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TRATAMENTO AVANÇADO DE EFLUENTES Michel David Gerber INSTITUTO FEDERAL SUL-RIO-GRANDENSE UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL Programa de Fomento ao Uso das TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO - TICS Ministério da Educação Copyright© 2012 Universidade Aberta do Brasil Instituto Federal Sul-rio-grandense Produzido pela Equipe de Produção de Material Didático da Universidade Aberta do Brasil do Instituto Federal Sul-rio-grandense TODOS OS DIREITOS RESERVADOS Apostila de Tratamento Avançado de Efluentes GERBER, M. 2012/1 INSTITUTO FEDERAL SUL-RIO-GRANDENSE UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL Programa de Fomento ao Uso das TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO - TICS PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Dilma Rousseff PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Fernando Haddad MINISTRO DO ESTADO DA EDUCAÇÃO Luiz Cláudio Costa SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - SESU Eliezer Moreira Pacheco SECRETÁRIO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA Luís Fernando Massonetto SECRETÁRIO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEED Jorge Almeida Guimarães PRESIDENTE DA COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR - CAPES INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA SUL-RIO-GRANDENSE [IFSUL] Antônio Carlos Barum Brod REITOR Daniel Espírito Santo Garcia PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO E DE PLANEJAMENTO Janete Otte PRÓ-REITORA DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL Odeli Zanchet PRÓ-REITOR DE ENSINO Lúcio Almeida Hecktheuer PRÓ-REITOR DE PESQUISA, INOVAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO Renato Louzada Meireles PRÓ-REITOR DE EXTENSÃO IF SUL-RIO-GRANDENSE CAMPUS PELOTAS José Carlos Pereira Nogueira DIRETOR-GERAL DO CAMPUS PELOTAS Clóris Maria Freire Dorow DIRETORA DE ENSINO João Róger de Souza Sastre DIRETOR DE ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO Rafael Blank Leitzke DIRETOR DE PESQUISA E EXTENSÃO Roger Luiz Albernaz de Araújo CHEFE DO DEPARTAMENTO DE ENSINO SUPERIOR IF SUL-RIO-GRANDENSE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Luis Otoni Meireles Ribeiro CHEFE DO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Beatriz Helena Zanotta Nunes COORDENADORA DA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL – UAB/IFSUL Marla Cristina da Silva Sopeña COORDENADORA ADJUNTA DA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL – UAB/ IFSUL Cinara Ourique do Nascimento COORDENADORA DA ESCOLA TÉCNICA ABERTA DO BRASIL – E-TEC/IFSUL Ricardo Lemos Sainz COORDENADOR ADJUNTO DA ESCOLA TÉCNICA ABERTA DO BRASIL – E-TEC/ IFSUL IF SUL-RIO-GRANDENSE UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL Beatriz Helena Zanotta Nunes COORDENADORA DA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL – UAB/IFSUL Marla Cristina da Silva Sopeña COORDENADORA ADJUNTA DA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL – UAB/ IFSUL Mauro Hallal dos Anjos GESTOR DE PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PROGRAMA DE FOMENTO AO USO DAS TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO –TICs Raquel Paiva Godinho GESTORA DO EDITAL DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO – TICS/IFSUL Ana M. Lucena Cardoso DESIGNER INSTRUCIONAL DO EDITAL TICS Lúcia Helena Gadret Rizzolo REVISORA DO EDITAL TICS EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO – UAB/IFSUL Lisiane Corrêa Gomes Silveira GESTORA DA EQUIPE DE DESIGN Denise Zarnottz Knabach Felipe Rommel Helena Guimarães de Faria Lucas Quaresma Lopes Tabata Afonso da Costa EQUIPE DE DESIGN Catiúcia Klug Schneider GESTORA DE PRODUÇÃO DE VÍDEO Gladimir Pinto da Silva PRODUTOR DE ÁUDIO E VÍDEO Marcus Freitas Neves EDITOR DE VÍDEO João Eliézer Ribeiro Schaun GESTOR DO AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM Giovani Portelinha Maia GESTOR DE MANUTENÇÃO E SISTEMA DA INFORMAÇÃO Anderson Hubner da Costa Fonseca Carlo Camani Schneider Efrain Becker Bartz Jeferson de Oliveira Oliveira Mishell Ferreira Weber EQUIPE DE PROGRAMAÇÃO PARA WEB 7 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Tratamento Avançado de Efluentes SUMÁRIO S CONTENTS GUIA DIDÁTICO ____________________________________________________________________________________________________9 UNIDADE A - REVISÃO DE CONTEÚDO ________________________________________________________________________ 13 Introdução ______________________________________________________________________________________________________________ 15 Requisitos legais aplicados ___________________________________________________________________________________________ 15 Formas de avaliação ___________________________________________________________________________________________________ 18 Características dos efluentes _________________________________________________________________________________________ 19 UNIDADE B - TRATAMENTO TERCIÁRIO ______________________________________________________________________ 23 Objetivos _________________________________________________________________________________________________________________ 25 Remoção de fósforo ____________________________________________________________________________________________________ 26 Remoção de nitrogênio ________________________________________________________________________________________________ 29 Exercícios I ______________________________________________________________________________________________________________ 35 Remoção de nitrogênio e fósforo em sistemas naturais de tratamento _______________________________________ 36 Exercícios II _____________________________________________________________________________________________________________ 42 Exercícios III ____________________________________________________________________________________________________________ 50 Remoção de sólidos suspensos e dissolvidos remanescentes ___________________________________________________ 50 Desinfecção de efluentes ______________________________________________________________________________________________ 57 UNIDADE C - TRATAMENTO DE LODO ________________________________________________________________________ 63 Objetivos _________________________________________________________________________________________________________________ 65 Geração de lodos em ETEs ____________________________________________________________________________________________ 66 Exercícios IV ____________________________________________________________________________________________________________ 69 Adensamento de lodo _________________________________________________________________________________________________ 69 Exercícios V _____________________________________________________________________________________________________________ 71 Desaguamento de lodo ________________________________________________________________________________________________ 72 Exercícios VI ____________________________________________________________________________________________________________ 79 Tramamento e destinação do lodo de ETE _________________________________________________________________________ 80 Exercícios VII ___________________________________________________________________________________________________________ 83 9 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Guia Didático Prezado(a) aluno (a), o objetivo da disciplina de Tratamento Avançado é fornecer subsídios para a compreensão dos principais sistemas de tratamento terciário de efluentes e dos sistemas de tratamento de lodo de estações de tratamento de efluentes. A disciplina é composta por 3 unidades: a) Introdução, onde faremos uma breve revisão do conteúdo da disciplina de Controle de Efluentes, assim como dos requisitos legais pertinentes ao assunto em questão; b) Tratamento terciário, onde veremos os principais tipos de equipamentos e sistemas de tratamento, com ênfase para a remoção de nitrogênio e fósforo; c) Gerenciamento de lodo de ETE, onde serão apresentados os principais sistemas utilizados para adensamento e desaguamento do lodo. Salienta-se ainda que nas Unidades B e C será apresentado aindao roteiro para dimensionamento básico de alguns equipamentos ou sistemas de tratamento utilizados. Em relação aos critérios de avaliação, ao longo da disciplina serão solicitadas tarefas, como questionários, desafios ou exercícios, além da avaliação final que seria a elaboração do projeto de uma ETE dimensionada para a remoção de N e P e o projeto do sistema de gerenciamento do lodo gerado nessa estação. Objetivo Geral Fornecer subsídios para a compreensão dos principais sistemas de tratamento terciário de efluentes e dos sistemas de tratamento de lodo de estações de tratamento de efluentes. Habilidades • Conhecer os principais sistemas de tratamento de efluentes em nível terciário; • Reconhecer os requisitos legais pertinentes ao tema; • Conhecer os principais sistemas de remoção de nitrogênio e fósforo; • Realizar o dimensionamento básico sobre a remoção de nitrogênio e fósforo; • Conhecer os principais sistemas de remoção de sólidos; • Conhecer os aspectos sobre a desinfecção de efluentes; • Conhecer os principais sistemas de desaguamento de lodo gerado em estações de tratamento de efluentes - ETEs; • Realizar o dimensionamento básico sobre adensamento