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1 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus 2 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus COVID-19 - Manejo da infecção pelo novo coronavírus https://cursos.campusvirtual.fiocruz.br/course/view.php?id=313 Módulo Aula Assunto Página Módulo 1 Aula 1 Novo coronavírus: Conceitos básicos 3 Aula 2 Transmissão, sintomas e prevenção 6 Aula 3 O que fazer se você estiver doente 7 Questionário – Módulo 1 8 Módulo 2 Aula 1 Organizando sua UBS para a pandemia 9 Aula 2 Manejo clínico da COVID-19 10 Aula 3 Como conduzir isolamento domiciliar 14 Aula 4 Protegendo os profissionais de saúde 17 Questionário – Módulo 2 20 Módulo 3 Aula 1 Detecção precoce e classificação da severidade dos pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) 21 Aula 2 Manejo clínico inicial dos pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave 26 Aula 3 Investigação de imagem, laboratorial e diagnóstico diferencial da COVID-19 28 Aula 4 Suporte farmacológico 33 Aula 5 Suporte respiratório 35 Aula 6 Manejo clínico na gestante 43 Aula 7 Procedimentos de proteção e controle de infecção em ambiente hospitalar 47 Questionário – Módulo 3 56 Páginas especiais sobre coronavírus Sites https://portal.fiocruz.br/coronavirus https://www.unasus.gov.br/especial/covid19 https://coronavirus.saude.gov.br/ https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019 https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6101:covid19 &Itemid=875 http://www.coronavirusdc.com.br/ https://covid19br.org/ Instagram @oficialfiocruz @minsaude @covid_19dc Facebook Fiocruz Ministério da saúde COVID19 Divulgação Científica Youtube Canal Saúde – Fiocruz Canal Ministério da Saúde Canal Fiocruz Brasília https://cursos.campusvirtual.fiocruz.br/course/view.php?id=313 https://portal.fiocruz.br/coronavirus https://www.unasus.gov.br/especial/covid19 https://coronavirus.saude.gov.br/ https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019 https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6101:covid19&Itemid=875 https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6101:covid19&Itemid=875 http://www.coronavirusdc.com.br/ https://covid19br.org/ 3 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus Coronavírus: grande grupo de vírus. Cada um deles é formado por um núcleo de material genético cercado de envelope com espículas de proteínas. Foi descrito dessa forma em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa. SARS-CoV-2: Novo agente do coronavírus, que apresenta semelhança genética com o SARS de 2003. COVID-19: Doença causada pelo SARS-CoV-2. Enquanto o SARS-CoV-2 e o coronavírus fazem referência ao vírus, o COVID-19 faz referência a doença. CID 10 (Código para registro de casos) – U07.1. Origem dos vírus respiratórios emergentes Segundo a Organização Mundial da Saúde, o SARS-CoV foi transmitida por gatos selvagens para humanos na China, em 2002, e o MERS-CoV foi transmitida pelos dromedários para humanos na Arábia saudita, em 2012. Vários coronavírus conhecidos e que circulam entre os animais ainda não infectaram humanos. Quando um vírus que circula em uma espécie animal é transmitido para os humanos, ocorre o que se denomina ¨spillover¨. Alguns exemplos de vírus respiratórios emergentes incluem: • 2002 → Síndrome Respiratória AgudaGrave – Coronavírus (SARS-CoV) • 2009 → Gripe H1N1 • 2012 → Síndrome Respiratória do Oriente Médio – Coronavírus (MERS-CoV) • 2019 → Novo coronavírus Existem diferentes tipos de coronavírus que causam sintomas respiratórios e, às vezes, gastrointestinais. Doenças respiratórias: podem variar de uma gripe comum à uma pneumonia e, na maioria das pessoas, os sintomas tendem a ser leves. No entanto, existem alguns tipos de coronavírus que podem ter maiores riscos de evoluir a formas graves da doença. Segundo a OMS, adultos com mais de 60 anos e pessoas com doenças preexistentes (Ex: HAS, diabetes, doença cardíaca e/ou pulmonar, neoplasias, transplantados e uso de imunossupressores) têm maiores riscos de ter a doença agravada. Origem do novo coronavírus Recentemente, um grupo de pessoas foi infectado pelo Coronavírus associado a um quadro de pneumonia. Os casos ocorreram em um mercado de frutos do mar e animais vivos na cidade de Wuhan, na China. Em dezembro de 2019 o aumento do número de casos de pneumonia no país chamou a atenção das autoridades sanitárias e as investigações realizadas identificaram que a causa desse quadro foi um vírus até então desconhecido que passou a ser chamado SARS-CoV-2. Desde então, a doença provocada pelo COVID-19 vem sendo transmitida de pessoa a pessoa, aumentando o número de infectados nas famílias, entre profissionais de saúde e na população em geral. Pandemia X Epidemia Pandemia: A OMS declarou, em 30 de janeiro de 2020, que o surto da COVID-19 constitui uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional – o mais alto nível de alerta da Organização. Em 11 de março de 2020, a COVID- 19 foi caracterizada como uma pandemia. O termo se refere à distribuição geográfica de uma doença e não à sua gravidade. A designação reconhece que, no momento, existem surto de COVID-19 em vários países e regiões do mundo. O termo pandemia é usado quando uma epidemia – grande surto que afeta uma região – se espalha por diferentes continentes com transmissão sustentada de pessoa a pessoa. Epidemia: Ocorrência de casos de uma doença, comportamento especificamente relacionado à saúde, ou outros eventos relacionados à saúde claramente em excesso da expectativa normal em determinada comunidade ou região. A comunidade ou região e o período nos quais os casos ocorrem são precisamente especificados. O número de casos indicando a presença de uma pandemia varia de acordo com o agente infeccioso, tamanho e tipo de população exposta, além de experiência prévia ou falta de exposição à doença, tempo e lugar de ocorrência. Etiologia da Pneumonia Em torno de 1/3 dos resfriados comuns que aconteciam no mundo, todos os anos, eram causados por espécies do coronavírus. Atualmente, as pneumonias são pensadas como tendo infecções bacterianas como principais causas, porém, à medida que avança o conhecimento, percebe-se que os vírus tem uma importância significativa na pneumonia que interna. Histórico coronavírus • Coronavírus: RNA vírus envelopados. • Alta capacidade de mutações e adaptações (aspectos relavantes). 4 gêneros: alfa, beta, delta e gama. Alfa e beta infectam seres humanos. 4 são endêmicos em todo mundo (resfriado comum) • São diversos, com grande variedade reino animal, principalmente em morcegos. Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus Módulo 1 - Conceitos básicos – Aula 1 4 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus • A partir de 2002: 3 novos coronavírus com alta taxa de mortalidade e potencial para causar pandemia. Origem: Morcego. No momento, ele está perdendo a necessidade de um hospedeiro intermediário. Os próprios vírus dos morcegos podem sofrer mutações para infectar os seres humanos. Inicialmente, o perfil dos pacientes era de pessoas que tinham estado em contato com o mercado de Wuhan, mas isso foi deixando de acontecer dessa forma. Têm-se então transmissão de pessoa para pessoa, como visto nos profissionais de saúde. Idade, HAS, diabetes e comorbidade não compensadas em geral estão associados a presença de casos graves. Como estimar risco de pandemia COVID-19 • Inicialmente, qualquer epidemia parece ser mais letal do que elaé, porque a gente identifica primeiramente os casos graves. • Existe um enorme número de pessoas com poucos sintomas e que não vão evoluir para forma grave, porém continuarão transmitindo o vírus. • Em relação ao Ebola, os pacientes se tornavam graves rapidamente, o que diminuía a transmissão de pessoa a pessoa. Então, a epidemia acaba sendo contida. Já quando uma epidemia tem um grande número de pessoas oligoassintomáticas, a transmissão ocorre como um grande problema. Número básico de reprodução de casos – RO R0 → estima a velocidade com que uma doença se propaga numa população. Número médio de casos secundários, causado por um único agente infeccioso, numa população totalmente susceptível. Ex: O sarampo tem um R0 gigantesco! Um paciente com sarampo é capaz de infectar 20 pessoas vulneráveis. ▪ R >1 → pode ocorrer uma epidemia. ▪ R = 1 → doença se tornará endêmica (ESTÁVEL). ▪ R < 1 → doença pode desaparecer. Caso primário: Para infecções transmitidas pessoa a pessoa, é quem introduz na população. Caso secundário: São os casos infectados pelo caso primário. A vacina contra influenza não é 100% eficaz, mas pelo menos protege metade das pessoas. O seu percurso já é conhecido, respeitando a sazonalidade (semanas epidemiológicas). Alguns coronavírus não respeitam a sazonalidade! Características patogênicas e transmissibilidade d os vírus recentemente emergentes COVID-19 → Fatalidade de 2-3%. Pandemia não contida. Contenção e Quarentena ▪ Método historicamente utilizado para contenção de doenças contagiosas para as quais não há medicação ou vacina. ▪ Alguma eficácia em retardar ou controlar a disseminação da infecção (SARS, COVID-19). ▪ Desafios: dificuldade em manter as pessoas em quarentena, estigma, sofrimento, oferta de alimentos e medicações, risco de combinar susceptíveis infectados. É preciso ter transparência em relação aos dados! Sequência de eventos O período de incubação é entre 5-6 dias e o período de agravamento é em torno de 6-12 dias. O R0 é a taxa de infecção no momento inicial da epidemia. O RT varia com o tempo. O grande desafio é manter o R abaixo de 0 (ESTÁVEL). 