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ARTIGO PATRÍCIA E MICHELE (2) (1) (1) (1)

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Curso de Pedagogia								 Artigo Original
A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA PERSPECTIVA DA INCLUSÃO SOCIAL
EDUCATION FOR YOUNG PEOPLE AND ADULTS FROM THE PERSPECTIVE OF SOCIAL INCLUSION
Michele Salvino dos Santos1, Patrícia de Souza Barbosa1Ana Paula de Araújo Rocha²
1 Acadêmicas do Curso de Pedagogia
2 Professora Especialista do Curso de Pedagogia
Resumo 
O presente artigo investigou a importância da EJA na perspectiva da inclusão social, haja vista que todos os alunos frequentadores desta modalidade de ensino, em algum momento de suas vidas, deixaram de estudar, ou foram impedidos, graças a grande desigualdade social existente no país, que obriga crianças e adolescentes a trabalhar cada vez mais cedo para auxiliar os pais em casa, bem como tiram-nos das escolas por situações variadas como más condições financeiras, abusos, violência doméstica e/ou desinteresse. Como metodologia, utilizou-se a pesquisa bibliográfica e como instrumento para a coleta de dados utilizou-se um questionário aplicado com duas professoras da Educação de Jovens e Adultos, que contribuíram de sobremaneira com a compreensão da temática e com o deslinde do presente artigo. Com a pesquisa, pôde-se observar que a inclusão quando observada do ponto de vista prático e pedagógico, alcança um patamar maior em relação às demais atividades, pois recupera a dignidade e insere as pessoas no mercado de trabalho, levando, assim, maior igualdade para todos.
Palavras-Chave: Inclusão; Desigualdade; Educação; Dignidade;
Abstract
This article investigated the importance of EJA in the perspective of social inclusion, given that all students attending this type of education, at some point in their lives, stopped studying, or were prevented, thanks to the great social inequality that exists in the country, which obliges children and adolescents to work at an earlier age to help their parents at home, as well as taking them out of schools due to situations such as poor financial conditions, abuse, domestic violence and / or disinterest. As a methodology, bibliographic research was used and as an instrument for data collection, a questionnaire was applied with two teachers of Youth and Adult Education, who contributed greatly to the understanding of the theme and to the delineation of this article. With the research, it was possible to observe that inclusion, when observed from a practical and pedagogical point of view, reaches a higher level in relation to other activities, as it recovers dignity and inserts people into the labor market, thus leading to greater equality for all.
Key-Words: Inclusion; Inequality; Education; Dignity;
Contato: michele3033ss@gmail.com patydesouzabarbosa@gmail.com anapaularocha@finom.edu.br 
Introdução
	A temática deste trabalho surgiu da vontade de conhecer um pouco mais da relação entre uma política de inclusão social e da atividade desenvolvida pelos professores da Educação de Jovens e Adultos, que trabalha com pessoas que não puderam receber educação formal na idade recomendada e que em uma fase diferente da vida terminam por buscar esta educação no EJA.
	Não é segredo que o Brasil é um país onde impera a desigualdade social e sempre as pessoas não tem as mesmas oportunidades, ficando, assim, para trás em vários aspectos da vida social, dentre eles a educação formal.
	A inclusão social não deve ser encarada apenas como um fator econômico, mas também do ponto de vista do conhecimento e da independência entre as pessoas, haja vista termos que considerar que a falta da formação básica é um fator de separação entre as pessoas, que são alocadas em classes sociais e acabam por estar em posição menos favorecida quando o assunto são oportunidades e políticas afirmativas como emprego e renda.
	Portanto, a realização desta pesquisa tem como objetivo compreender de que forma a Educação de Jovens e Adultos é utilizada como um meio de inclusão social de pessoas que não puderam, ao seu tempo, concluir a formação básica, e que, por este motivo, acabam por ser preteridos no mercado de trabalho, colocando-os em situação difícil quando se trata de salário, emprego e melhores condições de vida.
