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Lei de Improbidade Administrativa-compactado DICAS DE EX CONCURSEIRA

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Prévia do material em texto

@dicas.exconcurseira 1 
 
 
LEI DE IMPROBIDADE 
ADMINISTRATIVA 
 
(Lei 8.429/1992) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 2 
LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992 
 
(Vide Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) 
Dispõe sobre as SANÇÕES aplicáveis aos agentes públicos nos 
casos de ENRIQUECIMENTO ILÍCITO no exercício de mandato, 
cargo, emprego ou função na administração pública direta, 
indireta ou fundacional e dá outras providências. 
 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: 
 
CAPÍTULO I 
Das Disposições Gerais 
 
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por QUALQUER AGENTE PÚBLICO, SERVIDOR OU NÃO, contra a ADMINISTRAÇÃO 
DIRETA, INDIRETA ou FUNDACIONAL de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de 
Território, DE EMPRESA INCORPORADA AO PATRIMÔNIO PÚBLICO ou de ENTIDADE para cuja criação ou custeio o erário haja 
concorrido ou concorra com MAIS DE 50% do patrimônio ou da receita anual, serão PUNIDOS na forma desta lei. 
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de 
ENTIDADE que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como DAQUELAS para cuja 
criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com MENOS DE 50% do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, 
nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos*. 
 
Art. 2° REPUTA-SE AGENTE PÚBLICO, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, AINDA QUE TRANSITORIAMENTE OU SEM 
REMUNERAÇÃO, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, 
MANDATO, CARGO, EMPREGO ou FUNÇÃO nas entidades mencionadas no artigo anterior. 
 
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, ÀQUELE QUE, MESMO NÃO SENDO AGENTE PÚBLICO, INDUZA ou 
CONCORRA para a prática do ato de improbidade ou DELE SE BENEFICIE sob qualquer forma direta ou indireta. à 
TERCEIRO/EXTRANEUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUJEITO ATIVO DO 
ATO DE 
IMPROBIDADE ADM. 
SUJEITO PASSIVO DO 
ATO DE 
IMPROBIDADE ADM. 
Qualquer AGENTE PÚBLICO, servidor ou não, mesmo que trabalhe 
transitoriamente ou sem remuneração, independentemente da forma de 
investidura e do tipo de vínculo. 
Obs: Perceba que o conceito de “agente público” é o mais AMPLO possível, 
englobando até os estagiários (Info 568, STJ). 
TERCEIRO/PARTICULAR (extraneus) à aquele que não se enquadra no conceito 
de “agente público” e que INDUZ ou CONCORRE para a prática do ato de 
improbidade, ou dele SE BENEFICIA, de forma direta ou indireta. 
Obs: não é possível a propositura de ação de improbidade exclusivamente contra 
o particular, sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da 
demanda. STJ - 25/2/2014 (Info 535). 
ADMINISTRAÇÃO DIRETA 
 
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA 
 
ADMINISTRAÇÃO FUNDACIONAL 
 
EMPRESA incorporada ao patrimônio público 
 
ENTIDADE para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra 
com MAIS DE 50% do patrimônio ou receita anual 
 
ENTIDADE que recebe subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, 
de órgão público 
 
ENTIDADE para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou 
concorra com MENOS DE 50%* do patrimônio ou receita anual 
 
de qualquer dos Poderes da União, 
dos Estados, do DF, dos Municípios 
e Territórios 
Obs: o SUCESSOR daquele que 
causar LESÃO ao patrimônio 
público ou se ENRIQUECER 
ILICITAMENTE está sujeito às 
cominações da LIA, até o 
limite do valor da herança. 
 
 @dicas.exconcurseira 3 
Sujeito ativo é a pessoa física ou jurídica que: 
- pratica o ato de improbidade administrativa; 
- concorre para a sua prática; 
- ou dele se beneficia. 
 
O sujeito ativo do ato de improbidade será réu na ação de improbidade. 
 
Os sujeitos ativos podem ser de duas espécies: 
• agentes públicos (art. 2º); 
• terceiros (art. 3º). 
 
Agentes públicos para fins de improbidade 
O conceito de agente público para fins de improbidade administrativa é o mais amplo possível: 
- Agente público é todo aquele que exerce, 
- ainda que transitoriamente ou sem remuneração, 
- por eleição, 
- nomeação, 
- designação, 
- contratação ou 
- qualquer outra forma de investidura ou vínculo, 
- mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no art. 1º. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O que é o “terceiro” para fins de improbidade administrativa? 
Terceiro é a pessoa física ou jurídica que, mesmo não sendo agente público, induziu ou concorreu para a prática do ato de 
improbidade ou dele se beneficiou direta ou indiretamente. 
Desse modo, o papel do terceiro no ato de improbidade pode ser o de: 
· induzir (instigar, estimular) o agente público a praticar o ato de improbidade; 
· concorrer para o ato de improbidade (auxiliar o agente público a praticar); 
· ser beneficiário do ato de improbidade (obter vantagem direta ou indireta). 
 
O “terceiro” pode ser uma pessoa jurídica? 
SIM. Apesar de existirem vozes em sentido contrário (ex.: Carvalho Filho), prevalece que “as pessoas jurídicas que participem 
ou se beneficiem dos atos de improbidade sujeitam-se à Lei 8.429/1992” (STJ. REsp 1.122.177/MT, DJE 27/04/2011). 
 
É possível imaginar que exista ato de improbidade com a atuação apenas do “terceiro” (sem a participação de um agente 
público)? É possível que, em uma ação de improbidade administrativa, o terceiro figure sozinho como réu? 
NÃO. 
 
Para que o terceiro seja responsabilizado pelas sanções da Lei nº 8.429/92 é indispensável que seja identificado algum agente 
público como autor da prática do ato de improbidade. 
Assim, não é possível a propositura de ação de improbidade exclusivamente contra o particular, sem a concomitante presença 
de agente público no polo passivo da demanda. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.171.017-PA, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 25/2/2014 (Info 535). 
 
 
Notários e registradores 
Os notários e registradores podem ser considerados agentes públicos para fins de improbidade administrativa? SIM. Os sujeitos 
ativos dos atos de improbidade administrativa não são apenas os servidores públicos, mas todos aqueles que estejam abarcados 
no conceito de agente público, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 8.429/1992. Os notários e registradores estão abrangidos 
no amplo conceito de “agentes públicos”, na categoria dos “particulares em colaboração com a Administração”. Dessa forma, 
encontram-se no campo de incidência da Lei nº 8.429/1992. STJ. 1ª Turma. REsp 1186787/MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado 
em 24/04/2014. 
ATENÇÃO! O agente público deve ter praticado o ato nessa qualidade 
Não comete ato de improbidade administrativa o médico que cobra honorários por procedimento realizado 
em hospital privado que também seja conveniado à rede pública de saúde, desde que o atendimento não 
seja custeado pelo próprio sistema público de saúde. Em outras palavras, médico de hospital conveniado 
com o SUS que cobra do paciente por uma cirurgia que já foi paga pelo plano de saúde não pratica 
improbidade administrativa. STJ. 1ª Turma. REsp 1414669-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado 
em 20/2/2014 (Info 537). 
 
 @dicas.exconcurseira 4 
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos. 
 
Art. 5° Ocorrendo LESÃO* ao patrimônio público por AÇÃO OU OMISSÃO, DOLOSA ou CULPOSA*, do agente ou de terceiro, dar-
se-á o INTERGRAL RESSARCIMENTO DO DANO. 
 
ESPÉCIES DE ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA SUA PUNIÇÃO É PERMITIDA A TÍTULO DE 
Atos de improbidade administrativa que importam 
ENRIQUECIMENTO ILICITO 
(art.9º, LIA) 
DOLO 
uma das sanções: perda dos bens/valores 
possível a decretação da indisponibilidade de bensAtos de improbidade administrativa que causam 
PREJUÍZO*/LESÃO/DANO AO ERÁRIO 
(art.10, LIA) 
DOLO OU CULPA* 
possível a decretação da indisponibilidade de bens 
Atos de improbidade administrativa decorrentes de 
CONCESSÃO OU APLICAÇÃO INDEVIDA DE BENEFÍCIO 
FINANCEIRO OU TRIBUTÁRIO 
(art.10-A, LIA) 
DOLO 
Atos de improbidade administrativa que atentam contra os 
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
(art.11, LIA) 
DOLO 
 
 
Distinção entre ilegalidade x improbidade 
Toda conduta ilegal é um ato de improbidade administrativa? NÃO. Conforme explica o Min. Napoleão Nunes Maia Filho, a 
distinção entre conduta ilegal e conduta ímproba imputada a agente público ou privado é muito antiga. A ilegalidade e a 
improbidade não são situações ou conceitos intercambiáveis, cada uma delas tendo o seu significado. 
A IMPROBIDADE é uma ILEGALIDADE QUALIFICADA pelo intuito malsão (nocivo) do agente, atuando com DESONESTIDADE, 
MALÍCIA, DOLO ou CULPA GRAVE. Em outras palavras, nem todas as vezes que o agente praticar um ato ilegal, ele terá 
cometido um ato ímprobo. Para que o ato ilegal seja considerado ímprobo, exige-se um PLUS, que é o intuito de atuar com 
desonestidade, malícia, dolo ou culpa grave. 
A confusão entre os dois conceitos existe porque o art. 11 da Lei nº 8.429/92, prevê como ato de improbidade qualquer conduta 
que ofenda os princípios da Administração Pública, entre os quais se inscreve o da legalidade (art. 37 da CF). Mas isso não 
significa, repito, que toda ilegalidade é ímproba. 
A conduta do agente não pode ser considerada ímproba analisando-se a questão apenas do ponto de vista objetivo, o que iria 
gerar a responsabilidade objetiva. Quando não se faz distinção conceitual entre ilegalidade e improbidade, corre-se o risco de 
adotar-se a responsabilidade objetiva. STJ. 1ª Turma. REsp 1193248-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 
24/4/2014 (Info 540). 
 
Ilegalidade x Improbidade 
Ilegalidade não é sinônimo de improbidade. O art. 11, de fato, fala que a violação ao princípio da legalidade configura ato de 
improbidade administrativa. No entanto, para o STJ, não é possível fazer a aplicação cega e surda do art. 11 da Lei nº 8.429/92 
sob pena de toda ilegalidade ser considerada também como improbidade, o que seria absurdo. STJ. 1ª Turma. REsp 1414933/RJ, 
Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 26/11/2013. 
 