5 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus Propagação É quase impossível conter uma infecção que se propaga pelo ar e que os oligoassintomáticos podem transmitir. Casos atípicos ▪ Paciente com dor abdominal → Levado a Unidade cirúrgica → Infecção de 10 profissionais. ▪ 4 pacientes na mesma unidade com sintomas abdominais atípicos → 1 apresenta febre – isolamento de nCOV → Outros 3 pacientes evoluem com febre – nCOV. Sintomas Pacientes internados – Wuhan China • Febre, sintomas respiratórios (tosse), manifestações inespecíficas (dor no corpo, cansaço), sintomas gastrointestinais (acompanhados principalmente de febre e tosse). • O paciente com sintoma respiratório persistente pode estar iniciando um caso de COVID, e a febre pode aparecer posteriormente. Evolução clínica dos primeiros casos Normalmente os primeiros dias do quadro não são os mais graves. O paciente apresenta um agravamento a partir do 5º-7º dia, com dificuldade respiratória, maior cansaço aos pequenos esforços, necessidade de oxigênio (suplementação, ventilação mecânica). Medicamentos Ainda não se sabe muito acerca disso! A hipertensão e a diabetes estão claramente relacionados ao COVID. Os medicamentos inibidores da enzima conversora (captopril, enalapril) ou inibidores da angiotensina (losartana) poderiam ter um impacto negativo na COVID 19, pois o vírus usa o mesmo receptor que é explorado por esses fármacos, fazendo com que o receptor possa ficar mais representado na superfície celular. Ainda não há dado científico significante sobre isso! O ibuprofeno é evitado na dengue, nas arboviroses, sendo substituído por novalgina e paracetamol. Transmissão por gotículas A maior parte da transmissão acontece por tosse, espirro, projeção das secreções respiratórias em uma outra pessoa ou por meio do contato pessoa a pessoa ou superfície pessoa. Não adianta usar a máscara para se proteger e não ter higiene com as mãos. O uso de máscara é muito mais para proteger as outras pessoas. É importante a distância social e a lavagem frequente das mãos. Casos de coronavírus no Brasil De suspensão das aulas a fechamento de espaços, o que os Estados fazem contra o coronavírus... Desafios – recursos Falta de material/pessoas/recursos. Vacinas • Pode se produzir uma vacina sem ter o vírus na mão. Pode utilizar simplesmente o modelo do ponto de vista biológico. • Até uma vacina chegar na atenção primária, ela precisa passar por todos os processos de validação, que vai da segurança a eficácia. 6 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus Testes terapêuticos Não há nenhum tratamento comprovadamente eficaz para o COVID-19. Algum dos medicamentos utilizados consegue diminuir 20- 30% da mortalidade? Algum é melhor do que o outro? Transmissão A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas as mais propensas. O SARS-CoV-2 é uma família de vírus que causam infecções respiratórias e o novo agente do coronavírus provoca a doença denominada COVID-19. O coronavírus se dissemina rápido, o que pode significar muitos casos com hospitalização num curto espaço de tempo. Isso sobrecarrega o sistema de saúde e pode gerar grandes impactos sociais e econômicos. Por isso, é fundamental entender como o vírus é transmitido e prevenir que o mesmo se espalhe. Tipos de transmissão A transmissão do coronavírus pode ocorrer em 2 cenários: Transmissão local: São casos de pessoas que se infectaram e não estiveram em nenhum país com registro da doença, no entanto tiveram contato com outro paciente infectado que trouxe o vírus de fora do país (caso importado). Transmissão comunitária ou sustentada: São casos em que não é possível identificar as fontes de transmissão da doença. Esse tipo de transmissão sugere circulação ativa do vírus na comunidade. O coronavírus se dissemina rápido e apresenta alta taxa de hospitalização, com grandes impactos sociais e econômicos. A transmissibilidade dos pacientes infectados por coronavírus é de, em média, sete dias após o início dos sintomas. No entanto, dados preliminares sugerem que a transmissão pode ocorrer no período de incubação, ou seja, até mesmo antes do aparecimento de sinais e sintomas. Período de incubação: é o tempo entre a infecção da pessoa pelo vírus e o início dos sintomas da doença. 1-14d 5 dias é o período médio de incubação da COVID-19. Disseminação x letalidade A taxa de disseminação é muito rápida, levando a hospitalizações em 10-20% dos casos. Já a letalidade é relativamente baixa (em torno de 2%), que ainda acaba sendo muito mais alta do que a da gripe comum. A morbidade é elevada, causando perdas econômicas e de poder laborativo. Os pacientes com sintomas menores disseminam a infecção de forma eficiente. Um patógeno está bem adaptado ao hospedeiro quando ele permite que esse hospedeiro permaneça vivo. Em relação a disseminação, o coronavírus tem um poder muito maior do que o Ebola. Como se dá a transmissão? A transmissão dos coronavírus se dá de pessoa para pessoa: pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas (gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro). O ciclo pode se iniciar com contato pessoal próximo (toque ou aperto de mão), ou contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguindo de contato com a boca, nariz ou olhos. Medidas de prevenção ▪ Lave as mãos com frequência – use água e sabão ou álcool gel. Siga a sequência de lavagem, que deve durar pelos menos 20 segundos. ▪ Evite tocar mucosasde olhos, nariz e boca. Cubra o nariz e a boca quando espirrar ou tossir – mas use o cotovelo. ▪ Utilize lenço descartável para limpar o nariz – use uma vez e coloque no lixo. ▪ Não compartilhe objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas. ▪ Mantenha os ambientes bem ventilados. ▪ Evite aglomerações. ▪ Importante: ampliar a cobertura vacinal das doenças que já são conhecidas. Seguir todos os procedimentos para a prevenção nem sempre garante que a pessoa não desenvolva a COVID-19. Sinais e sintomas da COVID-19 Os sinais e sintomas da COVID-19 são principalmente respiratórios, semelhantes a um resfriado. Pode haver também infecção do trato respiratório inferior, como as pneumonias. Ao apresentar esses sintomas, não significa que a pessoa tenha a COVID-19. Transmissão, sintomas, diagnóstico e prevenção – Aula 2 7 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus A avaliação diagnóstica, apesar de não ser um consenso entre os especialistas, pode ser feita de duas maneiras: Diagnóstico Clínico O quadro clínico inicial da doença é caracterizado como Síndrome Gripal e depende da investigação clínico- epidemiológico e do exame físico. O diagnóstico clínico não pode atestar com 100% de segurança se a Síndrome gripal é causada pelo SARS-CoV-2 ou por outros vírus. Laboratorial É realizado por laboratório, por meio das técnicas baseadas em biologia molecular. O material é coletado com um ¨cotonete¨ - o swab – na garganta ou nas narinas do paciente (Swab orofaríngeo) É indicado por um profissional de saúde, de acordo com os protocolos de tratamento das Síndromes Gripais, ou seja, nem todas as pessoas com sinais ou sintomas tem indicação para testes laboratoriais para coronavírus. Identificar os sinais e sintomas Como os sintomas da COVID-19 são bastantes parecidos com os da gripe, os casos devem ser avaliados individualmente. Com o aumento de casos suspeitos, muitos diagnósticos serão feitos apenas com exame clínico. Resfriado ou gripe X COVID-19 Coronavírus: Os sintomas vão de leves a severos. Sintomas: Febre → Comum. >37,8ºC. Cansaço → Às vezes. Tosse → Comum (geralmente seca). Espirros → Raro. Dores no corpo e mal-estar → Às vezes. Coriza ou nariz entupido → Raro. Dor de garganta → Às vezes. Diarreia → Raro. Dor de cabeça → Às vezes. Falta de ar → Às vezes. Outros sintomas: Dispneia, mialgia e fadiga. Sintomas leves A recomendação do Ministério da saúde é que apenas os casos de internação ou graves sejam testados – dificuldade para respirar, febre muito alta (a partir de 39ºC) e mal-estar excessivo. Os profissionais de saúde, que estão sob alto risco e não podem deixar de atender os pacientes, também devem ser testados em caso de sintomas. Se uma pessoa está com sintomas de gripe e febre baixa ou dor de garganta moderada, coriza, deve ficar em casa e evitar clínicas, hospitais ou unidades de saúde, até a melhora do quadro clínico (máximo de 14 dias). Se apresentar sintomas leves da COVID-19, deve seguir as orientações do Ministério da saúde para o isolamento domiciliar. É importante se manter hidratado. Segundo a Organização Pan-Americana da saúde, 81% dos infectados pelo novo coronavírus têm sintomas leves da doença, como tosse e coriza; 14% apresentam sintomas graves e 5% evoluem para um quadro crítico, que pode levar á morte. Sintomas graves A COVID-19 exige atenção para os grupos de risco, como idosos, pessoas com doenças respiratórias ou que diminuem a imunidade, como diabetes, cardiopatias e hipertensos, gestantes e mulheres com até 45 dias de pós- parto. Pessoas do grupo de risco e/ou que apresentam sintomas mais intensos, como dificuldade para respirar, febre muito alta (a partir de 39ºC) e mal-estar excessivo devem procurar a unidade de atendimento mais próxima. Isolamento domiciliar • As janelas do quarto usado para o isolamento devem estar abertas para a circulação do ar. • A porta do quarto deve ficar fechada durante todo o isolamento. • A maçaneta da porta