	Esta situação proporciona um excelente tema para debate e para a pesquisa, eis que trata não somente da vida escolar, mas da vida cotidiada, que é afetada pela falta do término dos estudos e que, se formulada uma política públlica de inclusão, significaria um grande expoente para a melhoria de vida de centenas de milhares de pessoas.
	A educação, portanto, seja em que idade for, é um divisor de águas na vida das pessoas, e a inclusão social por meio da Educação de Jovens e Adultos é de extrema relevância para os estudos pedagógicos que se leva em consideração na sala de aula do curso superior ao qual se submetem as autoras do presente artigo. 
	Para maior compreensão do tema, buscou-se valer da pesquisa bibliográfica, estudos de artigos e matérias em sites relacionados ao tema e a aplicação de questionários com professores da EJA a fim de se verificar in loco a experiência vivida por quem lida diariamente com a inclusão em sala de aula. 
	No segundo capítulo far-se-á uma correlação entre os meios de inclusão social e como o EJA tem sido utilizado para devolver a dignidade das pessoas que mais necessitam, aquelas que não tiveram acesso à educação formal no tempo devido. Para além disto, serãom apresentados os resultados obtidos com a pesquisa e as reflexões passadas pelas professoras que foram entrevistadas através do questionário elaborado para tal fim.
	Na conclusão, far-se-á um apanhado geral de tudo o que fora mencionado no presente artigo, para além tecer alguns comentários acerca do tema, que são conclusões obtidas a partir da conversação, pesquisa e criteriosas análises de pensamento a respeito da inclusão no EJA.
	Nesta esteira, tem-se que a inclusão social como política pública de inclusão social, funciona de forma bastante efetiva quando utilizada num campo fértil para tal, como é o caso do EJA. Neste artigo, abordar-se-á os aspectos relevantes desta construção social, abrindo as portas do tema para uma discussão ampla e democratizada.
	
Materiais e Métodos
A pesquisa utilizada foi o método de pesquisa bibliográfica. Utilizou-se conceitos estabelecidos pela pedagogia, trazendo uma série de autores que nos deram base para a formação deste artigo, mas também fomos a campo e entrevistamos duas professoras que trabalham no EJA para verificar como é a prática da teoria aqui apresentada.
Para o início do presente trabalho, buscou-se analisar a prática pedagógica e seus principais aspectos, sobretudo o da inclusão social, tão necessário para esta área da educação, haja vista que os alunos do EJA que possuem necessidades específicas não devem ser tratados como seres a parte do coletivo, mas parte do conjunto de cidadãos que estão em busca de dignidade e da conquista de um espaço em sociedade. 
Ferreira (2003, p. 19) ensina que “somente a partir de uma nova visão paradigmática de educação, de escola, de currículo, de sujeito, haverá condições de se estabelecer um debate sobre a educação de qualidade para todos”, dentro do contexto das escolas regulares, e também do EJA.
Maciel (2011) orienta que a Educação Popular é o resultado de uma cisão entre um movimento opressor e que trata os alunos com a sensibilidade necessária para ouvir a voz dos mesmos e unir o conhecimento dos mesmos com o conhecimento que é passado pelos professores, criando assim uma relação de respeito e confiança entre alunos e professores, para se formar ali um sistema cultural onde a sabedoria popular é importante e valorizada.
Senão, vejamos:
Esta relação – Educação popular e movimento popular – é viável por meio da ruptura radical de um modelo de escola burguesa latente na sociedade, a qual se compromete essencialmente com o modo de opressão capitalista. Esta, em resumo, configura a conservação e divisão das classes sob modo de inculcação da ideologia dominante e conformação de sujeitos passivos e amorfos na produção de valores de pseudoneutralidadeda escola, esta impulsionada a formar mão de obra para a reprodução do capital. (MACIEL, 2011, p. 16)
O tema é bastante recorrente, portanto, realizou-se uma pesquisa aprofundada acerca do mesmo em sites especializados na divulgação de artigos científicos como Scielo, Google Acadêmico, Jus Brasil, Jus Navigandi, estes dois últimos especificamente por se tratar também de matéria que adentra no campo do Direito, haja vista que fala-se de inclusão social pois os alunos do EJA possuem direito à educação formal, como qualquer outro cidadão.
