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Tratamento de Efluentes Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dr. Roberta Maria Salvador Navarro Revisão Textual: Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos Tecnologias de Tratamento: Etapas do Processo de Tratamento de Efluentes – Tratamentos Terciários • Tratamento biológico • Tratamento por lodos ativados • Sistemas de aeração · Estudar as etapas dos processos dos tratamentos aplicados aos efluentes despejados no meio ambiente. · Abordar os conceitos de tratamentos biológicos de efluentes por lodos ativados (convencional, aeração prolongada, batelada em reatores com e sem recirculação de lodo). · Compreender os tipos de tratamentos biológicos para o tratamento de efluentes e esgotos. OBJETIVO DE APRENDIZADO Caro(a) aluno(a), Leia atentamente o conteúdo desta unidade, que lhe possibilitará conhecer os conceitos dos processos terciários de tratamento de efluentes. Você também encontrará nesta unidade uma atividade composta por questões de múltipla escolha, relacionadas com o conteúdo estudado. Além disso, terá a oportunidade de trocar conhecimentos e debater questões no Fórum de discussão. É extremamente importante que você consulte os materiais complementares, pois são ricos em informações, possibilitando-lhe o aprofundamento de seus estudos sobre este assunto. ORIENTAÇÕES Tecnologias de Tratamento: Etapas do Processo de Tratamento de Efl uentes: Tratamentos Terciários UNIDADE Tecnologias de Tratamento: Etapas do Processo de Tratamento de Efluentes: Tratamentos Terciários Contextualização Para iniciar esta unidade, a partir dos textos disponíveis nos links a seguir, reflita sobre a questão da importância da qualidade da água para consumo. CARVALHO, Igor. Especialista alerta para riscos do uso do volume morto da Cantareira. In: Portal Fórum. Disponível em: http://goo.gl/8efvDv FUNDAÇÃO BRADESCO. Setor de educação de jovens e adultos. Crise histórica no abastecimento de água em São Paulo. Disponível em: http://goo.gl/EJQSXd Ex pl or Oriente sua reflexão através dos seguintes questionamentos: É possível relacionar o aumento da quantidade de pessoas doentes, no ano de 2015, na cidade de São Paulo à qualidade da água que é fornecida pela SABESP, empresa responsável pelo abastecimento? A potabilidade da água para consumo humano está adequada, uma vez que o abastecimento em partes da cidade em questão, neste mesmo ano, foi realizado através do que a SABESP define como volume morto de uma de suas represas do sistema de abastecimento? 6 7 Tratamento biológico Os tratamentos biológicos têm como objetivo a remoção de matéria orgânica dissolvida e a remoção da matéria orgânica em suspensão não removida pelo tratamento primário. Para tal remoção, é necessária a utilização de microrganismos, que em contato com o material orgânico presente nos efluentes os consomem em suas reações (ver equação 1). MO + bactérias → H2O + CO2 + mais bactérias (eq. 1) Onde: • MO: matéria orgânica • H2O: água • CO2: dióxido de carbono, também conhecido como gás carbônico. Os processos biológicos podem ser realizados de forma contínua ou em bateladas, dependendo da necessidade da eficiência desejada e da disponibilidade de tempo e espaço oferecida (ver figuras 1 e 2). Tratamento Biológico quanto à �xação de biomassa Quanto ao Oxigênio Livre: lodos ativados, sistemas de lagos e digestão anaeróbica Fixa: �ltros biológicos e discos biológicos Aeróbicos: lodos ativados, sistemas de lagoas e �ltros biológicos Anaeróbio: Reatores anaeróbios Figura 1 – Fluxograma de possibilidades para os processos biológicos 7 UNIDADE Tecnologias de Tratamento: Etapas do Processo de Tratamento de Efluentes: Tratamentos Terciários Processo em batelada Processo contínuo Decantador 1 Decantador 2 I - Orgânicos dissolvidos ou coloidais (DBO=50 - 1000mg/I) II - Microorganismos + orgânicos III - Microorganismos IV - Agua limpa (DBO=15 - 30mg/I) Lodo com alta concentração de microorganismos (ativado) 1 2 3 orgânicos dissolvidos ou coloidais orgânicos + microorganismos