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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRARIAS DEPARTAMENTO DE SOLOS MINERALOGIA DO SOLO Mauricio Paulo Ferreira Fontes Professor Titular Departamento de Solos Universidade Federal de Viçosa VIÇOSA - MG 2006 1 “Raffiniert ist der Herr Gott, aber boshaft ist er nicht. Die Natur verbirgt iht Geheimmis durch die Erhabenheit ihres Wesens, aber nicht durch List” “O Senhor é sutil, mas não malicioso. A natureza não esconde os seus segredos por malícia, mas sim por causa de sua própria altivez” (Albert Einsten). 2 Introdução Mineralogia é um dos mais antigos ramos organizados das ciências da Terra. Por definição mineralogia é o estudo das substâncias cristalinas que ocorrem naturalmente, chamadas minerais. O conhecimento de como esses minerais são, onde eles ocorrem e como eles são formados, é de vital importância para o entendimento da maioria dos materiais usados pela nossa civilização. Nos dias de hoje, a exploração das riquezas minerais e as descobertas de novos usos para os minerais em ciência e tecnologia são algumas das causas primordiais do desenvolvimento alcançado pelo homem. A mineralogia do solo é hoje uma parte dessa ciência que tem evoluído bastante e que a cada dia mais se consolida como apoio de vários ramos das ciências da Terra. O solo é a capa mais superficial da crosta terrestre e é o meio onde crescem as plantas. É também onde o homem constrói suas edificações e estradas e onde se depositam quase todos os seus lixos e rejeitos. Conseqüentemente, o solo constitui na parte da crosta terrestre com ligação mais íntima com a vida do homem. Assim, o estudo do solo e por extensão da mineralogia do solo tem importância fundamental nos campos da agricultura, geotecnia (engenharia civil) na ecologia, na preservação do meio ambiente, etc. Conceito Básico Por ser o mineral o principal objeto de estudo da mineralogia do solo, é importante uma definição ou conceituação básica a seu respeito. "mineral é um sólido homogêneo; formado por processos inorgânicos; com composição química que varia dentro de limites definidos e que pode ser expressa por uma fórmula química; que apresenta estrutura interna carcterizda por um arranjo atômico ordenado e que ocorre naturalmente na crosta terrestre" Dissecando-se este conceito vê-se que o sólido homogêneo significa que o mineral é uma substância simples, que não pode ser fisicamente 3 subdividida em compostos químicos mais simples e, ao mesmo tempo, permite distingui-lo da maioria das rochas, que naturalmente são heterogêneas. A sua natureza sólida exclui os líquidos e gases da possibilidade de serem minerais. Ao se considerar a formação por processos inorgânicos tenta-se separar os compostos formados organicamente, mesmo que, em alguns casos a composição do material orgânico formado seja estritamente igual a um mineral formado inorganicamente. Composição química definida é a característica que diz que o mineral pode ser expresso por uma fórmula química específica. O importante de se salientar, contudo, é que isso não implica necessariamente que seja uma fórmula química fixa. Um exemplo importante é o do grupo das olivinas de fórmula (Mg, Fe)2SiO4 onde as quantidades de Mg e Fe são variáveis entre os membros finais da série, que são forsterita (Mg2SiO4) e a faialita (Fe2SiO4). O arranjo atômico regular implica na presença de uma estrutura interna na qual os átomos ou íons se dispõe de modo ordenado, o que caracteriza o material cristalino. E por último, mas não menos importante é a característica de ocorrer naturalmente na crosta terrestre, o que permite distingüí-los de substâncias produzidas pelo homem em laboratório. No caso de especimens produzidos em laboratório o nome sintético deve sempre se associar ao nome do mineral do qual o sintético foi baseado. Por exemplo, goethita é o mineral de Fe que aparece naturalmente em muitos solos na crosta terrestre ao passo que goethita sintética é o material de mesma formulação química e estrutural, mas que é produzida em laboratório. Química Cristalina – conceitos básicos Para o completo entendimento dos minerais é importante que se considere a sua composição química, que influenciará diretamente em várias de suas propriedades, mas também é importante o arranjo geométrico dos átomos ou íons que o constituem e a natureza das forças elétricas que os unem. 4 A cristalografia química é o ramo da ciência que une todos esses conhecimentos e para se iniciar nesse campo de estudos se torna conveniente uma discussão da estrutura atômica da matéria. Átomo O átomo é a menor subdivisão da matéria que mantêm as características dos elementos. A primeira teoria sólida que buscou explicar o átomo pode ser chamada de Rutherford-Bohr. De acordo com esta teoria, desenvolvida no início do século XX, o átomo consiste em um núcleo, que carrega a carga positiva e que contribui com, praticamente, toda a massa do átomo e uma nuvem extra nuclear de carga negativa. O núcleo é constituído por prótons cada um carregando uma unidade de carga positiva e nêutrons, que são partículas eletricamente neutras. A nuvem extra nuclear é constituída por elétrons, cada um carregando uma unidade de carga negativa e de massa desprezível. O número de prótons é chamado de número atômico Z que é o mesmo número de elétrons que rodeiam o núcleo conferindo neutralidade elétrica ao átomo em estado padrão. Nesse modelo inicial de átomo, os elétrons se arranjariam em camadas em torno do núcleo, assim como os planetas giram em torno do Sol. Para explicar o modelo pleiteava-se que, se por um lado havia uma força atrativa entre a nuvem eletrônica e o núcleo que tenderia a puxar os elétrons para o núcleo, por outro lado havia a força centrífuga atuando nos elétrons que contrabalançaria a força atrativa. Nesta explicação, contudo, existia um problema básico importante, pois, de acordo com os princípios físicos conhecidos até aquele momento (início do século), o átomo com esta estrutura não seria estável. Ainda de acordo com a física clássica, um sistema que consistisse de uma partícula carregada negativamente se movendo com respeito à outra partícula carregada positivamente irradiaria essa energia continuamente. Em outras palavras, os elétrons perderiam energia, paulatinamente, e se moveriam em órbitas cada vez menores até cair dentro do núcleo. Para explicar porque isso não ocorria, 5 físico dinamarquês Bohr postulou que a energia dos elétrons não variava, mas era restrita a um número limitado de valores individuais. Ele demonstrou, então, que a energia dos elétrons era "quantificada" ou "quantizada" em diferentes níveis pré-determinados e o elétron para passar a um nível mais alto de energia teria que receber energia ou para passar a um nível mais baixo teria que liberar energia. Na prática, começava a se estabelecer de maneira mais consistente a “teoria quântica”, que estava sendo desenvolvida. Figura 1 - Modelo atômico de Bohr: elétrons giram em torno do núcleo em camadas com níveis de energia especificados. Assim, em todos os elementos químicos, a começar pelo hidrogênio, os elétrons se distribuem por camadas designadas pelas letras K, L, M, N, ..., etc., caracterizadas por um número, chamado “número quântico principal” simbolizado por n, sendo n = 1, 2, 3, 4, ...∞. O número quântico principal, função da distância dos elétrons a partir do núcleo, reflete os diferentes níveis de energia de cada uma das camadas (K, L, M, N, ...) e pode assumir valores inteiros positivos variando de 1 a infinito. O número máximo de elétrons permitido em cada camada é dada por 2 n², assim: 6 Camada K L M N O P Q ... n 1 2 3 4 5 6 7 ...Num. max. eletrons 2 8 18 32 50 72 98 ... Esse modelo atômico foi satisfatório para explicar o átomo de hidrogênio, mas átomos com mais elétrons se tornava mais complexo e se fez necessário a introdução de novas grandezas quânticas. Na definição destas novas grandezas quânticas uma importante contribuição veio dos cientistas que demonstraram que os elétrons não se comportavam como partículas cujas posições podem ser determinadas, mas que os elétrons tinham propriedades idênticas às das ondas. Isso foi bem expresso pelo princípio de incerteza do cientista alemão Heisenberg que diz: "é impossível de se determinar acuradamente, ambos, o momento e a posição de um elétron, simultaneamente". Esse princípio demonstra que o mais acuradamente que se medir o momento de um elétron em movimento, menos acuradamente se medirá a sua posição e vice-versa. Assim, desde que a posição exata e a direção de um elétron não podem ser determinadas, o melhor que se pode fazer é falar na probabilidade de se encontrar um elétron em uma dada posição dentro do átomo. A partir daí, Schrödinger consolidou o modelo teórico da "mecânica quântica" que relaciona a probabilidade de se encontrar um elétron a um determinado tempo, em um local específico, à massa e à energia potencial da partícula naquele tempo e espaço através de uma função de onda. Para se especificar completamente um elétron em um espaço tridimensional são necessários três números quânticos. Esses números vêm da solução da equação de Schrödinger e são os parâmetros específicos para a formulação matemática da função de onda. O primeiro número quântico, definido antes como principal e simbolizado por n, indica a distância mais provável do núcleo de se encontrar um elétron. Mas como elétrons com o mesmo número 7 quântico principal podem possuir diferentes energias, introduziu-se, então, o segundo número quântico que foi