Moreira (2013, p. 03) ainda preleciona que o EJA se abre como um espaço multifacetado que deve estar ligado especialmente a projetos educacionais para receber alunos de todas as idades, acolhendo a clientela de alunos deficientes que agora podem ir à escola, após anos de reclusão em suas casas ou instituições especializadas. 
Os termos utilizados para a presente pesquisa foram: “Inclusão Social na Educação, Jovens e Adultos: Inclusão Social, Práticas Pedagógicas Educativas para Jovens e Adultos, Direitos de Jovens e Adultos, Educação para Jovens e Adultos”.
Foram encontrados centenas de artigos, dos quais muitos tratavam basicamente do mesmo tema, não tendo grande diferença entre si. Foram separados 12 artigos que servirão de base para o presente artigo científico, os quais serão descritos no próximo tópico, trazendo em cada um deles o nome do autor e a conclusão à qual se chegou.
De acordo com o referencial teórico da presente pesquisa, observou-se que a inclusão é uma temática que aborda vários aspectos da vida cotidiana, haja vista que se deve considerar a EJA como uma política pública que eleva as pessoas a um patamar onde será possível lutar de igual para igual com outras pessoas, que receberam a educação básica de maneira regular.
Não há falar que é um diploma de ensino fundamental ou médio que garante às pessoas dignidade, todavia, há que se considerar que sendo o Brasil um país onde impera a desigualdade social, deve-se buscar, de todas as formas, levar às pessoas iguais condições de concorrência sobretudo no mercado de trabalho.
 Para que se pudesse compreender melhor a realidade do EJA, aplicou-se um questionário com duas professoras da instituição que trabalha a temática na cidade de Vazante/MG, para adentrar ainda mais fundo na questão da inclusão social a partir da política do EJA. 
A presente pesquisa também se fundou na pesquisa de campo, ressalvada a questão da pandemia mundial do COVID-19, por conta da qual as autoridades determinam o distanciamento social a fim de assegurar a segurança de todos. 
Foram aplicados questionários com as profissionais do EJA por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp, o que possibilitou que as mesmas pudessem contribuir com a presente pesquisa.
A seguir apresentamos o perfil das entrevistadas, para que assim, possa-se compreender o perfil de cada um dos sujeitos envolvidos, proporcionando, assim, uma maior compreensão da análise dos dados coletados.
Quadro 01: Perfil dos Professores Entrevistados
	Professor
	Idade
	Formação Acadêmica
	Tempo de serviço
	A
	50 anos
	Pedagogia
	22 anos
	B
	38 anos
	Pedagogia
	11 anos
Fonte: Questionário aplicado aos professores da EJA em Vazante/MG
Com relação ao tempo que exercem o magistério, observa-se que ambas as professoras lecionam há mais de dez anos, as idades das mesmas, porém, tem uma diferença de doze anos, o que garante uma diferença entre as realidades que as duas viveram conforme o avançar do tempo e a evolução do processo de ensino aprendizagem, sobretudo quando se refere a Educação de Jovens e Adultos. 
O questionário se mostrou bastante eficiente quando a aquisição de informações, haja vista que as perguntas foram bastante objetivas e tiveram respostas também bastante objetivas por parte das professoras, o que facilitou a análise dos dados e a obtenção de um parecer conclusivo acerca da temática discutida. 
Precisa-se considerar que os professores não foram qualificados pelos seus nomes, a fim de se evitar constrangimentos e resguardando o sigilo profissional e pessoal dos mesmos, o que facilitou até mesmo a participação dos professores no processo.
O questionário foi dividido em duas partes, a parte I tratou da percepção dos professores com relação à política de inclusão trazida pelo EJA e sobre como eles próprios tem lidado com a questão. A parte II tratou especificamente de como o governo local tem se valido da EJA como política de inclusão social, e se há investimentos para o melhoramento da estrutura física e metodológica aplicada.