microorganismos mortos por falta de orgânicos Tanque de aeração Figura 2 – Processo de batelada e processo contínuo nos tratamentos biológicos de efluentes Tratamento por lodos ativados O sistema de lodo ativado (ver figura 3) é um processo biológico no qual o esgoto e o lodo ativado são misturados (em um tanque de aeração), levando à decomposição da matéria orgânica (MO) pelo processo de depuração realizado pelas bactérias presentes. Possui em seu mecanismo a degradação de MO e a sua transformação numa suspensão “floculenta”, o que permite uma sedimentação relativamente fácil, permitindo, assim, a aplicação de processos que utilizam a gravidade para a sua remoção. O sistema de lodos ativados utiliza uma quantidade de microrganismos muito característica e específica, formada por bactérias, fungos, algas, protozoários e micrometazoários. Figura 3 – Exemplo de um fluxograma de um processo em que é utilizado o lodo ativado Fonte: Acervo do autor 8 9 O lodo ativado pode ser definido como o floco que foi decantado pelo crescimento de bactérias ou foi produzido num esgoto bruto, na presença de oxigênio dissolvido, e é concentrado suficientemente devido ao retorno de outros flocos previamente formados. Micrometazoários: São microrganismos formados por várias células que, agrupadas, formam verdadeiros tecidos. Células diferentes possuem funções diferentes. No processo de lodos ativados são representados pelos anelídeos, rotíferos, nematóides e tardígrados. A fi gura 4 apresenta exemplos desses organismos (CEFET, 2015). Ex pl or Figura 4 - Rotífero, nematóides e tardígrados (CEFET, 2015) Fonte: wikimedia commons O sistema de lodos ativados é muito utilizado em todo o mundo, com a finalidade de tratar efluentes domésticos e efluentes provenientes das indústrias. Em destaque, deve-se levar em consideração algumas características para a sua implementação, como, por exemplo: • alto grau de mecanização; • sofisticação em suas operações; • grande consumo de energia. 9 UNIDADE Tecnologias de Tratamento: Etapas do Processo de Tratamento de Efluentes: Tratamentos Terciários Uma breve descrição é feita aqui para que se possa ter um entendimento do processo. Primeiramente, o resíduo orgânico é introduzido no reator, onde há uma massa bacteriana mantida em suspensão. Dentro desse reator, a massa bacteriana provoca a decomposição da matéria orgânica através de seu metabolismo. O ambiente aeróbio no reator é mantido por difusores ou aeradores mecânicos, que também provocam a mistura dentro do reator. Após determinado tempo, o esgoto é conduzido para um tanque de decantação, onde os flocos se separam da água residuária. Uma parte do lodo sedimentado é recirculada, a fim de manter a concentração desejada de organismos no reator. E outra parte excedente é retirada do sistema. O nível de massa biológica a ser mantida no reator depende da eficiência desejada de tratamento e de considerações relacionadas à cinética de crescimento. O processo de biomassa que ocorre em sistemas de lodo ativado funciona através do floco de lodo ativado, que tem a separação facilitada no decantador devido à sua propriedade específica de flocular, transformando a massa em uma matriz gelatinosa – onde ocorre a aglutinação das bactérias e outros, transformando-se em flocos com maiores dimensões, o que facilita a sedimentação. Podem ser destacadas também algumas definições referentes aos processos de lodos ativados: • Biofloculação: é governada pelo estado fisiológico das células, não sendo privilégio de apenas uma espécie. • Depuração biológica dos esgotos se realiza em duas fases: uma parte dos poluentes orgânicos é oxidada para obtenção de energia, ao mesmo tempo em que se forma nova matéria celular. • Floculação biológica: é o processo em que as bactérias se aglomeram em flocos facilmente sedimentáveis, mas só é possível quando termina a fase de crescimento bacterianoe são excretados certos polímeros naturais. Estes têm comprimento suficiente para estabelecer pontes entre as bactérias. • Composição do lodo: substância básica