril. Esse pacote promoveu 
uma desarticulação política sustentada pelas premissas estabelecidas pelo Ato Ins-
titucional nº 5 (AI-5). O Congresso Nacional foi fechado, ao mesmo tempo, o sistema 
judiciário e a legislação foram alterados. As campanhas eleitorais foram restritas, o 
mandato presidencial passou para seis anos e as leis seriam aprovadas por maioria 
simples” (SOUSA, 2017).
Figueiredo, último militar eleito indiretamente, foi do partido de situação 
do governo (Aliança Renovadora Nacional, ARENA). Ao ganhar as eleições 
o então presidente prometeu dar início ao processo de democratização do 
país. Foi, então, lançado o III Plano Nacional de Desenvolvimento, sem 
êxito, pois o mundo também vivia um período de recessão e isso impediu 
que o Brasil obtivesse novos empréstimos. Além disso, o país já possuía 
dívidas externas muito altas.
Mesmo assim, foram adotadas medidas que impulsionaram nossa economia. 
Foi implantado o programa de incentivo à agricultura o qual modernizou o 
sistema agrícola do país e impulsionou a exportação. Além disso, investiu-se 
em programas habitacionais em larga escala.
“Com tais medidas, João Figueiredo conseguiu que o Brasil saísse da recessão em 
seu último ano de governo e gerasse um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) 
superior a 7%. A elevação dos índices de exportação e a maior independência do 
mercado interno, especialmente em relação ao petróleo, fizeram com que a condição 
externa do Brasil atingisse relativo equilíbrio” (GASPARETTO JUNIOR, 2017b).
5Políticas econômicas neoliberais e a realidade brasileira
O processo de redemocratização do país já estava em curso, e a população, 
mesmo sob perseguição política, permaneceu realizando mobilizações e estra-
tégias para a retomada da democracia brasileira. O conjunto de acontecimentos 
que se desenrolavam desde a década de 1970 começou a materializar nos anos 
1980, como a queda da ditadura e as eleições, ainda indiretas, de Tancredo 
Neves para presidente da república e de José Sarney para vice-presidente. Em 
paralelo a esses acontecimentos, houve uma forte recessão econômica, que 
trouxe para os brasileiros altos índices de inflação. Além disso, o setor público 
se endividou e as taxas de crescimento foram muito baixas. Em 1985, com o 
fim da ditadura e a abertura à redemocratização, a conquista mais significa-
tiva desse período foi, sem dúvidas, a promulgação da nova Constituição da 
República, de 1988.
Contudo, logo após a Constituição ter sido promulgada, com a participação 
maciça da população, sendo, portanto, expressão de demandas e anseios da 
sociedade há muito relegados, inicia-se um processo de “desfiguração” das 
amplas conquistas sociais previstas constitucionalmente.
A realidade sócio-histórica 
e as medidas neoliberais no país
Você estudou, até aqui, os acontecimentos anteriores à implantação do neo-
liberalismo e, principalmente, que o Brasil já vinha implantando medidas de 
cunho liberal na economia, permanecendo, em diversos períodos históricos, 
dependente economicamente de potências mundiais. Agora, iremos avançar 
para o momento em que foram intensificadas medidas liberais e quando foi 
implantado, de fato, neoliberalismo no país. 
Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, a ala conservadora 
e neoliberal do Congresso Nacional moveu esforços para enfraquecer as 
conquistas sociais asseguradas em lei. Entendiam que poderia haver um caos 
econômico caso os especuladores financeiros falissem, bem como acreditavam 
que a regulamentação econômica dos mercados representaria o fim da ordem 
liberal e o início do socialismo (PEREIRA, 2012).
Outro fator explica a “recusa neoliberal de assistir os pobres”. Trata-se da 
concepção ideológica da pobreza aliada a questão de fracasso moral do ser 
humano. A lógica neoliberal concebe a ética da autorresponsabilização dos 
indivíduos pobres, que os obriga a autossatisfazer suas necessidades sociais 
ou ainda, entende que os indivíduos devem dar sua contrapartida, ou fazerem 
por merecer os benefícios sociais recebidos (PEREIRA, 2012).
