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MATERIAL DIDÁTICO FUNDAMENTOS DA PEDAGOGIA EMPRESARIAL CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 3.445 DO DIA 19/11/2003 31 3667-2062 www.faved.com.br Impressão e Editoração 2 SUMÁRIO UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO ...................................................................................... 3 UNIDADE 2 - FUNDAMENTOS DA PEDAGOGIA ..................................................... 7 UNIDADE 3 - A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO DO PEDAGOGO NAS EMPRESAS .. ................................................................................................................................ 11 UNIDADE 4 - O PAPEL DO PEDAGOGO NAS EMPRESAS .................................. 14 4.1 O QUE É GESTÃO DE PESSOAS? ..................................................................... 15 4.2 AS ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS............................................................... 16 UNIDADE 5 - PEDAGOGO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES .............................. 19 UNIDADE 6 - O PEDAGOGO EMPRESARIAL ........................................................ 25 UNIDADE 7 - O PEDAGOGO E A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL .................... 31 UNIDADE 8 - O TRABALHO DO PEDAGOGO ........................................................ 32 UNIDADE 9 - EDUCAÇÃO NO TRABALHO – IMPORTÂNCIA ............................... 36 UNIDADE 10 - OS DIFERENCIAIS DO PEDAGOGO PARA AS ORGANIZAÇÕES ... ................................................................................................................................ 38 10.1 PLANEJAMENTO .............................................................................................. 38 10.1.1 FASE 1: DESCOBERTA ................................................................................. 39 10.1.2 FASE 2: CONSTRUÇÃO ................................................................................ 39 10.1.3 FASE 3: ASSESSMENT ................................................................................. 39 10.1.4 FASE 4: IMPLANTAÇÃO ................................................................................ 39 10.2 COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO ................................................................... 40 10.3 A APRENDIZAGEM ........................................................................................... 42 10.4 TREINAMENTO/DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL ................................. 45 10.5 MUDANÇA X TRANSFORMAÇÃO .................................................................... 47 10.6 RECURSOS HUMANOS NA GESTÃO DA LIDERANÇA ................................... 47 10.7 AMPLO CAMPO PEDAGÓGICO ....................................................................... 48 UNIDADE 11 - UNIVERSIDADE CORPORATIVA ................................................... 53 11.1 COMO IMPLANTAR A UNIVERSIDADE CORPORATIVA ................................. 53 UNIDADE 12 - AS EMPRESAS TORNAM-SE EDUCADORAS ............................... 55 12.1 OFERECER APRENDIZAGEM PARA DAR AUSTENTAÇÃO AOS OBJETIVOS EMPRESARIAIS ....................................................................................................... 55 UNIDADE 13 - RESPONSABILIDADES DO PEDAGOGO EMPRESARIAL ........... 57 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 60 3 UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO Neste texto, vamos refletir sobre a pedagogia empresarial e seus fundamentos, portanto, convido você a começarmos com a leitura da história Raul, contada por Max Gehringer [palestrante e colunista de exame], que vai nos ajudar na compreensão do papel do pedagogo nas organizações, porque hoje se fala tanto em gestão de pessoas e porque as empresas se tornou um espaço de atuação do pedagogo e finalmente; porque entender de gente coloca o pedagogo em evidencia no mercado de trabalho. “Durante minha vida profissional, eu topei com algumas figuras cujo sucesso surpreende muita gente. Figuras sem um vistoso currículo acadêmico, sem um grande diferencial técnico, sem muito networking ou marketing pessoal. Figuras como o Raul. Eu conheço o Raul desde os tempos da faculdade. Na época, nós tínhamos um colega de classe, o pena, que era um gênio. Na hora de fazer um trabalho em grupo, todos nós queríamos cair no grupo do Pena, porque o pena fazia tudo sozinho. Ele escolhia o tema, pesquisava os livros, redigia muito bem e ainda desenhava a capa do trabalho - com tinta nanquim. Já o Raul nem dava palpite. Ficava ali num canto, dizendo que seu papel no grupo era um só, apoiar o Pena. Qualquer coisa que o Pena precisasse o Raul já estava providenciando, antes que o pena concluísse a frase. Deu no que deu. O Pena se formou em primeiro lugar na nossa turma. E o resto de nós passou meio na carona do Pena - que, além de nos dar uma colher de chá nos trabalhos, ainda permitia que a gente colasse dele nas provas. No dia da formatura, o diretor da escola chamou o Pena de 'paradigma do estudante que enobrece esta instituição de ensino'. E o Raul ali, na terceira fila, só aplaudindo. Dez anos depois, o pena era a estrela da área de planejamento de uma multinacional. Brilhante como sempre, ele fazia admiráveis projeções estratégicas de cinco e dez anos. E quem era o chefe do Pena? O Raul. E como é que o Raul tinha conseguido chegar àquela posição? Ninguém na empresa sabia explicar direito. O Raul vivia repetindo que tinha subordinados melhores do que ele, e 4 ninguém ali parecia discordar de tal afirmação. Além disso, o Raul continuava a fazer o que fazia na escola, ele apoiava. Alguém tinha um problema? Era só falar com o Raul que o Raul dava um jeito. Meu último contato com o Raul foi há um ano. Ele havia sido transferido para Miami, onde fica a sede da empresa. Quando conversou comigo, o Raul disse que havia ficado surpreso com o convite. Porque, ali na matriz, o mais burrinho já tinha sido astronauta. E eu perguntei ao Raul qual era a função dele. Pergunta inócua, porque eu já sabia a resposta. O Raul apoiava. Direcionava daqui, facilitava dali, essas coisas que, na teoria, ninguém precisaria mandar um brasileiro até Miami para fazer. Foi quando, num evento em São Paulo, eu conheci o vice-presidente de recursos humanos da empresa do Raul. E ele me contou que o Raul tinha uma habilidade de valor inestimável:... Ele entendia de gente. Entendia tanto que não se preocupava em ficar à sombra dos próprios subordinados para fazer com que eles se sentissem melhor, e fossem mais produtivos. E, para me explicar o Raul, o vice-presidente citou Samuel Butler, que eu não sei ao certo quem foi, mas que tem uma frase ótima: 'qualquer tolo pode pintar um quadro, mas só um gênio consegue vendê-lo'. Essa era a habilidade aparentemente simples que o Raul tinha, de facilitar as relações entre as pessoas. Perto do Raul, todo comprador normal se sentia um expert, e todo pintor comum, um gênio. É praticamente uma lei na vida que quando uma porta se fecha para nós, outra se abre. A dificuldade está em que, freqüentemente, ficamos olhando com tanto pesar a porta fechada, que não vemos aquela que se abriu. (Andrew Carnegie)”. As transformações ocorridas no Brasil e no mundo nos últimos 25 anos, decorrentes de um conjunto de eventos políticos, técnicos, sociais e econômicos, estão associadas ao processo de reestruturação produtiva e fez as instituições de ensino, cientistas, pesquisadores e empresas voltarem sua atenção para a necessidade de desenvolvimento das pessoas no contexto empresarial. 5 Para mobilizar e utilizar plenamente as pessoas em suas atividades, as organizações estão mudando os seus conceitos e alterando as suas práticas gerenciais. Em vez de investirem diretamente nos produtos e serviços, elas estão investindo nas pessoas que entendem deles e que sabem como criá-los, desenvolve-los,produzi-los e melhora-los. A reestruturação produtiva torna-se possível pela difusão de inovações tecnológicas e organizacionais nas cadeias produtivas e pela reorganização dos mercados internos e externos em cada país. A globalização que se consolida no mercado mundial com o advento da internet muda as relações de consumo e o comportamento do consumidor. Em vez de investirem diretamente nos clientes, as organizações estão investindo nas pessoas que os atendem e os servem e que sabe como satisfazê-los e encantá-los. As pessoas passam a constituir o elemento básico do sucesso empresarial. As formas como as pessoas se comunicam e se relacionam passam a ser fator de peso no encaminhamento da sua formação profissional. A formação profissional não cessa com a conclusão de um curso, qualquer que seja ela precisa continuar e acomodar-se no espírito do profissional sob pena de dissipar-se e desaparecer com o tempo. Qualificar pedagogos e administradores para atuarem no âmbito empresarial, visando os processos de planejamento, capacitação, treinamento, atualização e desenvolvimento do corpo funcional da empresa é o foco da pedagogia empresarial. Neste sentido torna-se imprescindível que no interior das empresas, órgãos públicos, instituições educativas e escolares de todos os níveis, infantil, fundamental, médio, superior, jovens e adultos e profissionalizantes, a presença de profissionais com conhecimentos especializados em educação, qualificados na gestão, organização, planejamento, avaliação, seleção, recrutamento e treinamento de funcionários. a educação assume grande relevância perante essa reestruturação do mundo do trabalho. No universo produtivo, portanto, faz-se necessário que o profissional da educação, dotado de bases teóricas e metodológicas sólidas, assuma um espaço de forma efetiva no interior das organizações. 