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Império Romano: História e Governo

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IMPÉRIO ROMANO 
HISTÓRIA GERAL
Por Dilson Moreira 
O Império Romano foi a terceira fase da civilização romana,
segundo a periodização utilizada pelos historiadores. Esse
período iniciou-se em 27 a.C., com a coroação de Otávio como
imperador de Roma, e estendeu-se até 476 d.C., quando o último
imperador, Rômulo Augusto, foi destituído do trono. Tal evento
colocou fim no império em sua porção ocidental.
Esse é o período da centralização do poder em Roma, pois
ele migrou das mãos do Senado para a figura do imperador.
O império é a fase do auge dessa civilização, pois ela havia
alcançado seu máximo domínio territorial, mas, eventualmente,
sua crise ocorreu, levando ao seu fim, no século V d.C.
Crise da república
A fase do Império Romano foi consequência da crise que Roma
enfrentou nos dois últimos séculos da república. Essa crise
deu-se por meio de convulsões sociais, revoltas de escravos,
mas, sobretudo, por disputas de poder que levaram
a guerras civis. A expansão territorial que Roma passou
durante o período republicano resultou no surgimento de novas
demandas políticas que reivindicavam certa centralização do
poder.
A historiadora Mary Beard|1| afirma que a expansão territorial
romana, por meio da anexação territorial das províncias (termo
usado para definir as regiões conquistadas), criou debates
no interior da política romana a respeito da administração do
império e questões sobre o poder partilhado. Assim o poder que
estava nas mãos do Senado passou a ser questionado.
Além disso, os generais romanos que participavam das
campanhas de conquista de Roma ganharam popularidade
e passaram a ter ambições políticas. Isso está relacionado
principalmente com a profissionalização dos exércitos em
Roma no século II a.C., o que contribuiu para que os militares se
tornassem figuras realmente importantes.
A disputa pelo poder gerou guerras que desestabilizaram o
império, fazendo com que fossem criados os triunviratos como
forma de conter as disputas. Existiram dois triunviratos no final
da República Romana, e ambos resultaram em novas guerras,
novamente pelo controle do poder. O primeiro triunvirato viu
Júlio César emergir como vencedor da disputa com Crasso e
Pompeu. Em 46 a.C., ele se tornou ditador vitalício, possuindo
plenos poderes sobre Roma.
Júlio César foi assassinado por membros do Senado em 44 a.C.,
e foi necessário formar um segundo triunvirato, composto por
seus apoiadores. Esse triunvirato foi formado por Otávio, Marco
Antônio e Lépido e também resultou em guerra. Ao final dessa
disputa, Otávio saiu como vencedor.
Por mais que alguns membros do Senado não quisessem
abrir mão de seu poder político para dar espaço a uma figura
centralizadora, como um imperador, não houve saída, pois
Otávio, ao vencer a disputa contra Marco Antônio, tornou-se
poderoso demais. Além disso, ele passou a contar com o apoio
do povo, algo importante nesse período.
Isso fez com que o Senado desse poder absoluto para Otávio,
transformando-o em Princeps Senatus, isto é, o primeiro dos
senadores, dando-lhe poderes exclusivos sobre o Senado.
Posteriormente, Otávio recebeu o título de Imperator, o que
correspondia ao posto de comandante-em-chefe dos exércitos
romanos, e, por fim, recebeu o título de Augusto, que lhe dava
uma conotação sagrada, tornando-o figura alvo de veneração
religiosa.
Governo de Augusto
Por Dilson Moreira 
Com a crise da república, Otávio Augusto tornou-se imperador
romano e governou o império de 27 a.C. a 14 d.C. [1]
A ascensão de Otávio e a quantidade de títulos que ele recebeu
do Senado transformaram-no em uma figura com poder
centralizado. Na prática, os historiadores entendem esse
acontecimento como o fim da República Romana, pois o poder
concentrado nas mãos do Senado foi transferido para as mãos
de Otávio.
Apesar dos poderes irrestritos dignos de um imperador,
Otávio tinha grande habilidade política e comandava
o império mantendo a aparência política do período
republicano. Seu reinado ficou marcado como um período
de grande estabilidade política, além de prosperidade
econômica e paz interna.
A manutenção da paz interna e a estabilidade política permitiram
que a agricultura passasse por um grande desenvolvimento e
que, consequentemente, a economia romana melhorasse.
