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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA EDUARDA ISSLER BARBIERI SISTEMA DE MEDIÇÃO NÃO-INVASIVO PARA MONITORIZAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE GLICOSE NO SANGUE ARTERIAL Joaçaba 2017 EDUARDA ISSLER BARBIERI SISTEMA DE MEDIÇÃO NÃO-INVASIVO PARA MONITORIZAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE GLICOSE NO SANGUE ARTERIAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia de Computação, Área de Ciências Exatas e Tecnológicas da Universi- dade do Oeste de Santa Catarina como requisito à obtenção do grau de bacharel em Engenharia de Computação. Orientador: Dr. Geovani Rodrigo Scolaro Joaçaba 2017 AGRADECIMENTOS Ao professor Geovani Rodrigo Scolaro, por seus ensinamentos, pela paciência na ori- entação e confiança, agradeço também aos meus professores(as) que com suas instruções me ajudaram a crescer de forma pessoal e profissional. Aos meus pais, irmãs e a toda minha família que, com muito carinho e apoio, não medi- ram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida. Aos amigos e colegas, pelo incentivo e apoio constantes. Ao meu namorado Diego, pelo carinho, paciência, auxílio e por sua capacidade de me trazer paz na correria de cada semestre. Ao curso de Engenharia de Computação, e às pessoas com quem convivi nesses espaços ao longo desses anos. If you can dream it, you can do it. (Walt Disney) RESUMO Uma prática constante para pacientes diabéticos é o automonitoramento da concentração de glicose no sangue através da utilização de glicosímetros. Tal técnica, é invasiva e muitas vezes dolorosa, mas indispensável para o controle da variação do nível de glicemia e fundamental para a gestão do diabetes. Neste contexto, a presente pesquisa tem por objetivo projetar um sistema que seja capaz de monitorar a concentração de glicose no sangue arterial, por meio de um método não-invasivo sem causar desconforto ao usuário. A escolha da técnica adotada para o desenvolvimento do sistema de medição glicêmico foi a fotopletismografia (PPG). O dispo- sitivo desenvolvido é composto por uma fonte e um detector sensitivo de luz, sendo a fonte de luz um diodo e o detector um sensor óptico, permitindo medir a intensidade luminosa que atravessa o tecido epitelial. Posteriormente, para que seja possível o correto condicionamento, o sinal coletado é submetido a filtros ativos e um amplificador de instrumentação, preparando-o para a digitalização por meio de um dispositivo microcontrolado responsável por possibilitar a conversão deste sinal para um valor glicêmico legível. O valor então, é enviando via blueto- oth para um celular, onde um aplicativo armazena a informação juntamente com a data e hora para um controle adequado dos níveis glicêmicos por parte do paciente. O dispositivo apresen- tou um resultado satisfatório para a medida glicêmica, apresentando desvios de 10 a 20% de exatidão. Deste modo, com os testes realizados neste trabalho, conclui-se que o sistema proje- tado apresentou eficácia no funcionamento, demonstrando que é possível tornar o processo de monitorização da concentração de glicose no sangue arterial não-invasivo, indolor e de baixo custo. Palavras-chave: Fotopletismografia. Condicionamento. Filtros. Amplificador. Glicemia. ABSTRACT The constant practice for patients with diabetes and self-monitoring of the concentration of Glucose in the blood through the use of glymeters. Such technique is invasive and often painful, but indispensable for the control of the variation of the glycemia level and fundamental for diabetes management. In this context, a research present for the purpose of designing a control of an arterial blood glucose concentration by means of a non-invasive method without causing discomfort to the user. The choice of technique adopted for the development of the glycemic medication system for a photoplethysmography (PPG). The device developed is composed of a source and a sensitive light detector, being a source of light a diode and the detector an optical sensor, allowing to measure the luminous intensity that it crosses the epithelial tissue. Subsequently, in order for correct conditioning to be possible, the signal collected and subjected to active filters and instrumentation amplifier, preparing it for the by means of a microcontrolled device responsible for of this signal to a readable value. The value then, is sending via bluetooth to a cell phone, Where an application stores information please with a given time and date for proper control of glycemic levels by the patient. The device presented a satisfactory result for the glycemic measurement, presenting deviations of 10 to 20% of accuracy. Thus, with tested tests, it is not a system, but it is not a system, but it is not a system, but it is not a non-invasive, painless, low-cost blood glucose monitoring process. Key-words: Photoplethysmography. Conditioning. Filters. Amplifier. Glycemia. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Fisiologia da glicose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Figura 2 – Complicações a longo prazo do diabetes mellitus . . . . . . . . . . . . . . . 22 Figura 3 – Diagrama de blocos do sistema Oxímetro de pulso . . . . . . . . . . . . . . 26 Figura 4 – Placa de aquisição com sensor de dedo conectado . . . . . . . . . . . . . . 26 Figura 5 – Funcionamento básico do glicosímetro de pulso . . . . . . . . . . . . . . . 27 Figura 6 – Dispositivo CNOGA Tensortip Combo de glicômetro (CoG) . . . . . . . . 28 Figura 7 – Dispositivo FreeStyle R○ Libre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Figura 8 – (a) Com menor concentração de glicose; (b) Com maior concentração de glicose no sangue . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 Figura 9 – Modos de obter sinal PPG: (a) Refletância; (b) Transmitância . . . . . . . . 31 Figura 10 – Padrões da curva fotopletismográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 Figura 11 – Pinagem Amplificador Operacional 𝜇A741 e LF 351 . . . . . . . . . . . . 32 Figura 12 – (a) Amplificador de instrumentação com uma resistência externa para ajustar o ganho; (b) Diagrama esquemático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Figura 13 – Simbologia usual filtro passa-baixas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Figura 14 – Simbologia usual filtro passa-altas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Figura 15 – Simbologia usual filtro passa-faixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Figura 16 – Simbologia usual filtro rejeita-faixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Figura 17 – Filtro Passivo - (a) Curva ideal; (b) Curvas reais . . . . . . . . . . . . . . . 35 Figura 18 – Exemplo de circuito de um filtro passivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 Figura 19 – Exemplo de circuito de um filtro ativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 Figura 20 – Encapsulamentos do PIC16F877A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 Figura 21 – Pinagem PIC16F877A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Figura 22 – Diagrama de blocos da arquitetura do PIC16F877A . . . . . . . . . . . . . 40 Figura 23 – App Inventor: Janela Designer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 Figura 24 – App Inventor: Janela Blocks Editor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 Figura 25 – Diagrama de blocos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 Figura 26 – Diagrama de processos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 Figura 27 – Diagrama de requisitos sistema embarcado . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 Figura 28 – Estrutura básica do sensor transmissivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 Figura 29 – Esquemático do circuito do sensor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 Figura 30 – Circuito do sensor na matriz de contatos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 Figura 31 – (a) Sensor (b) Estrutura final do sensor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 Figura 32 – Esquemático do circuito do condicionamento do sinal. . . . . . . . . . . . 50 Figura 33 – Circuito do condicionamento do sinal na placa . . . . . . . . . . . . . . . . 50 Figura 34 – Esquemático do circuito do amplificador do sinal . . . . . . . . . . . . . . 51 Figura 35 – Circuito do amplificador do sinal na matriz de contatos . . . . . . . . . . . 52 Figura 36 – Circuito do amplificador do sinal na placa . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 Figura 37 – Circuito de conversão analógico/digital na placa . . . . . . . . . . . . . . . 53 Figura 38 – Esquemático do circuito de conversão analógico/digital . . . . . . . . . . . 54 Figura 39 – Fonte Simétrica para o módulo de condicionamento . . . . . . . . . . . . . 56 Figura 40 – Fonte e Esquemático da Fonte Reguladora de Tensão . . . . . . . . . . . . 56 Figura 41 – Esquemático do circuito do sistema de monitorização glicêmica . . . . . . . 57 Figura 42 – Hardware do sistema de medição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 Figura 43 – Diagrama de requisitos do aplicativo móvel . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 Figura 44 – Tela inicial aplicativo móvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 Figura 45 – Tela de leitura glicêmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 Figura 46 – Tela de histórico glicêmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 Figura 47 – Placa de circuito impresso por processo térmico . . . . . . . . . . . . . . . 63 Figura 48 – Leitura do sinal do sensor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 Figura 49 – Resultado dos testes do filtro passa-baixas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 Figura 50 – Resultado dos testes do filtro passa-altas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 Figura 51 – Resultado do teste do amplificador com resistor de 5.6kΩ . . . . . . . . . . 