 
Art. 6° No caso de ENRIQUECIMENTO ILÍCITO, PERDERÁ o agente público ou terceiro beneficiário os BENS OU VALORES 
acrescidos ao seu patrimônio. 
 
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar LESÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO ou ensejar ENRIQUECIMENTO ILÍCITO, caberá a 
autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério Público, para a INDISPONIBILIDADE DE BENS* do 
indiciado. 
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá sobre BENS QUE ASSEGUREM O INTEGRAL 
RESSARCIMENTO DO DANO, ou sobre o ACRÉSCIMO PATRIMONIAL RESULTANTE DO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. 
 
Art. 8° O SUCESSOR daquele que causar LESÃO ao patrimônio público ou se ENRIQUECER ILICITAMENTE está sujeito às 
COMINAÇÕES DESTA LEI ATÉ O LIMITE DO VALOR DA HERANÇA. 
 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 5 
* ENTENDIMENTO DOS TRIBUNAIS SUPERIORES SOBRE A INDISPONIBILIDADE DE BENS: 
 
A indisponibilidade pode ser decretada em qualquer hipótese de ato de improbidade? 
Redação dos arts. 7º e 16 da LIA: NÃO. 
STJ e doutrina: SIM. 
 
Comentários do julgado 
 
A indisponibilidade pode ser decretada em QUALQUER hipótese de ato de improbidade? 
 
Redação dos arts. 7º e 16 da LIA 
NÃO. A indisponibilidade é decretada apenas quando o ato de improbidade administrativa: 
a) causar lesão ao patrimônio público; ou 
b) ensejar enriquecimento ilícito. 
Assim, só cabe a indisponibilidade nas hipóteses do arts. 9º e 10, LIA. Não cabe a indisponibilidade no caso de prática do art. 11. 
 
STJ e doutrina 
SIM. Não se pode conferir uma interpretação literal aos arts. 7º e 16 da LIA, até mesmo porque o art. 12, III da Lei nº 8.429/92 
estabelece, entre as sanções para o ato de improbidade que viole os princípios da administração pública, o RESSARCIMENTO 
INTEGRAL DO DANO — caso exista — e o PAGAMENTO DE MULTA CIVIL de até 100 vezes o valor da remuneração percebida 
pelo agente. Logo, em que pese o silêncio do art. 7º, uma interpretação sistemática que leva em consideração o poder geral de 
cautela do magistrado induz a concluir que a medida cautelar de indisponibilidade dos bens também pode ser aplicada aos atos 
de improbidade administrativa que impliquem violação dos princípios da administração pública, mormente para assegurar o 
integral ressarcimento de eventual prejuízo ao erário, se houver, e ainda a multa civil prevista no art. 12, III da Lei nº 8.429/92 
(AgRg no REsp 1311013/RO, DJe 13/12/2012). No mesmo sentido: STJ. 2ª Turma. MC 24.205/RS, Rel. Min. Humberto Martins, 
julgado em 12/04/2016. Na doutrina, esta é a posição de Emerson Garcia e Rogério Pacheco Alves (Improbidade 
Administrativa. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011). 
 
Indisponibilidade deve garantir o integral ressarcimento do prejuízo ao erário e a multa civil 
A indisponibilidade é decretada para assegurar apenas o ressarcimento dos valores ao Erário ou também para custear o 
pagamento da multa civil? Para custear os dois. A indisponibilidade de bens deve recair sobre o patrimônio do réu de modo 
suficiente a garantir o integral ressarcimento de eventual prejuízo ao erário, levando-se em consideração, ainda, o valor de 
possível multa civil como sanção autônoma (STJ. AgRg no REsp 1311013 / RO). Vale ressaltar que é assegurado ao réu provar 
que a indisponibilidade que recaiu sobre o seu patrimônio foi muito drástica e que não está garantindo seu mínimo existencial. 
 
Pode ser decretada a indisponibilidade dos bens ainda que o acusado não esteja se desfazendo de seus bens 
Basta que se prove o fumus boni iuris, sendo o periculum in mora presumido (implícito). Assim, é desnecessária a prova do 
periculum in mora concreto, ou seja, de que os réus estejam dilapidando seu patrimônio, ou na iminência de fazê-lo, exigindo-se 
apenas a demonstração de fumus boni iuris, consistente em fundados indícios da prática de atos de improbidade. A medida 
cautelar de indisponibilidade de bens, prevista na LIA, consiste em uma tutela de evidência, de forma que basta a comprovação 
da verossimilhança das alegações, pois pela própria natureza do bem protegido, o legislador dispensou o requisito do perigo da 
demora. STJ. 1ª Seção. REsp 1366721/BA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. p/ Acórdão Min. Og Fernandes, julgado em 
26/02/2014 (recurso repetitivo). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INDISPONIBILIDADE 
DE BENS 
fumus boni iuris 
(verossimilhança das alegações) 
periculum in mora 
(perigo da demora) 
PRESUMIDO/ 
IMPLÍCITO 
deve ser 
comprovado 
não precisa 
comprovar que o 
réu está dilapidando 
o patrimônio 
TUTELA DE 
EVIDÊNCIA 
 @dicas.exconcurseira 6 
Comentários do julgado 
 
Para que seja decretada a indisponibilidade dos bens da pessoa suspeita de ter praticado ato de improbidade exige-se a 
demonstração de fumus boni iuris e periculum in mora? 
NÃO. Basta que se prove o fumus boni iuris, sendo o periculum in mora presumido (implícito). 
A decretação de indisponibilidade de bens em improbidade administrativa dispensa a demonstração de periculum in mora, o qual 
está implícito ao comando normativo do art. 7º da Lei nº 8.429/92, bastando a demonstração do fumus boni iuris, que consiste 
em indícios de atos ímprobos. 
Desse modo, a medida cautelar de indisponibilidade não está condicionada à comprovação de que o réu esteja dilapidando seu 
patrimônio, ou na iminência de fazê-lo, tendo em vista que o periculum in mora encontra-se implícito no comando legal que rege, 
de forma peculiar, o sistema de cautelaridade na ação de improbidade administrativa, sendo possível ao juiz, 
fundamentadamente, decretar a indisponibilidade de bens do demandado, quando presentes fortes indíciosda prática de atos 
de improbidade administrativa. 
STJ. 1ª Seção. REsp 1366721/BA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. p/ Acórdão Min. Og Fernandes, julgado em 
26/02/2014. 
Você pode encontrar também na prova a seguinte redação: 
O decreto de indisponibilidade de bens em ação civil pública por ato de improbidade administrativa constitui tutela de evidência 
e dispensa a comprovação de dilapidação iminente ou efetiva do patrimônio do legitimado passivo, uma vez que o periculum in 
mora está implícito no art. 7º da Lei nº 8.429/1992 (LIA). 
 
Desnecessária prova de que o réu esteja dilapidando seu patrimônio 
Pode ser decretada a indisponibilidade dos bens ainda que o acusado não esteja se desfazendo de seus bens. É desnecessária a 
prova de que os réus estejam dilapidando efetivamente seus patrimônios ou de que eles estariam na iminência de fazê-lo (prova 
de periculum in mora concreto). O requisito do periculum in mora está implícito no referido art. 7º, parágrafo único, da Lei nº 
8.429/1992, que visa assegurar “o integral ressarcimento” de eventual prejuízo ao erário, o que, inclusive, atende à 
determinação contida no art. 37, §4º, da CF/88. Como a indisponibilidade dos bens visa evitar que ocorra a dilapidação 
patrimonial, o STJ entende que não é razoável aguardar atos concretos direcionados à sua diminuição ou dissipação, na 
medida em que exigir a comprovação de que esse fato estaria ocorrendo ou prestes a ocorrer tornaria difícil a efetivação da 
medida cautelar em análise. Além do mais, o disposto no referido art. 7º em nenhum momento exige o requisito da urgência, 
reclamando apenas a demonstração, numa cognição sumária, de que o ato de improbidade causou lesão ao patrimônio 
público ou ensejou enriquecimento ilícito. Vale ressaltar, no entanto, que a decretação da indisponibilidade de bens, apesar da 
excepcionalidade legal expressa da desnecessidade da demonstração do risco de dilapidação do patrimônio, não é uma medida 
de adoção automática, devendo ser adequadamente fundamentada pelo magistrado, sob pena de nulidade (art. 93, IX, da 
Constituição Federal), sobretudo por se tratar de constrição patrimonial (REsp 1319515/ES). STJ. 1ª Seção. REsp 1366721-BA, 
Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Og Fernandes, julgado em 26/2/2014 (recurso repetitivo) (Info 
547). 
 
A indisponibilidade dos bens pode ser decretada SEM OUVIR O RÉU 
É admissível a concessão de liminar inaudita altera parte para a decretação de indisponibilidade e sequestro de bens, visando 
assegurar o resultado útil da tutela jurisdicional, qual seja, o ressarcimento ao Erário. Desse modo, o STJ entende que, ante sua 
natureza acautelatória, a medida de indisponibilidade de bens em ação de improbidade administrativa pode ser deferida nos 
autos da ação principal sem audiência da parte adversa e, portanto, antes da notificação para defesa prévia (art. 17, § 7º da 
LIA). STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 671281/BA, Rel. Min. Olindo Menezes (Des. Conv. do TRF 1ª Região), julgado em 
03/09/2015. 
 
A indisponibilidade pode ser decretada ANTES DO RECEBIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL da ação de improbidade. 
A jurisprudência do STJ é no sentido de que a decretação da indisponibilidade e do sequestro de bens em improbidade 
administrativa é possível antes do recebimento da ação (AgRg no REsp 1317653/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 
Segunda Turma, julgado em 07/03/2013, DJe 13/03/2013). 
 