6 A atuação desse novo profissional precisa ocorrer de forma relacionada e cooperativa com a dos outros profissionais de gestão. Assim será possível elaborar e consolidar planos, projetos e ações que visem colaborar para a melhoria da atuação dos funcionários, bem como para melhorar o desempenho da empresa. Deve-se a todo custo evitar a negação da identidade dos funcionários. O que o pedagogo empresarial busca é efetivar os saberes corporativos e como seu domínio colaborará para a melhoria do clima organizacional, da qualidade das condições de trabalho, da qualidade de vida e aumento da satisfação pessoal de todos. A atuação do pedagogo empresarial está aberta. É ampla e extrapola a aplicação de técnicas visando estabelecer políticas educacionais no contexto escolar. Sua atuação avança sobre as pessoas que fazem as instituições e empresas de todos os tipos, portes e áreas. O espaço do pedagogo nas organizações está dado, é visível sua contribuição quando se fala de valorização do capital humano das empresas, sua formação o habilita a ser um gestor de pessoas, torna-se um profissional desejável e necessário, para conduzir os processos relacionados a estratégias de recursos humanos, otimizando o potencial das equipes de trabalho assegurando que as pessoas se identifiquem com a missão organizacional. 7 UNIDADE 2 - FUNDAMENTOS DA PEDAGOGIA O primeiro passo para compreendermos o que é pedagogia inclui uma revisão terminológica. Precisamos localizar o termo “pedagogia”, e ver o que cai sobre sua delimitação e o que escapa de sua alçada. Para tal, a melhor maneira de agir é comparar o termo “pedagogia” com outros três termos que, em geral, são tomados – erradamente – como seus sinônimos: “filosofia da educação”, “didática e educação”. O termo “educação”, ou seja, a palavra que usamos para fazer referência ao “ato educativo”, nada mais designa do que a prática social que identificamos como uma situação temporal e espacial determinada na qual ocorre à relação ensino- aprendizagem, formal ou informal. A relação ensino-aprendizagem é guiada, por alguma teoria, mas nem sempre tal teoria pode ser explicitada em todo o seu conjunto e detalhes pelos que participam de tal relação – o professor e o estudante, o educador e o educando – da mesma forma que poderia fazer um terceiro elemento, o observador. A educação, uma vez que é a prática social da relação ensino-aprendizagem no tempo e no espaço, acaba em um ato e nunca mais se repete. Nem mesmo os mesmos participantes podem repeti-la. Nem podem gravá-la. Nem na memória nem por meio de máquinas. É um fenômeno intersubjetivo de comunicação que se encerra em seu desdobrar. No caso, se falamos de um encontro entre o professor e o estudante, falamos de um fenômeno educacional – que é único. Quando ocorrer outro encontro do mesmo tipo, ele nunca será o mesmo e, enfim, só superficialmente será similar ao interior. O termo “didática” designa um saber especial. Muitos dizem que é um saber técnico, porque vem de uma área onde se acumulam os saberes que nos dizem como devemos usar da chamada “razão instrumental” para melhor contribuirmos com a relação ensino-aprendizagem. A razão técnica ou instrumental é aquela que faz a melhor adequação entre os meios e os fins escolhidos. A didática é uma expressão pedagógica da razão instrumental. Sua utilidade é imensa, pois sem ela nossos meios escolhidos 8 poderiam, simplesmente, não serem os melhores disponíveis para o que se ensina e se aprende e, então, estaríamos fazendo da educação não a melhor educação possível. Mas a didática depende da pedagogia. Ou seja, depende da área onde os saberes são, em última instância, normas, regras, disposições, caminhos e/ou métodos. O termo “pedagogia”, tomado em um sentido estrito, designa a norma em relação à educação. “que é que devemos fazer, e que instrumentos didáticos devemos usar, para a nossa educação?” – esta é a pergunta que norteia toda e qualquer corrente pedagógica, o que deve estar na mente do pedagogo. Às vezes tomamos a palavra “pedagogia” em um sentido lato; trata-se da pedagogia como o campo de conhecimentos que abriga o que chamamos de “saberes da área da educação” – como a filosofia da educação, a didática, a educação e a própria pedagogia, tomada então em sentido estrito. Mas, de fato, é em um sentido estrito que a pedagogia nos deve interessar. Pois, quando ampliamos a extensão do termo o que resta pouco nos ajuda a entender o quadro no qual se dá a diferenciação dos saberes relativos ao ensino. A pedagogia, em um sentido estrito, está ligada às suas origens na Grécia antiga. Aqueles que os gregos antigos chamavam de “pedagogo” era o escravo que levava a criança para o local da relação ensino-aprendizagem; não era exclusivamente um instrutor, ao contrário, era um condutor, alguém responsável pela melhoria da conduta geral do estudante, moral e intelectual. Ou seja, o escravo pedagogo tinha a norma para a boa educação; se, por acaso, precisasse de especialistas para a instrução – e é certo que precisava –, conduzia a criança até lugares específicos, os lugares próprios para o “ensino de idiomas, de gramática e cálculo”, de um lado, e para a “educação corporal”,de outro. A concepção que diz que a pedagogia é a parte normativa do conjunto de saberes que precisamos adquirir e manter se quiser desenvolver uma boa educação, é mais ou menos consensual entre os autores que discutem a temática da educação. A pedagogia é aquela parte do saber que está ligada à razão que não se resume à razão instrumental apenas, mas que inclui a razão enquanto razoabilidade; a racionalidade que nos possibilita o convívio, ou seja, a vigência da tolerância e, 9 mesmo, do amor. Ao falarmos, por exemplo, “não seja violento, use da razão”, queremos ser compreendidos como dizendo, “use de métodos de comunicação que são próprios do diálogo” – os métodos e normas da sociedade liberal (ideal). É esse tipode razão ou racionalidade que conduz, ou produz a pedagogia. A didática busca meios para que a educação aconteça e, assim, é guiada pela razão técnica ou instrumental, enquanto que a pedagogia busca nortear a educação, e é guiada pela razoabilidade, pela fixação de regras que só se colocam por conta da existência de um ou vários objetivos; no caso, objetivos educacionais, o que é posto como meta e valor em educação. Quem estabelece tais valores? Pedagogia, didática e educação estão ligadas. Mas a filosofia da educação é um saber mais independente, que pode ou não ter um vínculo com os saberes da pedagogia e da didática, ou do saber - prático (e imediato) que faz a educação acontecer. Komensky, considerado pai da pedagogia cujo sobrenome foi latinizado para Comenius, recebeu esse título pela descoberta de que o estudante merece cuidados especiais para efetivação de uma aprendizagem mais produtiva e significativa. A doutrina filosófica de Comenius, a qual ele deu o nome de Pansophia, propõe a universalização do saber e a supressão dos conflitos religiosos e políticos. As inovações introduzidas por Comenius nos métodos de ensino influenciaram em grande medida as reformas educativas e as teorias de eminentes pedagogos de séculos posteriores. Constantemente Comenius era chamado a vários países europeus para pôr em prática suas teorias pedagógicas e filosóficas. Desde então, o ensino transformou-se paulatinamente, retro-alimentado por novas propostas educativas iluminadas, em destaque a do francês Jean Jacques Rousseau no século XVIII, de seus seguidores e de numerosos educadores, mais próximos de nós, auxiliados pela eclosão da psicologia que confirmou os acertos dos mestres pioneiros. O termo "pedagogia" designa a norma em relação à educação. "que é que devemos fazer, e que instrumentos didáticos devemos usar, para a nossa educação?" - esta é a pergunta que norteia toda e qualquer corrente pedagógica, é o que deve estar na mente do pedagogo. 10 Atualmente, além da instituição escolar, notamos grande interesse nas áreas hospitalar e empresarial, além da clínica clássica. Surgida no século XVII, a pedagogia tende para um objetivo prático definido, através de meios (processos e técnicas de ensino) eficientes para alcançá-los. 11 UNIDADE 3 - A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO DO PEDAGOGO NAS EMPRESAS Na década de 1970, ocorreram vários fatos que causaram impacto na atividade de recursos humanos: a crise mundial do petróleo; a manifestação do ensino; a lei nº 6.297 de incentivos fiscais do treinamento; a abertura política e, ainda mais marcante do que os outros, o nascimento de um sindicalismo independente, de raízes políticas socialistas e de atuação agressiva, que facilitou o aparecimento das greves como forma de reivindicação dos empregados. Nesse tempo, a área de recursos humanos teve certo poder, interessante de ser observado. Nesse cenário, surgiu a figura de uma área de recursos humanos importante. Coube a ela a elaboração de planos, táticas e ações contingenciais "contra" os sindicatos. Dito de outra maneira estava estabelecido uma guerra contra os sindicatos, e o objetivo maior era manter a empresa trabalhando, sem greve, quase a qualquer custo. Pode-se dizer que a área de recursos humanos, nessa época, concentrava- se em conduzir os trabalhos dos funcionários, para que eles "vestissem a camisa da empresa" e, assim, ficassem longe da manipulação da representação do mal: os sindicatos e seus "mal-humorados" dirigentes. Pouco ou quase nada sobrou desse novo modelo de recursos humanos, já que ele era essencialmente reativo e servia para explicitar mais ainda o engano de administrar pessoas/empresas por meio do antagonismo