e desaguamento de lodo; • Conhecer as principais formas de destinação de lodo de ETEs. Avaliação Avaliação dos alunos O rendimento dos alunos será avaliado através das atividades propostas no curso e do instrumento de avaliação que ocorrerá em encontro presencial. Avaliação da disciplina Formativa: ao longo de seu desenvolvimento, o programa e os materiais da disciplina serão analisados APRESENTAÇÃO GUIA DIDÁTICO GD 10 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes pelos alunos e equipe de professores. Somativa: os alunos avaliarão a validade da disciplina para sua formação através de instrumento específico. Programação Primeira Semana As atividades a serem desenvolvidas na primeira semana são: 1. Apresentação em vídeo do professor, da disciplina e das formas de avaliação; 2. Apresentação de texto e fotografias sobre o conteúdo a ser desenvolvido – revisão de tratamento de efluente e requisitos legais aplicados; 3. Navegação em site de interesse. Segunda Semana As atividades a serem desenvolvidas na segunda semana são: 4. Apresentação de texto e fotografias sobre o conteúdo a ser desenvolvido: Objetivos do tratamento terciário, Principais equipamentos e sistemas de tratamento e remoção de fósforo; Terceira Semana As atividades a serem desenvolvidas na terceira semana são: 5. Apresentação de texto e fotografias sobre remoção de nitrogênio: métodos químicos e biológicos; 6. Demonstração do cálculo do requisito de oxigênio e do requisito energético. Quarta Semana As atividades a serem desenvolvidas na quarta semana são: 7. Apresentação de texto e fotografias sobre remoção biológica conjunta de N e P, ênfase para sistemas naturais de tratamento. Quinta Semana As atividades a serem desenvolvidas na quinta semana são: 8. Apresentação de texto sobre o conteúdo a ser desenvolvido; 9. Apresentação dos principais critérios de dimensionamento de sistemas naturais de tratamento. Sexta Semana As atividades a serem desenvolvidas na sexta semana são: 10. Realização de exercícios sobre dimensionamento básico de sistemas naturais de tratamento. Sétima Semana As atividades a serem desenvolvidas na sétima semana são: 11. Apresentação de texto e de fotografias sobre o conteúdo a ser desenvolvido: Remoção de metais, Remoção de sólidos suspensos, remoção de sólidos dissolvidos e Desinfecção de efluentes Oitava Semana As atividades a serem desenvolvidas na oitava semana são: 11 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Guia Didático 12. Encontro presencial 13. Realização da 1ª. Avaliação Nona Semana As atividades a serem desenvolvidas na nona semana são: 14. Apresentação de texto e de fotografias sobre gerenciamento de lodo em ETEs; 15. Demonstração de cálculo sobre geração de lodo em ETEs. Décima Semana As atividades a serem desenvolvidas na décima semana são: 16. Apresentação de texto e de e de fotografias sobre adensamento e desaguamento de lodo; 17. Demonstração de cálculos para dimensionamento de Leitos de Secagem Décima Primeira Semana As atividades a serem desenvolvidas na décima primeira semana são: 18. Apresentação de texto e fotografias sobre desaguamento de lodo em Filtro-prensa, Centrifuga, Prensa desaguadora; 19. Realização de exercícios sobre dimensionamento básico de um filtro-prensa; 20. Apresentação de vídeos sobre centrífugas e filtros-prensas. Décima Segunda Semana As atividades a serem desenvolvidas na décima segunda semana são: 21. Apresentação de texto e fotografias sobre destinação final de lodo gerado em ETEs. Décima Terceira Semana As atividades a serem desenvolvidas na décima terceira semana são: 22. Encontro presencial 23. Apresentação de trabalhos Décima Quarta Semana As atividades a serem desenvolvidas na décima quarta semana são: 24. Encontro presencial 25. Realização da 2ª. Avaliação Referências: METCALF & EDDY. Wastewater Engineering Treatment and Reuse. 4a ed. Boston: McGraw Hill, 2003. NUNES, José Alves. Tratamento Físico-Químico de Águas Residuárias Industriais. 4ª Edição. Gráfica Editora J. Andrade Ltda. 2004 SPERLING, Marcos Von. Lodos Ativados. 2 Ed. Belo Horizonte : DESA : UFMG, 2002. SPERLING, Marcos von, Princípios básicos do tratamento de esgotos. Belo Horizonte: DESA; UFMG, 1996. 12 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes Complementar: SPERLING, marcos von. Lodos de esgotos: Tratamento e Disposição Final. Belo horizonte: DESA - UFMG, 2001. PHILIPPI,L.& SEZERINO, P. Aplicação de Sistemas tipo Wetlands no tratamento de águas resíduárias: utilização de filtros plantados com macrófitas. Florianópolis: Ed. do Autor, 2004. Currículo Professor-Autor Michel David Gerber Técnico em Química formado em 1985 pela ETFPEL, atualmente Instituto Federal Sul-rio-grandense. Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal de Pelotas, em 1992 e Especialista em Projeto de Tratamento de Efluentes, Resíduos e Emissões, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio grande do Sul, em 1997. Mestre em Ciência e Tecnologia Agroindustrial, pela Universidade Federal de Pelotas, em 2002. Desde 2005, é professor no ensino técnico e superior do IF Sul-rio-grandense das disciplinas relacionadas ao tratamento de água e de efluentes. < http://lattes.cnpq.br/6666598600875774 > Unidade A Tratamento Avançado de EfluentesA Revisão de conteúdo 15 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Unidade A Introdução Relembrando o conteúdo da disciplina de Controles de Efluentes ... A remoção dos contaminantes, visando o atendimento dos padrões de lançamento estabelecidos, constitui o objetivo do tratamento de efluentes. Portanto, é fundamental o entendimento do que são os CONTAMINANTES e os PADRÕES DE LANÇAMENTO. CONTAMINANTES são os parâmetros de monitoramento, como DQO, DBO, NTK, etc., que são obtidos após a caracterização da amostra de efluente. Os PADRÕES DE LANÇAMENTO (ou de emissão) são estabelecidos pela legislação ambiental que, para nós do RS, estão listados nas Resoluções CONSEMA n° 128/2006 e n° 129/2006. Para atingir o objetivo, ou seja, remoção dos contaminantes, existem vários processos de tratamento, baseados em fenômenos ou princípios físicos, químicos e biológicos, ou ainda, em suas combinações. Com base nesses princípios, o tratamento de efluentes é usualmente classificado de acordo com os seguintes níveis: preliminar; primário; secundário e terciário. Resumindo... O objetivo remoção de cada nível de tratamento é descrito na tabela a seguir. Nível Remoção Preliminar Sólidos grosseiros(materiais de maiores dimensões e areia) Primário Sólidos em suspensão e sólidos sedimentáveis. DBO em suspensão (matéria orgânica referente a sólidos em suspensão e sedimentáveis. Secundário DBO em suspensão (matéria orgânica em suspensão, não removida no tratamento primário) DBO solúvel Terciário Nutrientes Patogênicos Metais Sólidos suspensos e dissolvidos remanescentes Cor, Odor, etc. Requisitos legais aplicados Os padrões de lançamento dos principais parâmetros de monitoramento podem ver visualizados na Resolução CONSEMA 128/2006, disponível para acesso no link Secretaria Estadual de Meio Ambiente <http://www.sema.rs.gov.br/> Dica Conforme pode ser verificado nessa Resolução, no artigo 10 estão listados TODOS os parâmetros a serem atendidos, ou seja, qualquer fonte poluidora deve atender a esses parâmetros e não somente àqueles listados na Licença de Operação. REVISÃO DE CONTEÚDO UNIDADE A 16 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes Após verificarem essa Resolução, prestem atenção ao artigo 20, § I, onde consta a seguinte redação: ...Fica estabelecida a variação dos padrões de emissão para os parâmetros Nitrogênio Total Kjeldahl (NTK), Fósforo e Coliformes Termotolerantes ou Escherichia coli, devendo atender aos valores de concentração estabelecidos ou operarem com a eficiência mínima fixada em função das faixas de vazão abaixo referidas: Faixa de Vazão (m3/d) Nitrogênio Total Kjeldahl Fósforo Coliformes Termotolerantes Conc. (mgNTK/L) Eficiência NTK (%) Nitrogênio Amoniacal (mgNam/L) Conc. (mgP/L) Eficiência (%) Conc. (NMP/100 mL) Eficiência (%) Q<100 20 75 20 4 75 105 95 100 ≤Q<1000 20 75 20 3 75 104 95 1000≤Q<10000 15 75 20 2 75 104 95 10000 ≤ Q 10 75 20 1 75 103 95 Entretanto, logo a seguir está escrito... ... Para o caso da opção por atendimento à eficiência mínima fixada para remoção de Nitrogênio Total Kjeldahl, deve ser atendido, concomitantemente, o limite máximo de 20 mg/L para Nitrogênio Amoniacal, para qualquer vazão de lançamento Vejam também que no § 2, no caso de efluentes domésticos, a tabela de valores é: Faixa de vazão Fósforo Total Coliformes Termotolerantes (m3/d) Concentração (mg P/L) Eficiência (%) Concentração (NMP/100 mL) Eficiência (%) Q < 200 - - - - 200 ≤ Q < 500 - - 106 90 500 ≤ Q < 1000 - - 105 95 1000 ≤ Q < 2000 3 75 105 95 2000 ≤ Q < 10000 2 75 104 95 10000 ≤ Q 1 75 103 99 O que podemos observar? ... que para pequenas vazões não são cobrados atendimento a NTK, P e Coliformes Termotolerantes. Mesmo assim, ainda há a questão do N amoniacal ... Art. 22 Para qualquer vazão de lançamento deve ser atendido o padrão de 20mg/L para Nitrogênio Amoniacal. Mais recentemente, o CONSEMA publicou a Resolução 245/2010, que fixou 17 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Unidade A ... procedimentos para o licenciamento de Sistemas de Esgotamento Sanitário, considerando etapas de eficiência, a fim de alcançar progressivamente os padrões de emissão e os padrões das Classes dos corpos hídricos receptores. Onde é