gelatinosa na qual vivem bactérias e protozoários ‐ relação entre C, N e P (5:1:0,15). Além disso, entre muitas variações que podem ocorrer nesse tipo de processo, destacam-se: Divisão quanto à idade do lodo: • lodos ativados convencionais • lodos ativados aeração prolongada Divisão quanto ao fluxo: • fluxo contínuo • fluxo intermitente Divisão quanto ao afluente à etapa biológica do sistema de lodos ativados: • esgoto bruto • efluente de decantado e primário 10 11 • efluente de reator anaeróbio • efluente de outro processo de tratamento de esgotos A figura 5 destaca o fluxograma de tratamento de efluentes em que o lodo ativado é utilizado. Figura 5 – Fluxograma de tratamento por lodos ativados aeração prolongada O sistema de lodos ativados também pode ser classificado em função da idade do lodo. Para um melhor entendimento desse aspecto, uma descrição detalhada é fornecida na tabela 1. Tabela 1 – Classifi cação dos sistemas de lodo ativado nos tratamento de efl uentes em função da idade do lodo (adaptada de VON SPERLLING, 1997) Idade do lodo DBO aplicada por unidade de volume Faixa de idade de lodo Denominação usual Reduzidíssima Altíssima Inferior a 3 dias Aeração modificada Reduzida Alta 4 a 10 dias Lodos ativados convencionais Intermediária Intermediária 11 a 17 dias – Elevada Baixa 18 a 30 dias Aeração prolongada Sistema de lodos ativados convencional Nos sistemas de lodos ativados convencionais (ver figura 6), a quantidade de biomassa contida dentro do reator e que participa da reação é bastante alta; isso por causa da recirculação dos sólidos sedimentados SS (bactérias) no fundo do decantador secundário. Para garantir uma grande eficiência na remoção da DBO, é fundamental que a biomassa permaneça por muito mais tempo no sistema do que o líquido. 11 UNIDADE Tecnologias de Tratamento: Etapas do Processo de Tratamento de Efluentes: Tratamentos Terciários Para que tal processo ocorra da forma esperada, é necessário remover uma quantidade de lodo (bactérias) equivalente à que é produzida. O fornecimento de oxigênio é feito por aeradores mecânicos ou ar difuso. A montante do reator existe uma unidade de decantação primária, com a finalidade de remover os sólidos sedimentáveis do esgoto bruto. Nesse processo, o tempo de residência celular ou tempo de retenção celular ou idade do lodo (θc) pode variar de 4 a 10 dias e o tempo do processo (θH) pode variar entre 6 a 8 horas. Figura 6 – Fluxograma de sistemas de lodos ativados convencionais (UFSM, 2015) Sistema de lodos ativados de aeração prolongada Bem parecido com os processos de sistema convencional, os sistemas de lodos ativados com aeração prolongada (ver figura 7) se diferenciam pela quantidade de biomassa que permanece mais tempo no sistema; isso se deve ao fato de os tanques de aeração serem maiores que os demais. Devido a esse fato, existe uma quantidade menor de DBO disponível para consumo das bactérias, fazendo com que as bactérias presentes se alimentem da MO do próprio material celular para a sua sobrevivência e manutenção. Em consequência do descrito, o excesso de lodo retirado já sai estabilizado. Nesse processo, o tempo de residência celular ou tempo de retenção celular ou idade do lodo (θc) pode variar de 18 a 30 dias e o tempo do processo (θH) pode variar entre 16 a 30 horas. Figura 7 – Fluxograma de sistemas de lodos ativados com aeração prolongada (UFSM, 2015) 12 13 Sistemas de lodos ativados em reator de batelada Em um processo em batelada, uma quantidade de material previamente definida é transformada em etapas únicas; cada etapa é finalizada antes de o processo passar para a etapa seguinte. O início do processo de batelada é definido por quantidades definidas e de modo descontínuo - entrada do processo. Após a alimentação do processo, a operação é realizada, o produto obtido pela operação é então descarregado. O processo foi finalizado e novo ciclo poderá ser reiniciado (COSTA, 2015). Portanto, o processo de lodos ativados em reatores de bateladas (ver figura 8) leva em consideração todas as etapas descritas acima. Figura 8 – Fluxograma de sistemas de lodos ativados em reator de batelada (UFSM, 2015) O volume do reator é um fator que define a quantidade de efluente a ser tratado e por isso é se suma importância. Para o cálculo do volume do reator, é utilizada a equação 2. V Y c Q S S X K fV d b c = ⋅ ⋅ ⋅ −( ) ⋅ + ⋅ ⋅( ) θ θ 0 1 (eq. 2) Onde: Sólidos voláteis em suspensão é SSV. Y: coeficiente de produção celular (massa de sólidos em suspensão voláteis produzidos por unidade de massa de DBO removida) (g/g). 