deve ser limpa frequentemente. • O lixo do paciente contaminado deve ser separado dos demais moradores. • Depois de usar o banheiro, vaso, pia e demais superfícies devem ser limpas para desinfecção do ambiente. O que fazer se você estiver doente? Aula 3 8 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus • Toalha de banho e outros objetos não devem ser compartilhados. • Não deixar de lavar as mãos com água e sabão, a cada ida ao banheiro. • Em casas com apenas um quarto, os demais moradores devem dormir na sala, longe do parente infectado. • Os móveis da casa devem ser limpos frequentemente com água sanitária ou álcool 70%. • Sofás e cadeiras não podem ser compartilhados. • A distância mínima entre o paciente e os demais moradores é de 1 metro. • Se for preciso cozinhar, use máscara de proteção cobrindo boca e nariz todo o tempo. • Garfos, facas, colheres, copos e outros objetos usados pelo paciente devem ser separados. Se um morador da casa tiver diagnóstico positivo para coronavírus, todos os moradores ficam em isolamento por 14 dias. Caso outro familiar de casa também apresente os sintomas, ele deve reiniciar o isolamento de 14 dias. Se os sintomas forem graves, como dificuldade de respirar, ele deve procurar orientação médica. Tratamento Apesar da ocorrência de pesquisas e polêmicas sobre o possível uso de determinados medicamentos disponíveis, ainda não foi confirmado nenhum medicamento para tratar a doença. Por isso, o tratamento é padronizado e válido para qualquer ¨Síndrome Gripal¨. Questionário – módulo 1 Questão 1: Com relação a epidemiologia da infecção pelo SARS-CoV-2, NÃO podemos afirmar que: a) Algumas pessoas, como idosos, pacientes com hipertensão arterial e pacientes com diabetes têm maior possibilidade de evoluir para formas graves de COVID-19. b) A Transmissão do SARS-CoV-2 se dá entre pessoas, tanto pelo ar (gotículas e aerossóis) como pelo contato com áreas contaminadas por secreções que contenham o vírus. c) O SARS-CoV-2 é um vírus com alta transmissibilidade e pode gerar casos adicionais mesmo entre pessoas assintomáticas ou com poucos sintomas. d) A COVID-19 é uma doença que cursa com poucos casos graves e, por isso, não traz tantos problemas para os sistemas de saúde. Questão 2: Escolha entre as alternativas abaixo, aquela(s) que corresponde(m) a(s) medida(s) básica(s) para prevenir a infecção pelo SARS-CoV-2: a) Cobrir o nariz e a boca quando for espirrar ou tossir. b) Não compartilhar objetos pessoas como talheres e copos. c) Lavar bem as mãos com água e sabão. d) Evitar tocar em mucosas de olhos, nariz e boca. e) Evitar aglomerações. Questão 3: Para pacientes em isolamento domiciliar, é importante que (EXCETO): a) As pessoas visitem regularmente o doente, principalmente se for um idoso, para evitar problemas de depressão. b) Seja escolhida uma pessoa da casa em boa saúde para exercer a função de cuidados do paciente. c) Todas as pessoas da casa realizem higienização adequada das mãos com água e sabão antes e após o contato com a pessoa doente. d) O paciente fique em um quarto individual bem ventilado, com janelas e portas abertas. Questão 4: Identifique entre as definições abaixo aquela INCORRETA: Escolha uma: a) O período de incubação de uma doença é definida como o tempo entre a infecção pelo agente causador e o início dos sintomas. b) Epidemia é a ocorrência em uma comunidade ou região, de casos de uma doença claramente em excesso da expectativa normal. c) A transmissão comunitária ou sustentada de uma doença é definida quando há casos de pessoas infectadas em que se pode identificar viagens para outros países. d) Pandemia é o termo utilizadopara doenças que se disseminam por diferentes continentes em transmissões sustentadas entre as pessoas. Questão 5: Escolha entre as alternativas abaixo, aquela(s) que corresponde(m) à sintoma(s) com a COVID-19: Escolha uma ou mais: a) Dificuldade de respirar. b) Fadiga. c) Tosse. d) Mialgia. e) Febre. 9 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus O Brasil é um país continental. Por isso, a dinâmica da pandemia por COVID-19 irá variar de acordo com o porte dos municípios, características e densidades populacionais, organização dos serviços de saúde, volume de viajantes nacionais e internacionais e com as medidas de contenção local. A epidemia se manifesta por um aumento do número de pessoas apresentando Síndrome Gripal. Casos leves → Devem ser acompanhados pela Atenção Primária (APS), com isolamento domiciliar. Casos graves → Devem ser atendidos na Atenção Especializada e Centros de Referência. Isso é fundamental para reduzir o contágio e utilizar os recursos do sistema de saúde da melhor forma possível. O papel das Unidades Básicas de Saúde As UBS devem assumir papel resolutivo frente ao manejo diagnóstico e terapêutico de pessoas com suspeita de infecção respiratória caracterizada como Síndrome Gripal, causada por COVID-19 ou não. Serão acompanhados os casos leves. Deve-se realizar o encaminhamento rápido e correto dos casos graves, mantendo a coordenação do cuidado. A UBS deve se organizar para: • Identificar os casos com sintomas de Síndrome Gripal (SG) já na recepção, evitando o contágio dos profissionais de saúde e demais pacientes. Todo paciente considerado caso suspeito de Síndrome Gripal será abordado como caso suspeito de COVID- 19. • Classificar o caso e estratificar gravidade. • Nos casos leves, realizar o manejo terapêutico e isolamento domiciliar. • Nos casos graves, estabilizar e encaminhar imediatamente ao serviço de urgência. • Vigilância local de saúde: notificação, prevenção comunitária e vigilância ativa. Organizando a UBS Manejo diagnóstico e terapêutico de pessoas com suspeita de infecção respiratória caracterizada com SG. A investigação etiológica não é realizada na APS e não muda a conduta. A Atenção Primária à Saúde é a porta de entrada do SUS. Durante surtos e epidemia, a APS tem papel fundamental na resposta global à doença em questão. A APS é responsável por oferecer um atendimento resolutivo, com grande potencial de identificação precoce de casos graves que devem ser manejados em serviços especializados. A UBS deve: • Verificar a situação de suprimento dos insumos necessários ao combate da pandemia descritos neste curso e nos protocolos do MS. • Informas à equipe caso haja indisponibilidade de algum recurso e implantar medidas compensatórias. • Organizar o fluxo de pacientes e preparar o ambiente em conformidade com o preconizado. • Disponibilizar à equipe as informações sobre a regulação assistencial e unidades de referência para casos graves. Atendimento O primeiro passo na cascata de manejo da COVID-19 é a identificação de casos sintomáticos de Síndrome Gripal. Recepção e triagem dos pacientes A UBS deve se organizar para que todos os pacientes que cheguem, independente do motivo, passem por uma triagem. A triagem pode ser realizada por recepcionista, porteiro, agente comunitário de saúde ou técnico de enfermagem – em uso de EPI – e consiste em uma única pergunta: Está com tosse, dor de garganta, dificuldade para respirar ou febre? Em caso positivo, o paciente é caso suspeito para Síndrome gripal. Se o paciente for caso suspeito para Síndrome Gripal, é preciso que tenha acesso à máscara cirúrgica e que seja orientado quanto à forma correta de utilização. Também devem lhe ser fornecidos meios para higienização das mãos (álcool gel ou água e sabão) e preparada o paciente uma área isolada ou sala específica com porta fechada, que seja ventilada. Atendimento prioritário Dada a letalidade muito mais elevada da COVID-19 entre os idosos, deve-se priorizá-los para o atendimento. Pessoas com doenças crônicas, pessoas com deficiência, gestantes e puérperas também devem ser priorizadas, de acordo com a seguinte classificação: Mód 2 – Organizando a UBS 10 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus Comorbidades que indicam acompanhamento para COVID-19 em Centros de referência: Medidas e orientações para evitar o contágio Medidas dos profissionais das UBS ▪ Todas as pessoas que procuram a UBS devem ser orientadas em relação ao seu papel na redução de risco de contágio. ▪ Providencia opções de higienização das mãos como lavagem das mãos ou álcool a 70%. ▪ Fornecer máscaras cirúrgicas aos pacientes sintomáticos. Orientações aos pacientes ▪ Evitem ao máximo tocar nos olhos, nariz e boca. Evite tocar em superfícies e objetos enquanto aguarda. Lave as mãos caso toque em superfícies, objetos ou na face. ▪ Se estiver espirrando ou tossindo, cubra o rosto com o cotovelo. ▪ Mantenha-se distante (cerca de 1 a 2 metros) de outras pessoas. Equipes de Saúde que fazem visitas domiciliares também precisam ficar atentas às medidas de proteção. Fluxo de atendimento A equipe de saúde deve atuar de forma integrada, com apoio entre todos os profissionais, facilitando o fluxo de informação e decisão. O fluxo de atendimento Fast Track proposto pelo Ministério de Saúde é: Todos os espaços destinados ao atendimento de pacientes com suspeita de COVID-19 devem ser preferencialmente amplos e ventilados. Priorizar áreas abertas para a recepção, espera e isolamento desses pacientes, caso necessário. Fluxo Fast Track O fluxo de pacientes deve proteger de forma adequada os profissionais envolvidos no atendimento e os usuários que buscam serviços de atendimento nas unidades de saúde. Medidas para diminuir a exposição ao Sars-CoV-2 e a circulação de pessoas nestas unidades devem ser adotadas. A identificação da gravidade da Síndrome