com as forças externas à empresa e do mascaramento do verdadeiro contrato de trabalho. No início da década de 1980, surge em recursos humanos o conceito "quem pode e deve administrar melhor as pessoas é aquele que tem a responsabilidade sobre isso e vai tirar o seu próprio resultado das pessoas". Nesse caso estariam incluídos todos àqueles que têm cargo de chefia: são supervisores, gerentes, diretores, superintendentes, vice-presidentes e todo o rol de rótulos que essas funções têm no mercado. Para que esses pudessem ser gestores de recursos humanos, era necessário 12 que pudessem ser treinados e desenvolvidos para a função. Nessa época reativaram-se algumas técnicas e criaram-se outras de "desenvolvimento gerencial ou de executivos". Quanto ao conteúdo, nem sempre eram possíveis de ser utilizado. Havia dissonância entre o conteúdo instrucional desses cursos e a prática gerencial no Brasil, padrões e modelos que reforçavam a centralização do poder em algumas pessoas, principalmente após esses seminários/cursos, deixava os participantes frustrados. O esforço para tratar da educação de executivos fez com que a área alcançasse níveis de relacionamento e de trabalho mais sofisticados. A teoria das relações humanas, que permeou todos esses trabalhos, trouxe o seu quinhão de progresso para os recursos humanos, mesmo que não tornasse a área mais estratégica ou mais efetiva na demonstração e na comparação de resultados. Em outras palavras, a área de recursos humanos só poderá sobreviver se conseguir mostrar e mensurar valor agregado à empresa e às pessoas que lá trabalham. A maioria das recentes argumentações em torno das razões pelas quais as empresas devem mudar envereda pela explicação de que a globalização e o neoliberalismo alteraram os espaços competitivos de empresas e nações, exigindo das organizações um pensamento estratégico empresarial global e umas atuações cada vez mais regionais, pessoais e voltadas para a diferenciação. Pelo fato de historicamente, termos governos e modelos econômicos fechados, nossas empresas tiveram de se adaptar, com os processos de mudança organizacional iniciados abruptamente em nosso país os produtos desses trabalhos começaram a aparecer. Uma das maiores constatações que os produtos desse processo permitiram foi a de que não existe um caminho de retorno, ou seja, "os velhos tempos" devem ser vistos como tal a nada mais do que isso. Diante dessa nova circunstância organizacional, as pessoas, por decorrência lógica, começaram a questionar os valores que norteavam suas relações com a empresa e dentro da empresa. A valorização do capital humano, começa a ser percebido como estratégia de gestão e nesse contexto as organizações passam a demandar de um profissional que conheça bem as pessoas e as relações, o pedagogo. 13 Nos últimos anos, os profissionais de recursos humanos conquistaram espaço e oportunidade para interferir no projeto de toda a organização; não ficando mais a reboque, tentando costurar soluções comportamentais para decisões tecnológicas ou empresariais inadequadas ou pensadas pela metade, convidando o pedagogo a exercitar dentro do contexto organizacional suas habilidades de gestor de pessoas. O esquema abaixo nos mostra claramente, porque o espaço organizacional se tornou um campo de atuação do pedagogo, pois, diante dos desafios do terceiro milênio, demandamos de profissionais que entendam de gente, capaz de articular toda a rede que envolve as organizações e através dela gerar resultados satisfatórios, fato este que coloca o pedagogo como ator desse novo cenário organizacional. Fonte: CHIAVENATO, IDALBERTO. Gestão de pessoas: e o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 14 UNIDADE 4 - O PAPEL DO PEDAGOGO NAS EMPRESAS Lidar com pessoas tornou-se hoje uma atividade completamente diferente do que se fazia há algum tempo atrás. Hoje em plena era da informação, as organizações enfrentam um desafio importantíssimo na gestão de pessoas e nesse contexto de mudanças e competitividade das empresas é necessária uma nova estrutura organizacionalpara otimizar as habilidades e os talentos das pessoas, evitando conflitos e construindo relações mais efetivas e produtivas. As organizações dependem diretamente das pessoas, para ocupar um espaço de destaque no mercado e para produzir seus bens e serviços, atender bem seus clientes, a fim de atingir seus objetivos empresariais e estratégicos como: produtividade, crescimento sustentado, lucratividade, redução de custo, qualidade nos produtos e serviços, e imagens. Portanto, o setor de RH das organizações, deve ser um setor de enriquecimento de talentos e não de controle e fiscalização; gerenciar com pessoas e não as pessoas. Deve-se pensar em um modelo de gestão de pessoas, que vise maior participação nas decisões utilizando ao máximo a inteligência e o talento de cada funcionário, para obter sinergia de esforços e ampliação de conhecimentos das equipes. O setor de recursos humanos deve investir no capital intelectual e capacitar as pessoas criando condições para que elas utilizem eficazmente as suas habilidades. Neste momento a pedagogia vem de uma forma bem definida, com um conhecimento a cerca de pessoas estruturado e fundamentado, traçando objetivos organizacionais que possam ser alcançados com uma compreensão clara do que se entende por gestão de pessoas e processos, dentro de uma organização. O objetivo dessa reflexão é mobilizar e conscientizar os pedagogos da dimensão do seu papel dentro das organizações. Partindo da realidade que uma empresa é um espaço educativo, cria-se então a necessidade de um profissional apto a amarrar todas as relações humanas, atuando com estratégias e metodologias para informações, conhecimentos e realizações de objetivos, tendo como resultado um melhor aprimoramento, qualificação profissional e pessoal dos funcionários. 15 Para que tais objetivos possam ser alcançados, torna-se necessário que o pedagogo, tenha uma compreensão clara do que se entende, por gestão de pessoas dentro de uma organização, quais são suas políticas: missão, visão, valores, como eficiência, eficácia e cujos esses objetivos buscam muito mais do que acumular técnicas ou conhecimentos, mas, acima de tudo, promover mudanças e atitudes mais amplas. A principal missão do pedagogo, é fazer intervenções oportunas nos processos organizacionais e desenvolver o potencial humano das equipes de trabalho, seus conhecimentos, suas habilidades, com autodisciplina decorrente da autonomia e da responsabilidade, buscando articular teoria e pratica, na construção de relações mais confiáveis. O pedagogo tem uma formação holística, o que o habilita a ocupar um espaço organizacional, desempenhando um papel de gestor de pessoas, pode e deve atuar sim numa empresa devido a sua formação que não especificada - como o psicólogo - e sim numa visão ampla que consiste na própria psicologia, na sociologia, na filosofia, na história, na administração dentre outras. O mercado de trabalho já tem exigido e cobrado das empresas mais ações de responsabilidade social. Com isso, está crescendo a demanda por profissionais especializados para planejar, coordenar, executar, e divulgar projetos sociais principalmente na área de educação, o que é a expertise do pedagogo. Portanto, vale ressaltar a grande importância da atuação do pedagogo dentro de uma organização. Seu papel como educador, articulador e mediador, seu perfil e suas funções pedagógicas e metodológicas. Muitos dos chefes de seção de pessoal eram advogados, executivos e o escopo básico de seu trabalho eram dizer e fazer coisas de pessoal segundo as leis. Administrava-se o papelório - os procedimentos legais -, o que já era um progresso; contudo, a mediação pessoas/empresa estava relegada aos termos da lei. 4.1 O QUE É GESTÃO DE PESSOAS? Um setor vivo e dinâmico da organização; setor que manipula os demais; recurso dotado de uma vocação dirigida para o crescimento e desenvolvimento do 16 capital humano e intelectual das pessoas; órgão responsável pela distribuição das informações necessárias para o crescimento da organização. Conceituar, identificar, operacionalizar, desenvolver, avaliar e promover são competências importantes para o profissional que almeja ser gestor de pessoas. É claro que muitas delas podem ser compartilhadas com profissionais de outras áreas, mas, quando atribuídas ao profissional de recursos humanos, eles devem oferecer um quadro harmônico e confiável. O aproveitamento de recursos humanos decorre de um processo de avaliação contínua dos funcionários e permite a organização reter os seus "bons" funcionários substituindo somente aqueles que apresentam distorções de desempenho consideradas difíceis de serem corrigidas dentro de um programa de treinamento. Daí a importância de se incluir no processo de qualificação profissional a pedagogia que vai responder de uma forma mais efetiva, contribuindo para o desenvolvimento e desempenho global da empresa. 