Isso porque, apesar de possuir poderes absolutos, Otávio não
desafiou o Senado e tampouco retirou seus privilégios.
Ele também concedeu benefícios para as tropas romanas
por conta de seus serviços prestados e realizou melhorias no
sistema de cobrança de impostos. Essas e outras medidas
criaram uma estabilidade política e social que permitiu o
desenvolvimento econômico em Roma. Entretanto, além da
estabilidade interna, o sucesso nas campanhas militares
externas acasionou a obtenção de novas riquezas e novos
escravos, este último, um item crucial na economia romana.
No quesito militar, Otávio ficou famoso por conquistar novas
terras para o Império Romano e também por resguardar as
fronteiras romanas das ameaças que estavam no limes, os
limites do território. A segurança das fronteiras romanas contra
os povos bárbaros (como os romanos chamavam os povos
que habitavam além das fronteiras) era fundamental para a
sustentação do império.
Durante o reinado de Otávio, várias obras públicas foram
realizadas em Roma e em outras partes do império. [2]
Com a economia em alta, Otávio deu início a uma campanha
de revitalização de Roma e de apoio aos artistas. Tanto nessa
cidade quanto em outros locais do império, Otávio ordenou a
construção de uma série de importantes construções, como
estradas, banhos públicos, aquedutos etc. A realização dessas
obras era uma forma de garantir a fidelidade das províncias ao
imperador.
A quantidade de obras realizadas a mando de Otávio em Roma
levou-o a exaltar-se afirmando que, quando ele assumiu o posto,
havia encontrado uma cidade feita de argila e que, em seu
reinado, transformou-a em uma cidade de mármore. No entanto,
apesar dessa prosperidade, ele também enfrentou problemas
nos campos militar e político.
A prosperidade e a política iniciada por Otávio ficaram
conhecidas como Pax Romana (paz romana), estendendo-se
por aproximadamente 200 anos e sendo finalizada apenas com
a morte de Marco Aurélio, em 180 d.C. Otávio faleceu em 14 d.C.,
aos 76 anos de idade, e indicou seu filho adotivo, Tibério, como
sucessor.
Características do Império Romano
Na fase imperial, como o próprio nome sugere, o poder
foi exercido pelos imperadores, figuras que detinham
o mando político, militar e religioso sobre todo o território
romano. O tripé do poder político em Roma passava
pelo imperador, responsável pela administração de todo
o império; pelo exército, responsável pela manutenção
da ordem interna e das campanhas de conquistas; e
pelos governos das províncias conquistadas, figuras essenciais
na manutenção do poder nessas regiões.
A economia sustentava-se pelo que era produzido nas
províncias conquistadas. Sendo assim, a disponibilidade de
alimentos em Roma era resultado da produção de grãos na
Península Ibérica e no norte da África, por exemplo. A atuação
dos escravos era fundamental para o funcionamento dessa
economia, uma vez que toda a sua produção dependia dessa
atividade.
Os escravos, por sua vez, eram obtidos nas guerras de
conquista que os romanos realizavam. Era fundamental para
a economia romana que as províncias mantivessem uma
produção de riquezas constante. Por isso, o poder centralizado
em Roma intervia constantemente nelas como forma de garantir
a sua produtividade e as suas riquezas.
Dinastias e imperadores do Império Romano
Entre os mais famosos imperadores romanos está Nero,
conhecido por ter incendiado Roma, em 64 d.C.
A fase imperial romana, como mencionado, estendeu-se
de 27 a.C. até o ano de 476 d.C. Ao longo desse período,
diversos imperadores passaram pelo comando romano e
foram agrupados pelos historiadores em quatro dinastias que
existiram de 27 a.C. até 235 d.C. Após o último imperador da
Dinastia Severa, Alexandre Severo, ter sido assassinado, os
historiadoresconsideram que se iniciou a crise do século III d.C.
Dinastia Júlio-Claudiana (27 a.C. - 68 d.C)
Dinastia Flaviana (69-96 d.C.)
Dinastia Nerva-Antonina (96-192 d.C.)
Dinastia Severa (193-235 d.C.)