Resultados
Feita a coleta de dados e organizadas as informações, todas elas foram analisadas e obtivemos alguns resultados relacionados, como assim passamos a descrever.
Questionário 1 – A Política da Educação de Jovens e Adultos
1 – Como você lida com alunos adultos dentro da sala de aula?
Prof. A – É possível lidar com tranquilidade, porque isso até facilita o aprendizado, eles lidam com diferentes realidades e se abrem para novas experiências e podem trocar ensinamentos sobre a vida e o cotidiano. Precisamos observar também que os alunos do EJA, por serem mais velhos, trazem uma experiência de vida que é muito válida e deve ser aproveitada por nós professores para que nós possamos aproveitar o que eles já sabem e incluir esses saberes no processo de ensino aprendizagem.
Prof. B - É muito importante, porque eles têm inclusive se ajudado dentro da sala de aula. Quando um vê que o outro tem dificuldade tanto com atividades avaliativas ou até mesmo com problemas familiares, todos se juntam para ajudar e tentar melhorar conjuntamente. 
	As duas professoras entrevistadas consideraram que o saber que os alunos do EJA trazem consigo são importantes para o melhor aproveitamento no processo de ensino aprendizagem. Destacaram ainda a importância de haver uma comunhão entre os alunos, uma espécie de sororidade, que garante a pacificidade e a boa convivência entre todos. 
Silva, Ferreira e Lopes (2011) ensinam que o contato social é importante entre os alunos que formam um grupo de pessoas que não se envergonham diante uns aos outros, pois o mundo letrado é preconceituoso com quem não atende as suas exigências, não se enquadra nos seus padrões.
Silva (2010) ainda orienta que “a socialização entre os alunos de diferentes faixas etárias em uma mesma sala de aula de EJA é uma situação que exige muita atenção~]ao por parte dos professores, direção e funcionários”. A autora se preocupa com a questão em relação a possíveis conflitos que podem ocorrer em decorrência da diferença de idades e opiniões dos alunos em sala de aula, assim sendo, faz-se necessário promover o diálogo entre a turma, incentivando o respeito e a boa convivência, ainda que não haja interação entre pessoas diferentes, ensinando, inclusive, que pode-se não concordar com uma pessoas, mas é necessário respeitá-la e respeitar seu espaço, sobretudo na sala de aula.
2 – Você considera que esta similaridade de idades facilita o processo de ensino aprendizagem?
Prof. A – Certamente que sim. Fico imaginando se não houvesse uma turma específica para pessoas com idades mais avançadas e que não tiveram a oportunidade de estudar na idade recomendada, onde os adultos tivessem que estudar com as crianças ou adolescentes, acredito que mais atrapalharia do que ajudaria. Eles estudando entre si facilita e ficam mais desinibidos para falar e se expressar.
Prof. B – No meu entender é a melhor característica da EJA, reunir alunos que tem idades similares e facilita sim o processo de ensino aprendizagem. A gente nota a diferença, até mesmo quando eu era professora do ensino fundamental, quando tinha um aluno mais velho na sala, quando repetia de ano infelizmente, ele ficava mais inibido. Na EJA isso muda completamente, eles têm até uma certa ligação, por serem de idades parecidas, então facilita sim, cria menos atrito e ainda garante que a gente consiga trabalhar melhor.
A similaridade das idades, portanto, é algo que facilita o processo de ensino aprendizagem, haja vista que se deveconsiderar que é preciso dar segurança e confiabilidade aos alunos para que demonstrem suas emoções e tenham, sobretudo, com relação à desinibição, que é um fator importante para que eles se sintam a vontade para poder questionar, esclarecer dúvidas e reconhecer dificuldades, o que não aconteceria se não estivessem em um ambiente confortável para os mesmos.
Silva (2010) orienta sobre o assunto, colocando em evidência um fator importante que é a confiança que o aluno tem no professor para orientá-lo em uma gama de problemas, muitas vezes até mesmo não relacionados ao programa pedagógico da EJA. 