4.2 AS ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS A moderna gestão de pessoas procura tratar as pessoas e, os processos, simultaneamente como importantes recursos organizacionais, mas rompendo a maneira tradicional de tratá-las meramente como meios de produção. Pessoas como pessoas e não simplesmente como recursos ou insumo. Até a pouco tempo, elas eram tratadas como objetos e como recursos produtivos - quase da mesma forma como se fossem máquinas ou equipamentos de trabalho, como meros agentes passivos da administração. Através dessa maneira retrógrada de visualizar as pessoas provocou grandes conflitos trabalhistas. Hoje a tendência é fazer com que todas as pessoas, em qualquer nível dentro da organização, sejam administradoras - e não simplesmente executores - de suas tarefas. Além de executar suas tarefas, cada pessoa deve conscientizar-se de que ela deve ser o elemento de diagnóstico e de solução de problemas para obter uma melhoria contínua do seu trabalho dentro da organização. É assim que crescem e solidificam-se as organizações bem-sucedidas. A cultura representa o ambiente de crenças e valores, costumes e tradições, 17 conhecimentos e práticas de convívio social e relacionamento entre as pessoas. A cultura significa o comportamento convencionalizado e aceito pela sociedade e provoca enorme influência e condicionamento sobre todas as ações e comportamentos das pessoas. Segundo ribeiro: Portanto, cultura é o resultado de um complexo conjunto de processos de aprendizagem os quais são, apenas parcialmente, influenciados pelo comportamento e vontade do líder. Por outro lado, destaca-se que a cultura organizacional indica o clima e as práticas que as organizações desenvolvem ao "redor" dos seus funcionários. (2003, p. 63). Se as organizações são compostas de pessoas e estas precisam engajar-se em organizações para alcançar seus objetivos, nem sempre este casamento é fácil. Se as organizações são diferentes entre si, ocorre o mesmo com as pessoas que por serem diferentes individualmente possuem suas próprias características separadamente. O pedagogo tem como foco dentro de uma empresa, desenvolver e trabalhar o capital humano sob sua responsabilidade, articulando toda a estrutura interna e externa da organização, para construir um capital intelectual, que se traduza em relações de cooperação e ao mesmo tempo promova competitividade para a empresa, como nos mostra o esquema abaixo. 18 Fonte: CHIAVENATO, IDALBERTO. Gestão de pessoas: e o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 19 UNIDADE 5 - PEDAGOGO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES O novo cenário da educação se abre no século XXI com novas perspectivas para o profissional que se insere no mercado de trabalho, sob diversas abrangências, como nos mostra a própria sociedade. Vivemos um momento particular de discussões sobre globalização, neoliberalismo, terceirosetor, educação on-line, enfim, uma nova estrutura se firma na sociedade, a qual exige profissionais cada vez mais qualificados e preparados para atuarem neste cenário competitivo. Empresas, hospitais, ONGs, associações, igrejas, eventos, emissoras de transmissão (rádio e tv), e outros formam hoje o novo cenário de atuação deste profissional, que transpõe os muros da escola, para prestar seu serviço nestes locais que eram espaços até então restritos a outros profissionais. E esta atual realidade vem com certeza, quebrando preconceitos e idéias de que o pedagogo está apto para exercer suas funções na sala de aula. Onde houver uma prática educativa, existe aí uma ação pedagógica. O pedagogo sai então do espaço escolar, que até pouco tempo, era seu espaço (restrito) de trabalho, para se inserir neste novo espaço de atuação com uma visão redefinida de seu papel em novos espaços organizacionais. Ocupando um espaço de gestor de pessoas, que na atualidade consiste de várias atividades integradas, como descrição e analise de cargos, planejamento de RH, recrutamento, seleção, orientação e motivação das pessoas, avaliação do desempenho, remuneração, treinamento e desenvolvimento, relações sindicais, segurança, saúde e bem estar. Esse novo papel do pedagogo nas organizações, tem por finalidade apoiar o administrador a desempenhar as funções que constituem o processo administrativo de planejar, organizar, dirigir e controlar, pois ele não realiza seu trabalho sozinho, mas através das pessoas que compõe sua equipe. Na verdade, a gestão moderna de pessoas é um conjunto integrado de processos dinâmicos e interativos, como podemos observar na figura abaixo: 20 Fonte: CHIAVENATO, IDALBERTO. Gestão de pessoas: e o novo papel dos recursos humanos nas organizações Convivemos até bem pouco tempo com a visão de uma pedagogia inserida no ambiente escolar, na sala de aula, do profissional da educação envolvido com os problemas da educação formal, uma idéia falsa de que o pedagogo é o profissional capacitado e devidamente treinado para atuar somente em espaços escolares. Responsável pela formação intelectual das crianças, sempre se envolvendo no cotidiano escolar, com os problemas relacionados à educação formal, propriamente dita. A vida escolar, a educação formal, não deixa de ser um foco importante para o pedagogo, mas deixa de ser o único. Diante da atual realidade em que se encontra a sociedade, a educação tem se transformado na mola mestra, para enfrentar os desafios que se articulam dentro dela e em todos os seus segmentos, desafios gerados pela globalização e pelo avanço tecnológico na atual era, a tão inovadora e desafiadora era da informação. Dessa forma a educação sofre mudanças em seu conceito, pois deixa de ser restrita ao processo ensino-aprendizagem em espaços escolares formais, se transpondo aos muros da escola, para diferentes e diversos segmentos 21 organizacionais da sociedade. Abre-se aqui um novo espaço para a educação, dando uma estrutura interessante à educação não formal. Com toda esta nova proposta e possibilidade de atuação, o profissional pedagogo também se transforma, se adequando a esta nova realidade, se posicionando como profissional capacitado para caminhar junto a esta transformação da sociedade. O pedagogo deixa de ser, neste novo contexto, o mesmo pedagogo do século XVIII, XIX e até mesmo século XX. Apresentando-se agora como agente de transformação para atuar nesta nova realidade. Hoje, o profissional pedagogo está sendo inserido em um mercado de trabalho mais amplo e diversificado possível, porque a sociedade atual exige cada vez mais profissionais capacitados e treinados para atuarem nas diversas áreas. Não sendo comum um profissional ser qualificado apenas para exercer uma determinada função, e sim para atuar nas diferentes áreas existentes no mercado de trabalho, seja ele qual for a organização que tenha como foco as pessoas e não os processos. A antiga administração de recursos humanos cedeu lugar a uma nova abordagem, a gestão de pessoas e nessa nova concepção, as pessoas deixam de ser simples recursos organizacionais e passam a ser vistos como seres dotados de inteligência, personalidade, conhecimentos, habilidades, competências e aspirações. A cultura organizacional recebe forte impacto do mundo exterior e passa a privilegiar a mudança e a inovação como foco no futuro e no destino das organizações. No quadro a seguir podemos observar que as mudanças aconteceram no modelo de gestão das organizações foram no sentido de valorização do capital humano das empresas. 22 SECULO XX SÉCULO XXI ESTABILIDADE, PREVISIBILIDADE MELHORIA CONTINUA PORTE E ESCALA DE PRODUÇÃO VELOCIDADE E RESPONSIVIDADE COMANDO DE CIMA PARA BAIXO EMPOWERMENT E LIDERANÇA DE TODOS RIGIDEZ ORGANIZACIONAL ORGANIZAÇÕES VIRTUAIS E FLEXÍVEIS CONTROLE POR MEIO DE REGRAS E HIERARQUIA. CONTROLE POR MEIO DA VISÃO E DE VALORES INFORMAÇÕES EM SEGREDO INFORMAÇÕES COMPARTILHADAS RACIONALIDADE E ANÁLISE QUANTITATIVA CRIATIVIDADE E INTUIÇÃO NECESSIDADE DE CERTEZA TOLERÂNCIA À AMBIGÜIDADE REATIVO E AVESSO AO RISCO PROATIVO E EMPREENDEDOR ORIENTADO PARA O PROCESSO ORIENTADO PARA RESULTADOS AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA CORPORATIVA INTERDEPENDÊNCIA E ALIANÇAS ESTRATÉGICAS INTEGRAÇÃO VERTICAL INTEGRAÇÃO VIRTUAL FOCO NA ORGANIZAÇÃO INTEIRA FOCO NO AMBIENTE COMPETITIVO BUSCA DE CONSENSO CONTENÇÃO CONSTRUTIVA ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO NACIONAL FOCO INTERNACIONAL VANTAGEM COMPETITIVA SUSTENTÁVEL VANTAGEM COLABORATIVA COMPETIÇÃO POR MERCADOS ATUAIS HIPERCONCORRENCIA POR MERCADOS FUTUROS Fonte: CHIAVENATO, IDALBERTO. Gestão De Pessoas: E O Novo Papel Dos Recursos Humanos Nas Organizações 23 Qual profissional disponível no mercado tem a formação humana que um pedagogo tem? Quem estaria melhor preparado hoje, para articular as relações de grupos de trabalho, dentro das organizações? As linhas de pensamento relacionadas ao profissional pedagogo possibilitam uma reflexão mais aprofundada sobre a sua atuação, pois hoje, se pensa muito mais detalhadamente a dinâmica do conhecimento e as novas funções do educador como mediador deste processo. Dessa forma, não podemos mais nos deter somente no universo da educação formal, mas buscar novas fontes de formação e de informação para adequar este profissional no mundo globalizado e competitivo. Toda transformação relacionada à atuação do pedagogo se dá ao fato de que, hoje vivemos o processo que reflete a transformação de valores e pensamentos de uma sociedade voltada para valores mais específicos, como a cultura de seu povo, valor diferente daquele que até pouco tempo se primava pelo valor econômico. Ou seja, a cultura hoje tem o seu papel melhor definido e mais importante para a sociedade do que situação econômica, propriamente dita. Nesta perspectiva de mudança e vislumbramos um espaço de atuação deste profissional nas organizações, fundamentado na atuação do pedagogo em espaços não escolares, suas habilidades e competências para atuação nestes espaços, o leque de possibilidades que hoje se abre deixando para trás a idéia primária de que este profissional está preparado somente para atuar em espaços escolares, e que pouco ou quase nada podendo aproveitar de suas habilidades para atuar em outros espaços. Assim, este profissional que atravessa séculos, executando o seu papel de preceptor, de transformador do conhecimento e do comportamento humano, chegando ao século XXI, com uma nova proposta, sua efetiva atuação em espaços também não escolares, e que, no entanto, visam a aprendizagem e a transformação do comportamento humano, tanto quanto dentro da educação formal. Discussões que estão fundamentadas em teóricos conceituados e pela própria sociedade que chega ao século XXI com novasperspectivas para a educação formal e também para a educação não formal, discussão que até bem pouco tempo era desconhecida para a maioria de nossas escolas de formação, e também dos profissionais. 