66 Figura 52 – Resultado do teste do amplificador com resistor de 12kΩ . . . . . . . . . . 66 Figura 53 – Resultado do teste dos sinais analógicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 Figura 54 – Resultado do este de conversão A/D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 Figura 55 – Sistema de medição não-invasivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 Figura 56 – Monitor de glicemia pessoal G-Tech Free . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 Figura 57 – Medição em jejum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 Figura 58 – Medição pós refeição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 Figura 59 – Medição pós consumo açúcares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 Figura 60 – Medição em jejum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 Figura 61 – Medição pós refeição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 Figura 62 – Medição pós consumo açúcares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Cronograma de atividades TCC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 Tabela 2 – Recursos de hardware . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 Tabela 3 – Recursos de software . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 Tabela 4 – Dados coletados do voluntário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS A/D Analógico/Digital ampop Amplificadores Operacionais CAD Cetoacidose Diabética CCP Capture/Compare/PWM CI Circuito integrado CPU Unidade de Processamento Lógico DM Diabetes Mellitus DM1 Diabetes Mellitus Tipo 1 DM2 Diabetes Mellitus Tipo 2 DMID Diabetes Mellitus Insulinodependente DMNID Diabetes Mellitus não Insulinodependente EEPROM Electrically-Erasable Programmable Read-Only Memory EHH Estado Hiperglicêmico Hiperosmolar Hz Hertz I/O Input Output IA Amplificador de Instrumentação IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IR Infravermelho LC Indutor Capacitor LED Light Emitting Diode mg/dL Miligrama por Decilitro MIPS Microprocessor Interlocked Pipeline Stages MIT Massachusetts Institute of Technology MS Ministério da Saúde nm Nanômetro OMS Organização Mundial da Saúde OPA Oximetria de Pulso Arterial PA Passa-Altas PB Passa-Baixas PF Passa-Faixa PIC Programmable Intelligent Computer PPG Fotopletismografia PWM Pulse-Width Modulation RAM Random Access Memory RC Resistor Capacitor RF Rejeita-Faixa RISC Reduced Instruction Set Computer ROM Read-only memory SBD Sociedade Brasileira de Diabetes SPI Serial Peripheral Interface SpO2 Saturação de hemoglobina com oxigênio medida pelo oxímetro de pulso TCC Trabalho de Conclusão de Curso USART Universal Synchronous Asynchronous Receiver Transmitter USB Universal Serial Bus V Volts SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 1.2 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 1.3 JUSTIFICATIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.4 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.4.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.4.2 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 2 DIABETES MELLITUS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 2.1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 2.1.1 Tipos de Diabetes Mellitus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 2.1.1.1 Diabetes Mellitus tipo 1 - DM1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 2.1.1.2 Diabetes Mellitus tipo 2 - DM2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 2.1.1.3 Diabetes Mellitus Gestacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 2.1.2 Complicações do Diabetes Mellitus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 2.1.3 Estatísticas do Diabetes Mellitus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 2.1.4 Verificação da glicose sanguínea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.2 TIPOS DE INSTRUMENTOS PARA MEDIÇÃO DE GLICOSE . . . . . . 24 2.2.1 Exame laboratorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 2.2.2 Exame de ponta de dedo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 2.2.3 Sensores contínuos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.3 TRABALHOS CORRELATADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.3.1 Oxímetro de pulso com transmissão de sinal sem fios . . . . . . . . . . . 25 2.3.2 Glicosímetro de pulso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 2.4 PESQUISAS RELACIONADAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.4.1 CNOGA Tensortip Combo de glicômetro (CoG) . . . . . . . . . . . . . . 28 2.4.2 FreeStyle R○ Libre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 3.1 FOTOPLETISMOGRAFIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 3.2 AMPLIFICADORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 3.3 FILTROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 3.3.1 Filtros passivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 3.3.2 Filtros ativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 3.4 MICROCONTROLADORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 3.4.1 Microcontroladores PIC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 3.5 CONVERSÃO A/D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 3.6 LINGUAGENS DE PROGRAMAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 3.6.1 Linguagem C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 3.7 INTERFACE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 3.7.1 O ambiente App Inventor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 4 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . 44 4.1 MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 4.1.1 Visão geral do sistema computacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 4.1.2 Visão geral do sistema embarcado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 4.1.3 Aquisição do sinal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 4.1.4 Condicionamento e amplificação do sinal . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 4.1.4.1 Filtros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 4.1.4.2 Amplificadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 4.1.5 Conversão analógica/digital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 4.1.6 Conversão do sinal para uma medida glicêmica . . . . . . . . . . . . . . 54 4.1.7 Comunicação software/hardware . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 4.1.8 Fonte de energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 4.1.9 Estrutura final do Hardware . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 4.1.10 Aplicativo móvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 4.2 CRONOGRAMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 4.3 RECURSOS E ORÇAMENTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 4.3.1 Recursos de hardware . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 4.3.2 Recursos de software . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 5.1 TESTES INDIVIDUAIS DE AQUISIÇÃO, CONDICIONAMENTO E AM- PLIFICAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 5.2 TESTE DO HARDWARE PARA AQUISIÇÃO DE SINAIS DE FOTOPLE- TISMOGRAFIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 5.3 TESTE DE CONVERSÃO A/D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 5.4 AVALIAÇÃO DO FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE GLICEMIA . . 68 6 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 15 1 INTRODUÇÃO A busca por uma melhor qualidade de vida para portadores do diabetes mellitus, tem demandado pesquisas nas áreas da saúde e engenharia para desenvolver tecnologias que utilizem métodos não-invasivos para a medição de concentração da glicose no sangue de forma rápida e indolor. Pessoas que sofrem de diabetes precisam automonitorar a concentração de glicose no sangue constantemente, a técnica mais utilizada é a coleta de sangue de capilares sanguíneos geralmente do dedo, através da perfuração cutânea por uma lanceta e a medição é realizada em aparelhos próprios para esse fim. Este tipo de ferramenta vem ganhando espaço no mercado, mas ainda apresenta limitações, tais como o método invasivo, que devido à frequência que deve ser realizado acaba sendo doloroso, bem como, o custo elevado, mas é indispensável para o controle do nível de glicemia e fundamental para a gestão do diabetes. Devido a estes fatores buscaram-se soluções e técnicas para tornar esse processo mais confortável. Ante o exposto, o presente trabalho descreve o desenvolvimento de um sistema para a monitorização da concentração de glicose no sangue arterial de baixo custo, adotando a técnica da fotopletismografia (PPG). O sistema proposto pretende utilizar um método não-invasivo, sendo possível realizar as medições necessárias sem causar dor ou desconforto ao usuário. 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA Devido à globalização o número de pessoas com diabetes mellitus tem crescido de forma exponencial, a má alimentação e sedentarismo são os dois grandes fatores que levaram a evolu- ção significativa desta doença (OMS, 2016). Desenvolver um sistema não invasivo capaz de realizar a monitorização em tempo real da concentração de glicose no sangue arterial em pessoas que possuem diabetes mellitus, pode tornar este processo confortável e indolor, sendo possível melhorar a qualidade de vida destas pessoas. 1.2 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2016) estima-se que o número de pessoas vivendo com Diabetes Mellitus quadruplicou nos últimos 24 anos, chegando a 422 milhões de adultos no mundo (aproximadamente 8,5% da população) vivendo com diabetes em 2014. Em 1980, havia 108 milhões (4,7%). Para prevenir mortes e complicações, é necessário 16 que os portadores da doença promovam uma dieta saudável acompanhada de atividades físicas e autocuidado. Deste modo, o automonitoramento se torna importante, verificando os níveis de glicemia diariamente pode-se evitar possíveis complicações e realizar o tratamento de forma precoce. 