possível verificar no artigo Art 4º. Para fins de obtenção de Licença de Operação dos SES1 novos é necessário o atendimento das condicionantes relacionadas abaixo: I. implantação de ETE com tratamento para atendimento dos padrões de emissão referentes aos parâmetros DBO5 20°C, DQO e SS, determinados pela legislação em vigor; II. ... Art 5º. Os SES existentes poderão ser enquadrados nesta Resolução desde que apresentem o cronograma de atendimento às metas progressivas, visando ao atendimento dos padrões da legislação vigente e de acordo com o Plano de Saneamento. Pensem o que na prática isso significa... Também não podemos esquecer os requisitos legais em nível federal, disposto nas Resoluções CONAMA 357/2005 e 430/2001, afinal, os padrões estaduais foram estabelecidos com bases nessas resoluções. <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiano.cfm?codlegitipo=3> Vejam a seguir parte da CONAMA 430/2011 sobre padrões de emissão para efluentes domésticos. Art. 21. Para o lançamento direto de efluentes oriundos de sistemas de tratamento de esgotos sanitários deverão ser obedecidas as seguintes condições e padrões específicos: I - Condições de lançamento de efluentes: ... d) Demanda Bioquímica de Oxigênio- DBO 5 dias, 20°C: máximo de 120 mg/L, sendo que este limite somente poderá ser ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiência de remoção mínima de 60% de DBO, ou mediante estudo de autodepuração do corpo hídrico que comprove atendimento às metas do enquadramento do corpo receptor. e) substâncias solúveis em hexano (óleos e graxas) até 100 mg/L; Continuando, façam a leitura do Art. 21. § 1º As condições e padrões de lançamento relacionados na Seção II, art. 16, incisos I e II desta Resolução poderão ser aplicáveis aos sistemas de tratamento de esgotos sanitários, a critério do órgão ambiental competente, em função das características locais, não sendo exigível o padrão de nitrogênio amoniacal total. ... § 3º Para a determinação da eficiência de remoção de carga poluidora em termos de DBO5 para sistemas de tratamento com lagoas de estabilização, a amostra do efluente deverá ser filtrada. 18 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes 1. SES – sistema de esgotamento sanitário: conjunto de equipamentos que propiciam a coleta, o afastamento, o tratamento e a destinação final dos esgotos sanitários gerados na sua área de abrangência. Compreenderam? Em relação à toxicidade de efluentes, recomendo a leitura da Resolução n° 129/2006, disponível também no mesmo site da SEMA RS. Mais adiante, voltaremos a conversar sobre TOXICIDADE. Atividade - Desafio Para encerrar esse primeiro contato, lanço um DESAFIO para vocês: A legislação estadual e federal privilegia as concessionárias pelo tratamento de efluentes domésticos em comparação com as indústrias? Aguardo as respostas para a próxima aula. Formas de Avaliação Conforme já mencionado na aula inaugural, a avaliação da disciplina de TAE prevê a realização de desafio, questionários, soluções de problemas referente a dimensionamento, finalizando a apresentação de um projeto de uma Estação de Tratamento de Efluentes - ETE – dimensionada para a remoção de N e P e do projeto de gerenciamento de lodo dessa ETE. Atividade - Revisão Questões para serem respondidas em 1 (uma) semana: a) Quais são os objetivos do tratamento terciário? b) Quais são os principais nutrientes a serem removidos no tratamento terciário? c) O que significa toxicidade em efluentes? Atividade - Projeto da ETE (avaliação final) O trabalho prático previsto para ser apresentado ao final desta Disciplina pode ser entendido como uma continuidade do PROJETO da ETE, realizado na Disciplina de Controle de Efluentes. Nesse novo trabalho, a ênfase é para a remoção de Nitrogênio e de Fósforo, onde os alunos poderão optar em otimizar a ETE existente ou propor novos equipamentos ou sistemas de tratamento. Além disso, deverá ser também apresentado a gestão de lodo gerado na ETE, com dimensionamento dos sistemas de adensamento/ desaguamento e a indicação da provável destinação desse lodo. A seguir será apresentada a descrição do trabalho prático: • Deverão ser formados grupos onde cada um será responsável pelo dimensionamento de uma estação de tratamento de efluentes (individual ou no máximo de 4 alunos por grupo). • Cada grupo pode escolher um tipo de efluente, porém, preferencialmente os grupos deverão seguir com o projeto iniciado na disciplina de Controle de Efluentes. NÃO serão admitidos mais de 2 grupos com o mesmo efluente. Caso não haja acordo entre os alunos, os temas serão sorteados. • Cada grupo deverá apresentar o projeto emmeio digital (em Word) contendo no mínimo: Objetivo, descrição resumida do processo produtivo, pontos de geração de efluentes, justificativa da seleção de equipamentos e sistemas de tratamento, memorial de cálculo e bibliografia. • Cada grupo também deverá apresentar oralmente o resumo do projeto para o tipo de efluente estudado, 19 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Unidade A preferencialmente em Power Point. A apresentação deverá ser de, no máximo 15 minutos. • Após a apresentação oral, os alunos terão 1 semana para entregar a versão definitiva do PROJETO e da APRESENTAÇÃO, em meio digital. Data da apresentação: na penúltima semana de aula Características dos efluentes A proposta é manter o tipo de efluente utilizado na Disciplina de Controle de Efluentes, porém trocas poderão ser permitidas desde que devidamente motivadas. A seguir, serão apresentadas as características a serem utilizadas nos projetos de remoção de N e P e para o gerenciamento do lodo gerado. Matadouro de bovinos Parâmetros Unidade Linha Verde Linha Vermelha pH 6,0 7,5 DQO mg O2.L-1 3.000 9.000 DBO5 mg O2.L-1 1.500 3.000 Nitrogênio Total mg N. L-1 200 400 Fósforo Total mg P. L-1 40 20 Óleos e graxas mg.L-1 120 400 Sólidos Suspensos mg.L-1 3.000 1.200 Sólidos Sedimentáveis mL.L-1 80 30 Vazão máxima diária m³.d-1 300 200 Vazão máxima horária m³.h-1 40 50 Suinocultura Parâmetros Unidade Linha Verde pH 6,0 DQO mg O2.L-1 10.000 DBO5 mg O2.L-1 4.000 Nitrogênio Total mg N. L-1 600 Fósforo Total mg P. L-1 300 Óleos e graxas mg.L-1 60 Sólidos Suspensos mg.L-1 4.000 Sólidos Sedimentáveis mL.L-1 280 Vazão máxima diária m³.d-1 100 Vazão máxima horária m³.h-1 25 20 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes Pescados Parâmetros Unidade Linha Verde pH 7,0 DQO mg O2.L-1 4.000 DBO5 mg O2.L-1 2.200 Nitrogênio Total mg N. L-1 220 Fósforo Total mg P. L-1 15 Óleos e graxas mg.L-1 260 Sólidos Suspensos mg.L-1 1.800 Sólidos Sedimentáveis mL.L-1 60 Vazão máxima diária m³.d-1 200 Vazão máxima horária m³.h-1 30 Arroz parboilizado Parâmetros Unidade Linha Verde pH 5,0 DQO mg O2.L-1 2.600 DBO5 mg O2.L-1 1.300 Nitrogênio Total mg N. L-1 120 Fósforo Total mg P. L-1 85 Óleos e graxas mg.L-1 15 Sólidos Suspensos mg.L-1 800 Sólidos Sedimentáveis mL.L-1 25 Vazão máxima diária m³.d-1 300 Vazão máxima horária m³.h-1 50 Pêssego em calda Parâmetros Unidade Linha Verde pH 11,0 DQO mg O2.L-1 8.000 DBO5 mg O2.L-1 5.000 Nitrogênio Total mg N. L-1 100 Fósforo Total mg P. L-1 20 Óleos e graxas mg.L-1 10 Sólidos Suspensos mg.L-1 4.000 Sólidos Sedimentáveis mL.L-1 60 Vazão máxima diária m³.d-1 250 Vazão máxima horária m³.h-1 30 21 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Unidade A Leite Parâmetros Unidade Linha Verde pH 10,0 DQO mg O2.L-1 4.000 DBO5 mg O2.L-1 2.000 Nitrogênio Total mg N. L-1 60 Fósforo Total mg P. L-1 20 Óleos e graxas mg.L-1 50 Sólidos Suspensos mg.L-1 1.800 Sólidos Sedimentáveis mL.L-1 6,0 Vazão máxima diária m³.d-1 350 Vazão máxima horária m³.h-1 40 B Tratamento terciárioUnidade BTratamento Avançado de Efluentes 25 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Unidade B Objetivos do tratamento terciário Prezados alunos, continuando o assunto sobre tratamento terciário, vamos evidenciar quais são os objetivos principais desse nível de tratamento: • Atender às exigências da legislação nacional, estadual ou exigências específicas (incluindo toxicidade); • Favorecer o reuso do efluente tratado; • Atender às normas internas e corporativas das empresas. Para atender a esses objetivos, podemos considerar que os principais equipamentos ou sistemas de tratamento em nível terciário visam à: • remoção química ou biológica de fósforo; • remoção biológica de nitrogênio; • remoção de nitrogênio por métodos físicos ou químicos; • remoção combinada de N e P por métodos biológicos; • remoção de metais; • remoção de sólidos dissolvidos ou matéria orgânica dissolvida: uso de carvão ativado; precipitação química, troca iônica, filtração, microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração, osmose reversa; • resinfecção. A seleção de uma operação ou processo ou uma combinação de ambos depende: • do destino do efluente tratado; • da natureza deste efluente; • da compatibilidade das operações e processos; • dos meios disponíveis para a destinação final do efluente tratado; • do destino final dos resíduos gerados no tratamento; • da viabilidade econômica destas combinações. TRATAMENTO TERCIÁRIO UNIDADE B 26 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes Remoção de fósforo Remoção físico-química de fósforo A coagulação química e posteriormente a precipitação do fósforo é um método eficaz para a remoção desse nutriente dos esgotos sanitários ou efluentes industriais. Os metais comumente utilizados para este fim são o cálcio (Ca2+), o ferro (Fe3+) ou alumínio (Al3+). Os produtos normalmente empregados são a cal [Ca(OH)2], o sulfato de alumínio [Al2(SO4)3.18H2O], o cloreto férrico (FeCl3), o sulfato férrico [Fe2(SO4)3], e o hidroxicloreto de alumínio, vulgarmente denominado policloreto de alumínio [Aln(OH)mCl3n-m]. 