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Não basta construir presídios, é preciso prender com critério

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Por: Ana Luísa Marques R. Lins 
 
“Não basta construir presídios, é preciso prender com critério.” 
 
 Em coadunação com a filosofia contratualista, o Estado foi criado com o intuito 
de assegurar os direitos populacionais e, com isso, promover a coesão cívica em todos os 
âmbitos sociais. Entretanto, a União estigmatiza e precariza a questão do encarceramento, 
e a morosidade desse sistema gera deficiências graves no cerne social do país. Dessa 
forma, é válido analisar a inoperância governamental no que tange ao cumprimento da 
legislação, bem como observar a utilização desmedida das ferramentas para a tentativa de 
controle social. 
A Lei de Execução Penal administra as unidades prisionais e garante a assistência 
jurídica e humanitária - saúde, educação, trabalho - para orientar o retorno à convivência 
civilizacional do indivíduo. Todavia, o governo banaliza os direitos fundamentais dos 
encarcerados, devido à inferiorização imposta pelo interesse intransigente da camada 
elitista que está no poderio, e não dispõe de instrumentos suficientes para prover as 
condições legislativas mínimas de segurança e de dignidade em um ambiente de alta 
insalubridade. Logo, lamentavelmente, a falta de responsabilidade estatal perante o 
código vigente gera frutos tóxicos à organização cívica, em que finda com a hombridade 
dos necessitados de reeducação social. 
Atrelado a isso, persevera o vício coletivo de utilizar a justiça para punir quem 
não age rigorosamente com os padrões estabelecidos, sem ponderar os fatores inerentes 
à condição humana - baixa escolaridade, pobreza extrema, segregação. Por conseguinte, 
uma quantidade vasta de cidadãos com menor potencial ofensivo é detida, de forma 
ordinária e sem a discriminação pertinente, e é inserida em uma prisão superlotada e 
danosa ao caráter individual. Assim, o uso desmedido do poderio prisional acarreta a 
formação de indivíduos sem concepções críticas, influenciados pelos encarcerados de alta 
periculosidade, e o Estado, mais uma vez, falha com a aplicabilidade de políticas 
públicas. 
Faz-se pertinente, portanto, que o Ministério da Justiça e Segurança Pública 
promova ações para a racionalização da entrada no sistema carcerário, por meio da 
investigação eficiente dos delitos, na qual se dará privilégio à detenção de crimes 
violentos e se direcionarão penas alternativas aos de baixa periculosidade, com vistas a 
diminuir o encarceramento em massa, que é baseado em perspectivas equivocadas, e a 
melhorar as condições básicas nas prisões. Dessa maneira, o indivíduo periférico terá o 
apoio do Estado, como objetiva a óptica contratualista, e haverá a possibilidade de 
reinserção social pautada na vivência digna, sem maiores gastos para os cofres púbicos 
em projetos de construções de novos presídios para suprir a errônea demanda imposta. 
 
 
NOTA: 
C1: 140 C2: 200 C3: 200 C4: 200 C5: 200 
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