Gripal é a ferramenta primordial para definir a conduta correta para cada caso, seja para manter o acompanhamento do paciente na APS ou para encaminhá-lo aos centros de referência, urgência/emergência ou hospitais. Avalie a remarcação de consultas eletivas para o período após o término da pandemia. O Brasil encontra-se em situação de transmissão comunitária da COVID-19. Apesar dos esforços, não é possível suprir a demanda e oferecer testes para coronavírus que possam ser realizados prontamente na APS, principalmente considerando os diversos contextos locais do país. Além de não ser possível a realização do diagnóstico laboratorial imediato, a variedade de sintomas é muito grande. Dessa forma, a conduta mais segura é considerar como suspeitos para a COVID-19 todo paciente com aparecimento agudo dos sintomas de Síndrome Gripal. Assim, é preciso garantir a abordagem adequada a partir da apresentação de sintomas, independente da etiologia, separando os casos em: Síndrome Gripal sem complicações e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Manejo clínico da COVID-19 – Aula 2 11 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus Medidas de precaução dos profissionais de saúde Após a identificação precoce na recepção da UBS de todos os casos suspeitos de Síndrome Gripal (primeiro passo Fast Track), é fundamental a adoção de medidas para evitar o contágio por vírus. Todo profissional que atender a pacientes com sintomas de SG deve usar EPIS (Equipamentos de Proteção Individual) e adotar as medidas para evitar o contágio. Os profissionais devem adotar medidas de precaução a depender do tipo de atendimento, fazendo uso de: máscara cirúrgica, luvas, gorro e aventais descartáveis.A máscara N95/PFF2 deve ser usada somente para procedimentos produtores de aerossóis. A transmissão do coronavírus é minoritariamente pelo aerossol e mais pelas gotículas e superfícies, sendo a assepsia extremamente importante e necessária. Além dessas medidas de proteção, os profissionais devem lavar as mãos com frequência e limpar e desinfectar as superfícies e os objetos mais utilizados no dia a dia. Não é necessário o uso de luvas, óculos ou protetor facial e aventais descartáveis na recepção/triagem, desde que seja mantida a distância de dois metros entre os indivíduos. Orientações para uso de máscaras cirúrgicas • Coloque a máscara com cuidado para cobrir a boca e o nariz e amarre com segurança para minimizar as lacunas entre o rosto e a máscara. • Enquanto estiver utilizando a máscara, evite tocá-la. • Remova a máscara usando técnica apropriada (ou seja, não toque na frente, mas remova o laço ou o nó na parte posterior). • Após a remoção, ou sempre que tocar em uma máscara usada, higienize as mãos com água e sabão ou álcool gel. • Substitua a máscara por uma nova máscara limpa e seca assim que estiver úmida ou danificada. • Não reutilize máscaras descartáveis. • Descarte em local apropriado após cada uso. • Troque de máscara quando atender na sala de isolamento. Avaliação inicial do paciente A avaliação inicial é essencial para realizar as medidas imediatas em casos urgentes e deve ser feita rapidamente, com base nos sinais e sintomas apresentados pelo paciente. A avaliação permite estratificar a gravidade e identificar os casos suspeitos de Síndrome Respiratória Aguda Grave, mesmo que não tenha sido detectados pelo Fast-Track. É imprescindível a realização de consulta médica, a fim de estratificar a gravidade por meio de anamnese e exame físico. Sinais e sintomas: ➢ Presentes na grande maioria dos casos de COVID-19: Febre, fadiga e tosse seca. ➢ Outros sintomas frequentes: Anorexia, mialgia, dispneia e dor de garganta. ➢ Sintomas menos frequentes: Cefaleia, rinorreia e sintomas gastrointestinais (náuseas e diarreia). Perda de olfato e paladar (relatados em alguns estudos). ATENÇÃO: É possível que o paciente, no início, manifeste apenas uma das queixas listadas acima. Sobre a febre A febre é o sintoma individual mais comum da infecção e é considerada um grande marcador para a doença. Presente em 89-99% dos casos. Entretanto, é possível que, na apresentação inicial, haja apenas um aumento leve de temperatura – e que a febre surja no curso da doença, por vezes tendo sido detectada somente após a internação. ATENÇÃO O sintoma de febre pode estar ausente em alguns casos excepcionais, como crianças, idosos, imunossuprimidos ou pessoas que utilizaram antitérmicos. Em crianças, considere sempre o aumento da frequência cardíaca e respiratória. 12 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA (POR MINU TO) EM CRIANÇAS FREQUÊNCIA CARDÍACA (POR MINUTO) EM CRIANÇAS Apresentação inicial grave Um quadro de pneumonia é a apresentação grave mais frequente da COVID-19, caracterizada primariamente por: Febre, tosse, dispneia e alteração da ausculta pulmonar (roncos e crepitações). O Ministério da Saúde recomenda a classificação como Casos Graves quando houver a associação de sintomas de febre, tosse e dificuldade respiratória, piora clínica significativa ou alto risco de complicações súbitas. Esses casos se encontram em situação de maior gravidade, muitas vezes necessitando de estabilização na APS, para avaliações ou intervenções que exijam maior densidade tecnológica. Com base nessa avaliação é possível fazer a estratificação de risco. Estratificação de risco A identificação dos pacientes que serão acompanhados pela equipe da APS e daqueles referenciados a outros serviços requer a estratificação dos casos em: Casos leves → serão acompanhados na UBS. Casos graves: ➢ Emergências → requerem estabilização e remoção imediata até um serviço de referência ou hospital. ➢ Urgências → devem ser encaminhados a um Centro de Referência. Comorbidades que indicam acompanhamento para COVID-19 em Centro de Referência: Doenças Cardíacas Crônicas → Doença cardíaca congênita; Insuficiência cardíaca mal controlada; Doença cardíaca isquêmica descompensada. Doenças Respiratórias Crônicas → DPOC e asma mal controlados; Doenças pulmonares intersticiais com complicações; Fibrose Cística com infecções recorrentes; Displasia broncopulmonar com complicações. Doenças Renais Crônicas em estágio avançado (graus 3,4 e 5). Imunossuprimidos → Pacientes em diálise; Transplantados de órgãos sólidos e de medula óssea; Imunossupressão por doenças e/ou medicamentos (em vigência de quimioterapia/radioterapia, entre outros medicamentos); Portadores de doenças cromossômicas e com estados de fragilidade imunológica (ex. síndrome de Down) Diabetes (conforme avaliação clínica). Gestantes de Alto risco. Casos graves – Emergências A decisão pelo acompanhamento do paciente na Atenção Primária à Saúde ou pelo encaminhamento ao serviço de urgência ou hospital requer, fundamentalmente, a definição da existência de comorbidades e/ou condições de risco para o acompanhamento ambulatorial na APS e isolamento domiciliar. Os principais sinais e sintomas de gravidade para Síndrome gripal indicam a necessidade de remoção para serviços de referência, conforme o Protocolo de Manejo Clínico do Coronavírus. 13 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus Sinais e sintomas de gravidade ADUL TOS Déficit no sistema respiratório: • Falta de ar ou dificuldade para respirar; ou • Ronco, retração sub/intercostal severa; ou • Cianose central; ou • Saturação de oximetria de pulso <95% em ar ambiente; ou • Taquipneia (>30bpm) Déficit no sistema cardiovascular: • Sinais e sintomas de hipotensão (hipotensão arterial com sistólica abaixo de 90mmHg e/ou diastólica abaixo de 60mmHg); ou • Diminuição do pulso periférico. Sinais e sintomas de alerta adicionais: • Piora nas condições clínicas de doenças de base. • Alteração do estado mental, como confusão e letargia. • Persistência ou aumento da febre por mais de 3 dias ou retorno após 48 horas de período afebril. CRIANÇAS Déficit no sistema respiratório: • Falta de ar ou dificuldade para respirar; • Ronco, retração sub/intercostal severa; • Cianose central; • Batimento da asa de nariz; • Movimento paradoxal do abdome; • Bradipneia e ritmo respiratório irregular; • Saturação de oximetria de pulso <95% em ar ambiente. • Taquipneia; Déficit no sistema cardiovascular: • Déficit no sistema cardiovascular; • Sinais e sintomas de hipotensão ou; • Diminuição do pulso periférico. Sinais e sintomas de alerta adicionais: • Inapetência para amamentação ou ingestão de líquidos. • Piora nas condições clínicas de doenças de base. • Alteração do estado mental. • Confusão e letargia. • Convulsão. Orientações gerais e suporte a casos graves Alguns pacientes em estado de urgência poderão ser orientados a procurar o serviço de referência diretamente. Entretanto, alguns casos terão caráter emergencial e terão de ficar em observação na UBS até a sua remoção por ambulância. As medidas de suporte na UBS são: ▪ Estabilização da temperatura, que pode reduzir dor e desconforto. ▪ Garantia de oferta de líquidos. ▪ Oferta de oxigênio de fluxo livre ou não-invasiva sob pressão, que pode aliviar o sofrimento respiratório (este é considerado um procedimento gerador de aerossol e requer isolamento e medidas específicas). LEMBRETE: O uso de EPI é mandatório para a equipe de manejo de pacientes suspeitos. Manejo de casos leves A maioriados casos de coronavírus pode ser acompanhado pela APS, aliviando os serviços de urgência. Além disso, o manejo de casos leves na APS é fundamental para reduzir a circulação das pessoas contaminadas, o que poderia levar ao aumento do contágio na comunidade e