É possível que se determine a indisponibilidade de bens em valor superior ao indicado na inicial 
A indisponibilidade pode ser determinada sobre bens com valor superior ao mencionado na petição inicial da ação de 
improbidade (ex.: a petição inicial narra um prejuízo ao erário de R$ 100 mil, mas o MP pede a indisponibilidade de R$ 500 mil 
do requerido)? SIM. É possível que se determine a indisponibilidade de bens em valor superior ao indicado na inicial da ação, 
visando a garantir o integral ressarcimento de eventual prejuízo ao erário, levando-se em consideração, até mesmo, o valor de 
possível multa civil como sanção autônoma. Isso porque a indisponibilidade acautelatória prevista na Lei de Improbidade 
Administrativa tem como finalidade a reparação integral dos danos que porventura tenham sido causados ao erário. REsp 
1176440-RO, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 17/9/2013. 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 7 
Pode ser decretada a indisponibilidade sobre BENS QUE O ACUSADO POSSUÍA ANTES DA SUPOSTA PRÁTICA DO ATO DE 
IMPROBIDADE 
A indisponibilidade pode recair sobre bens adquiridos tanto ANTES quanto DEPOIS da prática do ato de improbidade. A 
jurisprudência do STJ abona a possibilidade de que a indisponibilidade, na ação de improbidade administrativa, recaia sobre 
bens adquiridos antes do fato descrito na inicial. A medida se dá como garantia de futura execução em caso de constatação do 
ato ímprobo. STJ. 1ª Turma. REsp 1301695/RS, Rel. Min. Olindo Menezes (Des. Conv. TRF 1ª Região), julgado em 06/10/2015. 
 
Desnecessária a individualização dos bens 
É necessário que o Ministério Público (ou outro autor da ação de improbidade), ao formular o pedido de indisponibilidade, faça 
a indicação individualizada dos bens do réu? NÃO. A jurisprudência do STJ está consolidada no sentido de que é desnecessária 
a individualização dos bens sobre os quais se pretende fazer recair a indisponibilidade prevista no art. 7º, parágrafo único da 
Lei nº 8.429/92 (AgRg no REsp 1307137/BA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 2ª Turma, julgado em 25/09/2012). A 
individualização somente é necessária para a concessão do “sequestro de bens”, previsto no art. 16 da Lei nº 8.429/92. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A indisponibilidade PODE RECAIR SOBRE BEM DE FAMÍLIA 
A indisponibilidade prevista na Lei de Improbidade Administrativa pode recair sobre bens de família. STJ. 1ª Turma. AgInt no 
REsp 1670672/RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 30/11/2017. STJ. 2ª Turma. EDcl no AgRg no REsp 1351825/BA, Rel. 
Min. Og Fernandes, julgado em 22/09/2015. 
 
A indisponibilidade NÃO PODE RECAIR SOBRE VERBAS ABSOLUTAMENTE IMPENHORÁVEIS 
Segundo decidiu o STJ, as verbas absolutamente impenhoráveis não podem ser objeto da medida de indisponibilidade na ação 
de improbidade administrativa. Isso porque, sendo elas impenhoráveis, não poderão assegurar uma futura execução (STJ. 1ª 
Turma. REsp 1164037/RS, Rel. p/ Ac. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 20/02/2014). 
Vale ressaltar que esse entendimento acima exposto (REsp 1164037/RS) é contraditório com julgados do STJ que afirmam 
que é possível que a indisponibilidade recaia sobre bem de família, por exemplo, que, como se sabe, é impenhorável (STJ. 1ª 
Turma. AgRg no REsp 1483040/SC, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 01/09/2015). 
 
Verbas trabalhistas não podem ser objeto de medida de indisponibilidade em ação de improbidade 
A indisponibilidade pode recair sobre verbas salariais investidas em aplicação financeira? NÃO. A 1ª Turma do STJ decidiu que 
os valores investidos em aplicações financeiras cuja origem remonte a verbas trabalhistas não podem ser objeto de medida de 
indisponibilidade em sede de ação de improbidade administrativa. Isso porque a aplicação financeira das verbas trabalhistas 
não implica a perda da natureza salarial destas, uma vez que o seu uso pelo empregado ou trabalhador é uma defesa contra a 
inflação e os infortúnios. Desse modo, é possível a indisponibilidade do rendimento da aplicação, mas o estoque de capital 
investido, de natureza salarial, é impenhorável. STJ. 1ª Turma. REsp 1164037-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, Rel. para acórdão 
Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 20/2/2014 (Info 539). 
 
 
~ Continuando a leitura da Lei de Improbidade Administrativa ~ 
 
 
CAPÍTULO II 
Dos Atos de Improbidade Administrativa 
 
Seção I 
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam ENRIQUECIMENTO ILÍCITO 
 
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito AUFERIR QUALQUER TIPO DE VANTAGEM 
PATRIMONIAL INDEVIDAem razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas 
no art. 1° desta lei, e notadamente: 
I - receber, para si ou para outrem, DINHEIRO, BEM MÓVEL ou IMÓVEL, ou QUALQUER OUTRA VANTAGEM ECONÔMICA, DIRETA 
OU INDIRETA, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que 
possa ser atingido ou amparado por AÇÃO OU OMISSÃO decorrente das ATRIBUIÇÕES do agente público; 
INDISPONIBILIDADE DE BENS 
SEQUESTRO DE BENS 
DESNECESSÁRIA a individualização 
NECESSÁRIA a individualização 
 @dicas.exconcurseira 8 
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para FACILITAR A AQUISIÇÃO, PERMUTA OU LOCAÇÃO DE BEM MÓVEL 
OU IMÓVEL, ou a CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS pelas entidades referidas no art. 1° POR PREÇO SUPERIOR AO VALOR DO 
MERCADO; 
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a ALIENAÇÃO, PERMUTA ou LOCAÇÃO de BEM PÚBLICO ou 
o FORNECIMENTO DE SERVIÇO por ente estatal POR PREÇO INFERIOR AO VALOR DE MERCADO; 
IV - UTILIZAR, EM OBRA OU SERVIÇO PARTICULAR, VEÍCULOS, MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS ou MATERIAL de qualquer natureza, 
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o TRABALHO DE 
SERVIDORES PÚBICOS, EMPREGADOS ou TERCEIROS contratados por essas entidades; 
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para TOLERAR A EXPLORAÇÃO ou A PRÁTICA DE 
JOGOS DE AZAR, de LENOCÍDIO, de NARCOTRÁFICO, de CONTRABANDO, de USURA ou de QUALQUER OUTRA ATIVIDADE 
ILÍCITA, ou aceitar promessa de tal vantagem; 
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer DECLARAÇÃO FALSA SOBRE MEDIÇÃO ou 
AVALIAÇÃO EM OBRAS PÚBLICAS ou QUALQUER OUTRO SERVIÇOS, ou sobre QUANTIDADE, PESO, MEDIDA, QUALIDADE ou 
CARACTERÍSTICA DE MERCADORIAS ou BENS fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei; 
VII - ADQUIRIR, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública, BENS DE QUALQUER 
NATUREZA cujo valor seja DESPROPORCIONAL À EVOLUÇÃO DO PATRIMÔNIO OU À RENDA DO AGENTE PÚBLICO; 
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha 
interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante 
a atividade; 
IX - perceber vantagem econômica para INTERMEDIAR A LIBERAÇÃO OU APLICAÇÃO DE VERBA PÚBLICA DE QUALQUER 
NATUREZA; 
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para OMITIR ATO DE OFÍCIO, PROVIDÊNCIA ou 
DECLARAÇÃO a que esteja obrigado; 
XI - INCORPORAR, por qualquer forma, AO SEU PATRIMÔNIO bens, rendas, verbas ou valores INTEGRANTES DO ACERVO 
PATRIMONIAL das entidades mencionadas no art. 1° desta lei; 
XII - USAR, em proveito próprio, BENS, RENDAS, VERBAS OU VALORES integrantes do acervo patrimonial das entidades 
mencionadas no art. 1° desta lei. 
 
 
ENTENDIMENTO DOS TRIBUNAIS SUPERIORES A RESPEITO DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE IMPORTAM 
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO: 
 
Desnecessidade de lesão ao patrimônio público em ato de improbidade administrativa que importa enriquecimento ilícito 
Ainda que não haja dano ao erário, é possível a condenação por ato de improbidade administrativa que importe enriquecimento 
ilícito (art. 9º da Lei nº 8.429/92), excluindo-se, contudo, a possibilidade de aplicação da pena de ressarcimento ao erário. STJ. 1ª 
Turma. REsp 1412214-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Benedito Gonçalves, julgado em 
8/3/2016 (Info 580). 
 
Comentários do julgado 
 
Improbidade administrativa 
Improbidade administrativa é um ato praticado por agente público, ou por particular em conjunto com agente público, e que 
gera enriquecimento ilícito, causa prejuízo ao erário, concede ou aplica erroneamente benefício financeiro/tributário ou atenta 
contra os princípios da Administração Pública. 
 
Atos de improbidade administrativa 
A Lei nº 8.429/92 regulamenta os casos de improbidade administrativa. 
Esse diploma traz, em seus arts. 9º, 10, 10-A e 11, um rol exemplificativo de atos que caracterizam improbidade administrativa: 
Art. 9º: atos de improbidade que importam enriquecimento ilícito do agente público. 
Art. 10: atos de improbidade que causam prejuízo ao erário. 
Art. 10-A: atos de improbidade administrativa decorrentes de concessão ou aplicação indevida de benefício financeiro ou 
tributário. 
Art. 11: atos de improbidade que atentam contra princípios da administração pública. 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João, sócio de uma empresa que comercializa materiais médicos, foi convidado para ser Secretário de Saúde. 
Ele soube que a Secretaria pretendia fazer uma licitação para a compra de diversos equipamentos médicos. 
Assumindo a Secretaria, a empresa de João não poderia participar da licitação, considerando que existe vedação expressa na Lei 
nº 8.666/93: 
Art. 9º Não poderá participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de obra ou serviço e do fornecimento de bens 
a eles necessários: (...) 
III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade contratante ou responsável pela licitação. 
 @dicas.exconcurseira 9 
 Diante disso, a fim de poder participar do certame, João, antes de tomar posse como Secretário, fez uma alteração contratual 
e saiu do quadro societário, dando lugar ao seu amigo, Pedro Laranja. Na prática, contudo, João é quem continuava sendo o 
dono da empresa. 
João assumiu a Secretaria e deflagrou o procedimento licitatório. 
A empresa participou e venceu a licitação, fornecendo os materiais e recebendo o pagamento por isso. 
Ocorre que o Ministério Público descobriu o esquema e ingressou com ação de improbidade contra João, Pedro e a empresa, 
alegando que incidiram no caput do art. 9º da Lei nº 8.429/92: 
 
Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem 
patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 
1° desta lei, e notadamente: 
 
Defesa 
A defesa de João alegou que não houve prejuízo ao erário, considerando que os preços apresentados estavam dentro da média 
do mercado. Para tanto, apresentou laudo pericial comprovando isso. 
Dessa forma, a defesa argumentou que, não tendo havido prejuízo, não pode haver a condenação por improbidade administrativa 
com base no art. 9º da Lei nº 8.429/92. 
 
