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MISKOLCI RESUMO 1

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RESUMO DO LIVRO: MISKOLCI, Richard. Marcas da diferença no ensino escolar (org.). São 
Carlos: EDUFACAR, 2010. 
O livro propõe que a escola não se apóie na ideia de uma diferença ou diferenças, e 
nem mesmo que seja indiferente aos territórios, às origens, à cultura das famílias. É 
o princípio da diferença que está na raiz da nova proposta da escola. Os assuntos 
tratados estão na chave do que poderíamos chamar de temas da diferença. Cultura, 
gênero, sexualidade e raça são temáticas contemporâneas, e isso significa dizer que 
são de uma complexidade teórica e prática inaudita, pois fazem parte do presente e 
da vida cotidiana de cada um. Na medida em que tais temáticas são contemporâneas, 
elas trazem as luzes e as sombras de uma época. Diante desta realidade, o livro nos 
desafia a nos misturarmos aos marcados como estranhos para criar uma escola 
diferente e uma outra educação. 
CAPÍTULO -A CULTURA E A ESCOLA- Foi escrito por Elizabeth Macedo. 
O objetivo do capítulo é sensibilizar educadores e educadoras para que percebam a 
diferença como constitutiva da sociedade e da escola contemporânea, permitindo-
lhes desconstruir discursos homogeneizadores que estão na base dos preconceitos. 
Elizabeth Macedo pergunta CULTURA OU CULTURAS? Vamos entender esse 
dilema. 
Cultura - uma definição inicial. A cultura refere-se à ação direta do ser humano, em 
que permite a identificação com o outro, a partilha de um repertório comum de 
significados – “lugar simbólico”. 
Mudanças que trouxeram impacto sobre a cultura: 
 Globalização: com o enfraquecimento de fronteiras nacionais e da soberania 
nacional 
 Mudanças tecnológicas: favorecimento da movimentação física dos sujeitos e 
contatos virtuais com maior contato virtual garantidos pelos meios de 
comunicação. 
Têm se apontado os efeitos da globalização para entender o pipocar das diferenças 
dentro do mundo globalizado .Culturas de fronteiras , ampliação do contato 
intercultural, criação de novas redes de solidariedade. Ampliação do espaço público 
para além das fronteiras. Sociedade mais plural. 
Elizabeth Macedo - Cultura e identidade 
 ◆ Sujeitos constroem sua identidade no interior da cultura; ◆ A identidade 
nacional que parecia dada foi substituída por um conjunto de identidades; ◆ 
Desconstruir culturas – mostrar as arbitrariedades, superar preconceitos ; ◆ 
Entender como sujeitos são reduzidos a estereótipos. 
Elizabeth Macedo - Escola 
Escola para tratar a diversidade cultural contemporânea, deve conceber a cultura 
como fonte de conteúdos, procedimentos e valores. ◆ Diversidade e diferença – 
guardam uma distância muito grande ◆ Diversidade – vários repertórios que 
convivem, construindo a ideia de uma pluralidade ou diversidade de culturas. ◆ 
Diferença – implica ver a cultura como processo de significação em que sentidos são 
criados a partir da hibridização de fragmentos de outros sentidos, também eles 
híbridos (HÍBRIDO, HIBRIDEZ-Característica daquilo que provém de naturezas 
distintas). 
Elizabeth Macedo - Diferença 
◆ Diferença é aquilo que não está dado e não é possível prever; ◆ Dessa forma, 
toda escola, parece ser um espaço em que a diferença emerge o tempo todo; ◆ 
Assim, a escola, ao invés de ensinar a verdade, precisa ensinar a dela duvidar. 
Elizabeth Macedo, pergunta:O que fazer em sala de aula na segunda-feira?É preciso 
desconstruir a nós mesmos e as nossas crenças, entre as quais, mas não apenas, 
crenças em relação ao que precisa ser ensinado. 
________________________________- 
 
Iara Beleli é outra autora que a parece no livro de Miskolci e vai tratar sobre 
GÊNERO. 
Esse capítulo fornece elementos para refletir sobre as convenções de gênero a partir 
de casos concretos, questionando a questão da identidade apresentada como um 
modelo a ser seguido, ancorada em marcas corporais. Pretende auxiliar na 
compreensão de gênero, que perpassa as relações entre alunos e entre os 
profissionais da educação. 
O objetivo é provocar discussões sobre as construções de gênero, problematizando a 
“naturalização”; Gênero é uma marca de diferenciação social que incide em 
quaisquer relação; É preciso refletir sobre como as diferenças de gênero podem 
criar conflitos entre alunos e alunas , entre alunos e professores e entre professores e 
família. 