nos serviços de referência, unidades de pronto atendimento e hospitais. Finalmente, estabilizar condições crônicas de base em grupos de risco é fundamental para melhorar o desfecho clínico nesses pacientes em caso de contágio. Até o momento (data do curso da fiocruz – abril), não há protocolo para o tratamento farmacológico específico para a COVID-19. Dessa forma, o manejo consiste em medidas de isolamento, monitoramento clínico, medidas de suporte e prevenção. Condução na APS As primeiras ações na APS são: ▪ Medidas de suporte e prevenção; ▪ Indicar o isolamento domiciliar, que deve durar no mínimo 14 dias. ▪ Realizar monitoramento clínico, por telemedicina e visitas domiciliares, a cada 48 horas. Ao prescrever o isolamento familiar, é preciso avaliar a necessidade de encaminhamento ao serviço social para apoio adicional a famílias de alta vulnerabilidade. As medidas de suporte e de prevenção consiste em: ▪ Suporte e alívio dos sintomas, com medidas farmacológicas e não farmacológicas. ▪ Para redução de riscos relacionados ao Influenza, administrar precocemente a medicação antiviral, se indicada, e imunização. Verificar situação vacinal para gripe (se faz parte do grupo de risco – gestante, crianças, puérperas e idosos) e vacinar se necessário. Suporte, alívio de sintomas e prevenção Checklist das prescrições de cuidados no domicílio: ❖ Repouso. ❖ Hidratação. ❖ Alimentação adequada e uma boa oferta de líquidos. ❖ Estratégias não farmacológicas para controle da temperatura (ex.banho). 14 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus Prescrição de fármacos para o controle de sintomas, caso não haja nenhuma contraindicação, com possibilidade de intercalar os fármacos antitérmicos em casos de difícil controle da febre. Opções terapêuticas recomendadas pelo Ministério da Saúde Antitérmico → Paracetamol ou Dipirona. Considerando o manejo da SG e a possibilidade de outros vírus, como a influenza, como causa, recomenda-se o uso de Oseltamivir para pacientes com sintomas de SG e fatores de risco elevado para complicações. As condições de risco para complicações que indicam o uso de Oseltamivir incluem grávidas, idosos, crianças menores de 5 anos, populações vulneráveis, imunodeprimidos, pessoas com obesidade e uma lista extensa de condições crônicas e uso de medicamentos. O isolamento domiciliar é uma medida chave na contenção da COVID-19. É uma das principais estratégias de mitigação da pandemia, já que é através dele que se reduz a propagação da doença. Reduzir o tempo entre o início dos sintomas e o isolamento é vital, pois o paciente sintomático apresenta grande risco de contágio a outras pessoas. Os casos leves podem ser acompanhados completamente no âmbito da APS e por telemedicina. Quem fica em isolamento Pessoas com quadro clínico de SG, apresentando sintomas leves, sem sinais de gravidade e com ausência de comorbidades que indiquem avaliação em centro de referência, são casos tratados como suspeitos de COVID- 19 e devem ficar em isolamento. A vigilância ativa e continuada dos pacientes de casos leves é a principal ferramenta para o manejo. O manejo inclui o isolamento domiciliar por 14 dias, a contar da data de início dos sintomas. Durante esse período, as pessoas devem ser conduzidas com medidas não farmacológicas, como repouso, hidratação, alimentação adequada e o uso, quando necessário, de analgésicos e antitérmicos. A equipe deve fazer contato com essas pessoas a cada 48 horas para rever o quadro sintomatológico - preferencialmente por teleatendimento. O isolamento inclui, também, a restrição de contatos domiciliares com o paciente de Síndrome Gripal, como medida de precaução do cuidador. Quais as medidas de precaução no domic ílio Cuidados domésticos ISOLAMENTO DO PACIENTE ▪ Permanecer em quarto isolado e bem ventilado; ▪ Caso não seja possível isolar o paciente em um quarto único, manter pelo menos um metro de distância; ▪ Dormir em cama separada (exceção: mães que estão amamentando devem continuar amamentando com o uso de máscara e medidas de higiene, como a lavagem constante das mãos); ▪ Limitar a movimentação do paciente pela casa. Locais compartilhados da casa (como cozinha, banheiro etc) devem estar bem ventilados; ▪ Utilizar máscara cirúrgica todo o tempo. Caso o paciente não tolere ficar por muito tempo, realizar medidas de higiene respiratória com mais frequência; ▪ Trocar máscara cirúrgica sempre que estiver úmida ou danificada; ▪ Em idas ao banheiro ou a outro ambiente, o paciente deve usar máscara sempre; ▪ Realizar higiene frequente das mãos, com água e sabão ou álcool em gel, especialmente antes de comer ou de cozinhar e após ir ao banheiro; ▪ Sem visitas ao paciente; ▪ O paciente só poderá sair de casa em casos de emergência. Ao sair, deverá usar máscara e evitar multidões, preferindo transportes individuais ou a pé, sempre que possível. PRECAU ÇÕES DO CU IDADOR ▪ O cuidador deve utilizar uma máscara (descartável) quando estiver perto do paciente; ▪ Caso a máscara fique úmida ou com secreções, deve ser trocada imediatamente. Nunca tocar ou mexer na máscara enquanto estiver perto do paciente; ▪ Após retirar a máscara, o cuidador deve lavar as mãos; ▪ Deve ser realizada a higiene das mãos toda vez que parecerem sujas ou antes/depois: do contato com o paciente, de idas ao banheiro, de cozinhar e de Como conduzir isolamento domiciliar - aula 3 15 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus comer. Pode ser utilizado álcool em gel quando as mãos estiverem secas e água e sabão quando as mãos parecerem oleosas ou sujas; ▪ Toda vez que lavar as mãos com água e sabão, dar preferência ao papel toalha. PRECAU ÇÕES GERAIS ▪ Toda vez que lavar as mãos com água e sabão, dar preferência ao papel toalha. Caso não seja possível, utilizar toalha de tecido e trocá-la toda vez que ficar úmida; ▪ Todos os moradores da casa devem cobrir a boca e o nariz quando forem tossir ou espirrar, seja com as mãos ou com máscaras. ▪ Jogar fora as máscaras, após o uso; ▪ Evitar o contato com as secreções do paciente; ▪ Quando for descartar o lixo do paciente, utilizar luvas descartáveis; ▪ Limpar mais de uma vez por dia as superfícies que são frequentemente tocadas; ▪ Para limpar superfícies, banheiros e toaletes, use solução contendo alvejante (uma parte de alvejante para 99 partes de água); ▪ Lave roupas pessoais, roupas de cama e roupas de banho do paciente com sabão comum e água entre 60-90°C. Depois deixe secar; ▪ Caso necessário, todas as pessoas residentes da casa do paciente deverão receber atestado médico pelo período de 14 dias. Contato com a equipe de saúde O contato da equipe de saúde com o paciente deve ser realizado, no máximo, a cada 48 horas. Deve ocorrer preferencialmente por teleatendimento - caso não seja possível, recomenda-se que a equipe se desloque para visita domiciliar. Durante a visita deve ser utilizado EPI e tomadas medidas de prevenção de contágio. Para o acompanhamento do paciente em isolamento, é importante que a equipe da APS tenha os canais de contato não só do paciente, mas de todos da família ou mesmo de vizinhos. É indicado realizar o teleantedimento sempre que possível, evitando que a pessoa com sintomas saia de casa. Em caso de alteração no quadro e piora dos sintomas, essas pessoas devem ser orientadas a procurar o serviço de saúde para que sejam reavaliadas. Recomenda-se que a triagem e aclassificação de risco dessas pessoas sejam realizadas preferencialmente por sistemas de teleatendimento. Se mais alguém na mesma casa apresentar sintomas de SG, deverá ser avaliada de forma a reduzir o risco de contágio de outras pessoas. Na hipótese de ser um novo caso diagnosticado como Síndrome Gripal leve, essa pessoa deverá estender o isolamento por mais 14 dias, a partir do início dos sintomas. A extensão de prazo só se aplica a quem apresentar sintomas: os demais residentes do domicílio, se assintomáticos, estarão liberados após o primeiro ciclo de 14 dias do isolamento. A equipe de saúde deverá realizar a notificação no e-SUS VE do novo caso de Síndrome Gripal. Período de isolamento 01-07 dias após o início dos sintomas → Potencial de maior virulência e transmissibilidade. ENCERRANDO O ISOL AMENTO As pessoas devem continuar seguindo as orientações de isolamento social determinadas pelas autoridades locais, uma vez que não é possível ter certeza de que estão imunes contra a COVID-19 até que um teste laboratorial para a detecção de anticorpos seja realizado. Telemedicina no manejo terapêutico da COVID-19 Em 20 de março de 2020 foi publicada a Portaria n°467, que autoriza as ações de telemedicina em caráter excepcional e temporário, com interação à distância. Ações de telemedicina podem ser úteis para o monitoramento e acompanhamento dos casos em isolamento domiciliar, assim como para a realização da triagem Fast-track sem necessidade de deslocamento do paciente. As ações regulamentadas contemplam: ▪ Atendimento pré-clínico. ▪ Suporte assistencial. ▪ Consultas e monitoramento. ▪ Diagnóstico realizados por meio de tecnologia da informação. ▪ Comunicação no âmbito do SUS. Assim, o manejo clínico pode usar sistema de telemedicina por telefone ou por vídeochamadas. Não é necessário gravar o atendimento, mas é preciso anotar as informações no prontuário clínico do paciente. Durante uma consulta por telemedicina, anote no prontuário do paciente: ▪ Dados clínicos necessários para a boa condução do caso; ▪ Conduta adotada; ▪ Orientações que foram repassadas ao paciente ou cuidador; ▪ Data, hora, tecnologia da informação e comunicação utilizada para o atendimento; ▪ Identificação profissional (número de inscrição no Conselho Profissional). 