chamado de número quântico secundário ou azimutal. Esse número recebeu o símbolo ℓ e define as subcamadas dentro de cada camada. Ele pode assumir valores de 0 até n-1. Elétrons em subcamadas ℓ = 0, 1, 2 e 3 são normalmente chamados elétrons s, p, d, f respectivamente. As letras que designam as subcamadas são as iniciais dos termos espectroscópicos em inglês sharp (s), principal (p), diffuse (d) e fundamental (f). Os elétrons que estão presentes em uma mesma subcamada tem energias semelhantes, mas aqueles que estão em subcamadas diferentes tem energias substancialmente diferentes. Dentro de uma mesma camada a energia dos elétrons cresce na ordem s < p < d < f. Embora valores de ℓ maiores que 3 sejam possíveis, elétrons com ℓ maior que 3 não são encontrados espontaneamente. Os elétrons têm também um momento magnético, o que se traduz em diferentes energias quando dentro de um forte campo magnético. Assim, para um determinado momento magnético pode-se associar um vetor que apresenta orientação espacial e recebe a denominação de terceiro número quântico ou número quântico magnético, simbolizado por m. Para um dado valor de ℓ, o número quântico m pode assumir 2ℓ + 1 valores, variando de -ℓ, ..., 0, ..., + ℓ. O número quântico magnético caracteriza o orbital atômico, que pode ser definido como o espaço ou a trajetória mais provável de se encontrar um elétron ao redor do núcleo. Em cada subcamada existirão tantos orbitais quanto 2ℓ + 1: Subcamada s p d f ℓ 0 1 2 3 n° de orbitais (m) 1 3 5 7 Posteriormente se demonstrou que o elétron pode ser considerado como uma carga específica que gira em torno do seu eixo central, originando um movimento de rotação própria. Como o movimento pode ser em sentido horário ou anti-horário houve a necessidade da introdução de um quarto 8 número quântico ou o número de spin ou de rotação, simbolizado por s e que pode assumir valores +½ e -½. Em conjunto, os números quânticos especificam o endereço de todo e qualquer elétron dentro do átomo, permitindo-se estabelecer a regra conhecida como o princípio de exclusão de Pauli, que diz: qualquer elétron no átomo pode ser unicamente descrito pelos valores de n, ℓ, m e s e não mais que um elétron no átomo pode apresentar os mesmos números quânticos. O segundo e terceiro números quânticos (ℓ e m) determinam a forma geral e a orientação da região na qual o elétron se move e em menor escala a sua energia. Como as subcamadas s e p são importantes no comportamento de alguns elementos no estudo dos minerais, elas serão melhor discutidas a seguir. A subcamada s possui uma orbital atômica com forma esférica e a subcamada p possui três orbitais de formas diferentes conforme Figura 2a e 2b. Figura 2. Orbitais atômicos da subcamada s (a) da subcamada p (b). Hibridização 9 O conceito de hibridização foi desenvolvido por Linus Pauling em 1935 e diz que orbitais atômicos diferentes podem se combinar formando novos orbitais que contem as características combinadas dos orbitais originais. Esses novos orbitais são chamados híbridos. Como regra geral, a hibridização produzirá um número de orbitais igual à soma de número de orbitais envolvidas no processo. Por exemplo, a combinação de um orbital s com um orbital p dará origem a dois orbitais híbridos chamados orbitais sp. A combinação de um orbital s com dois orbitais p forma três orbitais sp2. O superscrito indica o número de orbitais do tipo entrando na hibridização. A situação mais comum e de maior importância no estudo da mineralogia é a combinação de um orbital s com três orbitais p para formar quatro orbitais sp3. De acordo com cálculos de mecânica quântica os quatro orbitais formados são exatamente equivalentes uns aos outros e são arranjados no espaço de modo que as partes arredondadas dos orbitais apontam para os vértices de um tetraedro regular. Na formação dos orbitais híbridos a energia dos elétrons das camadas s e p que antes eram de níveis de energia diferentes (s < p) passam a ter no orbital híbrido o mesmo nível de energia. Por isso mesmo podem participar de ligações químicas com o mesmo grau de envolvimento. 10 Elementos onde o aparecimento da hibridização sp3 é importante são o carbono, silício e o germanio. O carbono é o exemplo, sem dúvida, mais estudado e evidências experimentais demonstram que as quatro ligações do metano (CH4) são apontadas para os vértices de um tetraedro regular e são exatamente iguais em termos de comprimento e força. Tabela Periódica A tabela periódica dos elementos químicos depende essencialmente de sua configuração eletrônica. A tabela periódica não é apenas uma tabulação dos elementos mas o resultado de um ordenamento sistemático das propriedades químicas básicas que dependem do número total de elétrons constituintes do átomo e da natureza dos elétrons externos ou também chamados elétrons de valência. O número total de elétrons interfere no tamanho de átomos e íons e conseqüentemente influencia na distribuição dos 11 elementos em locais específicos, cristalograficamente falando, na estrutura dos minerais. Os elétrons de valência, por sua vez, são os elétrons disponíveis para ligações químicas o que influencia sobremaneira na cristalização e na formação de diferentes compostos cristalinos. O ordenamento eletrônico que se inicia com o elemento H é de tal forma que os elétrons tendem, naturalmente, a ocupar os estados de mais baixo nível de energia. Assim, uma representação esquemática dos níveis de energia, em termos relativos, dos diferentes orbitais atômicos é apresentada na Figura 3. Figura 3 - Níveis de energia em relação aos orbitais atomicos Isso gera uma configuração eletrônica para cada elemento que compõe a tabela periódica. O ordenamento sistemático na tabela periódica se dá de modo a mostraros elementos arranjados em linhas, que são os chamados períodos, que são preenchidos em função do aumento do número atômico dos elementos em seu estado padrão. Quando cada uma das camadas, definidas pelo número quântico principal, é completadas com os seus elétrons 12 constituintes, nova linha é iniciada. Desta maneira, observa-se que os elementos de uma dada coluna formam os chamados grupos, que apresentam propriedades semelhantes por possuírem estrutura eletrônica semelhante. O elemento hidrogênio, com um simples elétron, inicia o preenchimento da tabela periódica, sua configuração é representada por 1s1. O hélio (He) com dois elétrons encerra o primeiro período e preenche toda a camada K sendo representado por 1s². Daí para frente cada período começa com o preenchimento de uma nova camada externa e termina apenas quando essa camada tem oito elétrons. O lítio que é o terceiro elemento inicia o segundo período e o terceiro elétron tem que ocupar o orbital s da camada L que é de maior energia e mais elétrons são adicionados aos outros elementos até formar o total de oito na camada L que é o neon, representado por 1s² 2s² 3p6. Um aspecto importante que ocorre nesse período e que também afeta outros elementos é o que ocorre com o carbono. O elemento imediatamente anterior a ele é o B que tem a configuração eletrônica igual a 1s² 2s² 2px1. Para formar o C mais um elétron é adicionado e, de acordo com a regra da máxima multiplicidade de Hund, todos os orbitais livres tem que ser ocupados por um elétron simples antes que se inicie o emparelhamento de elétrons dentro do orbital inicial. Assim sendo, no caso do C o próximo elétron entra no orbital py, gerando uma configuração 1s² 2s² 2px1 2py1. O terceiro período se preenche de modo similar aos dois primeiros, mas o quarto período e os subseqüentes apresentam peculiaridades. O quarto período se inicia com o preenchimento dos orbitais s da camada N (n = 4). K e Ca preenchem 4s1 e 4s², respectivamente. Mas, em função dos níveis de energia (Figura 3) a camada mais externa deixa de ser completada e os orbitais d da penúltima camada (M) começam a ser preenchidos. Aí se inicia a chamada 1ª série de transição ou elementos de transição. Assim, do Sc até o Zn, elétrons são adicionados, mas a camada externa não se modifica. A mesma seqüência se vê nos quinto e sexto períodos caracterizando as 2ª e 3ª série de transição. No sexto e sétimo períodos 13 ocorre outra diferenciação, quando a lantanium começa a 3ª série de transição. Acontece que, antes do preenchimento dos orbitais d da penúltima camada serem preenchidas, por razões energéticas, os orbitais f da antepenúltima camada começam a ser preenchidas e forma-se então a série dos Lantanídeos ou o grupo das terras raras. O mesmo ocorre no sétimo período originando a série dos Actinídeos. Esses 28 elementos são muito semelhantes entre si. Assim se obtém a tabela periódica mostrada na Figura 4, que é de muita utilidade para a mineralogia e outras áreas afins, pelo seu poder de auxiliar na predição e no melhor entendimento do comportamento dos elementos químicos na estrutura dos minerais em a natureza. Tabela Periódica e Estrutura Eletrônica Ao se lidar com a tabela periódica observa-se que elementos com propriedades semelhantes agrupam-se nas mesmas regiões da tabela. Os elementos dos mesmos grupos têm estrutura eletrônica semelhante e por isso com o mesmo número de elétrons de valência, o que os tornam semelhantes em termos de comportamento químico. Torna-se, então, conveniente agrupar os elementos da tabela periódica em quatro categorias diferentes: Tipo ΙΙΙΙ: são os gases nobres, nos quais a camada mais externa de elétrons é completa. A inatividade química mostra a estabilidade da última camada completa e a formação do octeto. São os elementos de muito pouca importância nas estruturas cristalinas minerais. São os elementos do grupo O da tabela. 