A tese da defesa foi acolhida pelo STJ? O simples fato de não ter havido prejuízo ao erário é motivo suficiente para afastar a 
configuração do ato de improbidade previsto no art. 9º da Lei nº 8.429/92? 
NÃO. Ainda que não haja dano ao erário, é possível a condenação por ato de improbidade administrativa que importe 
enriquecimento ilícito (art. 9º da Lei nº 8.429/92). 
Para a configuração do art. 9º da Lei de Improbidade não se exige prejuízo ao erário, bastando que tenha havido enriquecimento 
ilícito do agente público. 
Nesse sentido, veja o que diz o art. 21 da Lei nº 8.429/92: 
 
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei INDEPENDE: 
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de ressarcimento; 
 
Assim, comprovada a ilegalidade na conduta do agente, bem como a presença do dolo indispensável à configuração do ato de 
improbidade administrativa, a ausência de dano ao patrimônio público exclui tão-somente a possibilidade de condenação na 
pena de ressarcimento ao erário. As demais penalidades são, em tese, compatíveis com os atos de improbidade tipificados no 
art. 9º da LIA. 
O prejuízo ao erário só é indispensável no caso do art. 10 da Lei nº 8.429/92. 
 
Resumindo: 
Ainda que não haja dano ao erário, é possível a condenação por ato de improbidade administrativa que importe 
enriquecimento ilícito (art. 9º da Lei nº 8.429/92), excluindo-se, contudo, a possibilidade de aplicaçãoda pena de ressarcimento 
ao erário. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.412.214-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Benedito Gonçalves, julgado em 
8/3/2016 (Info 580). 
 
 
~ Continuando a leitura da Lei de Improbidade Administrativa ~ 
 
Seção II 
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam PREJUÍZO AO ERÁRIO 
 
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa LESÃO AO ERÁRIO qualquer AÇÃO ou OMISSÃO, DOLOSA ou 
CULPOSA, que enseje PERDA PATRIMONIAL, DESVIO, APROPRIAÇÃO, MALBARATAMENTO ou DILAPIDAÇÃO DOS BENS OU 
HAVERES das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: 
I – FACILITAR ou CONCORRER por qualquer forma para a INCORPORAÇÃO AO PATRIMÔNIO PARTICULAR, de pessoa física ou 
jurídica, DE BENS, RENDAS, VERBAS ou VALORES integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta 
lei; 
II - PERMITIR ou CONCORRER para que pessoa física ou jurídica privada UTILIZE BENS, RENDAS, VERBAS ou VALORES integrantes 
do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, SEM A OBSERVÂNCIA DAS FORMALIDADES LEGAIS OU 
REGULAMENTARES APLICÁVEIS À ESPÉCIE; 
III - DOAR à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, BENS, 
RENDAS, VERBAS ou VALORES do patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, SEM OBSERVÂNCIA 
DAS FORMALIDADES LEGAIS OU REGULAMENTARES APLICÁVEIS À ESPÉCIE; 
 @dicas.exconcurseira 10 
IV - PERMITIR ou FACILITAR a ALIENAÇÃO, PERMUTA ou LOCAÇÃO de bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades 
referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a PRESTAÇÃO DE SERVIÇO por parte delas, POR PREÇO INFERIOR AO DE MERCADO; 
V - PERMITIR ou FACILITAR a AQUISIÇÃO, PERMUTA ou LOCAÇÃO de bem ou serviço por PREÇO SUPERIOR AO DE MERCADO; 
VI – REALIZAR OPERAÇÃO FINANCEIRA sem observância das normas legais e regulamentares ou ACEITAR GARANTIA insuficiente 
ou inidônea; 
VII – CONCEDER BENEFÍCIO ADMINISTRATIVO ou FISCAL sem a observância das formalidades legais ou regulamentares 
aplicáveis à espécie; 
* VIII – FRUSTRAR A LICITUDE DE PROCESSO LICITATÓRIO OU DE PROCESSO SELETIVO para celebração de parcerias com 
entidades SEM fins lucrativos, ou DISPENSÁ-LOS INDEVIDAMENTE; à INDEPENDENTE DA COMPROVAÇÃO DO DANO! 
IX - ORDENAR ou PERMITIR a realização de DESPESAS NÃO AUTORIZADAS em lei ou regulamento; 
X – AGIR NEGLIGENTEMENTE na ARRECADAÇÃO DE TRIBUTO ou RENDA, bem como no que diz respeito à CONSERVAÇÃO DO 
PATRIMÔNIO PÚBLICO; 
XI – LIBERAR VERBA PÚBLICA SEM a estrita observância das normas pertinentes ou INFLUIR de qualquer forma para a sua 
APLICAÇÃO IRREGULAR; 
XII – PERMITIR, FACILITAR ou CONCORRER para que TERCEIRO SE ENRIQUEÇA ILICITAMENTE; 
XIII – PERMITIR QUE SE UTILIZE, em obra ou serviço PARTICULAR, VEÍCULOS, MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS ou MATERIAL de 
qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o 
TRABALHO DE SERVIDOR PÚBLICO, EMPREGADOS ou TERCEIROS contratados por essas entidades. 
XIV – CELEBRAR CONTRATO ou OUTRO INSTRUMENTO que tenha por objeto a prestação de serviços públicos por meio da 
gestão associada SEM observar as formalidades previstas na lei; 
XV – CELEBRAR CONTRATO DE RATEIO DE CONSÓRCIO PÚBLICO SEM suficiente e prévia dotação orçamentária, ou SEM 
observar as formalidades previstas na lei. 
XVI – FACILITAR ou CONCORRER, por qualquer forma, para a INCORPORAÇÃO, ao patrimônio PARTICULAR de pessoa física ou 
jurídica, DE BENS, RENDAS, VERBAS ou VALORES PÚBLICOS transferidos pela administração pública a entidades privadas 
mediante celebração de parcerias, SEM a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; 
XVII – PERMITIR ou CONCORRER para que pessoa física ou jurídica PRIVADA utilize BENS, RENDAS, VERBAS ou VALORES 
PÚBLICOS transferidos pela administração pública a entidade privada mediante celebração de parcerias, SEM a observância 
das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; 
XVIII – CELEBRAR PARCERIAS da administração pública com entidades privadas SEM a observância das formalidades legais ou 
regulamentares aplicáveis à espécie; 
XIX – AGIR NEGLIGENTEMENTE na CELEBRAÇÃO, FISCALIZAÇÃO e ANÁLISE das PRESTAÇÃO DE CONTAS DE PARCERIAS 
firmadas pela administração pública com entidades privadas; 
XX – LIBERAR RECURSOS de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas SEM a estrita observância 
das normas pertinentes ou INFLUIR de qualquer forma para a sua APLICAÇÃO IRREGULAR. 
XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas sem a estrita observância das 
normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular. 
 
ENTENDIMENTOS DOS TRIBUNAIS SUPERIORES A RESPEITO DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE CAUSAM 
PREJUÍZO AO ERÁRIO: 
 
* Necessidade de efetivo dano para configurar o art. 10 
Em regra, para a configuração dos atos de improbidade administrativa previstos no art. 10 da Lei nº 8.429/92 exige-se a 
PRESENÇA DE EFETIVO DANO AO ERÁRIO. 
EXCEÇÃO: no caso da conduta descrita no inciso VIII do art. 10, VIII não se exige a presença do efetivo dano ao erário. Isso 
porque, neste caso, o DANO É PRESUMIDO (dano in re ipsa). 
STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1542025/MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 05/06/2018. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para a configuração dos 
atos de improbidade que 
causam prejuízo ao erário 
Regra: DEVE HAVER EFETIVO 
DANO/PREJUÍZO/LESÃO ao erário 
Exceção: a conduta de “frustrar a licitude de processo 
licitatório ou de processo seletivo para celebração de 
parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los 
indevidamente” INDEPENDE da prova do efetivo prejuízo, 
pois o dano é PRESUMIDO (dano in re ipsa). 
 @dicas.exconcurseira 11 
A dispensa indevida de licitação ocasiona prejuízo ao erário in re ipsa 
Em regra, para a configuração dos atos de improbidade administrativa previstos no art. 10 da Lei nº 8.429/92 exige-se a 
presença do efetivo dano ao erário. 
Exceção: no caso da conduta descrita no inciso VIII do art. 10, VIII não se exige a presença do efetivo dano ao erário. Isso 
porque, neste caso, o dano é presumido (dano in re ipsa). STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1542025/MG, Rel. Min. Benedito 
Gonçalves, julgado em 05/06/2018. 
Para o STJ, em casos de fracionamento de compras e contratações com o objetivo de se dispensar ilegalmente o 
procedimento licitatório, o prejuízo ao erário é considerado presumido (in re ipsa), na medida em que o Poder Público, por 
força da conduta ímproba do administrador, deixa de contratar a melhor proposta, o que gera prejuízos aos cofres públicos. STJ. 
2ª Turma. REsp 1280321/MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 06/03/2012. 
Assim, a indevida dispensa de licitação, por impedir que a administração pública contrate a melhor proposta, causa dano in re 
ipsa, descabendo exigir do autor da ação civil pública prova a respeito do tema. STJ. 2ª Turma. REsp 817921/SP, Rel. Min. Castro 
Meira, julgado em 27/11/2012. 
Nos casos de contratação irregular decorrente de fraude à licitação, o STJ considera que o dano é in re ipsa. STJ. 2ª Turma. 
AgRg nos EDcl no AREsp 419769/SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 18/10/2016. STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 
1499706/SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 02/02/2017. STJ. 2ª Turma. REsp 1280321/MG, Rel. Min. Mauro Campbell 
Marques, julgado em 06/03/2012. STJ. 2ª Turma. REsp 728341/SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 14/03/2017. 
 