24 O pedagogo conquista espaço num mercado de trabalho cada vez mais diversificado e amplo, atuando no processo de ensino-aprendizagem não somente como processo para dentro da escola, da sala de aula ou do cotidiano escolar, mas um processo que acontece em todo e qualquer segmento da sociedade, seja ele qual for. E também como o pedagogo se insere neste novo contexto social, percebendo a sua relação em diferentes espaços, promovendo a formação continua das pessoas envolvidas nos processos organizacionais. Para Freire (1991, p. 58), a formação continuada é uma exigência do próprio humano. Formação permanente é uma conquista da maturidade, da consciência do ser. Quando a reflexão permear a prática docente e a vida, a formação continuada será exigência sine qua non para que o homem se mantenha vivo, energizado, atuante no seu espaço histórico, crescendo no saber e na responsabilidade. (...) “ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente na prática e na reflexão da prática”. Educar/formar nesta nova perspectiva é considerar, conforme defende Nóvoa (1992), os profissionais a partir de três eixos estratégicos: a pessoa e sua experiência; a profissão e seus saberes, e a organização e seus projetos. A formação não se constrói por acumulação (de cursos de conhecimento ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de reflexão crítica sobre práticas e de (re)construção permanente de uma identidade pessoal, por isso é tão importante investir na pessoa a dar estatuto ao saber da experiência. É preciso respeitar os professores como pessoas, seres incompletos e eternos aprendizes, que a partir de uma formação contextualizada buscam transformar-se, entender o grupo no qual estão inseridos e ressignificar a suas práticas pedagógicas. (1992, p. 38), Verifica-se hoje, uma ação pedagógica múltipla na sociedade. O pedagógico perpassa toda a sociedade, extrapolando o âmbito escolar formal, abrangendo esferas mais amplas da educação informal e não-formal. (LIBÂNEO, 2002, p.28). 25 UNIDADE 6 - O PEDAGOGO EMPRESARIAL O desenfreado desenvolvimento científico e tecnológico das últimas décadas tem marcado a sociedade contemporânea com profundas mudanças nas organizações, no modo de produção e nas relações humanas. Verdades e conceitos têm sido questionados, mitos e comportamentos derrubados e o conhecimento tem ultrapassado os limites geográficos, sociais e educacionais com uma vertiginosa velocidade. As novas tendências sociais e os novos rumos impostos pela era da informação influenciam diretamente a educação e o conhecimento. Administrar a quantidade de informações veiculadas e estar atualizado, atualmente, é uma tarefa extremamente difícil e especializada. O velho esquema escolar da memorização, da erudição pela erudição oriundos da ação pedagógica da companhia de Jesus na implantação do sistema educacional brasileiro, já não se enquadra nos moldes da nova construção sócio- econômica e educacional do país. O mundo transforma-se a cada momento e o resultado mais visível desse processo é a obsolescência do conhecimento que impele-nos à atualização constante e contínua. O MEC evidenciou a intensidade do impacto desse novo formato social ao publicar os referenciais para formação de professores. (GENTILI; BENCINI, 2000). O documento descreve as novas competências do educador e as novas características das suas aulas, que devem priorizar a formação do aluno cidadão, capaz de estabelecer relações com o mundo que o cerca, analisar, pesquisar, estar atualizado e, sobretudo, aprender a aprender. Os reflexos mutatórios na escola explicitam a exigência urgente do mercado de trabalho que não abriga mais o trabalhador mecanizado, mero executor de tarefas, personificado na figura robotizada do personagem do filme tempos modernos de Charles Chaplin. O ambiente organizacional contemporâneo requer o trabalhador pensante, criativo, pró-ativo, analítico, com habilidade para resolução de problemas e tomada de decisões, capacidade de trabalho em equipe e em total 26 contato com a rapidez de transformação e a flexibilização dos tempos atuais. Mas como conseguir isso? Como conseguir desenvolver competências nos alunos de nossas escolas atuais? Como contribuir para a construção de colaboradores autônomos, e com espírito de aprendizes? Como manter as organizações atualizadas no mundo que vive a transformação num ritmo frenético? Como transformar o ambiente de trabalho em um ambiente de aprendizagem permanente? Diante dessas indagações surge a figura do pedagogo empresarial. Cada vez mais as empresas descobrem a importância da educação no trabalho e desvendam a influência da ação educativa do pedagogo na empresa. O pedagogo não é mais só o profissional que atua no ambiente escolar. Ao contrário, dispõe de uma imensa área de atuação, tais como: empresas de diversos setores, ONGs, editoras, sites, consultorias especializadas em t&d e em todas as áreas que requeiram um trabalho educativo. A tarefa do pedagogo empresarial é, entre outras, a de ser o mediador e o articulador de ações educacionais na administração de informações dentro do processo contínuo de mudanças e de gestão do conhecimento. Gerenciar processos de mudança exige novas posturas e novos valores organizacionais, características fundamentais para empresas que pretendem manter-se ativas e competitivas no mercado. Dessa forma, o profissional da educação atua na área de recursos humanos direcionando seus conhecimentos para os colaboradores da empresa com o objetivo da melhoria de resultados coletivos, desenvolve projetos educacionais, seleciona e planeja cursos de aperfeiçoamento e capacitação, representa a empresa em negociações, convenções, simpósios, realiza palestras, aporta novas tecnologias, pesquisa a utilização e a implantação de novos processos, avalia desempenho e desenvolve projetos para o treinamento dos funcionários. Outra modalidade para a capacitação e treinamento dos recursos humanos no mercado empresarial é a universidade corporativa. Essas universidades desenvolvem um sistema de aprendizado contínuo voltado para as necessidades específicas das empresas e de seus colaboradores. Contribuem para a aquisição dos conhecimentos dos novos processos de produção e valores organizacionais 27 consoantes com a missão da empresa. Esse novo nicho educacional tem crescido e tende a intensificar-se nos próximos anos gerando uma demanda social de pedagogos empresariais. As organizações são formadas por pessoas: são elas que atendem ao público, despacham documentos, recebem recados, fazem pagamentos, tomam decisões. Há uma mútua simbiose entre pessoas e organizações: pessoas dependem das organizações e organizações dependem das pessoas. Dentro dessa interdependência e do novo paradigma de competitividade em mercados globais, o treinamento e o aprendizado são imprescindíveis para o aproveitamento das oportunidades pessoais e organizacionais e para a neutralização das ameaças ambientais. Os indicadores propulsores da aprendizagem organizacional são a criatividade e a inovação. Segundo Peter Senge (1999, p. 320), autor do livro a quinta disciplina, os gerentes devem estimular e conduzir a mudança para criar organizações que aprendam. (SENGE apud CHIAVENATO, 1999). A aprendizagem e o treinamento nas empresas são os diferenciais de competitividade, qualidade e lucratividade. Por esse motivo o investimento no conhecimento contínuo e coletivo do capital intelectual das empresas tende ao crescimento progressivo. Esseconceito administrativo assemelha-se, integralmente, ao novo conceito educacional de escola e da sua função social: formar cidadãos autônomos, não sendo mais o lugar de simples transmissão do conhecimento, tornou-se, o espaço das relações humanas moldadas, deve ser usada para aprimorar valores e atitudes, além de capacitar o indivíduo na busca de informações, onde quer que elas estejam, para usá-las no seu cotidiano. Torna-se evidente que a palavra de ordem hoje é gestão do conhecimento. Escolas e empresas que não repensarem seus modelos e agarrarem-se aos velhos paradigmas do aprendizado e das relações humanas estarão, certamente, fadadas ao fracasso ou ao desaparecimento. A inexorabilidade da reestruturação sócio-econômica obriga que as escolas desenvolvam competências nos alunos para atender às exigências do mercado de trabalho e que as organizações reestruturem-se e transforme o ambiente de trabalho 28 num ambiente de aprendizagem, contribuindo para a construção de pessoas que se antecipem aos acontecimentos, sejam atualizadas e saibam aprender a aprender. O pedagogo vai para as organizações ocupar o papel de gestor de pessoas, de conhecimento e de talentos e segundo Idalberto Chiavenato, gerir talento humano está se tornando indispensável para o sucesso das organizações. Ter pessoas não significa necessariamente ter talentos. E qual a diferença entre pessoas e talentos? Um talento é sempre um tipo especial de pessoa e nem sempre toda pessoa é um talento. Para ter talento a pessoa precisa possuir algum diferencial que a valorize. Hoje, o talento envolve três aspectos: A. Conhecimento. É o saber. Constitui o resultado do aprender a aprender, aprender continuadamente e aumentar continuadamente o conhecimento. B. Habilidade. É o saber fazer. Significa utilizar e aplicar o conhecimento, seja para resolver problemas ou situações ou criar e inovar. C. Competência. É o saber fazer acontecer. A competência permite alcançar e superar metas e resultados, agregar valor, obter excelência e abastecer o espírito empreendedor. Talento era o nome dado a uma moeda valiosa na antiguidade. Hoje é preciso saber atrair, aplicar, desenvolver, recompensar, reter e monitorar esse ativo precioso para as organizações e não apenas para a área de RH. O esquema abaixo sintetiza o papel articulador do pedagogo dentro das organizações, viabilizando contextos favoráveis e incentivador, para que os talentos cresçam e se desenvolvam, formando o capital humano das empresas, que é seu maior patrimônio, seu grande diferencial, que a faz alcançar competitividade e sucesso. 