27 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Unidade B Polímeros também podem ser eficientemente aplicados, funcionando como auxiliares de floculação. A reação entre estes íons está apresentada a seguir: Fe+3 + PO4 -3 = FePO4 insolúvel Al+3 + PO4 -3 = AlPO4 insolúvel Ca(OH)2 + PO4 -3 = (Ca5(OH)4(PO4)2) A remoção de fósforo pode ser obtida por sedimentação ou flotação, tanto no nível primário como no nível terciário de tratamento. Em ambos os casos, recomenda-se a realização de teste de bancada (jar test) para determinação da concentração adequada de coagulante, com base no teor residual desejado de fósforo. Dependendo do sistema de tratamento utilizado (decantação ou flotação) e do floculante utilizado, podem-se alcançar índices de remoção entre 30 e 75% nessa etapa da ETE. Remoção biológica de fósforo A remoção de fósforo em sistemas biológicos está limitada a sua incorporação no lodo bacteriano ou na forma de algas, dependendo do tipo de tratamento utilizado. Em lagoas de estabilização a remoção de P pode ser obtida pela: • retirada do fósforo contido nas algas e bactérias; • sedimentação do fósforo contidos nos sólidos; • precipitação de fosfatos em condições de elevado pH. Entretanto, se o sistema de lagoas não possuir um dispositivo de remoção efetiva de algas, a remoção de P pode não ser efetiva. Outro problema observado em lagoas de estabilização é possibilidade de ressolubilização de fósforo que estava retido no lodo ao efluente. Nesse tipo de sistema, como por exemplo em lagoas facultativas e aeradas, a eficiência de remoção usualmente é inferior a 35%. 28 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes Em reatores biológicos tipo lodo ativado é possível aumentar essa remoção com a introdução de condições anaeróbias antes das condições aeróbias, utilizando reatores tipo UASB por exemplo. Em um ambiente de ausência de oxigênio dissolvido e de nitrato, bactérias específicas (Acinetobacter) para assimilar a matéria orgânica passam a quebrar as reservas energéticas ATP – ADP, liberando o P da massa bacteriana para o meio líquido. Nas zonas anóxicas e aeróbias subsequentes, há uma incorporação maior de fosfato pelo lodo ativo, que é removido através da descarga de lodo de excesso. Nesses casos,a remoção de fósforo pode chegar a 60-75%, bem superior a observada em sistemas aeróbios típicos. A figura a seguir apresenta o modelo esquemático sugerido pelos autores de referência: 29 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Unidade B Remoção de nitrogênio Remoção físico- química de nitrogênio A remoção de amônia por arraste de ar, também conhecida por stripping, pode ser resumida da seguinte forma: • ajuste do pH do efluente, para facilitar o arraste de N – NH3; • agitação com introdução de ar Em função do pH do efluente , o nitrogênio amoniacal pode ocorrer na água como íon amônio (NH4+) ou gás amônia (NH3-). NH3 + H2O = NH4+ + OH - A Figura a seguir apresenta graficamente a distribuição do nitrogênio amoniacal em função do pH. A eficiência de remoção do nitrogênio amoniacal por arraste de ar é extremamente dependente do pH do efluente, o qual determina a parcela que pode ser removida por volatilização para a atmosfera. Isto significa que o nitrogênio amoniacal deve, inicialmente, ser convertido ao gás amônia (pelo ajuste do pH para valores próximo a 11) para posterior transferência para a atmosfera por um determinado fluxo de ar. A reação também é dependente da temperatura, ou seja, quanto menor for a temperatura, maior será a solubilidade da amônia, portanto, mais difícil de ser removida. Alguns autores justificam a manutenção da temperatura entre 24 e 30°C, entretanto, pode ser também verificado em artigos ou site de fabricantes a indicação de temperaturas maiores, chegando a 60 - 80° C. Valores muito elevados de temperaturas são difíceis de serem mantidos em condições reais de operação, além de representarem custos adicionais. O ajuste do pH é normalmente realizado com a utilização de cal ou soda cáustica. Como as características dos efluentes são muito variadas, não existe uma solução que se aplique a todos os casos, então, o mais recomendado é realizar testes de bancada antes de definir qual a dosagem mais adequada para o efluente em questão. A separação do gás amônia é realizada em torres de aeração ou de gotejamento (também denominadas torres de stripping) que são similares a torres de resfriamento. 30 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes Remoção biológica de Nitrogênio As formas predominantes são o nitrogênio orgânico e a amônia. Estes dois, conjuntamente, são determinados em laboratório pelo método Kjedahl, constituindo o assim denominado Nitrogênio Kjedahl Total (NKT). As demais formas de nitrogênio, como nitrito e nitrato, são usualmente de menor importância nos efluentes e de difícil detecção analítica. Em resumo, tem-se: NTK = nitrogênio amoniacal + nitrogênio orgânico NT (nitrogênio total)= N-NH3+ N – org. + NO2 + NO3 Os métodos clássicos de remoção de nitrogênio envolvem dois processos: • Nitrificação: conversão do nitrogênio amoniacal a nitrato; • Denitrificação: conversão do nitrato a nitrogênio gasoso. 31 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Unidade B A nitrificação é um processo biológico que ocorre naturalmente em sistemas onde existam condições aeróbias e a presença de nitrogênio amoniacal. A nitrificação pode ser realizada por microorganismos em leito fixo ou em cultivo suspenso. O nitrogênio na forma de amônia converte-se em nitrato em duas fases, mediante as bactérias nitrificantes autotróficas, segundo as reações: 1a Reação: NH4+ + 3/2 O2 ⟶NO2- + 2H + + H2O (Nitrossomonas) 2a Reação: NO2- + ½ O2 ⟶NO3- (Nitrobacter) Reação Total: NH4+ + 2 O2 ⟶ NO3- + 2H + + H2O Parâmetros importantes na cinética da nitrificação: • temperatura: 10- 35° ( abaixo de 8° não ocorre) • pH: entre 7,5 a 8,5 ( ótimo: 8,4) • Oxigênio dissolvido: > 1,0 mg/L • Alcalinidade requerida: 7,1 mgCaCO3/mg N amoniacal rem. • Oxigênio requerido: 4,6 mgO2/mg N amoniacal rem. • Produção de biomassa: 0,1 g SSV/g N amoniacal rem. A denitrificação biológica envolve a redução do nitrato a nitrito e do nitrito a nitrogênio gasoso. O nitrito e o nitrato fornecem oxigênio para respiração microbiana da própria reação de denitrificação. Assim sendo, a condição adequada para a denitrificação - oxigênio ausente, mas com nitrato presente, chamada de anóxica. As reações de obtenção de energia podem representar-se por: 1a reação: 6NO3- + 2CH3OH ⟶ 6NO2- + 2CO2 + 4H2O 2a reação: 6NO2- + 3CH3OH ⟶ 3N2 + 3CO2 + 3H2O + 6OH - Reação Total: 6NO3- + 5CH3OH ⟶ 5CO2 + 3N2 + 7H2O + 6OH - Sistemas biológicos de remoção de Nitrogênio Os principais sistemas para a remoção biológica de nitrogênio (nitrificação/denitrificação) podem ser resumidos da seguinte forma: • Pré-denitrificação (remoção de nitrogênio com carbono do esgoto bruto). • Pós-denitrificação (remoção de nitrogênio com carbono da respiração endógena). • Processo Bardenpho de quatro estágios. • Reatores de operação intermitente (batelada). 32 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes Pré-denitrificação (remoção de nitrogênio com carbono do esgoto afluente): O reator possui uma zona anóxica seguida pela zona aeróbia. A nitrificação ocorre na zona aeróbia, conduzindo à formação de nitratos. Os nitratos são direcionados à zona anóxica, por meio de recirculação interna. Na zona anóxica, os nitratos são convertidos a nitrogênio gasoso, escapando para a atmosfera. As vantagens desse sistema são: • menor tempo de detenção na zona anóxica, comparado ao arranjo de pós-denitrificação; • redução do consumo de oxigênio, face à estabilização da matéria orgânica utilizando o nitrato como receptor de elétrons na zona anóxica; • possibilidade da redução do volume da zona aeróbia, em decorrência da estabilização de parte da DBO na zona anóxica; • não há necessidade de um tanque de reaeração separado, como no arranjo de pós denitrificação. A principal desvantagem é a necessidade da vazão de recirculação interna bastante elevada, o que pode ser economicamente inviável. 