 
Exemplo de improbidade do art. 10: 
Prefeito e servidores do município, em conluio, desviaram sacos de cimento, adquiridos pela municipalidade para obras 
públicas, distribuindo tais materiais a particulares e convocando o servidor responsável pelo almoxarifado para assinar as 
notas fiscais dos sacos como se os tivesse recebido. STJ. 1ª Turma. REsp 1197136/MG, Rel. Min.Napoleão Nunes Maia Filho, 
julgado em 03/09/2013. 
 
 
 
~ Continuando a leitura da Lei de Improbidade Administrativa ~ 
 
 
Seção II-A 
 
Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes de 
CONCESSÃO OU APLICAÇÃO INDEVIDA DE BENEFÍCIO FINANCEIRO OU TRIBUTÁRIO 
 
Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão para CONCEDER, APLICAR ou MANTER 
benefício FINANCEIRO ou TRIBUTÁRIO contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 
31 de julho de 2003. à hipótese acrescida pela Lei Complementar 157/2016 
 
 
 Vejamos os comentários que Marcinho fez no dia 30 de dezembro de 2016 a respeito desta “nova” espécie de ato de 
improbidade administrativa (já não tão nova assim)! 
 
Nova espécie de ato de improbidade administrativa 
A LC 157/2016 alterou a Lei nº 8.429/92 e criou uma quarta espécie de ato de improbidade administrativa. 
 
Uma lei complementar (LC 157/2016) poderia ter alterado uma lei ordinária (Lei nº 8.429/92)? 
As leis complementares são editadas para regulamentar determinados assuntos nos quais a própria Constituição Federal exigiu 
que fossem tratados por meio de lei complementar. O objetivo do constituinte foi o de que tais temas pudessem ser melhor 
discutidos pelo Congresso Nacional e, por essa razão, condicionou-se a aprovação a um quórum maior (maioria absoluta) do que 
aquele necessário para as leis ordinárias (maioria simples). 
 
Se a Constituição Federal não exige expressamente lei complementar para regulamentar o tema, isso significa que a lei ordinária 
poderá tratar sobre esse assunto. 
 
Vejamos dois exemplos: 
O art. 156, III e §3º da CF/88 exige que lei complementar trate sobre o ISS. Veja: 
 
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: 
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar. 
(...) 
 @dicas.exconcurseira 12 
§3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar: 
I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas; 
(...) 
III - regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados. 
 
Isso significa que os temas relacionados com o ISS deverão ser previstos em lei complementar. 
Por outro lado, a CF/88, ao falar sobre improbidade administrativa, diz que este tema deverá ser regulado por meio de lei (sem 
exigir lei complementar). Logo, o tema "improbidade administrativa" não é reservado para lei complementar. Confira: 
 
Art. 37 (...) §4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, 
a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. 
 
A LC 157/2016 trata sobre dois assuntos: 
1) regulamenta aspectos relacionados com o ISS; 
2) institui nova hipótese de improbidade administrativa. 
 
Se o legislador tratasse sobre esses dois assuntos em uma única lei ordinária, haveria inconstitucionalidade formal quanto ao 
primeiro tema. Isso porque, como vimos, o ISS deverá ser disciplinado por meio de lei complementar. Por outro lado, não há 
qualquer vício no fato de o legislador ter tratado sobre improbidade administrativa no bojo de uma lei complementar, já ele 
poderia ter feito isso de forma até mais simples, ou seja, por meio de lei ordinária. 
Vale ressaltar, no entanto, que a LC 157/2016, na parte que trata sobre improbidade administrativa, é formalmente uma lei 
complementar, mas, sob o ponto de vista substancial (material), é, na verdade, uma lei ordinária. Isso significa que, se no futuro 
o legislador quiser revogar o art. 10-A da Lei nº 8.429/92, acrescentado pela LC 157/2016, ele poderá fazer isso por meio de 
uma simples lei ordinária. 
Em suma, o art. 4º da LC 157/2016 é materialmente uma lei ordinária porque trata de assunto (improbidade administrativa) para 
o qual a CF/88 não exige lei complementar. 
 
Vamos agora entender os principais aspectos desta nova espécie de improbidade. 
 
O que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da LC 116/2003 
A LC 116/2003 é a Lei que dispõe sobre o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), tributo de competência dos 
Municípios e do Distrito Federal. 
O fato gerador do ISS é a prestação dos serviços listados no anexo da LC 116/2003. 
Em outras palavras, se a pessoa praticar algum dos serviços previstos na LC 116/2003, deverá pagar ao Município/DF o imposto 
chamado ISS. 
Exemplos: quando o médico atende o paciente em uma consulta, ele presta um serviço, sendo isso fato gerador do ISS; quando o 
cabeleireiro faz uma escova progressiva na cliente, ele também presta um serviço e deverá pagar ISS. 
Cada Município (e o DF) deverá editar sua lei local tratando sobre o ISS. Esta lei local, contudo, não pode contrariar a LC 116/2003. 
Assim, a LC 116/2003 estabelece normas gerais obrigatórias que deverão ser observadas pelo ente tributante do ISS. 
O art. 8ºA da LC 116/2003 prevê a alíquota MÍNIMA do ISS que os Municípios (DF) poderão cobrar: 
 
Art. 8º-A. A alíquota mínima do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza é de 2%. 
 
Desse modo, nenhum Município poderá instituir alíquota de ISSQN inferior a 2%. 
 
Mas qual é o objetivo do legislador de estabelecer uma alíquota mínima? 
A finalidade foi a de evitar a "guerra fiscal" que estava sendo travada entre muitos Municípios limítrofes, que reduziam as 
alíquotas do imposto para atraírem novas empresas prestadoras de serviços. 
O legislador imaginou que os Municípios poderiam tentar burlar esta proibição do caput por meio da concessão de isenções aos 
prestadores de serviços. Assim, por exemplo, a alíquota do ISS no Município "X" é de 2%. No entanto, é editada uma lei local 
concedendo isenção do imposto para as empresas que se instalem naquela localidade e gerem até 10 empregos diretos. Com isso, 
o Município teria encontrado uma forma de, indiretamente, superar a proibição do caput, já que, na prática, a alíquota será 
inferior a 2%. Com o objetivo de evitar esta burla, o legislador trouxe a seguinte regra no §1º do art. 8º-A: 
§1º O imposto NÃO SERÁ OBJETO de concessão de isenções, incentivos ou benefícios tributários ou financeiros, inclusive de redução 
de base de cálculo ou de crédito presumido ou outorgado, ou sob qualquer outra forma que resulte, direta ou indiretamente, em 
carga tributária menor que a decorrente da aplicação da alíquota mínima estabelecida no caput, exceto para os serviços a que se 
referem os subitens 7.02, 7.05 e 16.01 da lista anexa a esta Lei Complementar. 
 
Regra: não se pode conceder isenção, incentivo ou benefício relacionado com ISS se isso resultar em uma alíquota inferior a 
2%. 
Exceção: será permitida a concessão de isenção, incentivo ou benefício de ISS para os seguintes serviços: 
 @dicas.exconcurseira 13 
• 7.02 – Execução, por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou elétrica e de 
outras obras semelhantes, inclusive sondagem, perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação, terraplanagem, 
pavimentação, concretagem e a instalação e montagem de produtos, peças e equipamentos (exceto o fornecimento de 
mercadorias produzidas pelo prestador de serviços fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS). 
• 7.05 – Reparação, conservação e reforma de edifícios, estradas, pontes, portos e congêneres (exceto o fornecimento de 
mercadorias produzidas pelo prestador dos serviços, fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS). 
• 16.01 - Serviços de transporte coletivo municipal rodoviário, metroviário, ferroviário e aquaviário de passageiros. 
 
Ato de improbidade 
O legislador resolveu ser extremamente rigoroso em relação à medida imposta e determinou que constitui ato de improbidade 
administrativa conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário em contrariedade ao art. 8ºA, caput ou §1º da LC 
116/2003. 
 
Ação ou omissão 
Vale ressaltarque o art. 10-A afirma que configura ato de improbidade administrativa a ação ou omissão. 
Imagine o seguinte exemplo: determinado Município está concedendo isenção fiscal de ISS em contrariedade ao art. 8ºA da LC 
116/2003. São realizadas novas eleições municipais e assume um novo Prefeito. Caso este não tome providências para fazer 
cessar esta isenção, responderá por ato de improbidade administrativa por conta de sua omissão. 
 
Elemento subjetivo 
Para que o agente público responda pelo ato de improbidade administrativa do art. 10-A, exige-se DOLO. Assim, se o dirigente 
municipal agiu apenas com culpa, não poderá ser condenado pelo art. 10-A. 
Segundo a jurisprudência do STJ, o ato de improbidade administrativa só pode ser punido a título de mera culpa se isso estiver 
expressamente previsto na lei. É o caso do art. 10 da Lei nº 8.429/92 ("Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que 
causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa..."). Se o tipo não fala em culpa, entende-se que ele só pune a 
conduta se praticada dolosamente. 
 
Sanções 
O administrador que praticar o ato de improbidade do art. 10-A está sujeito às seguintes penalidades: 
• perda da função pública; 
• suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos; e 
• multa civil de até 3 vezes o valor do benefício financeiro ou tributário concedido. 
 
Município interessado na ação de improbidade 
A ação de improbidade pedindo a condenação do agente público pelo art. 10-A poderá ser proposta: 
• pelo Ministério Público; 
• pela pessoa jurídica interessada. 
 
O que chamo atenção, no entanto, está no fato de que a "pessoa jurídica interessada" não é apenas o Município no qual o ato 
de improbidade está sendo praticado. O Município que está sendo prejudicado pela concessão de isenção em desacordo com 
o art. 8º-A da LC 116/2003 também deve ser considerado como "pessoa jurídica interessada" e poderá propor a ação de 
improbidade ou intervir no processo como interessado. 
 
Prazo de adaptação 
A LC 157/2016 determinou que os Municípios/DF terão o prazo de 1 ano para revogar os dispositivos que contrariem o disposto 
no caput e no §1º do art. 8º-A acima transcritos. 
Obs: o caput e o §1º do art. 8ºA da LC 116/2003 começaram a produzir efeitos a partir de 31/12/2017. 
 