29 Fonte: CHIAVENATO, IDALBERTO. Gestão de pessoas: e o novo papel dos recursos humanos nas organizações O papel do pedagogo, em espaços organizacionais, tornou-se desafiador a partir do momento em que verificamos através de discussões realizadas em sala de aula, seminários, mesa redonda, através de leituras compartilhadas, um horizonte se abrindo para esta área do conhecimento, que se fundamentam também nos quatro pilares da educação. Segundo o relatório Jacques Delors, da comissão internacional sobre a educação para o século XXI, elaborado para a Unesco, iniciado em 1993 e concluído em 1996, destaca os quatro pilares básicos essenciais a um novo conceito de educação: A educação ao longo de toda vida baseia-se em quatro pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos, aprender a ser. (...) A educação ao longo de toda a vida torna-se assim, para nós, o meio de chegar a um equilíbrio mais perfeito entre trabalho e aprendizagem bem como ao exercício de uma cidadania mais ativa (DELORS, 2001, p. 101). Conhecimento: SABER Aprender a Aprender Aprender Continuamente Aumentar o conhecimento. Habilidade: SABER FAZER Aplicar o Conhecimento Resolver Problemas Criar e Inovar. Competencia: SABER FAZER ACONTECER Alcançar Metas Agregar Valores Obter excelencia Empreender 30 Refletindo sobre as contribuições deste relatório para a formação continuada dos profissionais, percebemos que a concepção de educação nele proposta está voltada para toda a organização. Um modelo que vai além dos muros da escola e deve fazer com que o individuo saiba conduzir o seu destino, num mundo onde a rapidez das mudanças se conjuga com o fenômeno da globalização modificando a relação que homens e mulheres mantêm com o espaço e o tempo. O pedagogo é um profissional dentro das organizações que tem formação para compreender as empresas enquanto organizações que aprendem e que seu diferencial é as pessoas e como tal conduzir os processos de ensino/aprendizagem. 31 UNIDADE 7 - O PEDAGOGO E A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL Geralmente, o pedagogo tem-se caracterizado como profissional responsável pela docência e especialidades da educação, como: direção, supervisão, coordenação e orientação educacional, entre outras atividades específicas da escola. Podemos dizer que, dificilmente, encontra-se o profissional da educação desvinculado da escola propriamente dita, e inserido em outras atividades do mundo do trabalho, como em empresas, ainda que esse trabalho refira-se à educação, mas em uma perspectiva extra-escolar. Ao analisar a estrutura de organização das disciplinas do curso de pedagogia notamos que não há direcionamento específico para a atuação do pedagogo em empresas, fato esse que dificulta a inserção e conhecimento das possibilidades de atuação desse profissional nos processos produtivos. Por essa razão e, também, porque a escola constitui-se um local de trabalho bastante conhecido dos pedagogos, esses profissionais limitam sua procura a essas instituições. Nesse momento, em que o curso de pedagogia passa por um processo de reestruturação com propostas divergentes de diretrizes curriculares e, também, considerando as modificações ocorridas no processo produtivo, faz-se importante contemplar a possibilidade de atuação desses profissionais em outros setores do mundo do trabalho. 32 UNIDADE 8 - O TRABALHO DO PEDAGOGO Todos esses aspectos levam-nos a refletir sobre a possibilidade de um novo campo de atuação para o pedagogo, até agora pouco explorado. Para discutirmos a presença do pedagogo nos processos produtivos, elegemos três aspectos constitutivos da especificidade do trabalho desse profissional que nos parece interessante ser aproveitados nos locais de produção, sendo eles: a interação com o sujeito, a reflexão sobre a prática do trabalho e a elaboração de programas instrucionais que priorizem a totalidade do processo de trabalho. O trabalho costumeiramente desenvolvido pelo profissional da educação (o pedagogo) refere-se a oferecer instrumentos para que o sujeito aprenda a desvendar a realidade. Para que o conhecimento aconteça por parte do sujeito, o educador tem um papel fundamental que é o de oferecer subsídios de cunho teórico- prático para que a partir da ação o sujeito interfira na realidade. Nesse sentido, o educador não é um mero transmissor de conhecimento, mesmo porque o processo pelo qual consolida-se o conhecimento pressupõe a interação entre sujeito estruturante e objeto a ser estruturado, assim, faz-se imprescindível notar que a função essencial do educador está em oferecer além dos conteúdos, os instrumentos que possibilitem e estimulem a busca do conhecimento por parte do sujeito. Como mencionamos anteriormente, se há no mundo do trabalho a necessidade de um conhecimento de caráter mais criativo e ativo, então a interação entre os profissionais responsáveis pela produção demonstra ser essencial. Essa interação conjuga a troca recíproca de conhecimento, de um lado, os técnicos, com o saber adquirido pelos anos de experiência na profissão e alguma formação institucional, de outro, os engenheiros e outros profissionaiscom formação de nível mais elevado, mas que muitas vezes se encontram desprovido de condições para socializar esse conhecimento com os demais. Assim, esses últimos acabam por centralizar em si a escolha dos procedimentos a serem utilizados na produção, perdendo a contribuição prática dos trabalhadores e emperrando a organização da empresa de acordo com as novas formas de organização do trabalho. 33 Pudemos observar que em uma das empresas pesquisadas utiliza como estratégia para a qualificação de seus quadros profissionais o programa de multiplicadores de treinamento, o qual requer do profissional maior responsabilidade e conhecimento, já que terá de dominar além de seu trabalho específico todo o processo de produção. Esse tipo de programa requer do profissional, outras habilidades como capacidade de compreensão e exposição de idéias, utilização e seleção de materiais didáticos para atingir fins determinados, capacidade de oratória entre outros. Tudo parece indicar que a necessidade do mercado não se encontra mais fundamentada na divisão entre planejar e executar, por isso os treinamentos realizados simplesmente com suporte técnico não são mais suficientes. Para trabalhar nas novas formas de organização do trabalho, parece ser necessário o desenvolvimento intelectual e comportamental visando o trabalho conjunto. Como parte de uma equipe interdisciplinar, o pedagogo por compreender o processo cognoscente pode contribuir na aprendizagem do profissional aguçando o desenvolvimento das potencialidades individuais através da interação entre os profissionais na seleção de metodologias adequadas proporcionando, assim, condições para que ocorra a aprendizagem por meio do trabalho. Um outro aspecto da formação do pedagogo refere-se à reflexão sobre a prática, aliando teoria e prática. No âmbito da escola, a práxis é bastante discutida como elemento essencial na prática cotidiana da sala de aula. Ao falar sobre a valorização do saber produzido nas relações sociais, o pedagogo é o profissional que faz das situações concretas que vive o seu instrumento de reflexão e elabora saber, esse mesmo saber faz com que o docente se relacione mais profundamente com o conhecimento. Nesse momento da sociedade capitalista tudo indica que seja oportuno para os setores produtivos estreitarem as relações existentes entre teoria e prática, canalizando essa união em benefício da qualificação profissional, ainda que, contraditoriamente, o interesse das empresas capitalista com a formação profissional seja a acumulação de capital. Como mencionamos, juntamente com a tendência a uma maior proximidade entre categorias profissionais na produção, parece possível dizer que o diálogo 34 visando a troca de experiência e, sobretudo, a capacidade de olhar para a produção extraindo dessa mesma realidade as necessidades práticas para encontrar novos caminhos constitui-se em um elemento importante para a empresa, como também, para despertar a capacidade criativa e de compreensão profissional. Esse trecho evidencia que o ato de executar encontra-se dissociado do ato de planejar, alienando o trabalhador da compreensão do processo produtivo. Nesse sentido, é oportuno que as experiências práticas estejam ligadas a instrumentos educacionais que, além de proporcionarem a participação dos trabalhadores no planejamento, execução e avaliação, levem o sujeito a perceber as situações provenientes da prática e as alternativas cabíveis para solucionar os problemas que surgem e propor inovações. Para que se preconize inovações na produção, o componente intelectual demonstra ser indispensável, pois tudo parece indicar que somente com uma articulação de nível intelectual poderemos avançar no âmbito da qualificação profissional. Essa articulação compreende a interação com a realidade através do questionamento constante das práticas empregadas na