1.3 JUSTIFICATIVA Com o intuito de melhorar a qualidade de vida dos portadores do Diabetes, a técnica da fotopletismografia têm sido utilizada, pois permite mensurar a concentração de glicose no sangue de modo não-invasivo. Segundo a literatura é o modo que apresentou melhor desempe- nho, chegando a valores extremamente próximos aos reais ao realizar a medição da glicemia (CASTRO-JÚNIOR, 2010). O Diabetes Mellitus pode gerar complicações agudas como cetoacidose, hipoglicemia e hiperglicemia. Podendo gerar também complicações crônicas, microvasculares e macrovascu- lares. Com o automonitoramento e gerenciamento adequado da taxa de glicemia do paciente é possível reduzir drasticamente o risco de desenvolver qualquer tipo de complicação (BARONE et al., 2007). O principal motivo que levou o desenvolvimento deste trabalho é a forma invasiva e desconfortável da medição realizada diariamente para controle da glicemia de pacientes diabé- ticos, ainda mais quando se tratando de crianças. Utilizando a tecnologia e pesquisas realizadas na literatura é possível tornar o processo não-invasivo e confortável. 1.4 OBJETIVOS Nesta seção serão destacados os objetivos que devem ser alcançados ao final deste tra- balho. 1.4.1 Objetivo Geral Desenvolver uma solução de baixo custo para o desenvolvimento de um sistema de me- dição não-invasivo para a monitorização da concentração de glicose no sangue arterial adotando a técnica da fotopletismografia para determinar o volume sanguíneo através da absorção ou re- flexão da luz. 17 1.4.2 Objetivos Específicos Com o desenvolvimento do trabalho espera-se contribuir da seguinte forma: ∙ Implementar o módulo de conversão analógico/digital. ∙ Implementar a comunicação software/hardware. ∙ Desenvolver um aplicativo para manter histórico das medidas. ∙ Desenvolver a lógica de conversão do sinal digital em um valor glicêmico. ∙ Efetuar testes finais do projeto. 18 2 DIABETES MELLITUS Na presente seção será apresentada a revisão bibliográfica sobre o Diabetes Mellitus, doença que torna necessária a monitorização da concentração de glicose no sangue arterial. 2.1 INTRODUÇÃO De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD, 2016), em 2016 no Brasil, existem mais de 13 milhões de pessoas vivendo com diabetes, o que apresenta 6,9% da po- pulação e esse número vem crescendo, pois em alguns casos, o diagnóstico ocorre de forma tardia favorecendo o aparecimento de complicações. O Diabetes Mellitus é uma doença crônica provocada pela deficiência de produção e/ou secreção de insulina pelo corpo humano o que interfere diretamente no controle de glicose no sangue (LUCENA, 2007). Localizadas no pâncreas, as ilhotas de Langerhans contém células conhecidas como beta, elas são responsáveis por produzir insulina, hormônio regulador da quantidade de glicose no sangue (GUYTON; HALL, 2002). Figura 1 – Fisiologia da glicose Fonte: (MIGUEL-JUNIOR, 2008). 19 A glicose penetra nas células graças a ação da insulina. No diabetes há falta de insulina, portanto a glicose não penetra nas células permanecendo na circula- ção. O nível normal de açúcar no sangue é de 70 a 110 mg/dL. Acima de 110 e até 126mg/dL fala-se em intolerância à glicose e após 126mg/dL, Diabetes Mellitus (MIGUEL-JUNIOR,2008). "O diabetes está associado ao aumento da mortalidade e ao alto risco do desenvolvimento de complicações[...], sendo responsável por gastos excessivos em saúde e substancial redução da capacidade de trabalho e da expectativa de vida."(BATISTA et al., 2005, p. 220). 2.1.1 Tipos de Diabetes Mellitus Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2016), existem basicamente três tipos de diabetes, sendo eles: ∙ Diabetes mellitus tipo 1 (DM1) o sistema imunológico ataca equivocadamente as cé- lulas beta, fazendo com que pouca ou nenhuma insulina seja liberada para o corpo, cau- sando a dependência do portador da doença a insulina. O DM1 é mais frequente em crianças e jovens. ∙ Diabetes mellitus tipo 2 (DM2) surge quando o organismo não consegue usar adequa- damente insulina que produz ou pela produção insuficiente. Normalmente afeta, adultos maiores de 40 anos e obesos. ∙ Diabetes gestacional ocorre devido às mudanças hormonais decorrentes da gravidez. Quando o feto está em desenvolvimento há grandes alterações hormonais, fazendo com que o corpo fique resistente aos efeitos da insulina. 2.1.1.1 Diabetes Mellitus tipo 1 - DM1 Normalmente ocorre na infância e adolescência, mas pode ser diagnosticada em adultos também. Causa destruição auto-imune das células beta localizadas nas ilhotas de Langerhans, levando o corpo do indivíduo há não produzir insulina ou produz, mas em quantidades insu- ficientes, consequentemente levando ao aumento do nível de glicose no sangue (SMELTZER; BARE, 2002). A etiologia do DM1 ainda não está bem definida, mas acredita-se que esteja relacionada ao seu desenvolvimento, a predisposição genética ou em fatores ambientais como, infecções virais, nutrição na infância ou no início da vida adulta. Qualquer que seja a causa, no DM1 20 mais de 90% das células produtoras de insulina são destruídas de modo permanente (GUYTON; HALL, 2002). A DM1 ataca de forma rápida, caracterizando-se pelos principais sintomas: ∙ Fome e sede excessiva; ∙ Náusea ou vômito; ∙ Micção excessiva; ∙ Perda de peso; ∙ Visão embaçada. Os portadores da doença devem realizar a automonitorização dos valores de glicemia, recebendo doses de insulina, quando necessário, para manter o nível de glicose regulada, além de um programa alimentar e atividades físicas para poder levar uma vida saudável, evitando complicações (GUYTON; HALL, 2002). 2.1.1.2 Diabetes Mellitus tipo 2 - DM2 No DM2 a insulina é produzida continuamente, porém há redução da sensibilidade do corpo humano ao efeito da insulina, essa sensibilidade é descrita como resistência a insulina (COTRAN; COLLINS; KUMAR, 2000). O DM2 só pode ser detectado através de exames laboratórias, o diagnóstico normal- mente vem de forma tardia, pois os sintomas se apresentam de forma leve ou ausentes. Embora não se saiba o que de fato causa o DM2, acredita-se que neste caso o fator hereditário é maior do que no tipo 1, existindo também uma conexão com a obesidade (COTRAN; COLLINS; KU- MAR, 2000). Segundo a (SBD, 2016), (Sociedade Brasileira de Diabetes), a DM2 normalmente é diagnosticada em pessoas com mais de 40 anos e 60 a 90% dos pacientes também apresentam obesidade. Ainda segundo (COTRAN; COLLINS; KUMAR, 2000), assim como na DM1, a DM2 responde bem ao tratamento com programa alimentar e atividades físicas regulares. O automo- nitoramento é indicado para controle dos níveis de glicemia, para verificar se é necessária a utilização de hipoglicemiantes orais ou insulina. 2.1.1.3 Diabetes Mellitus Gestacional Durante o período gestacional da mulher é produzido grandes quantidades de hormônios para o desenvolvimento saudável do feto, porém os hormônios criam uma resistência à ação da 21 insulina no organismo materno. Sua fisiopatologia é explicada pela elevação de hormônios contra-reguladores da insulina, pelo estresse fisiológico imposto pela gravidez e a fatores predeter- minantes (genéticos ou ambientais). O principal hormônio relacionado com a resistência à insulina durante a gravidez é o hormônio lactogênico placentário, contudo, sabe-se hoje que outros hormônios hiperglicemiantes como cortisol, estrógeno, progesterona e prolactina também estão envolvidos (SBEM, 2008, p. 477). O diabetes gestacional utiliza o mesmo método de tratamento do diabetes mellitus tipo 1 e 2, composto pelo programa alimentar e atividades físicas acompanhadas por um médico. Durante todo o tratamento os níveis de glicose devem ser monitorados e mantidos dentro dos limites estabelecidos pelo médico, para que tanto a mãe quanto o bebê não corram riscos. Em alguns casos para se manter os níveis glicêmicos aceitáveis é receitada a aplicação de insulina (BARONE et al., 2007). A Diabetes gestacional é uma das complicações médicas mais comuns da gra- videz, sendo caracterizada por uma alteração glicêmica capaz de causar con- sequências danosas fetais e maternas. A importância de um diagnóstico pre- coce é incontestável para se evitar complicações (JACOB et al., 2014, p. 36). Este é um tipo de diabetes de curto prazo, pois na maioria dos casos, após o fim da gestação, os níveis de glicose voltam ao normal. 2.1.2 Complicações do Diabetes Mellitus Pessoas que sofrem de diabetes mellitus independente o tipo, devem realizar a auto- monitoramento da concentração de glicose no sangue para que sejam evitadas complicações agudas e/ou crônicas. "As complicações agudas normalmente ocorrem de eventos esporádicos, enquanto as crônicas habitualmente são provocadas pelo mau controle glicêmico através dos anos."(OLIVEIRA; MILECH, 2006, p. 28). Representam as complicações agudas: ∙ Cetoacidose diabética (CAD): ocorre quando há deficiência profunda de insulina. "Aco- mete principalmente pacientes com DM tipo 1 (DM1) e geralmente é precipitada por condições infecciosas ou omissão da administração de insulina."