Dentre todas essas dinastias, destacaram-se os imperadores
Otávio Augusto, Tibério, Calígula, Nero, Vespasiano, Tito, Nerva,
Trajano, Marco Aurélio, Caracala, Geta, Alexandre Severo, entre
outros. Nero, por exemplo, tornou-se famoso na história por ter
sido acusado como o responsável por um incêndio de grandes
proporções que atingiu Roma em 64 d.C
Crise do Império Romano
A partir do século III d.C., os historiadores consideram que
se iniciou o período de crise do Império Romano. A primeira
manifestação dessa crise deu-se na economia, que demonstrou
sinais de enfraquecimento. Isso porque, ao longo do período
imperial, a dependência da economia romana, sobretudo
na porção ocidental do império, do trabalho dos escravos
tornou-se excessiva.
Isso porque, com a expansão territorial, houve um grande fluxo
de escravos sendo enviados para trabalharem no império. Isso
tornou o sistema escravista romano dependente das guerras de
expansão, e, quando os conflitos tornaram-se mais defensivos
do que ofensivos, a capacidade de obtenção de escravos caiu
drasticamente.
Sem a quantidade de escravos suficientes para atender as
demandas do império, a economia estagnou-se. Além disso, a
dependência desses trabalhadores fez com que a capacidade
técnica da produção de riquezas não evoluísse, o que manteve
a produção baixa. Com a estagnação da economia, a situação
agravou-se e o império passou a não ter dinheiro suficiente para
a administração de todas as demandas.
Uma forma de solucionar a falta de recursos era diminuindo
as tropas militares, responsáveis por consumir grande parte
das verbas, e aumentar impostos. A primeira forma deixava as
fronteiras desprotegidas e suscetíveis a serem invadidas; já a
segunda causava a indignação do povo, instigando revoltas pelo
império.
Foram realizadas algumas medidas com o intuito de reformar o
império, e, assim, foram decretados congelamentos de preços,
divisão do império em duas partes e até a transferência da
capital de Roma para Constantinopla. A divisão do Império
Romano aconteceu em 395 e deu origem ao Império Romano do
Ocidente, sediado em Roma, e ao Império Romano do Oriente,
sediado em Constantinopla. Entretanto nenhuma dessas
reformas solucionou os problemas existentes.
Para agravar a situação, a corrupção e a disputa pelo poder em
Roma contribuiram para desestabilizar o império, que estava no
caminho do desmoronamento. O fator que teve peso decisivo
no fim dele foram as invasões germânicas, que começaram a
acontecer em larga escala a partir do século III d.C.
Leia mais: Alta Idade Média: as transformações que
aconteceram na Europa após o fim do Império Romano
Invasões germânicas
O rei Odoacro liderou os hérulos, que invadiram Roma em 476
d.C. e destituíram o último imperador romano.
Os germânicos eram povos que habitavam além da
fronteira norte do Império Romano, nas terras conhecidas
como Germânia. Esses povos começaram a migrar por diversos
fatores especulados pelos historiadores, como a procura por
terras e clima melhores para poderem sobreviver, e alguns
migravam simplesmente porque fugiam de outros povos em
migração.
De toda forma, movimentavam-se inúmeros povos germânicos,
como francos, alamanos, suevos, ostrogodos, saxões, vândalos
, hérulos etc. Todos eles migravam para o interior do Império
Romano, e como Roma tinha diminuído a sua quantidade de
militares, suas fronteiras ficaram desprotegidas. Os problemas
militares e econômicos e as invasões germânicas aconteceram
ao mesmo tempo.
Assim, Roma foi incapaz de proteger suas terras, que
começaram a ser invadidas por diversos desses povos ao longo
dos séculos III, IV e V d.C. A própria cidade de Roma sofreu com
a situação, pois, em 410, os visigodos saquearam a cidade, e,
em 476, os hérulos, liderados pelo rei Odoacro, invadiram-na
e destituíram o último imperador romano, Rômulo Augusto.
Depois disso, o Império Romano do Ocidente desintegrou-se,
e as terras que faziam parte dessa porção foram ocupadas
por diferentes povos germânicos. Nesses locais, a mistura da
cultura germânica com a cultura latina resultou em profundas
transformações e inaugurou o período da Idade Média. A parte
oriental transformou-se no Império Bizantino e existiu até
1453. Caso queria aprofundar-se nesse movimento migratório
que ajudou a selar destino de um dos maiores impérios da
humanidade, leia: Invasões germânicas.
Por Dilson Moreira

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