16 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus Como organizar o teleantedimento Para organizar o teleatendimento é necessário informar à população: • Número de telefone da UBS e/ou • Número de celular para mensagem (ex. whatsapp) • Pessoa responsável pelas chamadas (atender o telefone e monitorar as mensagens). Essa pessoa vai realizar a triagem, fornecer informações iniciais e, se for o caso, alertar a unidade sobre pessoas com sintomas mais graves. O gráfico abaixo apresenta uma sugestão de como adaptar os conceitos da Aula 1 para uma central de Teleatendimento: Atenção: Caso surjam dúvidas sobre a condução individual do caso durante o atendimento pré-clínico, acionar o médico da equipe e avaliar necessidade de um atendimento por telemedicina ou presencial. Ações de vigilância em saúde Todo caso de Síndrome Gripal deve ser notificado no seguinte link: http://notifica.saude.gov.br. Trata-se de uma medida de vigilância epidemiológica compulsória para profissionais de saúde. Tanto a notificação quanto o registro correto no prontuário permitem uma eventual investigação epidemiológica e formulação de políticas e estratégias de saúde. Registro no prontuário No prontuário, físico ou eletrônico, fichas de produção assistencial devem ser anotadas, com ao menos um dos códigos CID-10 indicados pelo Ministério da Saúde. ➢ B34.2 → Infecção por coronavírus de localização não especificada. ➢ U04.9 → Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). ➢ J11 → Influenza devido a vírus não identificado. ➢ Outros códigos possíveis: Influenza identificado (J10), Resfriado comum (J00), Faringite (J02.9), Amigdalite (J03.9), Laringite e Traqueíte (J04.1-3) e IVAS (J06). Notificação compulsória A notificação deve ser preenchida logo após as medidas de manejo clínico. É importante que a notificação seja realizada nesse momento para garantir que todos os dados necessários à investigação epidemiológica estejam preenchidos. Caso a UBS não tenha acesso à internet, é preciso anotar as informações necessárias e fazer a notificação assim que possível. Informações que deverão ser preenchidas no e-SUS VE: Tem CPF? (Sim ou não); É profissional de saúde? (Sim ou não); CPF; Nome completo; Data de nascimento; Sexo (masculino ou feminino); CEP; Logradouro; Número (ou SN para Sem número); Complemento; Bairro; Estado de Residência; Município de Residência; Telefone Celular; Telefone de contato; Data de notificação; Sintomas (Dor de garganta, dispneia, febre, tosse); Data de início dos sintomas; Condições (Doenças respiratórias crônicas descompensadas; doenças cardíacas crônicas; diabetes; doenças renais crônicas em estágio avançado; imunossupressão; gestante de alto risco; portador de doenças cromossômicas ou estado de fr); Estado do teste (Teste rápido – anticorpo; teste rápido – antígeno; RT-PCR); Resultado do teste (negativo; positivo). Tela final do e-SUS Vigilância Epidemiológica – Lista das notificações realizadas. Exames laboratoriais Mesmo não havendo indicação de testagem para COVID- 19 no manejo de casos leves na atenção básica, os pacientes podem ter dúvidas sobre esse tema ou mesmo solicitar que seja pedido o exame. Nessa situação, é preciso explicar aos pacientes que os exames estão reservados para os casos mais graves, que cursam com internação hospitalar, e para profissionais de saúde, de forma que possam voltar ao trabalho e atuar no enfretamento da epidemia assim que estiverem curados. Tipos de exames Os exames laboratoriais para diagnóstico de COVID-19 são divididos basicamente em 3 tipos: Teste molecular: detecta o genoma viral (RNA), sendo realizado por técnicas como Reação em Cadeia da Polimerase (RT-PCR), teste de ácido nucleico (NAAT) e outras. Os testes rápidos utilizam métodos mais simples e são capazes de dar o resultado em questão de minutos. Eles se subdividem em testes de antígenos virais, que detectam a presença do vírus, e testes de anticorpos (IgM e IgG), sendo estes últimos os que já estão disponíveis para SARS-CoV-2. É importante frisar que os anticorpos podem vir a ser detectáveis após cerca de sete dias desde o início da http://notifica.saude.gov.br/ 17 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus infecção. Portanto, mesmo que estivessem disponíveis, não seriam úteis para o diagnóstico da doença. Sua utilidade principal é epidemiológica e permite que profissionais de saúde retornem ao trabalho curados. Outra ação de Vigilância em saúde importante é a busca ativa de novos casos suspeitos de Síndrome gripal na comunidade. Por isso, o treinamento de profissionais para reconhecimento de sinais e sintomas clínicos de SG é de extrema importância na APS, particularmente para os agentes comunitários de saúde, já que é uma de suas principais funções. O teleatendimento é uma ferramenta promissora para a realização de busca ativa, que pode ser adaptada à realidade local em consonância com as iniciativas dos governos estaduais e federal. A segurança dos profissionais é essencial para que a melhor assistência seja oferecida às pessoas nas unidades de saúde. Em situação de pandemia, muitas vezes esses trabalhadores passam a atuar de forma mais intensa, devido à alta demanda nos serviços e à escassez de profissionais. Além do aumento da carga física de trabalho e estresse psicológico, profissionais de saúde enfrentam a exposição e o risco de infecção pelo coronavírus.Exercícios físicos regulares, alongamentos e refeições equilibradas podem contribuir para aliviar o estresse e contribuir para o bem-estar desses trabalhadores. Idealmente, exames regulares para COVID-19 devem ser realizados por profissionais de saúde, mesmo quando eles não apresentam sintomas ou sinais da doença. Durante o tempo de repouso, deve ser fornecido apoio psicológico a esses trabalhadores. Além disso, para aliviar o estresse físico e psicológico, deve-se incentivar a comunicação contínua e o incentivo mútuo entre os profissionais de saúde. Atenção também deve ser dada ao eczema no rosto - um exemplo frequente de efeito do uso prolongado de equipamentos de proteção individual (óculos de proteção e máscaras). ➢ Cremes ou pomadas podem ser usados para o alívio dos eczemas. ➢ Colocar um curativo adesivo na pele pode ser um método preventivo. Uso de equipamentos de proteção individual (EPIS) A provisão adequada de EPI é apenas o primeiro passo. É fundamental, portanto, que todo profissional, ao atender os pacientes com suspeita de Síndrome Gripal, utilize Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) e adote as medidas para evitar o contágio. À medida que a pandemia acelera, o acesso a EPIs para profissionais de saúde é uma preocupação importante. Além das preocupações com a segurança pessoal, os profissionais de saúde encontram-se muitas vezes sob o risco de transmitir a infecção para suas famílias. Muitas vezes medidas de proteção como o distanciamento pessoal, principalmente em relação aos casos suspeitos e/ou confirmados de COVID-19 não podem ser aplicadas aos profissionais de saúde. É reconhecida a propensão para propagação de coronavírus nos serviços de saúde, o que faz com que mesmo adotando as recomendações de precaução e proteção, esses profissionais ocasionalmente fiquem doentes. Nesses casos, é essencial que o profissional com sintomas de Síndrome Gripal realize os testes para o coronavírus, e/ou adote uma estratégia clínico- epidemiológico para definir as medidas de afastamento e isolamento. Qual EPI usar Varia de acordo com o contexto e procedimento a ser realizado, levando em conta o potencial risco de contaminação em cada tipo de exposição. Protegendo os profissionais de saúde – Aula 4 18 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus a → Se a ambulância não dispuser de divisória rígida e fixa separando os compartimentos do motorista e do paciente. Se houver chance de contato com um paciente suspeito ou confirmado, use roupas de proteção, incluindo sapatos, máscaras e luvas (adicione óculos de segurança ou protetor facial, se necessário). b → Os procedimentos que produzem aerossóis incluem intubação endotraqueal, ressuscitação cardiopulmonar, broncoscopia, aspiração das vias aéreas, cuidados com traqueostomia, necropsia, ambientes pressurizados, terapia com nebulizador, coleta de material respiratório, exame clínico das vias aéreas e indução de escarro. c → A seleção, uso e gerenciamento de equipamentos de proteção individual nos laboratórios de manipulação de amostras devem seguir as diretrizes de biossegurança do laboratório/hospital/CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar). Recomendações para uso adequado dos EPIS O uso e a remoção adequados dos EPIs devem seguir medidas que garantam a proteção do profissional. Os itens a serem utilizados devem ser preparados antecipadamente, seguindo uma ordem: • Os cabelos devem estar bem amarrados ou fixados e o relógio e as jóias devem ser removidos para evitar contaminação. • O profissional de saúde deve beber água e/ ou utilizar o banheiro antes de colocar o equipamento de proteção individual. • Se houver contaminação ou dano durante o uso, o equipamento de proteção individual deverá ser substituído. • O profissional de saúde deve descontinuar o procedimento ou ser substituído por outro profissional se as luvas estiverem molhadas até que estas sejam trocadas. Atenção: Os profissionais de saúde