14 Figura 4. Tabela Periódica dos elementos. 15 Tipo ΙΙΙΙΙΙΙΙ: às vezes chamados de elementos representativos, são aqueles nos quais os elétrons diferenciadores ocupam a camada de mais alta energia. Elementos do tipo II são aqueles que perdem ou ganham elétrons com facilidade da sua última camada. Os elementos metálicos perdem prontamente os elétrons e formam íons positivos, enquanto que os não metálicos adquirem elétrons e formam íons negativos. Elementos desse tipo são so dos grupos 1A, Ι2A, 3A, 4A, 5A, 6A e 7A. Tipo ΙΙΙΙΙΙΙΙΙΙΙΙ: chamados elementos de transição, são aqueles que os elétrons diferenciadores ocupam a penúltima camada externa. São os elementos que formam as 1ª, 2ª e 3ª séries de transição. Eles são todos elementos metálicos e por isso chamados metais de transição e podem formar íons positivos pela perda de elétrons. O importante nesse grupo é que, além da perda dos elétrons da camada s mais externa, eles têm a possibilidade de perder também elétrons da camada d imediatamente mais interna porque isso não implica na destruição de um octeto. Nesses átomos existe a possibilidade de transições eletrônicas e de existir vários graus de ionização. Geralmente são elementos que apresentam orbitais incompletos e com elétrons desemparelhados o que os torna importantes em algumas propriedades físicas dos minerais como cor, magnetismo, etc. São os elementos dos grupos 1B, 2B, 3B, 4B, 5B, 6B, 7B e 8B. Tipo ΙΙΙΙV: também chamados de transição interna, apresentam os átomos nos quais os elétrons diferenciadores ocupam a antepenúltima camada externa. Eles são também metais e devido ao fato de que os elétrons diferenciadores estarem muito internos em sua estrutura eletrônica eles mostram, entre si, uma similaridade extremamente grande. São os elementos das séries dos Lantanídeos e Actinídeos que são de ocorrência rara e pouca importância em estruturas cristalinas minerais. 16 Variação de Propriedades na Tabela Periódica A variação nas propriedades dos elementos químicos depende, em grande escala, de sua estrutura atômica. Dentro dos grupos espera-se uma similaridade nas propriedades e uma variação dessas dentro dos períodos desde que cada elemento difere do outro pela adição de um elétron. Variação no Raio Covalente ou Raio Atômico Esta é uma das maneiras pelas quais se pode determinar o tamanho dos átomos. O raio covalente pode ser definido como a metade da distância dos núcleos de dois átomos quando ligados por uma ligação covalente simples. O raio covalente é também considerado como raio atômico e diminui ao longo dos períodos a partir da esquerda. Por exemplo, no período 4 o K é o maior raio covalente ou atômico e o Br é o menor sendo, respectivamente, o 1° e o último elementos desse período. Essa diminuição em tamanho pode ser entendida em função de existir um aumento de elétrons ao longo do período, conseqüentemente existe um aumento de prótons no núcleo, gerando uma maior carga positiva mas o tamanho do átomo não aumenta porque a mesma camada externa é que está presente em todos os átomos. O preenchimento se dá nas camadas internas. Quando se observa para baixo, dentro dos grupos, existe um aumento nesse raio por aumento no número de camadas e conseqüentemente maior raio. Variação no Raio Iônico Átomos que perdem elétrons com facilidade formam íons positivos ou cátions, e átomos que aceitam prótons com facilidade formam íons negativos ou ânions. 17 Figura 5. Raios iônicos efetivos relacionados com os números de coordenação (NC) para alguns dos elementos químicos. 18 A perda de elétrons resulta em raio iônico menor que o raio atômico. Isso se explica pela perda de um, dois ou mais elétrons da camada externa aliado ao fato de que a carga nuclear que permanece inalterada, cresce em termos relativos ao número de elétrons quesobraram. Assim, a atração exercida pelo núcleo à nuvem eletrônica vai ser relativamente maior ajudando nessa diminuição do raio iônico. No caso da aceitação de elétrons formando um ânion vai existir uma maior repulsão entre os elétrons aliada ao decréscimo na carga nuclear efetiva por elétron da nova nuvem eletrônica. Assim, apesar de não haver formação de nova camada eletrônica, pois o(s) elétron(s) entra(m) em camada já existente, há um aumento do raio iônico do ânion formado. Estudos mais recentes têm demonstrado que o raio iônico dos elementos é dependente também do número de ions que rodeiam um dado íon. Assim, conforme o número de coordenação do cátion ou do ânion pode-se ter uma variação considerável no raio iônico. O número de coordenação (NC), que é um conceito a ser introduzido mais tarde, é o número de átomos ou íons que estão à volta de um dado átomo ou íon na estrutura cristalina. Com um aumento do número de coordenação do ânion ou do cátion espera-se um aumento do raio iônico do íon envolvido refletindo uma expansão do mesmo no espaço maior gerado pelo aumento do NC. O raciocínio inverso é verdadeiro. A Tabela 3 mostra raios iônicos efetivos relacionados com número de coordenação. Variação no potencial de ionização: Por definição potencial de ionização é a quantidade de energia requerida para remover o elétron menos fortemente preso em um átomo. Essa é uma reação endotérmica e o potencial de ionização para remover um elétron é chamado primeiro potencial de ionização. O primeiro potencial de ionização cresce da esquerda para a direita dentro dos períodos o que coincide com o preenchimento das camadas. Isso pode ser atribuído ao fato 19 de que os elétrons a serem perdidos estão saindo de uma mesma camada à medida que a carga nuclear está aumentando. Ou ainda, com o preenchimento progressivo da camada externa esse número crescente refletiria a relutância do átomo a perder elétrons de orbitais que estão quase completamente preenchidas. A Figura 6 mostra o primeiro potencial de ionização em relação ao número atômico de alguns elementos. Figura 6. Primeiro potencial de ionização dos elementos em função do número atômico. Variação na eletronegatividade: Eletronegatividade é a medida da habilidade de um átomo em atrair elétrons para si. A escala de eletronegatividade dos elementos foi proposta por Linus Pauling e é composta de números admensionais. Elementos com números baixos de eletronegatividade têm muito pequena habilidade para atrair elétrons ao passo que elementos com número alto tem grande habilidade para atrair elétrons e funcionam como receptores de elétrons. Na tabela periódica a eletronegatividade cresce de baixo para cima e da esquerda para a direita, sendo o Fr e o Cs os elementos que apresentam menor valor (0,7) ao passo que o F apresenta o maior valor (4,0). A figura 7 apresenta os valores de eletronegatividade para a maioria dos elementos. 20 Figura 7. Variação da eletronegatividade de alguns elementos. Ligações Químicas As forças que unem átomos, íons ou moléculas dos sólidos cristalinos são de natureza essencialmente elétricas. O estabelecimento de ligações de natureza eletrostática entre átomos ou íons dos elementos resulta na união desses para formar os diferentes compostos, e por extensão os compostos cristalinos minerais. Essas forças elétricas são as ligações químicas e influenciam de maneira muito forte nas propriedades químicas e físicas dos minerais. A intensidade e natureza das ligações químicas afetam características como dureza, clivagem, ponto de fusão, etc. As ligações químicas podem ser classificadas como iônicas, covalentes, metálicas, pontes de hidrogênio e forças de van der Waals. Os elétrons envolvidos nas ligações químicas são os chamados elétrons de valência e são aqueles que se localizam na última camada. A classificação das ligações químicas em cinco diferentes tipos não implica em que não existam transições entre elas. Na realidade, quando se pensa nas principais ligações químicas possíveis, ou seja, a iônica e a covalente, o que se observa é que sempre haverá a interferência de uma delas na outra. Possivelmente não existe uma ligação puramente iônica, existindo sempre 21 certa dose de caráter covalente, assim como uma ligação covalente sempre terá certo caráter iônico. Ligação Iônica Esta ligação é também chamada de ligação química por transferência de elétrons. Quando um elemento que perde elétrons facilmente reage com um elemento que aceita elétrons com facilidade, um ou mais elétrons são transferidos completamente de um elemento para o outro formando os íons. O composto formado por essa transferência é estabilizado por uma forte força eletrostática entre os íons de carga oposta. Os íons no composto são seguros pela ligação iônica. Assim, uma ligação química chamada iônica é obtida quando um ou mais elétrons de valência de um átomo são transferidos para a camada de valência de outro de modo que ambos atingem a configuração de gás nobre. Em termos de propriedades físicas, os cristais ligados ionicamente, em sua maior parte, têm superfície específica e dureza moderadas, alto ponto de ebulição e são mal condutores de calor e eletricidade. Normalmente conduzem eletricidade quando em solução. Ligação Covalente Na ligação química chamada covalente ao invés da transferência de elétrons de valência existe um compartilhamento dos elétrons de valência de dois ou mais elementos. Pares de elétrons são compartilhados e ligações 22 covalentes se formam quando entre átomos que apresentam tendências similares de doar elétrons para formar íons positivos ou tendências similares de ganhar elétrons para formar íons negativos. Normalmente, o número de ligações covalentes de um átomo será dado pelo número de elétrons que se precisa para atingir a configuração de gás nobre. A ligação covalente é a mais forte em a natureza e minerais que apresentam suas ligações com maior caráter covalente tem as seguintes características: grande insolubilidade, grande estabilidade, ponto de ebulição muito alto, e não conduzem eletricidade tanto na forma sólida quanto em solução. São ligações químicas altamente direcionais. Ligação Iônica x Covalente Como foi mencionado anteriormente as ligações químicas iônica e covalente tem grande interferência entre si. Tem sido demonstrado que existe algum partilhamento de elétrons na maioria dos cristais iônicos, enquanto que a maioria dos átomos ligados covalentemente nas substâncias tem alguma formação de carga eletrostática. Elementos dos primeiro e segundo grupos quando se combinam com elementos dos sexto e sétimo grupos formam ligações dominantemente iônicas. Elementos próximos entre si na tabela periódica quando se combinam formam ligações nas quais predominam o caráter covalente. 