produção, de modo a incorporar ou rejeitar as experiências que surgem. A importância de subsidiar as experiências provenientes da prática de suporte educacional, já que os pedagogos do trabalho nas indústrias metalmecânica na Alemanha têm desenvolvido e aplicado o conceito de qualificação profissional com base na capacidade e conhecimento para compreender o processo de produção, aprendizagem direcionada às experiências surgidas no trabalho, objetivos que são orientados no processo total da produção incluindo planejamento, execução e controle do trabalho em cooperação, em seguida são desenvolvidas diretrizes didáticas que contemplam esses conceitos. Estudos demonstram a necessidade de desenvolver um conceito de qualificação profissional com base na nova forma e organizar a produção, e também, os novos modelos organizacionais parecem requerer que as experiências adquiridas na prática do trabalho estejam subsidiadas de suporte educacional a fim de traduzir o momento no qual o trabalhador despende sua força de trabalho em ganhos individuais e que as equipes de trabalho inovem, troquem experiências e interajam entre si, não apenas em uma perspectiva de execução, mas de concepção do 35 trabalho. Um outro aspecto do trabalho que o pedagogo pode vir realizar na empresa se refere à elaboração de programas instrucionais ou diretrizes didáticas. Nas empresas podemos constatar que todas elas fazem um planejamento prévio das etapas de treinamento contendo conteúdos, objetivos, técnicas (lê-se metodologia) e avaliação, porém esse planejamento é realizado sem suporte educacional, ainda que o objetivo seja a qualificação dos trabalhadores, que por mais restrito que se entenda esse conceito, em geral, refere-se a aquisição de conhecimentos do processo produtivo e desenvolvimento de capacidades intelectuais e comportamentais no sujeito que aprende determinado conteúdo. A organização sistemática das atividades a serem aplicadas no treinamento demanda um tipo de conhecimento específico da prática educativa, como a elaboração e seleção de materiais didáticos, instrumentalização didática dos profissionais e, ainda, a seleção de metodologia apropriada para conduzir a execução do treinamento. A prática educativa pressupõe a superação dos elementos formais do programa de aprendizagem, não os excluindo, mas ultrapassando a simples organização formal para uma organização educativa, na qual o objetivo, o conteúdo, a metodologia e a avaliação são vistos interligados, sofrendo modificação, seleção e adaptação de modo a interferir na organização intelectual do sujeito. 36 UNIDADE 9 - EDUCAÇÃO NO TRABALHO – IMPORTÂNCIA Já passou a época em que o pedagogo ocupava-se somente da educação infantil. A pedagogia hoje dispõe de uma vasta área de atuação, que inclui, além de instituições de ensino, empresas dos mais diversos setores. É necessário separar o que é escolar do que é educativo. O pedagogo pode atuar em todas as áreas que requerem um trabalho educativo, mas apenas formar-se pedagogo não é suficiente para conquistar um cargo em uma empresa. É necessário buscar outros conhecimentos relacionados à educação corporativa e à Andragogia - educação de adultos - por meio de cursos de especialização, mestrados e doutorados. "O curso de pedagogia ainda está muito voltado para a escola, mas isso está mudando. As faculdades já estão revisando seus currículos, de modo que a formação de profissionais seja melhor direcionada. Hoje, os alunos freqüentam estágios focados no trabalho em empresas, mas não saem da faculdade especialistas nesta área. Futuramente, o curso será mais específico e passará a adotar a nomenclatura de pedagogia com ênfase em empresas. É preciso analisar quais conhecimentos e habilidades específicas serão exigidas no curso para que não surjam problemas no exercício da profissão. Este assunto requer muito estudo para evitar que o trabalho do pedagogo empresarialcolida com o de outros profissionais, como assistente social ou psicólogo organizacional. Como não poderia deixar de ser, as funções desempenhadas pelo pedagogo dentro de uma companhia estão em constante movimento, já que são influenciadas por diversos fatores, como o desenvolvimento tecnológico, a competitividade e as exigências de mercado. Hoje, as palavras-de-ordem dentro das organizações são: mudança e gestão do conhecimento. Nesse contexto, o papel do pedagogo é fundamental, pois todo processo de mudança exige uma ação educacional e gerir o conhecimento é uma tarefa, antes de tudo, de modificação de valores organizacionais, explica Vera Martins, pedagoga especialista em treinamento e desenvolvimento de pessoas em empresas. O pedagogo empresarial pode focar seus conhecimentos em duas direções: no funcionário ou no produto da empresa. No primeiro caso, trata-se da atuação no 37 departamento de recursos humanos (RH), realizando atividades relacionadas ao treinamento e desenvolvimento do trabalhador. O pedagogo é o responsável pela criação de projetos educacionais que visam facilitar o aprendizado dos funcionários. Para tanto, realiza pesquisas para verificar quais as necessidades de aprimoramento de cada um e qual método pedagógico é mais adequado. A partir daí, trabalha em conjunto com outros profissionais de RH na aplicação e coordenação desses projetos. Já no segundo caso, o pedagogo irá atuar em empresas que trabalham com educação, como editoras, sites e organizações não-governamentais (ONGs). Uma das minhas funções dentro da editora é apresentar o produto ou serviço da maneira mais atraente possível ao cliente, que em geral são professores. Para isso, desenvolvo projetos pedagógicos e estratégias de divulgação de livros, cds, revistas, vídeos e dvds, explica Cláudia Onofre, pedagoga responsável pelo departamento de divulgação da editora Paulus. 38 UNIDADE 10 - OS DIFERENCIAIS DO PEDAGOGO PARA AS ORGANIZAÇÕES 10.1 PLANEJAMENTO Planejamento é prever, antecipar fatos e situações, tomar decisões etc. O planejamento ajuda a alcançar a eficiência e visa também a eficácia. O planejamento pode ser de curto ou de longo prazo, consideram-se de curto prazo, os planos de até um ano, e de longo prazo aqueles acima de um ano. Obviamente que é melhor estender o planejamento e termos de tempo do que limitá-lo a períodos muito curtos. A essência do planejamento e do controle é a tomada de decisões. Esta por sua vez, depende de informações oportunas, de conteúdo adequado e confiável. Um levantamento de pesquisa verificando as necessidades dos funcionários é um ótimo começo. Pode-se começar a planejar, mexendo nas possibilidades de diminuir a carga horária de trabalho para àqueles que queiram completar os seus estudos podendo haver possibilidades desse estudo ser na própria empresa. O planejamento compreende a seleção dos objetivos da organização e das áreas, e a determinação dos meios para atingi-los. Pode-se fazer uma análise permitindo-nos refletir na perspectiva das relações institucionais, sobretudo sobre os papéis e funções da pedagogia empresarial dentro de um contexto onde as verdades se relatam na busca de conhecimentos e aprendizados. Segundo Ribeiro: O pedagogo que atua na empresa precisa ter sensibilidade suficiente para perceber quais estratégias podem ser usadas em que circunstâncias para que não se desperdice tempo demais aplicando numerosos métodos e com isso perca de vista os propósitos tanto da formação quanto da empresa. Ao planejar um programa de formação/treinamento a seleção de métodos obedece ao princípio do desenvolvimento concomitante de competências técnicas e de relacionamento social. (2003, p. 20). No planejamento estratégico, o conceito de competências foi introduzido por Prahalad (1990) e Hamel (1995) e é introduzido como um conjunto de habilidades e 39 tecnologia que permite a uma empresa oferecer um determinado benefício ao cliente, diferente do de sua concorrência. O que fazer se na empresa não há um planejamento formal? 10.1.1 FASE 1: DESCOBERTA Se entrevista pessoas que representem as várias interfaces da organização e nos mostrem uma circunstancia específica de negócio. 10.1.2 FASE 2: CONSTRUÇÃO É nessa fase que são definidas as competências organizacionais (se a empresa ainda não fez esse trabalho), de acordo com as necessidades estratégicas e as circunstâncias levantadas 10.1.3 FASE 3: ASSESSMENT Estudos de casos precisam ser desenvolvidos para cada situação. No caso da utilização de testes, inventários e etc, é importante que a escolha seja criteriosa, que leve em consideração os recursos e os produtos de cada um e as necessidades particulares do Asessment. 10.1.4 FASE 4: IMPLANTAÇÃO Esse é o momento de "fazer acontecer". Nessa fase, a primeira atividade, de importância fundamental, é o detalhamento de implantação da administração de recursos humanos por competências. Quanto mais pudermos planejar nossas ações e estabelecer, a priori, o tempo, os recursos e as responsabilidades necessárias - contando com o envolvimento da pessoas na confecção desse plano -, mais aumentaremos nossas possibilidades de uma implantação bem-sucedida Medir, monitorar, redirecionar e replanejar são atividades vitais para a otimização das energias e emoções existentes num determinado grupo de trabalhadores. 40 Criar a cultura da avaliação, implementar instrumentos e processos coerentes e objetivos validados, e compartilhar todos esses resultados é uma competência muito valorizada. 