(BARONE et al., 2007, p. 1434). ∙ Estado Hiperglicêmico Hiperosmolar (EHH): 22 [...]típica do diabético Tipo 2, caracteriza-se por uma descompensação grave do estado diabético com uma taxa de mortalidade ainda muito significativa. O paciente típico de tal complicação é, geralmente, idoso e adentra as unidades de emergência por acentuação das alterações de consciência, crises convulsivas e sintomas sugestivos de acidentes vas- culares cerebrais (FOSS-FREITAS; FOSS, 2003, p. 390). ∙ Hipoglicemia: normalmente surge em pessoas com DM1, onde os valores de glicose no sangue ficam demasiadamente baixos (OLIVEIRA; MILECH, 2006). O controle inadequado com o passar dos anos do diabetes mellitus leva há complicações crônicas, que são divididas em dois grupos, microvasculares e macrovasculares. As complicações crônicas microvasculares englobam a nefropatia diabética, a retinopatia diabética e neuropatia diabética. As complicações crônicas macro- vasculares, como o próprio nome diz, são resultantes de alterações nos grandes vasos e causam infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e do- ença vascular periférica (TSCHIEDEL, 2014, p. 7). Figura 2 – Complicações a longo prazo do diabetes mellitus Fonte: (ROBBINS; COTRAN, 2016). 2.1.3 Estatísticas do Diabetes Mellitus O diabetes mellitus tipo 1 era conhecido anteriormente como diabetes mellitus insuli- nodependente (DMID), diabetes juvenil ou com tendência à cetose, representando de 10 a 20% 23 dos casos de diabetes. Os 80 ou 90% restantes dos pacientes apresentam a segunda forma, dia- betes tipo 2, anteriormente denominada de diabetes mellitus não insulinodependente (DMNID) ou diabetes de forma adulta (COTRAN; COLLINS; KUMAR, 2000) O desenvolvimento dos países junto com a urbanização crescente, levam as pessoas à adotarem um estilo de vida mais sedentário, tendo dietas inadequadas, consequentemente, dando espaço a obesidade, fatores que impelem a incidência e prevalência do diabetes em todo o mundo. O diabetes mellitus é considerado um desafio mundial para os sistemas de saúde, pois atinge uma grande parcela da população (BRASIL, 2006). Segundo a Sociedade Brasileirade Diabetes (SBD, 2016), estima-se que no ano de 2016 a população mundial com diabetes seja em torno de 387 milhões e que pode alcançar 471 mi- lhões em 2035. A Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o IBGE, estima que no Brasil a ocorrência média de diabetes corresponde a 6,2% da po- pulação adulta, cerca de 12 milhões de pessoas (SBD, 2016). A seguir algumas estatísticas divulgadas pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2006): 1. O diabetes e suas complicações acometem 4 milhões de mortes por ano, o que repre- senta 9% da mortalidade mundial; 2. A expectativa de vida é reduzida em média em 15 anos para o diabetes tipo 1 e em 5 a 7 anos na do tipo 2; 3. Adultos com diabetes têm risco 2 a 4 vezes maior de doença cardiovascular e acidente vascular cerebral; 4. Mundialmente, os custos diretos para o atendimento ao diabetes variam de 2,5% a 15% dos gastos nacionais em saúde. 2.1.4 Verificação da glicose sanguínea O tratamento do diabetes mellitus é realizado com medicamentos, exercícios físicos, dieta balanceada e monitorização glicêmica. O automonitoramento independente do tipo de diabetes é de extrema importância para o controle dos níveis de glicose no sangue. O teste mais utilizado por apresentar maior precisão é a medição do sangue capilar. A desvantagem é que o exame torna-se doloroso e desconfortável, pois normalmente precisa ser realizado com certa frequência, através da utilização de um glicosímetro pelo próprio paciente, que punciona o dedo com um lancetador ou agulha, coletando a quantidade de sangue necessária para fazer a medição. 24 A monitorização dos níveis de glicemia tem extrema importância para o tratamento do diabetes, o acompanhamento realizado de forma ativa por parte do paciente, facilita o acom- panhamento médico, pois mantém um controle mais preciso, melhorando a qualidade de vida desses indivíduos (OLIVEIRA; MILECH, 2006). 2.2 TIPOS DE INSTRUMENTOS PARA MEDIÇÃO DE GLICOSE Manter os níveis de glicose da corrente sanguínea dentro do padrão normal é o ponto chave para melhor qualidade de vida dos portadores do diabete mellitus. Os métodos mais utilizados hoje em dia são divididos em três grupos: os exames labo- ratoriais, os exames com glicosímetros, conhecido como exames de "ponta de dedo"e a mensu- ração por sensores contínuos semi invasivos (MURAKAMI, 2007). 2.2.1 Exame laboratorial O exame laboratorial é invasivo, porém o mais tradicional para se medir a glicemia atra- vés de uma amostra de sangue. Tal amostra, é examinada por um laboratório específico, através da utilização de alguns métodos como, separação do plasma sanguíneo por centrifugação e aplicação de enzimas específicas, as quais, causam reações químicas levando à glicose a degra- dação, formando um produto que pode ser facilmente medido através da reação de oxi-redução ou mudança de cor da mistura (MURAKAMI, 2007). Os resultados deste método apresentam erros estimados entre 2 e 3%, possuindo um grau elevado de exatidão, aproximadamente de 2 a 4mg/dl para a faixa de medição (BöHME et al., 2003). Devido a isso, exames laboratoriais são considerados os mais eficazes em quesito exatidão de resultados, porém o processo para a obtenção deste resultado se torna inviável quando se trata de controle diário da glicemia. Há necessidade de deslocamento até o centro especializado para a coleta de sangue, o método invasivo e o tempo necessário de espera para a obtenção do resultado (CASTRO-JÚNIOR, 2010). Todo esse processo torna o método não prático para controle diário, levando o surgimento de dispositivos portáteis para a medição de glicemia. 2.2.2 Exame de ponta de dedo O exame de ponta de dedo é realizado através da coleta de uma amostra de sangue capilar (uma ou duas gotas), a qual é colhida através de um pequeno furo na ponta do dedo do paciente. A amostra coletada é aplicada em uma fita que é inserida em um dispositivo portátil, conhecido 25 como glicosímetro, o qual realiza a medição da concentração de glicose no sangue. De modo geral, o método de analise utilizado pelo glicosímetro é semelhante aos exames laboratoriais, as fitas utilizadas contém enzimas que degradam a glicose, realizando a medição (MURAKAMI, 2007). Pela rapidez e praticidade o exame de ponta de dedo é o mais utilizado por pacientes que necessitam realizar a monitorização e controle da glicemia diariamente. A principal desvantagem encontrada neste tipo de exame é a o método invasivo e a exatidão da leitura que pode apresentar desvios da ordem de 15% quando comparado com exames laboratoriais (BöHME et al., 2003). 2.2.3 Sensores contínuos Devido a evolução tecnológica, surgiram os primeiros dispositivos capazes de realizar a medição contínua de glicemia, através de sensores cutâneos ou subcutâneos que ficam em contato com o líquido intersticial, minimizando o desconforto do paciente. Utiliza-se a denomi- nação de "contínuos", mas os aparelhos existentes realizam leituras pontuais em intervalos de tempo curtos (MURAKAMI, 2007). A grande desvantagem destes métodos é o erro existente nas leituras, sendo que estes erros variam entre 15% a 20% em comparação aos exames laboratoriais (GOLDBERG et al., 2004). 2.3 TRABALHOS CORRELATADOS Nesta seção são descritos alguns trabalhos correlatados que foram utilizados para auxílio no decorrer do levantamento bibliográfico. 2.3.1 Oxímetro de pulso com transmissão de sinal sem fios O projeto desenvolvido por (LIMA, 2009), acadêmico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tem como objetivo realizar um estudo e implementação de um método de de- terminação da taxa de concentração de oxigênio no sangue através da técnica da oximetria de pulso, tal técnica foi escolhida para que o processo se torne não-invasivo. Lima (2009) utilizou um sensor comercial da marca Emai que contém embutido dois LEDs de comprimento de ondas diferentes, vermelho e infravermelho, e um fotodiodo receptor. Durante a ativação de cada LED, existe um circuito amplificador que amplifica o sinal, que pos- teriormente é adquirido por um sistema digital, para ser transmitido via Radio Frequência para 26 um microcomputador, o qual realiza o processamento e cálculos necessários para apresentar os resultados através de um software desenvolvido pelo acadêmico, conforme Figura 3. Figura 3 – Diagrama de blocos do sistema Oxímetro de pulso Fonte: (LIMA, 2009). O protótipo de oxímetro de pulso desenvolvido contêm transmissão de dados sem fio. Foi utilizado um sensor transmissivo, um amplificador de transimpedância, um microcontrola- dor Texas MSP430 para amostragem e gerenciamento da transmissão e módulos zigbee para transmissão e recepção de sinal sem fios. A Figura 4 demonstra a placa de aquisição com o sensor de dedo conectado. Figura 4 – Placa de aquisição com sensor de dedo conectado Fonte: (LIMA, 2009). O microcontrolador utilizado possui conversor A/D interno, onde foi possível obter uma taxa de amostragem de 500 amostras por segundo, sendo 250 amostras de cada LED. 27 Os testes preliminares do sistema foram realizados em indivíduos durante exercícios físicos, onde pode ser observado grandes variações na oxigenação sanguínea. 2.3.2 Glicosímetro de pulso O glicosímetro de pulso é um trabalho desenvolvido por (CASTRO-JÚNIOR, 2010), doutorando da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, que desenvolveu um dispo- sitivo para tornar o processo de medição glicêmica não-invasivo, indolor, agradável e portátil, para que os usuários sejam incentivados à monitorização contínua a fim de evitar possíveis complicações. O dispositivo utiliza a característica pulsátil do sangue para realizar a medição, por meio de uma luz infravermelha, onde é feito a análise da parte contínua e alternada da luz absorvida pelo tecido vivo. As medições da concentração de glicose no sangue utilizam dois diferentes comprimentos de ondas, é composto por dois diodos emissores de luz, comprimento de onde de 805 e 1350nm respectivamente,que emitem luz através dos tecidos do dedo de um paciente até encontrar seus respectivos fotodetectores. Os LEDs são ligados de forma alternada, para evitar influência cruzada entre os emissores e receptores. Os sinais são amplificados separadamente e então filtrados para remover os ruídos provenientes da frequência de chaveamento, da rede elétrica e do ambiente. Os sinais são então digitalizados por um conversos analógico digital, sendo lidos por um microcontrolador que estima o valor da concentração de glicose, mostrando os dados em um computador através de um software supervisório. A Figura 5 ilustra a estrutura do glicosímetro de pulso desenvolvido por (CASTRO-JÚNIOR, 2010). Figura 5 – Funcionamento básico do glicosímetro de pulso Fonte: adaptado de (CASTRO-JÚNIOR, 2010). A avaliação clínica do sistema desenvolvido foi realizada através de medições em 20 28 voluntários em um laboratório de Engenharia Biomédica, onde comparava-se as medidas por um monitor comercial e o instrumento proposto, no total foram efetuadas 180 medidas do valor de glicemia apresentando uma exatidão de ± 10.33 mg/dl e uma precisão de ± 10.40 mg/dl. 2.4 PESQUISAS RELACIONADAS Nesta seção será apresentada o uso de dispositivos não-invasivos no mercado brasileiro. 