23 A eletronegatividade dos elementos tem uma importância grande na definição do caráter iônico ou covalente das ligações. A diferença de eletronegatividade entre os elementos permite predizer o caráter mais iônico ou mais covalente da ligação formada. Utilizando-se os dados da Figura 7 e plotando-se a diferença de eletronegatividade dos elementos envolvidos na ligação noeixo X na Figura 8, pode-se observar no eixo Y o caráter iônico das ligações formadas. Figura 8. Curva que relaciona o caráter iônico de ligações químicas com a diferença de eletronegatividade dos elementos que tomam parte da ligação. Ligação Metálica Nesta ligação os átomos são seguros juntos pela atração entre os núcleos acompanhados da nuvem eletrônica interna entre si. A parte eletrônica da camada externa passa a não pertencer aos núcleos individuais mas sim a todos os núcleos, praticamente flutuando na estrutura. Diz-se que os elétrons externos formam uma "nuvem eletrônica" naqual os elétrons flutuam praticamente livres, podendo se movimentar sem romper as ligações metálicas. 24 Figura 9. Ligação metálica de átomos de sódio. Esse tipo de ligação é a razão do aparecimento de características como plasticidade, tenacidade, maleabilidade, baixa dureza e alta condutividade elétrica. Os minerais chamados metais nativos apresentam em sua estrutura cristalina ligações metálicas praticamente puras. Ligação ponte de hidrogênio Mais comumente conhecida simplesmente como ponte de hidrogênio ou ponte hidrogeniônica é uma atração eletrostática entre o íon hidrogênio positivamente carregado e íons negativamente carregados como O, N, F, etc. O hidrogênio ao se combinar com outro elemento cedendo seu elétron o seu núcleo se torna de certa forma desprotegido ou mais exposto. Na falta de elétrons internos a aproximação com átomos vizinhos pode ser maior devido a inexistência de forças repulsivas. Nesse caso a carga positiva tende a interagir com os pares de elétrons de outros átomos especialmente aqueles eletronegativos ou com íons. Como a interação se dá com os elementos mais 25 eletronegativos como O, N, F, etc, observa-se o caráter eletrostático desse tipo de ligação. Essa ligação apesar de fraca se comparada com a covalente e a iônica é bem mais forte que a ligação de van der Waals. Como exemplo pode-se citar o ácido fluorídrico onde o H e o F formam uma ligação mista covalenente e iônica mas o carga exposta do núcleo do H+ é capaz de atrair o par de elétrons isolados do F- e dar origem à uma ligação de ponte de hidrogênio. Outro exemplo marcante da presença das pontes hidrogeniônicas é no gelo onde cada molécula de água é ligada tetraedricamente a quatro outras pelos hidrogênios. E ainda, este tipo de ligação está presente em alguns oxihidróxidos presentes nos solos, onde o grupamento hidroxila não se comporta como grupo aniônico esférico. Nesse caso, o hidrogênio não parece ligado especificamente a um oxigênio mas sim ter uma certa movimentação com uma probabilidade maior de aparecer ao lado de um oxigênio. Em algumas micas e minerais de argila silicatadas a ponte de hidrogênio aparece sendo o caso mais comum a caulinita onde essa ligação prende as unidades cristalográficas do mineral, tornando-o não expansível. Ligação de van der Waals Também chamadas de forças de van der Waals, essas ligações fracas provenientes da polarização dos átomos momentaneamente gerando um momento dipolar definido. Enquanto a nuvem eletrônica se concentra em um lado do átomo o núcleo se mantêm do outro lado caracterizando o efeito dipolar. 26 Esquematicamente têm-se: Qualquer molécula neutra pode desenvolver uma pequena quantidade de carga positiva em uma parte e uma pequena carga negativa na outra como resultado de um sincronismo de movimentos da nuvem eletrônica de cada uma das moléculas no sentido de evitar uma grande proximidade. Nesse momento um dipolo elétrico se forma. Essa é uma ligação muito fraca, talvez a mais fraca das ligações químicas, mas como ela atua em todos os átomos e moléculas e atua de forma aditiva ela pode se tornar importante em alguns minerais. Ela normalmente define planos de baixa dureza e alta clivagem como no grafite e algumas micas e minerais silicatados. 27 Coordenação de Íons A maioria dos minerais tem sido interpretados como cristais iônicos. Provavelmente devido ao fato de que as principais ligações químicas (iônica e covalente) quase sempre aparecerem juntas, essa interpretação tem tido sucesso na explicação da constituição química da maioria dos minerais. A estrutura cristalina dos sólidos e por extensão dos minerais é a configuração de suas partículas constituintes sejam elas átomos, íons ou moléculas. Praticamente todas estruturas cristalinas carregam consigo certas generalizações que determinam a estrutura da matéria sólida. Esses princípios enunciados em 1928 por Linus Pauling, e conhecidos como “Regras de Pauling” são os seguintes: 1. Um poliedro de coordenação de ânions é formado em torno de cada cátion, a distância cátion-ânion sendo determinada pela soma dos dois raios iônicos e o número de coordenação do cátion sendo determinado pela relação dos raios iônicos. 2. Em uma estrutura estável, a valência de cada ânion com o sinal trocado é igual às forças de atração eletrostática (valências) dos cátions adjacentes. 3. A presença de lados compartilhados e especialmente faces compartilhadas em uma estrutura coordenada diminui sua estabilidade; este efeito é maior para cátions com valência maior e número de coordenação menor. 4. Em um cristal contendo cátions diferentes, aqueles com valência grande e número de coordenação pequeno tendem a não partilhar vértices, lados ou faces com eles mesmos. 5. O número de diferentes tipos de constituintes em um cristal tende a ser pequeno. 28 A primeira regra de Pauling tem vários desdobramentos que serão discutidos. Como nessa discussão os íons terão predominantemente ligações iônicas, eles serão considerados de forma esférica e de geometria simples. Assim como o número total de íons em uma estrutura cristalina estável deve ser tal que o cristal como um todo é eletricamente neutro. O número de coordenação para um determinado cátion é, em geral, definido como: o número de ânions em uma estrutura estável rodeando um cátion de modo que todos os ânions estão em contacto com o cátion central. Existe um relacionamento geométrico que determina qual o número de coordenação, o que é relacionado com o tamanho dos cátions e ânions envolvidos na ligação. Esses tamanhos podem ser descritos em termos do raio do cátion dividido pelo raio do ânion. r+/ r- Além do número de coordenação, o ordenamento dos ânions em torno dos cátions origina os poliedros de coordenação que podem ser definidos como poliedros formados a partir dos planos desenhados ligando os centros dos ânions adjacentes em uma dada estrutura. As menores relações r+ / r- se darão quando o cátion for muito pequeno e o ânion muito grande. Nesse caso a configuração estável terá o número de coordenação 2 pois existirão dois ânions tocando o cátion central numa relação espacial planar ou linear. A relação dos dois raios será menor que 0,155. À medida que o cátion cresce, a relação de raios caminha para 0,155 e quando atinge esse número uma nova condição de estabilidade se cria. Essa condição é que o cátion central esteja em contato com cada um dos ânions ao seu redor e que todos os ânions se toquem. A relação de raios igual a 0,155 corresponde ao espaço deixado por três esferas maiores ao redor de uma esfera menor, preenchendo os requisitos antes mencionados. Assim, caracteriza-se o número de coordenação 3, e unindo-se os centros das 29 esferas forma-se o polígono chamado triângulo com a relação mínima de raios é igual a 0,155. O principal requerimento para a coordenação estável é que o cátion central esteja em contato com os ânions vizinhos. Se o cátion for menor que esse espaço a relação de raios será menor que 0,155 e essa situação será instável. Mas o cátion pode ser um pouco maior que o espaço mínimo e assim sendo ele empurrará os ânions ligeiramente para fora, ainda mantendo o contato com cada um deles, representando ainda uma situação estável. Isso ocorrerá até o ponto em que essa configuração não é mais estável, o que se dará na relação mínima para a próxima configuração geométrica estável que é o poliedro chamado tetraedro. Assim, logo que a esfera do interior se torna grande demais para as três esferas externas, uma outra tem que ser adicionada para se ter mais espaço no interior das esferas grandes. Agora o número de coordenação é 4 e o poliedro formado pela união das linhas que ligam os centros das esferas é o tetraedro. Esta configuração é estável para arelação mínima dos raios cátion/ânion igual a 0,255. O cátion pode ser maior até um determinado ponto em que ele se torna grande demais e faz com que a estrutura não seja mais estável. Isso se dá na próxima relação mínima r+/ r-, que será típica para o octaedro. Vê-se então que, quando a esfera do interior cresce mais o número de coordenação será 6 e seis esferas maiores se juntam para formar o poliedro chamado octaedro. Essa configuração é estável para a relação r+/ r- mínima igual a 0,414. Apesar de que o número de esferas seja seis o poliedro formado ao se traçar as linhas que ligam os centros das esferas tem oito faces. Igual às anteriores essa configuração é estável até que a esfera interior se torna muito grande para manter a estabilidade e uma outra configuração é atingida que é o cubo. Agora o número de coordenação é 8 e o poliedro formado é o cubo que tem como relação mínima dos raios cátion/ânion igual a 0,732. 