se contaminam com mais frequência do que imaginam enquanto removem itens de proteção como vestuário, máscaras e luvas. A adequada remoção dos EPIs é uma etapa essencial para minimizar os riscos de contaminação cruzada e infecção pelo novo coronavírus. No contexto da assistência rotineira ao paciente, o equipamento de proteção individual (EPI) é selecionado por meio de precauções padrão ou com base na cadeia de transmissão da doença identificada como infecciosa (transmitidas pelo ar, por contato ou por gotículas). As precauções padrão requerem cuidados dos profissionais de saúde para reconhecer a via de transmissão de uma doença infecciosa, antecipar as exposições que ocorrerão durante o atendimento ao paciente e então selecionar o EPI adequado. No entanto, o profissional de saúde, muitas vezes, falha ao selecionar o EPI apropriado devido à exigência de agilidade no atendimento, dificuldade de acesso aos equipamentos e pouca percepção de exposição ao risco. Dessa forma faz-se necessária uma abordagem sistemática baseada em risco para a seleção de EPI contra agentes infecciosos - endêmicos ou emergentes - em serviços de saúde. Essa abordagem baseia-se em estratégias de saúde ocupacional e complementa as diretrizes do Infectious Diseases Standard proposto pela Occupational Safety and Health Administration (OSHA). Seleção de EPIS – abordagem sistemática baseada em risco A abordagem sistêmica baseada em risco inclui 4 etapas: Etapa 1 – Análise de risco do trabalho: é uma técnica usada para descrever atividades realizadas em serviço e antecipar riscos à saúde e segurança. Isso pode ser realizado com base em conhecimentos profissionais, observação direta, fotografia, gravação de vídeo ou desenho da atividade. Em situações de exposição a patógenos entre os profissionais de saúde, recomenda-se que as três perguntas a seguir sejam consideradas para identificar riscos infecciosos: 1) Como o profissional entra em contato com o paciente? 2) Como o profissional interage com o ambiente de trabalho? e 3) Quais fluidos corporais estão presentes e em que locais? Etapa 2 – Análise de risco da doença infecciosa: O risco de contaminação aos profissionais varia conforme 1) fonte do patógeno; 2) grau de contaminação; 3) patogenicidade; 4) potencial de gravidade da doença; e 5) cadeia de transmissão. A escolha do EPI deve se pautar pela atenção à superfície de exposição onde se dá a via da infecção, como por exemplo o trato respiratório ou a pele. O EPI deve impedir que o patógeno alcance a superfície de exposição, evitando a transmissão. No caso do novo coronavírus, sabe-se que a transmissão acontece de uma pessoa doente (sintomática ou não) para outra ou por contato próximo por meio principalmente de toque do aperto de mão, por gotículas de saliva e fluidos corporais como catarro, e por objetos ou superfícies contaminadas como celulares, mesas, maçanetas, brinquedos e teclados de computador. Etapa 3 - Seleção de EPI: O EPI selecionado deve impedir que os patógenos atinjam as superfícies de exposição. As doenças infecciosas com alta gravidade requerem EPI com muito baixa probabilidade de penetração de partículas. A proteção ocular e facial deve evitar o contato de fluidos corporais, como gotículas e aerossóis. Se a gravidade da doença for tal que nenhuma exposição possa ser tolerada, o EPI a ser utilizado deve cobrir todo o rosto e a cabeça. As máscaras impedem a inalação de patógenos suspensos no ar. O nível de proteção fornecido pelas máscaras é definido por sua capacidade em barrar o contato com o patógeno - a razão entre a 19 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus concentração de contaminantes fora e dentro da máscara, e varia substancialmente.Atenção particular aos pelos faciais, que podem interferir na vedação e ajuste das máscaras. Luvas são os principais dispositivos de proteção das mãos nos cuidados de saúde e servem como barreiras, desde que preservados níveis adequados de destreza e tatilidade. A proteção do pé com calçados e revestimentos adequados para calçados (propé, ex) também é indicada para minimizar os riscos de contaminação. Etapa 4 – Avaliação do EPI selecionado: devem ser avaliadas individualmente quanto ao desempenho e como um conjunto. As três grandes categorias de desempenho de EPI que devem ser consideradas incluem: (1) vestir, retirar e substituir; (2) usabilidade e (3) adequação à segurança. Exames para detecção de COVID-19 Idealmente, toda a população com quadro sintomático suspeito para Covid-19 deveria ser testada, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso contribuiria para uma noção melhor da taxa de letalidade, já que quando testados apenas os casos graves, há uma chance maior de se obter um número subestimado da ocorrência da doença e, com isso, uma letalidade que pareça maior. Além disso, confirmar a presença do coronavírus ajuda a reforçar o isolamento desse indivíduo e dos indivíduos mais próximos, o que contribuiria para frear o ritmo de transmissão da COVID-19. Infelizmente, até o momento não dispomos de kits de testes suficientes no Brasil para uma política abrangente de testagem. Profissionais de saúde compõe o grupo de pessoas a serem testadas de forma preferencial. Tipos de exames EXAME MOL ECUL AR PARA COVID - 19 O exame molecular, realizado por PCR-RT ou NAAT é o teste mais preciso disponível. Nele, uma amostra de secreção nasal e da orofaringe do paciente é levada ao laboratório, sendo capaz de detectar material genético do vírus. É um exame cuja realização é mais complexa e por isso são mais caros e demorados. TESTE RÁPIDO DE ANTICORPOS PARA COVID-19 Estes testes medem a quantidade de anticorpos (IgG e IgM) que o organismo produz quando entra em contato com o vírus SAR-CoV-2. Acontece que o IgM é produzido na fase aguda da infecção, ao passo que IgG pode aparecer só mais tarde. Para o resultado positivo, é preciso que haja uma quantidade mínima dessas moléculas circulando pelo corpo, normalmente só ocorre após 7 dias da infecção. Nesses casos, o exame pode ter o resultado falso-negativo, o que enfraquece o seu uso como único parâmetro de diagnóstico. O teste deve ser realizado a partir do 8º dia de sintomas (existe uma janela imunológica de 7 dias ou mais), e é recomendado é esperar 3 dias após o desaparecimento dos sintomas para voltar ao trabalho. Recomendação de afastamento para profissional de saúde Profissionais de serviços essenciais com suspeita de Síndrome Gripal, devem se afastar do trabalho imediatamente e fazer a testagem. Também devem ser afastados se forem contactantes domiciliares de pessoas com síndrome gripal. O retorno ao trabalho depende dos resultados dos testes ou em função de critério clínico-epidemiológico. Recomendações de retorno ao trabalho Recomenda-se também que sejam afastados do trabalho os profissionais de saúde em grupo de risco, isto é, aqueles: • com 60 anos ou mais; 20 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus • cardiopatas graves ou descompensados (insuficiência cardíaca, infartados, revascularizados, portadores de arritmias); • pneumopatas graves ou descompensados (dependentes de oxigênio, portadores de asma moderada/grave, DPOC); • imunodeprimidos; aqueles com doenças renais crônicas em estágio avançado (graus 3, 4 e 5); • diabéticos, conforme juízo clínico; • gestantes de alto risco. Na impossibilidade de afastamento desses profissionais, eles NÃO deverão realizar atividades de assistência a pacientes suspeitos ou confirmados de Síndrome Gripal. Preferencialmente, deverão ser mantidos em atividades de gestão, suporte, assistência nas áreas onde NÃO são atendidos pacientes suspeitos ou confirmados de Síndrome Gripal. Para os profissionais de saúde que tiverem tido contato com pacientes suspeitos ou confirmados de Síndrome Gripal no âmbito domiciliar, residirem no mesmo domicílio e que seguirem assintomáticos, a orientação do MS é de afastamento por 7 dias. Após esse período, se permanecerem assintomáticos, podem retornar ao trabalho. Não há recomendação de afastamento para aqueles profissionais que tiverem tido contato com pacientes suspeitos ou confirmados de SG mas não residirem no mesmo domicílio. Páginas especiais sobre coronavírus: • Ministério da Saúde (https://coronavirus.saude.gov.br/); • Fiocruz (https://portal.fiocruz.br/coronavirus); • UNA-SUS – Universidade Aberta do SUS (https://www.unasus.gov.br/especial/covid19/); • Organização Mundial da Saúde (https://www.who.int/emergencies/diseases/novel- coronavirus-2019); • Organização Panamericana da Saúde (https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content &view=article&id=6101:covid19&Itemid=875). Questionário – módulo 2 Questão 1: Quais dessas comorbidades NÃO indicam acompanhamento para COVID-19 em Centros de Referência? Escolha uma: a) Diabetes, DPOC e asma mal controladas. b) Diabetes e displasia broncopulmonar com complicações. c) Doenças cardíacas crônicas e diabetes; d) Hipertensão. e) Pacientes em diálise. Questão 2: Quais desses EPIs são recomendados aos profissionais de saúde para uso de rotina na UBS? a) Máscara cirúrgica e luvas descartáveis. b) Avental/capote e óculos de segurança. c) Máscara N95 e luvas descartáveis. d) Óculo de segurança e máscara N95. e) Máscara cirúrgica e máscara N95. Questão 3: A notificação no e-SUS deve ser deita: Escolha uma: a) Somente em caso de isolamento. b) Somente quando o exame der positivo para o coronavírus. c) Somente em casos de sintomáticos graves. d) Somente em caso de remoção para Centro