Iara Beleli explica que Gênero é um conceito que nasce das discussões do 
movimento feminista. A história do feminismo no Brasil foi contada de várias 
maneiras e o feminismo influenciou transformações sociais, econômicas e colocou 
em questão os valores culturais. 
Ao tratar sobre as Relações de gênero na escola, Iara Beleli aponta que as relações 
de gênero entre as pessoas são pautadas por diferenças de gênero que se reproduzem 
na escola como lócus de formação dos sujeitos sociais; ◆ Redescobrir os 
significados implica rever os conteúdos didáticos e a própria linguagem utilizada 
pelos educadores, que contribuem diretamente para a formação do “eu social” da 
criança. ◆ Na escola, as marcas de gênero delineiam as atividades, e mesmo que os 
educadores não estimulem a separação, meninos e meninas mantêm-se separados, 
marcando também um espaço diferenciado. 
Iara Beleti- Gênero na sala de aula. As diferenças de gênero provocam desconforto 
nas relações com os alunos; ◆ A responsabilidade pela educação infantil, atribuída 
ora à família, ora à escola, é um fator que tensiona as relações entre a criança, a 
escola e a família, complexifica muitas vezes a questão da identidade; ◆ Segundo a 
autora “a incoerência entre sexo e gênero [...] é questionada e, na maioria dos casos, 
elege esse sujeito fora das normas como um “outro”. 
“Se as marcas corporais indicam condutas que “devem” ser obedecidas, desafiar as 
convenções, romper com a suposta normalidade de gênero, desloca os padrões 
pensados como hegemônicos de masculinidade e feminilidade. Esse deslocamento 
instaura o desconforto na medida em que surpreende os olhares para um corpo que 
não segue regras de vestimenta trejeitos traçados pelo pertencimento a um 
determinado sexo, quebrando estereótipos (BELELI, 2014).” 
“Os significados do corpo podem estar ocultados pela necessidade de certezas, 
quando a escola deveria ser o lócus que oferecesse recursos materiais e humanos 
para que as crianças, desde pequenas, pudessem fazer suas próprias escolhas. Ao 
invés de cercear comportamentos percebidos como “inadequados” ou silenciar ante 
os comentários jocosos, seria muito mais interessante se esses comportamentos 
fossem abertamente discutidos (BELELI, 2014).” “ [...] a escola deve proporcionar 
condições adequadas para um desenvolvimento infantil autônomo (FARIA, 2002 
apud BELELI, 2014). [...] desde a infância, os sujeitos são ensinados a se enquadrar 
em padrões normativos, demarcando fronteiras do que é esperado ou não de uma 
menina ou menino. Esses corpos são vigiados pela sociedade, de forma a não 
apresentar ambiguidades e se ajustar a comportamentos percebidos como “normais”. 
Iara Beleli no subtítulo Gênero na mídia, vai tratar sobre Diferenças marcadas na 
publicidade. 
Ao evocar as diferenças de sexo, a mídia, na maioria das vezes, reforça concepções 
percebidas como tradicionais, mas essas convenções não são estáticas e fixas: é 
possível modificá-las de forma a produzir deslocamentos. ◆ Algumas expectativas 
sobre comportamento das crianças são acionadas mesmo antes do seu nascimento. 
◆ “juventude, pele clara e corpos esbeltos, particularmente para as mulheres, são 
parte de uma ordem disciplinadora dos corpos (BORDO, 1993 apud BELELI, 2014), 
o que chamo aqui de “ditadura da estética”, todo o tempo, 
insuflada(RECOMENDADA, ORIENTADA) pela propaganda”. As mídias invadem 
as vidas das crianças por serem consideradas uma forma de entretenimento ou 
mesmo um mero passatempo, sugerindo condutas morais pela postura dos 
personagens de desenhos animados , determinando formas de feminilidades e demasculinidades, comportamentos, gestos e posturas são mostrados como 
representações “ideais” de corpos e de aparências. 
 
SEXUALIDADE E ORIENTAÇÃO SEXUAL CAPÍTULO DO LIVRO ESCRITO 
POR - Richard Miskolci. 
O capítulo fornece elementos para discutir convenções de maneira a promover o 
respeito às diferenças, busca incentivar um olhar crítico sobre a forma como nossa 
sociedade ainda impõe barreiras à expressão de identidades e coíbe o desejo criando 
desigualdades pouco reconhecidas, podendo a escola se tornar grande aliada numa 
visão mais aberta e democrática no tocante à vida sexual e afetiva. 
O objetivo de Miskolci com o capítulo é sensibilizar educadores e educadoras para 
uma esfera da vida social: a sexualidade. ◆ Compreender como o senso comum 
tenta impor um padrão único . ◆ Incluir as pessoas no ambiente escolar é uma 
questão de ética e cidadania, devendo ser debatidas as convenções culturais e 
históricas sobre a sexualidade que passam por uma mudança profunda. 