30 E por último quando esta configuração não é mais estável tem se a formação do cubo-octaedro que tem o número de coordenação 12 (12 ânions em torno de 1 cátion) o é a relação r+/ r- mínima é igual a 1,00. As diversas relações de raios de cátion/ânions, os números de coordenação dos diferentes arranjos atômicos são apresentados na figura 10. Figura 10. Relações de raios de cátion/ânions, números de coordenação e diferentes esquemas de arranjos atômicos. 31 Empacotamentos densos De acordo com a discussão anterior, a relação de raios igual a 1 indica que os cátions e ânions são de mesmo tamanho ou que todos os átomos ou íons que compõe a estrutura cristalina são idênticos. Para observar as diferentes configurações que podem se originar de um arranjo como este, a maneira mais simples é arrumar os átomos ou íons como se fossem bolas de sinuca, originando um arranjo hexagonal em duas dimensões, como mostrado na figura a seguir. Figura 11. Primeira camada de empacotamento denso de átomos Este é o chamado empacotamento denso, onde cada esfera é rodeada por seis esferas e também por seis espaços vazios ou poros. O raio da esfera que poderia caber nesse espaço sem separar as esferas grandes é 0,155 vezes o raio de esfera grande. Para se ter uma figura tridimensional, uma sucessão de camadas em empacotamento denso pode ser empilhada na primeira. Assim, para se ter uma estrutura completa uma terceira, quarta, quinta, etc., camadas tem que ser empilhadas. Existem duas opções que originam os dois tipos diferentes de empacotamento fechado: 32 a) as esferas da terceira camada são colocadas diretamente sobre as esferas da primeira camada. Isso faz com que a 4ª camada esteja sobre a 2ª, a 5ª sobre a 3ª e assim por diante. A estrutura se repete a cada 2 camadas e recebe o nome de empacotamento denso hexagonal (ABABAB...). b) as esferas da terceira camada são colocadas de modo a não ficar diretamente sobre as da primeira camada. Nesse caso a 4ª camada fica sobre a 1ª, a 5ª sobre a 2ª, a 6ª sobre a 3ª e assim por diante. A estrutura agora se repete a cada três camadas e o nome é empacotamento denso cúbico (ABCABCABC...). Figura 12. Possibilidades de segunda e terceira camadas de átomos no empacotamento denso. O número de coordenação (NC) 12 é raro nos minerais mais comuns, mas aparece nos metais nativos porque esses minerais são compostos de átomos do mesmo tipo, conseqüentemente, todos do mesmo tamanho e que se arranjam estruturalmente em um dos empacotamentos densos. Estes minerais são constituídos de metais puros e tem como característica importante a ligação metálica entre seus átomos constituintes. 33 Os empacotamentos densos podem ser importantes também quando as camadas que se empacotam são constituídas por ânions iguais, originando entre elas alguns tipos de poros que serão discutidos a seguir. Quando duas camadas são examinadas mais de perto, pode-se ver que dois tipos de poros são formados entre as esferas. O primeiro tipo de poro é formado onde uma esfera da segunda camada se apoia no topo de três outras esferas, ou seja, em cima de um espaço vazio. Este é um poro rodeado por 4 esferas, com todas características vistas anteriormente para a formação do tetraedro, em conseqüência, obedecendo ao número de coordenação 4. Ao mesmo tempo, se formam também poros maiores que são rodeados por três esferas de cada camada. Como esse é um poro rodeado por seis esferas o poliedro formado é o octaedro e o número de coordenação é 6. Estes empacotamentos são importantes na descrição de uma série de importantes minerais no estudo da mineralogia de solos. Força de Atração Eletrostática De acordo com a 2ª regra de Pauling as estruturas cristalinas estáveis devem ser eletrostaticamente neutras na curta distância. Isso significa que os cátions em uma estrutura têm suas cargas neutralizadas pelos ânions que o rodeiam em contacto direto. Assim, a força de atração eletrostática é calculada dividindo-se a valência do cátion pelo número de ânions que o rodeia: FAE Valencia do Cátion Número de Ânions Vizinhos = 34 Por exemplo: Figura 13. Força de atração eletrostática: Na em NaCl e para o Ca em CaF2. No quadro 1 são relacionados vários cátions e são calculados as suas relações de raios quando em combinação com o oxigênio. Isso é importante porque o oxigênio é o ânion mais encontrado na natureza e a grande maioria dos minerais será formada pela combinação do oxigênio com um ou mais destes cátions exemplificados. A partir das relações dos raios foram calculados os números de coordenação estimados, que podem ser comparados com os valores normalmente observados. Finalmente, foram calculadas as forças de atração eletrostática, para as diversas combinações de cátions e oxigênio, forças estas que tem papel importante em diversas áreas em mineralogia do solo. O conceito de força de atração eletrostática tem importantes implicações no estudo do desenvolvimento das cargas de superfície em óxidos de Fe e Al e na caulinita, assim como, ela é importante na predição da maior ou menor facilidade com que o intemperismo vai tender a quebrar os minerais. Isso se dará nas ligações mais fracas do mineral, ou seja, nas menores forças de atração eletrostática, que será o ponto de ataque mais forte do intemperismo. 35 Quadro 1. Relação de raios, números de coordenação estimado e observado e força de atração eletrostática para diversos cátions em combinação com oxigênio Número de Coordenadação Íon Relação de Raios Estimado Observado FAE Si+4 0,30 4 4 1 Al+3 0,36 4 ou 6 4, 6 ¾ ou ½ Fe+3 0,46 6 6 1/2 Mg+2 0,47 6 6 1/3 Ti+4 0,49 6 6 2/3 Fe+2 0,53 6 6, 8 1/3 Na+ 0,69 6 6 1/6 Ca+2 0,71 8 8, 9 1/4 K+ 0,95 8 9, 12 1/9 A terceira regra de Pauling que trata do compartilhamento de lados ou faces dos poliedros na estrutura, simplesmente diz que esse compartilhamento vai fazer com que os cátions estruturais sejam trazidos para mais perto um dos outros e se a distância entre eles diminui, conseqüentemente a força de repulsão vai aumentar. De acordo com a equação de Coulomb. F 1q . 2q 2r = A força de atração ou de repulsão é o produto das cargas dividido pelo quadrado das distâncias, ou seja, a força é diretamente proporcional às cargas e inversamente proporcional ao quadrado das distâncias entre elas. Assim quando se vai do partilhamento dos vértices dos poliedros (maior distância entre os cátions) para o partilhamento dos lados ou faces (distância menor entre os cátions) as forças de repulsão aumentam e esse é um arranjo menos estável. Em geral é comum o partilhamento de vértices, menos comum o partilhamento de lados ou quinas e muito menos comum é o partilhamento de faces de poliedros. 36 Nos minerais silicatados, principalmente, tetraedros partilhando os vértices é comumao passo que partilhamento de lados ou faces praticamente não existe (Figura 14). O octaedro partilhando vértices e lados é bastante comum já que a redução das distâncias é menos marcante. Octaedros partilhando faces é ainda possível em muitos minerais, desde que haja uma certa distorção na estrutura. Isso se torna possível porque a distância cátion- cátion se torna maior e, além disto, nos octaedros os cátions tendem a ter valências menores comparado àqueles cátions que ocupam os tetraedros (Figura 13). Com poliedros maiores em termos de número de coordenação o raciocínio continua válido. Figura 14. Terceira regra de Pauling. 