Nova hipótese de improbidade está em vigor, mas ainda não produz efeitos 
De igual modo, a nova hipótese de ato de improbidade inserida no art. 10-A da Lei nº 8.429/92 começou a produzir efeitos a partir 
de 31/12/2017. É o que prevê o §1º do art. 7º da LC 157/2016: 
 
Art. 7º Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação. 
§1º O disposto no caput e nos §§1º e 2º do art. 8º-A da Lei Complementar no 116, de 31 de julho de 2003, e no art. 10-A, no inciso 
IV do art. 12 e no § 13 do art. 17, todos da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, somente produzirão efeitos após o decurso do prazo 
referido no art. 6º desta Lei Complementar. 
 
 
~ Continuando a leitura da Lei de Improbidade Administrativa ~ 
 
 
 @dicas.exconcurseira 14 
Seção III 
Dos Atos de Improbidade Administrativa que 
ATENTAM CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou 
omissão que VIOLE OS DEVERES DE HONESTIDADE, IMPARCIALIDADE, LEGALIDADE, E LEALDADE ÀS INSTITUIÇÕES, e 
notadamente: 
I - praticar ato VISANDO FIM PROIBIDO em lei ou regulamento ou DIVERSO DAQUELE PREVISTO, NA REGRA DE COMPETÊNCIA; 
II – RETARDAR ou DEIXAR DE PRATICAR, indevidamente, ATO DE OFÍCIO; 
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições E QUE DEVA PERMANECER EM SEGREDO; 
IV – NEGAR PUBLICIDADE aos atos oficiais; 
V – FRUSTRAR A LICITUDE de CONCURSO PÚBLICO; 
VI – DEIXAR DE PRESTAR CONTAS quando esteja obrigado a fazê-lo; 
VII - REVELAR ou PERMITIR QUE CHEGUE AO CONHECIMENTO DE TERCEIRO, antes da respectiva divulgação oficial, teor de 
medida política ou econômica CAPAZ DE AFETAR O PREÇO DE MERCADORIA, BEM ou SERVIÇO. 
VIII – DESCUMPRIR AS NORMAS relativas à celebração, fiscalização e aprovação de CONTAS de parcerias firmadas pela 
administração pública com entidades privadas. 
IX – DEIXAR DE CUMPRIR a exigência de requisitos de ACESSIBILIDADE previstos na legislação. 
X – TRANSFERIR RECURSO a entidade privada, em razão da prestação de serviços na área de SAÚDE SEM a prévia celebração 
de contrato, convênio ou instrumento congênere, nos termos do parágrafo único do art. 24 da Lei nº 8.080, de 19 de setembro 
de 1990. 
 
ENTENDIMENTOS DOS TRIBUNAIS SUPERIORES A RESPEITO DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE ATENTEM 
CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: 
 
Dispensabilidade de prova do dano ou de enriquecimento ilícito do agente no caso do art. 11 
Para a configuração dos atos de improbidade administrativa que atentam contra os princípios da administração pública (art. 11 
da Lei 8.429/1992), é DISPENSÁVEL a COMPROVAÇÃO DE EFETIVO PREJUÍZO aos cofres públicos. STJ. 1ª Turma. REsp 1192758-
MG, Rel. originário Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Sérgio Kukina, julgado em 4/9/2014 (Info 547). 
 
Comentários do julgado 
 
Requisitos 
Para a configuração dos atos de improbidade tipificados no art. 11 da Lei n.° 8.429/92, exige-se que a conduta seja praticada por 
agente público (ou a ele equiparado), atuando no exercício de seu munus público, havendo, ainda, a necessidade do 
preenchimento dos seguintes requisitos: 
a) conduta ilícita; 
b) improbidade do ato, configurada pela tipicidade do comportamento, ajustado em algum dos incisos do 11 da LIA; 
c) elemento volitivo, consubstanciado no DOLO de cometer a ilicitude e causar prejuízo ao Erário; 
d) ofensa aos princípios da Administração Pública. Nesse sentido: STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1306817/AC, Rel. Min. Napoleão 
Nunes Maia Filho, julgado em 06/05/2014 (não divulgado em Info). 
 
Elemento subjetivo 
A configuração do ato de improbidade por ofensa a princípio da administração depende da demonstração do chamado DOLO 
GENÉRICO ou LATO SENSU (STJ. 2ª Turma. REsp 1383649/SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 05/09/2013). 
Ressalte-se que NÃO SE EXIGE DOLO ESPECÍFICO (elemento subjetivo específico) para sua tipificação (STJ. 2ª Turma. AgRg no 
AREsp 307.583/RN, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 18/06/2013). 
 
Dispensabilidade de prova do dano ou de enriquecimento ilícito do agente 
O STJ entende que é DISPENSÁVEL a PROVA DE DANO para a configuração do ato de improbidade previsto no art. 11 da Lei 
n.° 8.249/1992 (STJ. 2ª Turma. REsp 1286466/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 03/09/2013). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ato de improbidade que 
atenta contra os PRINCÍPIOS 
da Administração Pública 
NÃO PRECISA 
COMPROVAR 
EFETIVO PREJUÍZO aos cofres públicos 
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO do agente 
ELEMENTO 
SUBJETIVO 
DOLO GENÉRICO/LATO SENSU 
(não exige dolo específico) 
 @dicas.exconcurseira 15 
A ausência de prestação de contas configura ato de improbidade administrativa? 
A ausência de prestação de contas, quando ocorre de forma DOLOSA, acarreta VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE. 
Vale ressaltar, no entanto, que o simples atraso na entrega das contas, sem que exista dolo na espécie, não configura ato de 
improbidade. Para a configuração do ato de improbidade previsto no art. 11, inc. VI, da Lei nº 8.429/92, não basta o mero 
atraso na prestação de contas, sendo necessário demonstrar a MÁ-FÉ ou o DOLO GENÉRICO. Assim, por exemplo, se o Prefeito 
não presta contas, para que ele seja condenado por improbidade administrativo será necessário provar que ele agiu com dolo 
ou má-fé. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1382436-RN, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20/8/2013 (Info 529) 
 
Contratação irregular de servidores temporários 
Configura ato de improbidade administrativa a contratação temporária irregular de pessoal (sem qualquer amparo legal) 
porque importa em violação do PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DO CONCURSO PÚBLICO.STJ. 1ª Turma. REsp 1403361/RN, Rel. 
Min. Benedito Gonçalves, julgado em 03/12/2013. 
 
Contratação irregular de escritório de advocacia sem licitação 
A conduta de contratar diretamente serviços técnicos SEM demonstrar a singularidade do objeto contratado e a notória 
especialização, e com cláusula de remuneração ABUSIVA, fere o dever do administrador de agir na estrita legalidade e 
moralidade que norteiam a Administração Pública, amoldando-se ao ato de improbidade administrativa tipificado no art. 11 da 
Lei de Improbidade. 
É DESNECESSÁRIO perquirir acerca da comprovação de ENRIQUECIMENTO ILÍCITO do administrador público ou da 
caracterização de PREJUÍZO ao Erário. O dolo está configurado pela manifesta vontade de realizar conduta contrária ao dever 
de legalidade, corroborada pelos sucessivos aditamentos contratuais, pois é inequívoca a obrigatoriedade de formalização de 
processo para justificar a contratação de serviços pela Administração Pública sem o procedimento licitatório (hipóteses de 
dispensa ou inexigibilidade de licitação). 
STJ. 2ª Turma. REsp 1377703/GO, Rel. p/ Acórdão Min. Herman Benjamin, julgado em 03/12/2013. STJ. 2ª Turma. REsp 
1444874/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 03/02/2015. 
 
Prefeito que intercede junto ao Delegado para que este libere preso para comparecer em um enterro: inexistência de 
improbidade 
Não configura ato de improbidade a conduta do agente político de intervir na liberação de preso para comparecimento em 
enterro de sua avó, uma vez que NÃO ESTÁ PRESENTE O DOLO, ou seja, a manifesta vontade, omissiva ou comissiva, de violar 
princípio constitucional regulador da Administração Pública. A conduta do agente, apesar de ilegal, teve um fim até mesmo 
humanitário, pois conduziu-se no sentido de liberar provisoriamente o preso para que este pudesse comparecer ao enterro de 
sua avó, não consistindo, portanto, em ato de improbidade, em razão da ausência do elemento subjetivo do tipo, o dolo. STJ. 1ª 
Turma. REsp 1414933/RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 26/11/2013. 
 
Prefeito que pratica assédio moral contra servidor público 
O assédio moral, mais do que provocações no local de trabalho — sarcasmo, crítica, zombaria e trote —, é campanha de terror 
psicológico pela rejeição. A prática de assédio moral enquadra-se na conduta prevista no art. 11, caput, da Lei nº 8.429/92, em 
razão do evidente ABUSO DE PODER, DESVIO DE FINALIDADE e MALFERIMENTO À IMPESSOALIDADE, ao agir deliberadamente 
em prejuízo de alguém. STJ. 2ª Turma. REsp 1286466/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 03/09/2013. 
 
Autoridade que deixa de encaminhar ao MP cópia do inquérito administrativo 
Se o relatório da sindicância administrativa instaurada contra servidor público federal concluir que a infração funcional em tese 
praticada está capitulada como ilícito penal, a autoridade competente deverá encaminhar cópia dos autos ao Ministério Público, 
independentemente da imediata instauração do processo disciplinar (art. 154, parágrafo único, da Lei nº 8.112/90). 
A autoridade que deixa de fazer esse encaminhamento incorre na prática de ato de improbidade administrativa prevista no 
art. 11, II, da Lei nº 8.429/92 (“retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício”). STJ. 1ª Turma. REsp 1312090/DF, 
Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 08/04/2014. 
 
Professor que assedia sexualmente aluno 
Configura ato de improbidade administrativa a conduta de professor da rede pública de ensino que, aproveitando-se dessa 
condição, assedie sexualmente seus alunos. Isso porque essa conduta atenta contra os princípios da administração pública, 
subsumindo-se ao disposto no art. 11 da Lei nº 8.429/1992. STJ. 2ª Turma. REsp 1255120-SC, Rel. Min. Humberto Martins, 
julgado em 21/5/2013 (Info 523). 
 
Caracterização de tortura como ato de improbidade administrativa 
A tortura de preso custodiado em delegacia praticada por policial constitui ato de improbidade administrativa que atenta 
contra os princípios da administração pública. STJ. 1ª Seção. REsp 1177910-SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 
26/8/2015 (Info 577). 
 