No subtítulo, A sexualidade e o espaço escolar, Miskolci pergunta: A escola é 
sexualmente neutra? 
A escola e a sala de aula, durante muito tempo, foram encaradas como locais 
sexualmente neutros. ◆ Na escola se infere que todos se interessem ou se 
interessarão por pessoas do sexo oposto e que suas práticas sexuais seguirão um 
padrão reprodutivo. ◆ O silêncio diante da emergência de um sexualidade diferente, 
como tentativa de ignorar são ações que denotam cumplicidade com valores e 
padrão de comportamentos hegemônicos. 
 “A prática educativa fincada na suposta invisibilidade da sexualidade e no silêncio 
sobre as formas diferentes de amar é homofóbica, pois pressupõe que ignorar a 
existência de práticas sexuais entre pessoas do mesmo sexo levaria os jovens a optar 
pela heterossexualidade. [...] A neutralidade se fundava no objetivo de assumir uma 
só via para todos, ou seja, a neutralidade não passava de heterossexualidade 
compulsória disfarçada” (MISKOLCI, 2014). 
No subtítulo: Sobre a violência e preconceito, Miskolci aponta que: 
A violência contra gays, lésbicas, travestis e transexuais é muito alta no Brasil. ◆ 
Racismo e homofobia – enquanto o racismo é considerado crime inafiançável, a 
homofobia infelizmente ainda é algo aceito socialmente. ◆ Ocorrem casos de 
intolerância, que vão desde violência verbal até violência física e abusos sexuais. 
No subtítulo -Práticas educativas comprometidas com o respeito às diferenças. 
Miskolci pergunta: O que a escola e os educadores podem fazer? 
Quebrar o silêncio é um bom começo. ◆ Não restringir as questões da sexualidade à 
educação sexual voltada para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. 
◆ O educador pode abordar questões de sexualidade a partir de situações do dia a 
dia na sala de aula, de assuntos em pauta na mídia ou de discussões provocadas pela 
exibição de um filme ou leitura de um romance. ◆ O debate dirigido pelo (a) 
professor (a) deve buscar equilíbrio de posições sem cair no perspectivismo. ◆ O 
cuidado com a linguagem caminha junto com o respeito à diversidade. 
Na parte sobre Sexualidade, Miskolci vai falar sobre uma breve história da 
sexualidade. 
A sexualidade compreende a forma como as pessoas se relacionam, desejam, amam 
e expressam afeto e organizam boa parte de suas vidas. ◆ Ela criada e moldada pelo 
convívio social, em espaços públicos diversos, entre eles a educação. ◆ É na escola 
em que a maioria de nós aprende o que é socialmente prescrito como forma 
reconhecida como amor e também o que é rejeitado como inaceitável. ◆ Portanto, é 
necessário distanciar-se do senso comum e das convenções para refletir de forma 
mais crítica e esclarecida. Somente a partir do século XVII que emergiu a forma 
contemporânea da sexualidade. ◆ Século XIX, as mulheres foram confinadas ao lar, 
compreendidas como destinadas ao casamento e à maternidade. ◆ Havia aquelas 
que “escapavam” aos padrões impostos e expressavam dissidência com relação ao 
esperado. ◆ Final do século XIX, ocorreu a psiquiatrização dos prazeres 
“perversos”, sendo que a medicina classificava como patológicos os 
comportamentos, identidades e desejos que não confluíam para criar mulheres e 
homens conformados à ordem sexual da época. A heterossexualidade naturalizou-se 
a ponto de ser encarada pela maioria das pessoas como a própria ordem natural do 
sexo, enquanto a homossexualidade tornou-se princípio da diferença sexual e social. 
◆ A invenção do termo homossexual deu-se em uma carta-protesto do jornalista e 
escritor austro-hungaro Karl Maria Kertbeny (1824-1882) contra a provável 
criminalização das relações entre pessoas do mesmo sexo nos estados alemães do 
Norte, em 1869. ◆ Hoje constatamos que o que o senso comum considera natural e 
imutável, é, na realidade, resultado de um longo processo histórico em que se 
privilegiam identidades e tipos de relacionamento em detrimento de outros. ◆ A 
sexualidade não permite mais classificações dualistas claras e definitivas. As 
identidades sexuais, que já pareceram tão sólidas, hoje se desmancham no ar. 
Na parte sobre Orientação sexual, Miskolci trata sobre quando gênero e sexualidade 
se (des) encontram na sala de aula. 