10.2 COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO Ao se projetar um sistema de informação que apóie o planejamento e o controle, é necessário compreender as necessidades de informação que por sua vez exigem a compreensão dos processos decisórios praticados pela empresa. A qualidade da comunicação é, sempre, de uma forma ou de outra, a diferença entre o sucesso e o fracasso, ou, pelo menos, entre sucesso e mais sucesso. A arte de comunicar esta em identificar os aspectos favoráveis. A comunicação empresarial existe o conceito já aprovado na prática, de que "a política de comunicação de uma empresa será tão boa e eficiente quanto for a sensibilidade comunicativa de seus principais dirigentes". Isto quer dizer que independentemente da qualidade dos comunicadores e dos recursos materiais e tecnológicos já existentes, nenhuma empresa pode prescindir de uma estratégia de comunicação, abrangente e que reflita seu objetivo de ação como um todo, e não seus executivos isoladamente. A comunicação empresarial insere-se num conceito de permanência, e deriva da cultura da empresa. Isto quer dizer que, quanto mais esclarecida for a empresa sobre o papel social, mais apta estará a informar. Mas do que uma atividade a comunicação empresarial é um conceito que permeia todas as atividades da empresa, suas relações com a comunidade, fornecedores, compradores e governos em geral. Trata-se de uma política e de uma estratégia que tem sua expressão na postura da empresa diante do mercado e dos consumidores, de seus trabalhadores, se reflete na qualidade e apresentação de seus produtos e/ou serviços e em todas as suas mensagens informativas, tanto para dentro como para fora da empresa. Além das organizações que estruturam seus setores de comunicação, preferem contratar serviços de terceiros, de acessórias especializadas, que só proliferam. A comunicação, a medida que mais e mais venha a ser utilizada como 41 instrumento da moderna gestão de pessoas, em um mercado crescentemente competitivo, irá exigir profissionais melhor preparados, vocacionados para a atividade, através de uma seleção cada vez mais rigorosa no mercado de trabalho. Esses são os especialistas que o mercado de trabalho irá solicitar, capazes de orientar eexecutar a política da comunicação das organizações empresariais. Deve-se implantar o projeto, as etapas intermediárias, pesquisa de avaliação e feedback, onde permitirá correções e, eventualmente, a introdução de novas práticas e veículos de informação, com a finalidade de despertar mais interesse e adesões, incentivar a participação do público-alvo somando esforços para alcançar objetivos traçados pela empresa. Uma empresa deve atribuir estímulos (onde se pode criar campeonatos, promoções, gincanas e outros, com a finalidade de promover iniciativas integrativas e participação múltiplas e os objetivos desse estímulo é a idéia do não isolamento e individualismo); a educação (criando-se oportunidades e condições de ensino para melhorar os padrões produtivos e gerenciais da empresa e, ela compreende que um operário melhor preparado, trabalha melhor e produz mais). A comunicação é o principal instrumento da política dos recursos humanos em uma empresa e, portanto, fator inestimável de eficiência e produtividade. É claro que se a política de recursos humanos da empresa for ineficiente, não há comunicação que melhore sua imagem. Não seria irresponsável dizer que em um dos maiores problemas de novas empresas é a comunicação. Não que faltem "meios" (jornais, murais, cartazes, programas formais de comunicação - quem se lembra dos programas "portas abertas?"; elas estavam tão escancaradas que precisavam de um programa formal), redatores, repórteres e acessórias eficientes de comunicação. O grande problema é o "entendi mento das pessoas". Nunca houve dúvida de que as pessoas é que fazem a diferença no contexto empresarial. A comunicação deve permitir amplas possibilidades de expressão entre os integrantes para que possa rever seus estilos, suas normas, criar espaço à redefinição da auto-regulamentação, não apenas ao nível das atitudes e percepções, motivações individuais ou grupais. Um dos pressupostos básicos para a aprendizagem é o entendimento. 42 10.3 A APRENDIZAGEM Hoje nas empresas faz-se urgências as instalações de um sistema de mudança, em busca do aprimoramento organizacional. Capacitando-se e experimentando a busca de novas alternativas para enfrentar os desafios do meio onde atuam, desenvolvendo um contínuo aprendizado como filosofia de vida organizacional. Por essa razão as empresas precisam adaptar-se às alterações, porque passa a sociedade como um todo nesse limiar de um novo século. E elas só podem criar, sustentar e ampliar estratégias de crescimento e até mesmo de sobrevivência se fizerem do aprendizado um "modo de ser" permanente e em sintonia com o seu tempo. Entra-se, portanto no planejamento, e sobre isso cabe alertar ao pedagogo empresarial para não confundir planejamento educacional (voltados para processos de ensino-aprendizagem desenvolvidos na escola) com o planejamento de atividades a serem desenvolvidas no âmbito das empresas. O que se deve fazer no caso da empresa é desenvolver habilidades de comunicação, leitura e audição, assim como aprimorar atitudes e conhecimentos, e na empresa há que se ter cuidado de oferecer ao receptor o mecanismo de funcionamento do código de mensagem, dando a necessidade da escolha adequada das palavras e da organização adequada dessas palavras em frases. A aprendizagem é como um processo de mudança, como instrumento de ação libertadora, a consciência crítica do ser humano no processo de sua aprendizagem leva a reconhecer o seu estado de Finitude e de limitação. A aprendizagem constitui-se na direção de atingir determinados objetivos lidando com eles com determinação, perseverança e entusiasmo. A educação é um processo amplo que permite ao indivíduo desenvolver-se como um todo e em todas as dimensões, cujos objetivos buscam muito mais do que acumular técnicas. Portanto, segundo Chiavenato: Desenvolver pessoas não é apenas dar-lhes informação para que elas aprendam novos conhecimentos, habilidades e destrezas e se tornem mais eficientes naquilo que fazem. É, sobretudo, dar-lhes a formação básica para 43 que elas aprendam novas atitudes, soluções, idéias, conceitos e que modifiquem seus hábitos e comportamentos e se tornem mais eficazes naquilo que fazem. Formar é muito mais do que simplesmente informar, pois representa um enriquecimento da personalidade humana. (1999, p. 290). Educação vem da capacidade do indivíduo em assimilar, usar e gerar informações. A aprendizagem, então, só se completa na medida em que a posse de conhecimento pela pessoa permita a mudança de comportamento por causa da experiência. Para Freire (apud Lima, 1996): Na visão bancária de educação, o "saber" é uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber (...). Se o educador é o que sabe, se os educandos são os que nada sabem, cabe àquele dar, entregar, levar, transmitir o seu saber aos segundo. Segundo o professor do departamento de administração geral de recursos humanos da EAESP/FGV, José Ernesto Lima Gonçalves, conforme citado por Chiavenato (1994), "transformar a força em trabalho passou a ser o maior desafio estratégico enfrentadas pelas empresas que esperam ter sucesso no próximo século". Na educação o conceito de competências esta ligado a formação das pessoas, ao desenvolvimento das habilidades e a estimulação das atitudes (GRANT, 1975), razão pela qual sua definição é um conjunto de habilidades e comportamentos dos indivíduos passível de treinamento. Dessa maneira Senge (1990), propõe um modelo de empresa em que a aprendizagem, além de ser contínua, precisa ser acumulativa e "distribuída" para todos. Ambos os nascedouros do conceito de "competência" foram convenientes para uma transposição e uma nova forma de administrar os recursos humanos nas empresas: a junção da vertente educacional, voltada para o aprimoramento das pessoas, e da vertente estratégica, calcada na identificação e no desenvolvimento das competências organizacionais a fim de que as empresas obtenham competitividade. Organizações estruturadas solicitam a explicitação de um contrato baseado 44 em resultados e na aprendizagem contínua. Desse modo, fica claro que a carreira das pessoas depende da adaptação rápida ao ambiente competitivo pós- empreendedor. As organizações estão bastante interessadas na "construção do conhecimento" pelos seus colaboradores - construtivismo - e pela construção do conhecimento pela própria organização. Antes, será apresentada uma comparação entre o treinamento, desenvolvimento e educação. Muitas vezes ao tratar o assunto, profissionais nomeiam indistintamente essas práticas, que são bastante diversas, porém, treinamento, desenvolvimento e educação, estão vinculados ao trinômio conhecimento, habilidades e atitudes. O conhecimento (saber fazer) está no campo do treinamento, seu objetivo é o desempenho, seu foco é a tarefa, seu alcance é o curto prazo, sua orientação são suas instruções, seu domínio são o psicomotor/cognitivo e o tipo do problema envolvido é operacional e bem estruturado. As habilidades (poder fazer) estão no campo do desenvolvimento, seu objetivo é a capacitação, seu foco é a carreira, seu alcance é o médio prazo, sua orientação são as políticas de gestão, seu domínio é o cognitivo/comportamental e o tipo de problema envolvido é gerencial e medianamente estruturado. As atitudes (querer fazer) estão no campo da educação, seu objetivo é a formação, seu foco é a vida, seu alcance é o longo prazo, sua orientação são seus valores, seu domínio é o cognitivo/comportamental e o tipo do problema envolvido é o estratégico e pouco estruturado. Na virada do século XVIII para o século XIX, o pedagogo suíço Pestalozzi pensava a aprendizagem como um processo que envolvia atividade das mãos, da cabeça e do coração, representantes das funções psicomotora, intelectual e moral
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