Senão, vejamos:
O professor que trabalha com jovens e adultos, muitas vezes se depara com situações complexas, onde o aluno deposita no professor sua confiança para que lhe mostre a solução de seus problemas, às vezes até como mediador de sua paz. Por isso o professor de EJA deve estar preparado para situações distintas do ensino regular. Na EJA ele precisa interagir mais com o aluno, utilizando suas vivências em suas aulas, para ajudar o aluno, e aprender com ele também. (SILVA, 2010, p. 07)
Assim, o professor deve transitar entre as experiências que os alunos trazem, valendo-se da mesma para criar um ambiente favorável ao aprendizado.
3 – Você considera o seu trabalho como professora do EJA parte de um projeto de inclusão social?
Prof. A – Eu acho que sim. A gente recebe aqui alunos que não tem, muitas vezes, nenhuma expectativa de crescer. A gente recebe pessoas que não conseguem emprego porque não tem diploma de ensino fundamental ou médio, gente que as vezes nem sabe escrever o próprio nome, contar dinheiro, e que, infelizmente, não tem condições nem de socializar, por as vezes não conseguir ler uma notícia num jornal ou revista, usar redes sociais, entre outras coisas. Acho que sim, o nosso papel de professores do EJA é importante, porque nós ajudamos essas pessoas a conquistarem um patamar de vida diferente e crescer social, econômica e moralmente. Isso levanta a autoestima deles, é visível que tem uma mudança grande. Isso até me emociona.
Prof. B – Ah, isso com certeza, não tenho dúvida nenhuma de que nós professores da EJA somos parte de um projeto integrador, que busca sempre levar dignidade para as pessoas que mais precisam dela. No EJA tem alunos de todos os tipos e jeitos, e essa diferença nos encanta a cada dia, nos motiva a criar novos planos de aula, novas estratégias, dinâmicas e projetos. Cada dia que passa é uma vitória nova pra eles. Eles gostam de inovar, de escrever o nome direitinho, de saber contar, somar, subtrair e multiplicar. E eles tem feito isso na vida deles, e acho que até usando a diminuição em maior escala. Tem diminuído as dificuldades, diminuído o preconceito, as tristezas... A nossa salinha de aula também é um lugar de se livrar das tristezas. Tem muitos deles que moram sozinhos, não tem com quem conversar, ou falar das dificuldades da vida. Aqui eles falam, e incrivelmente há um afeto entre eles, uma ajuda, um companheirismo. O EJA é um capítulo especial da história da educação, muda mesmo a vida das pessoas.
O que pudemos perceber é que o professor é uma das partes mais importantes no desenvolvimento de um projeto de inclusão que é feito pelo intermédio do EJA, é o professor quem faz o chamado “meio de campo” entre o conhecimento e os alunos. São os professores que recebem os alunos que vão à escola após um dia cansativo de trabalho e que precisam estar aptos a acolher estes alunos com tranquilidade, respeito às suas diferenças e auxiliá-los em suas necessidades.
Inclusão é a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo. Costumo dizer que estar junto é se aglomerar no cinema, no ônibus e até na sala de aula com pessoas que não conhecemos. Já inclusão é estar com, é interagir com o outro. (MANTOAN, 2005, p. 24)
Neste sentido, a figura do professor ante à ideia de inclusão é o centro da melhoria de vida dos alunos que tentam na Educação de Jovens e Adultos uma oportunidade de crescimento social e profissional. 
O relato das professoras descritos acima demonstra que não há outra opção a não ser investir em políticas públicas educativas que visem a inclusão destas pessoas na sociedade de forma plena, não que elas já não estejam, mas colocando-as para competir com as outras em pé de igualdade quando tratamos do acesso ao conhecimento, que não lhes foi permitido na idade recomendada, por motivos diversos.
Questionário 2 – A Educação de Jovens e Adultos como Perspectiva de Inclusão Social
1 – Há investimentos em formação para os professores que trabalham com a EJA?