37 A regra 4 se refere aos diferentes cátions que aparecem na estrutura. Se se tem os de valência grande e número de coordenação pequeno, no processo de cristalização eles tendem a assumir certas posições de modo a ter o mínimo relacionamento energético. Finalmente a 5ª regra de Pauling, que é também conhecida como "princípio da parcimonia", fala sobre os diferentes constituintes para se referir aos diferentes peliedros de coordenação. Em outras palavras, mesmo em estruturas bastante complexas existem poucas posições diferentes para os cátions e ânions. Assim, diferentes íons podem ocupar as mesmas posições estruturais e serão considerados como um simples constituinte. Substituição Isomórfica O fenômeno conhecido como substituição isomórfica pode ser definido como a substituição de átomos ou, mais freqüentemente, de íons na estrutura cristalina do mineral, sem alteração aparente da forma. Este é um processo que ocorre em muitos minerais, principalmente naqueles que formam as séries isomórficas ou séries de soluções sólidas como a série das olivinas, dos plagioclásios cálcio-sódicos, etc. Nesses casos há uma variação contínua e recíproca nas proporções de um par, ou mais de um par, de elementos na sua composição química. É também importante em alguns minerais como os feldspatos e os minerais de argila silicatados. Nos primeiros a substituição isomórfica explica a sua (feldspatos) presença dentro do grupo dos tectossilicatos e nos segundos explica, em parte ou quase totalmente, algumas vezes, a presença de cargas de superfície. O limite de tolerância para a substituição de íons foi empiricamente definido em função do tamanho e da valência iônica. Uma diferença de 15% entre os íons envolvidos permite que a substituição isomórfica se dê a temperaturas ambientes para uma série de íons. A tolerância pode aumentar se altas temperaturas estão presentes no meio no momento da substituição. Nesse caso os íons estarão com uma alta energia térmica e o controle dos 38 espaços disponíveis é menos rígido. Algumas vezes com a queda da temperatura o íon substituinte é novamente expelido se a diferença for muito grande. O outro fator a afetar é a valencia dos ions envolvidos, onde se observa que, se dois íons podem igualmente substituir e ocupar um dado espaço, o mais altamente carregado será aceito primeiro. As substituições mais comuns envolvendo os elementos maiores nos minerais são Al3+ por Si4+ em altas temperaturas e Fe2+ por Mg2+, assim como, Fe3+, Al3+ e Cr+3 entre si, em qualquer temperatura. Observa-se que os dois primeiros íons não tem raios iônicos tão semelhantes e tem valencias diferentes enquanto que os cinco últimos íons apresentam cargas elétricas iguais e raios iônicos similares. Credita-se também ao fenômeno de substituição isomórfica a localização, grande parte das vezes, dos elementos menores que ocorrem em uma série de minerais. Como exemplo a presença de V, Cr, Co,Mn,etc, na magnetita com grande importância para a fertilidade de solos derivados de rochas básicas e a presença de Rb em minerais potássicos, Sr em minerais cálcicos, etc., onde se observa a similaridade de raios e cargas. Cristalografia Os compostos cristalinos, que são a grande maioria dos minerais, são aqueles que têm na sua estrutura um conjunto de átomos que se repete regular e tridimensionalmente. Se os átomos ou íons de uma estrutura forem representados por pontos, ter-se-á: • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 39 Cada ponto representa o componente repetitivo do material cristalino. Em termos de distância e de relação espacial eles são idênticos. Pode-se descrever essa distribuição de pontos em termos dos eixos X e Y. Por convenção a distância entre os pontos nos eixos Y é chamada b e no eixo X é chamda a. Essa figura então pode ser descrita em termos dos tamanhos relativos de a e b e do ângulo entre a e b que é chamado γ: • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • As principais distribuições bidimensionais de pontos pode ser baseadas em quadrados, retangulos, paralelogramas ou em um arranjo hexagonal que pode ser descrito por um romboedro com ângulo de 60° (Figura 15). Figura 15 - Tipos de látice bidimensionais. 40 Para se ter uma distribuição tridimensional de pontos, o eixo Z tem que ser incorporado e a distância entre os pontos no eixo Z é chamada c. O ângulo entre X e Z é chamado β e o ângulo entre Y e Z é chamado α. Outra maneira de se entender a introdução da tridimensionalidade no sistema é se pensar em uma translocação de qualquer das redes bidimensionais apresentadas no sentido da terceira dimensão conforme mostra a Figura 16. Figura 16 – Retículo tridimensional da estrutura cristalina 41 Então agora nos temos os três lados abc e os três ângulos da seguinte forma: ab bc ac ⇓ ⇓ ⇓ γ α β Os pontos em negrito vistos inicialmente representam pontos do retículo. Se eles forem conectados tridimensionalmente de modo a formar um paralelepípedo, a cela unitária é formada. Cela unitária, por definição é o menor paralelepípedo, dentro da estrutura, que contem todos os íons e todas as relações geométricas entre os íons do cristal. E a rede tridimensional de celas unitárias é chamada de retículo espacial ou rede cristalina. Na figura seguinte a unidade que se repete consiste de uma esfera rodeada por 4 sinais positivos: + + + + + + + o + + o + + o + + + + + + + + o + + o + + o + + + + + + + + o + + o + + o + + + + + + + Pode-se selecionar as esferas como pontos do retículo, mas também pode-se selecionar os espaços entre os sinais positivos que seriam também chamados pontos do retículo. O importante é selecionar os mesmos pontos em todo retículo para serem os pontos do retículo, mas eles não precisam necessariamente ser átomos ou íons dentro da estrutura. Os pontos do retículo devem ser aqueles que representam as unidades que se repetem e sua característica principal é que a sua vizinhança é 42 idêntica. Isso significa que se alguém pudesse se reduzir em tamanho o suficiente para se sentar em um ponto do retículo e olhar em volta, essa pessoa não poderia dizer em qual ponto do retículo ela está sentada. Isto aconteceria porque porque de todos os pontos do retículo ela verá a mesma paisagem. Outro ponto importante é existem possibilidades diferentes ao se unir os pontos de retículo para formar uma cela unitária. Normalmente será selecionada a mais simples que possa descrever o cristal. Assim tridimensionalmente pode-se ter o seguinte para descrever as relações existentes entre os lados (distâncias) e ângulos da cela unitária que serão referidos como parâmetros da cela unitária: Figura 17 - Parâmetros da cela unitária. Sistemas Cristalinos Ao se considerar todas as combinações de celas unitárias, ou seja, todas as combinações possíveis de tamanhos relativos dos lados e valores dos ângulos pode-se ver que existem seis combinações possíveis, que são referidas como: "os seis sistemas cristalinos". 43 O maissimples é aquele no qual todos os lados são iguais e todos os ângulos são iguais e iguais a 90°. a = b = c αααα = ββββ = γ = 90°°°° Este é chamado sistema cúbico ou isométrico. Exemplos Cela Unitária Å a Halita NaCl 5,64 Silvita KCl 6,29 Magnetita Fe3O4 8,37 A partir do sistema cúbico, à medida que decresce a simetria são formados todos outros sistemas, da forma com que se segue. A partir do cúbico, se um dos lados é aumentado ou diminuído, então o c se torna maior ou menor, sendo formado o sistema tetragonal: a = b # c αααα = ββββ = γ = 90°°°° Exemplos a c Rutilo TiO2 4,59 2,96 Anatásio TiO2 3,78 9,51 Zirconita ZrSiO4 6,61 5,98 Ainda a partir do sistema cúbico, ao se mudar o lado c (aumentar ou diminuir) e tornar o ângulo γ exatamente igual a 120°, tem-se o sistema cristalino denominado de sistema hexagonal: a = b # c αααα = ββββ = 90°°°° γ = 120°°°° ou a1 = a2 # c αααα = ββββ = 90°°°° γ = 120°°°° Exemplos a c Grafita C 2,46 6,74 Hematita Fe2O3 5,04 13,76 Apatita Ca5 (PO4)3F 9,39 6,39 Contudo, se a partir do sistema cúbico, forem mantidos os lados iguais e os ângulos iguais e iguais a 90o mas se dois dos vértices forem empurrados 44 para dentro fazendo uma mudança em todos os ângulos, tem-se, então, uma subdivisão do sistema hexagonal, que é o sistema romboédrico: a = b = c αααα = ββββ = γ todos # 90°°°° Exemplos a c Calcita CaCO3 4,99 17,06 Dolomita MgCO3 4,84 15,95 O sistema romboédrico, também chamado de trigonal, é considerado uma subdivisão do hexagonal porque a projeção de seus vértices faz com que se possa observar de modo mais claro a formação de um hexágono. Voltando-se ao sistema cúbico e, agora, mudando-se o tamanho de mais um lado, em relação ao tetragonal, observa-se que todos os lados ficam de diferentes tamanhos, mas ainda se mantêm os ângulos iguais a 90°. Deste modo, forma-se o sistema ortorrômbico. a # b # c αααα = ββββ = γ = 90°°°° Exemplos a b c Goethita FeOOH 4,60 9,96 3,02 Carnalita KMgCl3 9,56 16,05 22,56 Diminuindo-se ainda mais a simetria, se o sistema ortorrômbico for puxado frente ou para trás de modo que o valor do ângulo entre a e c seja diferente de 90°, será formado o sistema monocliníco: a # b # c αααα = γ = 90°°°° ββββ # 90°°°° Exemplos a b c β Gibbsita Al(OH)3 8,62 5,06 9,70 85°26' Muscovita 5,19 9,03 20,05 95°30' 45 E por último, atingindo o mais baixo grau de assimetria em relação ao sistema cúbico, se a cela unitária for distorcida de tal modo que, além dos lados, nenhum dos ângulos for igual, o sistema triclínico é formado: a # b # c αααα ≠≠≠≠ ββββ ≠≠≠≠ γ Exemplos a b c Albita NaAlSi3O8 8,14 12,79 7,16 α β γ 94°16' 116°51' 87°40' Caulinita Al2Si2O5(OH)2 5,14 8,93 7,37 91°48' 104°30' 90°00' A partir dos sistemas cristalinos básicos, existem variações dentro da maioria deles, devido ao aparecimento de pontos de retículo nas faces ou no centro dos poliedros formados, fazendo com que mais de uma cela unitária possa ser formada dentro do mesmo sistema. Assim têm-se, por exemplo, para o sistema cúbico: Como se pode ver, as celas unitárias são idênticas em termos dos comprimento de a, b e c e valores dos ângulos α, β e γ, mas a primeira contêm um ponto do retículo, enquanto que a segunda tem dois pontos do retículo. Sendo assim para diferenciá-las são dados nomes diferentes. Se a cela unitária tem um ponto do retículo ela é chamada simples ou primitiva (P). Se ela tem dois pontos do retículo (um nos vértices e um no centro) ela é 46 chamada de corpo centrada (I). Se a cela unitária tiver dois pontos (um nos vértices e um nas bases) ela se chama base centrada (C). E por último, se a cela tiver quatro pontos do retículo (um nos vértices e tres nas faces) ela é chamada de face centrada (F). Uma análise matemática combinada com as leis fundamentais da cristalografia, que leva em consideração a distribuição geométrica dos pontos no espaço, tem demonstrado que existem apenas 14 arranjamentos básicos nos quais a estrutura interna dos cristais pode ser descrita. Outras combinações de pontos irão destruir o requerimento de que a vizinhança de cada ponto seja idêntica. Esses 14 retículos básicos também preencher outra condição básica que mostra que as celas unitárias se repetindo tridimensionalmente não deixam nenhum espaço vazio e se comportam como tipos se ajustando uns aos outros em uma parede. Isso foi demonstrado pelo cientista francês Auguste Bravais em 1848 e desde então eles são chamados retículos de Bravais, que são mostrados na figura 18. Existem seis diferentes sistemas cristalinos que por operações de simetria (eixos de rotação, planos espelhos e centros de simetria) originam 32 “classes cristalográficas”, que por sua vez, quando combinadas com os 14 retículos de Bravais originam os “grupos espaciais”. Grupos espaciais representam, então, os vários modos com que os átomos ou íons podem ser arranjados no espaço formando um cristal. Existem 230 grupos espaciais. 