2.4.1 CNOGA Tensortip Combo de glicômetro (CoG) O processo de medição de glicemia não-invasivo com certeza melhoraria de algum modo, a vida de diabéticos que precisam automonitorar a concentração da glicose no sangue ar- terial regularmente. Mas infelizmente é difícil encontrar está tecnologia no mercado atual. Hoje no Brasil, existe apenas uma empresa com autorização da ANVISA para comercializar este tipo de produto. A CNOGA Medical Ltd. recebeu em maio de 2016 a aprovação da ANVISA para comercializar seus dispositivos não-invasivos, o CNOGA Tensortip Combo de glicômetro (CoG) (Figura 6) (CNOGA, 2016). Figura 6 – Dispositivo CNOGA Tensortip Combo de glicômetro (CoG) Fonte: adaptado de (CNOGA, 2016). Este aparelho utiliza um sensor de imagem de cor em tempo real e algoritmos únicos para medir com precisão os níveis de glicose a partir de capilares sanguíneos na ponta dos dedos de pacientes sem picada da lanceta, retirada de sangue ou dor. Além de ser totalmente portátil, permitindo ao usuário a utilização em qualquer hora e lugar, os únicos inconvenientes são, que 29 o dispositivo é adaptado exclusivamente para diabetes do tipo 1 e o valor é alto, em torno de R$3.000,00 (CNOGA, 2016). Para que o dispositivo funcione com precisão, durante as primeiras semanas de uso é realizado uma espécie de personalização para que as medidas tornem-se altamente precisas. Todas as medições podem ser acompanhadas via aplicativo em um smartphone ou no web app disponibilizado pela empresa. Ao fazer isso, os diabéticos podem compreender, gerenciar e melhorar seus resultados, tanto a curto como a longo prazo (CNOGA, 2016). 2.4.2 FreeStyle R○ Libre No segundo semestre de 2017, deu início à venda do aparelho FreeStyle R○ Libre (Figura 7), monitor de glicose da empresa Abbott, o mesmo promete eliminar as tradicionais picadas no dedo, pois possui um sensor que capta os níveis de glicose no sangue por meio de um microfilamento (0,4 milímetros de largura por 5 milímetros de comprimento) que, sob a pele e em contato com o líquido intersticial, mensura a cada minuto a glicose presente na corrente sanguínea. Um leitor escaneia o sensor e mostra o valor da glicose medida (ABBOTT, 2017). Figura 7 – Dispositivo FreeStyle R○ Libre Fonte: adaptado de (ABBOTT, 2017). O diferencial deste dispositivo é que não existe a necessidade de calibração com a ponta do dedo, o sensor é resistente à água e descartável, mas pode ser utilizado pelo período de 14 dias, além de oferecer um histórico de medidas das últimas 8 horas e a tendência do nível de glicose do usuário (ABBOTT, 2017). Mas as grandes desvantagens são, que o dispositivo é invasivo e possui um custo elevado, o kit inicial composto pelo leitor e dois sensores, custa R$599,70, para manter o aparelho é necessário adquirir os sensores, pois são descartáveis, cada sensor tem o custo de R$239,90. 30 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo será abordado as técnicas e metodologia necessária para desenvolver um sistema de medição não-invasivo para monitorização da concentração de glicose no sangue arterial. 3.1 FOTOPLETISMOGRAFIA A fotopletismografia (PPG) utiliza as mudanças que ocorrem com a luminosidade em um determinado trajeto quando transmitida ou refletida nos tecidos e corrente sanguínea (CHE- ANG; SMITH, 2003). A PPG utiliza como base o método utilizado pela oximetria de pulso para determinação da saturação de oxigênio do sangue arterial. Este método funciona através da utilização do foco de um feixe de luz no dedo, onde a onda da luz transmitida através do mesmo, pode ser analisada devido as mudanças no seu comprimento (SANTOS et al., 2014). Santos et al. (2014, p. 2092) ainda comenta que: Este método se baseia nas propriedades de dispersão da luz causada pela gli- cose presente no sangue. O aumento da glicose diminui o desalinhamento do feixe que atravessa o tecido, pois o índice de refração é diminuído pela sua pre- sença, proporcionando assim um caminho melhor para a passagem da luz [...]. Como resultado, menos luz é absorvida e a intensidade da luz que atravessa o tecido é maior. Na Figura 8 pode ser observado a influência da glicose na propagação da luz no meio sanguíneo. Figura 8 – (a) Com menor concentração de glicose; (b) Com maior concentração de glicose no san- gue Fonte: (SANTOS et al., 2014). A Figura 9 ilustra os dois modos de obter o sinal PPG a partir de um sensor, por refle- tância ou transmissão. O modo de refletância faz uso de um fotodiodo adjacente a luz emissora, 31 possibilitando a utilização em diversas extremidades do corpo. O modo de transmissão utiliza uma fonte de luz situada ao lado oposto do tecido em que se encontra o fotodiodo receptor, o que acaba limitando os locais de aplicação (YADAV; AYUB, 2014). Figura 9 – Modos de obter sinal PPG: (a) Refletância; (b) Trans- mitância Fonte: adaptado de (YADAV; AYUB, 2014). Na Figura 10, podemos observar os padrões do sinal fotopletismográfico conforme in- terferências que possam vir a ocorrer. Figura 10 – Padrões da curva fotopletismográfica Fonte: adaptado de (PALACIOS et al., 2010). 32 3.2 AMPLIFICADORES Os primeiros amplificadores eram construídos com válvulas e surgiram na década de 40, com o propósito de realizar equações matemáticas eletronicamente. Por se tratar de sinais analógicos, para que a amplificação seja viável quando se utiliza sinais de grandezas físicas com baixa amplitude, é necessário a conversão para sinais elétricos, para posteriormente serem amplificados e digitalizados por conversores A/D (PERTENCE-JUNIOR, 2015). Ainda segundo (PERTENCE-JUNIOR, 2015), os amplificadores operacionais (ampop) possuem oito terminais (Figura 11), sendo eles: ∙ Ajustes de offset: pinos 1 e 5; ∙ Entrada inversora: pino 2; ∙ Entrada não inversora: pino 3; ∙ Alimentação negativa (-3V a -18V): pino 4; ∙ Alimentação positiva (+3V a +18V): pino 7; ∙ Saída: pino 6; ∙ Não possui nenhuma conexão, mas caso o ampop possua encapsulamento metálico, deve ser colocado no terra: pino 8. Figura 11 – Pinagem Amplificador Operacional 𝜇A741 e LF 351 Fonte: (PERTENCE-JUNIOR, 2015). Buscando o aperfeiçoamento das características apresentadas por um único ampop, te- mos os amplificadores de instrumentação (IA), são utilizados para medições de precisão, onde se necessita a ampliação de sinais com níveis reduzidos, ou seja, rejeitando tensões comuns e amplificando pequenas tensões de sinal. (DUNN, 2013). Conforme pode ser observado da Figura 12 e segundo (ALEXANDER; SADIKU, 2013, p. 174), "[...]um amplificador de instrumentação é formado, geralmente, por três amplificadores 33 operacionais e sete resistores", sendo possível determinar o ganho do sinal, rejeitando o sinal indesejado.Figura 12 – (a) Amplificador de instrumentação com uma resistência externa para ajus- tar o ganho; (b) Diagrama esquemático Fonte: (ALEXANDER; SADIKU, 2013). Devido ao seu largo emprego em sistemas de medição podemos citar alguns exemplos de aplicações dos IAs, como em sistemas de aquisições de sinais, instrumentação médica, am- plificadores termopares e isolamento (ALEXANDER; SADIKU, 2013). 3.3 FILTROS O condicionamento é necessário pois o processo de aquisição do sinal gera diversos ruí- dos, gerando a necessidade da utilização de filtros capazes de eliminá-los, para que se obtenha apenas os sinais desejados (NALON, 2009). Filtro é um circuito que permite a passagem de sinais com frequências desejadas e/ou elimina as indesejadas. Estes circuitos são classificados em passivos (sem amplificação, utili- zando apenas capacitores e indutores) e ativos (com amplificação) (MUSSOI, 2004). Ainda segundo (MUSSOI, 2004, p. 24), "os filtros são classificados quanto à tecnologia e componentes empregados na sua construção e quanto à função que deverá ser executada por ele num circuito eletrônico.". Basicamente os filtros se classificam em quatro tipos básicos: ∙ Passa-Baixas (PB): permite apenas a passagem de sinais de tensão e corrente abaixo da frequência de corte; 34 Figura 13 – Simbologia usual filtro passa-baixas Fonte: (MUSSOI, 2004). ∙ Passa-Altas (PA): permite apenas a passagem de sinais de tensão e corrente acima da frequência de corte; Figura 14 – Simbologia usual filtro passa-altas Fonte: (MUSSOI, 2004). ∙ Passa-Faixa (PF): permite apenas a passagem de sinais de tensão e corrente localizadas entre as duas frequências de corte; Figura 15 – Simbologia usual filtro passa-faixa Fonte: (MUSSOI, 2004). ∙ Rejeita-Faixa (RF): atenua a passagem de sinais de tensão e corrente presentes entre as duas frequências de corte. Figura 16 – Simbologia usual filtro rejeita-faixa Fonte: (MUSSOI, 2004). Para que um filtro possua qualidade é necessário existir uma boa seletividade, para que isso seja possível é preciso levar em conta a ordem do mesmo, através do número de compo- nentes reativos que o circuito apresenta (FRENZEL-JUNIOR, 2015). Por exemplo: 35 ∙ Filtro RC (resistores e capacitores): a qualidade do filtro ocorre devido ao número de capacitores; ∙ Filtro LC (Indutores e capacitores): a qualidade do filtro ocorre devido ao número de indutores e capacitores. Praticamente todos os sistemas eletrônicos possuem circuitos de filtros em sua estrutura. Entre a vasta variedade de aplicações, pode-se citar a presença acentuada de filtros no campo de telecomunicações, onde são aplicados em MODEMS, processamento da fala e seleção de canais em centrais telefônicas e na instrumentação industrial (PERTENCE-JUNIOR, 2015). 