“Quando menos se espera aparece alguém que destoa da maioria”. ◆ O processo 
educativo tenta restringir as possibilidades reforçando visões hegemônicas, 
contribuindo para intensificar a crença na naturalidade dos atributos socialmente 
criados. ◆ A desconfiança do que é considerado “natural” contribui para evitar a 
reprodução escolar dos preconceitos. ◆ É alta a evasão escolar de meninas e 
meninos que não aceitam as imposições sociais de gênero, e isso demonstra a 
incapacidade da escola de lidar com as diferenças. 
A escola tem o dever de não discriminar, acolhendo a todos dentro do espaço 
educativo, reconhecer a multiplicidade das experiências de vida. Apenas um espaço 
plural, fundado no respeito às diferenças contribuirá para a formação plena de 
cidadãos e cidadãs. 
No subtítulo - Desejo e solidão, Miskolci aponta que : 
 ◆ O espaço escolar se revela particularmente árido, onde são reafirmadas normas 
que incentivam o isolamento e relegam indivíduos à solidão. ◆ O 
heterossexualismo institucional nos insere num binário em que a “política da 
vergonha” se faz presente, que se manifesta na recusa cognitiva das relações entre 
pessoas do mesmo sexo. 
 
O capítulo-RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS é organizado por Valter Roberto 
Silvério (Org.). 
Esse capítulo objetiva discutir questões que envolvem as diferenças marcadas pelo 
processo de racialização e colonização vivenciado em nosso país, tendo em vista a 
necessidade de problematização no contexto do sistema educacional. 
As relações étnico-raciais e a educação. A escola é racialmente neutra? 
◆ A escola acaba se constituindo por um espaço em que ocorrem debates que 
problematizam padrões atuantes na construção de práticas discriminatórias. Essas 
práticas materializam processos discriminatórios direcionados a indivíduos que 
portam as marcas socialmente construídas da diferença. ◆ O modelo educacional 
pode ser compreendido como veículo de produção, reprodução e perpetuação de 
normas sociais e processos discriminatórios. O padrão socialmente construído 
enquanto “normal” se fundamenta na tríade gênero, sexualidade e raça, que apontam 
para um padrão almejado, cuja formação resulta, muitas vezes, em preconceitos e 
discriminações. ◆ Problematizar o espaço escolar permite a identificação dos 
sujeitos por meio de práticas cotidianas e pedagógicas vivenciadas na escola, seja no 
ambiente escolar, currículo ou materiais didáticos. 
Vai ser destacado que no século XXI – com a expansão dos direitos, decorrentes das 
transformações nas concepções de liberdade, inseriu-se a questão da diferença 
enquanto enfrentamento da condição de subalternidade, ou seja, a diferença passou a 
ser politizada visando ao reconhecimento social. 
No Subtítulo-Aexperiência da diferença no cotidiano escolar, é destacado que : 
 ◆ È Importante desconstruir a ideia de que a escola seja entidade separada do 
restante da sociedade e imune aos seus estereótipos e processos de marginalização. 
◆ “Essa imagem imaculada do ambiente escolar, além de ser mentirosa, é perigosa, 
pois permite a perpetuação dos dispositivos que discriminam simbólica e 
materialmente as pessoas. Também é improdutiva porque cerceia o potencial 
transformador e inventivo da educação” (SILVÉRIO, 145). “A escola é uma 
instituição que compõe a sociedade, assim como a família, a mídia, a religião, entre 
outras. Portanto os valores e as relações hierárquicas e socialmente vigentes fazem 
parte do cotidiano escolar de tal forma que podem ser facilmente neutralizadas, ou 
seja, serem percebidas e reproduzidas acriticamente, sem questionamentos. Neste 
contexto, o (a) professor (a) é um elemento de extrema importância, pois é, ao 
mesmo tempo, sujeito e agente de tais valorações” (SILVÉRIO, P. 146). “Caso a 
escola não reveja seus currículos e suas metodologias de forma a identificar e 
desconstruir os processos de composição e perpetuação do estabelecido e do 
diferente, presentes em sua rotina institucional, nós, educadores (as), 
permaneceremos cúmplices de situações degradantes que envolvem não apenas 
nossos (as) estudantes, mas também nosso (as) colegas de trabalho e funcionários 
(as) dos locais onde trabalhamos” (SILVÉRIO, p. 147). A escola é um campo de 
grande transformação social, pois é onde pessoas passam boa parte do tempo de suas 
vidas convivendo com diferenças e onde há a oportunidade de adquirir 
conhecimentos que possibilitem a problematização e a desconstrução de 
preconceitos naturalizados (que foram naturalizados, mas que não são naturais e por 
isso podem ser desconstruídos). 
FIM DO RESUMO

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