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Senso Comum
Você com certeza já deve ter ouvido alguém sugerir uma receita para deixar um bolo mais macio, ou curar uma dor de barriga, ou ajudar a melhorar o sono, enfim, soluções espontâneas que não vêm de livros ou de estudos científicos, mas que fazem parte da cultura de determinado grupo e que são passadas de uma geração para outra sem serem questionadas. Essa pode ser considerada como uma situação em que o senso comum predomina. 
O conhecimento senso comum também é conhecido como vulgar ou empírico por vir do povo, ser obtido ao acaso de forma assistemática. O indivíduo comum, mesmo sem uma formação acadêmica, tem conhecimentos sobre o mundo onde vive, tem consciência sobre si mesmo, defende ideias, reconhece seus sentimentos, aproveita-se da experiência de outros ou age por meio de vivências pessoais e por informações obtidas das tradições da coletividade ou ainda de uma religião. 
Esse conhecer as coisas de maneira superficial, por informação ou experiência casual, é o que caracteriza o conhecimento vulgar ou senso comum.
Outro aspecto importante em relação ao senso comum é o fato de que esse saber gera certezas intuitivas e pré-críticas, sendo passível de erros em suas conclusões e prognósticos.
Bachelard é um teórico que afirma ser o senso comum um dos primeiros e mais importantes obstáculos ao desenvolvimento do conhecimento científico. “Na formação do espírito científico, o primeiro obstáculo é a experiência primeira, a experiência colocada antes e acima da crítica – crítica esta que é, necessariamente, elemento integrante do espírito científico” (BACHELARD, 1996, p. 29 apud GERMANO; KULESZA, 2010, p. 119). 
Outro aspecto que precisa ser considerado é que o senso comum também está em contínua transformação e, após a popularização de uma descoberta, com o tempo ela passa a fazer parte do conhecimento cotidiano. 
O senso comum pode dar respostas – isso é um fato – porém, não há como buscar as respostas nesse tipo de conhecimento quando há condições de acessar informações e ferramentas mais diversas, que possibilitem a resolução dos problemas de forma mais racional. Tudo isso como resultado do desenvolvimento da ciência. Ocorre que o desenvolvimento da ciência muitas vezes parte de conhecimentos empíricos ou do senso comum.
· Muitos teóricos afirmam que a ciência é o senso comum especializado, porque muito do processo de construção científica tem aspectos comuns com o conhecimento empírico. 
· Outros afirmam que o senso comum e a ciência estão relacionados ao cotidiano humano, partem da experiência comum das pessoas. Muitos estudos científicos tiveram início a partir de situações vivenciadas no cotidiano e que, por responderem positivamente a alguma necessidade, levaram a estudos e pesquisas. 
Por exemplo, algumas plantas que eram utilizadas popularmente passaram a ser estudadas cientificamente a partir dos benefícios que ocasionavam. Embora nessa área os estudos ainda sejam insuficientes, o fato é que a Fitoterapia se constitui atualmente em importante linha de pesquisa em muitas Universidades. Isso tudo alimenta uma ideia: a de que o conhecimento pode libertar dos mitos, das superstições, da ignorância. 
Luckesi (1998) afirma que o conhecimento é libertador por dar aos indivíduos a capacidade de independência e autonomia. Um exemplo disso é o desconhecimento de nossos direitos.
Gramsci (1999) foi um teórico que estudou o senso comum por compreender sua importância como elemento básico para a formação de uma consciência crítica a partir do bom senso. Como ele analisou o senso comum tendo como referência as práticas sociais e políticas, enfatizou que nesse tipo de conhecimento se encontra a semente do bom senso, que é a possibilidade de superar o senso comum pela ação refletida. Para o autor não existe um único senso comum: por ser produto histórico, está continuamente sofrendo influências dos conhecimentos tradicionais, modernos e até do conhecimento científico, resultando em conceitos práticos com vistas à utilização em situações cotidianas. Assim, o senso comum é difuso e restrito à compreensão imediata, superficial. 
Siqueira et al. (2008, p. 7) apresenta algumas características do senso comum:
· O conhecimento comum é lato, isto é, apreendido de maneira não criteriosa; 
· É subjetivo, dependendo de sensos prévio que cada indivíduo particularmente possuiria o que daria ao conhecimento caráter acidental e não objetivo; 
· Fragmentário e não planejado, consistindo em uma maneira não metódica ou sistemática; 
· Herdados de maneira acrítica, não temática e, por isto, ingênua; podendo conter compreensões errôneas, acarretadas por conclusões induzidas pela repetição frequente de um dado.
A sociedade atual não pode contar com cidadãos orientados pelo senso comum que beneficia a todos de uma forma geral. Para isso, seria necessário que grande parte de cidadãos informados, e com visão crítica, fizessem as melhores escolhas. Dessa forma, se preparar, buscar informações atualizadas e analisar criticamente as opções são formas do cidadão ter condições de melhor contribuir com sua comunidade, sociedade e país.
Autonomia: capacidade de governo da própria vida por meio de valores, vontades e princípios. A autonomia de um indivíduo torna-o capaz de tomar suas decisões sem dependência de outros. 
Fitoterapia: são definidos pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como aqueles que são obtidos a partir de derivados vegetais e cuja ação deve ser comprovada através de estudos farmacológicos e toxicológicos. 
Submisso: aquele que obedece sem questionar, sem o direito de tomar decisões de maneira livre e autônoma ou expressar-se como quiser. Relaciona-se a jugo, que de maneira figurada significa obediência, sujeição, opressão.

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