3.3.1 Filtros passivos O nome passivo surgiu do fato de que estes circuitos utilizam apenas componentes pas- sivos, como resistores, capacitores e indutores, não necessitando de fontes de energia externa para alimentação (MUSSOI, 2004). Quando um sinal é completamente atenuado, uma determinada frequência de corte leva o ganho à zero, onde encontramos uma curva ideal para um filtro, como demonstra a Figura 17 (a). Para se chegar o mais próximo desta curva ideal na prática, são utilizadas ordens de filtro como exemplificado na Figura 17 (b) (PINTO, 2004). Figura 17 – Filtro Passivo - (a) Curva ideal; (b) Curvas reais Fonte: adaptado de (MALVINO, 1997). Ainda segundo (PINTO, 2004) um sinal é considerado atenuado quando a amplitude atinge 70% do valor máximo do nível do sinal. Na Figura 18 podemos observar a estrutura básica de um circuito de um filtro passivo, onde Ve é a entrada, L1 é um indutor, C um capacitor, R1 um resistor e Vs a saída do circuito. 36 Figura 18 – Exemplo de circuito de um filtro passivo Fonte: (MUSSOI, 2004). 3.3.2 Filtros ativos Ao contrário dos filtros passivos, os filtros ativos realizam a filtragem e amplificação do sinal selecionado, com a utilização de amplificadores operacionais como elementos ativos. Este filtro também pode ser implementado com válvulas ou transistores, mas quando utilizado estes elementos ativos a qualidade torna-se insatisfatória, devido ao alto consumo de potência, alta margem de ruídos, baixo ganho, entre outros (PERTENCE-JUNIOR, 2015). A Figura 19 ilustra um exemplo de circuito para um filtro ativo, onde Ve é a entrada, R1 e R2 são resistores, C1 e C2 capacitores e Vs a saída do circuito. Figura 19 – Exemplo de circuito de um filtro ativo Fonte: adaptado de (PERTENCE-JUNIOR, 2015). O filtros ativos possuem várias vantagens em relação aos filtros passivos, conforme (PERTENCE-JUNIOR, 2015) podemos citar: ∙ Eliminação de indutores, os quais em baixas frequências são volumosos, pesados e caros; ∙ Facilidade de projetos de filtros complexos através da associação em cascata de estágios simples; 37 ∙ Possibilidade de se obter grande amplificação do sinal de entrada (ganho), principal- mente quando este for um sinal de nível muito baixo; ∙ Grande flexibilidade de projeto. Mas também apresentam desvantagem, como: ∙ Necessitam de fonte de alimentação; ∙ A resposta em frequência dos mesmos está limitada à capacidade de resposta dos am- pops utilizados; ∙ Não podem ser aplicados em sistema alta e média potência. Apesar das limitações citadas, os filtros ativos têm se tornado cada vez mais úteis no campo de eletrônica em geral.[...] Dentro da área de instrumentação, é interessante ressaltar a eletromedicina ou a bioeletrônica, na qual os equipa- mentos utilizados fazem grande uso dos filtros ativos, principalmente quando esses equipamentos devem operar em baixas frequências (PERTENCE-JUNIOR, 2015, p. 142). 3.4 MICROCONTROLADORES Microcontroladores são utilizados em várias aplicações rotineiras de interação com o usuário, principalmente onde exista a necessidade de controle automático sobre um determinado equipamento eletrônico. O microcontrolador é considerado um computador, só que em menor escala, que pos- sui diversas aplicações específicas como, por exemplo, controle de velocidade de um veículo ou temperatura de um refrigerador, situações que o diferem de um computador normal, que é utilizado para aplicações gerais (BRAIN, 2014). Independente do tamanho, tanto microcontroladores quanto computadores de mesa de- sempenham seus papéis com características em comum, segundo (BRAIN, 2014) são aspectos de um microcontrolador: ∙ Dotados de uma CPU (Unidade de Processamento Lógico) para executar programas; ∙ Embutidos no interior de algum outro dispositivo; ∙ Dedicados e executam um programa em específico armazenado na memória ROM; ∙ Dispositivos de baixa potência; ∙ Pequenos, baratos e robustos. 38 Microcontroladores são microcomputadores, que podem executar tarefas específicas, seu tamanho se torna sua principal vantagem, pois, consome muito menos energia, consequen- temente gerando um baixo custo. 3.4.1 Microcontroladores PIC A família dos microcontroladores PIC (Programmable Intelligent Computer) são fábri- cados pela Microchip Technology, entre suas principais características podemos citar: proces- samento de dados de 8, 16 e 32 bits em conjunto com arquitetura Harvard e instruções RISC, possuindo recursos de programação por Memória Flash, EEPROM e OTP. Ainda fazem parte da família, microcontroladores PIC com núcleos de processamento de 12, 14 e 16 bits, que trabalham em velocidades de 0 KHz a 48 MHz, contando com ciclo de instrução mínimo de 4 períodos de clock, possibilitando uma velocidade máxima de 10 MIPS e realizando o reconheci- mento de interrupções tanto externas como internas. Suas famílias são geralmente utilizadas nas áreas de: eletrônica de consumo, automação, robótica, instrumentação, eletrônica embarcada e periféricos de informática (VENTURINI, 2013). A figura 20 demonstra o microcontrolador do modelo PIC16F877A, que pode ser en- contrado em quatro encapsulamentos distintos. Figura 20 – Encapsulamentos do PIC16F877A Fonte: adaptadode (MICROCHIP, 2016). Segundo o Datasheet da (MICROCHIP, 2013) as principais características do microcon- trolador modelo PIC16F877A são: ∙ 368 bytes de memória RAM; ∙ 256 bytes de memória EEPROM; 39 ∙ 33 pinos de entrada e saída (I/O) configuráveis; ∙ 8 canais de 10-bit analógico-digital (A/D); ∙ 2 módulos CCP: Capture, Compare e PWM; ∙ Comunicação serial padrão RS232: SPI, I2C e USART; ∙ 3 timers (dois de 8-bit e um de 16-bit). Este modelo segundo (CORTELETTI, 2015) e como demonstrado na Figura 21, possui 40 pinos, sendo 33 deles de I/O que são agrupados em PORTs (PORTA, PORTB, PORTC, PORTD e PORTE) e sete que são utilizados para alimentação e controle do PIC, sendo: ∙ Pino 1: quando em 5V, está em condições de executar o programa. Em 0V (GND), causa um reset no PIC e quando em tensão de 13.4V, entra em modo gravação; ∙ Pinos 11 e 32: alimentação (máximo 5V); ∙ Pinos 12 e 31: referência (GND); ∙ Pinos 13 e 14: pinos reservados para o ressonador externo (cristal de clock). Figura 21 – Pinagem PIC16F877A Fonte: adaptado de (CORTELETTI, 2015). A arquitetura Harvard presente no PIC16F877A é composta por memórias de dados e programas com barramentos de dados separados, tornando possível a programação dos PORTs em registradores específicos. Tal arquitetura é demonstrada na Figura 22. 40 Figura 22 – Diagrama de blocos da arquitetura do PIC16F877A Fonte: adaptado de (MICROCHIP, 2013). 3.5 CONVERSÃO A/D A conversão analógica digital (A/D) nada mais é do que a transformação de um sinal originalmente analógico em um sinal equivalente digital. Segundo (SOUZA; LAVINIA, 2005), vivemos em um mundo analógico. Seja por uma temperatura ou um valor de tensão, quanto mais complexo o sistema, maior será o número de entradas analógicas que devem ser monitoradas pelo microcontrolador. Perante isso e levando em consideração a tecnologia atual, por mais digital que tudo pareça, é praticamente impossível não trabalhar com variáveis analógicas. Para melhor entendimento deste processo de conversão, pode-se fazer uso de um exem- plo prático, como sensores de temperatura. Normalmente a informação deste tipo de sensor é analógica, fornecida por uma tensão, para que esta possa ser analisada pelo microcontrolador há necessidade de um conversor analógico digital. De acordo com (SOUZA; LAVINIA, 2005), o menor passo, ou resolução, de um con- versor A/D é dado diretamente pelo seu número de bits e poder ser expresso pela Equação 41 3.1. 𝑟𝑒𝑠𝑜𝑙𝑢𝑐𝑎𝑜 = 𝑉𝑟𝑒𝑓 2𝑛 (3.1) Onde: 𝑉𝑟𝑒𝑓 : tensão de referência; n: número de bits do conversor. "Cada um dos n bits que compõem a informação digital representa uma parcela do valor da tensão analógica a ser convertida, de forma que a soma de todas as contribuições de cada um n bits forma a tensão de entrada do conversor A/D"(SOUZA; LAVINIA, 2005, p. 128). 3.6 LINGUAGENS DE PROGRAMAÇÃO O desenvolvimento tecnológico foi um dos grandes fatores que levaram a evolução das linguagens de programação, com o decorrer dos anos surgiram inúmeras novas linguagens, com as mais variadas características para suprir as necessidades tecnológicas, desde controlar usinas nucleares até disponibilizar jogos eletrônicos em telefones celulares (SEBESTA, 2011). Entre as linguagens de programação mais populares e utilizadas no mundo encontram-se JavaScript, Java, PHP, Python, C e C++ (REDMONK, 2016). 3.6.1 Linguagem C Em 1972 Dennis Ritchie criou a linguagem C, a fim de evitar o uso do Assembly para o desenvolvimento de um novo sistema operacional (o Unix), assim recorrendo a uma linguagem de alto nível, que mais tarde disseminou-se e passou a ser conhecida por vários programadores (DAMAS, 2007). Suas principais características são: ∙ Rapidez; ∙ Simplicidade; ∙ Portabilidade; ∙ Modularidade; ∙ Popularidade; ∙ Alto nível; ∙ Bibliotecas poderosas. 