33 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Unidade B Pós nitrificação (Remoção de nitrogênio com carbono da respiração endógena): O reator compreende uma zona aeróbia seguida por uma zona anóxica e, opcionalmente, uma zona aeróbia final. A remoção de carbono e a produção de nitratos ocorrem na zona aeróbia. Os nitratos formados entram na zona anóxica, onde são reduzidos a nitrogênio gasoso. Dessa forma, não há necessidade de recirculações internas, como no sistema de pré-denitrificação. A desvantagem é que a denitrificação ocorre em condições endógenas, já que a maior parte do carbono orgânico a ser utilizado pelas bactérias denitrificantes já foi removida na zona aeróbia. Consequentemente, a taxa de denitrificação é menor, o que implica a necessidade de maiores tempos de detenção na zona anóxica, comparado com a alternativa de pré-desnitrificação. Processo Bardenpho de quatro estágios O processo Bardenpho corresponde a uma combinação dos dois arranjos anteriores, compreendendo uma pré-denitrificação e uma pós-denitrificação, além da zona de reaeração final. A eficiência de remoção de nitrogênio é bastante elevada, já que os nitratos não removidos na primeira zona anóxica têm uma segunda oportunidade de serem removidos, na segunda zona anóxica. A desvantagem é a necessidade de reatores com um volume total maior. Reatores de operação intermitente (batelada) Os sistemas por batelada são operados com etapas cíclicas. Cada ciclo é composto por uma sequência de etapas de enchimento, reação, sedimentação, esvaziamento e, eventualmente, repouso. Durante o período de enchimento, pode ocorrer alguma remoção de formas oxidadas de nitrogênio (principalmentenitratos), remanescentes do ciclo anterior. Tem-se, portanto, uma pré-desnitrificação com carbono orgânico do esgoto afluente. Após a etapa de reação aeróbia, tem-se uma etapa anóxica, na qual ocorre a pós-desnitrificação, em condições endógenas. A vantagem do sistema é a sua simplicidade conceitual, dispensando decantadores e recirculações separadas. A desvantagem é que o equipamento de aeração só funciona parte do tempo. Portanto, nos períodos de aeração a transferência de oxigênio terá que ser maior. Por essa razão, a quantidade de aeradores num sistema de bateladas necessita ser maior (maior potência instalada) que num sistema de fluxo contínuo sob as mesmas condições operacionais. 34 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes Dimensionamento básico Os sistemas biológicos descritos na aula passada estão basicamente dependentes das condições ambientais anteriormente citadas. Porém, talvez a mais importante seja o fornecimento da quantidade de oxigênio necessária a nitrificação: 4,6 mgO2/mg N amoniacal rem. No dimensionamento básico é necessário calcular a necessidade de fornecimento de oxigênio (RO: requisito de oxigênio) para depois calcular o tamanho do aerador (ou outro sistema de fornecimento de oxigênio), denominado nesse estudo como RE (requisito energético). Exemplos: Quantos kg de oxigênio são necessários para nitrificar 100 kg de N – amoniacal? 100 kg NH3x 4,6 kg O2/Kg NH3 = 460 kg de O2 Considerando um efluente industrial com vazão de 100 m³.d-1 e com N amoniacal de 100 mg.L-1, qual o RO para atender ao padrão de emissão de 20 mg,L-1? - Q x (Ne – Ns) x 4,6 = 100 m3.d-1 x (100 mg.L-1 - 20 mg.L-1) x 4,6 = 36.800 g.d-1 ou 36,8 kg O2.d -1 35 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Unidade B E o RE para esse caso, qual seria? • Primeiro selecione a aerador com base nas informações do fabricante: 1,8 kg O2/kW/h • Depois aplique o coeficiente de segurança, para operação em escala real: 50% • Então, na verdade o aerador fornece 0,9 kgO2/kW/h (1,8 kgO2/kW/h x 50%) ou 21,6 kgO2/kW/d Sendo assim, podemos calcular da seguinte forma: 21,6 kg O2/d - 1 kW 36,8 kg O2/d - X Resposta: 1,7 kW ou 2,3 cv Está claro? Então, por fim, imagine a seguinte situação: Uma empresa já possui um sistema de tratamento aeróbio, dimensionado para a remoção de matéria-orgânica. A intenção do projetista é remover N de forma eficiente nesse mesmo reator, portanto, é necessário, pelo menos, aumentar o fornecimento de Oxigênio através do uso de aeradores. Sendo assim, determine o RO e o RE com base nas informações abaixo: Q = 10 m³.h-1, DBOe = 1.000 g.m-3, DBOs = 200 g.m-3, NTKe 120 g.m-3 . NTKs = 20 g.m-3 • determine a carga de MO a ser removida: Q x (DBOe – DBOs) = 192 kg O2.d -1 • determine a carga de N a ser removida: Q x (Ne – Ns) x 4,6 = 110,4 kg O2.d -1 • o RO é a soma de 192 kg O2.d -1 e 110,4 kg O2.d -1 = 302,4 kg O2.d -1 • selecione a aerador com base nas informações do fabricante: 1,2 kg O2/kW/h • depois aplique o coeficiente de segurança, para operação em escala real: 50% • então, na verdade o aerador fornece 0,6 kgO2/kW/h (1,2 kgO2/kW/h x 50%) ou 14,4 kgO2/kW/d • agora, é só calcular o RE: 14,4 kg O2/d - 1 kW 302,4 kg O2/d - X Resposta: 21 kW ou aprox. 28 cv Atividade RO e RE Questões para serem respondidas em 1 (uma) semana: 1. Considerando um efluente industrial com vazão de 50 m³.d-1 e N-NH3 de 100 mg.L -1, qual o RO para atender ao padrão de emissão de 20 mg.L-1? 2. Determine o RO e o RE com base nas informações a seguir: Q = 150 m³.d-1, DBOe = 2.000g.m-3, DBOs = 240 g.m-3, NTKe 150 g.m-3 . NTKs = 20 g.m-3 ; EO 1,2 kg O2/kW.h 36 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes Remoção de nitrogênio e fósforo em sistemas naturais de tratamento A remoção de nutrientes em sistemas naturais prevê a utilização de lagoas de estabilização, banhados construídos ou wetlands ou aplicação ao solo. A discussão de sistemas de lagoas já foi realizada anteriormente, portanto, a seguir serão apresentados apenas os fundamentos da remoção de N e P em sistemas do tipo Wetlands. Wetlands é o termo mais utilizado para estes sistemas de tratamento. São sistemas de transição entre sistemas aquáticos e sistemas terrestres, onde o nível d’água comumente está próximo ou na superfície da terra. Existem dois tipos de sistemas de tratamento de efluentes com utilização de plantas aquáticas: • Lagoas com macrófitas aquáticas flutuantes; • Lagoas com macrófitas emergentes. A tecnologia utilizada nos Wetlands é totalmente diferente dos sistemas que preconizam a utilização dos aguapés (Eichornia spp.), em lagoas de tratamento. A utilização de aguapés nunca alcançou os resultados desejados e a formação de biomassa em excesso sempre foi o ponto negativo deste tratamento. Os sistemas de tratamento que utilizam macrófitas aquáticas emergentes apresentam um grande potencial para serem utilizados no tratamento de efluentes industriais, domésticos e de atividades agrícolas, visando à remoção de cor, sólidos suspensos, nitrogênio, fósforo, material orgânico, metais, patogênicos entre outros parâmetros. Existem diversas denominações para esse sistema de tratamento; • Constructed Wetlands. • Root Zone. • Humedales construídos. • PKA (Pflanzen Kläranlage). • Banhados construídos / artificiais. • Zona de raízes. • PAE (Plantas aquáticas emergentes). • Terras úmidas. Tipos de sistemas Existem dois grandes sistemas tratamento que utilizam plantas aquáticas emergentes: Sistemas de Superfície de Água Livre (SAL): O efluente circula somente sobre a superfície do solo, como nos Wetlands naturais. Os sistemas SAL podem ser naturais (com utilização de solo natural), ou construídos, onde, geralmente, é utilizada uma geomembrana ou materiais argilosos para impermeabilização do terreno. 37 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Unidade B Sistema de Fluxo Sub-superficial (FSS): Nesses sistemas, não há formação de lâmina de água, o efluente circula através de uma matriz porosa de areia grossa ou brita, na qual estão presentes as raízes das macrófitas. No Brasil, a preferência é pelo uso de sistemas de Fluxo Sub-Superficial (FSS), que podem ser divididos em dois tipos: • Sistema de Fluxo Horizontal (SFH); • Sistema de Fluxo Vertical (SFV): ascendente ou descendente. Existe ainda o chamado Sistema Combinado ou Híbrido, que consiste na utilização conjunta dos Sistemas de Fluxo Horizontal e de Fluxo Vertical, porém, construídos em células diferentes do mesmo sistema de tratamento. Sistema de Fluxo Horizontal (SFH): Este sistema é chamado de fluxo horizontal porque o efluente percorre vagarosamente todas as camadas do solo artificial e desloca-se no sentido horizontal, desde a entrada até a saída do sistema. Durante este percurso, o efluente passa por zonas aeróbias, anaeróbias e anóxicas. Na rizosfera, ao redor das raízes e dos rizomas das plantas, é formada uma zona aeróbia. Nesta zona, existe uma intensa vida microbiológica, favorecida pela capacidade de transporte do oxigênio atmosférico pelas plantas emergentes, por suas folhas, caules e hastes, até a zona de raízes. É nesta zona que ocorre a oxidação da matéria orgânica pelas bactérias heterotróficas, a oxidação do nitrogênio amoniacal a nitrito e a nitrato pelas bactérias autotróficas e a volatilização da amônia. Na zona anóxica, ocorre a transformação do nitrato a nitrogênio gasoso, pelas bactérias heterotróficas e a oxidação da matéria orgânica, utilizando o nitrato como receptor de elétrons. A zona anaeróbia, os índices de remoção de DBO são alcançados devido à alta capacidade de decomposição38 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes das bactérias anaeróbias. Sistema de Fluxo Vertical (SFV): O efluente a ser tratado é distribuído de forma intermitente sobre a superfície da camada suporte, inundando-a uniformemente. Após, o efluente é drenado gradualmente, atravessando todas as camadas do leito construído no sentido vertical. A vazão deve ser controlada de modo a garantir que o efluente percorra todas as camadas antes de uma nova distribuição, permitindo que os espaços vazios sejam novamente preenchidos pelo ar. Este procedimento de inundação intermitente conduz a uma boa transferência de oxigênio. As bactérias responsáveis pela remoção de DBO e pela nitrificação estão presentes em todas as camadas do leito. Como nos SFH, as macrófitas também transferem oxigênio para a rizosfera, mas esta transferência é pequena quando comparada à transferência obtida no sistema SFV. 39 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Unidade B Fatores de influência Os principais fatores de influência em sistemas de tratamento tipo wetlands são: • Regime Hidrológico. • Camada suporte. • Vegetação. A interação desses fatores é que determina a eficiência de remoção de poluentes específicos. A seguir serão comentados alguns detalhes importantes de cada um desses fatores de influência. Regime