0,4 – 0,8 gSSV/gDBOremovida – faixa mais comum 0,5-0,8 g/g. Kd: coeficiente de respiração endógena (d -1) – 0,06 a 0,10 mgSSV/mgSSV.d Q: vazão (m3/d) S0: concentração de DBO no afluente (mg/L ou g/m 3) S: concentração de DBO no efluente (mg/L ou g/m3) Xv: concentração de sólidos voláteis em suspensão, SSV (mg/L ou g/m 3) 13 UNIDADE Tecnologias de Tratamento: Etapas do Processo de Tratamento de Efluentes: Tratamentos Terciários Lodo ativado convencional: 1.500 a 3.500 mgSSV/L Aeração prolongada: 2.500 a 4000 mgSSV/L fb: fração biodegradável dos sólidos em suspensão (Xb/Xv) – Sólidos totais em suspensão (X): • sólidos inorgânicos fixos (Xi) • sólidos orgânicos voláteis (Xv) • sólidos orgânicos voláteis não biodegradáveis (Xnb) • sólidos orgânicos voláteis biodegradável (Xb) fb: fração biodegradável dos SSV gerados no sistema (Xb/Xv) submetidos a uma idade do lodo θc. fb’: fração biodegradável dos SSV imediatamente após a sua geração no sistema, ou seja, θc=o. Tal valor é tipicamente igual a 0,80. Kd: coeficiente de respiração endógena (d-1) – 0,06 a 0,10 mgSSV/mgSSV.d θc: tempo de residência celular ou tempo de retenção celular ou idade do lodo (dias). As equações 3, 4 e 5 definem o cálculo do tempo de residência celular ou tempo de retenção celular ou idade do lodo (dias) - θc. E a figura 9 ajuda a compreender os parâmetros utilizados para o cálculo do θc. θc massade sólidono sistema massade sólidoretiradado = � � � � � � � � � �ssistema porunidadede tempo� � � � � (eq. 3) Sem recirculação θ θ θ θc V V c C H X V X Q V Q t= ⋅ ⋅ ⇒ = ⇒ = =� � � � (eq. 4) Com recirculação θ θc V ex ve ex vr c v ex vr X V Q Q X Q X X Q X = ⋅ −( ) + ⇒ =� � � � (eq. 5) Figura 9 – Fluxograma de sistemas de lodos ativados em reator de batelada para cálculo do tempo de residência celular (UFSM, 2015) 14 15 Onde: X0 é a concentração do afluente S0 é a concentração de DBO no afluente Q é a vazão do sitema X é a concentração dentro do reator S é a concentração de DBO V é o volume do reator QR é a vazão de recirculação XR é a concentração na recirculação Xe é a concentração do efluente Qex é a vazão do efluente excedente Recirculação do lodo A recirculação do lodo proporciona a manutenção de uma alta concentração de sólidos no reator. Além disso, também possibilita manter a idade do lodo maior que o tempo de detenção hidráulica (θc > t ou θH). Devido a esses fatores, a qualidade do lodo sedimentado no decantador secundário é de suma importância, uma vez que quanto mais concentrado o lodo, menor será a quantidade de lodo para a vazão de recirculação, e também quanto maior for a quantidade de material decantado e adensado no sistema, maior será a concentração de sólidos no lodo. Como pode ser visto na figura 9, a recirculação é definida pela equação 6. R Q Q R= � (eq. 6) Onde: QR é a vazão de recirculação Q é a vazão do sitema O balanço de massa é outro fator importante nos processos de batelada com recirculação de lodos ativados. Em reatores de mistura completa em estado estacionário, o balanço de massa é definido pelas equações 7 e 8. Acumulação = Entrada – Saída + Produção – Consumo (eq. 7) Onde: Acumulação = 0 (isto é,não existem acúmulos de massa no estado permanente). Produção = Consumo (o crescimento bacteriano é igual à retirada de lodo excedente). 