42 Ainda segundo (DAMAS, 2007) umas das grandes vantagens da linguagem C é que ela não se destina a nenhuma área específica, é considerada uma linguagem de propósito geral, se adaptando ao desenvolvimento de qualquer projeto, como sistemas operacionais, interfaces grá- ficas, processamento de registros, além disto pode ser utilizada para desenvolver compiladores de outras linguagens de programação, sendo considerada uma linguagem extremamente potente e flexível. Devido as características citadas acima, deu-se a escolha desta linguagem para a progra- mação do firmware do projeto proposto. 3.7 INTERFACE A interface é um importante critério de projeto no desenvolvimento de sistemas ao usuá- rio. Ela necessita seguir os princípios de usabilidade, possuindo enfoque na efetividade, efici- ência e satisfação. O aplicativo que serve como interface, foi desenvolvido com uma ferramenta especial, o App Inventor. Essa seção apresenta os aspectos do desenvolvimento desta aplicação para Android. 3.7.1 O ambiente App Inventor App Inventor for android é uma linguagem visual de programação para desenvolvimento de aplicativos para dispositivos móveis baseados em Android, criada conjuntamente pelo Goo- gle e MIT. O App Inventor possui um ambiente com inúmeras funcionalidades, seu diferencial é o desenvolvimento baseado em blocos, possibilitando aos usuários a criação de aplicações que incorporem serviços baseados na web, interação com redes sociais, leitura de códigos de barras, interação com sensores, entre outras (MIT, 2017). A criação de aplicativos com App Inventor é simples e intuitiva, não exigindo conhe- cimento avançado em programação. A programação de uma aplicação no App Inventor é ori- entada a eventos, ou seja, a atuação dos componentes depende, em sua maioria, de eventos provocados pela interação do usuário com o aplicativo. O desenvolvimento de uma aplicação nesta ferramenta é realizado através de duas ja- nelas: App Inventor Designer e Blocks Editor. A janela App Inventor Designer permite a partir do navegador, criar visualmente a interface do usuário, ao clicar e arrastar os componentes da Pallete, tais como, caixas de texto, figuras, botões, animações, sons, entre outros, para o Viewer (Figura 23). 43 Figura 23 – App Inventor: Janela Designer Fonte: O Autor. A janela Blocks Editor (Figura 24), possibilita controlar o comportamento dos compo- nentes definidos na App Inventor Designer, onde o usuário encontra blocos conectáveis, que podem ser eventos ou métodos, em uma interface do tipo arrastar e soltar. Estes blocos podem operar strings e listas, realizar operações matemáticas, ações de controle, entre outras funci- onalidades. Para a execução de testes do aplicativo, pode ser realizado diretamente em um dispositivo Android ou através do emulador que acompanha a ferramenta. Figura 24 – App Inventor: Janela Blocks Editor Fonte: O Autor. 44 4 METODOLOGIA Nesta seção são apresentadas as etapas necessárias para o desenvolvimento do projeto de medição não-invasivo para monitorização de glicose no sangue arterial, utilizando como base a pesquisa bibliográfica realizada na fundamentação teórica. O sistema proposto adota os princípios da dispersão da luz para mensurar a glicêmia, através do método de fotopletismografia por transmissão. A presente pesquisa é classificada como qualitativa, onde se busca explicar o porquê dos fatos, expondo o que convém ser feito. Também classifica-se quanto a sua natureza como experimental, pois tem por objetivo gerar conhecimentos para aplicação prática, buscando a solução de problemas específicos. 4.1 MÉTODOS O sistema implementado baseia-se na construção de um dispositivo de hardware para coletar, processar e converter sinais luminosos em elétricos, posteriormente enviar os dados obtidos via comunicação bluetooth a um aplicativo móvel, responsável por manter um histórico de medidas para acompanhamento e controle glicêmico. 4.1.1 Visão geral do sistema computacional Com a finalidade de detalhar o sistema proposto, é apresentada abaixo a modelagem do software e hardware através do diagrama de blocos (Figura25), exemplificando o funciona- mento do sistema proposto desde a coleta do sinal até o armazenamento das leituras. 45 Figura 25 – Diagrama de blocos Fonte: o autor. A Figura 26 demonstra a modelagem do diagrama de processos representando a sequên- cia de passos para a aquisição, condicionamento, amplificação e processamento do sinal (mi- crocontrolador), apresentando o resultado ao usuário em tempo real através de um aplicativo, permitindo armazenar as leituras glicêmicas para gerir de forma eficaz o controle da variação do nível de glicemia. Figura 26 – Diagrama de processos Fonte: o autor. 46 4.1.2 Visão geral do sistema embarcado A Figura 27 modela o diagrama de requisitos do sistema embarcado, expondo as ações que cada componente do hardware executa durante seu funcionamento, tais elementos serão descritos detalhadamente nas próximas seções. Figura 27 – Diagrama de requisitos sistema embarcado Fonte: o autor. 4.1.3 Aquisição do sinal A primeira etapa de qualquer sistema de aquisição consiste na coleta dos sinais. O sensor de glicemia proposto consiste de um LED infravermelho (IR) e um fotodetector. A luz emitida pelo LED é parcialmente refletida, transmitida, absorvida e dispersada pela pele, por outros tecidos e pelo sangue antes de atingir o fotodetector. A luz ambiente interfere na qualidade do sinal coletado, portanto a montagem do sensor deve ser realizada de tal forma a proteger o fotodetector da luminosidade do local. Conforme demonstra a Figura 28, o método escolhido para o sensor foi da fotopletis- mografia por transmissão, onde o fotodetector deve detectar a luz transmitida através do tecido. Para que isso seja possível, o LED deve estar alinhado com o fotodetector, garantindo uma maior detecção de energia luminosa. 47 Figura 28 – Estrutura básica do sensor transmissivo Fonte: o autor. Sensores transmissivos podem ser utilizados nos dedos, orelhas ou nariz do paciente. Neste projeto, optou-se por utilizar o sensor no dedo pela maior facilidade de projetar o dispo- sitivo e devido ao conforto para o uso pelo paciente. Na Figura 29 está representado o esquemático do circuito do sensor, onde: ∙ R1 e R2 são resistores; ∙ D1 e D2 fotodiodos; Figura 29 – Esquemático do circuito do sensor Fonte: o autor. A Figura 30 demonstra o circuito montado em uma matriz de contatos, utilizada para os testes antes de soldá-los na placa. 48 Figura 30 – Circuito do sensor na matriz de contatos Fonte: o autor. Houve a necessidade de confeccionar o circuito com uma estrutura fechada, pois a lumi- nosidade ambiente interfere diretamente na qualidade do sinal. A Figura 31 (a) ilustra o sensor e a Figura 31 (b) a sua estrutura fechada para proteção da luz ambiente. Figura 31 – (a) Sensor (b) Estrutura final do sensor Fonte: o autor. 49 4.1.4 Condicionamento e amplificação do sinal Nesta seção será detalhado o processo para realizar o condicionamento e amplificação do sinal coletado. 4.1.4.1 Filtros Com o sinal captado, a segunda etapa é o condicionamento do sinal. Utilizando a Equa- ção 4.1, calcula-se a frequência de corte, tornando possível a escolha dos resistores e capacitores adequados. 𝑓𝑐 = 1 2 × 𝜋 ×𝑅× 𝐶 (4.1) Onde: ∙ fc: frequência de corte; ∙ R: resistência (Ω); ∙ C: Capacitância (F). Como o sinal captado é demasiadamente baixo, foram realizadas pesquisas na literatura para se obter uma melhora no sinal, os filtros ideais para o projeto proposto são: ∙ Filtro Passa-Altas (PA): para eliminar a tensão constante que interfere na coleta de qualquer sinal, ou seja frequências em torno de 0 Hz. Utilizaram-se capacitores de 470 nF e resistores de 6.8 MΩ. Fazendo uso da equação 4.1, obteve-se a frequência de corte de 0,05 Hz. ∙ Dois Filtros Passa-Baixas (PB): com uma frequência de corte de 7 Hz, contendo capa- citores de 220 nF e resistores de 100 kΩ. A Figura 32 ilustra o circuito dos filtros passa-altas e baixas, que além dos componentes citados acima, utilizou-se também amplificadores operacionais UA741CN. 50 Figura 32 – Esquemático do circuito do condicionamento do sinal Fonte: o autor. Onde R1, R2, R3, R4, R5 e R6 são resistores e C1, C2, C3, C4, C5 e C6 capacitores. A Figura 33 demonstra o circuito confeccionado na placa. Figura 33 – Circuito do condicionamento do sinal na placa Fonte: o autor. 4.1.4.2 Amplificadores Posteriormente à filtragem, para ser utilizado o sinal necessita ser amplificado, pois o sinal captado é demasiadamente baixo. Diante disso, foi utilizado o amplificador de instrumen- tação INA128P, devido a sua alta rejeição de frequências de modo comum e a alta precisão com baixo consumo de energia. Neste componente, o valor de saída é definido pelo resistor de ganho, que é ligado nos pinos 1 e 8. Foi utilizado no desenvolvimento do projeto um resistor de 5.6kΩ, obtendo uma amplificação de 10 vezes, de acordo com a fórmula de ganho apresentada 51 na equação (4.2): 𝐺 = 1 + 50𝑘Ω 𝑅𝐺 (4.2) Onde: G: ganho; RG: resistor de ganho (Ω). A Figura 34 apresenta o circuito do amplificador. Onde R13 é o resistor de ganho, C9 e C10 são capacitores de 100nF para estabilizar a fonte do microcontrolador para não oscilar. Figura 34 – Esquemático do circuito do amplificador do sinal Fonte: o autor. A Figura 35 demonstra o circuito do amplificador confeccionado na matriz de contatos para fins de testes. 52 Figura 35 – Circuito do amplificador do sinal na matriz de contatos Fonte: o autor. A Figura 36 representa o circuito montado na placa. Figura 36 – Circuito do amplificador do sinal na placa Fonte: o autor. 