Comentários do julgado 
 
 @dicas.exconcurseira 16 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
Dois policiais prenderam um homem em flagrante e passaram a torturá-lo para que confessasse o crime. 
O Ministério Público ajuizou ação de improbidade contra os policiais. 
A defesa alegou que não ficou caracterizado ato de improbidade, uma vez que este pressupõe, obrigatoriamente, uma lesão direta 
à própria Administração e não a terceiros, haja vista que o bem jurídico que se deseja proteger é a probidade na Administração 
Pública. No caso concreto, não teria havido lesão à Administração, mas apenas ao particular (preso). 
Ainda segundo a tese invocada, a improbidade administrativa caracteriza-se como um ato imoral com feição de corrupção de 
natureza econômica, conduta inexistente no tipo penal de tortura, cujo bem jurídico protegido é completamente diverso da Lei 
de Improbidade. 
 
O caso chegou até o STJ. Houve prática de ato de improbidade administrativa? SIM. 
 
A tortura de preso custodiado em delegacia praticada por policial constitui ato de improbidade administrativa que atenta 
contra os princípios da administração pública. 
STJ. 1ª Seção. REsp 1.177.910-SE, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 26/8/2015 (Info 577). 
 
Tortura: improbidade administrativa 
Para o STJ, é injustificável que a tortura praticada por servidor público, um dos atos mais gravosos à dignidade da pessoa 
humana e aos direitos humanos, seja punido apenas no âmbito disciplinar, civil e penal, afastando-se a aplicação da Lei da 
Improbidade Administrativa. 
Eventual punição administrativa do servidor não impede a aplicação das penas da Lei de Improbidade Administrativa, porque os 
objetivos de ambas as esferas são diversos e as penalidades previstas na Lei nº 8.429/92 mais amplas. 
 
Universo das vítimas protegidas pela Lei 8.429/92 
A Lei nº 8.429/92 NÃO prevê expressamente quais seriam as VÍTIMAS mediatas ou imediatas da atividade ímproba para fins 
de configuração do ato ilícito. 
Essa ausência de menção explícita certamente decorre do fato de que o ato de improbidade, muitas vezes, é um FENÔMENO 
PLURIOFENSIVO, ou seja, atinge, de maneira concomitante, diferentes bens jurídicos e diversas pessoas. 
Para saber se a conduta pode ser caracterizada como ato de improbidade, é primordial verificar se, dentre os bens jurídicos 
atingidos pela postura do agente público, algum deles está relacionado com o interesse público. Se houver, pode-se concluir que 
a própria Administração Pública estará igualmente vulnerada e, dessa forma, ficará caracterizado o ato de improbidade para os 
fins do art. 1º da Lei nº 8.429/92. 
 
Dever convencional, constitucional e legal de o Estado reprimir tais condutas 
No caso concreto, a conduta dos policiais afrontou não só a Constituição da República (arts. 1º, III, e 4º, II) e a legislação 
infraconstitucional, mas também tratados e convenções internacionais, a exemplo da Convenção Americana de Direitos 
Humanos (Decreto nº 678/92). 
Em tais situações, se o Brasil não toma as devidas medidas para punir os infratores, pode, inclusive, ser responsabilizado nas 
ordens interna e externa. 
A tortura perpetrada por policiais contra presos mantidos sob a sua custódia tem reflexo jurídico imediato, que é o de gerar 
OBRIGAÇÃO INDENIZATÓRIA ao Estado, nos termos do art. 37, §6º, da CF/88. Há aí, como consequência, interesse direto da 
Administração Pública. 
 
Tortura praticada por policiais atenta contra toda a coletividade 
Nos termos do art. 144 da CF/88, as forças de segurança são destinadas à preservação da ordem pública e da incolumidade das 
pessoas. Assim, o agente público incumbido da missão de garantir o respeito à ordem pública, como é o caso do policial, ao 
descumprir com suas obrigações legais e constitucionais de forma frontal, mais que atentar apenas contra um indivíduo, atinge 
toda a coletividade e a corporação a que pertencede forma imediata. 
 
Situação se enquadra no art. 11 da Lei nº 8.429/92 
O legislador, ao prever, no art. 11 da Lei nº 8.429/92, que constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os 
princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de lealdade às instituições, findou por tornar 
de interesse público, e da própria Administração, a proteção da legitimidade social, da imagem e das atribuições dos 
entes/entidades estatais. Daí resulta que atividade que atente gravemente contra esses bens imateriais tem a potencialidade 
de ser considerada improbidade administrativa. 
Na hipótese dos autos, o ato ímprobo se caracteriza também pelo fato de que as vítimas foram torturadas, em instalações públicas, 
ou melhor, na Delegacia de Polícia. 
 
Em síntese 
A situação de tortura praticada por policiais, além das repercussões nas esferas penal, civil e disciplinar, configura também ato de 
improbidade administrativa, porque, além de atingir a pessoa-vítima, alcança simultaneamente interesses caros à Administração 
em geral, às instituições de segurança pública em especial, e ao próprio Estado Democrático de Direito. 
 @dicas.exconcurseira 17 
~ Continuando a leitura da Lei de Improbidade Administrativa ~ 
 
 
CAPÍTULO III 
Das Penas 
 
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, está o responsável 
pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com 
a gravidade do fato: 
I - na hipótese do art. 9° (ENRIQUECIMENTO ILÍCITO), PERDA DOS BENS ou VALORES acrescidos ilicitamente ao patrimônio, 
RESSARCIMENTO INTEGRAL DO DANO, quando houver, PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA, SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS de 
8 a 10 ANOS, pagamento de MULTA CIVIL de ATÉ 3x o valor do acréscimo patrimonial e PROIBIÇÃO DE CONTRATAR COM O 
PODER PÚBLICO ou RECEBER BENEFÍCIOS ou INCENTIVOS fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por 
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 10 ANOS; 
II - na hipótese do art. 10 (PREJUÍZO AO ERÁRIO), RESSARCIMENTO INTEGRAL DO DANO, PERDA DOS BENS ou VALORES 
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA, SUSPENSÃO DOS DIREITOS 
POLÍTICOS de 5 a 8 ANOS, pagamento de MULTA CIVIL de ATÉ 2x o valor do dano e PROIBIÇÃO DE CONTRATAR COM O PODER 
PÚBLICO ou RECEBER BENEFÍCIOS ou INCENTIVOS fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de 
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 5 ANOS; 
III - na hipótese do art. 11 (VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA ADM. PÚBLICA), RESSARCIMENTO INTEGRAL DO DANO, se houver, 
PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA, SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS de 3 a 5 ANOS, pagamento de MULTA CIVIL de ATÉ 100 
VEZES O VALOR DA REMUNERAÇÃO PERCEBIDA PELO AGENTE e PROIBIÇÃO DE CONTRATAR COM O PODER PÚBLICO ou 
RECEBER BENEFÍCIOS ou INCENTIVOS fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica 
da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 3 ANOS. 
IV - na hipótese prevista no art. 10-A (CONCESSÃO OU APLICAÇÃO INDEVIDA DE BENEFÍCIO FINANCEIRO OU TRIBUTÁRIO), 
PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA, SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS de 5 a 8 ANOS e MULTA CIVIL de ATÉ 3 VEZES o valor do 
benefício financeiro ou tributário concedido. 
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a EXTENSÃO DO DANO, assim como o PROVEITO 
PATRIMONIAL obtido pelo agente. 
 
Constituição Federal à mandamento mínimo; o legislador ordinário regulou a CF e ampliou as sanções. 
Art.37, §4º Os atos de improbidade administrativa importarão a SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS, a PERDA DA FUNÇÃO 
PÚBLICA, a INDISPONIBILIDADE DE BENS e o RESSARCIMENTO AO ERÁRIO, na forma e gradação previstas em lei (LEI 8.429/92), 
sem prejuízo da ação penal cabível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Constituição 
Federal 
SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS 
PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA 
INDISPONIBILIDADE DE BENS 
RESSARCIMENTO AO ERÁRIO 
Natureza jurídica da LIA: 
* Perceba que o caput do art.12 da LIA fala “independentemente das sanções penais, civis e administrativas” à quer 
dizer que as sanções da LIA não teriam natureza penal, civil ou administrativa. 
* O §4º do art.37 da CF, in fine, diz “sem prejuízo da ação penal cabível” à quer dizer que a LIA não tem natureza penal. 
Obs: parte da doutrina afirma que as sanções da LIA são tão graves que se revestem de natureza penal. 
 
Existem 3 principais correntes doutrinárias: a que afirma ter natureza penal; natureza cível; ou natureza mista. Prevalece 
a corrente que defende a natureza CÍVEL da Lei de Improbidade Administrativa. É a posição do STF também. 
 
 @dicas.exconcurseira 18 
 
SANÇÕES PREVISTAS NA LIA 
Ato de improbidade adm. 
que importa em 
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO 
Ato de improbidade adm. 
que causa 
PREJUÍZO AO ERÁRIO 
Ato de improbidade adm. 
que atenta contra os 
PRINCÍPIO DA ADM. PÚB. 
Ato de improbidade adm. 
decorrente de CONCESSÃO 
ou APLICAÇÃO INDEVIDA DE 
BENEFÍCIO FINANCEIRO ou 
TRIBUTÁRIO 
PERDA DOS BENS ou 
VALORES acrescidos 
ilicitamente ao patrimônio 
PERDA DOS BENS ou 
VALORES acrescidos 
ilicitamente ao patrimônio 
(se concorrer essa 
circunstância) 
 
RESSARCIMENTO INTEGRAL 
DO DANO (quando houver) 
RESSARCIMENTO INTEGRAL 
DO DANO 
RESSARCIMENTO INTEGRAL 
DO DANO (quando houver) 
 
PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA 
SUSPENSÃO DOS DIREITOS 
POLÍTICOS de 8 a 10 ANOS 
SUSPENSÃO DOS DIREITOS 
POLÍTICOS de 5 a 8 ANOS 
SUSPENSÃO DOS DIREITOS 
POLÍTICOS de 3 a 5 ANOS 
SUSPENSÃO DOS DIREITOS 
POLÍTICOS de 5 a 8 ANOS 
MULTA CIVIL de ATÉ 3x o 
valor do acréscimo 
patrimonial 
MULTA CIVIL de ATÉ 2x o 
valor do dano 
MULTA CIVIL de ATÉ 100 
VEZES O VALOR DA 
REMUNERAÇÃO PERCEBIDA 
PELO AGENTE 
MULTA CIVIL de ATÉ 3 VEZES 
o valor do benefício 
financeiro ou tributário 
concedido 
PROIBIÇÃO DE CONTRATAR 
COM O PODER PÚBLICO ou 
RECEBER BENEFÍCIOS ou 
INCENTIVOS fiscais ou 
creditícios, pelo prazo de 10 
ANOS 
PROIBIÇÃO DE CONTRATAR 
COM O PODER PÚBLICO ou 
RECEBER BENEFÍCIOS ou 
INCENTIVOS fiscais ou 
creditícios, pelo prazo de 5 
ANOS 
PROIBIÇÃO DE CONTRATAR 
COM O PODER PÚBLICO ou 
RECEBER BENEFÍCIOS ou 
INCENTIVOS fiscais ou 
creditícios, pelo prazo de 3 
ANOS 
 
 
 
ENTENDIMENTOS DOS TRIBUNAIS SUPERIORES A RESPEITO DAS SANÇÕES POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA: 
 
O que acontece se, no momento do trânsito em julgado, o condenado por improbidade administrativa ocupa cargo diferente 
daquele que exercia na prática do ato? 
O que acontece se, no momento do trânsito em julgado, o condenado ocupa cargo diferente daquele que exercia na prática do 
ato? Se o agente público tiver mudado de cargo, ele poderá perder aquele que atualmente ocupa? 
Ex: em 2012, João, na época Vereador, praticou um ato de improbidade administrativa; o MP ajuizou ação de improbidade 
contra ele; em 2018, a sentença transitou em julgado condenando João à perda da função pública; ocorre que João é 
atualmente Deputado Estadual; ele perderá o cargo de Deputado? 
1ª corrente: NÃO. É a posição da 1ª Turma do STJ. O condenado só perde a função pública que ele utilizou para a prática do ato 
de improbidade. As normas que descrevem infrações administrativas e cominam penalidades constituem matéria de legalidade 
estrita, não podendo sofrer interpretação extensiva. Assim, a sanção de perda da função pública prevista no art. 12 da Lei nº 
8.429/92 não pode atingir cargo público diverso daquele que serviu de instrumento para a prática da conduta ilícita. STJ. 1ª 
Turma. REsp 1766149/RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 08/11/2018. 
2ª corrente: SIM. É a posição da 2ª Turma do STJ e da doutrina majoritária. A sanção de perda da função pública visa a extirpar 
da Administração Pública aquele que exibiuinidoneidade (ou inabilitação) moral e desvio ético para o exercício da função 
pública, abrangendo qualquer atividade que o agente esteja exercendo no momento do trânsito em julgado da condenação. STJ. 
2ª Turma. RMS 32378/SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 05/05/2015. 
 
Comentários do julgado 
 
Improbidade administrativa 
Improbidade administrativa é... 
- um ato praticado pelo agente público, 
- com ou sem a participação de um particular, 
- e que gera enriquecimento ilícito, 
- causa prejuízo ao erário ou 
- atenta contra os princípios da Administração Pública. 
 
Previsão constitucional 
Existem quatro dispositivos na CF/88 que versam sobre o tema: art. 14, §9º; art. 15, V; art. 37, § 4º; art. 85, V. Deve-se mencionar 
ainda o art. 97, §10, III, do ADCT. 
 @dicas.exconcurseira 19 
Para fins de direito administrativo, a previsão mais importante é a do art. 37, §4º: 
Art. 37 (...) 
§4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a 
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. 
 
Sanções decorrentes do ato de improbidade administrativa previstas na Lei 
A Lei nº 8.429/92 disciplina os aspectos materiais e processuais decorrentes do ato de improbidade administrativa. 
Esta Lei prevê, em seu art. 12, que o indivíduo condenado por ato de improbidade administrativa estará sujeito às seguintes 
cominações: 
• perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio; 
• perda da função pública; 
• suspensão dos direitos políticos; 
• proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios; 
• proibição de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios; 
• multa civil; 
• ressarcimento integral do dano (obs: tecnicamente, não é uma sanção, mas apenas uma consequência do ato). 
 
A Lei nº 8.429/92 poderia prever outras sanções além daquelas fixadas no art. 37, § 4º da CF/88? 
SIM. O rol de sanções trazido pelo § 4º do art. 37 da CF/88 é exemplificativo. Desse modo, é constitucional a ampliação das 
sanções realizada pela Lei nº 8.429/92. 
 
Sanções dependem do tipo de ato de improbidade 
Vale ressaltar que as sanções aplicadas irão variar de acordo com o tipo de ato de improbidade administrativa que foi praticado. 
Assim, por exemplo, se o agente foi condenado pelo art. 9º da Lei de Improbidade, terá seus direitos políticos suspensos pelo 
prazo de 8 a 10 anos. Por outro lado, se praticou o art. 10 ou art. 10-A da Lei, essa suspensão será de 5 a 8 anos. Por fim, no caso 
do art. 11, a suspensão será de 3 a 5 anos. 
 
O juiz é obrigado a aplicar TODAS as sanções previstas para o tipo? 
NÃO. Não se exige que todas as sanções sejam aplicadas cumulativamente. É possível a incidência cumulativa ou isolada das 
sanções. Essa opção dependerá da gravidade do fato e da extensão do dano causado. É a conclusão que se extrai da redação do 
art. 12: 
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo 
ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a 
gravidade do fato: 
(...) 
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim como o proveito 
patrimonial obtido pelo agente. 
 
Esse é também o entendimento do STJ: 
Cada inciso do art. 12 da Lei 8.429/1992 traz uma pluralidade de sanções, que podem ser aplicadas cumulativamente ou não. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1280973/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 17/12/2013. 
 
Assim, o magistrado não está obrigado a aplicar cumulativamente todas as penas previstas no art. 12 da Lei nº 8.429/92, podendo, 
mediante adequada fundamentação, fixá-las e dosá-las segundo a natureza, a gravidade e as consequências da infração (STJ. 2ª 
Turma. REsp 1134461/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 03/08/2010). 
 
Pode o magistrado aplicar um SISTEMA MISTO DE SANÇÕES, utilizando-se de mais de um inciso do rol do art. 12 da LIA? 
NÃO. Cada inciso do art. 12 da Lei refere-se a uma hipótese de improbidade administrativa, não tendo a lei autorizado que o juiz 
faça uma combinação de sanções. 
 
O juiz pode aplicar uma sanção ABAIXO ou ACIMA dos patamares legais? Ex: o art. 12, III, prevê que, no caso do ato de 
improbidade do art. 11, a suspensão dos direitos políticos é de 3 a 5 anos. Pode o magistrado fixar a suspensão em 1 ano, por 
exemplo? 
NÃO. A sanção deverá obedecer aos parâmetros previstos na lei. Nesse sentido: STJ. 2ª Turma. REsp 1.582.014-CE, Rel. Min. 
Humberto Martins, julgado em 7/4/2016 (Info 581). 
 
Perda da função pública 
Conforme vimos acima, uma das sanções que podem ser cominadas ao sujeito condenado por ato de improbidade administrativa 
consiste na “perda da função pública”. 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 20 
Extensão do termo “função pública” 
Quando a Lei fala em “função pública”, isso deve ser interpretado de forma bem ampla, abrangendo servidores públicos 
estatutários, servidores ocupantes de cargo em comissão, empregados públicos, titulares de mandato eletivo etc. 
 
O que acontece se, no momento do trânsito em julgado, o condenado ocupa cargo diferente daquele que exercia na prática do 
ato? 
 
Se o agente público tiver mudado de cargo, ele poderá perder aquele que atualmente ocupa? Ex: em 2012, João, na época 
Vereador, praticou um ato de improbidade administrativa; o MP ajuizou ação de improbidade contra ele; em 2018, a 
sentença transitou em julgado condenando João à perda da função pública; ocorre que João é atualmente Deputado 
Estadual; ele perderá o cargo de Deputado? 
NÃO 
Posição da 1ª Turma do STJ 
SIM 
Posição da 2ª Turma do STJ 
e da doutrina majoritária 
O condenado só perde a função pública que ele 
utilizou para a prática do ato de improbidade. 
O agente perde a função pública que estiver ocupando no momento 
do trânsito em julgado, ainda que seja diferente daquela que 
ocupava no momento da prática do ato de improbidade. 
As normas que descrevem infrações administrativas e 
cominam penalidades constituem matéria de 
legalidade estrita, não podendo sofrer interpretação 
extensiva. 
Assim, a sanção de perda da função pública prevista no 
art. 12 da Lei nº 8.429/92 não pode atingir cargo público 
diverso daquele que serviu de instrumento para a prática 
da conduta ilícita. 
STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1423452/SP, Rel. Min. 
Benedito Gonçalves, j. 01/03/2018. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1766149/RJ, Rel. Min. Gurgel de 
Faria, julgado em 08/11/2018. 
A sanção de perda da função pública visa a extirpar da Administração 
Pública aquele que exibiu inidoneidade (ou inabilitação) moral e 
desvio ético para o exercício da função pública, abrangendo qualquer 
atividade que o agente esteja exercendo no momento do trânsito em 
julgado da condenação. 
 
STJ. 2ª Turma. RMS 32.378/SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado 
em 05/05/2015. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.297.021/PR, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe 
20/11/2013. 
 
 
É possível aplicar cassação de aposentadoria como sanção por ato de improbidade? 
O art. 12 da Lei nº 8.429/92 não prevê a cassação de aposentadoria como sanção. Mesmo assim, é possível a sua imposição? O 
indivíduo que praticar ato de improbidade administrativa poderá receber, como punição, a cassação de sua aposentadoria? 
1ª corrente: NÃO. É a posição da 1ª Turma do STJ. O art. 12 da Lei nº 8.429/92, quando cuida das sanções aplicáveis aos agentes 
públicos que cometem atos de improbidade administrativa, não prevê a cassação de aposentadoria, mas tão só a perda da 
função pública. As normas que descrevem infrações administrativas e cominam penalidades constituem matéria de 
legalidade estrita, não podendo sofrer interpretação extensiva. STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1643337/MG, Rel. Min. Sérgio 
Kukina, julgado em 19/04/2018. 
2ª corrente: SIM. É a posição da 2ª Turma do STJ. É possível a aplicação da pena de cassação de

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