Prof. A – Investimento sim, o governo da cidade tem um interesse muito grande na Educação de Jovens e Adultos. Foi criado inclusive um espaço separado pra que essa modalidade da educação pudesse acontecer. Antes era no prédio de uma escola municipal, hoje já tem uma sede própria, com direção própria, equipamentos pedagógicos como computadores, Datashow, impressora, tudo organizado. Tem uma secretaria pra poder fazer a matrícula dos alunos, tudo arrumadinho. Acho que esse tem sido o diferencial, organização. A gente tem segurança de chegar lá pra dar aula e saber que a sala vai estar limpinha, que vai ter um lanche pros alunos quando for a hora do intervalo, as vezes muitos vem correndo depois que saem do trabalho e infelizmente não tem nem como se alimentar, aí tem esse incentivo que é bom. 
Prof. B – Há o investimento e ele é feito de várias maneiras muito eficazes. Além da estrutura física, tem a coordenação que sempre está à disposição pra ajudar a gente na elaboração das provas e trabalhos, e também tem o fato de que uma estrutura física condizente com a proposta que se tem de inclusão, incentiva muito mais o aluno a aprender. O material pedagógico que a gente tem permite que façamos aulas diversificadas com mais dinamismo e aumentando a capacidade de aprender dos nossos alunos. 
Percebe-se, portanto, que a instituição na qual as professoras entrevistadas lecionam, recebem grande incentivo e investimento por parte do governo local, o que significa haver um interesse no melhoramento da política de inclusão.
O investimento na Educação de Jovens e Adultos tem, além de tudo, o objetivo de garantir o comprometimento dos alunos com a escola, eis que um projeto no qual se investe, atrai mais a atenção do aluno e garante que não haja a temida evasão escolar. 
Neste sentido, é o que Silva (2010) ensina.
O aluno adolescente vem para a EJA com uma visão de que não precisa ter comprometimento com os estudos, onde a frequência não é cobrada, e que o curso é muito rápido. Mas ao iniciar seus estudos na EJA, encontra alunos adultos que lá estão para recuperar o seu conhecimento, então ele se depara com uma situação de convivência escolar diferente de sua realidade anterior, o que facilita a geração de conflitos e tensão a que se expõe por ser diferente, nas relações democráticas em que se promovem. por se achar construindo, criando, produzindo a cada passo a própria multiculturalidade que jamais estará pronta e acabada. (SILVA, 2010, p. 07)
Não há educação sem investimento, é necessário haver interesse por parte das administrações e Secretarias de Educação espalhadas pelos Municípios e Estados com vistas a fortalecer a política da educação de jovens e adultos, tornando-a um chamariz de transformação de vidas e inclusão social.
2 – Quais são os maiores desafios que vocês enfrentam nas salas de aula da Educação de Jovens e Adultos?
Prof. A – Principal desafio nosso é lidar com as diferenças na sala de aula. As vezes tem uns alunos que são mais estressados, ou que são mais lentos com relação ao aprendizado e que, por um motivo ou outro, não conseguem aprender com a mesma facilidadeque os demais. E como são adultos, as vezes tem também questões com as quais eles não concordam absolutamente, como política, por exemplo. Já tivemos casos de discussões grandes dentro da sala de aula, onde os alunos chegaram a ficar sem se falar por muito tempo, pois discutiram sobre seus candidatos nas eleições presidenciais. Essas diferenças acabam por criar um clima de animosidade quando acontecem, mas por sorte não é sempre que ocorre. 
Prof. B – Acho que a dificuldade maior é mesmo a diversidade que a gente tem dentro das turmas. Os alunos são muito diferentes uns dos outros e tem situações que realmente é necessário tratar eles de forma diferente, como por exemplo quando precisamos passar um conteúdo diferente para um aluno que não está conseguindo acompanhar a turma do mesmo jeito. Com relação às idades não vejo tanto problema, porque na maioria das vezes a diferença de idade é de no máximo dez anos entre o mais jovem e o mais velho, pelo menos na sala em que eu leciono. Acho que vai chegar um tempo em que haverá a necessidade de se ter mais professores dentro da mesma sala pra poder atender todos ao mesmo tempo, são necessidades diferentes, então precisa ter um atendimento diferenciado pra cada um.