4.1.5 Conversão analógica/digital Após filtrado e amplificado, o sinal precisa ser convertido de analógico para digital, este processo foi realizado com a utilização de um microcontrolador PIC 16F877A, pois possui um conversor A/D interno, tornando o processo simples e de baixo custo. Na Figura 37 são esboça- 53 dos os componentes básicos para que o microcontrolador da família PIC tenha um desempenho adequado. Figura 37 – Circuito de conversão analógico/digital na placa Fonte: o autor. Onde: 1. Regulador de tensão 7808SCT: para regular a tensão de entrada em 5 volts; 2. Botão de reset: conectado ao pino MCLR, que ao receber uma tensão baixa (0V) rei- nicia o firmware gravado no PIC; 3. Microcontrolador PIC 16F877A: para realizar a conversão A/D; 4. Cristal de 20MHz: conectado aos pinos XTAL1 e XTAL2, fornecendo o sinal de clock, juntamente com dois capacitores de 22pF, conforme informações do datasheet do PIC; 5. Módulo bluetooth: conectado aos pinos RX e TX para gravação do firmware no PIC e posterior transmissão de dados ao aplicativo; 6. Slot para conexão do módulo USB, caso necessário. A Figura 38 demonstra o esquemático do circuito desenvolvido para a montagem da placa do sistema analógico/digital. 54 Figura 38 – Esquemático do circuito de conversão analógico/digital Fonte: o autor. 4.1.6 Conversão do sinal para uma medida glicêmica Por ser uma área pouco explorada, existem poucos artigos e materiais sobre a técnica da fotopletismografia para a medição da glicêmia, e nestes poucos trabalhos, os pesquisadores costumam não revelar a fórmula de conversão para a unidade de medida mg/dL, pois a maioria acaba patenteando o protótipo. Dos diversos testes realizados com implementação das poucas fórmulas encontradas, a que apresentou maior eficácia, com baixos desvios de exatidão, pode ser visualizada na Equação 4.3. 𝑚𝑔/𝑑𝐿 = ((𝑙𝑜𝑔10(𝐶𝐴)) × 10) × 18 (4.3) Onde: CA: representa os sinais coletados, mas para tal, foi utilizado apenas os picos altos do sinal, que é o período que mais ocorre a transmissão de luminosidade; × 10: utilizado para transformar o valor em decimal; × 18: responsável por converter o resultado para a unidade de medida mg/dL. 55 O processo de conversão ocorre da seguinte maneira, após o microcontrolador converter os sinais de analógicos para digitais, os mesmos são analisados um a um, onde são identifica-dos os períodos que apresentam maior absorvância de luminosidade, os armazenando. Destes valores é realizada uma média, e então processado pela Equação 4.3, resultando na medida glicêmica. 4.1.7 Comunicação software/hardware A transmissão dos dados convertidos ocorre por meio de um módulo bluetooth HC-05, responsável por enviar o sinal digital a um aplicativo móvel. A escolha da tecnologia bluetooth para a transmissão de dados, deu-se devido ao baixo custo do módulo, além de serem equipa- mentos altamente funcionais, que proporcionam uma comunicação segura e livre de fios. As conexões físicas do módulo bluetooth podem ser visualizadas anteriormente na Fi- gura 36, onde contém um slot para receber a fixação do módulo. Para seu correto funcionamento é necessário que o segundo pino seja ligado ao VCC do circuito, o terceiro ao GND, e o quarto e quinto para a comunicação, que são conectados aos pinos RX e TX, respectivamente. 4.1.8 Fonte de energia Devido à grande quantidade de componentes, não foi possível alimentar todo o circuito com as mesmas baterias, existindo perda de energia durante o percurso. Diante este problema, o circuito foi dividido em duas partes, uma contendo o módulo de condicionamento (filtros e amplificador) e outra a conversão analógica/digital. A alimentação do sistema de condicionamento retratado na Figura 39, utiliza como fonte de energia duas baterias de 9V, as quais são ligadas de forma simétrica para gerarem +9 e -9V alimentando a parte analógica. 56 Figura 39 – Fonte Simétrica para o módulo de condicionamento Fonte: o autor. Para alimentação do módulo de conversão analógico/digital, foi utilizado apenas uma bateria de 9V, onde foi ligada a um regulador de tensão com saída de 5V para alimentação do microcontrolador e sensor. Na Figura 40 estão representadas as ligações da bateria com o esquemático da fonte reguladora de tensão de 5V utilizada para o sistema microcontrolado. Figura 40 – Fonte e Esquemático da Fonte Reguladora de Tensão Fonte: o autor. 4.1.9 Estrutura final do Hardware Após o detalhamento de confecção de cada item relatados nas seções anteriores, a Figura 41 demonstra o esquemático do circuito do hardware e a Figura 42 sua estrutura final. 57 Figura 41 – Esquemático do circuito do sistema de monitorização glicêmica Fonte: o autor. 58 Figura 42 – Hardware do sistema de medição Fonte: o autor. 4.1.10 Aplicativo móvel Para o correto monitoramento dos níveis glicêmicos é necessário manter um histórico das medidas realizadas, devido a isso, foi desenvolvido um aplicativo móvel, com a ferramenta App Inventor citada na seção 3.7.1. A Figura 43 representa quais as funcionalidades do aplicativo. Posteriormente o sinal ser digitalizado pelo hardware, o mesmo é enviado ao aplicativo pelo módulo bluetooth, onde o valor glicêmico é armazenado, juntamente com a data e horário da medida. Figura 43 – Diagrama de requisitos do aplicativo móvel Fonte: o autor. 59 O aplicativo é composto por uma tela inicial (Figura 44), onde o botão leitura de dados, direciona o usuário para a tela de leitura glicêmia. Figura 44 – Tela inicial aplicativo móvel Fonte: o autor. Na tela de leitura glicêmica (Figura 45), é possível buscar pelo bluetooth do hardware e conectar-se à ele, bem como coletar as medidas glicêmicas e salvá-las em um banco de dados local no smartphone. Figura 45 – Tela de leitura glicêmica Fonte: o autor. 60 Ainda na tela de leituras, existe o botão visualizar histórico, que possibilita verificar a lista com os relatos de medidas realizadas pelo usuário, o qual apresenta a data, hora e valor glicêmico, conforme Figura 46. Figura 46 – Tela de histórico glicêmico Fonte: o autor. 4.2 CRONOGRAMA Para elaboração do projeto do trabalho de conclusão de curso, montou-se o cronograma da Tabela 1, onde descreve-se as respectivas atividades para se atingir o objetivo geral proposto. Tabela 1 – Cronograma de atividades TCC Atividade Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Pesquisa bibliográfica X X X X Definição do tema X Orientação com professores X X X X X Elaboração da proposta do projeto X Definição dos objetivos X X Elaboração da fundamentação teórica X X X X Protocolação e apresentação X X Fonte: o autor. 61 4.3 RECURSOS E ORÇAMENTOS Para realização deste projeto foram necessários o uso de recursos de hardware e soft- ware, conforme descritos a seguir. 4.3.1 Recursos de hardware ∙ Matriz de contatos: utilizada para realização de testes devido facilidade de manuseio e baixo custo; ∙ Resistores, transistores, capacitores, reguladores de tensão, fotodiodos (componentes diversos): componentes eletrônicos que serão utilizadas para a montagem do circuito; ∙ Amplificador INA 128p: amplificador de instrumentação, que será utilizado para am- plificar o sinal; ∙ PIC 16F877A: microcontrolador para realizar a conversão do sinal de analógico para digital; ∙ Módulo bluetooth HC-05: utilizado para realizar a comunicação entre aplicativo e hard- ware. ∙ Multímetro: utilizado para medição da corrente e tensão elétrica, assim evitando danos aos componentes; ∙ Osciloscópio Digital 50MHz Minipa MO-2050: instrumento de medição de grandezas elétricas, utilizado para visualizar o sinal de saída do circuito. A Tabela 2 demonstra um custo estimado para a realização do projeto, sob responsabili- dade da autora do trabalho. Tabela 2 – Recursos de hardware Quantidade Dispositivo Custo (R$) 1 Circuito sensor 8,00 2 Circuito de filtro 20,00 1 Circuito amplificador 5,00 1 Placa de fenolite 8,50 1 Microcontrolador 15,00 1 Módulo bluetooth HC-05 28,88 Componentes Diversos - 10,00 Total 115,38 Fonte: o autor. 62 Um glicosímetro invasivo comercial de qualidade custa em média R$200,00, as tiras reagentes utilizadas nestes dispositivos para realizar a medição são vendidas normalmente em kits com 50 unidades, custando em torno de R$70,00 cada kit (ACCU-CHEK, 2017). Supondo que uma pessoa necessite realizar cinco medidas diárias, em um ano seriam gastos R$2555,00 somente em tiras. Realizando uma estimativa de preço do dispositivo desenvolvido, levando em conside- ração impostos, mão-de-obra, lucro, entre outros, o valor previsto seria de aproximadamente R$450,00, tal valor se torna baixo quando comparando-se ao gasto que o uso das tiras reagentes nos glicosímetros comerciais resultam ao paciente. 4.3.2 Recursos de software O recursos de software podem ser observados na Tabela 3. Tabela 3 – Recursos de software Software Finalidade Licença Gratuito LaTeX (MiKTex e TeXstudio) Elaboração do relatório Livre Sim Proteus Simulação de circuitos eletrônicos Proprietária Para testes Bizagi Modelagem de processos Proprietária Sim Astah Community Modelagem UML de projetos Proprietária Sim Mplab IDE Desenvolvimento firmware Proprietária Para testes APP Inventor Desenvolvimento de interfaces gráficas Livre Sim Serial Boot Loader AN1310 Gravação do firmware no PIC e testes A/D Livre Sim Fonte: o autor. 63 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Nesta seção serão apresentados os resultados dos testes realizados para verificar o cor- reto funcionamento do sistema de medição não-invasivo para monitorização da concentração de glicose no sangue arterial. 5.1 TESTES INDIVIDUAIS DE AQUISIÇÃO, CONDICIONAMENTO E AMPLIFICAÇÃO A confecção da placa foi realizada por circuito impresso juntamente com processo tér- mico, utilizando placa de fenolite com o cobre como material condutor, como demonstrado na Figura 47, dispensando o uso de muitos fios para interligar os componentes tornando o circuito mais compacto e organizado. Figura 47 – Placa de circuito impresso por processo térmico Fonte: o autor. Cada etapa realizada no desenvolvimento do sistema de medição não-invasivo para mo- nitorização da concentração de glicose no sangue arterial foi testada, para verificar o correto funcionamento, validando os sinais coletados com auxílio do osciloscópio. O primeiro item confeccionado para testes foi o sensor para a aquisição
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