47 Figura 18. Os quatorze retículos de Bravais. 48 Eixos Cristalográficos Eixos cristalográficos são linhas imaginárias traçadas que definem um sistema de coordenadas dentro do retículo cristalino. Eles são eixos de referência usados para descrever o cristal em termos de formas externas ou de simetria interna. Os eixos cristalográficos geralmente coincidem com os eixos de simetria ou coincidem com as três arestas que concorrem para um vértice. Os sistemas cristalinos são caracterizados por três eixos cristalográficos X, Y e Z com exceção do sistema hexagonal que pode também ser descrito por um quarto eixo. Figura 19. Eixos cristalográficos para os seis sistemas cristalinos. 49 Índice de Miller Qualquer estrutura cristalina pode ser descrita por um dos 14 retículos baseado no comprimento relativo dos lados e nos valores dos ângulos. Sendo assim, torna-se conveniente, para caracterização de um dado mineral ou comparação de diferentes minerais, ter alguns índices de medidas que tragam informações de características da cela unitária. Existem vários métodos, mas um de aceitação universal é o chamado índice dos pontos do retículo ou índice de Miller. Em mineralogia ele é utilizado na definição das faces de cristais ou para determinar os planos atômicos que formam a estrutura cristalina (Figura 20). (A) (B) planos 001; 101; 110; e 111. Figura 20 – Possíveis faces de um cristal (A) e possíveis planos atômicos de átomos na estrutura cristalina (B). 50 Em virtude da aplicação maior do índice de Miller para caracterizar planos atomicos diferentes na estrutura cristalina, daqui para frente apenas esta vertente de sua utilização será enfocada. Para descrever uma família de planos atômicos na estrutura cristalina é necessário determinar se estes planos interceptam ou se eles são paralelos aos eixos cristalográficos. Adicionalmente, é importante indicar em que comprimentos relativos das dimensões da cela unitária os planos inteceptam os eixos cristalográficos. Considerando-se os pontos do retículo nos planos X-Y de uma rede cristalina cristalina cúbica. AA’ - 1a, ∞b, ∞c BB’ - 2a, ∞b, ∞c CC’ - ∞a, 1b, ∞c DD’ - ∞a, 2b, ∞c AC - 1a, 1b, ∞c BD - 2a, 2b, ∞c AE - 1a, 1/2b, ∞c BC - 2a, 1b, ∞c Figura 21. Intercessões e paralelismos com pontos do retículo Os pontos do retículo que formam o plano atômico AA’ é paralelo ao eixo Y e intercepta o eixo X à uma unidade de comprimento, ou seja, em uma dimensão a. Levando-se em consideração o eixo Z para completar a tridimensionalidade da rede cristalina, observa-se que o plano AA’ é paralelo a este eixo. Com isso, as intercessõesdo plano AA’ serão: 1a, ∞b e ∞c. De forma semelhante o plano BB’ é paralelo aos eixos Y e Z mas intercepta o eixo X em duas unidades de a fazendo com que suas intercessões sejam: 2a, ∞b e ∞c. Por outro lado o plano CC’e DD’ são paralelos aos eixos X e Z e interceptam o eixo Y a uma e duas unidades de comprimento de a, 51 respectivamente, fazendo com que suas intercessões sejam: ∞a, 1b e ∞c e ∞a, 2b e ∞c, respectivamente. Por outro lado o plano CC’e DD’ são paralelos aos eixos X e Z e interceptam o eixo Y a uma e duas unidades de comprimento de a, respectivamente, fazendo com que suas intercessões sejam: ∞a, 1b e ∞c e ∞a, 2b e ∞c, respectivamente. Os planos AC e BD interceptam ambos eixos cristalográficos horizontais (X e Y) a uma e duas unidades de comprimento de a e b, respectivamente, e são paralelos ao eixo X, o que leva a intercessões iguais a 1a, 1b e ∞c e 2a, 2b e ∞c, respectivamente. Um plano que interceptasse todos os tres eixos cristalográficos (X,Y e Z) a uma e duas unidades de comprimento de a, b e c teria suas intecessões dadas por 1a, 1b, 1c e 2a, 2b, 2c. Na figura a seguir podem ser vistos alguns destes planos. Figura 22. Intercessões e paralelismos formando planos atomicos Na tentativa de encontrar números simples que pudessem definir as intercessões e paralelismos discutidos, um pesquisador de nome Miller 52 propôs que uma série de números inteiros seriam derivados das intercessões e paralelos por meio de seus recíprocos e, se necessário, pela subsequente eliminação das frações. Com isto o pesquisador criou uma maneira de se livrar do conceito de infinito, diretamente ligado ao paralelismo dos planos, já que o recíproco de infinito é zero. Assim, o índice de Miller, que identifica os planos atômicos é dado por tres números entre parenteses (h, k, l), que se referem aos parâmetros da cela unitária, que por sua vez se referem aos tres eixos cristalgráficos. Ou seja, h se refere ao parâmetro a ou dimensão da cela unitária no eixo X, com o mesmo raciocínio para as letras k e l. X Y Z a b c h k l As conversões das intercessões e paralelismos vistos anteriormente para Índices de Miller são dadas a seguir. AA’ - 1a, ∞b, ∞c � ∞∞ 11 1 1 � (1 0 0) BB’ - 2a, ∞b, ∞c � ∞∞ 11 2 1 � x 2 � (1 0 0) CC’ - ∞a, 1b, ∞c � ∞∞ 1 1 11 � (0 1 0) DD’ - ∞a, 2b, ∞c � ∞∞ 1 2 11 � x 2 � (0 1 0) AC - 1a, 1b, ∞c � ∞ 1 1 1 1 1 � (1 1 0) BD - 2a, 2b, ∞c � ∞ 1 2 1 2 1 � 2 � (1 1 0) AE - 1a, 1/2b, ∞c � ∞ 1 1 2 1 1 � (1 2 0) BC - 2a, 1b, ∞c � ∞ 1 1 1 2 1 � 2 � (1 2 0) Em função de sua construção e observando-se os exemplos anteriores, vê-se que o índice de Miller vai sempre se referir à cela unitária, independente dos 53 números que o compõe. Assim, fica mais fácil seguir o raciocínio de que os números do índice de Miller representam um plano atômico que corta a dimensão a da cela unitária em h partes, a dimensão b em k partes e a dimensão c em l partes. Assim, o conjunto de planos atômicos simbolizados pelo índice de Miller (1 2 0) pode ser referenciado como o conjunto de planos que corta a dimensão a em uma parte, corta a dimensão b em duas partes e é paralelo à distância c. Alguns exemplos de índices de Miller para o sistema cúbico: Índice de Miller: (1 0 0) 54 Índice de Miller: (1 1 0) Indice de Miller (1 1 1) 55 Índice de Miller (2 1 0) Figura 23. Exemplos de diferentes planos e seus índices de Miller Outro ponto que se torna de interesse e adquire uma importância muito grande, principalmente com relação à difração de raios-X, é a distância de separação entre os planos paralelos que formam uma família de planos. Ela é chamada espaçamento d ou distância d e é representada pela letra d seguida de parênteses com o conjunto de números que definem um dado conjunto de planos. Esta medida é perpendicular aos planos que formam a família de planos e na maioria das vezes não é uma dada distância em nenhum dos eixos X, Y, Z. 56 Se a família de planos é paralela a dois eixos e intercepta apenas um eixo, a distância de separação dos planos ou o espaçamento d é diretamente relacionado com a dimensão da cela unitária do plano interceptado. Para o eixo X: d (100) = a Para o eixo Y: d (010) = b Para o eixo Z: d (001) = c Associado à utilização do índice de Miller pode-se usar o conceito de direção de um conjunto de planos atômicos. A direção de um conjunto ou de uma família de planos atômicos é o vetor que partindo da origem dos eixos cristalográficos é perpendicular aos planos atômicos definidos pelo índice de 57 Miller. A direção é normalmente expressa com colchetes englobando os números dos índices de Miller. Por exemplo: Índice de Miller (1 1 1) ⇒⇒⇒⇒ direção [1 1 1] A direção é definida em função das distâncias em cada um dos eixos X, Y e Z. Ou seja, a direção [1 1 1] é obtida caminhando-se uma unidade no eixo X, uma unidade à direita (correspondendo ao eixo Y) e uma unidade para cima (correspondendo ao eixo Z). O vetor proveniente da origem dos eixos até esse ponto é o vetor direção [1 1 1]. Exemplo de direção [1 1 1]: Exemplo de direção [1 1 0]: A direção [1 1 0], por sua vez, é obtida caminhando-se uma unidade no eixo X, uma unidade no eixo Y e traça-se o vetor da origem até esse ponto. 