Políticas econômicas neoliberais e a realidade brasileira6
Os anos 1980 do século XX ficaram conhecidos como “a década perdida” 
do ponto de vista econômico e do desenvolvimento. Estávamos endividados 
e enfrentávamos dificuldades para pagamento da dívida externa. O Fundo 
Monetário Internacional (FMI), para continuar emprestando dinheiro ao Brasil, 
exigia que o país adotasse medidas ortodoxas nas quais deveriam ocorrer o 
corte de custos do governo e o aumento da arrecadação. Contudo, Sarney fez 
o contrário, implantando políticas econômicas contrárias as exigências do 
FMI. Foi mantido o modelo de substituição de importações e houve grande 
participação do Estado na administração da economia nacional. 
 O governo investiu na alimentação da inflação, ou seja, criava o dinheiro 
inflacionário, visando ter recursos para pagar a dívida externa. Mas, buscava-
-se a estabilização da moeda, pois a hiperinflação gerava outros agravos 
econômicos e sociais. Assim, foram lançados vários planos econômicos (Plano 
Cruzado, Plano Bresser e Plano Verão) que não tiveram o êxito esperado.
O próximo governante do país, Fernando Collor de Melo (1989/1992), foi 
escolhido pelo povo a partir do voto direto após 30 anos de eleições indiretas. 
Entretanto, o povo brasileiro, mais uma vez, sofreu. Durante o Governo Collor 
foram introduzidas medidas, reconhecidamente, neoliberais, sendo realizadas 
as primeiras experiências de privatizações no país.
Foi lançado o plano Collor I, que visava à contenção da inflação, à moder-
nização administrativa e à revitalização da economia. O governo retomou o 
Cruzeiro como moeda nacional, congelou preços e salários, bloqueou contas 
correntes e poupanças no prazo de 18 meses, reduziu o número de servidores 
públicos e órgãos estatais.
Além de confiscar as contas bancárias de trabalhadores e empresários o 
governo Collor também reduziu as tarifas alfandegárias, favorecendo a entrada 
de produtos importados no país. Dessa forma, a indústria nacional enfrentou 
dificuldades para concorrer com produtos importados mais baratos, gerando 
a modernização e redução de mão de obra.
A indústria nacional precisou se modernizar implantando importantes 
transformações na área da tecnologia e da comunicação. Mas, além disso, 
ocorreram mudanças na produção e no consumo, rompendo barreiras geo-
gráficas. A globalização da economia aprofundou ainda mais oenraizamento 
dos ideários neoliberais no Brasil dos anos 1990.
O resultado foi o aumento do desemprego e da desigualdade social e a 
insatisfação popular crescente, culminando em manifestações da sociedade 
exigindo o impeachment do então presidente. Diante desse quadro, o neoli-
beralismo desenvolveu características compatíveis com a sua época na qual 
as evoluções tecnológicas e de comunicação compõem a lógica veloz da 
7Políticas econômicas neoliberais e a realidade brasileira
economia global. Quando falamos em globalização da economia, atualmente, 
estamos tratando de relações econômicas, mas também sociais, tecnológicas 
e cientificas entre países do mundo contemporâneo.
Além de ser compreendido como corrente econômica, o neoliberalismo 
atua, inclusive, como um padrão social de comportamento, valorizando o 
individualismo e o empreendedorismo. Nesse contexto, as políticas públicas 
são compreendidas como gastos sociais. Por isso, a título de exemplo das 
ações da política neoliberal, a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) 
demorou tanto a ser aprovada.
Lembremos que, após o impeachment de Collor, assume a presidência seu 
vice, Itamar Franco. Na época, Fernando Henrique Cardoso (FHC), como 
Ministro da Fazenda, lança o Plano Real e obtém a aprovação política e social, 
sendo eleito o próximo Presidente da República (1994-2002). Durante os dois 
governos de FHC, foram ampliadas, ainda mais, as medidas neoliberais com 
a diminuição gradativa do Estado (Estado mínimo), a ampliação das privati-
zações e a abertura econômica do Brasil ao capital internacional. 
Ao final do seu segundo mandato (2002), somando oito anos no poder, FHC conseguiu 
controlar a inflação brasileira. Entretanto, durante o seu governo, a distribuição de renda 
no Brasil continuou desigual: a renda dos 20% da população rica continuou cerca de 
30 vezes maior que a dos 20% da população mais pobre. O Brasil ficou em excessiva 
dependência do Fundo Monetário Internacional (FMI). O governo FHC foi responsável 
pela efetiva inserção do Brasil na política neoliberal (CARVALHO, 2017).