Diante dos esclarecimentos prestados acima, podemos compreender que as diferenças são vistas pelos professores como uma das principais dificuldades a serem solucionadas dentro da sala de aula. Todavia, precisa-se compreender a diferença não apenas como uma dificuldade, mas como um desafio a ser superado.
Ser diferente tem muito a ver com identidade, cada pessoa possui um modo de ser e é isso que os torna únicos e capazes de compor uma sociedade plural e capaz de fugir do espectro dos padrões sociais, classes, castas e etc. 
A identidade, na escola inclusiva, não é compreendida pelos cânones tradicionais do seu entendimento; está voltada para o que é errante, transitório, e que se impõe sobre o perene, próprio do que ainda permeia as nossas identidades sociais, culturais e profissionais. Os alunos, na perspectiva de uma escola aberta às diferenças, não se reduzem mais a pessoas rotuladas por professores, especialistas, que os condenam a categorizações e hierarquizações, impostas por aparatos psicológicos e pedagógicos (testes, provas, coeficientes, padrões de desenvolvimento, de desempenho acadêmico, entre outros). Cada aluno é um ser, cuja complexidade não se mede de fora e que precisa de situações estimuladoras para que cresça e avance em todos os aspectos de sua personalidade, a partir de uma construção pessoal, que vai se definindo e transmutando a sua identidade, sem um contorno ao qual deverá se conter e tendo sempre ocasiões de desenvolver-se, criando e atualizando suas possibilidades (MANTOAN, 2005, p. 24)
Policarpo (2018) ainda trata a situação com maior profundidade. 
A nossa sociedade é formada por diversidades de culturas, crenças e de pessoas que necessitam de um acolhimento diferenciado. Para que a inclusão se concretize é necessário repensar a organização das escolas e colocar em prática o princípio da Lei constitucional de 1988 que garante educação para todos, com direito ao acesso e a permanência na escola. E preciso que o professor seja capaz de organizar as situações de aprendizagem levando em consideração a diversidade dos alunos, além de ter um planejamento flexível que se adapte de acordo com a necessidade e capacidade individual de cada aluno, incluindo a todos. O professor como mediador deverá promover um ensino igualitário e sem desigualdade, uma vez que a escola recebe estudantes que tiveram seus direitos violados ao longo da vida. (POLICARPO, 2018, p. 01)
Desta maneira, temos que as diferenças podem ser além de um desafio, uma potencialidade a ser trabalhada em sala de aula, visando garantir um ambiente plural, onde a troca de experiências favorecerá o aprendizado e fortalecerá os vínculos entre alunos díspares.
3 – Quais são as principais soluções que você pode sugerir para melhor se trabalhar a inclusão na Educação de Jovens e Adultos?
Prof. A – Acredito que a principal solução para que a Educação de Jovens e Adultos fortaleça a inclusão social é incentivar os alunos a querer crescer e não parar apenas com o diploma de ensino fundamental ou médio, eles precisam e podem ir além. Acho também que é preciso investir em políticas de auxílio à formação técnica superior e a entrada no mercado de trabalho, buscando parcerias com empresas de pequeno, médio ou grande porte para que quando saírem com a formação completa na EJA sejam capazes de estabelecer vínculo empregatício em repartições públicas ou privadas.
Prof. B – Acho que é ajudar os alunos a encontrarem melhores oportunidades, tanto de emprego como de continuidade de suas formações. Ouço muito meus alunos, sobretudo os mais velhos, dizerem que querem pegar o diploma para conseguir um emprego melhor, mas a gente sabe que nem sempre isso acontece, só o diploma do EJA não garante que a pessoa consiga um emprego melhor. Acho que se houvesse uma política pública cujo objetivo fosse auxiliar esses alunos a encontrar melhores colocações na vida profissional, seria de grande valia para conquistar mais dignidade e segurança.
As professoras entrevistadas consideraram que o pós-EJA deve ser colocado como prioridade na promoção de políticas públicas de inclusão. Para elas, não basta apenas criar um modelo de escola que seja capaz de incluir em sua estrutura física pessoas que não puderam concluir seus estudos no tempo devido, mas de ajudar essas pessoas a encontrar um caminho mais prático de vida, como na busca objetiva de um emprego e/ou melhores colocações no mercado de trabalho.