58 As direções [0 1 0], [1 0 0] e [0 0 1] são as mais simples porque o vetor é o próprio eixo cristalográfico Y, X e Z respectivamente. O conceito de direção é importante na medição de tamanho de partículas dos minerais argilosos do solo. Utilizando-se as direções corretas pode-se fazer cálculos que permitem determinar o tamanho de partículas do solo. 59 Mineralogia de Solos Os minerais são separados em grupos e tem sua classificação baseada em sua composição química. Assim, de acordo com isto, os minerais podem ser divididos em classes dependendo, na maioria das vezes, em sua composição aniônica ou no grupo aniônico predominante. A classificação a seguir mostra as principais classes de minerais, salientando, principalmente, aqueles que tem alguma importância para o estudo de solos em geral. Observa-se que com exceção da primeira classe de minerais, todos as outras tem sua classificação baseada no grupo aniônico característico do mineral. Elementos Nativos: Ouro (Au), Prata (Ag), Platina, (Pt), Cobre (Cu), Diamante (C), Grafita (C). Sulfetos: Galena (PbS), Pirita (FeS2), Esfarelita (ZnS). Sulfossais: Tetraedrita (Cu12Sb4S13), Enargita (Cu3As4S4). Óxidos e Hidróxidos: Cuprita (Cu2O), Hematita (Fe2O3), Coríndon ((Al2O3), Ilmenita (FeTiO3), Magnetita ((Fe3O4), Cromita (Fe2Cr2O4) Rutilo ((TiO2), Pirolusita (MnO2), Brucita (Mg(OH)2), Goethita (FeOOH), Gibbsita (Al(OH)3). Halóides: Halita (NaCl), Silvita (KCl), Fluorita (CaF2). Carbonatos: Calcita (CaCO3), Magnesita (MgCO3), Dolomita (CaMg(CO3)2), Siderita (FeCO3). Nitratos: Nitratita (NaNO3)(salitre do Chile), Nitro (KNO3)(salitre). Boratos: Kernita (Na2B4O6(OH)2. 3H2O), Bórax (Na2B4O5(OH)4. 8H2O). Sulfatos e Cromatos: Barita (BaSO4), Anidrita (CaSO4), Gipsita (gesso) (CaSO4.2H2O), Crocoita (PbCrO4). Tungstatos e Molibidatos: Volframita ((Fe,Mn)WO4), Scheelita ((CaWO4). Fosfatos, Arseniatos e Vanadatos: Apatita (Ca5(PO4)3(F, Cl, OH), Eritrita (Co3(AsO4)28H2O), Vanadinita (Pb5(VO4)3Cl). 60 Silicatos: Minerais que se caracterizam por ter o grupo aniônico silicato, originário da combinação do silicio com oxigênio, os dois elementos mais encontrados nas rochas da crosta terrestre. Forma a estrutura básica dos minerais silicatados. Assim, uma visão mais aprofundada do elemento Si e sua combinação com o oxigênio, que é o principal ânion existente, é de vital importância. O silício pertenceao grupo IVA e terceiro período da Tabela Periódica, o que significa que ele apresenta as três primeiras camadas (n = 3) total ou parcialmente preenchidas com quatro elétrons na última camada (camada M). Ele possui 14 elétrons no estado padrão assim distribuídos (os níveis de energia foram arbitrariamente definidos): 1s² 2s² 2p6 3s² 3px1 3py1 3pzo ↑ ↑ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ Com essa distribuição eletrônica na estrutura se esperaria que o Si utilizasse os dois elétrons p como elétrons de valência em suas ligações. Mas normalmente isso não acontece. De modo geral, existe a promoção ou excitação de um dos elétrons do orbital 3s para o orbital 3pz, resultando na configuração: 1s² 2s² 2p6 3s1 3px1 3py1 3pz1 ↑ ↑ ↑ ↑ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ 61 Os quatro orbitais, agora apresentando elétrons desemparelhados, tem a tendência de sofrer o fenômeno de hibridização formando quatro orbitais híbridos que recebem a denominação sp3 por serem formados por um orbital s e três orbitais p. 1s² 2s² 2p6 3sp3 ↑ ↑ ↑ ↑ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ Esses orbitais terão o mesmo nível de energia e conseqüentemente tenderão a formar ligações com mesmos comprimentos e mesmas forças. Na ligação com os átomos de oxigênio, cada um desses orbitais se combina com um elétron proveniente de um oxigênio. Essas ligações serão, então, direcionadas para os vértices de um tetraedro, formando a unidade básica presente em todos os minerais silicatados. Postula-se que a energia requerida para excitação e hibridização do silício é menor que a energia liberada durante a formação da ligação química com os oxigênios, por exemplo. Assim sendo, o estado energético depois da excitação, seguida da hibridização e, posteriormente, da formaçào da ligação química, é menor que antes desses passos, o que corresponde a um estado mais estável. De modo geral, estados mais baixos de energia significam situações de maior estabilidade. Acredita-se que, por isto, o Si normalmente não aparece em a natureza como cátion tetravalente em solução, mas ele está sempre ligado a oxigênios ou hidroxilas. A diferença em eletronegatividade entre o Si e O (1,7) faz com que a ligação resultante seja, em torno, de 50% de caráter covalente e 50% de caráter iônico. 62 Considerando-se a relação de raio do silício dividido pelo raio do oxigênio (0,29) observa-se que o Si se ajusta à configuração tetraédrica quando em combinação com oxigênios. Reunindo todas estas informações, vê-se que o Si na combinação com oxigênios foram híbridos sp3, direciona esses orbitais em forma de tetraedro, tem boa dose de caráter covalente na ligação e se ajusta à configuração tetraédrica o que estabiliza essa estrutura, fazendo-a presente em todos minerais silicatados. Sua forma espacial pode ser assim representada: Figura 24 - Tetraedro de silício. As cargas livres dos oxigênios podem ser balanceadas por metais ou os tetraedros podem se ligar a outros tetraedros desenvolvendo unidades maiores. A ligação tetraedro-tetraedro se faz através de uma polimerização muito semelhante à do carbono na produção das diversas estruturas orgânicas. A razão principal da polimerização que acontece com o Si e os O se deve ao fato de que começo da diferenciação magmática no sentido de formar todos os minerais primários, a quantidade dos dois elementos é suficiente para que eles se combinem mantendo uma relação de 1:4, mas à medida que os oxigênios são consumidos mais rapidamente que o silício a relação tem que ir diminuindo paulatinamente e com isto a polimerização vai se processando. De acordo com o arranjo das unidades tetraédricas, os minerais silicatados podem ser divididos e classificados nos seguintes grupos: 63 - Nesossilicatos - Sorossilicatos - Ciclossilicatos - Inossilicatos - Filossilicatos - Tectossilicatos Nesossilicatados (NESO = ILHA) Na estrutura dos minerais pertencentes aos nesossilicatos os tetraedros ocorrem isolados, sem nenhum contato direto uns com os outros. As ligações tetraedro/tetraedro se fazem através de metais, fazendo com que os tetraedros pareçam estar ilhados entre metais. Estes são os primeiros minerais a se formar no magma. O radical ou a fórmula básica característica do grupo é o (SiO4)4-. Exemplos: Granada, Zirconita, Topázio e Olivina. Sorossilicatados (SORO = PAR) Os minerais têm as unidades tetraédricas ligadas aos pares entre si. Esses pares se ligam a outros através de metais. Cada tetraedro compartilha um oxigênio com outro tetraedro (1 oxigênio comum ao tetraedro adjacente). São os silicatos de condensação mais simples. O radical é (Si2O7)6-. Exemplos: Hemimorfita Ciclossilicatos (CICLO = CÍRCULO) As unidades tetraédricas na estrutura desses minerais, também chamados de silicatos cíclicos, formam anéis ou cadeias fechadas, sendo que cada tetraedro compartilha dois oxigênios com os tetraedros vizinhos (dois oxigênios comuns ao tetraedros adjacentes). Os anéis ou as cadeias fechadas podem ser formadas, geralmente, por 3, 4 ou 6 unidades tetraédricas. O radical fundamental é (SiO3)n2-. Exemplos: Wollastonita, Berilo, Turmalina. 64 Inossilicatos (INO = CORRENTE) Na estrutura dos minerais pertencentes aos inossilicatos, dois oxigênios de cada tetraedro são compartilhados, constituindo uma corrente simples ou cadeias longitudinais de tetraedros (dois oxigênios comuns). Outras cadeias simples ligam-se através dos metais. Radical (SiO3)2-. Nos inossilicatos pode-se ter também a formação de cadeias múltiplas, onde várias cadeias simples se unem através do compartilhamento de oxigênios. Devem-se salientar, devido a sua importância, os inossilicatos de cadeia dupla, onde alguns tetraedros partilham 2 oxigênios e outros partilham 3 (2 e 3 oxigênios comuns). As cadeias duplas ligam-se a outras através de metais e o radical fundamental do grupo é (Si4O11)6-. Como íons metálicos ligam as cadeias paralelas dos inossilicatos simples ou duplos e essas ligações são mais fracas em relação às ligações Si-0, que são fortes e direcionais, esses minerais sofrem clivagem relativamente fácil, paralelamente às cadeias, formando fibras. Exemplos: Piroxênios (Augita) e Anfibólios (Hornblenda), ainda Tremolita e Actinolita, que são os Asbestos ou Amiantos. Filossilicatos (FILO = LÂMINA) Na estrutura desse minerais os tetraedros formam verdadeiras lâminas, com a característica de que cada tetraedro compartilhe 3 oxigênios com os tetraedros vizinhos (3 oxigênios comuns). As camadas individuais superpostas são ligadas pelas forças eletrostáticas dos íons metálicos presentes. Como essas forças não são tão fortes quanto as ligações Si-O, os minerais deste grupo sofrem clivagem em folhas finas. O radical representativo e (Si2O5)2-. Os minerais pertencentes ao grupo filossilicatos tem como unidade básica na sua composição lâmina(s) de tetraedro(s) de silício rodeado por oxigênios, como mostrado na figura a seguir. 65 Figura 25 – Lâmina de tetraedros de silício e oxigênios. Lâmina(s) de tetraedro(s) de silício se combina(m), em diferentes feições, com lâmina(s) de octaedro(s) de Al ou Mg ou Fe, etc. Se na lâmina de octaedros um cátion divalente (Mg, Fe2+) ocupar os espaços octaedrais, ter-se-á três cátions ocupando três posições octaédricas, então o mineral será chamado de trioctaedral, por exemplo: Figura 26. Lâmina de octaedros de Mg e hidroxilas, ou seja, lâmina trioctaedral. 66 Se na lâmina de octaedros um cátion trivalente ocupar os espaços octaedrais, apenas duas posições em cada três possíveis serão ocupadas e o mineral será chamado dioctaedral, por exemplo: Figura 27.
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