15 UNIDADE Tecnologias de Tratamento: Etapas do Processo de Tratamento de Efluentes: Tratamentos Terciários Entrada = Carga de sólidos suspensos no esgoto bruto + carga de sólido suspenso no lodo recirculado. Saída = Carga de sólidos suspensos no total acumulado. Entrada = Saída → QR ⋅ XR = (Q + QR) ⋅ X (eq. 8) Remoção do lodo excedente A retirada do lodo excedente na linha de recirculação proporciona uma menor vazão Qex e, consequentemente, também proporciona uma vazão menor de lodo que deverá ser tratado posteriormente. No controle do processo e das vazões do mesmo, quando se espera manter uma idade de lodo de 20 dias, é necessária a retirada de apenas 5% da quantidade do volume do lodo presente no reator por dia. A retirada do lodo excedente no reator (controle hidráulico do sistema) é definida pela equação 9, e a retirada do lodo excedente na linha de recirculação é definida pela equação 10. Q V ex c = θ (eq. 9) Q V X Xex c r = θ (eq. 10) Sistemas de aeração Nos sistemas em que se utiliza o tratamento biológico aeróbio, o oxigênio é adicionado ao processo com a finalidade de atender às demandas dos processos de oxidação da MO carbonácea e de nitrificação. Na oxidação da MO carbonácea, acontece também o processo de oxidação do carbono orgânico, fornecendo, assim, mais energia para que ocorram os processos de síntese bacteriana existentes nesse sistema. Tal sistema é conhecido pela respiração endógena das células bacterianas. Já nos processos necessários para que ocorra a nitrificação, as formas de aeração que mais se destacam só acontecem devido à introdução artificial de ar ou oxigênio no líquido (processo de aeração por ar difuso), o que provoca um grande turbilhonamento, aumentando a área de exposição do líquido ao ar e proporcionando a introdução do ar no líquido (aeração superficial ou mecânica). A introdução do oxigênio é importante, pois proporciona uma satisfação à necessidade de metabolismo dos organismos, e através do ar injetado é possível manter uma agitação completa no tanque de aeração, o que pode evitar a sedimentação e manter os flocos em contato íntimo com os organismos presentes no meio, além de proporcionar uma retirada de vários produtos voláteis de metabolismo. 16 17 A aeração mecânica pode ser classificada com relação ao eixo de rotação, que pode ser vertical ou horizontal (ver figura 10). No caso de aeradores de eixo vertical, ainda se pode destacar a baixa rotação com fluxo radial e a alta rotação com fluxo axial. Os principais mecanismos de transferência de oxigênio por aeradores superficiais são: • transferência do oxigênio atmosférico às gotas e finas películas de líquidos aspergidos no ar (cerca de 60 % da transferência total); • transferência do oxigênio na interface ar-líquido, onde as gotas em queda entram em contato com o líquido no reator (cerca de 30 % da transferência total); • transferência do oxigênio por bolhas de ar transportadas da superfície ao seio da massa líquida (cerca de 10 % da transferência). Figura 10 – Tipos de aeradores quanto ao eixo (VON SPERLLING, 1997) Outra classificação dada à aeração mecânica é em relação à fixação, em que existem os aeradores fixos e os aeradores flutuantes. A aeração por processo de ar difuso é dividida em 3 tipos distintos: • difusor poroso (bolhas finas e médias): prato, disco, domo e tubo; • difusor não poroso (bolhas grossas): tubos perfurados ou com ranhuras; • outros sistemas: aeração por jatos, aeração por aspiração, tubo em U. O tamanho da bolha influencia na eficiência da transferência do oxigênio padrão média, e na eficiência da oxigenação padrão. A comparação entre os tipos de bolhas e sua eficiência está descrita na tabela 2. Tabela 2 - Comparação entre os tipos de bolhas e sua efi ciência (adaptada de VON SPERLLING, 1997). Tipos de aeração Efi ciência da transferência de oxigênio padrão média (%) Efi ciência de oxigenação padrão (KgO2/kWh) Bolhas finas - diâmetro inferior a 3 mm 10 – 30 1,2 – 2,0 Bolhas médias - diâmetro entre 3 e 6 mm 6 – 15 1,0 - 1,6 Bolhas grossas - diâmetro superior a 6 mm 4 – 8 0,6 – 1,2 17 UNIDADE Tecnologias de Tratamento: Etapas do Processo de Tratamento de Efluentes: Tratamentos Terciários O controle do fornecimento de oxigênio (ar) é definido conforme o processo adotado. No caso de aeração mecânica, os fatores de