Consequências do neoliberalismo 
nas políticas públicas brasileiras
Em relação à política neoliberal avançar e aprofundar raízes, as políticas 
públicas sofreram grandes cortes de verbas, de servidores e de condições de 
funcionamento qualificado. E foi enfrentando muitas barreiras que a Lei Or-
gânica da Assistência Social (LOAS), nº 8.742, foi sancionada em dezembro 
de 1993, mas foi efetivada somente em 1995.
Políticas econômicas neoliberais e a realidade brasileira8
Vivia-se um momento político econômico e social no qual as conquistas 
de direitos de cidadania e sociais foram sendo gradativamente sequestrados 
da sociedade. O processo de aprovação da LOAS foi árduo e envolveu órgãos 
representativos da categoria dos assistentes sociais, como o Conselho Federal 
de Serviço Social (CFESS) e a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa 
em Serviço Social (ABEPSS). 
Segundo Sposati (2004), em 1990 o então presidente da República, Fer-
nando Collor de Mello vetou a promulgação da LOAS. Mas em 1991 e 1992, 
com advento da instauração do processo de impeachment do Presidente da 
República, e de sua renúncia antes mesmo da conclusão do processo, assume 
a presidência o vice-presidente Itamar Franco, que enviou, em 25 de agosto 
de 1993, em regime de urgência, projeto de lei para a Câmara Federal, onde 
recebe o número 100/93. Foram intensos os movimentos da categoria dos 
assistentes sociais por meio do CEFESS e da ABEPSS para pressionar pela 
aprovação na Lei, sendo aprovada em 7 de dezembro de 1993.
Foi o resultado de muitos debates no interior da categoria dos assistentes 
sociais, bem como junto aos representantes legislativos para a aprovação da 
LOAS. Significava extrair a assistência social do lugar de caridade, assisten-
cialismo, de políticas residuais e clientelistas para uma nova concepção de 
política pública de direito do cidadão e dever do Estado, tal qual está posto 
na Constituição de 1988.
A Constituição Federal coloca a política de assistência social juntamente à 
política de saúde e de previdência social, compondo o tripé da seguridade social 
brasileira. Entretanto, as políticas na área da assistência social permaneciam 
residuais, fragmentadas e insuficientes, pois o processo de responsabilização 
do Estado sobre as demandas sociais andava na contramão da política imple-
mentada naquele momento histórico.
“Vivemos na década de 1990, e principalmente após a instituição do Plano Real, em 
1994, algo bastante diferente desse crescimento mal dividido do tão criticado desen-
volvimentismo. Houve o desmonte (Lesbaupin, 1999) e a destruição (Tavares, 1999), 
numa espécie de reformatação do Estado brasileiro para a adaptação passiva à lógica 
do capital. Revelou-se, sem surpresas, a natureza pragmática, imediatista, submissa e 
antipopular das classes dominantes brasileiras” (BEHRING; BOSCHETTI, 2006, p. 151).
9Políticas econômicas neoliberais e a realidade brasileira
Houve a entrega de grande parte do patrimônio brasileiro às empresas 
estrangeiras, que, por sua vez, ao se instalarem no país não precisavam ad-
quirir sua matéria-prima do Brasil. Isso gerou o desmonte das indústrias 
brasileiras, o desemprego e o desequilíbrio da balança comercial (BEHRING; 
BOSCHETTI, 2006).
Para além da política de assistência social, as demais políticas públicas 
como, por exemplo, a saúde, a educação e a previdência social foram suma-
riamente atingidas. Isso se deve à concepção de que o Estado deve ser enxuto 
e reduzir “gastos” com as políticas sociais.
As políticas neoliberais no Brasil produziram efeitos ainda sentidos na con-
temporaneidade. A privatização, a terceirização, o desemprego e o subemprego, 
a falta de investimentos nas áreas na educação, na saúde, na assistência social 
e na previdência social, especialmente, caracterizam a lógica da acumulação e 
desenvolvimento econômicos em detrimento do desenvolvimento humano e social. 
Algumas considerações
Compreender as políticas econômicas neoliberais implica aprofundar o co-
nhecimento de suas origens e seu desenvolvimento do contexto histórico no 
qual se fundou. Diante disso, vimos algumas das principais características do 
neoliberalismo, sua base advinda do liberalismo clássico e passamos para o 
entendimento do processo de mudança do modelo de Estado liberal clássico 
para o Estado-providência ou welfare state, proposto por Keynes, como forma 
de enfrentamento da crise econômica de 1929.