hidrológico: Um estudo hidrológico compreende a avaliação do fluxo interno de água superficial, precipitação, fluxo interno da água no solo, evapotranspiração, fluxo externo de água superficial e infiltrações. O hidroperíodo, além de influenciar as propriedades das macrófitas, é considerado também como fator selecionador de espécies, afetando diretamente a sua distribuição espacial e temporal. O Regime Hidrológico é influenciado por • Porosidade da camada suporte. • Volume útil. • Superfície livre. • Formato dos tanques. • Duração de Inundações. • Evapotranspiração (clima). Camada suporte A constituição da camada suporte é fundamental para a construção do sistema com macrófitas emergentes. O tipo e a textura das camadas afetam física, química e biologicamente os mecanismos de remoção dos constituintes do efluente. Em Sistema de Fluxo Sub-superficial (FSS), comumente são utilizados seixos, brita e areia como camada suporte. As propriedades desejadas dos constituintes da camada suporte são: • Permeabilidade: permitir o livre escoamento do efluente entre os materiais que compõem a camada suporte. • Sustentação das plantas adultas: deve permitir a sustentação necessária para o desenvolvimento das plantas até a idade adulta. • Favorecimento ao desenvolvimento das raízes: para que as raízes das plantas selecionadas possam atingir o grau de tratabilidade proposto pelo projeto. • Neutralidade: cada material selecionado não deve influenciar, negativamente, nas características do efluente utilizado. • Capacidade de filtração: a distribuição das camadas dos substratos está diretamente ligada à capacidade de remoção, principalmente, dos nutrientes do sistema. • Facilidade de aquisição e manejo: a fácil aquisição dos materiais utilizados é decisiva para sua aplicabilidade no projeto. Os materiais utilizados devem ser de fácil manejo, não apresentando características nocivas aos operários, na construção e operação do sistema. 40 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes Vegetação A vegetação, denominada de macrófitas emergentes, possui papel determinante na remoção dos constituintes do efluente. A sua principal característica é captar oxigênio da atmosfera, através de suas folhas e hastes, e o transportar para a zona de raízes. Macrófitas aquáticas emergentes são plantas que projetam suas raízes no interior do solo e mantêm suas principais superfícies fotossintéticas projetadas acima do nível d’água, permanentemente ou na maior parte do tempo. Possuem um tecido de sustentação muito mais resistente do que as macrófitas flutuantes, por isso, possuem uma maior capacidade de remoção e retenção de nutrientes. As macrófitas aquáticas emergentes mais utilizadas em sistemas de tratamento na Europa e Estados Unidos incluem os gêneros Typha, Phragmites e Scirpus. No Brasil, a preferência por juncos (Scirpus sp) e taboas (Typha sp), entretanto, existem muitas espécies de plantas com potencial para utilização nesses sistemas. No RS, a riqueza de espécies é grande, mas poucas são aquelas que têm eficiência de remoção comprovada. A Figura 22 apresenta a relação de macrófitas de maior ocorrência na planície costeira do Estado. 41 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Unidade B Família Nome Científico Nome vulgar Alismataceae Sagitaria lancifolia Sagitária Echinodorus grandiflorus Chapéu de Couro Cannaceae Canna glauca Caeté Chenopodiaceal Atriplex montevidensis Atriplex Cyperaceae Scirpus californicus Junco Eleocharis Interstincta Tiririca Cypereus giganteus Tiriricão Conmbinaceae Floscopa glabrata Trapociraba Euphorbiaceae Sebastiania schottiana Sarandi Vermelho Phyllanthus sellowianus Sarandi Branco Typhaceae Typha subulata Taboa Typha domingensis Taboa Typha latifolia Taboa Poaceae Zizaniopsis bonariensis Espadana Palha Tabela 1: Macrófitas da planície costeira do Rio Grande do Sul Fonte: Adaptado de Macrófitas Aquáticas da Planície Costeira do RS. Irgang & Gastal, 1996 42 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes Mecanismo de remoção Considerando as características das macrófitas emergentes e a profundidade da lagoa, poderão ser observadas 3 zonas distintas: • Zona Aeróbia (Oxidada): Oxidação dos sulfetos, da matéria orgânica, nitrificação do nitrogênio amoniacal e volatilização da amônia. • Zona Anóxica: Ocorre a denitificação. • Zona Anaeróbia (Reduzida): Ocorre a decomposição da matéria orgânica de forma anaeróbia. Nos sistemas que utilizam macrófitas emergentes podem ser observados vários mecanismos de remoção envolvidos, dependendo do tipo de contaminante a ser removido. A tabela a seguir apresenta, resumidamente, os mecanismos de remoção dos principais parâmetros de monitoramento. Parâmetro Mecanismo de Remoção Sólidos Suspensos Totais Sedimentação/Filtração DBO Degradação microbiológica (anaeróbia e aeróbia) Sedimentação Nitrogênio Nitrificação/Denitrificação Volatilização da amônia Absorção pelas raízes Fósforo Imobilização (reações de adsorção – precipitação com alumínio, ferro, cálcio, outros minerais do solo. Absorção pelas raízes Patogênicos Sedimentação/Filtração Radiação UV Excreção de antibióticos pela planta e outras bactérias. Tabela 2: Principais mecanismos de remoção Fonte: WEF, 1994 A seguir faça a atividade de mecanismos de remoção. Atividade - Mecanismos de remoção Questões para serem respondidas em 1 (uma) semana: 1. Quais os principais fatores de influência em sistemas de tratamento tipo wetlands? Explique resumidamente cada um deles. 2. Explique como ocorre a remoção de Fósforo em wetlands. 43 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Unidade B Aspectos construtivos 44 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes Plantio de mudas 45 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Unidade B Dimensionamento básico Existem vários critérios para o dimensionamento de sistemas de tratamento com plantas emergentes, mas os principais autores a nível mundial são: • Reed • Cooper • Platzer Atabela a seguir apresenta o resumo do preconizado por REED, aplicados a efluente doméstico. Critério de dimensionamento Fluxo superficial Fluxo sub-superficial Tempo de detenção Hidráulica (dia) 5 a 14 2 a 7 Taxa Máxima de Carregamento (KgDBO/ha.dia) 80 75 Profundidade do Substrato (cm) 10 a 50 10 a 100 Taxa de Carregamento Hidráulico (mm/dia) 7 a 60 2 a 30 Relação Comprimento: Largura 2:1 a 10:1 0,25:1 a 5:1 Tabela 3: Resumo REED Fonte: REED (1992), adaptado pelo Autor. O dimensionamento preconizado por REED está baseado no coeficiente de remoção de matéria orgânica (K20). DBOs = DBOe (1 + K20 . td) Onde: • td = tempo de detenção (d) • DBOe = DBO na entrada (mg O2.L -1) • DBOs = DBO na saída (mg O2.L -1) • K20 = coeficiente de remoção de matéria orgânica a 20°C Ou, isolando o tempo de detenção, teremos: td = _[(DBOe ÷ DBOs) – 1]_ K20 Segundo esse autor, o coeficiente de remoção de matéria orgânica (K20) pode variar entre 0,86 e 1,84, com base na porosidade da camada suporte. Vejam o exemplo a seguir: Dimensione um sistema com plantas emergentes considerando um efluente com vazão (Q) de 10 m³.d-1 e DBO de 2.000 mg.L-1. • Selecione o K20 = 1,0 • Determine qual a DBO na saída do tratamento = 200 mg/L-1 46 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes Dica Para estimar a concentração de DBO na saída do tratamento, normalmente se adota o padrão de lançamento ou um valor 20% menor que o padrão, como critério de segurança. • Determine o tempo de detenção: td = [(2.000 mg.L-1 ÷ 200 mg.L-1) – 1] = 10,5 dias 0,86 • Calcule o volume útil necessário: V = Q x td = 10 m³.d-1 x 10,5 dias = 105 m³ • Calcule a área útil A = V ÷ h = 105 m³ ÷ 0,8 m = 132 m² Onde h é a profundidade útil da camada suporte Fácil? Eu também acho... Outro método bastante utilizado é o preconizado por COOPER: Ah = Q x (ln DBOe – lnDBOs) KDBO Onde: • Ah = área superficial necessária (m²) • Q = vazão de efluente (m³.d-1) • DBOe = DBO na entrada (mg O2.L -1) • DBOs = DBO na saída (mg O2.L -1) • KDBO = coeficiente de reação (m.d-1), normalmente são utilizados valores de 0,06 para tratamento secundário e 0,31 para tratamento terciário Seguindo o mesmo exemplo (Q = 10 m³.d-1 e DBOe = 2.000 mg.L-1) o dimensionamento seria o seguinte: Ah = 10 m³.d -1 x (ln 2.000 – ln 200) = 383 m² 0,06 m.d-1 Observaram a diferença de área entre os métodos? É normal isso acontecer, pois o KDBO está baseado no preconizado no Reino Unido... Mas como dimensionar quando o efluente tem nitrogênio e fósforo no efluente??? Melhor é seguir o preconizado por COOPER ou PLATZER. Vejam agora o dimensionamento com base nos estudos de COOPER: RO = Q x {(DBOe – DBOs) + [( NH3e - NH3s) x 4,6]} 47 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Unidade B Onde: • RO= requisito de oxigênio (kg O2.d -1) • Q = vazão (m³.d-1) • DBOe = DBO na entrada (mg O2.L -1) • DBOs = DBO na saída (mg O2.L -1) • NH3e = nitrogênio amoniacal na entrada (mg N.L-1) • NH3s = nitrogênio amoniacal na saída (mg N.L-1) • 4,6 = consumo de oxigênio na nitrificação (g O2 / g NH3 removido) No que está baseado esse método de dimensionamento? Na capacidade do sistema de plantas emergentes em fornecer OXIGÊNIO para a oxidação da matéria orgânica e para a nitrificação do N. As taxas de transferência de oxigênio citadas por diferentes autores podem ser resumidas da seguinte forma: • Em sistemas de fluxo horizontal: 15 a 40 g O2/m². d • Em sistemas de fluxo vertical: 30 a 64 g O2/m². d A área superficial mínima necessária seria calculada pela fórmula: A = RO Tx Então, utilizando o mesmo enunciado do exemplo utilizado: Dimensione um sistema com plantas emergentes considerando um efluente com vazão (Q) de 10 m³.d-1 e DBO de 2.000 mg.L-1. Mas acrescentando o valor de N-amoniacal de 100 mg.L-1, teríamos a seguinte situação: RO = 10 m³.d-1 x {( 2.000 g.m-3– 200 g.m-3) + [(100 g.m-3 – 20g.m-3) x 4,6]} RO = 21.680 g O2.d -1 Esse RO equivaleria a uma área de: A = RO = 21.680 g O2.d -1 Tx 40 g O2.m-².d -1 A = 542 m² Compreenderam? Por esse cálculo pudemos comprovar que para remover N + MO a necessidade de área é superior quando somente desejamos remover MO (matéria orgânica) 48 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes Método empírico de remoção de fósforo Vimos assim os principais métodos de remoção de N em sistemas do tipo wetlands. Antes de fazer alguns exercícios, veremos a seguir um método empírico para a remoção de P nesse tipo de tratamento. Diferente da DBO e do N que o sistema pode perder na forma de gases, o P fica retido no sistema na forma de massa verde (ou seca) ou na camada suporte. Conforme apresentado anteriormente, o fósforo pode ser removido do efluente pela imobilização na camada suporte (reações de adsorção ou precipitação com alumínio, ferro, cálcio, etc.) ou pela absorção pelas raízes das macrófitas. Sendo assim, podemos estimar a área de um sistema de wetlands através da capacidade de retenção de P do sistema. Estudos realizados no Brasil indicam que a remoção de fósforo varia entre 2 a 4 g.m-².d-1 nesse tipo de tratamento. Vamos fazer uma simulação? Considerando que um determinado efluente tem as seguintes características: vazão 25 m³.d-1 e fósforo de 20 mg.L-1, qual a área necessária para atender ao padrão de emissão de 4 mg.L-1? • Primeiro determine a carga de fósforo a ser removida: Carga P = 25 m³.d-1 x (20 mg.L-1 – 4 mg.L-1) = 400 g.d-1 • Agora selecione a capacidade remoção de P por área: Adotado: 2 g.m-².d-1 • Por fim, determine a área mínima necessária: Área: 400 g.d-1 ÷ 2 g.m-².d-1= 200 m² Fácil não? Agora prestem a atenção no seguinte: quando estamos pensando em utilizar esse sistema de tratamento para remover N e P e ainda DBO remanescente temos que fazer pelo menos 2 simulações: área mínima para atender o padrão de Nitrogênio e área mínima para atender o padrão de fósforo! Imaginem o exemplo citado anteriormente, mas com a seguinte redação: Considerando que um determinado efluente tem as seguintes características: vazão 25 m³.d-1, fósforo de 20 mg.L-1 e N-amoniacal de 40 mg.L-1 , qual a área necessária para atender ao padrão de emissão de P= 4 mg.L-1 e N–NH3 = 20 mg.L -1? Para definir a área mínima de fósforo, vocês acabaram de fazer, mas recapitular: • Primeiro determine a carga de fósforo a ser removida: 400 g.d-1 • Agora selecione a capacidade remoção de P por área: 2 g.m-².d-1 • Por fim, determine a área mínima necessária: 200 m² 49 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Unidade B Mas qual a área mínima para atender a N–NH3? Exatamente como vocês fizeram na aula passada. Revisando ... • Determine o RO para a carga de nitrogênio a ser removida: RO: 25 m³.d-1x(40 mg.L-1–20 mg.L-1) x 4,6= 2.300 g O2.d -1 • Selecione a taxa de transferência de Oxigênio= 30 g O2.m -2.d-1 • Calcule a área mínima necessária: A = RO = 2.300 g O2.d -1 Tx 30 g O2.m -².d-1 A = 76,7 m² E agora, qual área adotar? Sempre a maior área No caso do exemplo a área necessária para atender o padrão de P é maior que a área para N, então a resposta para o problema seria 200 m² de área. Faremos mais algumas simulações para depois deixar vocês fazerem os exercícios. Considerando que um determinado efluente tem as seguintes características: vazão 10 m³.h-1, fósforo de 20 mg.L-1, NTK de 100, N-amoniacal de 80 mg.L-1, qual a área necessária para atender aos padrões de emissão estabelecidos?• Primeiro determine a vazão diária: Q = 10m³.h-1x 24 h = 240 m³.d-1 • Calcule a carga de N a ser removida: Mas qual parâmetro utilizar, NTK ou N-NH3? Quando ocorre esse tipo de situação, podemos calcular o RO com os dois parâmetros e selecionamos aquele que apresentar maior valor.1 RONTK: 240 m³.d -1x(100 mg.L-1–20 mg.L-1 22) x 4,6= 88,32 KgO2.d -1 RONH3: 240 m³.d -1x(80 mg.L-1–20 mg.L-1) x 4,6= 66,24 KgO2.d -1 Qual é o maior? Aquele determinado pelo NTK, ou seja, 88,32 KgO2.d -1 • Selecione a taxa de transferência de Oxigênio= 30 g O2.m-2.d-1 • Calcule a área mínima necessária: A = RO = 88.320 g O2.d -1= 2.941 m² Tx 30 g O2.m -².d-1 • Agora determinem a carga de fósforo a ser removida: Carga P = 240 m³.d-1 x (20 mg.L-1 – 3 mg.L-1) = 4,08 Kg P.d-1 • Agora selecione a capacidade remoção de P por área: Adotado: 3 g.m-².d-1 1 NTK é constituído por N-orgânico e N –amoniacal. Dependendo da forma que esse N-orgânico ocorre no efluente, a sua degradação pode gerar N-amoniacal, fenômeno conhecido por amonificação. Dessa forma, pode ocorrer um incremento de N-amoniacal no sistema, demandando maior necessidade de Oxigênio. No caso do exemplo, se vocês tivessem adotado o N-amoniacal como base para o dimensionamento, certamente faltaria oxigênio no sistema para promover a nitrificação. 2 De onde saiu o valor do padrão de emissão de NTK? Da Resolução CONSEMA 128/06. 50 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes • Por fim, determine a área mínima necessária: Área: 4.080 g.d-1 ÷ 3 g.m-².d-1= 1.360 m² Nesse exemplo, área necessária para atender o padrão de Fósforo é menor que a área para Nitrogênio, então a área mínima ser adotada seria 2.941 m². A seguir faça a série de exercícios da atividade Atividade - Dimensionamento básico A seguir, listo uma série de exercícios para fixar os critérios de dimensionamento básico para remoção de Nitrogênio e Fósforo. Para solução desses, vocês devem verificar as aulas anteriores. 1. Considerando um efluente industrial com vazão de 500 m³.d-1 e com N amoniacal de 200 mg.L-1, qual o RO para atender ao padrão de emissão de 20 mg,L-1? 2. Um determinado efluente apresenta as seguintes características: Q = 15 m³.h-1, NTK 150 mg.L-1, DBO 1.100 mg.L-1. Com base nessas informações, determine a área útil de um sistema de tratamento tipo wetlands para atender aos padrões vigentes. 3. Uma ETE que 2.000 m³.d-1 de efluente sanitário apresenta valores de DBO em 500 mg.L-1, P de 20 mg.L-1, N-NH3 de 35 mg.L -1 e de NTK em 50 mg.L-1 após tratamento em reator UASB. Pergunta-se: a. o efluente atende aos padrões vigentes com base na Resolução CONSEMA 128/06? b. se não, determine a área em um sistema com plantas emergentes para atender aos padrões de emissão. 4. Dimensione um sistema com plantas emergentes considerando um efluente com vazão (Q) de 20 m³.h-1 e DBO de 600 mg.L-1. Utilize o K20 = 0,86. 51 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Unidade B Remoção de sólidos suspensos e dissolvidos remanescentes Prezados alunos, depois de analisarmos detalhadamente a remoção de Nitrogênio e Fósforo, damos continuidade ao conteúdo da disciplina ao entrarmos em REMOÇÃO de sólidos remanescentes. Dentro desse assunto, veremos: 1. uso de carvão ativado; 2. filtração, microfiltração, ultrafiltração; 3. osmose reversa; 4. precipitação química para remoção de metais; 5. troca iônica; 1. Carvão ativado Existem substâncias que agem como adsorventes, fixando em sua superfície os contaminantes de interesse. Dentre essas substâncias podemos citar o carvão ativado, turfa, cinza, casca de extração do tanino, zeolitas, entre outros. O carvão ativado é um dos mais utilizados em efluentes industriais para remoção de cor, odor e também de contaminantes metálicos. São na maioria de origem vegetal, obtidos a partir de fontes renováveis, inclusive de resíduos agroindustriais. Os carvões ativados estão disponíveis na forma granulada e em pó. As aplicações em fase líquida podem requerer os tipos pulverizados (pó) ou granulados de carvão ativado, dependendo do objetivo de uso. Dentre as condicionantes que interferem no processo de tratamento, o tempo de contato é fundamental para a remoção dos contaminantes de interesse. No caso de metais, na bibliografia podem ser encontrados tempos de detenção entre 15 e 60 min., mas não é incomum a indicação de tempos de até 2 horas por distribuidores desse produto. Para a determinação da quantidade necessária, nada melhor que a realização de teste de bancada. Vale salientar ainda que, atualmente, pode ser adquirida no mercado a suspensão de carvão ativado, ou seja, o carvão em pó previamente diluído em água. Para quem já trabalhou com carvão ativado em pó, sabe bem quanto é difícil seu manuseio. 52 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes 2. Filtração, microfiltração, ultrafiltração O efluente após tratamento em sistemas biológicos pode conter ainda uma concentração elevada de sólidos em suspensão. Isto pode ocasionar uma diminuição na eficiência do sistema em remover DBO e Sólidos suspensos, tornando necessária a implantação de um sistema terciário para a remoção desses sólidos. Dependendo do tamanho da partícula a ser removida, poderá ser implantado um sistema de filtração, microfiltração, nanofiltração ou osmose reversa. Quanto menor o tamanho da partícula, maior deverá ser o investimento no sistema de tratamento. Observem as figuras a seguir: 53 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Unidade B Filtração Os sólidos suspensos podem ser removidos por filtração empregando filtros de areia similares ao do tratamento de águas. Entretanto, deve-se considerar a maior quantidade de sólidos suspensos no efluente, o que pode significar maior área de filtração e sistema de bombeamento compatível com a situação. Os filtros podem ser por gravidade ou sobre pressão, dependendo da carga hidráulica. Após a colmatação do filtro é necessária a sua retrolavagem que pode ser feita com água e ou uma mistura de ar e água pressurizados. 