influência para o controle de oxigênio são: • possibilidade de ligar e desligar os aeradores; • possibilidade de variação da velocidade de rotação dos aeradores (duas velocidades ou velocidades variáveis); • possibilidade de variação do nível das pás dos aeradores (variação da submergência dos aeradores através da atuação no seu eixo); • possibilidade de variação do volume do líquido (variação da submergência dos aeradores através do ajuste do vertedor de saída). E no caso de aeração por ar difuso, os fatores de influência para o controle de oxigênio são: • possibilidade de variação da velocidade dos sopradores; • possibilidade de variação das aletas de entrada; • possibilidade de ajuste das válvulas de sucção de todos os sopradores ligados, de forma a manter uma pressão constante na tubulação de alimentação de ar. 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Para complementar os conhecimentos adquiridos nesta unidade e enriquecer sua compreensão a respeito dos benefícios do tratamento dos efluentes, pesquise: Leitura Microbiologia de sistema de lodos ativados e sua relação com o tratamento de efluentes industriais: a experiência da Cetrel OLIVEIRA, Gisele Santos Silva de; ARAÚJO, Cristiano Venícius de Matos; FERNANDES, José Gilson Santos. Disponível em: http://goo.gl/ghxerL VII Simpósio Internacional de Qualidade Ambiental SOUZA, Ândrea Aline Rosa et al. Avaliação do desempenho de reator sequencial em batelada (RSB), tratando mistura de esgoto doméstico e lixiviado de aterro sanitário pré-tratatdo em lagoas de estabilização. Porto Alegre, 17 a 19 de maio de 2010. Disponível em: http://goo.gl/ZDoUL3 19 Referências BATTALHA, B. H. L. Controle da qualidade da água para consumo humano. CETESB, 1977. CEFET/BA - Centro Federal de Educação Tecnológica – Coordenação de Processos Industriais. Tratamento de efluentes. Marcelo Pestana e Diógenes Ganghis. Disponível em: <http://goo.gl/fwSrsO>. Acesso em: 07 dez. 2015. Costa, César da. Instrumentação de sistemas – INS. 3ª aula – Processos industriais. Disponível em: <http://goo.gl/PozTwJ>. Acesso em: 01 dez. 2015. CRQ4 - Conselho Regional de Química - 4ª Região. Minicursos 2009. Tratamento de efluentes industriais e domésticos. Ministrante: Karla Gomes de Alencar Pinto. Campinas, 29 de agosto de 2009. Disponível em: <http://goo.gl/C4Q2yC>. Acesso em: 16 nov. 2015. Finep – Financiadora de Estudos e Projetos. Gonçalves, R. F. et al. Programa de Pesquisa em Saneamento Básico – PROSAB. Gerenciamento do lodo de lagoas de estabilização não mecanizadas - Departamento de Hidráulica e Saneamento. Centro Tecnológico. Universidade Federal do Espírito Santo – publicado em 1999. Disponível em: <https://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/ historico-de-programas/prosab/gerenciamento_lodo_de_lagoas.pdf>. acesso em 16/11/2015>. Acesso em: 07 jan. 2016. IMHOFF, KARL; IMHOFF, KLAUSS. Manual de tratamento de águas residuárias. São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda, 2002. 3ª reimpressão. JORDÃO, E. P.; PESSOA, C. A. Tratamento de esgotos domésticos: concepção clássica de tratamentos de esgoto. CETESB, 1975. RICHTER, C. A.; NETTO, J, M. A. Tratamento de água - tecnologia atualizada. São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda, 2002. 4ª reimpressão. RODRIGUES, A. B. Tratamento e destino dos esgotos domésticos no meio rural. Porto Alegre: Emater, 2003. UFSM - Universidade Federal de Santa Maria. Tratamento de esgotossanitários – lodos ativados. Prof. Carlos Ernando da Silva. Disponível em: <http://jararaca. ufsm.br/websites/ces/download/A4.pdf>. Acesso em: 16 nov. 2015. VON SPERLLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1996. VON SPERLLING, M. Lagoas de estabilização. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1896. VON SPERLLING, M. Lodos ativados. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1997. VON SPERLLING, M. Lodos de esgotos: tratamentos e disposição final I. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2001. 20
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