Em que pese a nem todos os novos liberais aceitarem, plenamente, a inter-
venção do Estado na economia e nas questões sociais, o enfraquecimento do 
welfare state proposto contribuiu para um expressivo retrocesso dos direitos 
sociais nos países europeus e nos Estados Unidos. Esse fato nos diz sobre a 
lógica liberal que via nas polícias sociais gastos desnecessários e geradores 
de dependência dos beneficiários.
Estudamos como o Brasil veio a adotar as medidas neoliberais dos anos 
1990. Tratou-se de um processo de alargamento da dependência econômica 
pela importação de petróleo, pelos empréstimos junto ao FMI, o qual fazia 
exigências no sentido de implantação de medidas neoliberais no mercado e 
na economia brasileira. O cenário político favorável desde a era Collor, as 
crises econômicas anteriores e também o período do milagre econômico 
impulsionaram o Brasil para a intensificação das desigualdades sociais, da 
globalização e, por fim, da implantação do neoliberalismo.
Políticas econômicas neoliberais e a realidade brasileira10
No entanto, vimos que o Brasil andou em compasso diferente do restante 
do mundo em relação às políticas de bem-estar social. Por vivermos em uma 
ditadura militar por um período tão longo, e termos implantado governos 
populistas e desenvolvimentistas, aliado a restrições de direitos políticos e 
civis, enfrentamos instabilidades econômicas e políticas recorrentes.
A população enfrentou barreiras fortemente enraizadas para eleger seusgovernantes e, no entanto, em que isso se tornou possível, esbarrou em governos 
cada vez mais alinhados à ideologia neoliberal, na qual o crescimento econômico 
vem antes dos direitos sociais, da dignidade e da igualdade entre os homens. 
Nem mesmo a Constituição Federal de 1988 – a Constituição Cidadã – pôde 
garantir, de forma linear e ascendente, a materialização dos direitos nela previstos.
BEHRING, E. R.; BOSCHETTI, I. Política social: fundamentos e história. São Paulo: Cortez, 
2006. (Coleção Biblioteca Básica/Serviço Social).
CARVALHO, L. Governo Fernando Henrique Cardoso. Brasil Escola, 2017. Disponível 
em: <http://brasilescola.uol.com.br/historiab/governo-fernando-henrique-cardoso.
htm>. Acesso em: 25 jul. 2017.
COUTO, B. R. O direito social na sociedade brasileira: uma equação possível? São Paulo: 
Cortez, 2004.
GASPARETTO JUNIOR, A. Crise do petróleo. InfoEscola, 2017a. Disponível em: <http://
www.infoescola.com/economia/crise-do-petroleo/>. Acesso em: 22 jul. 2017.
GASPARETTO JUNIOR, A. Governo de João Figueiredo. InfoEscola, 2017. Disponível 
em: <http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/governo-de-joao-figueiredo/>. 
Acesso em: 20 jul. 2017.
PEREIRA, P. A. P. Utopias desenvolvimentistas e política social no Brasil. Serviço Social 
& Sociedade, São Paulo, n. 112, p. 729-753, out./dez. 2012.
SOUSA, R. G. Ernesto Geisel. Brasil Escola, 2017. Disponível em: <http://brasilescola.
uol.com.br/historiab/ernesto-geisel.htm>. Acesso em: 25 jul. 2017.
SPOSATI, A. A menina LOAS: um processo de construção da Assistência Social. São 
Paulo: Cortez, 2004.
Leitura recomendada
RIBEIRO, P. S. Os anos 80 no Brasil: aspectos políticos e econômicos. Brasil Escola, 2017. 
Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/os-anos-80-no-brasil-
-aspectos-politicos-economicos.htm>. Acesso em: 25 jul. 2017.
11Políticas econômicas neoliberais e a realidade brasileira
http://brasilescola.uol.com.br/historiab/governo-fernando-henrique-cardoso.
http://www.infoescola.com/economia/crise-do-petroleo/
http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/governo-de-joao-figueiredo/
http://uol.com.br/historiab/ernesto-geisel.htm
http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/os-anos-80-no-brasil-
 
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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