54 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes Microfiltração Ultrafiltração O processo de ultrafiltração é comumente usado no tratamento de água potável em conformidade com as normas restritas. Entretanto, também vem sendo utilizado no tratamento de efluentes devido à elevada eficiência de remoção de partículas bastante pequenas. 55 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Unidade B 3. Osmose reversa É um processo no qual a água se separa dos sais dissolvidos através da filtração em membrana semipermeável a uma pressão superior à pressão osmótica causada pelos sais dissolvidos nesta água. O princípio da osmose reversa ou inversa consiste em aplicar uma força bem superior à pressão osmótica no compartimento da solução concentrada. Ocorre a inversão de fluxo devido à pressão exercida no compartimento que contém solução concentrada, forçando a passagem de solvente e retendo o soluto. A osmose reversa é utilizada na dessalinização e desmineralização de águas. Sua aplicação a efluentes é restrita, mas está em fase de ascensão. Na maioria dos casos, são efluentes que contêm grande concentração de sais dissolvidos (cloretos, por exemplo) como salgadeiras de couro, de extração de petróleo, fertilizantes, tratamento de superfícies metálicas, etc. O pré-tratamento previne a obstrução da membrana. Geralmente, é utilizada a precipitação química, carvão ativado, filtração, micro ou ultrafiltração.O rejeito é conduzido a um tanque de acumulação e evaporação. 56 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes Remoção de metais É bem verdade que a remoção desses contaminantes pode ser realizada já no nível primário de tratamento, então quando nos referimos ao tratamento terciário, estamos considerando uma remoção complementar. Além do atendimento à legislação, o que podemos considerar importante na remoção de metais? Metais são potencialmente tóxicos a diversos níveis tróficos33, portanto, mesmo que em pequenas concentrações podem conferir toxicidade no efluente tratado bem como causar alterações indesejáveis no corpo receptor. As formas em que os metais encontram-se em solução determinam o tipo de tratamento a ser utilizado. A remoção de metais pode ser realizada por: • precipitação química; 3 Nível Trófico: posição de um organismo na cadeia trófica. Ex: A Resolução CONSEMA 129/06 preconiza a realização de ensaios de toxicidade em 3 níveis tróficos: peixes, algas e microcrustáceos. 57 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Unidade B • adsorção em carvão ativado, zeolitas, etc; • ultrafiltração; • osmose reversa; • troca iônica; • entre outros. Precipitação química Conforme vimos na Disciplina de Controle de Efluente, contaminantes como Cobre, Chumbo, Níquel, Cromo etc., podem ser removidos na forma do hidróxido correspondente. Para a remoção de metais de efluentes é necessário conhecer a faixa ótima de pH para precipitação para cada metal a ser removido. A Tabela a seguir apresenta a curva de solubilidade de metais em função do pH da amostra. Como cada metal possui uma faixa diferente de precipitação na forma de hidróxido, é comum no tratamento de efluentes industriais onde existam mais de 1 tipo de metal a ser removido, ter linhas de tratamento setoriais com tratamento diferenciado ou uma sequência de decantadores, onde é realizado o ajuste de pH em função do metal a ser removido. Além da precipitação com hidróxidos, também é possível realizar a precipitação com o uso de sulfeto (usando H2S, Na2S, FeS, etc.) O lodo gerado poderá ser classificado como perigoso ou não perigoso, conforme os metais que serão removidos. Troca iônica O objetivo do sistema de tratamento com uso de resina de troca iônica é cátions (Zn+2, Cu+2, Ni+2, etc.) ou anions como nitratos, fosfatos, entre outros. A técnica consiste basicamente na fixação desses íons em 58 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes uma resina sintética, que “captura” os contaminantes de interesse e liberam outros íons menos tóxicos para o efluente. Basicamente existem 2 tipos de trocadores: • Trocadores de cátions: são capazes de reter cátions da solução permutando por íons de sódio ou nitrogênio. • Trocadores de ânions: são capazes de reter ânion da solução permutando por íons oxidrila. As resinas depois de certo tempo de uso perdem sua capacidade de troca, mas podem ser regeneradas. No caso dos trocadores de cátions, antes se faz a lavagem da coluna em contra corrente para retirar os sólidos; após, com uma solução de NaCl, se for utilizado o ciclo do sódio ou com uma solução de ácido sulfúrico ou clorídrico, se for utilizado o ciclo do hidrogênio. Já para trocadores de ânion, antes se faz a lavagem da coluna em contracorrente para retirar os sólidos e após se faz a lavagem da coluna com uma solução de hidróxido de sódio ou hidróxido de amônio. 59 S is te m a U ni ve rs id ad e A be rta d o B ra si l - U A B | I F S ul -r io -g ra nd en se Unidade B Desinfecção de efluentes A grande deficiência de saneamento básico em várias regiões brasileiras expõe um grande número de pessoas a riscos inaceitáveis de contaminação por patogênicos. O volume de efluentes sanitários ou industriais lançados nos recursos hídricos, em estado bruto ou insuficientemente tratado, constitui uma expressiva carga de organismos patogênicos no meio ambiente. Mesmo nos locais onde há estações de tratamento, são grandes os riscos de contaminação de pessoas pelo contato direto ou indireto com esses efluentes. A transmissão de organismos patogênicos ao homem pode ocorrer por ingestão direta de água não tratada; ingestão direta de água tratada de má qualidade; ingestão de alimentos contaminados; ou pela infecção resultante do contato da pele com água ou solo contaminados. Essas rotas de transmissão evidenciam a necessidade de controle da qualidade das águas utilizadas para recreação, das fontes de abastecimento de água para consumo humano e irrigação, assim como dos alimentos e do solo. A desinfecção de efluentes tem por objetivo principal a eliminação de organismos patogênicos, sendo sua eficiência de remoção monitorada pelo decaimento bacteriano através das análises de Coliformes Termotolerante ou de Escherichia Coli. Em uma rápida pesquisa nos sites de buscas na internet, vocês encontrarão diversos trabalhos sobre métodos de desinfecção, alguns muito bons outros nem tanto. Mas em alguns aspectos há muita concordância entre os autores como em relação à classificação dos métodos. A desinfecção pode ser realizada por meio de processos artificiais ou naturais. Tanto os processos artificiais como os naturais utilizam, isoladamente ou de forma combinada, agentes físicos e químicos para inativar os microorganismos de interesse. No caso dos processos naturais, ainda há a ação de agentes biológicos na inativação de patogênicos. Dentre os processos naturais de tratamento podemos citas: lagoas de estabilização – facultativas, aeróbias ou de maturação; lagoas com plantas emergentes (wetands) e disposição controlada no solo. Já entre os processos artificiais, podemos classificar os agentes desinfetantes de acordo com a sua ação ou mecanismo de destruição: • Agentes físicos: aplicação direta de energia sob forma de calor, luz (ex: UV, radiação solar, etc) • Agentes químicos: substâncias químicas que atuam sobre os microrganismos. Compreendem: oxidantes (cloro, Ozônio (O3), peróxido de hidrogênio (H2O2) O desempenho de determinado processo de desinfecção depende diretamente da resistência específica dos diferentes organismos patogênicos ao agente desinfetante bem como da maneira pela qual ocorre o escoamento do líquido em seu interior. Mesmo que determinado produto desinfetante seja fornecido em quantidade suficiente à inativação de determinada espécie de organismo, é fundamental que o contato entre o desinfetante e os organismos ocorra de forma adequada. Dessa forma, na seleção de um processo de desinfecção de efluentes devem ser considerados os seguintes aspectos: • Natureza do desinfetante e dos organismos a serem eliminados; • Concentração do desinfetante e dos organismos a serem eliminados; • Tempo de contato entre desinfetante o efluente; • Características físico-químicas do efluente, como temperatura, pH, sólidos em suspensão, etc. • Custos de instalação e manutenção. 60 Fo m en to a o U so d as T ec no lo gi as d a In fo rm aç ão e C om un ic aç ão Tratamento Avançado de Efluentes Cloração O cloro é o desinfetante mais utilizado para águas e esgotos. É uma tecnologia mundialmente conhecida, normalmente aplicada nas formas de cloro gasoso, hipoclorito de sódio ou cálcio. A ação desinfetante do cloro deve-se principalmente ao mecanismo de oxidação do material celular com danificação do material genético. Os compostos de cloro adicionados ao efluente reagem formando ácido hipocloroso (HOCl) que se dissocia em OCl– e H+. A quantidade de HOCl e OCl– em solução depende do pH e é chamado de cloro residual livre disponível. O cloro também reage com a matéria orgânica presente no efluente, formando compostos organoclorados e cloraminas, conhecidos
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