de referência. e) Sempre que identificar um novo caso de Síndrome Gripal. Questão 4: Marque os principais sinais e sintomas de gravidade da COVID-19 em crianças. Escolha uma: a) Retração sub/intercostal severa. b) Ronco. c) Diminuição do pulso periférico. d) Batimento da asa do nariz. e) Todas as alternativas. Questão 5: O período de maior transmissibilidade da COVI- 19 é: a) Entre o dia do contágio e o fim dos sintomas. b) Entre o dia do contágio até o início dos sintomas. c) 14 dias, a partir do contágio. d) A primeira semana após o início dos sintomas. e) 14 dias, a partir do início dos sintomas. https://coronavirus.saude.gov.br/ https://portal.fiocruz.br/coronavirus https://www.unasus.gov.br/especial/covid19/ https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019 https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019 https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6101:covid19&Itemid=875 https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6101:covid19&Itemid=875 21 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus Esta aula está voltada para os ambientes hospitalares (emergências hospitalares) e aqueles voltados á urgência e emergência fora do ambiente hospitalar (Unidades de Pronto Atendimento – UPAS). Síndrome Respiratória Aguda Grave O período de incubação da COVID-19 é em média 4-5 dias, podendo durar até 14 dias após o momento de exposição. A doença tem um espectro de pacientes assintomáticos até a pneumonia severa com síndrome de angústia respiratória e morte. Casos suspeitos para COVID-19 Síndrome Gripal (SG): individuo com quadro respiratório agudo caracterizado por: ▪ Sensação febril ou febre, mesmo que relatada. ▪ Tosse ou dor de garganta ou coriza ou dificuldade respiratória. A febre pode não estarpresente na suspeita da COVID-19. Em crianças, pensar a obstrução nasal como um sinal possível. Em adultos, considerar critérios específicos de agravamento, como síncope, confusão mental, sonolência excessiva, inapetência e irritabilidade. Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG): Síndrome Gripal que apresente: ▪ Dispneia/desconforto respiratório ou ▪ Pressão persistente no tórax ou ▪ Saturação menor que 95% em ar ambiente ou ▪ Coloração azulada dos lábios ou rosto. Em crianças, além dos itens anteriores, observar os batimentos de asa de nariz, cianose, tiragens intercostais, desidratação e inapetência. Segundo o National Institute of Health, em um relato de 1482 pacientes internados com COVID-19 confirmada, os sintomas mais presentes foram tosse (86%), febre ou calafrios (85%), taquipneia (80%), diarreia (27%) e náuseas (24%). Outros sintomas relatados foram, tosse produtiva, cefaléia, zumbidos, rinorreia, perda do paladar e do olfato, dor de garganta, dor abdominal, anorexia e vômitos. Definição do que é um quadro severo da síndrome gripal (suspeita ou confirmada COVID-19) → relevante para a adequação do cuidado de cada paciente, mas também para o estudo epidemiológico da ocorrência da doença, permitindo avaliar se as estratégias de mitigação são adequadas e possibilitando maior planejamento dos serviços de saúde à medida em que a pandemia avança. Segundo Verity et al., o quadro grave/severo de síndrome gripal pela COVID-19 foi definido na China e em outros países como aquele que apresenta: • Taquipneia ≥30 irpm; • Saturação de O2 ≤93% em ar ambiente; ou • Taxa de PaO2/FiO2 < 300 mmHg. Detecção precoce da SRAG através dos fatores de risco para seu desenvolvimento O trabalho de detecção precoce inicia-se na realização de uma anamnese adequada, que considere o histórico do paciente, cujo objetivo é determinar um nível de risco para a COVID-19 ou avaliação de outras causas possíveis. Esse histórico permite identificar a evolução clínica do paciente e suas comorbidades. O exame físico possibilita completar o quadro clínico do paciente, e, assim, a equipe de saúde pode considerar os fatores de risco presentes. Os fatores de risco para o agravamento de uma síndrome gripal para um quadro de SRAG compreendem tanto as condições crônicas ou agravos dos pacientes, como suas características clínicas/laboratoriais no momento em que se apresentam em um serviço de saúde. A compreensão dos fatores de risco para a hospitalização de pacientes suspeitos ou com COVID-19 é bastante importante por diversas razões: • Identificar pacientes que possam se beneficiar de uma intervenção precoce, e também orientar uma regulação de leitos baseada em parâmetros de risco de cada paciente; • Apoiar os gestores de saúde sobre populações de maior risco e vulnerabilidade; • Ajudar os planejadores e epidemiologistas em suas estimativas de casos e hospitalizações e, portanto, na definição da necessidade de leitos e outros recursos. Segundo o Ministério da Saúde, as condições produtoras de maior risco a serem consideradas são: Grávidas em qualquer idade gestacional, puérperas até duas semanas após o parto (incluindo as que tiveram aborto ou perda fetal); Adultos ≥ 60 anos; Crianças < 5 anos (sendo que o maior risco de hospitalização é em menores de 2 anos, especialmente as menores de 6 meses, com maior taxa de mortalidade); População indígena aldeada ou com dificuldade de acesso; Indivíduos menores de 19 anos de idade em uso prolongado de ácido acetilsalicílico (risco de síndrome de Reye); Indivíduos que apresentem: ▪ Pneumopatias (incluindo asma); ▪ Pacientes com tuberculose de todas as formas (há evidências de maior complicação e possibilidade de reativação); Mód 3 – Detecção precoce e classificação da severidade dos pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) 22 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus ▪ Cardiovasculopatias (excluindo hipertensão arterial sistêmica); ▪ Nefropatias; ▪ Hepatopatias;. ▪ Doenças hematológicas (incluindo anemia falciforme); ▪ Distúrbios metabólicos (incluindo diabetes mellitus); ▪ Transtornos neurológicos e do desenvolvimento que podem comprometer a função respiratória ou aumentar o risco de aspiração (disfunção cognitiva, lesão medular, epilepsia, paralisia cerebral, síndrome de Down, acidente vascular encefálico – AVE ou doenças neuromusculares); ▪ Imunossupressão associada a medicamentos (corticoide ≥ 20 mg/dia por mais de duas semanas, quimioterápicos, inibidores de TNF-alfa), neoplasias, HIV/aids ou outros; ▪ Obesidade (especialmente aqueles com índice de massa corporal – IMC ≥ 40 em adultos). De acordo com o Ministério da Saúda, a estratificação dos pacientes deve considerar as condições acima elencadas (que aumentam o risco em relação à gravidade da doença pela COVID-19) e se os sintomas respiratórios se relacionam com o trato respiratório superior ou inferior. No trato respiratório superior, identificar a presença dos seguintes sinais: tosse, coriza, dor de garganta ou febre; ausência dos critérios atribuídos ao trato respiratório inferior. Em relação ao trato respiratório inferior, utilizar o oxímetro para aferir se a SatO2 < 93%, e/ou se a Frequência Respiratória > 22 incursões respiratórias por minuto. O quadro abaixo apresenta parâmetros em termos do qSOFA para internação em leito geral ou em leito de UTI. Critérios para calcular qSOFA: ▪ Frequência respiratória >22 irpm → 1 ponto. ▪ Pressão arterial sistólica <100 mmHg → 1 ponto. ▪ Alteração do nível de consciência → 1 ponto. Características de apresentação e evolução da SRAG Em relação as manifestações clínicas da doença, a COVID- 19 é efetivamente sistêmica, atingindo não só o aparelho respiratório, mas também os rins, o aparelho cardiovascular, o sistema de coagulação, entre outros. Na base desses acometimentos estaria uma potente síndrome inflamatória, provocando sintomas e sinais em muitos aparelhos e sistemas do corpo humano. Artigo COVID-19 cytokine sotrm: the interplay between inflammation and coagulation: A superprodução de citocinas em uma reação precoce pró-inflamatória resulta numa tempestade de citocinas, levando ao risco aumentando de hipermaleabilidade vascular, falência de múltiplos órgãos e, finalmente, morte, quando as altas concentrações de citocinas não diminuem ao longo da evolução clínica do paciente. Essa compreensão da patogenicidade permite aos profissionais de saúde envolvidos no cuidado um raciocínio clínico abrangente. Síndrome da tempestade de citocinas Classificação: Grau 1 → Febre; Sintomas constitucionais. Grau 2 → Hipotensão arterial respondente a baixas doses de vasopressores ou infusão intravenosa de líquidos; Toxicidade em órgãos alvos grau 2. Grau 3 → Choque – requer altas doses/vários vasopressores; Hipóxia - >=40% FIO2; Toxicidade em órgãos-alvo grau 3; Transaminases grau 4. Grau 4 → Ventilação mecânica; Toxicidade em órgãos-alvo grau 4 (Excluído transaminases). Relação com o sistema imunológico A resposta inflamatória é muito importante para a imunidade e para a resolução da doença, mas a 23 Beatriz Machado de Almeida Manejo da infecção causada pelo novo coronavírus intensidade da resposta pode ser importante no desfecho e no quadro clínico. Nos pacientes mais graves, esse perfil sistêmico de resposta inflamatória muito intensa é observado com o predomínio de citocinas (IL6 - principalmente, IL1-B, IL-8, TNF) e quimiocinas (TCL2 e TCL3). Diante disso, muitos estudos já tem relatado os benefícios do tratamento que envolve o bloqueio da sinalização das citocinas IL-6, assim como o bloqueio da combinação da sinalização tanto da IL-6 como da IL1-b. Outro ponto importante é a linfopenia
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