Conclusão
A EJA, como dissemos, nasceu como uma oportunidade de se pagar uma dívida alta e jamais paga com uma parcela da sociedade que sempre viveu à margem de projetos políticos e pedagógicos, que são os jovens e adultos que por um motivo ou outro, não puderam ter acesso à escola no tempo adequado.
A realidade econômica brasileira fez com que centenas de milhares de crianças tivessem de começar a trabalhar cedo demais, a pobreza que muitas vezes não permite que os pais tenham condições de adquirir material escolar, ou mesmo enviar os filhos à escola por conta da distância e caminhos perigosos, fez e faz com que mais e mais pessoas não tenham acesso a programas educacionais regulares.
Como se pôde perceber de tudo o que fora dito até então, a educação não é uma tarefa fácil ou simples, exige grandes esforços de várias partes da sociedade, desde os governos, em todas as esferas, como das direções das escolas, coordenações pedagógicas, professores, alunos e as comunidades nas quais a EJA está inserida.
Siems (2012, p. 07) afirma que o conjunto desses jovens que trazem seu percurso formativo as marcas de tantas situações de exclusão social, vamos encontrar a presença, como em outros campos da vida social, de pessoas jovens e adultas com deficiência, que buscam no acesso à educação, meios de dar continuidade ao seu desenvolvimento humano e social. 
Por assim dizer, fica claro que não é apenas oferecer a vaga para que o aluno possa estudar, mas se deve também criar condições de que ele se mantenha frequente na escola, não permitindo que haja a culpabilização do aluno pelo seu fracasso escolar, mas colocando a escola como grande responsável pela manutenção do mesmo no ambiente escolar, evitando a consequente evasão que é a marca de uma educação básica precária e pouco inclusiva.
Todavia, as políticas de inclusão têm encontrado alguns desafios, para não dizer barreiras, no sentido de que existe pouca formação para professores que seja gratuita ou fornecida pelos órgãos públicos e isso, infelizmente leva a crer que a inclusão que é proposta pelas políticas públicas de educação inclusiva não tem, de fato, saído do papel, ficando apenas no mundo das ideias.
Com as entrevistas realizadas com as professoras que lecionam na Educação de Jovens e Adultos na cidade de Vazante/MG, pôde-se perceber que há um esforço grande, por parte de todos os envolvidosna temática para que a EJA se torne um projeto pleno de inclusão social e renovação das esperanças das pessoas que dela tanto necessitam.
Cabe ressaltar que é um projeto de vida, que abarca muitas pessoas e que depende de investimentos sérios e altos, para que, além de uma boa estrutura física e pedagógica, os alunos possam ter, conforme bem recomendado pelas professoras no item três do questionário aplicado, estes alunos tenham também amparo após a formação, podendo ser auxiliados na busca de um melhor emprego, por exemplo.
Referências
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POLICARPO, Elaine Aparecida. O Papel do Professor na Inclusão de Alunos com Deficiência na EJA II. Universidade de Taubaté/UNITAU. Disponível em: https://conefea.univap.br/soac/index.php/conefea/iconefea/paper/viewFile/77/79. Acesso em 20 de setembro de 2020.
SIEMS, Maria Edith Romano. Educação de Jovens e Adultos com Deficiência: Saberes e Caminhos em Construção. Disponível em: https://www.ufjf.br/revistaedufoco/files/2012/08/Texton-031.pdf. Acesso em 22 de outubro de 2020.
SILVA, Rosei Margarete Dranka de Paula e. A Diversidade de Idades entre alunos na mesma sala de aula do Centro de Educação de Jovens e Adultos – CEJA de Canoinhas. Disponível em: https://repositorio.ifsc.edu.br/bitstream/handle/123456789/463/A%20DIVERSIDADE%20DE%20IDADES%20ENTRE%20ALUNOS.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em 20 de outubro de 2020.

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